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Atraídos por tua glória

Categoria: Vida cristã / Bíblia / Cristianismo

Copyright © 2021 Ezequiel Machado


Todos os direitos reservados

1ª edição Novembro de 2021


Revisão Maria Aparecida de Oliveira
Projeto gráfico e diagramação Robson Júnior
Capa Robson Júnior

Os textos das referências bíblicas foram extraídos da versão Almeida Re-


vista e Atualizada (Sociedade Bíblica do Brasil), salvo indicação específica.

ATRAÍDOS POR TUA


Glória
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Machado, Ezequiel, 2021


Atraídos por tua glória / Ezequiel Machado – Goiânia: 2021
ISBN: 978-75-94511-15-7
1: Vida cristã 2: Bíblia 3: Cristianismo 4: Título
 CDD : 230/240

Índice para Catálogo Sistemático:


1: Vida cristã: Bíblia: Cristianismo 230/240

DIREITOS RESERVADOS É proibida a reprodução total ou parcial da


obra, de qualquer forma ou por qualquer meio, sem a autorização prévia
e por escrito do autor. A violação dos Direitos Autorais (Lei nº 9610/98)
é crime estabelecido pelo artigo 48 do Código Penal.

Impresso no Brasil
Printed in Brazil
2021
DEDICATÓRIA

Quero dedicar este livro à minha querida espo-


sa, Fabiana, que, mais uma vez, assim como nos
demais livros que escrevi, de maneira honrosa e
muito virtuosa, tem investido sua vida em meu
ministério, motivando-me e inspirando-me a
transmitir verdades que Deus têm produzido em
meu espírito. Com certeza, sem ajuda dela, este
livro não teria sido escrito.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO

Este livro é um convite a um novo nível de


relacionamento com a glória de Deus. Ele nasceu
de uma soma de experiências proféticas que ocor-
reram ao longo da minha vida.
Há alguns anos, recebi uma palavra profética
na qual o Senhor dizia que me mostraria como o
céu se move na terra e que, a partir dali, Ele me
usaria para trazer o céu à terra e ensinar outros a
fazer o mesmo. Meu desejo é que, à luz da Palavra
de Deus, essa mesma experiência se multiplique
em sua vida.
Uma das maiores verdades espirituais é saber-
mos que, por uma escolha divina, fomos feitos
filhos de Deus, recebendo uma nova natureza. Essa
verdade nos inseriu no universo de suas promessas.
10 ATRAÍDOS POR TUA Glória

Existe em Deus um ardente desejo de revelar a CAPÍTULO

sua glória aos seus filhos. As Escrituras dizem que


Deus manifestaria os seus feitos aos seus servos, 1
mas a glória, apenas aos filhos, que somos nós, a
nossa geração.
Na velha aliança, existiu um nível de manifes-

A glória dos filhos


tação que mudou coisas por fora, mas hoje existe
uma glória superior que muda por dentro. A glória
da velha aliança desvaneceu, porém a dos filhos é
permanente.
Em todas as gerações, Deus se relacionou com Uma grande verdade espiritual é sabermos que,
os homens, manifestando-se em tabernáculos e
por uma escolha divina, fomos feitos filhos de
em grandes templos, mas a promessa que ecoava
Deus e, por causa dessa escolha, recebemos uma
era que a maior glória seria a da última casa, e essa
nova natureza.
casa somos nós.
Eu o convido para embarcarmos juntos em uma Costumo ensinar que não nos tornamos filhos,
profunda revelação, que elevará seu nível de fé e mas fomos feitos filhos, pois isso nunca dependeu
transformará sua identidade espiritual. Certamen- de nós, foi uma escolha de Deus. Quando essa
te, você será atraído pela glória. verdade começa a fazer parte do nosso coração,
nossos olhos espirituais se abrem, e temos acesso
a um universo de promessa específicas aos filhos.
Gosto muito de encontrar verdades eternas em
pequenos contextos bíblicos, e um dos textos que
sempre chamou minha atenção é o Salmo 90, es-
crito por Moisés. Aliás, meu primeiro livro, Poucos
12 ATRAÍDOS POR TUA Glória A glória dos filhos 13

Dias, foi inspirado no verso 12, no qual o escritor Por causa dessa atitude, Deus disse ao seu servo
pede a Deus que lhe ensine a contar os seus dias. que não iria subir com o povo até Canaã, devido
Creio que alguns trechos desse capítulo foram à dureza do coração deles, mas enviaria um anjo e
conclusões de experiências individuais que Moisés os colocaria no lugar prometido (Êx 33.3).
teve ao longo de sua vida. No verso que vamos ler Aquele dia específico foi desesperador, pois Deus
abaixo, encontramos uma promessa feita a um gru- não estava negando cumprir a promessa, estava di-
po que certamente é o nosso, o grupo dos filhos. zendo algo pior, que não entraria na terra com eles.
Aos teus servos apareçam as tuas obras, e a A proposta era uma promessa sem presença. Teriam
seus filhos, a tua glória. (Sl 90.16, grifo nosso) promessa, mas não o encontrariam lá.
Para pessoas normais, talvez essa declaração faça
Existe em Deus um ardente desejo de revelar sua
pouca diferença, afinal a promessa era de Deus, e
glória a seus filhos. Sei que somos apaixonados pe-
os anjos estariam à frente, que mal haveria? Mas,
los feitos de Deus, mas acredite em mim, quando
para os que valorizam a presença, isso seria trágico.
nossos olhos se abrem para a glória, dificilmente
nos contentaremos com os feitos. Após esses acontecimentos, Moisés, em sua
Acredito que a conclusão do texto acima, partiu tenda do encontro, tomado de angústia, faz dois
de mais uma experiência que Moisés teve no ca- pedidos ao Senhor. O primeiro certamente poucos
minho do deserto. Naquela época, os hebreus an- teriam coragem de fazer: se Deus não fosse com
daram muitos anos para chegar à terra prometida. eles até a terra prometida, que os impedisse de
Em determinado momento do deserto, próximos sair do lugar onde estavam. Era como dizer que,
à promessa, quando Moisés subiu ao monte para se não fosse para ter a presença na promessa, que a
receber os mandamentos, o povo se desviou do cancelasse e os deixassem morrer naquele deserto.
caminho do Senhor, criando um bezerro de ouro Deus, então, atende ao pedido de Moisés, dizendo
para adoração, pois imaginavam que seu líder que a presença iria com ele e lhe daria descanso
nunca mais voltaria. (Êx 33.12-17).
14 ATRAÍDOS POR TUA Glória A glória dos filhos 15

