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COM O SOBRENATURAL.
Texto I
Eu conheci uma moça que morava ali abaixo de São Carlos, num lugar por
nome de Terra Caída e ela tinha os pais dela e os pais dela se separaram e
ela achou por bem ficar com o pai dela e a mãe dela veio embora pra cá,
Porto Velho e ela ficou lá determinado tempo. No treze, catorze anos, ela
queria sair pras baladas, pras festas. Quando foi um dia (os avós dela
sempre dando conselho pra ela), era seis horas da tarde, ela foi pra beira
do rio. Aí, chegando lá, ia passando uns botos boiando, subindo o rio
Madeira, né? E ela foi e pediu que eles viessem buscar ela que ela estava
desgostosa da vida, né? Sentia só. Quando foi marcado o dia pra vir pegar
ela, marcou e eles vieram. Aí, na casa desse senhor que ela estava
morando, tinha uns cachorros. Quando foi a noite, aí os botos começaram
a boiar na beira do rio. Aí, quando chegaram perto da casa, os cachorros
saíram correndo rumo da direção do rio. Aí, só escutava o barulho dentro
da água. Eles contam que era o Boto que vinha buscar ela e ela ficou
doidinha. E era bastannte gente pra segurar ela e ela ficava esperneando e
não conseguiam segurar. Até que meteram ela dentro de um quarto e
trancaram. Foi como amenizou. Passaram muito remédio caseiro foi como
afastou aquilo ali e ela, pra ficar boa, tiveram que levar num curandeiro
pra poder resolver o problema dela. Isso foi um caso que aconteceu com
ela. Tem muita gente que não acredita, mas isso foi um caso realidade.
Entregar-se ao Boto representa perigo. Não pelo que ele possa fazer, mas
principalmente pelo que a natureza possa ajudar no desfecho. O rio é barrento, a
correnteza é forte, é noite. Mais importante: há alguém para quem a vida não tem mais
sentido. A vontade, aliada às condições do cenário, propiciam fim trágico. Mas nada
disso é levado em consideração. O Boto continua sendo o vilão da história. Afinal, nos
rios a lógica nunca prevalece.
Salva do Boto, a quem recorreu por vontade própria, a adolescente se vê
entregue ao misterioso, ao inexplicável, ao sobrenatural.
Passaram muito remédio caseiro... pra ficar boa,
tiveram que levar num curandeiro pra poder resolver
o problema dela.
Texto II
Na Comunidade tinha um Boto e ele morava no rio Madeira. Ele virava homem e as
pessoas não sabiam de onde ele veio. Um dia, teve festa na Comunidade, vieram
pessoas de longe e ele veio também. Todo mundo olhava para ele e uns falavam: De
onde ele veio? Ninguém sabia. Ele estava de roupa branca, chapéu branco, sapatos
brancos, calça branca, terno branco. Ele puxou uma mulher pelo braço e começou a
dançar. Dançaram a noite inteira e ele falou: Eu estou cansado e foi direto para o rio.
A mulher perguntou o nome dele, ele não falou nada e começou a andar e pulou dentro
do rio Madeira. E o meu avô, avó, tio, tia falaram que ele era um Boto.
REFERÊNCIAS
ELAIDE, Mircea. O sagrado e o profano: A essência das religiões. Coleção Vida e
cultura. Lisboa: Editora Livros do Brasil, 1998.
LOUREIRO, João de Jesus Paes. Cultura Amazônica: uma poética do imaginário.
Belém: CEJUP, 1995.
http://www.infoescola.com/redacao/mito-ou-lenda/. Acessado em 15/02/2010.
http://www.santarem.pa.gov.br/conteudo/Lendas. Acessado em 16/02/2010.