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Orçamento governamental
Coletânea – Volume 1
Organizadores:
James Giacomoni e José Luiz Pagnussat
CDU 336.144:35.073.52
© ENAP, 2007
Tiragem: 2.000 exemplares
Prefácio 7
Introdução
José Luiz Pagnussat 9
Capítulo I – Teoria do planejamento público 67
Dois séculos de teoria do planejamento:
uma visão geral 69
John Friedmann
Capítulo II – Metodologias de planejamento 113
O plano como aposta 115
Carlos Matus
O Quadro Lógico: um método para planejar e
gerenciar mudanças 145
Peter Pfeiffer
Capítulo III – Planejamento no Brasil 191
A experiência brasileira em planejamento econômico:
uma síntese histórica 193
Paulo Roberto de Almeida
A retomada do planejamento governamental no
Brasil e seus desafios 229
Ariel Pares e Beatrice Valle
A metodologia de gestão estratégica do NAE 271
Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE)
O PLANO COMO APOSTA
Carlos Matus
O plano e a governabilidade do
homem sobre as situações
117
Carlos Matus
119
Carlos Matus
Aprender a jogar
122
O plano como aposta
Diferenciação de Explicações
B
A João Pedro
(I) (II)
João João explica o jogo Atribui a Pedro uma
tendo a si próprio como explicação do jogo,
referência... feito por João
(III) (IV)
Pedro Atribui a João uma Pedro explica o jogo
explicação do jogo feita tendo a si próprio como
por Pedro referência e...
A B
125
Carlos Matus
ß1 .
A1 .
B
A2 .
ß2 .
126
O plano como aposta
A1 B
A2 C
ß2
ß2
J2
A2 C
α2
ß1 p
J1 A1 B Outro
Jogo
α1
Espaço de governabilidade de J1
Espaço do jogo
.
127
Carlos Matus
A B
B (Projeto de governo)
Peso de ß
Peso de α
129
Carlos Matus
130
O plano como aposta
Técnicas de cenários
Plano de contingência
Técnica de absorção de incertezas
A B
131
Carlos Matus
Não ocorreu
Possibilidades não exploradas
VPA = X1A...X2A...X3A.......XjA Xj + 1A Xj + 2A Xj + kA
controle direto de recursos Adesões
Interesse (+, -, 0)
Motivação
Valor (a, m, b)
Pressão
Vetor de peso
t1 t2
Atores
OP
A3 1
OP
A2 2
OP
3
Autoridade
Cooptação
Negociação
Confronto
Decisão
136
O plano como aposta
Ator A1 Oponentes
Pressão de A1 Pressão dos oponentes
137
Carlos Matus
C1 L1 C3 L3
C2 L2 C4 L4
140
O plano como aposta
A confiabilidade do plano
141
Carlos Matus
Mas para onde nos conduz essa incessante dinâmica de cálculo? Qual
a eficácia e a validade do objetivo que perseguimos? Como podemos imaginar
142
O plano como aposta
nosso futuro? Como podemos verificar se as metas que para nós traçamos
levam a algo de valor? Nossos planos têm um valor independente da
sabedoria dos objetivos que traçamos?
As urgências nos distraem da planificação, mas o jogo da planifi-
cação a curto prazo pode, por sua vez, distrair-nos e cegar-nos quanto à
reflexão sobre nosso lugar no mundo nos próximos quarenta anos. Quando
essas perguntas surgem, ultrapassamos os limites da planificação estratégico-
situacional como técnica de visão curta, para entrar no domínio da grande
estratégia. O líder é o que vê mais além da esquina, mas só é estadista
aquele que enxerga mais além da estrada.
A grande estratégia exige uma forma de pensar radicalmente diferente
daquela que aqui expusemos. A grande estratégia não é um jogo contra
outros jogadores conhecidos, mas contra o óbvio, o rotineiro e o legitimado.
É um jogo contra nós mesmos, como portadores de idéias de um mundo de
seguidores. Lutamos para percorrer de novo, com menos atraso, a mesma
via que seguem aqueles a quem imitamos? Se não pensamos na grande
estratégia, estamos condenados a ser seguidores e a ficar sempre atrás dos
que abrem o caminho que seguimos.
Imaginemos que estamos guiando um veículo no meio da neblina e
não podemos enxergar muito adiante. A comodidade e a conformidade nos
oferecem uma fácil solução: seguir os faroletes vermelhos da traseira do
veículo que vai à frente. Já não nos perguntamos quanto ao que se passa
além da estrada que divisamos, simplesmente nos deixamos levar. O outro
decide por nós, até despedaçar-se na bruma.
Nossa única vantagem, nesse caso, é ver como o outro cai primeiro.
Vantagem efêmera, pois nossa incapacidade de pensar o futuro nos impedirá
de aproveitá-la para encontrar nosso próprio caminho e resistir aos hábitos.
Os gritos de lamento do veículo que nos antecede terão um eco nos nossos,
um pouco mais tarde.
Essa metáfora deve ser um sinal de alerta. Na América Latina não
existe nenhum centro que se preocupe com a grande estratégia para essa
região.
A improvisação domina nosso dia-a-dia e a cegueira enevoa o caminho
pelo qual trafegamos até onde não sabemos.
143
Carlos Matus
Carlos Matus nasceu no Chile, foi ministro do Governo Allende (1973) e consultor do
ILPES/CEPAL. Ministrou vários cursos no Brasil nos anos noventa (escolas sindicais, IPEA,
ministérios, governos estaduais e municipais). Formulador do Método Planejamento Estratégico
Situacional (PES). Criou a Fundação Altadir com sede na Venezuela, para difundir o método
e capacitar dirigentes. As principais obras de Carlos Matus são: Planificación de situaciones
(Caracas: CENDES, 1976 e México: Fondo de Cultura Económica, 1978); Política,
planificación y gobierno (1987), editado no Brasil pelo IPEA, em 1993, em dois volumes,
com o título Política, planejamento e governo; e os livros publicados no Brasil pela Fundação
de Desenvolvimento Administrativo (FUNDAP): Adeus, senhor presidente: governantes
governados (1996); Estratégias políticas: Chimpanzé, Maquiavel e Ghandi (1996); e O líder
sem estado-maior (2000).
Texto originalmente publicado em: MATUS, Carlos. El plan como apuesta. Revista PES
(Planeación Estratégica Situacional). Caracas, Venezuela: Fundación Altadir, n. 2, p. 9-59,
abril, 1993.
. O Plano como Aposta. Tradução: Frank Roy Cintra Ferreira, São Paulo em
Perspectivas, v. 5, n. 4, p. 28-42, out.-dez./1991.
Reimpressão autorizada pela Strategia Consultores.
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