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Eduarda Ferreira Constâncio da Cunha

Isa-Caires Feitosa de Sousa


Lara Fechine Piquet da Cruz
Marina Gabriela Neves do Nascimento Silva
Nathalia Stefaniny Felizardo dos Santos

Emoções, Sociedade e Cultura

João Pessoa
2010
Eduarda Ferreira Constâncio da Cunha
Isa-Caires Feitosa de Sousa
Lara Fechine Piquet da Cruz
Marina Gabriela Neves do Nascimento Silva
Nathalia Stefaniny Felizardo dos Santos

Emoções, Sociedade e Cultura


Seminário da disciplina Sociologia aplicada à
Psicologia apresentado ao professor Mauro
Guilherme Pinheiro Koury referente à primeira nota
do primeiro período do curso de Psicologia da
UFPB.

João Pessoa

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2010
Sumário

Biografia do autor................................................................... 04
Introdução............................................................................... 05
1. A Sociologia das Emoções e os Clássicos.......................... 07
2. A Sociologia das Emoções na atualidade........................... 11
3. A Sociologia das Emoções no Brasil.................................. 14
Conclusão............................................................................... 16

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Biografia

Mauro Guilherme Pinheiro Koury nasceu em 1950. É professor do Departamento de


Ciências Sociais da Universidade Federal da Paraíba. Formou-se na Inglaterra, passou
alguns anos nos Estados Unidos, na França, tem intercâmbio com a Noruega, com a
Dinamarca e com a América Latina basicamente toda, sem falar Portugal e Espanha.
Sua dissertação de mestrado baseou-se nos movimentos sociais rurais e sua tese de
doutorado nos movimentos dos trabalhadores rurais da zona da mata de Pernambuco.

Algumas de suas obras principais são: “Emoções, Sociedade e Cultura”, “De


que João Pessoa tem medo?”, “Sociologia da Emoção: O Brasil urbano sob a ótica do
luto” e “Amor e Dor: Ensaios em Antropologia Simbólica”.

Coordenou o projeto sobre Indústria e Trabalho no Nordeste brasileiro: fontes


para documentação, entre os anos de 1982 e 1990, escreveu vários artigos sobre
movimentos de trabalhaores no Brasil, espeificamente no Nordeste.

Dedica-se a antropologia urbana desde 1991, focando principalmente o


índivíduo e a construção da individualidade do homem brasileiro contemporâneo em
seus estudos. Suas pesquisas, desde 1990, tratam dos comportamentos das camadas
médias da sociedade em relação a emoções como: luto, sofrimento e medo.

Atualmente usa quatro linhas básicas de pesquisa, são elas: Antropologia das
Emoções, Antropologia da Imagem, Antropologia Simbólica e Antropologia Urbana.
Tem destaque na area da antropologia visual no Brasil, participando de importantes
discussões. É um dos pioneiros no Brasil quando se fala em Antropologia e Sociologia
das Emoções. Trabalhando pricipalmente com a emoção: luto, desde 1994.

É coordenador de dois grupos de pesquisas: o GREI (Grupo Interdisciplinar de


Estudos em Imagem), fundado em 1995, integrado ao Departamento de Ciências Sociais
da UFPB (Universidade Federal da Paraíba), que busca os significados dadoo às
imagens pelos homens contemporâneos. E o GREM (Grupo de Pesquisa em
Antropologia e Sociologia das Emoções), fundado em 1994, integrado ao Departamento
de Ciências Sociais da UFPB (Universidade Federal da Paraíba), objtivando entender os
costumes, os comportamentos, as atitudes, as percepções, as representações e o
imaginário, oriundos de sociabilidades da sociedade ocidental, e brasileira, a partir do
século XIX. É o principal e o maior grupo da Paraíba, tem quinze anos de atividade e
foi o que gerou outros grupos. Edita a revista Brasileira de Sociologia da Emoção.

