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2.

Código de Trânsito Brasileiro

2.1. Normas gerais relativas aos crimes de trânsito

2.1.1. Os crimes de trânsito e a lei 9.099/95

A lei n. 9.503, de 23/9/97, que instituiu o Código de Trânsito Brasileiro,


contém, em seu capítulo XIX, normas de caráter penal.

O art. 291, primeiro deste capítulo, manda aplicar aos crimes cometidos
na direção de veículos automotores nela definidos as normas gerais do Código
Penal, bem como a lei 9.099/951, no que couber.

A ressalva da parte final – “no que couber” – teve a finalidade de deixar


claro que as disposições daquela lei (9099/95) somente se aplicam aos crimes
que se enquadrarem no conceito de infração penal de menor potencial
ofensivo.

A lei n. 9099/95, ao criar os Juizados Especiais Criminais, em


cumprimento ao mandamento constitucional do art. 98, I, em sua redação
original, definiu, como infrações de menor potencial ofensivo as
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não
superior a um ano.

1
A lei 9.099, de 26/9/95, considera infrações penais de menor potencial ofensivo as contravenções e os
crimes a que a lei comine pena máxima não superior a dois (2) anos, cumulada ou não com multa. Para
essas infrações aplicam-se todas as regras da lei 9.099, correndo os respectivos processos perante os Juizados
Especiais Criminais. Essa lei 9.099/95 consagra, ainda, quatro medidas despenalizadoras: a) extinção da
punibilidade em caso de composição civil quando se tratar de crime de ação penal de iniciativa privada ou
pública condicionada à representação (art. 74, parágrafo único); b) transação penal (art. 76); c) alteração da
ação penal, de pública incondicionada para pública condicionada à representação, nos casos de lesões
corporais culposas ou leves (art. 88); d) suspensão condicional do processo nos crimes cuja pena mínima
não seja superior a um ano (art. 89). As duas primeiras são próprias dos delitos de menor potencial ofensivo
(pena máxima não superior a dois (2) anos). A quarta – suspensão condicional do processo – exige que a pena
mínima cominada não seja superior a um ano.

1
Portanto, além das contravenções penais (independentemente da pena
cominada), eram consideradas infrações penais de menor potencial ofensivo
aquelas cuja pena máxima cominada não superasse a um ano.

Assim, quando entrou em vigor o Código Brasileiro de Trânsito definia


alguns crimes cuja pena máxima não excedia a um ano. E que portanto se
enquadravam integralmente na lei 9099. Eram eles: a) omissão de socorro (art.
304), b) fuga do local de acidente (art. 305), c) violação de suspensão ou
omissão na entrega de habilitação (art. 307 e parágrafo único), d) direção sem
habilitação (art. 309), e) entrega de veículo a pessoa não habilitada (art. 310),
f) excesso de velocidade (art. 311) e g) fraude no procedimento apuratório
(art. 312).

A lei n. 10259/2001, que instituiu os Juizados Especiais Criminais na


Justiça Federal, no parágrafo único do art. 2º, ampliou o alcance desse
conceito, passando a alcançar as infrações penais cuja pena máxima cominada
não superasse dois anos2.

Esse parágrafo único do art. 2º da lei 10.259/01, por sua vez teve sua
redação alterada pela lei n. 11.313, que também alterou a redação do art. 61 da
lei 9099/95, mantendo como infração de menor potencial ofensivo aquela cuja
pena máxima cominada não ultrasse dois anos.

Assim, atualmente, por força da nova redação do art. 61 da lei 9099/953,


redação essa dada pela lei n. 11.313, são infrações penais de menor potencial
2
“Com o advento da Lei n. 10.259/2001, que instituiu os Juizados Especiais Criminais na Justiça Federal,
por meio de seu art. 2º, parágrafo único, ampliou-se o rol dos delitos de menor potencial ofensivo, por via da
elevação da pena máxima abstratamente cominada ao delito, nada se falando a respeito das exceções
previstas no art. 61 da Lei n. 9009/95. Desse modo, devem ser considerados delitos de menor potencial
ofensivo, para efeito do art. 61 da lei n. 9099/95, aqueles a que a lei comine pena máxima não superior a
dois anos, ou multa, sem exceção” (REsp n.620.305?RJ, 5ª Turma, rel. min. Félix Fischer, j. 25.05.04, vu,
DJU 02.08.05, p. 553)”
3
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei,
as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos,
cumulada ou não com multa.”

2
ofensivo: a) as contravenções penais: b) os crimes a que a lei comine pena
máxima não superior a dois anos.

Consequentemente, também passaram a sujeitar-se às regras da lei


9099/95 os crimes dos arts. 303 e 308 do CTB.

Já o crime de embriaguez ao volante (art. 306), porque a pena máxima


cominada supera aquele limite de dois anos, não se enquadrando no conceito
de infração de menor potencial ofensivo, aplicavam-se apenas as regras dos
arts. 74, 76 e 88 da lei 9.099/95, por força do que dispunha o parágrafo único
do art. 291 do Código de Trânsito Brasileiro.

No entanto, o art. 291 passou a ter nova redação com a vigência da lei n.
11.705. Foi abolido o parágrafo único, acrescentando-se os §§ 1º e 2º.

Com a revogação do parágrafo único, que fazia referência expressa aos


crimes de trânsito de lesão corporal culposa, de embriaguez ao volante, e de
participação em competição não autorizada, e só fazendo menção o § 1º, aos
crimes de trânsito de lesão corporal, não mais se há falar na aplicação dos arts.
74, 76 e 88 ao crime de embriaguez ao volante (art. 306), cuja pena máxima
cominada é de três anos.

O § 1º, com a nova redação, passou a estabelecer: “Aplica-se aos


crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88
da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: I - sob
a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine
dependência; II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou
competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em
manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade
competente; III - transitando em velocidade superior à máxima permitida
para a via em 50 km/h (cinqüenta quilômetros por hora). “

3
O § 2º, por sua vez, reza: “Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo,
deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação da infração
penal”.

Desta forma, como regra geral, por disposição expressa da lei, aplica-
se ao delito de lesão corporal culposa no trânsito os arts. 74, 76 e 88 da lei n.
9.099.

Porém, e aqui a exceção, aqueles dispositivos legais não devem ser


aplicados quando ocorrer quaisquer daquelas hipóteses enumeradas nos
incisos I, II e III. Nesse caso, deve ser instaurado inquérito policial.

Na primeira hipótese, basta o estado de embriaguez,


independentemente da quantidade de álcool no sangue. O texto legal refere-se
apenas e tão somente à influência do álcool ou qualquer outra substância
psicoativa que determine dependência.

A segunda hipótese relaciona-se com a atividade conhecida como


“racha”, de extrema periculosidade.

A última, a um excesso de velocidade, que também acarreta maior


periculosidade à conduta.

2.1.2. Veículo automotor

A lei n. 9.503, em diversos momentos, refere-se a veículo automotor. O


seu conceito nos é dado no Anexo I do Código, a saber, “todo veículo a motor
de propulsão que circule por seus próprios meios, e que serve normalmente
para o transporte viário de pessoas e coisas, ou para a tração viária de
veículos utilizados para o transporte de pessoas e coisas. O termo

4
compreende os veículos conectados a uma linha elétrica e que não circulam
sobre trilhos (ônibus elétrico)”.

Desta forma, são veículos automotores os automóveis, caminhões,


ônibus, utilitários, tratores e ônibus elétricos.

Não são veículos automotores os bondes, as bicicletas, as carroças, as


charretes.

2.1.3. A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a


habilitação para dirigir veículo como pena nos crimes de trânsito
Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta como
penalidade principal, isolada ou cumulativamente com outras penalidades.
Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a
permissão ou a habilitação, para dirigir veículo automotor, tem a duração
de dois meses a cinco anos.
§ 1º Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será
intimado a entregar à autoridade judiciária, em quarenta e oito horas, a
Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
§ 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor não se inicia
enquanto o sentenciado, por efeito de condenação penal, estiver recolhido
a estabelecimento prisional.

Como veremos a seguir, para algumas infrações penais o Código de


Trânsito Brasileiro comina, além das penas de detenção e multa, de forma
cumulativa, as penas de suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor (Arts. 302, 303, 306, 308). Para
outros, no entanto, comina somente as penas de detenção e multa, cumulativa
ou alternativamente (arts. 305, 307, 309, 310, 311, 312).

Num primeiro momento é preciso distinguir entre Permissão e


Habilitação para dirigir veículo.

5
O sistema do Código de Trânsito Brasileiro prevê que o motorista, depois
de aprovado nos exames de habilitação, recebe um certificado de Permissão
para dirigir, válido por um ano. Vencido esse prazo, se não tiver cometido
nenhuma infração grave ou gravíssima, e não sendo reincidente em infração
média, no período, receberá a Carteira de Habilitação.

