Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Marcela Benvegnu
Em outra parte, fruto do interesse dos brancos por liquidar os ritos e formas
folclóricas, os negros só tiveram recursos para expandir os seus costumes religiosos
a partir do surgimento do cristianismo protestante dos brancos que foram se
convertendo em expressões próprias e particulares. Essas cerimônias surgiram
como uma forma de musicais, que foram muito importantes nos Estados Unidos,
onde o canto acompanhava os movimentos rítmicos.
Uma outra grande influência nas manifestações de origem negra veio direto da
música e da dança branca, mais propriamente da música popular de raiz européia.
Assim, pelo que parece claro a influência se deu por via de imitação, as polcas,
quadrilhas, marchas, danças irlandesas, bailes ingleses como o clog, começaram a
se misturar com danças autônomas para dar lugar ao que conhecemos como jazz.
Se bem que foram os negros que entretiam seus amos que elevaram as mudanças
da dança africana transformando-a em jazz, mas foram os brancos que começaram
a dançá-la primeiro em lugares abertos.
Hoje, ele vem sofrendo uma perda de referenciais, os grandes nomes brasileiros
que “ontem” dominavam o estilo hoje enveredaram para a dança contemporânea,
muitos coreógrafos sofrem carência de atualização de linguagem e estilo. Nos
festivais ainda vemos alguns trabalhos que podemos chamar de “jazz dance” e
outros que mesmo inseridos nessa categoria não apresentam as principais
características da dança.
A dança vai além de sua função artística, ela desenvolve a psicomotricidade (cognitivo, físico
e afetivo), ajudando na educação; e auxilia no tratamento e prevenção de doenças, isto é,
ela é “sinônimo” de saúde. Fazendo, assim, parte não só da área de arte, mas também da
área de educação e de saúde. Dentro da área de educação, a dança criativa ou educativa
propícia aos alunos, segundo Débora Barreto, o auto-conhecimento; as vivências de
corporeidade; relacionamentos estéticos com outras pessoas e com o mundo; incentiva a
expressividade artística e humana; libera a imaginação, a criatividade; sendo uma forma de
comunicação e de conhecimento, ajudando na formação dos cidadãos. A dança integra corpo
e mente, trazendo aos alunos relações entre o mundo à sua volta e entre o mundo que
existe dentro si.
Na área de saúde a dança pode ajudar em várias situações, tanto na parte física quanto na
emocional. Dentro dos seus benefícios estão o controle de peso, aumento da força muscular,
fortalecimento do tecido cognitivo, aumento da flexibilidade, diminuição da pressão arterial e
dos batimentos cardíacos, aumento da ventilação pulmonar, diminuição do estresse e da
ansiedade, melhora da tensão muscular e insônia, melhora da auto-estima, da coordenação
motora; do ritmo; do raciocínio; da convivência social; da criatividade; dentre outros fatores
que ajudam o indivíduo a levar uma vida mais saudável.
A dança como arte, seja qual for seu estilo, traz ao público além de lazer, uma nova forma
de ver a vida, o mundo real e o mundo irreal; traz ao espectador o quê as palavras não são
capazes de dizer e o quê somos capaz de sentir; a dança em si tem o poder de criar um
mundo diferente na mente de cada espectador, e este mundo é capaz de gerar novas
informações e conhecimentos para uma vida. Não importa qual o estilo, se ela ta na escola,
na rua ou no teatro, a DANÇA faz parte de nossas vidas; e se prestarmos um pouco mais de
atenção nela e nos seus profissionais, veremos que sua contribuição saí de dentro das
paredes de uma sala de aula e ultrapassa as linhas de um palco, levando para a sociedade
uma contribuição infinita e de grande valor.
REFERÊNCIAS:
BAIAK, M. L. Porque ensinar dança na escola? Artigo publicado no site
www.conexaodanca.art.br em 2005;
no Jornal Dança Brasil em junho/2007 e no Guia Escolas Dança 2007, DB editora. FOSS, M;
KETEMAN, S. Bases fisiológicas do exercício e do esporte. 6 ed. Fox: São Paulo, 2002.
GOLEMAN, D. Inteligência emocional – a teoria revolucionária que redefine o que é ser
inteligente. Trad. de Marcos Santarrita. 75ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.
1. INTRODUÇÃO
A dança é muito mais que uma simples prática corporal, é arte, forma de linguagem, de
comunicação e celebração. A dança sempre esteve enraizada em diversos aspectos sociais:
morte, guerra, religião, comemoração, amor, etc., tornado-se um modo de viver, onde o
homem afirmar-se e relaciona-se perante a comunidade, não sendo diferente com a dança
jazz. A dança não se apresenta apenas como uma prática, e sim como uma arte onde uma
linguagem, os profissionais e professores da área da dança devem estar engajados em
transmitir aos seus alunos toda a cultura relacionada a modalidade que está sendo
trabalhada. Tendo em vista que a dança muitas vezes está incluída na formação de artistas,
como em outras formas de arte, o conhecimento histórico, cultural e social faz parte desta
formação.