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Introdução

O livro Emoções, Sociedade e cultura têm o objetivo de debater a utilização da


categoria análise de emoções como objeto de investigação da Sociologia. Nele é
apresentado o conceito de emoções que busca entender a noção de humano e da
sociedade como um todo, discutindo conseqüências metodológicas de uma pesquisa
sobre emoções, pautado nas inter-relações sempre tensas entre indivíduo social e
sociedade.
Expõe-se o aparecimento desta recente linha de pesquisa, a sociologia das
emoções, que se firmam a partir da metade da década de 1970 como campo disciplinar
específico, mas na década de 1950 e durante toda a década de 1960, houve a elaboração
de críticas às análises sociais de cunho estrutural e sua lógica linear que desprezavam a
ação social individual e assim os atores sociais e a vida e a vida emocional. O
surgimento dessas críticas possibilitou refazer novas perspectivas teóricas que focavam
um processo analítico de subjetividade como fonte e forma de expressão e construção
social. Esses processos analíticos novos destacavam a fundação de canais entre as
dimensões micro e macro sociológicas e a necessidade de compreender os fenômenos
emocionais como sociológicos. Assim no interior das ciências sociais surge um novo
campo analítico. Este campo amplia o debate no interior das ciências sociais como um
todo enquanto possibilita o surgimento de novos canais de comunicação com outras
áreas do conhecimento como a psicologia, a psicanálise, entre outras.
Destacam- se os questionamentos que decorrem o debate teórico-metodológico,
a fim de estabelecer um campo próprio no interior das ciências sociais e,
minuciosamente, da disciplina sociologia, para se pensar a sociologia das emoções,
como: Até que ponto a cultura e a sociedade modulam a expressão e a experiência
emocional? Ou mesmo, será que as emoções são inteiramente um constructo
sociocultural?
No livro, exibe-se o conceito das emoções como sentimentos dirigidos
diretamente aos outros e causados pela interação com os outros, em um contexto e
situação cultural determinados. Destaca-se também o princípio do qual a sociologia das
emoções parte: Que as experiências emocionais singulares, sentidas e vividas por um
ator social específico, são produtos relacionais entre os indivíduos, a cultura e a
sociedade. E assim, a sociologia das emoções, em sua fundamentação analítica, buscaria
ir além do que um ator social sente em certas circunstâncias, ou com relação à história
de vida estritamente pessoal. Ela parte do subjetivo, mas não se restringe a ele, e sim, as
formas relacionadas que assumem as ações sociais quando direcionadas objetivamente
para uma outra. Desta maneira, os atores da relação, dentro de mecanismos subjetivos,
projetando interesses, desejos e valores na interação. As experiências emocionais
presentes no jogo interacional conservariam, portanto, um padrão sociocomunicacional,
como um tipo de escritura cultural e socialmente correlacionada.
A sociologia e a antropologia das emoções constituem desta forma, linhas
analíticas recentes e que vem atraindo um número crescente de especialistas,
pesquisadores, estudantes, estudiosos e leitores.

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É necessário ressaltar que os estudos das emoções dão base a um campo de
reflexão que tem buscado dar novo vigor a análise sociológica e a análise antropológica,
introduzindo perspectivas novas e importantes da grande questão interna da
antropologia e sociologia geral, como disciplinas, a problemática da intersubjetividade.
Concluindo, no livro a análise tem seu foco na tradição sociológica e nos
processos formativos da sociologia das emoções, destacando a antropologia como
referência nas inter- relações com a sociologia e com a formação da sociologia das
emoções. O livro também projeta a realização de um balanço do estado de arte e uma
introdução à disciplina sociologia das emoções. Ele se divide em três capítulos, sendo o
primeiro responsável por fazer um exame meticuloso dos autores clássicos da análise
sociológica, na busca de compreender como eles sentiram e trabalharam a questão das
emoções em suas análises. O segundo capítulo apresenta a atualidade na sociologia das
emoções, com seus principais autores e temáticas trabalhadas. Já o terceiro capítulo é o
responsável pela análise da sociologia das emoções no Brasil.
Por fim, o livro Emoções, Sociedade e cultura é uma introdução ao modo de
pensar e fazer sociológico e aos processos e construções realizados como produto de
releituras que representam a sociologia desde o seu surgimento e os debates no interior
da tradição.