Portanto, inicialmente o motorista recebe uma Permissão, válida por um


ano. Em seguida, preenchidos aqueles requisitos legais, recebe a Habilitação.

A suspensão pressupõe permissão ou habilitação já concedida, e a


proibição é aplicável àqueles que ainda não obtiveram uma ou outra.

O art. 292 previu a possibilidade de ser imposta a suspensão ou proibição


de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor como
pena principal, isolada ou cumulativamente com outras penalidades.

Esse dispositivo suscitou muitas dúvidas sobre a natureza dessa


"penalidade" e sobre as hipóteses de cabimento de sua aplicação.

Confrontou-se esse art. 292 com a regra do art. 296 que possibilita ao juiz
a aplicação da pena de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir
veículo automotor independentemente das demais aplicáveis em caso de
reincidência.

Estaria, aí, hipótese de aplicação dessa pena mesmo não cominada para o
crime.

Esse art. 292, em realidade, consagra dois tipos de penas: a) a proibição


de se obter a permissão ou a habilitação; b) a suspensão da permissão ou da
habilitação. De fato, como assinala Maurício Antonio Ribeiro Lopes, "não se
suspende alguém do exercício de um direito que não tenha, impede-se que
venha a tê-lo para poder exercitá-lo, dai restar apenas em relação ao direito

6
de obter a permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor a
proibição"4.

Quanto à sua natureza jurídica, constituem, sem dúvida, penas restritivas


de direitos, não se confundindo com penalidades administrativas previstas na
lei, nem com os efeitos da condenação.

Essas penalidades têm a duração mínima de dois meses e máxima de


cinco anos.

Com o trânsito em julgado da sentença condenatória que impuser ao


condenado essa pena de suspensão ou proibição, será ele intimado a entregar à
autoridade judiciária, em quarenta e oito horas, a Permissão ou a Carteira de
Habilitação, sob pena de cometer o crime do art. 30, parágrafo único, do
C.B.T.

Essas penas, por outro lado, não se iniciam enquanto o sentenciado


estiver recolhido a estabelecimento penitenciário.

Podem elas ser impostas, como medida cautelar, em qualquer fase da


investigação ou da ação penal, quando houver necessidade para a garantia da
ordem pública, pelo juiz, em decisão motivada, de ofício ou a requerimento do
Ministério Público ou representação da autoridade policial. Dessa decisão
cabe recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo.

Como já se falou, nos termos do art. 296 do Código de Trânsito


Brasileiro, sendo o réu reincidente na prática de crime previsto neste Código,
o juiz, mesmo não havendo cominação expressa, poderá aplicar a
penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo
automotor, sem prejuízo das demais sanções cabíveis.

4
Crimes de Trânsito, p. 100.

7
Essa penalidade não tem caráter substitutivo, como ocorre com as
penas restritivas de direitos previstas no Código Penal. Sua dosagem, a ser
feita pelo magistrado quando da condenação, deve observar o disposto no art.
68, caput, do Código Penal, variando dentro daqueles limites mínimo e
máximo: dois meses a cinco anos. Também não há qualquer impedimento a
que seja imposta cumulativamente com pena privativa de liberdade. Nesta
hipótese, o início da interdição do direito não ocorre enquanto o condenado
estiver recolhido à prisão (art. 293, § 3º).

2.1.4. Multa reparatória

Sempre que houver prejuízo material resultante do crime de trânsito, o


juiz criminal poderá, na sentença condenatória, fixar o valor indenizatório a
ser pago pelo condenado após o trânsito em julgado.

É o instituto da multa reparatória, prevista no art. 297 do Código.

Este é outro efeito secundário da condenação, exigindo menção expressa


na sentença, até porque o juiz precisa fixar o seu valor certo. O efeito dessa
disposição é superior àquele do art. 91, I, do Código Penal, pois na multa
reparatória não há simples constituição de título executivo, condicionado a
futura liquidação. Trata-se, aqui, de uma prefixação das perdas e danos,
bastando à parte executá-lo, porque líquido.

Não se trata de pena, tendo o instituto finalidade reparatória. Não poderá


a multa reparatória nunca ser superior ao valor do prejuízo demonstrado no
processo.

Na hipótese de ser superior o valor do prejuízo suportado pela vítima,


demonstrado em ação específica, a multa reparatória será considerada uma

8
antecipação de parte do valor devido. Em conseqüência, do valor fixado na
ação indenizatória deve ser descontado o valor da multa reparatória.

O procedimento da execução da multa reparatória é o dos arts. 50 a 52 do


C. Penal. Mas a cobrança deverá ser promovida pelo interessado, e não pela
Procuradoria Fiscal do Estado, ou pelo Ministério Público (salvo se o
interessado for pobre).

2.1.5. Agravantes genéricas nos crimes de trânsito

O art. 298 do Código de Trânsito Brasileiro enumera sete circunstâncias


que sempre agravam as penalidades dos crimes de trânsito.

Vejamos, então, cada uma delas.

O inciso I se refere a “ter o condutor do veículo cometido a infração com


dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de grave
dano patrimonial a terceiros”.

A expressão “dano potencial”, utilizada pelo legislador, equivale a


perigo. Isso significa que a agravante é específica para os crimes de perigo.
Não se aplica, pois, aos delitos de homicídio culposo e lesão corporal culposa,
que são crimes de dano. Desta forma, nos crimes de perigo definidos no
Código, se o perigo atingir duas ou mais pessoas incidirá esta agravante
genérica. Da mesma forma quando, também nos crimes de perigo, ficar
evidenciado que a conduta foi tão intensa que causou um grande risco de
grave dano patrimonial a terceiros.

Também agrava a pena se o delito for cometido com utilização de


veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas (inciso II). A agravante
não incide, porém, se a falsificação da placa ou a adulteração tiverem sido

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obra do próprio autor da infração de trânsito. Quando isso ocorrer, estaremos
diante de um concurso material com o crime do art. 311 do Código Penal5.

Cometer crime na direção de veículo automotor sem possuir permissão


para dirigir ou Carteira de Habilitação igualmente implica em agravante
genérica, nos termos do inciso III. Mas a agravante não incide nos crimes de
homicídio culposo e de lesão corporal culposa, pois em relação a eles a
circunstância implica em causa de aumento de pena, conforme parágrafo
único, inciso I do art. 302 e parágrafo único do art. 303. E a mesma causa não
pode atuar duas vezes. Também não se aplica ao crime do art. 309, direção
sem permissão ou habilitação, de vez que a circunstância em questão constitui
elementar do crime.

O inciso IV se refere a prática do crime “com permissão para Dirigir ou


Carteira de Habilitação de categoria diferente da do veículo”. Relativamente
ao crime do art. 309 não incide a agravante. Em relação aos demais, incide,
como na hipótese do agente, dirigindo caminhão, quando é habilitada para
dirigir motocicleta, de forma imprudente atropela e fere um transeunte.

O inciso V se refere à agravante de ter o condutor cometido o delito


“quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o
transporte de passageiros ou de carga”. Lembre-se que em relação aos crimes
de homicídio e lesão corporal culposa a circunstância constitui causa especial
de aumento de pena, pelo que não incide como agravante genérica.

Também constitui agravante genérica cometer o crime “utilizando


veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou características que
afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo com os limites de
velocidade prescritos nas especificações do fabricante”. É o que ocorre com o
5
“adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automotor, de seu
componente ou equipamento”

10
motores “envenenados”, com os pneus tala-larga, veículos com frente
rebaixadas. Nos crimes de lesão corporal e homicídio culposos a agravante
somente incide se a circunstância não tiver sido a própria causa do acidente,
hipótese em que sua aplicação autônoma implicaria em dupla incidência.

Por último, o inciso VII refere-se a crime cometido “sobre faixa de


trânsito temporária ou permanentemente destinada a pedestre”. A
circunstância constitui causa especial de aumento de pena nos crimes de lesão
corporal e homicídio culposos, em relação aos quais não pode atuar como
agravante genérica. Objetiva a regra aumentar a segurança dos pedestres nos
locais especificamente a eles destinados.

2.1.6. O flagrante nos crimes de trânsito

Nos termos do disposto no art. 301, ao condutor de veículo, nos casos de


acidente de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante,
nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.

A regra tem o claro objetivo de estimular o socorro às vítimas.

2.2. Crimes

2.2.1. Homicídio culposo na direção de veículo automotor

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Preocupado com as estatísticas de trânsito, com número elevado de
mortes, resolveu o legislador incriminar, de forma mais grave, o delito de
homicídio culposo na direção de veículo automotor.

Assim, tipificou o delito de homicídio culposo na direção de veículo


automotor no art. 302 do Código de Trânsito Brasileiro, nos seguintes termos:
“Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor”. A pena
cominada é superior àquela do homicídio culposo comum, previsto no art.
121, § 3º, do C. Penal, a saber, “detenção de dois a quatro anos, e suspensão
ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor”. Como se sabe, a pena para o homicídio culposo comum é de
detenção de um a três anos.

