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Eles estavam ali de novo.

Num dos lugares que marcavam seus encontros. Na mesma situação. Encontros secretos. Longe
de suas vida de verdade. Com os mesmos olhares e sem as mesmas palavras. Estavam ali
também aquele aperto na garganta, aquela sensação estranha no estômago e o formigamento
nas pernas.

De início, como sempre, sem se tocar com medo da reação um do outro. Disfarçando com aquele
ar de como a vida é boa assim sem você. Certos de que não tinham mais qualquer sentimento um
pelo outro.

Ela continuava muito bonita. Também não tinha passado muito tempo desde a última vez. Um
pouquinho mais magra talvez. Como ela gostava de ser magra. Como ele gostava dela assim
esguia, elegante e sinuosa... Ah! Aquela cinturinha. Perfeita para passar o braço e carrega-la.
Quantas vezes sonhou em fazer isso e leva-la para sempre. Isso foi antes. Foi quando
namoravam. Quando ela chegou a pedi-lo em casamento. Agora, não. “Agora não sentia mais
nada por ela...”

Ele continuava sedutor. Perfeito para o gosto mais secreto dela. Um pouco mais velho, mas ele
já era mais velho quando ela o conheceu. “E isso nunca chegou a incomoda-la”. No fundo,
gostava dele exatamente assim. Sabendo o que fazer para ela gostar. Só incomodou aos pais
dela. E muito. E ela não sabia dizer não para eles.

- Como vai sua mãe? E a... sua sobrinha? – Ela se esquecera do nome da menina.

Ele nunca havia se casado. E ela sempre se perguntara porquê. Como sempre “sem o menor
interesse”, perguntava se ele estava namorando e nunca acreditava na resposta. Sabia que
muitas mulheres queriam ele. Era um homem raro. Um daqueles poucos que deviam dar aula
para outros que ela conhecera. Daqueles que sabe satisfazer uma garota. “Que ela indicaria
para uma amiga”.

- Estão ótimas. Felizmente os problemas de saúde da mamy passaram. Só tá tomando muito


remédio e ela detesta isso. Reclama muito. E seus pais? – Tinha de perguntar. Era um
cavalheiro e sabia que ela adorava os pais. E não iria perguntar pelo “outro”.

Perguntavam sempre as mesmas bobagens sem importância, ouvindo e dizendo as mesmas


mentiras convencionais. Ela perguntando se ele estava com alguém e ele negando com aquele
sorriso de quem está sozinho, mas na verdade acompanhado de gente que não importava, só
para não ficar por baixo. Ele perguntando pela felicidade dela e ela afirmando com uma
risadinha nervosa que estava feliz para não comprometer decisões que envolviam tantas
pessoas.

- Bem, minha mãe decidiu... – De repente o pensamento não evoluía mais. Os olhos dele estavam
ali de novo. Bem perto. E a boca... Ah! Aquela boca então. Que loucura aquela boca. Será que ele
sabia o quanto ela adorava aquela boca. E agora estava ali sorrindo para ela. Podia quase
agarrar a respiração dele. Queria mesmo chupa-lo todo para dentro dela.
O restaurante estava vazio. O garçom já não atrapalhava mais. Dispensaram ele o mais rápido
que puderam. Que diferença faria o prato escolhido. Cada segundo contava muito. Tinham
muito o que dizer e muito mais para fazer. E muito pouco tempo.

- Pensei em você. – Ele já ficava impaciente.


- É. Como assim?
- Sonhei...
- Foi bom? – Como era bom vê-la de novo na distância daquele sonho. Nos sonhos ela seria
sempre a Melhor Mulher do Mundo. Apesar das mentiras que um dia dissera...
- Você é sempre perfeito.
- Bem. Pelo menos no sonho eu sou...
- Você sabe do que estou falando. Levei tempo demais para gostar de uma garota, não dá para
deixar de ser assim... Só o tempo...

Ele não resistiu mais. Pegou firme a mãozinha dela. Ela se agarrou e fechou os olhos. Como ele
gostava quando ela fazia isso. Os olhos fechados faziam mais fácil chegar ao pescoço dela.
Aqueles olhos eram armadilhas. Ele sabia. Já morrera por eles uma vez. “O tempo passou, tudo
mudou” mas o olhar dela ainda era perfeito.