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A Sociologia das Emoções e os Clássicos

A sociologia sempre deu importância à esfera emocional. Para os sociólogos


clássicos, a categoria das emoções esteve constantemente nas discussões sobre relações
entre indivíduos e sempre foi vista como um tipo de fundamento subentendido das
instituições societárias. A perspectiva desses sociólogos está ligada a um ambiente social
influenciado pelas transformações ocorridas na modernidade ocidental do fim do século
XIX e primeiras décadas do XX, com o surgimento do individualismo e do indivíduo
moderno.
Como um exemplo desses sociólogos, Durkheim tinha interesse em diferenciar os
campos da fisiologia, psicologia e sociologia e criar um campo próprio para essa última.
Partindo da consideração de que a identidade moderna se fez pelo esgarçamento dos
laços sociais, ele se empenhou para criar um modelo analítico para o social, tomando
como base a separação entre natureza e sociedade.
Ele coloca as emoções como produto da sociedade submetida por processos mentais
e fisiológicos. Desse modo, para Boudon, a sociabilidade em Durkheim é produto da
experiência social e não individual.
Na análise marxista, as classes sociais dão características aos indivíduos e suas
emoções, e possibilitam a explicação das emoções individuais pela relação de produção
do modo de produção específico, sendo essas classes o centro da análise do social.
Tanto Marx como Durkheim só pensam no individuo social enquanto coletivo, a
partir de uma totalidade. Sendo o individuo coletivo em Marx, no conceito de classe
social, a base da ação social; em Durkheim, os homens são construídos por uma formação
sui-generis.
O fato de que todo e qualquer princípio individual social é produto da sociedade, na
análise durkheimiana, é visto como um avanço no modelo metodológico e teórico dele.
Assim, as emoções podem ser pensadas nos quadros de uma ciência do social geral, como
subproduto desse social.
Durkheim ainda indica um novo movimento na sua construção teórica, a descoberta
do símbolo, mas mesmo assim ele ainda constrói o seu objeto dentro de um
universalismo evolucionista e generalizante.
Outro sociólogo, Marcel Mauss, foi considerado “divisor de águas na pesquisa em
ciências sociais francesa”. Ele constituiu a sociologia e a antropologia francesa, e sua
noção de fato social, segundo Lévi-Strauss, é considerada como uma das maiores
contribuições dele às ciências sociais.
Na análise dessas ciências sociais, para Mauss, uma questão premente está no
estudo da maneira como a sociedade garante ao indivíduo uma forma do uso do seu
corpo. Ele teria ainda, mesmo preso ao legado do tio Durkheim, determinado um novo
marco na pesquisa das ciências sociais quando aprofundou a categoria do símbolo
enquanto elemento do social. Além disso, admitiu ao social uma consciência coletiva e
uma instância difícil de adivinhar chamada de inconsciente coletivo (em algumas de suas
obras, remete ao leitor sobre essa instância).