Assim, o tipo penal do art. 302 do C.T.B. nada mais é que o homicídio
culposo comum (art. 121, § 3º, do CP), só que cometido na direção de veículo
automotor. Portanto, além daqueles elementos que compõem o tipo comum, o
tipo especial contém um outro elemento: que o fato ocorra na direção de
veículo automotor.

Não basta que o fato tenha ocorrido no trânsito6. Indispensável que o fato
seja imputado a quem esteja no comando dos mecanismos de controle e
velocidade de veículo automotor.

A objetividade jurídica é a vida humana. Embora a regra objetive


também aumentar a segurança do trânsito.

6
Imagine-se um transeunte que, desrespeitando a sinalização, acaba por se chocar com um ciclista, que vem
ao solo e sofre lesões corporais. O fato ocorreu no trânsito, mas o agente, que atuou culposamente – o
pedestre – não estava na direção de veículo automotor. O fato configura o crime do art. 129, § 6º do Código
Penal, e não o do art. 303 do Código de Trânsito Brasileiro.

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Sujeito ativo da infração pode ser qualquer pessoa, desde que na direção
de veículo automotor. Sujeito passivo é a vítima, ou seja, quem é morto no
acidente.

Objeto material da infração se confunde com o sujeito passivo.

A ação típica é matar alguém (ou “praticar homicídio culposo”, como diz
a letra do art. 302) culposamente (por imprudência, negligência ou imperícia).

O texto fala em praticar homicídio culposo na direção de veículo


automotor. Pouco importa, assim, que o fato não ocorra em via pública, mas
sim em vias particulares, como estacionamentos privados, pátio de postos de
gasolina, vias internas de fazendas particulares7.

O elemento subjetivo é a culpa.

O crime é culposo “quando o agente deu causa ao resultado por


imprudência, negligência ou imperícia” (art. 18, II, do C. Penal).

O primeiro aspecto do crime culposo é que o resultado antijurídico não é


querido pelo agente (ao contrário do que ocorre no dolo). A sua ocorrência é
resultado de uma conduta descuidada do agente. Igualmente, é indispensável
que esse resultado fosse previsível para o agente.

A culpa, em sentido estrito, pode ser definida como uma conduta


voluntária, praticada sem a cautela necessária, que gera um resultado definido
como crime, resultado esse não previsto, embora pudesse e devesse sê-lo. A
censura, na culpa, se refere à ausência de cuidado na prática da ação.

De fato, a vida em sociedade exige de todos determinados cuidados para


que não se cause danos a terceiros. Esse dever de cuidado é intuitivo. Todos
sabemos que não se pode deixar um vaso no parapeito de uma janela, pois ele
7
Gonçalves, Victor Eduardo Rios. Legislação Penal Especial. S. Paulo: Ed. Saraiva, 2006, p.206)

13
pode cair e lesionar alguém passa na calçada. Ao dirigir veículos automotores
sabemos que devemos respeitar as regras de trânsito, dirigir com cuidado, com
velocidade moderada, de forma a não ferir ninguém.

Pois bem, a culpa representa exatamente a quebra desse dever de


cuidado.

Exige-se, também, na conduta culposa, que o resultado seja


objetivamente previsível, isso é, de acordo com a previsibilidade normal.

O crime culposo apresenta os seguintes elementos: uma conduta; a


inobservância do dever de cuidado; um resultado antijurídico não desejado
pelo agente; a previsibilidade.

A culpa pode se manifestar de três formas diferentes: imprudência,


negligência e imperícia. A imprudência consiste em agir sem as cautelas
necessárias nas circunstâncias. É a forma ativa de culpa. É o que ocorre,
exemplificativamente, com o motorista que imprime velocidade excessiva ao
veículo e atropela alguém, matando-o. A negligência se caracteriza pela
omissão de uma conduta recomendada pela prudência. O agente, podendo e
devendo agir de determinado modo, recomendado pela prudência, por
preguiça, por desleixo, não age assim, dando causa ao resultado típico. É o
que ocorre com o motorista que dirige veículo com o pneu “careca”, e por
causa disso perde o seu controle, atropela e mata alguém. Já a imperícia é a
falta de capacidade, falta de conhecimento, ou falta de habilitação para o
exercício de determinada arte, profissão ou ofício. É a inobservância, por
despreparo, ou insuficiência de conhecimento, de cautelas específicas no
exercício da atividade de dirigir veículo automotor. Embora regularmente
habilitado, mostra-se o motorista, no caso concreto, imperito, ao inobservar
cautela específica da atividade de dirigir, por desconhecimento, ou

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insuficiência de conhecimento. É o que ocorre com o motorista que perde o
controle de seu veículo, permitindo que derrape, vindo a atropelar e matar
transeunte.

A culpa exclusiva da vítima afasta a responsabilidade do condutor. Mas


em havendo culpa recíproca, persiste a responsabilidade penal do condutor.
Porque o direito penal não admite a compensação de culpas.

A consumação se dá no momento da morte da vítima.

A tentativa não é possível por se tratar de crime culposo. Um dos


característicos da tentativa é o início da execução de um tipo penal com
vontade, com dolo. Em outras palavras, o agente dá início à execução do tipo,
e a consumação não ocorre por circunstâncias alheias à sua vontade.

No crime culposo não há essa conduta dirigida à causação de um


resultado típico. Por isso, não se há falar em tentativa.

O parágrafo único desse art. 302 prevê aumento de pena de um terço até
metade, em quatro hipóteses.

A primeira, quando o agente “não possuir Permissão para Dirigir ou


Carteira de Habilitação”. Nessa hipótese, será absorvido o crime do art.
309.

A segunda, quando o crime for praticado “em faixa de pedestres ou na


calçada”. A maior gravidade do fato resulta de ter sido cometido em local de
especial proteção a pedestres.

A terceira quando o agente “deixar de prestar socorro, quando possível


faze-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente”. Somente aplicável ao
condutor que tenha atuado culposamente. Se não houve culpa do motorista, a
ausência de socorro tipificará o delito do art. 304. É indispensável, para que se

15
aplique o aumento de pena, que o socorro seja possível sem risco pessoal para
o agente, e desde que tenha meios para tal. Também não se aplica o aumento
se a vítima foi socorrida, de imediato, por terceira pessoa.

E quarta quando o crime for cometido no exercício de sua profissão ou


atividade, estando o agente conduzindo veículo de transporte de passageiros.
Aqui a preocupação é com aqueles que fazem do transporte de passageiros a
sua profissão. Deles se exige maiores cuidados, até porque é maior o número
de pessoas envolvidas no transporte. A regra tem aplicação a motoristas de
táxi, lotações, ônibus.

Não há, no Código de Trânsito Brasileiro, regra específica para o perdão


judicial, como ocorre no Código Penal8. No entanto, a despeito da omissão,
tem-se entendido que a regra aplica-se também ao homicídio culposo
praticado na direção de veículo automotor9.

A ação penal é pública incondicionada.

2.2.2. Lesão corporal culposa na direção de veículo automotor

Da mesma forma que fez com o homicídio culposo, o legislador houve


por bem destacar o crime de lesão corporal culposa, com pena maior, quando
cometido na direção de veículo automotor.

Assim é que o art. 303 define como crime de trânsito “praticar lesão
corporal culposa na direção de veículo automotor”, apenado com “detenção,
de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão
ou a habilitação para dirigir veículo automotor”.

8
Art. 121, § 5º: Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências
da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
9
Cf. Victor Eduardo Rios Gonçalves, op. Cit., p. 208.

16
Como se percebe, da mesma forma que ocorre no homicídio culposo na
direção de veículo automotor, o tipo penal, aqui, nada mais é que o tipo penal
do art. 129, § 6º, acrescido da elementar “na direção de veículo automotor”.
Em outras palavras, é a lesão corporal culposa pratica na direção de veículo
automotor.

Objeto jurídico da incriminação é a integridade corporal. Também se


tutela, sem dúvida, a segurança no trânsito.

Tratando-se de crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa,


desde que na direção de veículo automotor. Sujeito passivo é a vítima, a
pessoa que sofre as lesões corporais.

Objeto material é o próprio sujeito passivo.

A ação típica centra-se na prática de lesão corporal de forma culposa.

O elemento subjetivo é a culpa, em suas três formas de manifestação, já


estudadas anteriormente, imprudência, negligência e imperícia.

A consumação ocorre com a efetivação das lesões corporais,


independentemente da gravidade. A maior ou menor gravidade das lesões, no
entanto, será levada em conta pelo juiz no momento de fixar a pena.

A tentativa é inviável, por se tratar de crime culposo.

O parágrafo único do art. 303 prevê aumento de pena de um terço à


metade nas mesmas hipóteses previstas no parágrafo único do art. 302, já
estudadas.

A ação penal é pública condicionada à representação do ofendido, ou de


quem o represente, como regra geral, nos termos do art. 88 da lei 9.099/95,
aplicado à espécie por força do disposto no art. 291, § 1º, do Código de
Trânsito Brasileiro.