- Ai! Não faz isso. – Ela sentiu o beijo no pescoço. O jeito dele continuava o mesmo – Olha o que
você está fazendo comigo. Você é louco...

Ele sabia como toca-la. Mexia com coisas dentro dela que ninguém conhecia. Mesmo “o outro
que ela amava” sabia “fazer” ela assim.

- Por que você tem sempre a pele mais gostosa? - Falou no ouvido dela como gostava de fazer
sempre que podia. Queria que cada uma de suas palavras ficasse ali para sempre.
- É porque eu uso creme. – Riu ela tentando se recuperar. Tinha pensado no “outro” e estava ali,
de novo, sentindo as mesmas coisas, as mesmas sensações. Não podia mais deixar. Então porque
tinha convidado ele para almoçar?
- Não. Não é não. – Ele se afastou para poder respirar.

Nunca sabia onde terminariam, mas adoravam esse começar de novo. Como aquele início que
tinha sido tão bom, tão perfeito. Nunca estragaram aquela paixão. Cada um guardava para si
seus medos. Ela sempre com medo de que ele finalmente a rejeitasse dizendo que o tempo dela
havia passado. Ele, com medo de que ela mantivesse aquele juramento de amar outro homem.
Estavam enganando o destino há tanto tempo que não se lembravam mais da mentira. Estavam
cansados de amar aos pedaços, no escuro de suas camas, as três horas da manhã, sem ter um
ao outro para procurar.

- Pensei muito numa frase estranha que você me disse naquela última vez...
- Qual?

Queriam sempre dizer tanto mas as frases sempre ficavam pelo meio; as idéias perdiam o
valor; as palavras, sempre repetidas. Tudo o que ensaiavam para dizer, na hora parecia sem
sentido. O significado ficava todo no toque que depois que começava era impossível parar.
- Você disse: “Vou ter que enfrentar uma estrada no fim de semana...”
- AH! Sim. Eu falei isso...
- Porque desse jeito, tão pesado? Uma viagem de fim de semana deve ser uma coisa boa?

Ele queria dizer coisa diferente. Mais uma vez a idéia perdera seu valor. Tinha pensado tantas
coisas para dizer para ela, mas de repente, os pensamentos se cruzaram no ar. Os olhos se
encontraram nas bocas. Sua boca estava nos olhos dele. A dele, nos olhos dela. E o ponto de
interseção desapareceu quando ele pegou o rosto dela com as duas mãos e lentamente saboreou
busca-la para sua boca. E ela saboreou se entregar. A expectativa se precipitou no beijo
inesquecível como sempre foi eterno.

O tempo não passava quando se beijavam. As mãozinhas dela procuraram o corpo dele.
Precisava toca-lo para saber que tudo aquilo era real de novo. As mãos dele dominavam o rosto
dela. Até aquela música estava de novo no ar. O tempo voltava. Aquela sensação percorria o
corpo dela como um choque que fazia ela tremer toda. E quando o corpo dela vibrava gerava
uma energia que ele sentia na pele e absorvia. Aquela força no toque passava para o beijo que
penetrava ela pela boca enquanto ele usava os lábios e a língua para acaricia-la. Ela ficava toda
derretida. O corpo ardia. Queria gemer, mas não podia. Queria gritar, não devia. Sufocada,
beijava.

- Que saudade! - Ela ouviu por dentro da própria boca e mordeu de leve os lábios dele com um
“eu também”.

O almoço perdeu a sentido. A comida perdeu o sabor e foi ficando. Na verdade a fome que
sentiam era um do outro. Os pratos ficaram pela metade, o restaurante ficou para trás e o
inevitável aconteceu de novo.

No caminho ele ainda pegou ela pela cintura, com a decisão de que ela gostava e pediu mais um
beijo de corpo inteiro. Ficaram ali longos segundos num último beijo até a próxima vez.

A próxima vez que suas vidas desse uma folga ou a vontade sufocasse. Não importaria inclusive
se mais trinta anos continuassem passando. Eles estariam ali sempre de novo. Sempre que o
outro chamasse para almoçar.

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