O presente estudo visa a contribuição para que hajam mais pesquisas sobre a dança jazz,
tendo em vista que grande parte dos estudos relacionados a esta arte encontram-se na
língua inglesa, e desta maneira enriquecer e preservar a história desta arte, auxiliando o
trabalho de professores e demais profissionais da área da dança. Enquadra-se como
pesquisa analítica histórica, (THOMAS;NELSON, 2002), e pesquisa bibliográfica e
documental, por utilizar como fonte de dados, livros, artigos e vídeos( GIL, 2002).
Este estudo delimitou-se em pesquisar histórica nos Estados Unidos, por ser considerado o
berço da dança jazz. Consta, que neste país ocorreu o grande desenvolvimento e
popularização desta linguagem. A coleta de dados foi realizada através de pesquisa teórica
documentos portadores de dados e informações como: livros, artigos e gravações de vídeos
e filmes, tais materiais foram encontrados em bibliotecas, livrarias e/ou acervos pessoais. As
fontes bibliográficas de língua estrangeira foram traduzidos para a coleta das informações
necessárias e os vídeos assistidos retirando-se as informações relevantes. Em seguida houve
a verificação de equivalência entre as informações contidas nas fontes. A análise foi focada
na observação dos seguintes itens: influência e contribuição das danças africanas no
movimento e ritmo adotados pela dança jazz, na origem da dança jazz nos Estados Unidos,
na popularização da dança jazz através do cinema musical, nas principais personalidades,
como!
bailarinos e coreógrafos que participaram com destaque da história desta modalidade e na
ilustração de elementos técnicos que compõem as movimentações da dança jazz como
modalidade específica de dança.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para Garcia e Hass, (2003, p.65) “Desde que existe o homem, existe a dança”. Através de
figuras dançantes gravadas em cavernas foi possível observar que a dança pré-histórica era
utilizada como ritual sagrado para pedir chuvas, fertilidade, cura para as doenças,
homenagear deuses e como ritual social . Assim como as demais danças pré-históricas, as
danças africanas eram utilizadas em rituais de celebração (ELLMERICH,1988). As danças
africanas caracterizam-se pela polirritmia de movimentos, diversas partes do corpo seguem
padrões diferentes durante a dança, onde a movimentação da cabeça e tronco é muito
marcante, além dos movimentos ondulatórios da pelve.
Segundo Sanderson, (1935) na África cada tribo tinha suas crenças, seus rituais e também
suas danças, sendo que cada uma destas danças eram compostas por características
próprias como ritmos e movimentações, porém uma característica sempre foi comum a todas
elas: a utilização de quase todas, senão de todas as partes do corpo, principalmente do
tronco, da pelve e das mãos. A complexidade do ritmo também era uma característica
marcante nas danças africanas, onde além dos próprios pés, alguns instrumentos como
tambores eram utilizados para a marcação do tempo.
O comércio de escravos em torno de 1619, foi o grande “transportador” da cultura africana
para países da Europa e América do Norte, tanto na dança quanto na música. Durante a
trajetória dos navios pelo oceano Atlântico, as diferentes tribos africanas se encontravam e
acabavam por misturar seus costumes. Quando os navios chegavam a seus destinos a dança
era uma das principais formas dos escravos demonstrarem força e boa saúde, começando
neste ponto a percepção das danças africanas pelos Europeus e Norte Americanos. Como
escravos, os negros africanos cantavam enquanto trabalhavam e dançavam enquanto
descansavam. Como as leis de escravidão proibiam os negros de tocarem seus tambores eles
utilizavam instrumentos de danças folclóricas brancas, além das próprias mãos e pés para
marcar o ritmo e o tempo de suas danças, na tentativa de manter vivas as suas tradições.
Após tornarem-se livres os escravos resgataram ainda mais suas danças, músicas, costumes
e tradições (STEARNS,1968).
A religião foi um ponto crucial nesta miscigenação de culturas, a pregação do cristianismo e
principalmente do catolicismo foi bastante acentuada neste período. Os negros freqüentavam
as igrejas e tentavam reproduzir as melodias aprendidas durante as cerimônias, já que as
melodias brancas podiam ser cantadas livremente, estas canções eram acompanhadas por
instrumentos africanos, como tambores e também por pianos e cornetas.
Marshall & Stearns, (1968), apresentam seis características que evidenciam a influência e a
contribuição das danças africanas na dança jazz: a predominância dos pés nus,
primeiramente, e com sapatos leves, posteriormente, modificando os estilos de danças
européias que predominavam batidas fortes no chão com tamancos pesados, passando-se
para passos leves e arrastados; os joelhos flexionados, a posição ereta e alongada é
característica das danças européias; a utilização de movimentos similares aos de animais é
quase que exclusivamente africana, formando um amplo repertório de movimentos naturais;
a improvisação e a liberdade de movimentos, além do uso de expressões corporais
individuais; a explosão de movimentos executando-se contrações e expansões,
desmembramento durante os movimentos: os membros inferiores movimentam-se a partir
da pelve e não dos tornozelos como nas danças européias, e os membros superiores a partir
dos ombros e não das mãos e o swing, ou seja o balanço, l!
igando as diversas movimentações durante a dança.
