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\\Metas em construção
Construindo
Revista do Sindicato da Indústria
da Construção Civil do Distrito Federal o possível
Presidente
Elson Ribeiro e Póvoa
Depois de uma forte campanha iniciada pelo setor em 2007, a criação
1º Vice-presidente de um limite mínimo obrigatório de gastos públicos com habitação popular
Júlio Cesar Peres
ganhou a adesão de parlamentares para se transformar em uma proposta de
Vice-presidentes emenda constitucional (PEC). Se o projeto passar sem mudanças, o piso de
Amir Miguel de Souza, Dario de Souza Clementino, gastos públicos com subsídios à construção de moradia para os pobres valerá
Dionyzio Antônio Martins Klavdianos, Fernando Márcio Mozzato
para todos os entes da Federação, vigorará por 30 anos e será definido em
Queiroz, Frederico Guelber Corrêa, Gustavo de Faria Franco,
Hélio Fausto de Souza Júnior, João Mathias de Souza Filho, função da receita de cada um.
Jorge Luiz Salomão, José Edmilson Barros de Oliveira Neto,
Laércio Duarte de Azevedo, Luiz Afonso Delgado Assad
Nessa conta, a União seria obrigada a destinar à finalidade 2% de sua ar-
Paulo Roberto de Morais Muniz e Marcus Peçanha Nogueira
recadação de impostos e contribuições, exceto as previdenciárias, podendo
Vice-presidente Administrativo-Financeiro descontar dessa base apenas as transferências constitucionais a estados e
Luiz Carlos Botelho Ferreira
municípios. Apenas na Câmara Federal, por onde começou a tramitação, a
Comissão de Comunicação Social nova PEC nasce com o apoio de 252 deputados, quase 50% do total (513).
Luiz Afonso Delgado Assad
Tamanha mobilização pode ser vista como uma grande vitória para o setor,
Conselho Editorial
Elson Ribeiro e Póvoa, Luiz Carlos Botelho Ferreira, para quem é possível, sim, reduzir o déficit habitacional, cuja estimativa ul-
Luiz Afonso Delgado Assad, Adalberto Cléber Valadão, trapassada as 7 milhões de unidades – 90% concentrado em famílias com
Cássio Aurélio Branco Gonçalves e Leonel da Mata
renda mensal de até cinco salários mínimos. Trata-se de uma boa notícia não
Jornalistas somente para o empresariado mas também para os brasileiros.
Lígia Reis
(ligia.reis@sinduscondf.org.br)
Mas outras novidades recheiam esta edição. Uma delas é que o Sinduscon-DF
Kelly Oliveira
(kelly@sinduscondf.org.br) foi diplomado, pelo Instituto Biosfera, com o Destaque Nacional de Sustenta-
Fernanda Rodrigues bilidade de 2008. A solenidade, ocorrida em Brasília, no dia 20 de agosto,
(fernanda@sinduscondf.org.br)
marca um novo tempo para a indústria da construção civil do DF.
Fotografia
Erivelton Viana Se nas grandes cidades, o entulho é o resultado visível no balanço do cresci-
Capa - Roberto Rodrigues / GDF
mento econômico, por aqui ele é insumo de uma nova filosofia, desenvolvida
Projeto Gráfico nos canteiros de obras. Ali os trabalhadores aprendem como é possível ter
Comissão de Comunicação Social e uma a gestão racional dos materiais utilizados pelo processo construtivo, vi-
Blossom Comunicação
sando à minimização de impactos ambientais gerados, desde a fase de extra-
Edição de arte ção de matéria-prima até o descarte na forma de entulho. E esse é apenas um
Christiane de Carvalho dos projetos encampados pelo Sinduscon-DF.
Publicidade
Romene Almeida O fato é que, aos poucos, deixamos de ser vilões para construir uma nova
(ascom@sinduscondf.org.br) personagem, que protagoniza uma his-
tória de desenvolvimento responsável
www.sinduscondf.org.br
Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e sustentável. Dentre dificuldades e
e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. contextos aparentemente contrários,
É autorizada a reprodução total ou parcial,
fazemos ser possível o que parecia
desde que citada a fonte.
impossível. Mas temos certeza de que
Tiragem desta edição esse é somente o primeiro passo de
10 mil exemplares
muitos que ainda virão.
Sinduscon-DF
SIA trecho 02 - lote 1125 - 2º andar Boa leitura!
(61) 3234-8310
A idéia inicial é destinar para os Fundos, no mínimo, 2% dos recur- A inadimplência segue baixa. Apenas 1,4% dos tomadores estão
sos do orçamento da União e 1% da verba arrecadada em impostos com até três prestações em atraso. Nos últimos anos, o que têm
e contribuições dos Estados, Municípios e Distrito Federal. Esses subido é o preço médio dos imóveis e o crédito tomado: de 2004
recursos serão repassados na forma de subsídios, permitindo às a 2008, os valores passaram, respectivamente, de R$ 107,18 mil
famílias que recebem até cinco salários mínimos complementarem, para R$ 147,80 mil e de R$ 50,11 mil para R$ 86,97 mil. Esse é
com renda própria e financiamentos do mercado, os recursos ne- mais um reflexo da melhoria da renda da população e dos juros
cessários para terem acesso a uma moradia digna. O objetivo maior atraentes. Os prazos dos contratos também cresceram, graças à
é eliminar o déficit habitacional brasileiro, hoje, em torno de oito estabilidade da economia, mas o prazo médio de liquidação dos
milhões de unidades. contratos é de nove anos.
Construção Social
Trabalhadores da indústria da construção civil e do mercado imo-
Cenários | Foco | ago/set 2008
Prêmio de
monografia
Estão abertas as inscrições para o II Prêmio de Monografia em
Crédito Imobiliário e Poupança da Abecip, sobre o tema ‘Alternati-
vas e Soluções para o financiamento de imóveis de interesse so-
cial’. O objetivo é promover a discussão sobre a necessidade de
se combater a carência de moradias. Podem concorrer ao prêmio,
brasileiros e estrangeiros, desde que graduados (categoria Profis-
sional) ou graduandos (categoria Graduando) em qualquer curso
ou instituição de ensino superior reconhecidos pelo Ministério da
Educação ou em órgão equivalente de ensino superior (no caso
do curso realizado no exterior). A premiação será no valor total de
Imagens: StockXchng
Recorde de
deflação
empregos
de 0,01% A indústria da construção civil gerou 229 mil novos postos de trabalho
A primeira prévia do IGP-M de agosto surpreendeu e apontou uma no primeiro semestre, crescimento de 106% em relação ao mesmo
deflação de 0,01%. Em julho, no mesmo período de apuração, a período de 2007, aponta pesquisa do SindusCon-SP (Sindicato da In-
FGV (Fundação Getúlio Vargas) tinha apontado variação de 1,55%. dústria da Construção Civil do Estado de SP) e da FGV Projetos.