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As emoções, para Mauss, fariam parte das configurações produzidas e vividas por
uma sociabilidade específica, seriam uma representação coletiva que se impõe à
consciência individual, mas, como representação, torna-se inconsciente: os indivíduos
aprenderiam o que é emoção antes mesmo de vivenciá-la.
Dessa maneira, o indivíduo social e a coletividade se completariam, e envolvidos à
purgação das emoções exporiam a si mesmos à um conjunto de práticas reintegradas
através de rituais integrados e de retirada de ações que causaram excesso de prazer ou
sofrimento. Indivíduo e coletividade, então, enfrentariam os mesmos lugares de
expressão de emoções.
Do mesmo modo que Mauss, Maurice Halbwachs é um sucessor da obra
durkheimiana e, indo além, um sagaz leitor de Simmel. Halbwachs em seu texto, A
expressão das emoções e a sociedade, busca compreender a relação entre sociedade e
emoções afirmando a influência de grupos sociais na expressão individual de
sentimentos. Ele diz que na transmissão das emoções na sociedade a memória coletiva
expressa socialmente é repassada pelo aprendizado formal e informal de gerações.
Em caminhos metodológicos diferenciados de Marx, Durkheim, Mauss e
Halbwachs, Georg Simmel e depois Max Weber, colocaram as emoções como lugar
central no quadro teórico elaborado por eles.
A distinção entre forma e conteúdo é uma grande qualidade da obra de Simmel que
foi o pioneiro de um modelo de análise social conhecido como formal. Assim, a
sociologia trataria das formas de sociação, tendo a noção simmeliana de sociação partido
do princípio de que a sociedade incide de indivíduos unidos pelos processos de interação.
Sabe-se ainda que os estados da mente e disposições corporais que impelem um
indivíduo em relação ao outro distinguem a sociação e orientam as formas que dão o
caráter dos rumos e influências recíprocas nela presumidas.
Sendo assim, os conteúdos de sociação são realizados através das formas, tendo as
formas de sociação caráter dual, ao mesmo tempo superior aos indivíduos em interação,
indivíduos estes que só podem realizar seus interesses e motivações submetendo-se às
formas sociais.
A oposição conflitual entre racionalidade e subjetividade é o aspecto principal dos
enfoques de Simmel e Weber.
Para Weber, seguindo a análise simmeliana, as ações sociais implicam em um
aspecto subjetivo de valor dos indivíduos em relação. As influências de Simmel na
construção teórico-metodológica em Weber são bem vistas em seu texto A Objetividade
do Conhecimento nas Ciências e nas Políticas Sociais.
Simmel e Weber, pela ênfase de que as formações sociais surgem da interação dos
indivíduos, abordam o caráter social dos sentimentos. Em ambos também, as ações de
trocas são criadas de um social qualquer, daí que uma sociologia das emoções inspirada
nesses autores partiria do princípio de que as trocas entre indivíduos são racionais, ou
seja, os homens ao inter-relacionarem subjetividades em um processo de troca, fundariam
cristalizações racionais. Nesse processo de trocas, ações e reações são movidas por
aspectos subjetivos e emocionais de sujeitos em relação, e nessa relação essas ações e
relações são portadoras de sentido, e se encontram dependentes a uma racionalidade

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social e um movimento dos sujeitos em troca. Ações sociais, então, possibilitam a criação
de uma história individual e grupal.
Além dessas comparações, na análise simmeliana e weberiana as causas e
conseqüências da ação permitirão uma consideração do conjunto individual e societário.
A criação social parte dos homens enquanto indivíduos sociais.
Na verdade, a questão que esses dois autores colocam é que para as ações se
realizarem ou não, estão dependentes das escolhas dos atores em relação, e das diversas
confrontações. A história, desse modo, é compreendida como um processo, ou através de
possibilidades realizadas ou não. Ou seja, não existe uma determinação do ou no social,
existe uma história, que se faz com os indivíduos em ação, onde a subjetividade é o ponto
chave que move a criação social.
A consciência, para Simmel e Weber estabelece-se através das relações entre os
homens, relações estas colocadas como relações de ou com sentido.
Assim sendo, as possibilidades nas relações entre os homens são muitas,
dependendo sempre das configurações das ações do sujeito e de como esse se coloca nas
possibilidades causais das ações, sendo ações e possibilidades criativas, livres (não
independentes de qualquer coisa, mas sim submetidas aos processos formadores de
agentes da ação).
Na sociologia de Gabriel Tarde o foco está na compreensão da relação entre os
indivíduos e a sociedade através das relações interpsíquicas. Essa forma de sociologia dá
prioridade aos indivíduos na relação social enquanto criação e formação de processos
sociais instáveis, processos estes que vivem em tensão e se determinam de forma
conflitual.
Na análise tardiana, relação tempo-espaço é fundamental, onde se marcam as
possibilidades das trocas entre subjetividade e das tensões resultantes delas.
Tarde dá ênfase ao jogo das três categorias, consideradas como fundamentais na sua
análise social. São elas: a repetição, a oposição e a adaptação.
A categoria da repetição não se faz sem a resistência e a oposição, sendo um
processo de oposição sempre seguido por um novo processo de adaptação da sociedade,
grupos e indivíduos. Essas se verificam em constantes choques com as novas interfaces
dos processos de interação entre subjetividades, e das leis lógicas da imitação a qual pode
definir a sociedade, segundo Tarde.
A oposição assemelha-se à figura sob a qual a diferença se distribui para limitá-la e
abri-la a uma nova ordem ou um novo infinito.
A adaptação é a categoria sob a qual correntes de repetição se cruzam numa
repetição superior, ou seja, processos repetitivos não se desenrolam sem uma resistência
individual e coletiva.
Tarde pensa nos indivíduos como supra-sociais antes de social, distanciando do
caminho objetivista e holista (que considera o organismo vivo como um todo que não se
decompõe) da análise sociológica de Durkheim. Tarde condena as teorias objetivistas,
organicistas e evolucionistas da sociedade.