No início século XIX grande parte dos negros, trabalhavam em plantações, e nestes locais
ocorriam festividades envolvendo danças, nesta fase pode-se dizer que eram danças
americanas, pois a grande maioria dos negros já não eram mais puramente africanos, mas
sim mestiços, ou seja norte americanos. Após a Guerra Civil, os negros migraram do sul para
o norte do país. Nesta fase surgiram os Minstrel Shows, aparecendo em larga escala em
1843 e atingindo maior popularização no início do século XX (TOOD,1950).
Os Minstrel Shows apresentavam um humor essencialmente afro-americano eram encenados
por Black- faces, ou seja brancos com os rostos pintados de preto e uma espécie de tinta
vermelha nos lábios para dar um tom ainda mais humorístico. (MARTÍNEZ, 1999). No início
os black-faces imitavam as danças dos negros, porém à medida que foram adquirindo um
perfil mais profissional, as performances procuravam apresentar o negro mais como ser
humano, e não somente como personagem satírico. As movimentações utilizadas eram
baseadas em elementos trazidos da África para a América, iniciando em círculos , semi-
círculos ou mesmo em linha reta, com acompanhamento de palmas. Melodias eram cantadas
pelos próprios personagens, com o acompanhamento de novos estilos de músicas
americanas e a percussão do banjo (TOOD, 1950). Apesar da predominância dos black-faces,
alguns dançarinos negros também participavam dos Minstrel Shows e muitos deles tiveram
tanto mérito quanto os brancos, William Henry Lane!
foi um deles, conhecido no teatro simplesmente como Juba.
Com o crescimento das cidades a indústria do entretenimento também se expandiu. Na
metade do século XIX é criado o café-concerto, ou concert salloon, com a idéia de promover
espetáculos para o público. Com o tempo ocorreu aos empresários a idéia de refinar estes
espetáculos e apresenta-los em teatros, para que toda a sociedade pudesse ter acesso,
estava criado o Vaudeville, ou Teatro de Variedades, e nestes espetáculos as novas danças,
ou seja o jazz era muito bem vindo, e os negros que o dançavam também
(ANTOLOGIA...,1980). O Jazz apareceu de forma lenta nos shows da Broadway, considerado
o maior centro cultural dos Estados Unidos no final do século XIX. Os críticos da época
comentavam muito sobre estas novas danças e estes comentários estavam sempre
relacionados às palavras “vulgar” e “grotesco”, principalmente quando escreviam sobre os
movimentos de quadril, porém o público era cada vez maior e quanto mais vulgar o show era
considerado pela sociedade, maior era também su!
a audiência (KISLAN, 1987).
No início alguns dançarinos negros eram incluídos em shows produzidos por branco e os
shows da Broadway eram dominados pelos modelos europeus, quando os negros começaram
a ser incluídos nos shows foram praticamente forçados a adotarem estereótipos similares aos
dos Minstrels, então a Comédia Musical foi o caminho utilizado pelos negros para demonstrar
seu talento, uma mistura de comédia exagerada americana com as óperas cômicas
britânicas. O ano de 1897 foi brilhante para os negros no quesito entretenimento, neste
período muitas comédias musicais foram estreadas e diversos grupos ficaram famosos nesta
década, principalmente Bert e Williams. Nesta fase houve a popularização do Cakewalk nos
shows musicais. Em 1898 Bob Cole produziu seu primeiro show chamado A Trip to
Coontown, é considerado como a primeira comédia musical negra, por ser totalmente criada
e encenada por artistas negros, era uma peça baseada nos modelos europeus, porém em
todos os momentos o cakewalk era claram!
ente reconhecido. A divulgação das novas danças também ocorreu através do casal branco
Vernon e Irene Castle, que eram dirigidos por um negro chamado James Reese Europe, este
casal encantava multidões pela forma com que traziam as danças dos salões para o palco
dos musicais de forma tão refinada e ao mesmo tempo chocante devido aos novos passos
que exibiam durante as apresentações. O efeito causado por eles foi extremamente forte e
decisivo para trazer as novas danças que surgiam nos salões para o palco dos espetáculos
musicais. Ziegfeld’s Follies foi uma série de produções teatrais que ocorreram na Broadway,
em Nova York, por volta de 1907 até 1931, montada e dirigida por Florenz Ziegfeld. As peças
eram de uma enorme variedade, desde sucessos inéditos até mostras bem elaboradas do
teatro de variedades. Grande parte dos bailarinos mais famosos da época surgiram a partir
desta companhia. Outra característica marcante eram as garotas, haviam muitas delas nos
shows, tanto que!
até receberam o nome de Ziegfeld Girls. (www.Wikipedia.org/wiki/zieg felfollies).
Em 1913 o musical “Darktown Follies” estreou no teatro Lafayette, localizado no bairro nova-
iorquino do Harlem, este musical abriu as portas das apresentações teatrais para os negros e
a partir de então as danças negras, ou seja o jazz, já não eram vistas como algo tão
escandaloso e o Lindy Hop era o estilo mais utilizado, sendo base para as danças nas
produções teatrais dos anos 30, 40 e 50 (MARTÍNEZ, 1999).
Diversos produtores queriam financiar shows negros, já que a riqueza de danças e músicas
dos espetáculos negros eram incrivelmente superiores aos tradicionais espetáculos com
características européias. Nesta fase dançarinos brancos , principalmente as mulheres
também se interessavam em aprender a dançar jazz e desta forma foram surgindo diversos
espetáculos com características negras na Broadway (STEARNS,1968).