Veja que interessante, corremos sérios riscos Qual a diferença entre porta e ombreira? Ob-
de achar que descanso é alcançar uma conquista viamente a única diferença aqui nesse contexto é
pessoal, mas o verdadeiro descanso é quando en- a distância, pois, para esperar às ombreias, a porta
contramos a presença em nossas conquistas. precisa estar aberta. Na conclusão do texto, diz que
aquele que o acha, acha a vida e alcança o favor
O sábio de Provérbios faz menção do valor da do Senhor. Uau! Que forte isso!
presença. Ele fala sobre um homem feliz esperando
Podemos, então, concluir que favor não é uma
pelo Senhor às portas.
porta se abrir, mas encontrarmos o Senhor na
Feliz o homem que me dá ouvidos, velando porta, mesmo com ela aberta, pois Ele é o verda-
dia a dia às minhas portas, esperando às deiro acesso.
ombreiras da minha entrada. Porque o que Naquele dia, as portas de Canaã também se
me acha, acha a vida e alcança favor do abriram, e Moisés chegou à conclusão de que
SENHOR. (Pv 8.34-35) favor não é entrar na terra, mas sim encontrar o
Senhor lá.
Em primeiro lugar, dificilmente encontramos
pessoas felizes enquanto estão esperando, princi- Aproveitando a bondade de Deus, Moisés faz
palmente quando se trata de uma porta se abrir. o segundo pedido. Dessa vez, ele pede que o Se-
nhor mostre a sua glória. A resposta foi imediata:
Somos a geração mais imediatista que já existiu:
homem nenhum poderia ver a sua face e perma-
apartamos dez vezes o botão do elevador porque
necer vivo. Deus, porém, abre uma exceção para
achamos que ele vai chegar mais rápido. que Moisés pudesse vê-lo de costas. Então, leva-o a
O segredo de um coração descansado é que ele uma fenda de um monte e diz que toda a sua bon-
espera por alguém, e não por uma coisa. Esse ho- dade passaria diante dele, mas a face ele não veria.
mem começou esperando pelo Senhor às portas, Então, ele disse: Rogo-te que me mostres a tua
mas o texto termina com ele esperando às ombreias glória. Respondeu-lhe: Farei passar toda a
da entrada. minha bondade diante de ti e te proclamarei
16 ATRAÍDOS POR TUA Glória A glória dos filhos 17

o nome do SENHOR; terei misericórdia de Co 10.6) e podem ser vistas como figura do ver-
quem eu tiver misericórdia e me compadecerei dadeiro (Hb 9.24).
de quem eu me compadecer. E acrescentou:
Então, se esses acontecimentos são sombra de
Não me poderás ver a face, porquanto homem
nenhum verá a minha face e viverá. Disse coisas futuras, e Deus estava de costas para Moisés
mais o SENHOR: Eis aqui um lugar junto (que representa a velha aliança), podemos afirmar
a mim; e tu estarás sobre a penha. Quando que o rosto de Deus, a sua face, está voltado para
passar a minha glória, eu te porei numa fenda a nossa geração, a geração dos filhos.
da penha e com a mão te cobrirei, até que eu Creio piamente que o verso 16 do Salmo 90 se
tenha passado. Depois, em tirando eu a mão,
concluiu aqui. Naquele dia, o “servo” Moisés en-
tu me verás pelas costas; mas a minha face não
tendeu que aos servos apareceriam as suas obras,
se verá. (Êx 33.18-23, grifo nosso)
os seus feitos (suas mãos), mas aos filhos, a sua
Que incrível! Você consegue imaginar essa cena? glória (face).
Moisés na fenda de uma rocha, os dedos gigantes No Evangelho de João, quando o discípulo Fi-
de Deus cobrindo a fenda enquanto a face se apro- lipe pediu a Jesus que lhe mostrasse o Pai, logo o
ximava, Deus virando as costas, e Moisés vendo-o Senhor respondeu dizendo que quem o via estava
por trás. Que incrível! Após Adão, homem algum vendo o Pai, pois Ele é a exata expressão do seu
jamais viu Deus fisicamente, tampouco de costas, Ser (Jo 14.8-9; Hb 1.3).
mas Moisés viu as mãos e as costas de Deus.
Que fantástico! Hoje, eu e você, por causa da
Por que Moisés viu as mãos e as costas, mas não substituição do Senhor Jesus na cruz, podemos
viu a face de Deus? As Escrituras nos ensinam que contemplar como que por um espelho a glória
as coisas que encontramos no Antigo Testamento reservada aos filhos e, por meio dela, podemos ser
são sombra das coisas futuras (Cl 2.17), e algumas transformados na sua própria imagem. A grande
delas servem como exemplo e sombra das coisas verdade é que, quanto mais o vemos, menos nos
celestiais (Hb 8.5), foram-nos feitas em figura (1 veremos.
CAPÍTULO

A glória desvanecente

Após ver a glória de Deus, Moisés ficou qua-


renta dias e quarenta noites no monte Sinai, onde
o Senhor fez uma aliança com ele. Quando des-
ceu do monte, algo surpreendente aconteceu, seu
rosto brilhava.

Quando desceu Moisés do monte Sinai, tendo


nas mãos as duas tábuas do Testemunho, sim,
quando desceu do monte, não sabia Moisés
que a pele do seu rosto resplandecia, depois de
haver Deus falado com ele. Olhando Arão e
todos os filhos de Israel para Moisés, eis que
resplandecia a pele do seu rosto; e temeram
chegar-se a ele. Então, Moisés os chamou;
Arão e todos os príncipes da congregação
tornaram a ele, e Moisés lhes falou. Depois,
20 ATRAÍDOS POR TUA Glória A glória desvanecente 21