Economistas do setor financeiro estimavam inflação de 0,3% para o
primeiro decêndio de agosto. A expansão do crédito habitacional e o início das obras de infra-
estrutura são razões apontadas pelo sindicato para a aceleração
O INCC (Índice Nacional da Construção Civil) mostrou aceleração das contratações. “Os investimentos em edificações sustentam o
entre os dois decêndios: subiu 1,40% em agosto ante 1,38% ritmo de empregos. As obras de infra-estrutura também ajuda-
em julho. O grupo Materiais e Serviços teve variação de 2% ante ram, mas não dá para dizer que o Programa de Aceleração do
1,58% em julho. Crescimento (PAC) seja o grande responsável”, diz Eduardo Zai-
dan, do SindusCon-SP.
No caso do IPA (preços no atacado) teve deflação de 0,24%, ante
1,97% na primeira prévia do IGP-M de julho. Já o IPC (preços ao O estoque de mão-de-obra formal atingiu um recorde. Existem
consumidor), a variação foi de 0,07% na primeira prévia de agosto, 2,063 milhões de trabalhadores com carteira assinada no setor. É o
ante 0,42% em idêntico período em julho. maior contingente de empregos formais desde 1995.
Investimento Consumo
chinês no PAC inédito de aço
O Banco de Desenvolvimento da China (BNC) mostrou interesse em A compra e venda de aço no Brasil foi recorde para um semestre,
participar dos projetos de investimentos na área de energia e lo- no período de janeiro a junho deste ano. De acordo o IBS (Institu-
gística do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e colocou to Brasileiro de Siderurgia), o consumo aparente (vendas internas
linhas de crédito à disposição do Brasil. mais importações) de produtos siderúrgicos chegou a 12,5 milhões
de toneladas no primeiro semestre de 2008. O volume é 21,5%
As oportunidades de investimento foram apresentadas aos chineses superior ao que fora verificado entre janeiro de junho de 2007.
pela sub-chefe da Casa Civil, Miriam Belchior, e pelo secretário do
Comércio Exterior, Welber Barral, durante a missão do Ministério do Segundo o órgão, que agrega os principais produtores de aço do país,
Desenvolvimento e Comércio Exterior, MDIC, em Pequim. o índice inédito foi atingido em função do crescimento de setores da
construção civil, automotivo e de bens de capital. A produção de aço
“O Banco de Desenvolvimento da China vai financiar vários projetos bruto no semestre atingiu 17,4 milhões de toneladas, representando
e colocou a nossa disposição todas as linhas existentes”, afirmou aumento de 6,9% em relação aos seis primeiros meses de 2007.
Barral em entrevista à BBC Brasil. Barral não informou o valor ofer-
tado pelas linhas de crédito do BNC, nem exatamente quais projetos Ao mesmo tempo, as vendas internas também foram recordes, che-
seriam imediatamente beneficiados, mas revelou que a diretoria do gando a 11,5 milhões de toneladas. Isso representa aumento de
banco “mostrou muito interesse na área de energia e logística”. 18,4% na comparação com o primeiro semestre de 2007. Somente
no setor de longos, voltado para a construção civil, as vendas cres-
Os projetos de logística e energia apresentados ao BNC incluem a par- ceram 25,9%. A forte demanda interna, aliada à taxa de câmbio e
ticipação em leilões de concessões e de obras de estradas, ferrovias, reduções de alíquotas de importação, impulsionou as importações de
dragagem em 13 portos, usinas energéticas e redes de transmissão. aço, que cresceram 59%, somando 1 milhão de toneladas.
Licença ambiental
Seduma / GDF
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Cenários | Artigo | ago/set 2008
A Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado rial Urbano (IPTU), que tem por base a área total do imóvel,
Imobiliário do Distrito Federal (Ademi-DF), entidade represen- incluindo-se aí as áreas objeto de concessão de uso, cujo pre-
tante das empresas que desenvolvem suas atividades junto ço público era recolhido desde a celebração do respectivo
ao setor imobiliário da região, há muito vem se preocupando contrato administrativo. Assim, atenta a essas situações não
e buscando alternativas legítimas para minimizar o impacto apenas a Ademi-DF, mas também todos aqueles que, direta ou
que a exigência do pagamento de preço público, relativo à indiretamente, sentiam-se penalizados, buscaram equacionar
concessão de direito de uso de área ocupada em subsolo e/ tais ocorrências, sempre com o propósito de estabelecer o le-
ou espaço aéreo – taxa de varanda – para fins de edificação, gítimo equilíbrio entre as relações obrigacionais havidas com
ocasionou não só às incorporadoras e construtoras mas tam- o estado, incorporadoras e, por certo, consumidores adqui-
bém aos consumidores adquirentes de unidades imobiliárias rentes de unidades imobiliárias.
edificadas em projeções (terrenos).
Além disso, mais uma luta iniciou-se com o intuito de regular o
É preciso mencionar, em princípio, que a concessão do direito desenvolvimento das atividades imobiliárias com a declaração de
de uso de área pública contígua à edificação – no nível do solo inconstitucionalidade das leis que instituíram e regulavam referi-
e/ou em espaço aéreo (varanda) e/ou em subsolo (garagem) das concessões, em que as administrações se negavam a expedir
– é condição para que o incorporador possa edificar dentro alvará de construção para os projetos de edificação iniciados,
daquele potencial construtivo permitido pela legislação e in- carta de Habite-se para as edificações já concluídas, enfim, foram
dicado nos editais promovidos pela Companhia Imobiliária de meses de gravosa situação para o setor imobiliário.
Brasília (Terracap) para a venda da projeção (terreno), sendo
certo que tal conjunto de oportunidades compõe e interfere Dessa forma, a Ademi-DF atuou fortemente para restabelecer
no preço de aquisição do imóvel licitado. a regularidade do legítimo exercício da atividade imobiliária,
sendo que muitas empresas associadas tiveram que buscar,
Assim, toda a controvérsia e percalços que se verificaram so- no Judiciário, a proteção à continuidade de suas atividades e a
bre a questão têm origem na Lei Complementar nº 130/1998, entrega dos seus empreendimentos já concluídos.
que institui, no Distrito Federal, a concessão de direito real de
uso em relação à ocupação dessas áreas públicas de forma Assim, todos munidos das prerrogativas que lhe cabiam, sem-
onerosa, tanto para as incorporadoras/ construtoras – paga- pre em busca do bem maior que é atender ao interesse da co-
doras iniciais quando do registro do competente contrato de letividade e ao equilíbrio entre as relações jurídicas, chegou-
concessão e durante a construção – quanto para os adqui- se ao fim, parece-nos, de muitas questões prejudiciais.
rentes das unidades imobiliárias edificadas – pagadores por
força da utilização do imóvel –, que se obrigavam a pagar, Nessa esteira de entendimento, há a Lei Complementar nº
anualmente, elevado preço público. 755/08, que hoje define os critérios para a ocupação de área
pública no DF, mediante concessão de direito real de uso e
Posteriormente, essa norma foi revogada pela também Lei concessão de uso, a qual restou regulamentada pelo Decreto
Complementar nº 388/2001, que, em linhas gerais, tratou nº 28.970, de 18 de abril de 2008.