Bill Robinson aparece no musical “Blackbirds” em 1928 e também torna-se uma estrela da
Broadway, sua especialidade era o sapateado, porém o swing do jazz já estava em seu
corpo,naturalmente, quando executava seus audaciosos passos de dança.
A partir da década de 30, ocorreu uma verdadeira chuva de musicais, que se tornaram uma
verdadeira febre do entretenimento americano. Em 1936 estréia “On Your Toes” de George
Balanchine, neste musical já era possível observar a influência dos ritmos e balanços do jazz
no balé clássico, a partir desta fase estas duas modalidades influenciaram uma á outra,
enriquecendo as técnicas e movimentações utilizadas no jazz e dando mais liberdade aos
movimentos do balé clássico, que ao mesmo tempo já estava sendo afetado também pela
dança moderna e contemporânea (STEARNS, 1968).
Após a Segunda Guerra o jazz tornou-se ainda mais atraente, por ser um estilo alegre e
contagiante, Jack Cole, coreógrafo que se destacou com a famosa obra “Wedding of a Solid
Sender” de 1943, apresentada na Broadway com grande êxito, era freqüentador do Savoy e
acompanhou de perto o nascimento e a popularização do lindy hop, apesar de utilizar
diversas outras danças em suas coreografias (danças exóticas indianas e hindus), tinha
como referência o lindy hop, que segundo ele era a base para toda e qualquer dança jazz
teatral (MARTÍNEZ, 1999).
* Alvin Ailey: Nasceu no Texas em 1931 (CASSEL, 1972). Um amigo o convidou a tomar
aulas de dança em uma escola, aceitou e iniciou aulas com Lester Horton. Ingressou no
curso de Letras na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, porém não chegou a se
formar e logo voltou a dançar, tornando-se bailarino profissional (PORTINARI, 1985). Foi
integrante da Companhia de Dança Moderna de Lester Horton até o ano de 1953
(BOURCIER, 1987). Após a morte de Lester Horton, Alvin Ailey tornou-se coreógrafo da
companhia e em 1958 formou sua própria companhia de dança, no início formada apenas
por negros e posteriormente tornando-se multiracial, pois para ele todas as raças podiam
dançar e expressar tão bem quanto os negros a força do soul e do jazz. Além da forte
influência de Lester Horton, Alvin também com o coreógrafo de jazz Jack Cole
(PORTINARI,1985).
Utilizava em suas aulas diversas técnicas, inclusive a clássica (PORTINARI,1985). Tornou-se
um dos coreógrafos mais cotados desde a década de 1960, seu estilo caracterizava-se um
expressionismo vigoroso, podia coreografar para qualquer estilo de dança, do clássico ao
jazz. (PORTINARI,1989).
* Bert William e George Walker: Bert foi considerado o maior artista afro-americano de sua
época, sendo um dos artistas mais famosos do teatro de variedades e dos minstrel shows.
Juntamente com seu parceiro George Walker popularizou o cakewalk. Após a morte de seu
parceiro Bert Williams entrou para a companhia Ziegfield Follies (PHILLIPS,2005). Fez
trabalhos como ator e dançarino posteriormente começou a co-dirigir e a co-coreografar para
peças e musicais do teatro de variedades. Apesar da curta carreira Bert Williams juntamente
com seu parceiro George Walker abriram as portas para a raça negra no ramo do
entretenimento (PHILLIPS,2005).
* Bill “Bojangles” Robinson: O maior artista negro da década de 20. Ator, cantor e dançarino.
Em 1905 trabalhou no teatro de variedades, tendo grande sucesso, iniciou uma brilhante
carreira na comédia musical da época, atuou fortemente em minstrel shows
(HASKINS;MITGANG, 1988). Em 1893, com 15 anos, foi o primeiro negro a apresentar-se
para uma platéia branca, quebrando com os costumes da época onde os shows eram
diferentes para brancos e negros. Bill tornou-se o artista negro mais bem pago da época,
aclamado por suas inovações e seu complexo estilo de dança. Apesar de Bill ter sido o
criador do sapateado, sua influência para a dança jazz foi primordial (HASKINS;MITGANG,
1988).
* Bob Fosse: Roberto Louis Fosse nasceu em Chicago em junho de 1927, começou a atuar
ainda criança no gênero teatral e quando adolescente já trabalhava em outros tipos de
shows. Iniciou os estudos em dança com o sapateado em sua comunidade, porém logo
entrou para Frederick Weaver Ballet Scholl.. Bob Fosse atuou como bailarino em alguns
filmes, diz que seu maior sonho era ser bailarino, seu ídolo da época era Fred Astaire e se
tivesse sido um bailarino tão famoso quanto Fred, nunca teria se tornado coreógrafo nem
diretor de cinema (PORTINARI,1989). Após sua breve carreia como ator-bailarino, retornou
para Nova York e iniciou sua brilhante carreira como coreógrafo, tornando-se um dos
profissionais mais cotados do ramo .