vieram também todos os filhos de Israel, aos revelações que tive saltaram aos meus olhos ao ler
quais ordenou ele tudo o que o SENHOR lhe o apóstolo Paulo falar a respeito desse episódio.
falara no monte Sinai. Tendo Moisés acabado
de falar com eles, pôs um véu sobre o rosto. Po- Tendo, pois, tal esperança, servimo-nos de
rém, vindo Moisés perante o SENHOR para muita ousadia no falar. E não somos como
falar-lhe, removia o véu até sair; e, saindo, Moisés, que punha véu sobre a face, para que
dizia aos filhos de Israel tudo o que lhe tinha os filhos de Israel não atentassem na termi-
sido ordenado. Assim, pois, viam os filhos de nação do que se desvanecia. Mas os sentidos
Israel o rosto de Moisés, viam que a pele do deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje,
seu rosto resplandecia; porém Moisés cobria quando fazem a leitura da antiga aliança, o
de novo o rosto com o véu até entrar a falar mesmo véu permanece, não lhes sendo revela-
com ele. (Êx 34.29-35) do que, em Cristo, é removido. Mas até hoje,
quando é lido Moisés, o véu está posto sobre
Que glorioso! Imagine a cena, Moisés chegando o coração deles. Quando, porém, algum deles
à sua casa e o seu rosto resplandecendo. O texto se converte ao Senhor, o véu lhe é retirado. (2
diz que seus familiares até temeram se aproximar. Co 3.12-16)
Todos certamente ficaram espantados.
Parece estranho, mas era o que estava aconte-
Entretanto, o que eu gostaria de destacar é cendo. Moisés, com o rosto brilhando, falava ao
que, após explicar o que ocorreu e transmitir o povo, depois colocava o véu até se encontrar com
que Deus mandou, Moisés colocou uma espécie Deus novamente e, quando se encontrava, tirava-
de tecido chamado véu sobre o seu rosto e assim -o e seu rosto voltava a resplandecer. Então, sem
o fazia constantemente. o véu, falava mais uma vez ao povo e, logo depois,
Confesso que passei grande parte da minha vida o colocava, e assim fazia sucessivamente.
com uma interpretação errada desse texto, minha O apóstolo Paulo diz que Moisés cobria o ros-
curiosidade era saber por que Moisés usava o véu to por apenas um motivo: para que os filhos de
sendo que, em nenhum contexto, Deus o havia Israel não se atentassem na terminação do que
instruído a fazer isso. Então, uma das maiores se desvanecia. Moisés tinha medo de que o povo
22 ATRAÍDOS POR TUA Glória A glória desvanecente 23

percebesse que a glória estava desvanecendo, ou absolutamente nada por dentro. Era esse o aspecto
seja, apagando-se. da glória da velha aliança.
Eu não o condeno, até me ponho no seu lugar Sem querer sair do contexto, mas tratando do
e provavelmente faria mesmo. Imagine um dia o mesmo assunto, essa foi a mesma experiência que
seu rosto brilhando e todos olhando para você, Saul, rei de Israel, teve em Ramá, a cidade dos
recebendo a mensagem de Deus por meio de sua profetas. Antes de entrar nessa cidade, Saul estava
vida e, no dia seguinte, o seu brilho se apagando. perseguindo Davi para matá-lo. Após descobrir
Com certeza, não receberiam sua mensagem com onde ele estava escondido, enviou sequencialmente
a mesma intensidade anterior. Alguns até falariam: grupos de mensageiros para prendê-lo e matá-lo.
“Você já brilhou mais, hein?”
Acontece que Ramá era a cidade dos profetas,
Então, ele usava o véu apenas por um motivo: lugar onde a glória desvanecente se manifestava.
para não mostrar que a glória desvanecia. E essa Conforme os grupos de mensageiros iam entrando
era a glória da velha aliança, a glória desvanecente. na cidade para prender Davi, uma glória os tomava
Não estou dizendo que não era uma manifestação e eles começavam a profetizar. Então, indignado,
legítima de Deus, mas apenas que ela acabava, e Saul decide ir pessoalmente a Davi e algo sobrena-
isso significa que tinha um propósito específico. tural acontece: ele também é tomando pela mesma
Era uma glória que tinha o poder de mudar as coi- glória e começa a profetizar a ponto de despir da
sas por fora, mas não tinha como objetivo mudar sua túnica e ficar caído pelo chão por todo aquele
por dentro. dia e noite profetizando.
Vemos no texto acima que, quando Moisés
Assim, Davi fugiu, e escapou, e veio a Samuel,
chega à sua casa, nem ele mesmo sabia que o seu a Ramá, e lhe contou tudo quanto Saul lhe
rosto estava brilhando, foram os seus parentes fizera; e se retiraram, ele e Samuel, e fica-
que viram e lhe contaram. Ele não teve arrepios, ram na casa dos profetas. Foi dito a Saul:
não caiu no chão, apenas seu rosto brilhou. Foi Eis que Davi está na casa dos profetas, em
uma grande experiência por fora que não mudou Ramá. Então, enviou Saul mensageiros para
24 ATRAÍDOS POR TUA Glória A glória desvanecente 25

trazerem Davi, os quais viram um grupo de ele continuou a sua captura a Davi. O episódio se
profetas profetizando, onde estava Samuel, conclui dizendo:
que lhes presidia; e o Espírito de Deus veio
sobre os mensageiros de Saul, e também eles Pois, enquanto o filho de Jessé viver sobre a
profetizaram. Avisado disto, Saul enviou terra, nem tu estarás seguro, nem seguro o teu
outros mensageiros, e também estes profetiza- reino; pelo que manda buscá-lo, agora, porque
ram; então, enviou Saul ainda uns terceiros, deve morrer. (1 Sm 20.31, grifo nosso)
os quais também profetizaram. Então, foi
Você deve estar se perguntando por que ele vol-
também ele mesmo a Ramá e, chegando ao
poço grande que estava em Seco, perguntou: tou a ser o que era se teve uma experiência com
Onde estão Samuel e Davi? Responderam- a glória de Deus. Isso aconteceu porque ele teve
-lhe: Eis que estão na casa dos profetas, em uma experiência com a glória que desvanecia, e ela
Ramá. Então, foi para a casa dos profetas, em faz muita coisa por fora, porém acaba. E, quando
Ramá; e o mesmo Espírito de Deus veio sobre acaba, tudo também se apaga. Lamentavelmente,
ele, que, caminhando, profetizava até chegar tudo volta a ser como era antes.
à casa dos profetas, em Ramá. Também ele
despiu a sua túnica, e profetizou diante de
Samuel, e, sem ela, esteve deitado em terra
todo aquele dia e toda aquela noite; pelo que
se diz: Está também Saul entre os profetas?
(1 Sm 19.18-24)

Como lemos, Saul teve uma experiência com


a glória desvanecente. Ele foi cheio a ponto de
ficar jogado pelo chão durante o dia e toda uma
noite, mas, ao sair da terra dos profetas, voltou a
ser quem era, o mesmo desejo assassino que con-
trolava o seu coração se manifestou novamente e
CAPÍTULO

A glória permanente

Paralelamente ao seu ensino sobre as manifes-


tações de Deus do Velho e Novo Testamento, o
apóstolo Paulo faz uma distinção entre as duas
glórias, chamando-as sequencialmente de glória
desvanecente e permanente. Ele diz que, assim
como foi gloriosa a primeira para os servos da
antiga aliança, em muito maior proporção será a
manifestação para os da nova aliança, ou seja, a
geração dos filhos.