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Ele ainda enfoca que os choques entre adaptação e inovação, características
constantes do fato social, dão movimento enquanto determinação de momentos temporal
e espacialmente específicos e passíveis de superação.
Portanto, o objetivo da sociologia em Tarde é o estudo dos fluxos de crenças,
confianças, anseios e desejos no espaço da sociedade. A subjetividade e as emoções, para
ele, são resgatadas como elementos presentes e significantes dos indivíduos sociais e das
inter-relações com outros sujeitos sociais.

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A sociologia das emoções na Atualidade

A sociologia das emoções, como campo disciplinar, emerge nos Estados Unidos
e na Inglaterra na metade da década de 1970. No interior da sociologia das emoções o
advento e a rápida expansão deste novo campo se deram primeiro como resultado do
aparecimento de novas perspectivas teóricas que no final dos anos sessenta (sec. XX),
buscavam ampliar as bases de discussão para além da lógica linear (Kemper, 1990).
A sociologia das emoções, ao surgir no cenário acadêmico americano, enfoca a
necessidade de compreender os fenômenos emocionais como fenômenos sociológicos.
Iniciando assim, um rico campo de análise, ao compor possibilidades de inter-relações
entre as dimensões macro e microssociológicas. (Collins, 1990).
Deste modo a sociologia das emoções preocupa-se com os fatores que
influenciam na esfera emocional. O seu desenvolvimento, porém, não tem sido
harmônico, em sua concepção são expressos conflitos e tensões sobre os caminhos
teóricos e metodológicos que melhor se adequam à análise da relação entre emoções e
sociedade. Possui um campo potencialmente constituído desde o nascimento da
sociologia enquanto disciplina cientifica, pelo reconhecimento dos clássicos, como
Durkheim e Mauss como um conceito de emoção social cara a análise sociológica.
Solidariedade e conflito, pertencimento e sentimento de exclusão, assim, fazem parte do
jogo social e estão presentes no processo de configuração do campo emotivo e da rede
social em uma cultura qualquer.
A sociologia Durkheimiana, deste modo, tem influenciado em muitos sentidos a
análise de vários autores no interior da sociologia das emoções. Para estes autores, a
análise sociológica desenvolvida em suas fronteiras, ajudou a aprofundar os significados
da intersubjetividade, bem como as relações entre as análises macro e micro e, em certo
sentido, a sociologia das emoções pode ser considerada, enquanto campo disciplinar,
herdeira desta tradição. Em alguns sentidos tal sociologia deve um tributo a Marcel
Mauss e suas preocupações com relação ao conceito de reciprocidade.
A construção e a imaginação sociológica francesa, posterior a Mauss,
enveredaram pela análise do simbólico e, aqui, pensando a idéia da troca simbólica no
seu sentido menos ortodoxo de entendimento, pode-se relacionar como herdeiro da
análise Maussiana conceitos como: Inconsciente coletivo e o de habitus, ambos
correspondendo a idéia de um imaginário que constituiria as bases de sedimentação das
tradições e permitiria elaborações, proposições, vivencias e ações individuais,
indicativas dos processos sempre tensos entre os indivíduos e a sociedade em que
vivem.
Para Bourdieu, Os agentes sociais são dotados de habitus, inscritos nos corpos
pelas experiências passadas. Tais inscrições se encontrariam presentes nas esferas da
percepção, prático, como também engendrar estratégias adaptadas e renovadas dentro
dos limites estruturais de que são produtos e que definem, em último caso, as estratégias
de ação.
Um social dado, neste sentido, ofereceria aos indivíduos a ele pertencentes uma
espécie de código imaginário que os permitiria sentir, expressar e administrar
sentimentos e comportar-se em determinadas situações, mesmo quando não diretamente