Em 1972 Bob criou o musical “Pippin”, homenageando à presença do narrador teatral, mas
com um estilo de jazz que se referia diretamente à tradição dos Minstrel Shows (MARTÍNEZ,
1999). Neste mesmo ano estreou o filme musical “ Cabaret” premiado com oito Oscars,
incluindo melhor diretor (Bob Fosse). Em 1974 Bob Fosse tentou trabalhar em outro gênero,
“Lenny” era um filme dramático, porém não obteve muito sucesso. Então em 1975 estréia
“Chicago”, considerado um de seus melhore filmes. “Dancing’” de 1978, surpreendeu por sua
originalidade, um musical sem enredo, com dança do início ao fim, durante duas horas. No
ano de 1979 Bob Fosse estréia seu filme de maior sucesso “All That Jazz”, filme este que foi
ganhador de nove Oscars. Apesar de ser considerado, em partes, autobiográfico. Ele afirma
que quando começou a fazer o roteiro não tinha esta intenção, porém á medida que as idéias
iam fluindo Bob percebeu que realmente o personagem principal do filme, Joe Gideon, tinha
muito e!
m comum com ele, nas contradições, na inquietação, dedicação neurótica pelo trabalho e
também pelo fato de se apaixonar diversas vezes, sempre fiel ao amor e não a apenas uma
mulher. Bob também retrata fielmente no filme sua ex-mulher Gwen Verdon e sua filha
Nicole através da personagem Michele, porém o que mais chocou a imprensa e até mesmo
os espectadores de “All That Jazz”, foi o realismo e o fato de a morte ter sido utilizada como
tema central da história. (PORTINARI,1989). Bob faleceu em 23 de setembro de 1987, sendo
considerado pela imprensa americana e por colegas de trabalho como o “Salvador do
Gênero” ( GIORDANO, 1978).
* Eugene Louis Facciuto (Luigi): Nasceu em Ohio no ano de 1925. Começou a dançar bem
jovem, aos 10 anos já fazia aulas de sapateado e dança acrobática. Em 5 de dezembro de
1946 sofreu um grave acidente automobilístico, permanecendo em coma por 28 dias, ao sair
do coma estava com o lado direito de seu corpo totalmente paralisado. Nos dois anos que se
seguiram passou por diversos tratamentos e cirurgias, porém no ano de 1949, ele estava de
volta a dança. (ANTOLOGIA...,1978). Dançou em muitos filmes musicais, trabalhou como
assistente de coreógrafo em Hollywood e na Broadway e como coreógrafo em diversos
clubes noturnos de Hollywood e Las Vegas. Como professor criou toda uma nova técnica, um
estilo com a proposta de que deve-se utilizar o corpo todo durante as movimentações em
sua máxima capacidade. “Não se pode mover um braço ou uma perna separadamente, é
preciso estar por inteiro o tempo todo. Cabeça ereta, coluna ereta, carregar o corpo todo
com orgulho” (HOMSEY, 1962 p.63).!
Seu estilo misturava balé clássico, dança espanhola, afro-cubana, dança moderna, sapateado
e acrobacias, porém seu trabalho não era somente uma compilação de diversos estilos, mas
sim uma nova criação baseada nestes estilos, criação estas que muitos chamavam de
modern jazz. Em suas aulas utilizava diversos instrumentos, desde o piano até tambores e
guitarras (HOMSEY, 1962).
* Fred Astaire: Frederick Austerliz nasceu em 10 de Maio de 1899 em Omaha, no estado de
Nebrasca. Tornou-se referência mundial como ator, cantor, coreógrafo e bailarino. Fred
iniciou muito cedo na carreira artística, trabalhou no teatro de variedades em parceria com
sua irmã Adele, iniciaram na Broadway em 1917 (THOMAS,1985). Em 1933 Fred Astaire e
sua parceira Ginger Rogers estréiam o musical “ Flying Down to Rio”. Ginger Rogers tornou-
se sua melhor parceira, dos 31 filmes em que Fred Astaire atuou em toda a sua carreira, 10
deles ao lado de Ginger, dentre os musicais mais famosos estão: “Swing Time” de 1936,
“Shall We Dance” de 1937, “The Story of Vernon and Irene Castle” de 1939, “Broadway
Melody” em 1940, “One for My Bay” de 1943 e “Ziegfeld Follies” em 1946 (MUELLER,1985).
Como dançarino Fred diz nunca ter seguido um estilo de dança em especial. “Eu apenas
danço, não sou um dançarino de dança de salão, nem um sapateador ou bailarino clássico,
porém estudo muito as três modalidades, dentre outros estilos de dança” ( Fred Astaire in
THOMAS, 1985 P.98). Para o desenvolvimento da técnica da dança jazz, a constante
utilização, dos braços e mãos, além da movimentação de todo o corpo em alguns casos, foi a
forte contribuição de Fred Astaire, uma vez que estando em evidência, tudo, ou pelo menos
quase tudo o que Fred dançava se tornava popular (STEARNS, 1968).