da mesma forma a autorização para a ocupação das referi-
das áreas em espaço aéreo e subsolo, diferenciando-se, no A referida norma estabelece e autoriza que a ocupação por
entanto, quanto à forma de concessão (concessão de uso e concessão de direito real de uso em subsolo, como garagens
não mais de direito real de uso) e quanto à sub-rogação dos vinculadas a edificações residenciais, e em espaço aéreo,
direitos e obrigações do contrato de concessão (a obrigação como varandas e expansão de compartimentos vinculadas a
de pagamento do preço público passou, após a utilização da edificações residências, ocorra de forma gratuita ao consumi-
edificação, para o condomínio, então, constituído). dor adquirente das unidades imobiliárias. Já ao incorporador
caberá o pagamento do valor correspondente a quatro reais
Com efeito, as impropriedades e distorções ocasionadas por por metro quadrado de área concedida pela lavratura do con-
essa exigência de pagamento não se findam na cobrança, em trato de concessão assinado com o DF.
duplicidade, ocorrida em relação ao mencionado potencial
construtivo. O incorporador pagou pelo potencial construtivo, As concessões de direito real de uso, em subsolo e espaço aé-
permitido na legislação, quando adquiriu a projeção da Terra- reo, verificadas em edificações comerciais dar-se-ão mediante
cap, e, posteriormente, quando da efetiva consecução teve que o pagamento de preço público, na forma da lei. E, dessa for-
pagá-lo novamente para poder edificar naquele potencial. ma, a Ademi-DF entende que cumpriu com a sua contribui-
ção institucional, dentro daquilo que lhe foi possível, sempre
Ora, sem sombra de dúvida, enveredam pelo denominado primando pelo atendimento dos legítimos interesses de suas
“efeito cascata”, a desaguar no Imposto Predial e Territo- associadas e da sociedade brasiliense.
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São Luís recebe No 80º Enic, além de discutir a força da indústria da construção,
haverá debates sobre inovação tecnológica no setor, desenvolvi-
O maior evento da construção civil da América Latina reunirá A dupla de pilotos está preparando sua equipe para mais uma
mais de mil participantes, entre engenheiros, arquitetos, em- vez representar o Brasil no Rally Dakar, o maior e mais difícil rally
presários e trabalhadores do setor de todo o país, no Centro de do mundo. No Enic, André Azevedo e Klever Kolberg vão contar,
Convenções de São Luís. De 22 a 24 de outubro deste ano, os de maneira interessante e atraente, suas histórias, derrotas e vi-
participantes do Enic vão debater temas nacionais e os desafios tórias, no mundo competitivo e de constantes mudanças do Rally
para o setor diante da expectativa de desenvolvimento do país Dakar. A idéia é transferir experiência para a realidade das em-
neste e nos próximos anos. As inscrições podem ser feitas no presas de forma espontânea, mostrando como administrar crises,
site www.enic.org.br superar desafios e alcançar resultados.
A todo vapor
Cenários | Artigo | ago/set 2008
Atrações à parte
Nos intervalos do Enic, os participantes do evento vão descobrir
outras maravilhas da cidade. Um deles é a culinária, que reser-
va para os visitantes uma aventura gastronômica inesquecível.
Os destaques são frutos do mar, peixadas, tortas, caldeiradas,
vatapá, caruru e cuxá. Mas não é só isso. A cozinha regional
oferece carne-de-sol com pirão de leite e manteiga de garrafa.
As frutas são um atrativo a parte e podem ser facilmente en-
contradas na cidade. Dentre as mais desejadas estão cajá, caju,
manga, mangaba, graviola, pitanga e acerola.
O projeto arquitetônico da Casa Eficiente foi concebido pelas • Emprego de materiais isolantes térmicos nas paredes exter-
arquitetas Alexandra Maciel e Suely Andrade como uma vitri- nas e coberturas e utilização de vidros duplos nas esquadrias,
ne de tecnologias de ponta, contando com a colaboração de favorecendo o isolamento térmico e acústico dos ambientes;
pesquisadores do LabEEE, da Universidade Federal de Santa
Catarina (Figura 2). Nela, encontram-se reunidas estratégias • Uso do insuflamento mecânico noturno, uma estratégia alter-
de adequação ambiental e medidas de eficiência energética, vi- nativa que tira proveito das características construtivas da Casa
sando a obtenção do conforto térmico, redução no consumo de Eficiente (materiais com elevada inércia e isolamento térmico) e
energia elétrica e água e menor impacto ambiental. da temperatura mais amena do ar externo durante a noite para
o resfriamento da temperatura interna durante o verão;
Dentre as estratégias incorporadas ao projeto (MACIEL et al,
2006), podem-se destacar: • Emprego de dispositivos de sombreamento nas aberturas: prote-
ções solares projetadas de acordo com as condições de exposição
• Acessibilidade para pessoas com necessidades especiais: em solar de cada fachada e venezianas incorporadas às esquadrias,
virtude da visitação realizada na Casa Eficiente, a acessibilidade reduzindo os ganhos de calor durante o verão (Figura 3a);
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Figura 3 – Preocupação com a ventilação e a luz natural se traduz no projeto de esquadrias adequadamente orientadas e no uso de
dispositivos de sombreamento (a), além de barreiras contra o vento sul no inverno (b)
Figura 4 – Escolha criteriosa dos materiais construtivos: uso do teto-jardim (a) e rampa construída com concreto “reciclado” (b)
• Emprego de elementos redutores da velocidade do vento sul, • Uso de teto-jardim, para redução dos ganhos de calor
indesejável no inverno (Figura 3b); advindos da cobertura (Figura 4a);
• Resgate de soluções termicamente adequadas da arqui-
tetura vernacular, a exemplo do fogão à lenha, aquecendo o • Uso de materiais renováveis e de produção local, com me-
interior da casa no inverno; nor impacto ambiental (tijolos e telhas cerâmicos produzidos
em Santa Catarina, madeira de reflorestamento, aproveita-
• Adoção de medidas de conservação da água, com a uti- mento do entulho do antigo piso existente no local, como
lização de equipamentos economizadores, aproveitamento agregado na composição do concreto) (Figura 4b);
de água de chuva para fins não potáveis (descarga do vaso
sanitário e lavagem de roupas) e reúso de águas após tra- • Uso de coletores solares para aquecimento de água e
tamento biológico por zona de raízes. aquecimento ambiental nos quartos (Figura 5);
Cenários | Informe Técnico | ago/set 2008
• Uso de eletrodomésticos com selo de eficiência energética, ambiental e energético de edificações localizadas em climas
divulgando o selo Procel, junto ao público consumidor; tropicais, a exemplo de Florianópolis. Por meio do monitora-
mento termo-energético contínuo e da realização de experi-
• Uso de energia elétrica gerada a partir de fonte renovável, de mentos in loco, obtêm-se informações úteis para a escolha
baixo impacto ambiental: geração solar fotovoltaica interligada de estratégias projetuais, visando uma maior economia de
à rede (Figura 5); energia elétrica e de água.