E, se o ministério da morte, gravado com letras


em pedras, se revestiu de glória, a ponto de
os filhos de Israel não poderem fitar a face de
Moisés, por causa da glória do seu rosto, ainda
que desvanecente, como não será de maior
glória o ministério do Espírito! Porque, se o
28 ATRAÍDOS POR TUA Glória A glória permanente 29

ministério da condenação foi glória, em muito Para ilustrar seus ensinos, Tiago e Paulo usaram
maior proporção será glorioso o ministério o exemplo de um homem se vendo num espelho,
da justiça. Porquanto, na verdade, o que, tendo cada um deles um resultado específico.
outrora, foi glorificado, neste respeito, já não Abaixo, farei uso do mesmo exemplo para dimen-
resplandece, diante da atual sobreexcelente sionar o objetivo central da manifestação da glória
glória. Porque, se o que se desvanecia teve permanente.
sua glória, muito mais glória tem o que é
permanente. (2 Co 3.7-11, grifo nosso) Iniciando por Tiago, ele nos adverte em sua
carta do perigo de sermos meros ouvintes das Es-
Assim como o apóstolo, minha intenção ja- crituras. Ele diz que quem ouve e não prática é
mais será de diminuir ou desprezar qualquer uma semelhante ao homem que viu a si mesmo em um
das manifestações de Deus na velha aliança, pelo espelho e logo se esqueceu do que viu.
contrário, creio, valorizo com temor e reverencio Esse aspecto traduz bem a experiência com a
cada uma delas. glória que desvanece, a pessoa presencia um grande
Meu único objetivo ao distingui-las é puramen- sinal, passa-se pouco tempo, e ela se esquece do que
te o de gerar um despertamento para nossa geração, viu, voltando às mesmas práticas da vida antiga.
afinal, existe uma glória superior e permanente Minha avaliação sobre pessoas que se enquadram
nesse caso é que, muito em breve, elas se sentirão
reservada aos filhos, e tudo o que precisamos é
desqualificadas e reprovadas espiritualmente. O
inclinar o nosso coração para essa medida de mani-
texto diz:
festação, que está disponível para a nossa geração.
Como foi dito anteriormente, embora grandes Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e
não somente ouvintes, enganando-vos a vós
sinais acontecessem, a glória que terminava teve
mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da
sua importância e objetivo final de atingir con- palavra e não praticante, assemelha-se ao
textos exteriores, mas o que devemos esperar da homem que contempla, num espelho, o seu
glória que permanece? rosto natural; pois a si mesmo se contempla,
30 ATRAÍDOS POR TUA Glória A glória permanente 31

e se retira, e para logo se esquece de como e a coração. Veja que interessante essa definição, Paulo
sua aparência. (Tg 1.22-24) norteia uma condição e local onde essa experiência
é produzida: no coração.
Seguindo a linha de Tiago, Paulo utiliza o mes-
mo exemplo do espelho para fazer a mesma com- Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até
paração de uma pessoa vendo sua imagem, porém ao dia de hoje, quando fazem a leitura da
com uma diferença, aqui essa pessoa está com o antiga aliança, o mesmo véu permanece, não
rosto desvendado, isto é, sem véu: lhes sendo revelado que, em Cristo, é remo-
vido. Mas até hoje, quando é lido Moisés, o
E todos nós, com o rosto desvendado, contem- véu está posto sobre o coração deles. Quando,
plando, como por espelho, a glória do Senhor, porém, algum deles se converte ao Senhor, o
somos transformados, de glória em glória, na véu lhe é retirado. (2 Co 3.14-16)
sua própria imagem, como pelo Senhor, o
Espírito. (2 Co 3.18, grifo nosso) Este é o aspecto da transformação da glória per-
manente, muito além de mudar o rosto, ela tem
O interessante é que, nesse exemplo, a pessoa o objetivo de mudar o coração. E, quando o véu
não consegue ver a si própria, pelo contrário, é removido do coração, Cristo resplandece sobre
embora se olhando no espelho, ela vê o reflexo ele, iluminando-o para o conhecimento de uma
de uma glória que nunca se apaga e, quanto mais nova glória, a permanente.
contempla, quanto mais não a esconde com um
véu, uma mudança ocorre por dentro, a qual é Porque Deus, que disse: Das trevas resplande-
refletida por fora. Esse é o sinal da glória perma- cerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso
nente, uma consequente mudança interior, isto é, coração, para iluminação do conhecimento da
glória de Deus, na face de Cristo. (2 Co 4.6)
uma mudança de natureza.
Por isso, em sua carta aos coríntios, ao adverti- Certamente você já deve ter ouvido falar da
-los sobre o véu, Paulo diz que os judeus até hoje história de um homem rico, cobrador de impos-
o utilizam, não mais sobre o rosto, mas sobre o tos, chamado Zaqueu, que subiu em uma árvore
32 ATRAÍDOS POR TUA Glória A glória permanente 33

para ver Jesus. Esse episódio foi registrado em por uma glória que, antes de mudar as pessoas por
Lucas 19.1-10. Zaqueu aparece como alguém fora, muda-as por dentro. Em nenhum momento,
que estava muito desejoso de se encontrar com o o Senhor Jesus ou alguém pediu a Zaqueu que
Senhor Jesus. mudasse suas atitudes, isso aconteceu espontane-
Quando ele ficou sabendo que Jesus estava pas- amente, bastou expor-se a Jesus, que é a glória de
sando por sua cidade, procurou vê-lo a qualquer Deus, e contemplá-lo, e seu interior foi completa-
mente transformado, por isso Paulo disse:
custo, mas, devido à sua baixa estatura e por causa
da multidão, ele não conseguia ver o Mestre. En- E, assim, se alguém está em Cristo, é nova
tão, sem se importar com sua posição social, subiu criatura; as coisas antigas já passaram; eis
em uma figueira para vê-lo passar. que se fizeram novas. (2 Co 5.17)
Ao se aproximar de onde Zaqueu estava, logo Você pode ter sido muita coisa no passado, mas,
Jesus lhe disse: “Zaqueu, desça depressa, porque quando se encontra com a glória permanente,
hoje eu vou ficar em sua casa” (Lc 19.5). A Bíblia torna-se uma nova criatura, você torna-se filho e
diz que Zaqueu desceu depressa e recebeu Jesus desfruta da promessa deixada aos filhos. Portanto,
prazerosamente em sua casa. permita que essa glória se manifeste e o seu passa-
No encontro com Jesus, Zaqueu demonstrou do, presente e futuro serão transformados. Afinal,
realmente a natureza de seu arrependimento genu- Ele mostrou a glória desvanecente aos servos, mas
íno, que não ficou apenas na teoria, ou se limitou a a permanente aos filhos.
palavras vazias. Ele revelou esse arrependimento na
prática ao declarar estar doando, naquela mesma
hora, metade de suas possessões aos pobres e ainda
se comprometeu a devolver quatro vezes mais qual-
quer quantia que tivesse defraudado de alguém.
Ele não estava tentando obter a salvação por
meio de boas obras, mas estava sendo transformado
CAPÍTULO