* Gene Kelly: Nasceu em 23 de agosto de 1912, em Pittsburgh. Começou a ter aulas de
dança ainda garoto. Sempre praticou muitos esportes o que lhe rendeu um corpo musculoso,
contribuindo para caracterizar sua dança como forte e viril. Em 1938, aos 26 anos foi para
Nova York tentar a sorte como dançarino da Broadway. Tornou-se coreógrafo e diretor de
musicais, “Singin’in the Rain” de 1952 foi o musical que o consagrou para o mundo, tanto
como dançarino como coreógrafo (PORTINARI,1985). Gene Kelly tinha um estilo de dança
com grande espontaneidade e descontração, porém utilizando técnicas de dança clássica e
moderna, renovou os musicais americanos dos anos 40 e 50. Não chegou a utilizar a dança
jazz propriamente dita, porém a grande misturas de estilos encontrada em seus musicais
abriu caminho para as novas danças entrarem para o mundo cinematográfico.
* Gwen Verdon: Dançarina que atuou em diversos shows da Broadway e filmes musicais,
casou-se com o famoso coreógrafo Bob Fosse com quem teve uma filha. Gwen atuou em
diversos musicais deste coreógrafo, dentre eles “Sweet Charety” de 1966, que foi criado
especialmente para ela.
* Jack Cole: É considerado o pai da dança jazz, foi um dos primeiros coreógrafos do Savoy
do Harlem e acompanhou de perto o desenvolvimento do Lindy Hop, para ele toda
movimentação da dança jazz baseava-se nos fundamentos do lindy hop. Sua obra
apresentada na Broadway em 1943 “ Wedding of a Solid Sender”, é considerada a primeira
apresentação de êxito da dança jazz nos palcos. Trabalhou nos Estúdios da Columbia,
famosa empresa no ramo cinematográfico.. Foi um dos primeiros coreógrafos a interagir
fundamentos da dança moderna e da técnica de isolamento das partes dos corpo, técnica
esta que Cole retirou de seus estudos em danças hindianas. Sua técnica influenciou diversos
bailarinos e coreógrafos, como Matt Mattox e Gwen Verdon, ambos fizeram parte do grupo
de Jack Cole, que se apresentava em teatros, night-clus e musicais (MAHONEY,1983).
* Jerome Robbins: Coreógrafo do musical que mudou o rumo da dança na Broadway e em
Hollywood “ West Side Story”, apesar deste musical tê-lo consagrado como coreógrafo,
Jerome também teve outros tabalhos de grande sucesso, como “Ballets: U.S.A” e “N.Y.
Export: Opus Jazz” (RICE, 1958). Jerome Robbins era capaz de utilizar qualquer dança como
base e fonte de inspiração para a montagem de suas coreografias, desde danças javanesas e
siberianas até o balé clássico, porém sempre adaptando ao ritmo do jazz, apesar de nos
trabalhos de Jerome aparecerem traços de dança moderna, principalmente o estilo da
coreógrafa americana Martha Grahm. Os bailarinos de sua companhia eram famosos pela
habilidade de dançar qualquer tipo de dança com naturalidade e espontaneidade. Pelo fato
de ser um artista flexível, além de coreografar para sua própria companhia, Jerome Robbins
também foi contratado por outras companhias para trabalhar como coreógrafo, dentre elas o
Balé da Cidade de Nova York (HAL!
L, 1959).
* John Gregory: Proprietário de um Studio de Dança em Nova York, considerado um dos
maiores professores e coreógrafos de jazz da década de 50, foi um dos grandes responsáveis
pela valorização da dança jazz como modalidade de dança. Sua aula tinha duração de
aproximadamente duas horas, Gregory não ensinava uma técnica em particular, colocava
discos da moda e simplesmente criava seqüências durante as aulas. Seu estilo foi
denominado por muitos de estilo popular. Por volta de 1957 deixou Nova York para trabalhar
como diretor de danças da “Twentieth Century Fox” em Las Vegas, onde remontou seu
Studio de dança (MAHONEY, 1983).
* Katherine Dunham: Bailarina e coreógrafa negra, é considerada a dama da dança afro-
americana, nasceu em Chicago, nos Estados Unidos em 1912. Formou-se em Antropologia
Social pela Universidade de Chicago (MOMMENSOHN,1987). É considerada uma das maiores
pesquisadoras da dança primitiva. Formou sua companhia, a Katherine Dunham Company,
composta apenas por bailarinos negros e especializada em temas exóticos, nas danças
primitivas e principalmente no folclore negro, foi uma das coreógrafas que mais foi
influenciada pelo movimento da música, o jazz e o blues que também ocorria na década de
40 (HOBSBAWM, 1990). Sua companhia permaneceu atuante até os anos 60, coreografou e
dançou em Hollywood, atuando tanto na área artística como na educação. (TODD, 1961).
Katherine Dunham abriu caminho para as danças negras na Broadway, além de influenciar
futuros professores e coreógrafos de jazz, como Louis Johnson e Alvin Ailey.
* Matt Mattox: Dançarino, coreógrafo e professor de jazz. Nasceu em 1921. Teve formação
clássica antes de tornar-se dançarino de jazz em Hollywood entre os anos 1946 a 1953,
atuou em diversos filmes. Começou a trabalhar como coreógrafo em 1948, contratado por
Jack Cole, para um musical da Broadway chamado “ Magdelena”. Matt foi diretamente
influenciado por Jack Cole. Mattox coreografou filmes e musicais, porém seu trabalho como
coreógrafo foi mais reconhecido através da televisão nos anos 50 e 60.