Já a realização da visitação pública, voltada para estudantes Outra importante mensagem que se procura difundir é que a
do ensino médio, universitários, profissionais da construção obtenção do desempenho térmico e energético satisfatório não
civil e o público em geral, representa um canal direto de di- depende unicamente da adoção de estratégias de alto cus-
vulgação das estratégias de adequação ambiental e eficiência to. A adequação da edificação às condições climáticas locais
energética. Os visitantes podem observar como os conceitos constitui-se no ponto de partida, sendo definida por meio de
são aplicados na prática, ampliando sua compreensão acerca soluções de projeto, cujos resultados influenciarão toda a vida
dos mesmos – e sua importância para o alcance de padrões útil da edificação.
de desenvolvimento sustentável –, conscientizando-se da
responsabilidade que cada membro da sociedade possui com A Casa Eficiente já foi visitada por diversos estudantes do ensi-
relação à proteção do meio ambiente. no médio e superior e pelo público em geral, todos interessados
nas estratégias de adequação ambiental e de redução do con-
sumo de energia implementadas na edificação.
e avaliados durante vários anos sob diversos aspectos mensal de geração fotovoltaica (195 kWh), verifica-se que,
(arquitetônico, energético, econômico e de eficiência e no caso da “Família Eficiente”, a quantidade de energia
confiabilidade), com resultados apresentados em artigos gerada seria superior ao consumo mensal. Já no caso da
nacionais e internacionais (VIANNA et al, 2007) (VIANNA; “Família Esbanja”, mesmo com o uso ineficiente de energia,
RÜTHER, 2007) (RÜTHER; VIANNA; SALOMONI, 2007). a geração fotovoltaica corresponderia a aproximadamente
75% do consumo mensal (Figura 12).
O sistema fotovoltaico da casa possui potência instalada de
2,25 kWp (kilowatt-pico). O valor em Wp (watt-pico) repre- Convém salientar que a interligação de sistemas fotovol-
senta a potência que o módulo fotovoltaico forneceria quando taicos à rede elétrica da concessionária ainda não é uma
submetido às condições padrão de teste (STC). A geração do prática regulamentada no Brasil. No caso da Casa Eficiente,
sistema é função, principalmente, das características do painel o sistema é interligado à rede elétrica do edifício sede da
(eficiência e coeficientes de temperatura), do posicionamento Eletrosul e tem como objetivo realizar pesquisas para ava-
(orientação e inclinação), das características do equipamento liar o desempenho desse tipo de sistema, instalado em uma
eletrônico utilizado (eficiência) e do nível anual da irradia- residência e submetido às condições de radiação solar da
ção no local (kWh/m2). Nesse caso, o painel fotovoltaico está região sul do Brasil. Os resultados apresentados indicam
orientado para o Norte, com inclinação correspondente ao que a geração solar fotovoltaica apresenta significativo po-
valor da latitude local (Florianópolis, 27º). tencial para utilização em residências no Brasil, constituin-
do-se em uma alternativa para geração de energia elétrica
O valor médio anual da irradiação sobre o plano da co- a partir do Sol, uma fonte renovável praticamente inesgotá-
bertura, para Florianópolis é igual a 4,72 kWh/m 2/dia. Sob vel. Ressaltam-se ainda algumas características deste tipo
tais condições, após um ano de monitoramento, verificou-se de geração, tais como operação silenciosa e desassistida e
que a quantidade de energia gerada pelo sistema fotovol- a contribuição para redução dos impactos ambientais que
taico totalizou 2.302 kWh (Figura 11). A média mensal de decorrem da geração convencional.
energia produzida, nesse período de doze meses, foi de
195 kWh. Esse valor médio foi comparado com estimativas Os integrantes do GT-3 desenvolvem experimentos relacio-
de consumo desenvolvidas para a Casa Eficiente, conside- nados ao uso racional da água, buscando formas de utili-
rando-se o uso de eletrodomésticos com selo Procel e o zação mais eficiente desse recurso, promovendo a gestão
sistema de iluminação de baixo consumo (lâmpadas fluo- da demanda, evitando o desperdício e empregando fontes
rescentes compactas). alternativas – a exemplo da água da chuva, utilizada na
descarga do vaso sanitário e na lavagem de roupas. Encon-
Nas estimativas, foram considerados dois perfis de consu- tram-se em fase de testes os dispositivos de descarte de
mo – para uma família com quatro pessoas: perfil “Família sólidos (como detritos, folhas e gravetos) e os destinados
Esbanja”, com a adoção de padrões ineficientes, caracteri- ao desvio de água do escoamento inicial (água da primeira
zados pelo desperdício de energia, e a situação oposta, a chuva), constituintes de um sistema de aproveitamento de
“Família Eficiente”. Os valores de consumo estimados para chuva. Busca-se, ainda, desenvolver dispositivos de baixo
os dois perfis foram iguais a 257 kWh e 166 kWh, respecti-
vamente. Quando se comparam estes valores com a média
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Figura 13 – Dispositivo desenvolvido para desvio de água de
escoamento inicial
custo, fabricados a partir de tubos e conexões encontrados junto aos consumidores, pois são estes os responsáveis
facilmente no mercado, cujo uso não implique em consumo pela “operação” das edificações ao longo se sua vida útil.
adicional de energia, tampouco em complexidade de opera-
ção e manutenção por parte dos usuários. Como exemplo, Espera-se que a Casa Eficiente cumpra efetivamente seu
tem-se o dispositivo ilustrado na Figura 13, o qual promo- papel de instrumento de desenvolvimento tecnológico no
ve o desvio automático do volume correspondente a uma cenário nacional, bem como o papel de disseminador de
determinada área de captação (telhado). O volume a ser conceitos e boas práticas no setor da construção civil.
desviado depende das características locais e sazonais e
deve ser projetado para desviar a água de lavagem da tro-
posfera (camada atmosférica onde ocorrem os fenômenos
de precipitação de chuva) e da superfície de captação, des-
viando poeira e fuligem, melhorando a qualidade da água
a ser armazenada. Após as chuvas, o volume armazenado Perfil
no dispositivo é liberado por gotejamento, por meio de uma
pequena torneira instalada na base do tubo, ficando libera-
Artigo técnico de autoria da equipe técnica do
do para o desvio seguinte.