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No entanto, nas hipóteses elencadas nos três incisos10 deste parágrafo 1º,
não mais se aplica a regra do art. 88, sendo a ação penal pública
incondicionada.

Neste caso, das três exceções, em que a ação penal é pública


incondicionada, deve ser instaurado inquérito policial.

Para o inciso I basta o estado de embriaguez, independentemente da


quantidade de álcool no sangue, pois há alusão apenas à influência do álcool
ou outra substância que determine dependência. O inciso II se relaciona com
as corridas de rua, conhecidas como “racha”, que acarretam grande risco. A
maior periculosidade da conduta também aparece no inciso III, o excesso de
velocidade.

Tudo a justificar o excepcionamento à regra geral.

2.2.3. Omissão de socorro

O crime, tal como definido no art. 304 do CTB, consiste em “deixar o


condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à
vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de
solicitar auxílio da autoridade pública”. A pena cominada é de “detenção, de
seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime
mais grave”.

Como se percebe da redação do tipo penal, refere-se ele apenas às


hipóteses em que o motorista causador do acidente não agiu culposamente.
10
“exceto se o agente estiver:I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que
determine dependência; II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística,
de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade
competente; III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinqüenta
quilômetros por hora).”

18
Porque, em havendo culpa, o delito será de homicídio culposo (art. 302), ou
lesão corporal culposa (art. 303), com a pena agravada (inciso III do parágrafo
único do art. 302, aplicável também ao delito do art. 303, por força do que
dispõe o seu parágrafo único).

A configuração do crime de omissão de socorro, tal como definido no art.


304 do Código de Trânsito Brasileiro, independe de prova da culpa do
motorista pelo acidente. Ao contrário, constitui requisito deste crime que o
motorista não tenha agido culposamente. Porque, em havendo culpa, o crime
será de lesão corporal culposa, ou homicídio culposo, com pena agravada11.

Veja-se que o legislador, na parte final da sanção cominada, manda


aplicar o princípio da subsidiariedade. A pena só será aplicada se o fato não
constituir fato mais grave (homicídio culposo ou lesão corporal culposa com
pena agravada).

O sistema impõe ao motorista envolvido em acidente de trânsito a


obrigação de prestar imediato socorro à vítima; se não puder fazê-lo por justa
causa, deve solicitar auxílio da autoridade pública.

O crime consiste exatamente no descumprimento desta obrigação. Trata-


se, assim, de crime omissivo próprio.

Duas as condutas omissivas previstas no tipo: na primeira, o agente deixa


de prestar socorro imediato à vítima, podendo fazê-lo; na segunda, o agente
deixa de solicitar auxílio da autoridade pública.

11
OMISSÃO DE SOCORRO - Agente que, ao se envolver em acidente automobilístico, que culmina com o
capotamento e morte de ocupante de outro veículo, se exime de prestar socorro à vítima, ainda que não
tenha sido demonstrada sua culpa - Configuração: - Incorre somente nas penas do art. 304 da Lei nº
9.503/97 o agente que, ao se envolver em acidente automobilístico, que culmina com o capotamento e morte
do ocupante de outro veículo, se exime de prestar socorro à vítima, ainda que não tenha sido demonstrada
sua culpa. Apelação nº 1.353.377/1 - Campinas - 11ª Câmara - Relator: Luís Soares de Mello - 16.6.2003 -
V. U. (Voto nº 8.479) (TACrim - Ementário nº 47, NOVEMBRO/2003, pág. 23)

19
Quando sejam inviáveis aquelas condutas exigidas, ou porque o agente
está muito lesionado, ou porque há risco à sua integridade física, não se há
falar no crime em questão.

Objeto jurídico da incriminação são a vida e a integridade corporal das


pessoas. Também se objetiva o dever de solidariedade às vítimas de acidentes
de trânsito.

Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, desde que envolvida em acidente
de trânsito, com vítima, na direção de veículo automotor, sem que tenha agido
com culpa no evento.

Se a omissão de socorro partir de terceira pessoa não envolvida no


acidente de trânsito, a hipótese será do art. 135 do Código Penal (omissão de
socorro).

Sujeito passivo é a pessoa que não é socorrida.

Objeto material confunde-se com o sujeito passivo.

O elemento subjetivo é o dolo genérico.

A consumação ocorre no instante em que o agente, podendo fazê-lo,


deixa de prestar socorro à vítima, ou de solicitar o auxílio da autoridade
pública. Não depende de qualquer resultado naturalístico, bastando o perigo à
vítima do acidente.

Não admite tentativa, por se tratar de crime omissivo próprio.

A ação penal é pública incondicionada.

Trata-se de infração penal de menor potencial ofensivo, pelo que


aplicável a lei 9.099, inclusive a transação penal. Porém, não é cabível a
conciliação, prevista no art. 72, porque a ação penal é pública incondicionada.

20
O parágrafo único do art. 304 estabelece que “incide nas penas previstas
neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por
terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos
leves”.

Observe-se, porém, que se a vitima é socorrida, instantaneamente, por


terceira pessoa, não haveria como o agente socorrê-la. Assim, nesta hipótese,
não incide o disposto neste parágrafo único. Somente no caso de afastar-se o
motorista do local, e ser a vítima, em conseqüência, socorrida, posteriormente,
por terceira pessoa, é que tem incidência a regra.

Também na hipótese de morte instantânea da vítima não há como se


falar, a despeito da regra acima transcrita, em omissão de socorro, que
pressupõe, obviamente, a existência de pessoa com vida.

Por último, em se tratando de ferimento leves, o crime somente ocorrerá


quando a vítima esteja, efetivamente, necessitando de socorro, como no caso
de fraturas, cortes profundos, etc.. Tendo sofrido apenas leves escoriações,
não há necessidade de socorro12.

2.2.4. Fuga do local do acidente

O crime consiste em “afastar-se o condutor do veículo do local do


acidente, para fugir á responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser
atribuída” (art. 305). A pena cominada é de detenção, de seis meses a um ano,
ou multa.

Maurício Antonio Ribeiro Lopes taxa esse crime de duvidosa


constitucionalidade, não só porque tutela obrigação expressivamente moral,

12
Cf. Victor Eduardo Rios Gonçalves, op. Cit., p. 212.

21
estranha, portanto, aos domínios do Direito Penal, como também por impor,
na prática, o dever de auto-incriminação, o que afronta o princípio do “nemo
tenetur se detegere”, ou da não auto-incriminação, ou princípio da
inexigibilidade de produção de prova contra si mesmo13.

Objeto jurídico da incriminação é a administração da justiça. De fato,


afastando-se o condutor do veículo do local do acidente impedirá a sua
identificação e a conseqüente apuração do delito. Esta conduta implica em
dificultar a ação da Justiça, tanto no campo cível, como no campo criminal.

Sujeito ativo será o condutor do veículo automotor causador do acidente


que se afastar do local do acidente.

Sujeito passivo é o Estado. Secundariamente, a vítima, prejudicada pela


conduta.

A ação típica está centrada no verbo afastar-se, ou seja, deixar o lugar do


acidente.

Além do dolo genérico, o crime exige o específico, consistente na


finalidade especial de fugir à responsabilidade penal ou civil. Se o afastamento
se dá por outra razão, como a necessidade de cuidados médicos, por exemplo,
não haverá o crime por falta do elemento subjetivo do tipo.

A consumação se dá no momento em que se ausenta do local. Trata-se de


crime formal, configurando-se mesmo na hipótese de ser o autor
posteriormente identificado.

A tentativa é possível.

A ação penal é pública incondicionada.

Trata-se de infração penal de menor potencial ofensivo.


13
Crimes de Trânsito. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 1998, p. 219.

22
2.2.5. Embriaguez ao volante

O art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro, após a alteração


introduzida pela lei 11.705, de 18/6/08, assim define este crime: “Conduzir
veículo automotor, na via pública, estando com concentração de álcool por
litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influência de
qualquer outra substância psicoativa que determine dependência”14.
Pena – detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou
proibição de obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor.
Parágrafo único – O Poder Executivo Federal estipulará a
equivalência entre distintos testes de alcoolemia, para efeito de
caracterização do crime.

O legislador penal, com esse tipo penal, transformou em crime conduta


que anteriormente configurava a contravenção penal de direção perigosa de
veículo na via pública15.

Há divergência quanto à derrogação ou não do art. 34 da Lei das


Contravenções Penais. Uma corrente sustenta que não, porque resta clara a
intenção do legislador de endurecer a repressão, razão pela qual não é possível
se falar em "abolitio criminis", situação mais benéfica, como um dos efeitos
da nova lei. A contravenção continuaria em vigor, portanto, para alcançar
situações não previstas na lei nova, como virar o veículo em alta velocidade
para ouvir o barulho dos pneus, em lugar movimentado, colocando em risco as
pessoas que estão nas proximidades. Outra corrente sustenta posição diversa,
14
Assim era a redação anterior: “Conduzir veículo automotor, na via pública, sob a influência de alcool ou
substância de efeitos análogos, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem”
15
Art. 34 da Lei das Contravenções Penais: “Dirigir veículos na via pública, ou embarcações em águas
públicas, pondo em perigo a segurança alheia”. Pena – prisão simples, de 15 dias a 3 meses, ou multa.