Sua influência como professor foi muito forte, Matt criou um sistema de exercícios para os
dançarinos de jazz, claro que ele não foi o único a fazer isto, porém sua técnica e
metodologia eram as mais intrigantes e claras ao mesmo tempo. Suas aulas eram
acompanhadas por bangôs, o estilo “Cole” era claramente percebido como base para os
exercícios, incluindo alongamentos ao chão, movimentos no centro da sala e principalmente
combinações improvisadas, pois para ele a composição coreográfica devia partir da música,
servindo como total inspiração para as sequências. Para Mattox a disciplina era fundamental,
seus alunos eram praticamente pré-selecionados, aqueciam-se fora da sala antes mesmo do
início da aula. A limpeza das movimentações, com movimentos ora rápidos e fortes, ora
leves e parados, era também fator primordial para Mattox, para ele cada um deveria ter a
sensação e a segurança de um solista, destacando a importância de que cada movimento
fosse interior, ou exterior, f!
acial ou corporal (MAHONEY,1983). Mudou-se para Londres e formou sua companhia de
dança chamada Jazzart. Matt Mattox gostava de classificar seu estilo, como estilo livre. É
inegável a enorme influência de Mattox para a evolução da dança jazz, foi ele um dos
grandes responsáveis pela visão do jazz como uma modalidade específica de dança, e
principalmente foi ele o criador de muitos exercícios utilizados nas aulas de jazz, alguns
autores o consideram uma “Lenda do Jazz Dance.”
* Peter Gennaro: Como bailarino atuou no musical “Pajama Game” juntamente com Jack
Cole e participou de diversos shows da Broadway. Peter trabalhou também como professor e
coreógrafo em seu Studio de Dança em Nova York, tinha um estilo leve, solto, flexível e
rápido. Era membro da Associação dos Professores de Jazz que surgiu por volta de 1955,
auxiliando na fixação da dança jazz como modalidade de dança. Trabalhou com Jerome
Robbins como co-coreógrafo do famoso musical “ West Side Story” (MAHONEY,1983).
* Shorty George: Foi considerado o melhor dançarino da primeira geração do Salão Savoy
desde sua abertura em 1927, é creditado a ele a origem do nome Lindy Hop. Shorty era um
dançarino muito cômico, criou diversos passos cômicos e exagerados para o Lindy Hop,
como elevações de pernas e também os passos aéreos que foram inclusos no Lindy por volta
de 1935 (STEARNS,1968).
* Twyla Tharp: Coreógrafa e bailarina da dança moderna e contemporânea, fez alguns
trabalhos utilizando a dança jazz principalmente para a Broadway e para filmes musicais, o
mais famoso deles é o musical “Cats”( CAMINADA,1999)
Em 1920 o termo jazz-dance era utilizado para descrever as diversas formas de dança que
surgiam na década, também chamadas de novas danças, como o Charleston, o Lindy Hop,
ect. (GARCIA;HASS,2003). Nos anos 30 e 40 a comédia musical não era nada mais que o
segundo nome dado à dança jazz (WILLIAM;MOORE,1978). O processo de transformação da
dança jazz especificamente como modalidade iniciou na década de 50, porém a dança jazz
ainda tinha outras denominações, como: novo estilo, estilo livre ou dança de comédia
musical. As aulas de jazz aconteciam nas escolas como parte integrante da grade curricular,
principalmente para as meninas. Nas escolas de dança estas aulas eram lecionadas por
professores que aprendiam os passos nos salões de dança ou por inovadores que criavam
passos novos, nesta altura as aulas de dança não eram estruturadas e eram encaradas mais
como uma reunião dançante onde os alunos apenas seguiam um líder. Em 1955 iniciaram os
eventos para formalizar as aulas de ja!
zz, participavam destes eventos, professores das escolas, dançarinos e principalmente
coreógrafos (MAHONEY,1983).
Logo, a dança jazz estabeleceu-se como modalidade de dança e toda escola ou studio da
dança, centros culturais e comunitários, e até mesmo as academias de ginástica haviam
incluído a dança jazz em suas grades. Muitas universidades e faculdades de artes, incluíram
o jazz em seus currículos dentro de outras disciplinas que já existiam, como por exemplo a
de teatro musical (MAHONEY,1983).
3. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
ANTOLOGIA do “American Jazz Dance” : A Inevitabilidade do Jazz Nos Estados Unidos. São
Paulo, 1980. 13 p.
BOUCIER, Paul. História da Dança no Ociedente.1a ed. São Paulo:Martins Fontes, 1987. 339
p.
CAMINADA, Eliana. História da Dança: Evolução Cultural. 1a ed. Rio de Janeiro: Sprint, 1999.
486 p.
CASSEL, Elsie. From Football Gridiron To American Dance.1972. In Gus Giordano, Anthology
of American Jazz Dance. 2º ed. Evanston: Orion,1978.
ELLMERICH, Luis. História da Dança. 4a ed. São Paulo. Companhia Editora Nacional: 1988.
525 p.
GARCIA, Ângela; HASS, Aline Nogueira. Ritmo e Dança. 1a ed. São Paulo. Ulbra:2003.
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 3a ed. São Paulo: Atlas,2002.