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envolvidos no ato onde uma emoção especifica aflorasse. Deste modo, por exemplo, um
comportamento frente a um sentimento, ou a uma carga emotiva vivida por outro
sujeito, acessaria, no interior de um individuo qualquer, um conjunto de informações
inconscientes nele impostas pela socialização, fornecendo dados e argumentos de como
agir frente a determinadas situações.
As influências da escola sociológica americana do final do sec. XIX e as
primeiras décadas do sec. XX foram importantes e significativas para as linhas de
pesquisa proposta. A escola sociológica americana, no período assinalado, bebeu de
uma fonte diferente da escola francesa. A formação e o intercâmbio dos primeiros
sociológicos americanos, principalmente, os da universidade de Chicago, e sobretudo,
da Alemanha através de uma vinculação estreita com as análises sociológicas realizadas
por Georg Simmel.
A intersubjetividade, através de uma analise onde o microssocial e os aspectos
macro se inter-relacionam, se autofazem e se autocondicionam, proposta a partir dos
estudos críticos simmelianos, bem como, o papel fundamental da informação e do
processo comunicacional, que fundamentam as relações entre os homens e dão
configurações e institucionalizam as suas trocas (Park, 1967) são as bases teórico-
metodológicas que movimentarão as pesquisas americanas. Os sujeitos sociais em
interação não estariam subsumidos a uma ordem ritual, mas interconectados com ela.
Nela e através dela, os indivíduos se encontrariam e se fundamentariam enquanto
pessoas. Assim, as pessoas parecem manter distâncias voluntárias dos lugares, tópicos e
momentos, nos quais não são desejadas e nos quais poderiam sofrer descrédito por
estarem presentes.
Uma espécie de equilíbrio ritual é expectado, como práticas obrigatórias,
enquanto conjunto de regras que ordenam e coordenam a distribuição dos sentimentos e
os tipos de ação empregados nos modos de vida de uma rede de sociabilidade
específica. Os esforços pessoais se situariam no interior de uma estrutura ritual
societária, onde os códigos informacionais institucionalizados organizariam as pautas
mentais e emotivas dos sujeitos na ação.
Uma espécie de pessoalidade ou de institucionalização das relações parece ser
estabelecida como formadora e mantedora do movimento interno da sociabilidade. Os
indivíduos, em suas ações partiriam de um universo comum societário, onde as regras
ritualísticas restritas entravam em conflito com os seus projetos pessoais e com as
configurações opcionais, ou de alianças realizados por eles nos processos interativos,
para seu aparecimento no mundo social, enquanto instâncias individualizadas. Os
comportamentos individualizados são postos, a todo o momento, em teste, gerando
tensões nas relações entre a instância individual e a instância societária.
Para Schutz (1990), os projetos individuais, enquanto buscas independentes do
self para a autorealização, só aparecem nas sociedades que possuam um sistema
desenvolvido de individualização. No tipo de sociabilidade com um sistema
desenvolvido de individualização, são as condutas dos indivíduos que parece justapor-se
ao movimento das ações interativas levadas pelo projeto societal mais geral ao qual se
encontram engajadas.
Este caminho de análise dentro da sociologia das emoções, sobre a questão das
relações entre os indivíduos e a sociedade, ao defender esta tradição como caminho de
pesquisa, não discute como polaridade ou dualidade explicativa de uma sociabilidade.

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Para os sociólogos e para os antropólogos das emoções, que assumem a análise
fenomenológica de Schutz, ou a do interacionalismo simbólico, deve-se entender
analiticamente estes dois tipos de sociabilidade, o de uma individualização, ou os de
instâncias relacionais mais desenvolvidas, como momentos significativos para a
compreensão dos formatos mais gerais assumidos pelos grupos humanos e não afirmá-
los como esferas completas para o entendimento das formas societais.
O reconhecimento das emoções pela sociologia clássica se fez através de um
modo abstrato e sem sentido operacional, como apenas uma constatação implícita, mais
do que uma proposição analítica.