23
ao argumento que o Código de Trânsito Brasileiro regulou toda a matéria, do
que decorre a revogação tácita daquele art. 34 da LCP.

Na redação anterior, o tipo penal se referia a conduzir veículo, na via


pública, sob a influência do álcool ou substância de efeitos análogos,
expondo a dano potencial a incolumidade de outrem. Agora, se refere a
conduzir veículo, na via pública, estando com concentração de álcool por
litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influência
de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência.

Pergunta-se, então: trata-se de crime de perigo abstrato ou de perigo


concreto?

Prevalecia, na doutrina, ao tempo da redação originária, a opinião que se


tratava de crime de perigo concreto16. Tanto que o tipo penal, em sua parte
final, fazia referência expressa à exposição a dano potencial a incolumidade de
outrem.

No Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo, no entanto, vinha


prevalecendo a tese de que se trata de crime de perigo abstrato, desnecessária
a comprovação do dano ou risco do dano concretamente17.
16
Como assinala Luiz Flávio Gomes, “se se punisse penalmente esse agente apenas porque está sob a
influência do alcool, teríamos uma sanção que recairia sobre o modo de estar, sobre o estado subjetivo do
agente. E o Direito Penal não pode ter incidência sobre o que o age é (ou está), senão sobre o que ele faz.
Não se pode punir o agente por crime de trânsito apenas porque estava bêbado. É preciso algo mais: é
preciso que o sujeito, estando sob a influência do álcool ou outra substância, “exponha a dano potencial a
incolumidade de outrem”” (CTB: Primeiras notas interpretativas”, in Boletim IBCCRim, 61, dezembro/97,
p. 48)
17
“CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO - Art. 306 da Lei nº 9.503/97 - Motorista que dirige veículo
automotor, na via pública, sob influência de álcool - Caracterização - Comprovação do dano ou risco do
dano concretamente - Desnecessidade: - Caracteriza o crime previsto no art. 306 da Lei nº 9.503/97, a
conduta do motorista que dirige veículo automotor, na via publica, sob a influência de álcool. A embriaguez
ao volante atinge a incolumidade pública e tem a coletividade como sujeito passivo, sendo desnecessária a
comprovação do dano ou risco do dano concretamente.
Apelação nº 1.336.827/8 - Araraquara - 1ª Câmara - Relator: Massami Uyeda - 6.2.2003 - V. U. (Voto nº
8.121) (TACrim - Ementário nº 43, JULHO/2003, pág. 03)”
“CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO - Embriaguez ao volante - Agente ébrio, com concentração
alcoólica de dois gramas por litro de sangue (2,0 g/l), surpreendido na condução de veículo automotor em
velocidade excessiva e realizando manobras perigosas em via de grande movimento - Configuração: -

24
Diversa, no entanto, era a orientação do E. Superior Tribunal de Justiça18.

Victor Eduardo Rios Gonçalves sustentava que sendo um crime de


efetiva lesão a um bem jurídico (segurança do trânsito) cabia à acusação
comprovar que o agente, sob a influência do álcool, dirigiu de forma anormal,
mesmo sem expor a risco pessoa determinada19.

A situação se altera com a nova redação. Agora basta conduzir o veículo,


na via pública, estando com aquela concentração de álcool por litro de sangue,
ou sob a influência de qualquer substância psicoativa que determine
dependência. Não mais se exige uma situação de perigo efetivo à
incolumidade alheia, como dar mostras de descontrole do veículo, fazer
Inteligência: art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro.
15 - Incorre nas penas do art. 306 da Lei nº 9.503/97 o agente embriagado, com concentração alcoólica de
dois gramas por litro de sangue (2,0 g/l), surpreendido na condução de veículo automotor em velocidade
excessiva e realizando manobras perigosas em via de grande movimento, expondo, dessarte, a dano
potencial a incolumidade de outrem. (Apelação nº 1.356.249/6, Julgado em 10/06/2.003, 4ª Câmara, Relator:
Marco Nahum, RJTACRIM nº 65/47) “

18
PENAL. RECURSO ESPECIAL. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE. CRIME DE PERIGO CONCRETO.
POTENCIALIDADE LESIVA. NÃO DEMONSTRAÇÃO. SÚMULA 07/STJ.
I - O delito de embriaguez ao volante previsto no art. 306 da Lei nº 9.503/97, por ser de perigo concreto,
necessita, para a sua configuração, da demonstração da potencialidade lesiva. In casu, em momento algum
restou claro em que consistiu o perigo, razão pela qual impõe-se a absolvição do réu-recorrente
(Precedente).
II - A análise de matéria que importa em reexame de prova não pode ser objeto de apelo extremo, em face da
vedação contida na Súmula 7 – STJ (Precedente).
Recurso desprovido.
(ACÓRDÃO: RESP 608078/RS (200301810070), QUINTA TURMA, RELATOR: MINISTRO FELIX
FISCHER, FONTE: DJ DATA: 16/08/2004 PG: 00278)
EMENTA
PENAL. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE. CRIME DE PERIGO CONCRETO. DEMONSTRAÇÃO DA
POTENCIALIDADE LESIVA. INOCORRÊNCIA.
O delito de embriaguez ao volante previsto no art. 306 da Lei nº 9.503/97, por ser de perigo concreto,
necessita, para a sua configuração, da demonstração da potencialidade lesiva. In casu, em momento algum
restou claro em que consistiu o perigo, razão pela qual impõe-se a absolvição do réu-recorrente.
Recurso provido, absolvendo-se o réu-recorrente.
(RESP 515526/SP (200300453124), QUINTA TURMA, RELATOR: MINISTRO FELIX FISCHER, DJ
DATA: 19/12/2003 PG: 00598)
19
Diz ele: ““Em suma, se fosse crime de perigo abstrato, bastaria à acusação a prova da conduta (dirigir
sob a influência do álcool), hipótese em que a situação de risco seria presumida; se fosse crime de perigo
concreto, seria necessário que se provasse que pessoa certa e determinada fora exposta a situação de risco.
Acontece que, sendo crime de efetiva lesão ao bem jurídico (segurança do trânsito), pode-se concluir que
cabe à acusação demonstrar que o agente, por estar sob a influência do álcool, dirigiu de forma anormal,
ainda que sem expor a risco uma pessoa determinada” (Op. Cit., p. 214).

25
manobras arriscadas. Basta, para configuração da infração, a condução nas
condições descritas no tipo penal.

O perigo agora é presumido pela simples concentração de álcool no


sangue, ou pela influência de substância psicoativa.

No entanto, é preciso ressalvar posição moderna da doutrina que não


mais admite a existência de crime de perigo abstrato. Damásio E. de Jesus,
relativamente a esse crime do art. 306 (assim também em relação aos crimes
dos arts. 304, 307, 308, 309, 310, 311), diz que são crimes de mera conduta e
de lesão20.

O tipo penal, em sua redação atual, contempla duas condutas: a) conduzir


veículo automotor, na via pública, com concentração de álcool por litro de
sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas; b) conduzir veículo automotor,
na via pública, sob a influência de qualquer outra substância psicoativa que
determine dependência.

A ação típica está centrada no verbo “conduzir”, pelo que se pressupõe


que o veículo esteja em movimento. Não basta, pois, ligar o veículo.
Indispensável que ele seja posto em movimento. Somente assim se pode falar
que o agente o está conduzindo.

O tipo penal exige, também, que o veículo esteja sendo conduzido em via
pública. Não haverá o crime, portanto, se o fato ocorrer no interior da garagem
particular do agente, no pátio de um posto de gasolina, de um Shopping

20
Segundo ele, "não são crimes de perigo abstrato (presumido), tendo em vista que já não existem em nosso
ordenamento jurídico, fulminados pela reforma penal de 1984 e pela CF de 1988. Se entendermos que são
delitos de perigo presumido (abstrato), estaremos reconhecendo grave ofensa aos princípios constitucionais
do estado de inocência, da lesividade, da isonomia entre acusados, da igualdade de armas entre acusação e
defesa, do contraditório, da amplitude de defesa etc e, no campo penal, admitindo sério prejuízo aos dogmas
da tipicidade e da culpabilidade, proibindo a invocação do erro de tipo e de proibição, da ausência de dolo,
da irresponsabilidade criminal por resultado não provocado, da inadequação entre o fato material e os
elemento objetivos do tipo, etc;" (Crimes de Trânsito, Saraiva, 8ª ed., p. 26)

26
Center. Mas, se ocorrer em ruas internas de Condomínio fechado haverá o
crime, pois tais ruas pertencem ao poder público, nos termos da lei 6.766/79.