LMBEE, formada pelos seguintes profissionais:
Considerações finais Cláudia Donald Pereira, Sergio Parizotto Filho,
Juliana Oliveira Batista, Marcio Andrade,
Graças às atividades do LMBEE, a Casa Eficiente funciona
Rosana Debiasi e Ana Kelly Marinoski.
como um verdadeiro “ambiente de testes”, onde estratégias
de projeto foram concretizadas em soluções construtivas e
tecnológicas, cujo desempenho é avaliado e mensurado. Ao
mesmo tempo, é objetivo de todos os parceiros envolvidos
neste empreendimento divulgar os resultados em lingua-
gem acessível, facilitando sua assimilação não apenas para
o público profissional e acadêmico, mas, principalmente,
Setor foge
do dragão
Aumento dos preços na economia brasileira e mundial não deve
afetar o bom desempenho da construção civil previsto para este ano,
que se prepara para reduzir ainda mais a capacidade ociosa
Enquanto em maio reajustes salariais em vários estados proposta do acordo é capacitar os beneficiados do programa
pressionaram fortemente os índices de inflação na construção Bolsa Família para atuarem no setor.
civil, em junho ocorreu uma aceleração mais acentuada dos
preços dos materiais. Entretanto, na opinião de especialistas, Descompressão
a alta dos preços na economia brasileira e mundial não deve Os reajustes salariais não mais pressionarão a inflação ao longo
afetar o bom desempenho do setor neste ano. do ano, especialmente depois de terminadas as negociações de
maio (época do dissídio do setor). É o que pensa o diretor de
Só para se ter uma idéia, segundo o Instituto Brasileiro de Economia do Sindicato da Indústria da Construção Civil de São
Geografia Estatística (IBGE), a parcela do Índice Nacional da Paulo (Sinduscon-SP), Eduardo Zaidan.
Construção Civil (Sinapi) relativa aos materiais apresentou forte
aceleração, em junho, e chegou a 1,44%, alta bem superior E quando o assunto é insumo, Zaidan considera que a demanda
àquelas registradas nos cinco primeiros meses do ano (0,67% aquecida por materiais deve arrefecer com o aumento da capa-
em janeiro e fevereiro e 0,60% em março, abril e maio). Já o cidade produtiva, o que vai reduzir a pressão sobre os preços.
componente mão-de-obra, que em maio havia registrado avan- “Sabemos que todos os setores de materiais vêm investindo
ço de 3,54 pontos percentuais em relação a abril, em junho pesadamente no aumento da produção. Esses investimentos já
variou 0,96% ainda pressionado, em menor escala, pelos rea- estão maturando”, afirma.
justes salariais praticados no Paraná e Rio Grande do Sul.
Mas há uma ressalva: não há como controlar a inflação de cus-
O gerente do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Ín- tos, gerada pelo aumento das cotações mundiais de combustí-
dices da Construção Civil do IBGE, Luiz Fernando de Oliveira veis, energia e fretes. Zaindan também destaca a influência de
Fonseca avalia que o setor da construção civil, estagnado oligopólios ou segmentos com poucos fornecedores de mate-
durante anos, agora vem retomando de forma vigorosa o riais, o que leva a um controle dos preços. “Tem que haver uma
crescimento. E isso ocorre por causa do estímulo forte ao vigilância por parte dos consumidores e do governo”, opina.
crédito imobiliário e por conta dos investimentos do Programa
de Aceleração do Crescimento (PAC). Boas Perspectivas
Mas o setor de materiais promete um crescimento de 14% no nes-
“Como resultado desse período de estagnação, houve redução te ano, segundo a avaliação do presidente da Associação Brasilei-
do número de profissionais qualificados para trabalhar no setor. ra das Indústrias de Materiais para Construção (Abramat), Melvyn
Os trabalhadores migraram para outras atividades, porque a Fox. A perspectiva de incremento, em relação ao ano passado,
construção civil estava parada”, observa – com o menor nú- somará um faturamento de aproximadamente R$ 89 bilhões. “Até
mero de mão-de-obra especializada disponível, aumentaram-se 2006, havia 30% de capacidade ociosa, que está sendo muito
os salários. E foi preocupado com essa questão que o setor da bem aproveitada agora. Isso hoje está entre 16% e 18% e deverá
construção civil fechou parceria com o governo federal no mês fechar o ano torno de 15%. As empresas estão investindo em
de julho (Confira matéria sobre o assunto na página?????). A expansão e diversificação de produtos”, destaca Fox.
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Cenários | Cenário | ago/set 2008
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Cenários | Tendências | ago/set 2008
Para dar início à proposta – que demorou seis meses justificada pela questão financeira, maior barreira para a
para ser finalizado, de maio até dezembro de 2007 – a realização do empreendimento.
equipe técnica de Jaime Lerner reuniu-se, em Brasília, com
funcionários da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Com a avenida surgirão novas propostas relacionadas à
Meio Ambiente (Seduma), em julho passado, para formali- ocupação das áreas adjacentes, o que promoverá a diver-
zar algumas alterações. A mais significativa delas é a cria- sificação dos usos e a implantação de novos equipamentos
ção do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), item importante na urbanos, além de atividades geradoras de emprego, ofe-
revitalização das avenidas W3 Sul e Norte e que custará ao recidas em novos setores industriais. Quem explica é o ar-
orçamento do Executivo local cerca de US$ 560 milhões. quiteto da Seduma Vicente Lima, responsável pelo projeto.
“A intenção é fazer com que o fluxo intenso para o plano
Inspirado num conceito futurista, o VLT dará novo aspecto ao piloto diminua e que as pessoas possam trabalhar em suas
contexto da W3, o que destoa dos traços modernistas da ci- regiões de residência”, conta.
dade e ainda das casas que contornam a via. No projeto inicial
de Jaime Lerner, a previsão era de apenas uma via exclusiva “Ela [Interbairros] possibilitará uma melhor qualidade no
para ônibus, o que foi modificado a pedido do governador transporte de massa, redução de custo da infra-estrutura,
José Roberto Arruda. Apesar do estranhamento que pode criação de novas atividades geradoras de emprego e evi-
causar em alguns, Mônica Veríssimo, geógrafa e doutora em tará a ocupação de novas áreas no entorno das cidades”,
geologia, considera oportuna a escolha do VLT, uma vez que ressalta Malheiros. A expectativa é que a via, depois de
a via exclusiva para ônibus secciona a cidade e impossibilita finalizada, gere em torno de R$ 208 mil empregos, em uma
a interação da população com Brasília. “A estrutura do VLT, região de 178 mil pessoas residentes, invertendo, assim, o
como o próprio nome diz, é leve, fina e sobre a rua e facilita a fluxo existente.
passagem e a interação dos pedestres de um lado para outro
da W3”, explica. Na primeira etapa, o trem chegará até o fim Para isso, mais que uma via exclusiva para veículos, Jaime
da W3 Sul, sem previsão para ocorrer. Lerner pensou em quatro pontos de foco de desenvolvimen-
to. O objetivo em cada um deles – distribuídos em Samam-
Mesmo com todos os possíveis benefícios que a proposta baia, Taguatinga, Águas Claras e Guará – é o adensamento
trará à cidade, o projeto não é unânime entre os especia- de serviços, empresas e comércios, proporcionando, assim,
listas. Para Mônica Veríssimo, por exemplo, o crescimento a descentralização existente hoje no Plano Piloto.
urbano é inevitável. Contudo, ela defende que as mudanças
e as soluções para a região devem contar com a participa-
ção da sociedade. “Se isso ocorresse a população teria mais
garantias e direitos, o que aumenta a taxa de sucesso dos
esforços de planejamento e execução do projeto”, ressalta.