Origem celestial

Todos nós nascemos de uma só origem, a ter-


rena. Para sermos naturais, não fizemos esforço,
apenas nascemos seres naturais. Quando, porém,
recebemos Jesus como Senhor, morremos para
a velha vida e nascemos para uma nova. Paulo
diz que:

Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo


batismo; para que, como Cristo foi ressuscita-
do dentre os mortos pela glória do Pai, assim
também andemos nós em novidade de vida.
Porque, se fomos unidos com ele na seme-
lhança da sua morte, certamente, o seremos
também na semelhança da sua ressurreição.
(Rm 6.4-5)
36 ATRAÍDOS POR TUA Glória Origem celestial 37

Mesmo sem deixar o nosso corpo, deixamos a Uma glória muito maior está reservada para a
velha vida, e uma nova natureza espiritual é gerada nossa geração, e Deus está à procura daqueles que
em nós. Antes, éramos pessoas naturais destinadas desejam trazer a imagem do celestial, aqueles que
ao céu. No entanto, quando contemplamos a gló- desejam manifestar o céu na terra.
ria permanente por meio da face de Cristo, nossa
origem é alterada. A partir dessa experiência, o Como pedras que vivem
céu deixa de ser apenas o nosso destino e passa a A vida de Pedro traduz claramente essa mani-
ser a nossa origem. festação de uma nova origem quando evidencia
que o material da construção sempre se parecerá
Pois assim está escrito: O primeiro homem,
com o do alicerce. Ao lermos sobre ele nos Evan-
Adão, foi feito alma vivente. O último Adão,
gelhos, vemos que, antes de sua transformação, ele
porém, é espírito vivificante. Mas não é pri-
meiro o espiritual, e sim o natural; depois, o era instável. Nenhum dos demais apóstolos foram
espiritual. O primeiro homem, formado da tão instáveis quanto ele foi.
terra, é terreno; o segundo homem é do céu. No capítulo 7 de Mateus, Jesus falou sobre
Como foi o primeiro homem, o terreno, tais a casa edificada na areia e a edificada na rocha.
são também os demais homens terrenos; e, Quando ensinou essa parábola, seu objetivo foi
como é o homem celestial, tais também os
instruir sobre o tipo de alicerce no qual se deve
celestiais. (1 Co 15.45-48)
firmar uma vida. Certamente Simão estava pre-
Diante dessa verdade, Paulo nos chama para sente nesse sermão e aprendeu sobre a origem do
um desafio, dizendo: “E, assim como trouxemos a material do alicerce.
imagem do que é terreno, devemos trazer também Posteriormente, no capítulo 16, quando seus
a imagem do celestial” (1 Co 15.49). Assim como olhos espirituais se abrem e o Espírito releva Cristo
não é exigido nenhum esforço para ser natural, o a ele como o Filho do Deus vivo, o próprio Senhor
mesmo se aplica ao celestial, basta apenas nascer Jesus muda o nome de Simão para Pedro: “Tam-
de novo e a nova imagem se manifestará. bém eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra
38 ATRAÍDOS POR TUA Glória Origem celestial 39

edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não nós também seremos pedras que vivem, edificadas
prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). para a habitação da glória permanente de Deus.
Naquele dia, Jesus estava afirmando a Simão que
sua origem estava sendo alterada. A partir daquele
Embaixadores
dia, ele se chamaria Cefas, do aramaico “Kefa”, Se você conheceu Jesus, sua natureza mudou
que significa “rocha” ou “pedra”, cuja forma grega e você não é mais deste mundo, Paulo disse que:
é “Petros”, ou seja, Pedro. Isso significa que Pedro “A nossa pátria está nos céus, de onde também
se tornaria firme como uma rocha, em vez de uma aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo”
pessoa com temperamento inconstante. (Fp 3.20).

Mais à frente, após Pedro amadurecer, é possível Uma vez que nos tornamos semelhantes ao
alicerce, carregamos uma responsabilidade, a de
percebemos a mudança interior que essa experiên-
manifestá-lo na terra. Paulo também chama essa
cia produziu. Em sua carta, ele diz: “[...] também
tarefa de embaixada.
vós mesmos, como pedras que vivem, sois edifica-
dos casa espiritual [...]” (1 Pe 2.5). Pedro concluiu De sorte que somos embaixadores em nome
que sua origem foi transformada, e agora, se Jesus de Cristo, como se Deus exortasse por nosso
era Rocha, ele literalmente também se tornou uma intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos
rocha, pois o mesmo material do alicerce é o da que vos reconcilieis com Deus. (2 Co 5.20)
construção.
Uma embaixada é a representação oficial de
Todas as vezes que contemplamos a face Cristo, um governo dentro do território de outra nação
nossa origem é mudada, a glória permanente nos e configura-se como um território estrangeiro
transforma na imagem de quem Ele é. Por isso, as em um solo nacional. Esse órgão do governo de
Escrituras dizem: “[...] pois, segundo ele é, tam- autoridade máxima instalado no exterior tem por
bém nós somos neste mundo” (1 Jo 4.17b). Se objetivo assegurar e proteger os interesses do seu
Jesus é a Pedra que vive, eleita por Deus e preciosa, país e de cada cidadão.
40 ATRAÍDOS POR TUA Glória Origem celestial 41

Na condição de embaixadores de Deus, temos que se havia perdido. Como o pecado entrou no
a responsabilidade de assegurar os interesses (von- mundo por um homem, precisava também sair por
tades) do céu aqui na terra. E o interesse do céu um homem. Assim, na cruz, ocorreu uma troca,
não é de condenar os homens, mas que todos se Jesus pagou com o seu próprio sangue pela salva-
reconciliem com Deus. ção de todas as gerações, tornando-se a moeda de
Um dos significados da palavra “reconciliar” no troca de valor equivalente.
original é “congraçar-se”, o mesmo que trazer de
Seja qual for a definição, hoje eu e você carre-
volta para graça. Sabemos que todos os homens
gamos a missão de transmitir aos homens a men-
pecaram e foram destituídos da glória de Deus
sagem da reconciliação. É como se Deus falasse
(Rm 3.23 — ARC). Na condição de embaixadores,
carregamos a mensagem da reconciliação, a men- através da nossa própria boca, dizendo aos homens
sagem de trazermos a graça para quem a perdeu. que não há mais culpa dos seus pecados, pois uma
moeda de igual valor foi paga. Ele morreu para que
Um segundo significado para a palavra congra-
pudéssemos viver eternamente.
çar-se é: “trocar uma moeda por outra de valor equi-
valente”. Segundo as Escrituras, Deus havia criado Cristo nos resgatou da maldição da lei,
o homem e dado-lhe poder para dominar sobre a fazendo-se ele próprio maldição em nosso lu-
terra: “Os céus são os céus do SENHOR, mas a gar (porque está escrito: Maldito todo aquele
terra, deu-a ele aos filhos dos homens (Sl 115.16). que for pendurado em madeiro), para que
Todavia, existia uma lei espiritual que dizia que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em
somos escravos daquele a quem obedecemos (Rm Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela
fé, o Espírito prometido. (Gl 3.13-14)
6.16). Ainda no Éden, Adão fez uma péssima es-
colha de obedecer à serpente, tornando, por meio
de sua decisão, todo homem escravo do diabo. A manifestação dos filhos