Exige-se, no tipo penal, relativamente ao álcool, presença de no mínimo


seis (6) decigramas de álcool por litro de sangue. Essa comprovação depende
de exames periciais. Não basta mais a simples constatação da influência do
álcool, ou da embriaguez do condutor pelo exame médico. Através de tais
procedimentos não se pode aferir o grau de concentração de álcool no sangue,
imprescindível para a caracterização da infração.

Para a caracterização da infração administrativa, nos termos do art. 277,


caput, bastam testes de alcoolemia, exames clínicos, perícia, ou outro exame
que por meios técnicos ou científicos, em aparelhos homologados pelo
CONTRAN, que permitam certificar o estado de embriaguez do condutor. Ou
então, como está no § 2º, outras provas em direito admitidas, acerca dos
notórios sinais de embriaguez, excitação ou torpor apresentados pelo
condutor.

O mesmo não ocorre com a infração penal, que exige prova da


concentração de no mínimo 6 (seis) decigramas de álcool por litro de sangue,
prova esta que exige aparelhagem especial. Não basta prova de notórios sinais
de embriaguez. Imprescindível a prova pericial, ou a documentação formal do
teste do etilômetro.

Na segunda modalidade, o texto alude a conduzir veículo em via pública


sob a influência de substância psicoativa que determine dependência.

Essa expressão legal abrange todas as substâncias, lícitas ou ilícitas, que


possam afetar o psiquismo do condutor, alterando seu reflexo, sua percepção,
sua reação.

27
Manteve-se, nesta modalidade, o critério anterior, mais elástico da mera
“influência”, sem o estabelecimento de níveis de concentração sanguínea.

Basta, para configurar essa modalidade, o exame clinico, que poderá ser
completado por outros exames toxicológicos.

Objeto jurídico é a segurança viária, no sentido de garantir a


incolumidade das pessoas. Indiretamente também se tutela a vida e a
integridade corporal das pessoas.

Sujeito ativo é o condutor do veículo.

Sujeito passivo é a coletividade, pois inexiste vítima determinada. Além


disso, é absorvido pelo crime de lesão corporal culposa (art. 303), face ao
princípio da consunção21.

A consumação ocorre no momento em que o agente passa a dirigir o


veículo. A tentativa é admissível.

O elemento subjetivo é o dolo genérico.

A ação penal é pública incondicionada.

A transação penal não é aplicável a este crime22.

21
RHC. CONCURSO DE CRIMES. ARTS. 303 E 306 DO CÓDIGO DE TRÂNSITO.
EMBRIAGUEZ AO VOLANTE (ART. 306 DO CTB) SUBSISTENTE. AÇÃO PENAL PÚBLICA.
PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. NÃO APLICABILIDADE.
O crime de embriaguez ao volante, definido no art. 306 do CTB, é de ação penal pública incondicionada,
dado o caráter coletivo do bem jurídico tutelado (segurança viária), bem como a inexistência de vítima
determinada.
No princípio da consunção o crime mais leve é absorvido pelo mais grave e não o contrário.
Recurso desprovido.
(RHC 13729/MG (200201613584), QUINTA TURMA, RELATOR: MINISTRO JOSÉ ARNALDO DA
FONSECA, FONTE: DJ DATA: 01/09/2003 PG: 00301 )

22
RECURSO ESPECIAL. CRIMES DE TRÂNSITO. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE.
COMPETÊNCIA. JUSTIÇA COMUM. LEI 10.259/01. MENOR POTENCIAL OFENSIVO.
ALTERAÇÃO DO LIMITE DA PENA MÁXIMA PARA DOIS ANOS. IMPOSSIBILIDADE DE TRANSAÇÃO
PENAL. ART. 291, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI N.º 9.503/97.
1. Com o advento da Lei n.º 10.259/01, em obediência ao princípio da isonomia, o rol dos crimes de menor
potencial ofensivo foi ampliado, porquanto o limite da pena máxima foi alterado para 02 anos.

28
2.2.5.1. Aspecto administrativo da embriaguez ao volante

Conforme estabelecia o art. 165 do Código Brasileiro de Trânsito, em


sua redação originária, constituía infração gravíssima “Dirigir sob a
influência de álcool, em nível superior a seis decigramas por litro de sangue,
ou de qualquer substância entorpecente ou que determine dependência física
ou psíquica”, punida com multa e suspensão do direito de dirigir.
Com a lei 11.705/08, esse dispositivo recebeu nova redação: “Dirigir
sob a influência do álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que
determine dependência”. A infração continuou sendo gravíssima, punida com
multa e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses. Além disso,
estipulou-se a medida administrativa de retenção do veículo até a
apresentação de condutor habilitado e recolhimento do documento de
habilitação.
Instituiu-se a política de tolerância zero, não mais se exigindo
determinada concentração de álcool por litro de sangue, como na redação
originária. Para configurar a infração administrativa basta dirigir sob
influência do álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine
dependência.
Completando, alterou-se também a redação do art. 27623, prevendo-se
agora que qualquer concentração de álcool por litro de sangue sujeita o
condutor às penalidades previstas no art. 165.
2. Aplica-se o art. 291, parágrafo único, da Lei n.º 9.503/97 quando for cabível o instituto ao caso concreto.
In casu, não é aplicável a transação penal, pois o crime de embriaguez ao volante não é considerado crime
de menor potencial ofensivo, pois a sua pena máxima é três anos.
3. Recurso não conhecido.
(RESP 356301/GO (200101387965), QUINTA TURMA, RELATOR: MINISTRO LAURITA VAZ, FONTE:
DJ DATA: 05/04/2004 PG: 00304 )
23
Em sua redação originária o texto estabelecia que “a concentração de seis decigramas de álcool por litro de
sangue comprova que o condutor se acha impedido de dirigir veículo automotor”..

29
O parágrafo único deste artigo prevê que “Órgão do Poder Executivo
federal disciplinará as margens de tolerância para casos específicos”.
O decreto n. 6488/08 cuidando da questão, reafirma, em seu art. 1º, a
implantação da “tolerância zero” para a infração administrativa, determinando
que aquelas margens de tolerância para casos específicos sejam definidas em
Resolução do Contran a ser expedida de acordo com proposta formulada pelo
Ministério da Saúde.
No entanto, os §§ 2º e 3º deste art. 1º, estabelece provisoriamente, até a
normatização pelo Contran, que a margem de tolerância será de “duas
decigramas por litro de sangue para todos os casos”, ou de “um décimo de
miligrama por litro de ar expelido dos pulmões”, em caso de aferição por
etilômetro.
Por sua vez, o art. 277 estabelece que “todo condutor de veículo
automotor, envolvido em acidente de trânsito ou que for alvo de fiscalização
de trânsito, sob suspeita de haver excedido os limites previstos no artigo
anterior, será submetido a testes de alcoolemia, exames clínicos, perícia, ou
outro exame que por meios técnicos ou científicos, em aparelhos
homologados pelo CONTRAN, permitam certificar seu estado”.
Foram acrescentados dois parágrafos a esse art. 277. O § 2º está assim
redigido: “A infração prevista no art. 165 deste Código poderá ser
caracterizada pelo agente de trânsito mediante a obtenção de outras provas
em direito admitidas, acerca dos notórios sinais de embriaguez, excitação ou
torpor apresentados pelo condutor”. O § 3º, por seu turno, estabelece: “Serão
aplicadas as penalidades e medidas administrativas estabelecidas no art. 165
deste Código ao condutor que se recusar a se submeter a qualquer dos
procedimentos previstos no caput deste artigo”.