Integração
A maior – e, talvez, a mais ambiciosa – mudança prevista
na proposta é a construção da Interbairros. Projetada para Projeção da Rua Portátil: idéia inspirada nas
ligar o Plano Piloto a diversos setores, como Guará, Águas estruturas metálicas do “bouquinistes”
Claras, Park Way, Taguatinga e Samambaia, a via levará
desenvolvimento e revitalização a essas regiões, além de
desafogar o trânsito. Contudo, a previsão para a conclusão,
segundo a Seduma, varia entre 10 e 15 anos. A demora é
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Cenários | Tendências | ago/set 2008
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Saiba mais do Brasília Revitalizada
Rua Portátil EPIA/ Boulevard
É formada pela junção de diversos módulos e O plano é promover a humanização,
prateleiras, projetados para vender objetos, geralmente com a formatação de uma escala urbana
comercializados em calçadas. Colocadas lado a lado, as para a rodovia, de modo a integrar os dois lados da
bancas se transformam numa rua comercial que pode ser EPIA, qualificar a paisagem urbana e
montada e desmontada. estimular a diversificação de usos em suas áreas
limítrofes. A idéia é prever a implantação de
Parque Asa Norte (Burle Marx) equipamentos e atividades geradoras de emprego,
além de melhorar as condições de mobilidade e
A idéia do parque é estabelecer uma integração com a acessibilidade, tanto para veículos como para bicicletas
área residencial da Asa Norte e Noroeste. O Plano Diretor e pedestres. A via será preparada ainda para conter a
proposto para o lugar cumpre as seguintes funções: movimentação do futuro Setor Noroeste.
proteção da estrutura urbana existente; criação de
espaços verdes; dotação de novos locais de recreação Parque “Viva
e lazer para os moradores da região; e preservação o Povo Brasileiro”
ecológica para o ecossistema cerrado do DF.
Localizado dentro do Parque Burle Marx,
Taguaparque o espaço será destinado à educação infantil com o
uso de uma grande maquete representando o Brasil.
O projeto prevê a implantação de usos e equipamentos Estão previstos ainda o ensino da diversidade sócio-
voltados a atividades de lazer, cultura e esporte, atendendo ambiental de cada uma das regiões brasileiras.
um antigo anseio da população local. O parque contará
ainda com ciclovias, anfiteatros, mirantes e praças Revitalização da W3
de alimentação. O acesso será feito por passagens
subterrâneas dos dois lados. A idéia é elaborar propostas, como estacionamentos
subterrâneos, a criação de praças e a destinação
Área Central do Plano Piloto de áreas para mercados urbanos abertos.
Além de soluções para o transporte coletivo
Os planos são: elaborar propostas para o comércio urbano, aproveitando os canteiros centrais para
informal; adequar as linhas de transporte e redimensionar estacionamentos, pontos de parada para o novo
os espaços comerciais da antiga Rodoviária; e investir em tipo de transporte que será implementado:
novos pontos de encontro da população. veículo leve sobre trilhos (VLT).
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A escolha de uma
iluminação indireta
possibilitou um ambiente
acolhedor para o escritório
da produtora de vídeo
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Cenários | Arquitetura | ago/set 2008
Projetos
iluminados
A utilização das luzes não é
mero detalhe no momento de
construir ou reformar.
O ambiente e a intenção do
morador determinam o uso
apropriado para cada espaço
De todos os tipos
Para cada ambiente, existe uma iluminação específica. Para não
cometer enganos, é sempre bom conhecer as possibilidades de
uso de luzes existentes no mercado. Mais usada – e não por
acaso mais conhecida –, a iluminação direta é aquela em que
a luz incide diretamente sobre uma superfície – sem ter sido,
anteriormente, projetada em outra. Para obtê-la, utiliza-se cer-
tos tipos de spots, lustres com refletores e pendentes, plafons
e luminárias de mesa.
Há muitas variações e aspectos que devem ser levados em consideração: o tipo de ambiente e
atividades que serão exercidas no local. Além disso, as cores das paredes e dos pisos, os tipos de
lâmpadas escolhidas e o próprio modelo de iluminação devem ser considerados no planejamento.
A seguir, algumas dicas para melhorar a luminosidade dos ambientes:
Home
Pedem iluminação sem ofuscamento, indireta e direcionada para a principal função do lugar: a
de relaxar. Em alguns casos, necessitam de uma luz especial para leitura. Balizadores, como os
usados para orientar o caminho em salas de cinema, são boas opções para esses locais.
Quartos
Os abajures são essenciais em ambientes mais aconchegantes como esse.
Não abra mão dos spots, que produzem uma iluminação direcionada e
são usados para leitura e realçar de objetos, como quadros.
Banheiros
Recomenda-se iluminação direta e indireta. Deve-se evitar a produção
de sombras na área do espelho. Existem luzes próprias para banheiras,
que produzem sensação de relaxamento.
Cozinha
Requer uma “iluminação de tarefa”, que é aquela voltada para as atividades
desenvolvidas no local. Dependendo da necessidade de quem utiliza, pede uma
iluminação mais direta e econômica. Mas se os moradores gostam de cozinhar
e receber amigos nesse ambiente, as luzes podem ser mais trabalhadas.
Se escolher usar lustres e pendentes, esses devem ser de fácil limpeza.
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Por uma
construção verde
Termo de cooperação cria áreas específicas para acolher
os entulhos da construção civil. Documento inaugura
nova fase para sustentabilidade do setor no DF
O papel de vilã atribuído à indústria da construção civil O documento inaugura uma nova etapa para as ações de sus-
na história da exploração dos recursos do planeta começa a tentabilidade desenvolvidas pela entidade e seus parceiros.
mudar e, se depender do setor, no Distrito Federal, a passos “Após alguns anos buscando essa parceria, finalmente o setor
largos. O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito conseguirá dar início ao plano integrado de reciclagem dos resí-
Federal (Sinduscon-DF) é um dos ganhadores do diploma Des- duos sólidos da construção civil”, afirma Dario Clementino, pre-
taque Nacional de Sustentabilidade, edição 2008, conferido pelo sidente da Comissão de Meio Ambiente do Sinduscon-DF, que,
Instituto Ambiental Biosfera – organização não-governamental, no evento, também representou a Federação das Indústrias do
de atuação nacional, que promove boas práticas de desenvol- Distrito Federal (Fibra-DF).
vimento sustentável e de responsabilidade social. A cerimônia
ocorreu no último 20 de agosto, dia em que a entidade também Com o termo de cooperação, dá-se seqüência às ações do
assinou, com o Governo do Distrito Federal, um termo coope- Sinduscon-DF que buscam conscientização ambiental e práticas
ração técnica que destina áreas específicas para o recebimento menos agressivas ao planeta. E foram esses dois desses projetos
de resíduos sólidos no DF. (veja mais no box) que receberam o título de destaque nacional
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Cenários | Meio Ambiente | ago/set 2008
Ecopontos
O Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal (SLU) planeja tes. Todo esse processo e sua logística receberão não somente
entregar os 96 pontos – distribuídos pelas 29 regiões admi- as sobras das pequenas reformas individuais, mas também os
nistrativas – de recolhimento de entulhos da construção até resíduos separados nos canteiros que aplicam o Programa de
o mês de setembro. Essas áreas servirão de depósito para os Gestão de Materiais (PGM), desenvolvido pelo Sinduscon-DF.
resíduos da construção e serão chamadas de ecopontos.