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Sociologia das Emoções no Brasil

A Sociologia das emoções é um campo disciplinar bem jovem no Brasil que vem
se expandindo desde o século XX, mais precisamente nos anos noventa. A análise das
emoções e suas interações com a sociedade e a cultura são mais antigas e estão ligadas
com as ciências sociais no nosso país.
Podemos citar alguns autores que contribuíram para a construção desse
pensamento como Gilberto Freire (1966, 1990, 1990a), Paulo Prado (1929), Sérgio
Buarque de Holanda (1994), Roger Bastide (1983), Dracy Nogueira (1942 e 1945),
entre outros que nos ajudaram a entender melhor a subjetividade das emoções na
sociedade brasileira.
Até o final da década de sessenta o estudo das emoções não tinha o seu devido
valor dentro das ciências sociais, sendo tratada às vezes apenas como variável
interveniente. Esse quadro só vem mudar com a emergência das ciências sociais como
disciplina científica.
Apesar de terem sido discriminadas no processo de formação das ciências
sociais, as análises de Gilberto Freire e Sérgio Buarque de Holanda foram revisadas na
década de oitenta e passaram a ser vistas as suas contribuições para o pensamento social
e para as ciências sociais no país.
Para melhor situar o crescimento da sociologia das emoções no Brasil, podemos
citar alguns autores e suas contribuições. Começamos com Roberto DaMatta que no
final dos anos setenta chama atenção dos pesquisadores e estudiosos para a questão das
emoções, levantando hipóteses em que os sentimentos e suas formas de expressão no
social perpassam a constituição do público e do privado brasileiro. Em uma de suas
obras ele diz que a sociedade brasileira se encaixa no modelo de organização de
sociedades relacionais, este parâmetro o acompanhará por quase toda sua obra. Ele tenta
entender o cotidiano brasileiro, buscando bases em Marcel Mauss (1970c) e Louis
Dumont (1985) no que diz respeito ao individualismo e na diferença entre as noções de
indivíduos e pessoa no social.
A partir daí ele elabora um modelo dual de análise que contrapõe a pessoa em
relação ao indivíduo. Ele mostra uma lógica institucional e uma lógica culturalista na
sociabilidade brasileira. Essa dualidade é resolvida a partir da dominância do elemento
pessoa sobre as demais. DaMatta rejeita a subjetividade, para ele é só através de leis,
normas e valores de um sistema social que se pode compreender o comportamento dos
sujeitos individuais nele presentes.
Falaremos agora de Gilberto Velho que dá ênfase ao estudo da cultura
emocional, tem assim como DaMatta um modelo dual entre os sistemas hierárquicos e
individualistas, sendo a hierarquia baseada na análise dumoniana, entre os sistemas
individualistas e holistas. Ele tenta entender o social brasileiro a partir da lógica
individualista, a qual ele dá bastante importância. Enfatiza os modos de vida e os
comportamentos no urbano, re-arranjos familiares e de amizade.
Ele sofre grande influência simmeliana, o que o ajuda a melhor analisar a
problemática das emoções e da cultura emocional urbana na contemporaneidade
brasileira. Aborda também a dualidade entre indivíduo e cultura mostrando o caráter
heterogêneo do urbano, em que individuais e coletivos chocam-se e interpenetram-se.