30
Assim, constitui infração administrativa o simples dirigir sob a
influência de álcool (qualquer que seja sua concentração no sangue) ou de
qualquer outra substância psicoativa que determine dependência. A pena
cominada é de multa (cinco vezes) e suspensão do direito de dirigir por doze
meses. O condutor se sujeita, ainda, à medida administrativa de retenção do
veículo.
Além disso, sempre que houver suspeita de estar o condutor, quando
envolvido em acidente de trânsito, ou abordado em fiscalização de trânsito,
sob a influência do álcool ou de substância psicoativa que determine
dependência, será submetido a testes de alcoolemia, exames clínicos, perícia,
ou outro exame que por meios técnicos ou científicos, em aparelhos
homologados pelo CONTRAN, permitam certificar seu estado.
Se houver recusa a submeter-se a qualquer desses exames o condutor se
sujeita às penalidades previstas no art. 165, ou seja, multa (cinco vezes),
suspensão do direito de dirigir por doze meses, e apreensão do veículo.
Essa regra é de manifesta inconstitucionalidade. Em realidade, o
legislador está criando uma nova infração administrativa “sui generis”. Está
equiparando a negativa de submissão àqueles testes e exames à infração
administrativa do art. 165 do Código de Trânsito Brasileiro.
Com isso, ofende o princípio da presunção de inocência, consagrado na
Constituição Federal de 1.988, em seu art. 5º, LVII24.
A equiparação da negativa à submissão dos exames à infração
administrativa do art. 165 do CTB (embriaguez ao volante) acarreta presunção
que o condutor estava sob o efeito de álcool. Invertem-se os valores. Ao invés
de se presumir a inocência do motorista, presume-se sua culpa em decorrência
do fato de se negar a submeter-se àqueles exames.
24
“Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença
penal condenatória”

31
Há violação, também, do princípio “nemo tenetur se detegere”, ou da
não auto-incriminação, ou princípio da inexigibilidade de produção de prova
contra si mesmo.
Antonio Magalhães Gomes Filho, citado por Alexandre de Moraes,
afirma que “o direito à não-incriminação constitui uma barreira
intransponível ao direito à prova de acusação; sua denegação, sob qualquer
disfarce, representará um indesejável retorno às formas mais abomináveis da
repressão, comprometendo o caráter ético-político do processo e a própria
correção no exercício da função jurisdicional” (Constituição do Brasil
Interpretada, Ed. Atlas, p. 400).
Se a Constituição Federal assegura o direito de não fazer prova contra si
mesmo, como punir a pessoa por exercer tal direito?
Viola-se, com os dispositivos citados, também o princípio da
proporcionalidade ou da proibição de excesso, que a doutrina, de forma
unânime, considera consagrado na Constituição Federal.
Outrossim, expressões do princípio da proibição de excesso (tomado,
neste passo, com limitador do poder normativo do Estado) são os princípios de
adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito. Porque o
próprio princípio de proibição de excesso pode ser tido como de
proporcionalidade em sentido amplo.
O princípio de adequação exige que toda e qualquer punição, seja ela de
caráter penal, seja de caráter administrativo, apenas possa ser aquela apta para
a tutela do bem jurídico e que a medida adotada seja também adequada à
finalidade perseguida.
O princípio da necessidade, por sua vez, estabelece que as punições
somente sejam aplicadas quando necessárias.

32
Por último, o princípio da proporcionalidade em sentido estrito obriga a
ponderar a gravidade da conduta, o objeto da tutela, e a conseqüência
jurídica.
O princípio dirige-se tanto ao legislador, quando da elaboração da
norma, como ao juiz, no momento de impor a sanção.

Ora, não se podem dizer adequadas, necessárias e proporcionais aquelas


penalidades em relação ao motorista que seja surpreendido “com qualquer
concentração de álcool por litro de sangue” (art. 276, caput).

Estarão sujeitos à mesma pena, nos termos da legislação em causa, tanto


os motoristas que forem surpreendidos dirigindo completamente
embriagados, como aqueles que tiverem ingerido pequena dose, com o
perfeito domínio de seus reflexos, sem representar qualquer perigo ao trânsito.
Como se observa, com as alterações introduzidas pela lei n. 11705/08 no
Código de Trânsito Brasileiro inverteram-se os papeis. Agora, na seara
administrativa o legislador é mais rigoroso, impondo a “tolerância zero”,
bastando dirigir com qualquer quantidade de álcool por litro de sangue. Já na
seara penal diminuiu o rigor, abolindo-se a “tolerância zero”, passando-se a
exigir, para a tipificação do delito, a concentração de seis decigramas ou mais
de álcool por litro de sangue. Na redação originária a situação era inversa.
Exigia-se a concentração de seis decigramas de álcool por litro de sangue para
a infração administrativa, e para a infração penal bastava dirigir sob a
influência do álcool.

2.2.6. Violação da suspensão ou proibição imposta

Nos termos do art. 307 do CTB, constitui crime “violar a suspensão ou a


proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo

33
automotor imposta com fundamento neste Código”. A pena é de “detenção, de
seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo
de suspensão ou de proibição”.

A penalidade de suspensão da permissão ou da habilitação pode ser


imposta judicial ou administrativamente. A imposição judicial se dá na
sentença condenatória por crime de trânsito. A administrativa por decisão
fundamentada da autoridade de trânsito, em procedimento específico, com
garantia de ampla defesa ao infrator, quando este atingir vinte pontos em seu
prontuário.

Já a penalidade de proibição, que pressupõe que o agente não esteja ainda


autorizado ou habilitado, somente é aplicável judicialmente.

Pois bem, o tipo penal se refere exatamente ao descumprimento de tais


penalidades.

A objetividade jurídica, portanto, é a necessidade de respeito às


penalidades impostas, com base no Código de Trânsito Brasileiro, judicial ou
administrativamente.

A ação típica, centrada no verbo “violar”, consiste em dirigir veículo


automotor durante o período de proibição ou suspensão.

Trata-se de crime formal, que se caracteriza pelo simples fato de dirigir


veículo automotor durante o período de suspensão ou proibição. Não se exige,
pois, que a conduta implique em qualquer risco a quem quer que seja. Basta a
desobediência à penalidade imposta.

Sujeito ativo é o motorista suspenso ou proibido de dirigir. Trata-se,


assim, de crime próprio.

Sujeito passivo é o Estado.

34
O crime se consuma no momento em que o veículo automotor é posto em
movimento pela pessoa sujeita à suspensão ou proibição do direito de dirigir.

A tentativa é possível, como na hipótese da pessoa dar a partida no


veículo sendo impedida de movimentá-lo por circunstância alheia à sua
vontade, como a chegada de alguém que o impede de prosseguir.

O elemento subjetivo é o dolo genérico.

A ação penal é pública incondicionada.

2.2.7. Omissão na entrega da permissão ou habilitação

O parágrafo único do art. 307 também incrimina, com as mesmas penas


do caput, “o condenado que deixa de entregar, no prazo estabelecido no § 1º
do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação”.

Quando é imposta a penalidade de suspensão, o motorista é intimado a


entregar à autoridade judiciária, em 48 horas, a Permissão para Dirigir, ou a
Carteira de Habilitação.

O descumprimento dessa ordem judicial implica na configuração deste


crime do parágrafo único do art. 307.

Como o texto legal fala em “condenado”, e se refere expressamente ao


art. 293, § 1º, do Código de Trânsito Nacional, que por sua vez alude a trânsito
em julgado da sentença condenatória, parece claro que o crime somente ocorre
quando a entrega não se dá em obediência a ordem judicial.

Assim, se a penalidade de suspensão tiver sido aplicada


administrativamente, mesmo sendo intimado o condutor a entregar a

35
permissão ou a habilitação, o descumprimento desta ordem não configura o
crime em questão.

2.2.8. Participação em competição não autorizada

O crime, mais conhecido como racha, como descrito no art. 308, consiste
em “participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida,
disputa ou competição automobilística não autorizada pela autoridade
competente, desde que resulte dano potencial à incolumidade pública ou
privada”. A pena cominada é de detenção, de seis meses a dois anos, multa e
suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir
veículo automotor.

Aqui também o legislador, preocupado com o elevado número de vítimas


de acidentes de trânsito nos conhecidos “rachas”, houve por bem incriminar,
de forma específica, esta conduta, que se incluía na contravenção de direção
perigosa.

O que se tutela, com a incriminação, é a segurança viária.

Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa que participe, na direção de


veículo automotor, da corrida em via pública. Sendo vários os participantes,
haverá concurso necessário, respondendo todos pela figura penal. Os
espectadores, desde que contribuam, de alguma forma, para a prática, serão
partícipes (art. 29 do CP).

Sujeito passivo a coletividade, em nome da qual se faz a incriminação.

A ação típica está centrada no verbo participar. Assim, é preciso que o


agente se envolva na disputa, estando na direção de veículo automotor.

36
O tipo penal se refere a disputa, corrida ou competição, pretendendo
abranger as variadas formas de conduta, a saber, tomada de tempo entre vários
veículos, disputa de acrobacias, etc.

Para que o fato configure crime é preciso que ocorra em via pública; que
não haja autorização das autoridades competentes; e que ocorra dano potencial
à incolumidade pública ou privada.

A consumação ocorre no momento em que se dá a participação do agente


na corrida, disputa ou competição automobilística. A tentativa não é possível.

O elemento subjetivo é o dolo genérico.

Se durante a disputa ocorre acidente com a morte de alguém o crime em


estudo será absorvido pelo homicídio culposo.

2.2.9. Direção de veículo sem permissão ou habilitação

Nos termos do art. 309, o crime consiste em “dirigir veículo automotor,


em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou,
ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano”. A pena
cominada é de detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

A direção de veículo automotor sem habilitação era prevista como


contravenção penal no art. 32 da lei respectiva25. Agora, foi elevada à
categoria de crime, com alterações de seus requisitos.

O que se tutela com a incriminação é segurança do trânsito, a


incolumidade pública no trânsito.

25
Art. 32 – Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na via pública, ou embarcação a motor em águas
públicas.