Deus, então, por intermédio de sua graça, envia O apóstolo Paulo também chama a nossa aten-
Jesus na condição de homem para resgatar tudo o ção ao declarar que a criação possui uma “ardente
42 ATRAÍDOS POR TUA Glória Origem celestial 43

expectativa” e que ela geme esperando a revelação beleza ou ausência dela que ficam olhando para
dos filhos de Deus. você, é por causa da glória dos filhos. As pessoas
naturalmente não sabem por que ficam olhando
A ardente expectativa da criação aguarda a
revelação dos filhos de Deus. Pois a criação para você, mas o interior delas está clamando pela
está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mesma glória que resplandece em você.
mas por causa daquele que a sujeitou, na espe-
rança de que a própria criação será redimida
John Piper disse certa vez: “Se Cristo for re-
do cativeiro da corrupção, para a liberdade movido do seu coração, nem o universo inteiro
da glória dos filhos de Deus. (Rm 8.19-21) poderá preencher o vazio criado”.

Todo ser humano foi criado com o objetivo de Se você já me acompanha, sabe da minha pro-
conter Deus como vida dentro de si. Mesmo sem funda admiração pelo universo. Gosto muito de
conhecer a Deus, existe uma carência de propó- observá-lo, pois suas “infinitas” dimensões dão
sito, um vazio do tamanho de Deus. O sábio de indícios do Deus que o sustenta.
Eclesiastes disse: [...] também pôs a eternidade no
Como bem disse Salomão: “Mas, de fato, ha-
coração do homem, sem que este possa descobrir
bitaria Deus na terra? Eis que os céus e até o céu
as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim
(Ec 3.11b). dos céus não te podem conter [...]” (1 Rs 8.27a).

Portanto, mesmo sem saber, o coração do Segundo os astrônomos, nosso universo tem
homem aguarda pela manifestação dos filhos de 200 bilhões de galáxias. Para você ter uma ideia,
Deus, na esperança de que também sejam libertos nossa galáxia, a via láctea, é a menor de todas e
do cativeiro para a liberdade da glória dos filhos. possui 100 bilhões de estrelas, sendo a menor delas
Certamente, você já entrou em algum lugar e o Sol, que, por sua vez, é 1 milhão de vezes maior
todos ficaram olhando. De repente, quando você do que a Terra. Se formos medir nossa pequena
percebe que está sendo observado, eles disfarçam, galáxia utilizando a maior unidade de medida (ano
meio sem graça. Acredite, não é por causa de sua luz), demoraria 100 mil anos luz para atravessá-la.
44 ATRAÍDOS POR TUA Glória

Segundo o astrofísico Christopher Conselice, da CAPÍTULO

Universidade de Nottingham, 90% dessas galáxias


não podem ser observadas da Terra, restando ape-
5
nas 10% para serem captadas pelos instrumentos.
Assim, parte da luz emitida no espaço pelos obje-
tos distantes ainda não chegou ao nosso planeta.
Conclui-se, pois, que o universo abriga 2 trilhões
de galáxias, dez vezes mais do que os astrônomos
A glória da última casa
acreditavam.
O mais impressionante é saber que Deus criou
Em sua pregação em Atenas, o apóstolo Paulo
o universo inteiro falando, e cada uma de suas descreve um critério escolhido por Deus para a
estrelas, soprando (Sl 33.6). Literalmente, nem habitação da sua presença. No contexto, ele diz
mesmo todo o universo seria capaz de preencher que Deus não habitaria em templos feitos por
o vazio dentro do ser humano. Por isso, chegou o mãos humanas.
seu tempo, o de manifestar a glória dos filhos, pois
O Deus que fez o mundo e tudo o que nele
“uma geração contará à outra a grandiosidade dos existe, sendo ele Senhor do céu e da terra,
teus feitos; eles anunciarão os teus atos poderosos” não habita em santuários feitos por mãos
(Sl145.4 — NVI, grifo nosso) humanas. (At 17.24)

Deus é um Deus de relacionamento, e Ele sem-


pre desejou se revelar aos seus filhos. Em toda a Pa-
lavra, percebemos três tipos de instituições que Ele
criou para manifestar a sua glória aos homens: o
templo móvel, o fixo e, por último, o templo vivo.
46 ATRAÍDOS POR TUA Glória A glória da última casa 47

Templo móvel nuvem e durante a noite com um clarão de fogo”


(Sl 78.14).
A primeira instituição foi o templo móvel, co-
nhecido também como tabernáculo. No monte Em todo o tempo no deserto, mesmo sendo um
Sinai, Deus revelou a Moisés os Dez Mandamentos povo de coração duro, essa nuvem os guiou com o
e, logo em seguida, ordenou-lhe que construísse objetivo de levá-los para a cidade do descanso. Ao
um santuário, o qual seria o seu lugar de habitação entrarem na terra da promessa, com o passar dos
entre o seu povo. anos, não havia mais a necessidade de um templo
móvel, iniciando-se, então, a era da segunda insti-
E me farão um santuário, e habitarei no meio tuição, a do templo fixo.
deles. Conforme a tudo o que eu te mostrar
par modelo do tabernáculo, e para modelo de
No decorrer da história, existiram três templos
todos os seus pertences, assim mesmo o fareis. fixos: o de Salomão, destruído pelo Império Ba-
(Êx 25.8) bilônico; o de Zorobabel, que foi reconstruído no
lugar do primeiro; e, por fim, o grande templo do
O tabernáculo era um lugar sagrado para os Herodes, erguido sobre as ruínas do segundo.
filhos de Israel, pois lá Deus manifestava a sua Falando do primeiro templo, embora o obje-
glória. Como o povo estava em peregrinação, o tivo de todos fosse se tornar uma casa para Deus,
santuário precisou ser móvel, uma vez que os filhos Salomão tinha plena consciência da grandeza
de Israel se mudavam frequentemente enquanto divina e sabia que Ele não habitaria em casa feita
estavam no deserto. por mãos humanas: “Mas, de fato, habitaria Deus
Números 9 diz que, no dia em que o taberná- na terra? Eis que os céus e até o céu dos céus não
culo foi levantado, uma nuvem o cobria durante te podem conter, quanto menos esta casa que eu
o dia e, à noite, ela tinha uma aparência de fogo. edifiquei” (1 Rs 8.27).
O texto diz que, conforme a nuvem se movia, eles Embora Deus não habitasse em casa feita por
também se moviam. Referindo-se a essa mesma mãos humanas, não podemos ignorar que existiu
nuvem, Asafe diz: “Guiou-os de dia com uma uma grande manifestação de glória no primeiro
48 ATRAÍDOS POR TUA Glória A glória da última casa 49