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Utiliza o conceito de projeto para melhor entender esta heterogeneidade e as relações
entre os indivíduos e a cultura em uma sociedade complexa.
Gilberto Velho é considerado precursor e de fundamental importância para o
campo da sociologia no Brasil, em especial nas relações entre emoções, cultura e
sociedade.
Outro pesquisador importante é Luís Fernando Dias Duarte que trata da
emergência da sociologia das emoções no Brasil, discutindo também a emergência do
indivíduo na sociedade ocidental e brasileira em especial, e atualmente tem se
preocupado com a questão do sofrimento social nas classes populares e médias do
Brasil urbano.
A análise sociológica no Brasil vem crescendo desde os anos oitenta
principalmente em relação a saúde e o sofrimento social entre trabalhadores e a
emergência do indivíduo psicológico entre as camadas médias urbanas brasileiras.
Os grupos de pesquisa que ajudam a consolidar este campo disciplinar no país
estão principalmente na UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) e UFPB
(Universidade Federal da Paraíba). Maria Claudia Coelho e Claudia Barcellos Rezende,
da UERJ coordenam desde 1998 o Grupo de Pesquisas Transformações da Intimidade.
Um dos grandes pioneiros nos estudos da sociologia das emoções no Brasil e na
Paraíba é Mauro Guilherme Pinheiro Koury que pesquisa sobre o tema desde 1993.
Abriu em 1994 o Grupo de Pesquisa em Antropologia e Sociologia das Emoções, o
GREM, e em 1995 o Grupo Interdisciplinar de Estudos em Imagem, o GREI, com bases
vinculadas a UFPB e a CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico). Os dois grupos fazem uma inter-relação entre os estudos das emoções
aprofundando as análises sobre a subjetividade e sua relação com o processo de
formação do indivíduo no Brasil de hoje.
Koury tem três vertentes de preocupação. A primeira é sobre a relação entre luto
e sociabilidade que procura compreender as mudanças e as permanências, os conflitos e
ambivalências, nos modos de vida e no imaginário urbano brasileiro e que para ele esta
parte dos estudos foi o “abrir portas”, o primeiro impulso para um estudo mais intenso
sobre a sociologia das emoções.
A segunda vertente trata da busca de um aprofundamento das relações entre a
imagem e as formas de sociabilidade. E a terceira problemática por ele estudada é a da
relação entre os medos e a cidade que se mostra mais clara em um de seus livros “Do
que João Pessoa tem medo?”. A partir destes estudos de Koury emerge a análise do
sofrimento social.
Portanto, a análise desse campo disciplinar de expansão recente e em processo
de consolidação nos mostra os esforços para uma melhor análise da relação entre
emoções, cultura e sociedade, mais especificamente no Brasil.

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Conclusão
O principal objetivo do livro é situar a sociologia das emoções como disciplina
da sociologia geral e das ciências sociais, trazendo uma análise das bases analíticas que
a constituíram. Inicialmente, faz-se um passeio entre os autores clássicos da sociologia,
buscando entender a compreensão que eles têm a respeito das emoções e suas relações
com a sociedade. Apresenta também a sociologia das emoções como campo disciplinar
da arte atual. Sintetiza os autores que relacionou as emoções com a sociedade e a cultura
na sociologia ou antropologia.
Concomitante com o processo de consolidação da sociologia geral surgiu a
sociologia das emoções. E teve o seu processo formativo em meados da década de
setenta, em oposição à visão linear das ciências sociais, que menosprezavam o indivíduo
com as suas emoções. Surgiu então a urgência da sociologia das emoções como campo
disciplinar. Mencionando autores que fizeram uso da intersubjetividade, com Simmel,
Weber e Gabriel Tarde.
Sintetizando, podemos definir emoções como uma teia de sentimentos dirigidos
diretamente a outros, causado pela interação em um contexto e em uma situação social e
cultural determinados.
Na sociologia das emoções, as experiências emocionais singulares, que são
sentidas e vividas por um ser específico, são produtos da relação: indivíduo, sociedade e
cultura. E vai além da vida pessoal. A sociologia das emoções é um campo de reflexão
que revigora as bases analíticas trazendo novas perspectivas, como a intersubjetividade,
que faz parte da questão interna da sociologia em geral.
Uma das tarefas da sociologia das emoções é analisar a percepção da
singularidade dos sujeitos, social e historicamente determinados pelo processo
civilizador, onde os valores, particularidades e princípios de sua cultura são mantidos. A
sociologia das emoções busca pesquisar os fatores sociais, psicológicos e culturais que
são expressos através de sentimentos e emoções particulares e as relações existentes
com o desenvolvimento de culturas distintas nas sociedades.
No Brasil o campo das emoções relacionado tanto à sociologia quanto à
antropologia está em desenvolvimento.
Esse livro é um instrumento no processo de expansão e confirmação das
emoções como campo disciplinar da sociologia. Mostrando alguns debates que a
impulsionam no mundo Ocidental e no Brasil, ganhando, assim, cada vez mais adeptos.

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