37
O tipo penal está centrado no verbo “dirigir”, que significa conduzir o
veículo automotor. O fato deve ocorrer em via pública. Exige-se, também, que
o condutor não tenha nem Permissão para Dirigir, nem Habilitação para
Dirigir; ou então não tenha sido cassado o seu direito de dirigir. Por último,
exige-se que do fato resulte perigo de dano.

Importa é o momento em que o agente é flagrado dirigindo. De todo


irrelevante que em momento posterior venha ele a obter a Permissão ou
mesmo a Carteira de Habilitação.

E se o condutor estiver com sua habilitação vencida? Como o art. 162, V,


somente define como infração administrativa a direção “com validade da
Carteira Nacional de Habilitação vencida há mais de trinta dias”, parece-nos
que enquanto neste prazo não se há falar na configuração do crime.

Se o próprio Código exige, para a infração administrativa, que o


vencimento tenha ocorrido há mais de trinta dias, é porque admite a
possibilidade de se continuar dirigindo enquanto não decorrido esse prazo do
vencimento da habilitação.

E se o motorista for surpreendido, após esse prazo de trinta dias,


dirigindo com a CNH vencida?

Entendemos que o fato será atípico. É que o objeto jurídico tutelado com
a incriminação do art. 309 é a incolumidade pública no trânsito. Ora, se o
motorista já deu mostras de sua habilitação para dirigir, o fato de estar com a
CNH vencida constitui mera infração administrativa, punível também
administrativamente, de vez que sua conduta não coloca em risco a

38
incolumidade pública. O condutor, repita-se, é habilitado. Apenas está com
sua carteira de habilitação vencida26.

Estando o motorista com a Permissão ou Habilitação suspensa, a conduta


tipificará o crime do art. 307. Até porque o tipo do art. 309 somente se refere á
hipótese de cassação do direito de dirigir.

O que configura o crime é dirigir sem estar habilitado. A simples


ausência do porte do documento não caracteriza o crime, mas sim infração
administrativa.

E se, ao ser surpreendido na direção do veículo automotor o agente já


havia sido aprovado no exame, embora ainda não expedida a Habilitação?

Cremos que o fato será atípico, pois o agente tem habilitação reconhecida
pelo Estado, por força da aprovação no exame respectivo, faltando apenas a
formalização dessa habilitação. Mas a questão não é pacífica.

E a direção de veículo ciclomotor sem habilitação, configura esse crime?

O art. 141 do CTB não exige habilitação para dirigir ciclomotores27, mas
apenas autorização. Ora, se assim é, não haverá o crime, pois o tipo penal
alude à ausência de Permissão ou Habilitação. Não se refere à ausência de
autorização.

Trata-se de crime de perigo abstrato ou perigo concreto? Ou crime de


dano?

Há quem sustente que se trata de crime de perigo concreto, pelo que se


exige que pessoa determinada seja exposta a risco em face da conduta do

26
Nesse sentido decisão do Superior Tribunal de Justiça, por sua 5ª Turma, no REsp. 1.183.333, rel. o Min.
Gilson Dipp.
27
O Anexo I do CTB define ciclomotor como “veículo de duas ou três rodas, provido de um motor de
combustão interna, cuja cilidrada não exceda a cinqüenta centímetros cúbicos (3.05 polegadas cúbicas) e
cuja velocidade máxima de fabricação não exceda a cinqüenta quilômetros por hora”.

39
agente. Outros sustentam que a hipótese é de crime de perigo abstrato,
bastando a direção sem habilitação, presumindo-se o perigo. A posição
majoritária, no entanto, sustenta que se trata de crime de dano ao bem jurídico
“segurança no trânsito”. Conduzindo sem habilitação, e de forma anormal, o
sujeito ativo viola a expectativa mínima de segurança no trânsito. Há, pois, um
dano efetivo ao bem jurídico tutelado. Não se há falar, portanto, em perigo
concreto, porque o bem jurídico tutelado com a incriminação é coletivo, e não
individual.

Mas é indispensável que, além de não estar habilitado, ou estar com o


direito de dirigir cassado, o agente conduza o veículo de forma anormal28.
Porque somente assim estará “gerando perigo de dano”, como exige a parte
final do tipo.

Dirigir com o exame médico vencido configura simples infração


administrativa, não configurando o crime em estudo.

Houve ou não derrogação do art. 32 da Lei das Contravenções Penais?

Depois de alguma divergência doutrinária, o Supremo Tribunal Federal


editou a súmula n. 720 no sentido de que “o art. 309 do Código de Trânsito
Brasileiro, que reclama decorra do fato perigo de dano, derrogou o artigo 32
da Lei das Contravenções Penais no tocante à direção sem habilitação em
vias terrestres”.

Subsiste, no entanto, a incriminação do art. 32 quando à direção não


habilitada de embarcações a motor em águas públicas.

Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. O sujeito passivo é o Estado.

28
Como salientam Gustavo Octaviano Diniz Junqueira e Paulo Henrique Aranda Fuller, “o sujeito conduz o
veículo de forma anormal quando emprega excesso de velocidade ao ultrapassar obstáculos, ultrapassa sinal
vermelho, via preferencial, ainda em “zigue-zague”...” (Legislação Penal Especial, Siciliano Jurídico, 2004,
p. 106.

40
O elemento subjetivo é o dolo genérico.

A consumação ocorre com o ato de dirigir. Não admite tentativa.

A ação penal é pública incondicionada.

O crime em estudo é absorvido pelo homicídio culposo, ou pela lesão


corporal culposa, quando há morte ou lesão corporal, eis que é causa de
especial aumento de pena nesses dois crimes de trânsito.

Porém, como fica a questão na hipótese de não oferecer a vítima, na lesão


corporal culposa, a necessária representação para a ação penal? Subsiste ou
não, de forma autônoma, o crime de direção sem habilitação?

Embora a questão não seja pacífica29, entendo que sim, porque a absorção
decorre da necessidade de se evitar o “bis in idem”. Desta forma, tornando-se
inviável a punição pelo todo por questão processual, deve subsistir a norma
meio, porque desapareceu a causa da absorção (consunção).

2.2.10. Entrega de veículo a pessoa não habilitada

Constitui crime, punido com detenção, de seis meses a um ano, ou multa,


“permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não
habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou,
ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez,
não esteja em condições de conduzi-lo com segurança” (art. 310).

O tipo penal, tal como descrito no art. 310, é claramente de perigo


abstrato. O simples entregar a direção do veículo a pessoa não habilitada não
expõe a perigo qualquer bem jurídico. Além disso, o simples fato de dirigir
sem habilitação (art. 32 da LCP) não tem mais qualquer relevo. Em vista
29
O Supremo Tribunal Federal, no HC 80303, rel. o Min. Celso de Melo, decidiu em sentido contrário.

41
disso, como a simples consideração para essa conduta pode ser considerada
criminosa, parece-nos, em conseqüência, que a disposição é de manifesta
inconstitucionalidade.

Porém, não é o que tem prevalecido, pois há vários julgados aplicando o


tipo.

Permitir (=consentir), confiar (=entregar em confiança) ou entregar


(=passar às mãos de alguém) a direção de veículo automotor (conceito já
estudado) a: a) pessoa não habilitada; b) pessoa com habilitação cassada; c)
pessoa com o direito de dirigir suspenso; d) pessoa que pelo seu estado de
saúde, física ou mental, não esteja em condições de dirigi-lo em segurança; e)
pessoa que por embriaguez não esteja em condições de dirigi-lo em segurança.

Essa a conduta típica. O que se tutela com ela é a segurança do trânsito.

Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Sujeito passivo é a coletividade.

Objeto material é o veículo automotor.

O crime é eminentemente doloso. Indispensável, pois, que o sujeito ativo


tenha consciência que está entregando o veículo a pessoa nas condições
previstas no tipo.

Não há modalidade culposa.

A consumação, pela descrição típica, ocorreria no momento em que o


veículo é entregue a uma daquelas pessoas. No entanto, tem prevalecido que a
consumação somente ocorre com a efetiva utilização do veículo por aquele a
quem foi entregue.

A tentativa é possível.

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2.2.11. Excesso de velocidade em determinados locais

O crime, na formulação do art. 311, consiste em “trafegar em velocidade


incompatível com a segurança nas proximidades de escolas, hospitais,
estações de embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos,
ou onde haja grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando
perigo de dano”. A pena é de detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

2.2.12. Fraude no procedimento apuratório

O art. 312 incrimina a conduta consistente em “inovar artificiosamente,


em caso de acidente automobilístico com vítima, na pendência do respectivo
procedimento policial preparatório, inquérito policial ou processo penal, o
estado do lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir a erro o agente
policial, o perito ou juiz”. A pena prevista é de detenção, de seis meses a um
ano, ou multa.

O parágrafo único manda aplicar o disposto no caput, ainda que não


iniciados, quando da inovação, o procedimento preparatório, o inquérito ou o
processo aos quais se refere.

43

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