templo fixo. No dia de sua inauguração, após Salo- sobre Israel. E todo o povo jubilou com altas
mão orar, as Escrituras dizem que uma nuvem de vozes, louvando ao SENHOR por se terem
glória encheu a casa, a ponto de os sacerdotes não lançado os alicerces da sua casa. Porém muitos
conseguirem ficar de pé, ou até mesmo entrarem dos sacerdotes, e levitas, e cabeças de famílias,
já idosos, que viram a primeira casa, chora-
na casa (1Rs 8.10-11; 2 Cr 7.1-2).
ram em alta voz quando à sua vista foram
Esse primeiro templo foi destruído pelo Im- lançados os alicerces desta casa; muitos, no
pério Babilônico. Anos depois, após a volta do entanto, levantaram as vozes com gritos de
exílio babilônico, os judeus, sob a liderança de alegria. De maneira que não se podiam dis-
Zorobabel, começaram a reconstruir Jerusalém cernir as vozes de alegria das vozes do choro
e um segundo templo é construído, o famoso do povo; pois o povo jubilava com tão grandes
gritos, que as vozes se ouviam de mui longe.
templo de Zorobabel.
(Ed 3.10-13)
Quando os alicerces desse templo começaram
a ser erguidos, uma mistura de sentimento ocor- O contraste dessas emoções tinha um motivo
reu no meio dos hebreus. O capítulo 3 de Esdras específico: os mais novos cantavam e gritavam,
relata que alguns pulavam de alegria, porém os pois jamais tinham visto um templo; já os mais
mais velhos, que viram os alicerces da primeira velhos choravam, pois, em seu coração, ecoava
casa, choravam em alta voz. uma profecia a qual dizia que a glória dessa última
casa seria maior do que a da primeira (Ag 2.9).
Quando os edificadores lançaram os alicerces
do templo do SENHOR, apresentaram-se os Eles esperaram por anos para ver esse dia se
sacerdotes, paramentados e com trombetas, cumprir. Havia no coração deles uma expectativa
e os levitas, filhos de Asafe, com címbalos, de uma glória maior. Todavia, quando presencia-
para louvarem o SENHOR, segundo as de- vam os alicerces sendo colocados, choravam, pois
terminações de Davi, rei de Israel. Cantavam não se via indícios desse cumprimento.
alternadamente, louvando e rendendo graças
ao SENHOR, com estas palavras: Ele é bom, Quem dentre vós que tenha sobrevivido, con-
porque a sua misericórdia dura para sempre templou esta casa em sua primeira glória? E
50 ATRAÍDOS POR TUA Glória A glória da última casa 51

como a vedes agora? Não é ela como nada aos inimigos, o rei Herodes começou uma obra de
vossos olhos? (Ag 2.3) reconstrução do templo de Zorobabel, com o dis-
Eles estavam angustiados, pois conheciam a curso de que aquele templo não estava à altura da
glória da primeira casa e sabiam de sua formosura. sua antiga glória, surgindo assim o terceiro templo
fixo, conhecido como o templo do rei Herodes.
Em nossos dias, essa mesma profecia de Ageu
nem sempre é compreendida em sua exatidão. Aqui é possível ver o cumprimento da profecia
Frequentemente, ouço pessoas repetindo que a de Ageu em duas instâncias: literal e espiritual.
glória da segunda casa seria maior do que a da Ela se cumpriu de forma literal quando Cristo,
primeira, mas, na verdade, o texto é explicito em que é a glória de Deus, entrou pessoalmente pe-
dizer que a glória da “última casa” seria maior, e
las portas do templo reformado, mas também se
não a da segunda.
cumpriu de forma espiritual quando, dentro do
Evidentemente, o templo de Zorobabel era o templo, Ele promete destruir um santuário e, em
segundo templo fixo e, tratando-se do contexto
três dias, construir outro.
da profecia, era também a última casa. Todavia,
ao longo de seus mais de quinhentos anos de Perguntaram-lhe, pois, os judeus: Que sinal
existência, nunca se viu nenhuma manifestação nos mostras, para fazeres estas coisas? Jesus
superior à anterior, muito pelo contrário, dife- lhes respondeu: Destruí este santuário, e em
rentemente do templo de Salomão, o templo de três dias o reconstruirei. Replicaram os judeus:
Zorobabel não abrigou a Arca da Aliança (a qual Em quarenta e seis anos foi edificado este
sumiu durante o tempo do exílio), tampouco se santuário, e tu, em três dias, o levantarás?
encheu da nuvem de glória, o que fundamenta Ele, porém, se referia ao santuário do seu
nosso argumento de que profeticamente aquela corpo. Quando, pois, Jesus ressuscitou dentre
ainda não era a última casa. os mortos, lembraram-se os seus discípulos de
Seguindo a história, aproximadamente 20 a.C., que ele dissera isto; e creram na Escritura e
devido ao desgaste natural e ataques de exércitos na palavra de Jesus. (Jo 2.18-22)
52 ATRAÍDOS POR TUA Glória A glória da última casa 53

Obviamente, Jesus não estava se referindo à sangue de Jesus e o próprio Deus. Por isso, diz o
destruição do templo de Herodes, tanto que a ex- escritor de Hebreus:
pressão utilizada é santuário. Naquela época, assim
Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar
como o tabernáculo, os demais templos também no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus,
eram divididos em três partes, sendo a parte mais pelo novo e vivo caminho que ele nos con-
importante chamada de santo lugar, que era sepa- sagrou pelo véu, isto é, pela sua carne. (Hb
rada por uma cortina (véu), onde apenas o sumo 10.19-20)
sacerdote tinha acesso à presença de Deus. Então, a instituição dos templos fixos se en-
Portanto, de forma figurativa, o que Jesus es- cerrou. Deus muda de endereço, iniciando assim
tava expressando era que, a partir de sua morte e a era da terceira instituição, a do templo vivo.
ressureição, aquele acesso natural à presença seria
destruído e um novo santuário seria criado; fato A última casa

