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Lula x FHC

‘ Quem foi melhor para o Brasil: FHC ou Lula? Creio que agora, com
Dilma eleita e empossada, já se pode fazer uma avaliação isenta de
paixões. Isso é importante porque as novas gerações somente se recordam
do governo Lula. O de FHC se desenvolveu quando boa parte dos jovens
atuais eram crianças. Eles não têm uma opinião formada sobre o que foi a
gestão de Fernando Henrique.

FHC e Lula vivem trocando agulhadas. E - quem diria - já foram


aliados, no passado. Foi nos anos de 1970, quando ambos, ombro a ombro,
lutavam contra o regime militar.

Afastaram-se na década seguinte. Lula tratou de fundar o PT e o


professor Cardoso, na condição de suplente de Franco Montoro, assumiu a
senatoria quando este último se elegeu governador. Alguns anos depois
ajudou a viabilizar um novo partido, o PSDB, formado por dissidentes do
PMDB. Devido às suas opções partidárias, ambos ficaram no sereno durante
muitos tempo. Mas as suas apostas, no longo prazo, se mostraram
acertadas. Os dois, através delas, chegaram à presidência da República.

E, agora, desde os anos noventa, tanto PT quanto PSDB são os dois


principais partidos que disputam os corações e mentes da opinião pública.
Ao menos da parcela dela que se acredita esclarecida.

FHC e Lula, cada um pôde reinar durante oito anos. Foram eleitos e
reeleitos para o posto. Ambos lograram formar folgadas maiorias no
Congresso. Fernando Henrique as aproveitou para fazer profundas reformas
na economia. Lula, que o sucedeu, fez o carro deslanchar e tratou de
sozinho, recolher os louros da retomada do desenvolvimento e também do
soerguimento da autoestima dos brasileiros.

É difícil afirmar, de forma isenta, qual deles foi o mais importante


para o Brasil. Em termos de mudanças, FHC foi o mais efetivo. Já quanto à
popularidade, foi Lula quem se saiu melhor.

Embora Lula insista em afirmar que a história do Brasil teve início no


dia em que o PT chegou ao poder, eu – que não nasci em 2003 – tenho uma
visão mais crítica sobre o processo. Venho seguindo o noticiário político e
econômico desde que me tornei adulto. Pelas minhas contas, já pude
acompanhar a trajetória de oito presidentes da República, dez governadores
do Estado e 12 prefeitos da capital.

Dentre essas três dezenas de governantes, já houve de tudo:


militares; civis; eleitos nas urnas; eleitos indiretamente; vices que
assumiram; nomeados e também interinos. Houve quem morresse antes de
tomar posse; houve quem fosse impedido em meio ao mandato.
Teve alguns que acreditavam falar com Deus. Outro, ainda, que
deixavam Deus esperando na linha.

Alguns eram direitistas, outros esquerdistas. E muitos eram, também,


populistas. Governantes que cultuaram a fama de trabalhar demais; a
maioria que se contentava em trabalhar o suficiente; e houve, também,
aqueles que, manifestamente, não gostavam de trabalhar. Como diz o povo,
houve gente que não era capaz de nada e gente que era capaz de tudo.

Eu fiz oposição a alguns e fui simpático a outros.

Quais foram os melhores? Com mais de três décadas de experiência,


eu confesso que não sei dizer.

Presidentes, governadores e prefeitos, nenhum deles governou


sozinho. Todos tiveram equipes qualificadas e assessores especializados.
Deram-se melhor aqueles que souberam evitar os áulicos, descobrir
talentos, liderar equipes e garantir, politicamente, a sua governabilidade
Mais de meio século atrás, o ex-prefeito Prestes Maia já reconhecia que
“governa melhor um político cercado de técnicos do que um técnico cercado
de políticos”. E olhem que ele era um técnico.

Iniciei a minha carreira profissional, como jornalista, comentando


economia e política no rádio e na TV. Pude constatar que todos os
governantes, sem exceção, começaram as suas administrações com
inúmeros projetos, propostas, promessas e boas intenções. Ao término de
seus mandatos, alguns anos depois, bastava contar as suas realizações,
para perceber que quase nenhuma de suas metas fora atingida. Ao menos
não na forma que eles haviam previsto.

Os que lograram marcar presença não foram, necessariamente, os


que intentavam criar um novo mundo. Foram aqueles que souberam captar
o “zeitgeist” – o espírito do tempo, – ou da época, como se diz.

O fato é que, numa gestão, é preciso saber conciliar a sorte com a


virtude. Bons jogadores não são apenas os que sempre recebem boas
cartas. São também os que fazem o melhor com as cartas que têm.

Alguns lograram êxito. Outros se celebrizaram como exemplos a não


serem seguidos.

Os Governos de Lula e FHC foram, no meu entender,


complementares.

Quer no que se refere à retomada do desenvolvimento, quer nas


políticas de combate à miséria, o mérito de Lula foi o de pavimentar as
picadas que Fernando Henrique já havia aberto.

Se a economia brasileira, em 2009, saiu-se bem da crise, isso se


deve, em boa parte, à robustez de nosso sistema financeiro. E este só é
forte porque foi saneado e normatizado no governo anterior.
Quanto aos programas sociais, como o Bolsa-Família – foi no governo
de Lula que se consolidou a ideia, mas foi no de Fernando Henrique ela se
tornou realidade.

O problema é que, atualmente, o que se percebe é que - de tudo o


que foi feito - coube somente a Lula a colheita de resultados. O que sobrou
para FHC foi apenas o sofrimento das consequências.

Nas últimas eleições, isso ficou patente: quase todo mundo pegou
carona na popularidade de Lula e poucos foram aqueles que se atreveram a
falar bem de Fernando Henrique.

A nossa posteridade há de fazer justiça. O teste do tempo é


implacável: destrói tanto modismos quanto reputações artificiais. E, perante
a História, não basta ser popular para garantir uma vaga.

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João Mellão Neto é jornalista e deputado estadual.

Foi deputado federal, secretário e ministro de Estado.

E- mail: j.mellao@uol.com.br

Blog: www. blogdomellao.com.br

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