Criado para atender às exigências da Resolução nº 307 do
Outras cinco grandes áreas, denominadas de centrais, tam- Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), os progra-
bém serão criadas para acolher o material depositado naque- mas da entidade não eram executados em sua totalidade, uma
les locais menores. Três delas já estão definidas: Ceilãndia, vez que a criação de áreas específicas para o recebimento
Gama e Brazlândia. As outras duas ainda dependem de pare- dos entulhos é uma incumbência do Executivo local. “Isso
cer técnico da SLU. [centrais e econpontos] significa um fomento não somente
para as práticas racionais do setor, mas também para ini-
Nessas centrais haverá a triagem dos resíduos da construção, ciativas de reaproveitamento desses materiais, como o que
como tijolos, telhas, azulejos e concreto, que serão transforma- vem sendo feito pela iniciativa privada”, pontua Fátima Co,
dos em outros insumos, como blocos, revestimentos e bloque- diretora-geral do SLU.
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A sociedade civil organizada comemorou a iniciativa. Para Paulo
Roberto Gonçalves, representante da Cooperativa Cooper Co-
leta Ambiental, o termo abre as portas para uma nova fonte
de recursos. Atualmente, a cooperativa recolhe, por dia, 4 mil
toneladas de entulho da construção civil, praticamente o dobro
do lixo doméstico recolhido pelo SLU.
Os programas do Sinduscon-DF
Cenários | Meio Ambiente | ago/set 2008
Segundo ele, o DF produz cerca de 7 mil toneladas diárias de
resíduos da construção, o que poderia ser convertido em blo- O Programa de Gestão de Materiais (PGM) existe
cos e bloquetes a serem usados na construção de 400 casas há mais de cinco anos e é composto de três sub-
populares por dia, caso não fossem desperdiçados com o mau programas: Gerenciamento de Resíduos; Raciona-
acomodamento. “Em um aterro adequado esses matérias du- lização e Redução de Perdas; e Análise de Ciclo
ram 30 anos, mas com o acúmulo desses resíduos no lixão, de Vida dos Materiais. Entre os parceiros desses
esse número cai para 10 anos”, observa Gonçalves, explicando subprogramas estão a Universidade de Brasília
que o depósito desses materiais em aterros comuns diminui em (UnB) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas
dois terços a vida útil deles. Empresas do Distrito Federal (Sebrae-DF). Ao
todo, 49 empresas do Distrito Federal aderiram
“Há muito que essas áreas já estavam previstas e deveriam à metodologia do PGM, o que significa que 1.200
ter sido criadas. À época, criou-se argumentos, a meu ver fa- mil trabalhadores do setor contam com educação
laciosos, os quais diziam que o DF, por ser uma região sensível ambiental nos canteiros de obras, sendo também
do ponto de vista ambiental [cerca de 90% do território pos- multiplicadores dessa metodologia.
sui algum tipo de especificidade ambiental], não oferecia lo-
cais para a criação desses aterros. Contudo, sabemos que há, Já o Programa de Responsabilidade Ambiental e
sim, possibilidades, e elas chegam em boa hora”, comemora Social da Construção (Pras) dedica-se, em sua pri-
o ambientalista e subsecretário de Meio Ambiente Gustavo meira fase, a conscientizar as empresas sobre a
Souto Maior, referindo-se ao boom que acomete a indústria importância de comprar matérias-primas, elementos
da construção civil. “E isso é especialmente verdadeiro aqui, e componentes de fontes confiáveis e responsáveis.
porque o DF produz uma quantidade de entulho acima do Esse projeto é feito em parceria com a Federação
volume nacional. Temos que ter, portanto, responsabilidade”, das Indústrias do Distrito Federal (Fibra) e com a
pontua Souto Maior. Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Elson Póvoa, presidente do Sinduscon-DF, Márcio Machado, secretário de Obras, Fátima Co, diretora-geral do SLU, e Dario Clementino,
da CMA. Setor industrial e governo local assinam termo de cooperação técnica
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Aprendizagem prática
nos canteiros de obras
é a proposta do projeto
Os beneficiários do Programa Bolsa Família vão contar Mas, segundo a secretária-executiva do Ministério do Desen-
com curso profissionalizante na construção civil, com direito a volvimento Social e Combate à Fome (MDS) Arlete Sampaio a
salário durante o período de aprendizagem em obras do Pro- idéia é expandir a proposta para outros segmentos, como a
grama de Aceleração do Crescimento (PAC). O projeto, chamado construção naval. “Estamos analisando todos os setores no
de Plano Setorial de Qualificação (PlanSeQ Bolsa Família - Cons- PAC”, conta. “Queremos fazer com que as famílias pobres
trução Civil), é resultado de uma idéia que vem sendo construí- não fiquem de fora do processo de crescimento econômico
da, há cerca de um ano, pela Câmara Brasileira da Indústria da do país. É importante ensinar a pescar em um rio que te-
Construção (CBIC) e o governo federal. nha peixe. Nesse momento, o Brasil tem peixes”, observa a
secretária-executiva.
Trata-se de uma conjunção de interesses. Já faz algum tempo que
a indústria da construção civil reclama da escassez de mão-de- A boa notícia para quem teme ser excluído do Bolsa Família é que
obra especializada, enquanto o governo ensaia tomar um cami- isso não ocorrerá sem critérios. Segundo Arlete, a revisão dos
nho menos assistencialista. Assim, orquestrou-se uma proposta benefícios é feita a cada dois anos e só há exclusão do programa
em que as necessidades de ambos os lados são atendidas. quando a renda da família muda. “É preciso enfatizar que não se
deve ter medo de participar do programa de qualificação. Assim
As ocupações são várias. Pintor, azulejista, encanador, carpintei- como a família que não quiser participar não será excluída, a que
ro, mestre de obras, desenhista, eletricista, operador de trator, participar também não correrá esse risco,” pontua.