é que, na ocasião de sua morte no Calvário, foi o Após a morte e ressurreição do nosso Senhor,
véu daquele templo que se rasgou de alto a baixo vemos Estêvão sendo levado a julgamento por
(Mt 27.51), indicando que o antigo local fixo e aqueles que colocaram o Senhor na cruz. Uma das
natural de manifestação da presença (santuário) acusações contra ele era a de que havia falado con-
tra o templo (At 6.13). A resposta de Estêvão, em
havia se encerrado e agora, por um vivo caminho,
sua defesa, deixou claro, como já estava registrado
um novo acesso à presença gloriosa do Pai havia
nas Escrituras do Velho Testamento, que Deus não
sido liberado. habitaria em lugares feitos por mãos humanas (At
Naquele dia, o véu de separação foi rasgado, e 7.47-50; cf. 2 Cr 2.5-6; 6.18, 30). Nós inclusive
o que ficou no seu lugar foi o corpo de Cristo, sa- já aprendemos que essa é uma das prerrogativas
crificado na cruz para nos oferecer a reconciliação. para a habitação de Deus.
No lugar da cortina de separação, ficou a ponte Voltando ao princípio da criação, percebemos
de ligação entre homens pecadores perdoados pelo que Deus trouxe a existência de todas as coisas por
54 ATRAÍDOS POR TUA Glória A glória da última casa 55

meio de sua palavra, ou seja, falando. Um detalhe próprias mãos. A respeito disso, Paulo diz: “Não
interessante é que tudo o que Ele criou Ele o fez sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito
segundo a sua espécie (Gn 1.21; 24.25). Entretan- de Deus habita em vós?” (1 Co 3.6).
to, ao criar o homem, Ele não criou falando, mas Hoje, na condição de filhos, a promessa que
o fez segundo a sua própria imagem e semelhança” repousa sobre nós é: “A glória desta última casa
(Gn 1.26). será maior do que a da primeira [...]” (Ag 2.9). A
Isso significa que somos obra de suas mãos, primeira casa foi da velha aliança e tinha uma gló-
portanto Ele pode residir dentro de nós. A respeito ria desvanecente, a última é da nova. E, se houve
disso, Paulo afirmou: “Não sabeis que sois santu- glória na casa da velha aliança, a conclusão é que,
ário de Deus e que o Espírito de Deus habita em em muito maior proporção, será gloriosa a da nova
vós?” (1 Co 3.16). (2 Co 3.7-11).
Por meio desse novo caminho, que é Cristo, o Assim, Deus está mais próximo do que poderia
endereço de Deus foi mudado, e hoje o santuá- estar. Na velha casa, dizia-se que maior era o que
rio, a última casa, somos nós. Tornamo-nos uma estava conosco (2 Cr 32.7), mas agora maior é o
casa espiritual feita com pedras que vivem e, nessa que está em nós (1 Jo 4.4), simplesmente porque
condição, além de residência, somos também uma Deus mudou-se para dentro de nós; e, se Deus veio
propriedade exclusiva d’Ele. morar, isso significará que os céus desceram à terra.
Meu desejo ao final deste livro é que essa ver-
Porque nós somos santuário do Deus vivente,
dade revolucione sua vida espiritual e consequen-
como ele próprio disse: Habitarei e andarei
entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu temente todos as coisas ao seu redor. Carregue
povo. (2 Co 6.16b) essa certeza: quando nossa revelação a respeito das
coisas espirituais aumenta, o acesso a uma nova
Que incrível! Ele deixou os céus e os grandes dimensão também aumenta e somos inseridos em
palácios de ouro feitos por mãos humanas e veio um novo contexto existencial. Portanto, manifeste
residir dentro de nós, homens feitos por suas o céu na terra, afinal, você é casa!
56 ATRAÍDOS POR TUA Glória

Dispõe-te, resplandece, porque vem a tua luz,


e a glória do SENHOR nasce sobre ti. Porque
eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão,
os povos; mas sobre ti aparece resplendente o
SENHOR, e a sua glória se vê sobre ti. As
nações se encaminham para a tua luz, e os
reis, para o resplendor que te nasceu. Levanta
em redor os olhos e vê; todos estes se ajuntam
e vêm ter contigo; teus filhos chegam de longe,
CONCLUSÃO
e tuas filhas são trazidas nos braços. Então, o
verás e serás radiante de alegria; o teu coração
estremecerá e se dilatará de júbilo, porque a
abundância do mar se tornará a ti, e as rique- Você aprendeu que Deus nos escolheu para
zas das nações virão a ter contigo. (Is 60.1-5) sermos seus filhos. Essa condição nos colocou
em um universo de promessas em que a mais
importante delas é desfrutarmos da sua gloriosa
presença. Quando nossos olhos se abrem para essa
verdade espiritual, nossa natureza é completamen-
te transformada.
Ele prometeu revelar suas obras aos servos, mas
a sua glória, aos filhos. Por isso, muito além de
suas mãos, queremos ver o seu rosto, o qual está
voltado para a nossa geração.
Em todo o contexto bíblico, seu desejo sempre
foi de nos levar para si mesmo. Tendo em vista esse
nível de relacionamento, ao longo da história, três
instituições foram criadas para que a sua glória se
58 ATRAÍDOS POR TUA Glória

manifestasse em nós: Ele passou por tabernáculos,


templos, mas, no fim, veio morar dentro de nós.
Hoje, nossa natureza foi transformada e, como
pedras que vivem, fomos feitos um santuário
para a sua habitação, carregando assim a grande
responsabilidade e privilégio de representá-lo e
manifestá-lo na terra.
No capítulo 11 do Evangelho de Lucas, o Se-
nhor Jesus faz um comparativo entre um pai mau
e um pai bom, dizendo que o pai, mesmo sendo
mau, sabe dar boas coisas ao seu filho, quanto
mais o Pai celestial, que é bom, dará o Espírito
Santo se pedirmos. Em outras palavras, Jesus está
se referindo à disposição de Deus de se entregar a
nós. E foi exatamente isso o que Ele fez quando
decidiu nos transformar em sua casa.
Gostaria de encerrar este livro fazendo um
convite para que você seja parte dessa geração que
manifestará o céu na terra. Paulo disse: “E, assim
como trouxemos a imagem do que é terreno, de-
vemos trazer também a imagem do celestial” (1
Co 15.49).
Você é a última casa, o santuário de Deus, e
carrega a imagem do celestial. Por meio de sua
vida, o céu se manifestará na terra.

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