auxiliar de escritório e almoxarife. O setor foi escolhido para dar
início ao projeto por estar em expansão. Desse modo, o Planseq Normas
será desenvolvido nas 13 regiões metropolitanas do país, onde Para participar do Planseq Bolsa Família, o beneficiário deve
se concentram as obras do PAC. A expectativa do Ministério do ser maior de 18 anos e possuir pelo menos a quarta série
Desenvolvimento Social (MDS) é que o treinamento tenha início do ensino fundamental. Uma novidade é a garantia de, no
já em setembro deste ano. mínimo, 30% de participação das mulheres no total de 185
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Cenários | Responsabilidade Social | ago/set 2008
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AGENDA
Semana do Direito de Lean Créditos de Carbono VI Fórum Técnico Gestão
salão do imóvel energia 2008 Construction do Processo Construtivo
Onde e Quando Onde e Quando Onde e Quando Onde e Quando Onde e Quando
São Paulo, Bologna, na Itália, São Paulo, São Paulo, São Luiz (MA)
de 8 a 11 de outubro de 15 a 19 de outubro 21, 22 e 23 de outubro 22 de outubro 22 a 24 de outubro
AGENDA
Cenários | Charge | ago/set 2008
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Cenários | Indicadores | ago/set 2008
StockXchng
CUSTOS DA CONSTRUÇÃO
CIVIL VARIAM EM 1,67%
O CUB (Custo Unitário Básico de Construção) subiu 1,67% A principal contribuição para a alta foi o aumento dos preços
em julho ante o mês de junho, quando o índice havia apresentado da chapa compensado plastificado, do aço CA-50, do cimento,
variação mensal 1,06%. O CUB é o índice oficial, calculado pelo esquadria de correr em alumínio anodizado (cor natural) e o
Sindicato da Indústria da Construção do Distrito Federal (Sindus- vidro liso transparente colocado com massa.
con-DF), que mostra a variação dos custos do setor para utilização
nos reajustes dos contratos da construção civil brasiliense. O Índice Geral de Preços (IGP-M) registrou acréscimo de 1,76%
em julho de 2008. Nos últimos 12 meses, o CUB-DF apresentou
Com o resultado, o custo do metro quadrado de construção variação acumulada de 13,51%, enquanto o valor do IGP-M foi
do projeto-padrão referencial do Distrito Federal (R8-resi- de 15,12% no mesmo período.
dência multifamiliar padrão normal) agora é de R$ 724,77
contra os R$ 712,85 do mês anterior. Desse total, o gasto Os insumos que tiveram aumentos de preços superiores à varia-
com material ficou em R$ 352,04, as despesas com mão- ção de 1,76% do IGP-M em julho foram: chapa compensado plas-
de-obra em R$ 315,63, enquanto os custos administrativos tificado (2,68%); aço CA-50 (10,14%); cimento CP-32 (7,84%);
e os gastos com os equipamentos somaram R$ 54,53 e R$ bloco cerâmico para alvenaria de vedação (9,09%); bloco de
2,57, respectivamente. concreto sem função estrutural (5,26%); porta interna semi-oca
para pintura (9,52%); esquadria de correr em alumínio anodiza-
No período analisado, verificou-se que 12 dos 25 insumos que do – cor natural – (10,24%); azulejo 30 cm x 40 cm (7,96%);
participam da pesquisa do Custo Unitário Básico de Construção vidro liso transparente colocado com massa (10,21%); disjun-
apresentaram aumento em seus preços, nove registraram redu- tor tripolar (4,26%); bacia sanitária branca com caixa acoplada
ção e os demais permaneceram com os seus valores estáveis. (1,79%); e aluguel de betoneira (36,40%).
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Variação mensal dos preços de insumos do CUB/M2 no DF
Cenários | Indicadores | ago/set 2008
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PEC propõe limite para habitação
Alvo de uma insistente campanha iniciada pelo do descontar dessa base apenas as transferências constitucio-
empresariado da construção civil em 2007, a criação de um limi- nais a Estados e municípios.
te mínimo obrigatório de gastos públicos com habitação popular
ganhou a adesão de diversos parlamentares e virou, no dia 12 de A nova PEC prevê que a vinculação de receitas orçamentárias
agosto, uma proposta de emenda constitucional (PEC). Só na Câ- de cada ente da federação aos respectivos fundos de habitação
mara Federal, por onde começou a tramitação, a nova PEC nasce de interesse social seja exigida por 30 anos ou até que o déficit
com o apoio de 252 deputados, quase 50% do total (513). habitacional seja eliminado. Paulo Safady, presidente da Câmara
Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), estima que são
Caso a PEC seja aprovada sem alterações, o piso de gastos pú- necessários no mínimo 30 anos para zerar o déficit. Segundo
blicos com subsídios à construção de moradia para os pobres a CBIC, o Brasil tem um déficit de moradias estimado em mais
valerá para todos os entes da Federação, vigorará por 30 anos de 7 milhões de unidades, 90% concentrado em famílias com
e será definido em função da receita de cada um. A União seria renda mensal de até cinco salários mínimos.
obrigada a destinar a essa finalidade 2% de sua arrecadação
de impostos e contribuições, exceto as previdenciárias, poden- Fonte: Valor online
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CONSTRUÇÃO CIVIL SOFRE PERDA DE 2 MIL
VAGAS EM SEU CONTINGENTE OCUPACIONAL
O resultado da Pesquisa de Emprego e Desemprego sem procura de emprego, alcançou 1.106 mil pessoas. Esse
do Distrito Federal (PED-DF)1, referente a junho, quando total inclui os trabalhadores do setor privado, que engloba os
comparado com o mês anterior, revela decréscimo de 4,0% contratados com carteira de trabalho e os sem carteira de
na ocupação da construção civil, o que resultou em um saldo trabalho, do setor público, estatutários e não estatutários, os
negativo de 2 mil vagas. Nos últimos doze meses o setor empregados domésticos, os trabalhadores por conta-própria
obteve acréscimo de 9,1%, o que equivale ao ganho de 4 e as outras ocupações (empregadores, trabalhadores au-
mil vagas. Atualmente o setor conta com um contingente de tônomos universitários, trabalhadores familiares não-remu-
48 mil ocupados. nerados, donos de negócio familiar e os que trabalham em
organismos internacionais).
A taxa geral de desemprego do Distrito Federal sofreu decrés-
cimo, chegando a 16,9% da População Economicamente Ativa No mês em análise, o comércio, os serviços, e os outros
(PEA), que é a soma do número de ocupados (a partir de 10 setores tiveram ganho ocupacional. Já a indústria e a ad-
anos de idade) mais desempregados. Conforme a pesquisa, ministração pública sofreram queda em seu número de
225 mil pessoas estão desempregadas no Distrito Federal. ocupados. Nos últimos doze meses observamos que o nível
de ocupação geral no Distrito Federal cresceu 5,9%, a in-
O total de pessoas ocupadas, isto é, as pessoas com traba- dústria subiu 19,4%, o comércio 15,3%, os serviços 5,0%,
lho remunerado exercido regularmente ou outras formas de a administração pública 2,9% enquanto os outros setores
inserções no mercado de trabalho de forma remunerada, mas sofreram decréscimo de 3,4%.
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