GIORDANO, Gus. Anthology of American Jazz Dance. 2a ed. Evanston: Orion, 1978. 417 p.
HALL, Fernau. Jerome Robbins Company. Ballet Today. Setembro,1959. In Gus Giordano,
Anthology of American Jazz Dance. 2º ed. Evanston: Orion,1978.
HASKINS, James; MITGANG, N.R.. Bojangles: The Biografphy of Bill Robinson. 1a ed. New
York: William Morrow, 1988. 358 p.
HOMSEY, Jana C. Luigi: The Amazing Story of One of Broadway’s Most Popular Modern Jazz
Teachers. The Dance Magazine. Abril, 1962. In Gus Giordano, Anthology of American Jazz
Dance. 2º ed. Evanston: Orion,1978.
KISLAN, Richard. Hoofing on Broadway: A History of Show Dancing. 1a ed. New York:
Prentice Hall Press, 1987. 471 p.
MARTÍNEZ, Juan Maria. Tadução: Jairo Maximo. As Melhores Dicas de Dança de Salão. 2a ed.
Rio de Janeiro: Del Prado, 1999. 157 p.
MAHONEY, Billie. Tradução: Nino Giovanetti. História do Jazz Dance. Rio de Janeiro, 1983. 20
p.
MOMMENSOHN, Maria. Katherine Dunham. Dançar. São Paulo. Ano 5. N.211987, p. 12-13
Agosto/Setembro 1987.
MUELLER, Jonh. Astaire Dancing : The Musical Films of Fred Astaire. 1a ed. Nova York:
Knopf, 1985. 328 p.
PHILLIPS, Caryl. Dancing in the Dark: a novel about Bert Williams. 3a ed. Nova York: Knopf,
2005. 432 p.
PORTINARI, Maribel. História da Dança. 1a ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989. 301 p.
PORTINARI, Maribel. Nos Passos da Dança. 1a ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1985. 295
p.
RICE, Robert. Jerome Robbins. The New York Times. Junho, 1958. In Gus Giordano,
Anthology of American Jazz Dance. 2º ed. Evanston: Orion,1978.
SANDERSON, Ivan. The History of Jazz Dances. The Dancing Times, Janeiro, 1935. In Gus
Giordano, Anthology of American Jazz Dance. 2º ed. Evanston: Orion,1978.
STEARNS, Jean; STEARNS, Marchall. Jazz Dance: The Story of American Vernacular Dance.
New York. Da Capo Press, 1968. 472 p.
TOOD, Mura. The Rise of Musical Comedy In America. The Dance Magazine. Janeiro, 1950. In
Gus Giordano, Anthology of American Jazz Dance. 2º ed. Evanston: Orion,1978.
TOOD, Mura. Dance Riches. The New York Times. Junho, 1961. In Gus Giordano, Anthology
of American Jazz Dance. 2º ed. Evanston: Orion,1978.
THOMAS, Jerry R,; NELSON, Jack K. Métodos de Pesquisa em Atividade Física. 3a ed. Sâo
Paulo: Artmed.
THOMAS, Bob Astaire, The Man, The Dancer. 1a ed. Londres: Weidenfeld & Nicolson, 1985.
256 p.
WILLIAM, Lian; MOORE, Michael. The Ecletic, Clusive Dance Called Jazz. Dance Magazine.
New York, v.2, n.8, p.36 – 74, Fev/1978.
Resumo:
O presente artigo é um recorte do trabalho de mestrado que investigou o corpo no
espaço cênico. Analisando esta questão percebi que, primeiramente, deveria refletir
e compreender alguns aspectos relevantes sobre o movimento para o
desenvolvimento técnico, criativo e expressivo do dançarino. Durante, estas
reflexões ficou claro que, os conteúdos de anatomia, quando aplicado diretamente
na prática amplia as possibilidades da percepção da unidade corporal; quando
refletimos sobre nossa expressividade e percebemos que nossas expressões estão
sempre interligada aos nossos movimentos facilitamos a compreensão de nossos
movimentos dançantes; da mesma forma, quando nos deparamos com realidade de
que para toda ação e reação existe uma determinada respiração, mais uma vez
ampliamos nossas possibilidades de interpretar a nossa dança.
A cada dia que passa, o ser humano se torna mais sedentário. De modo geral, seus
movimentos são reduzidos e, conseqüentemente, ele se expressa cada vez menos
por meio deles.
Desde que nascemos, estamos, a todo o momento, aprendendo formas de como
devemos nos relacionar com o próprio corpo e com o espaço que nos circunda. Na
medida em que somos submetidos às repetições de modelos de movimentos,
somos levados a estabelecer um vocabulário. Se por um lado esse processo facilita
nossa inserção no meio, por outro, a repetição de um vocabulário, sem nenhum
tipo de reflexão, dificulta o processo de autoconhecimento e, conseqüentemente,
dificulta nossa capacidade expressiva. Explicando este fato Klauss Vianna (2005)
afirma que, por meio da memória robotizada, podemos reproduzir movimentos
desse vocabulário a todo o instante, mas dificilmente podemos criar novos
movimentos ricos em expressividade.
Descobrir-se e descobrir a expressividade do movimento exige observação e
internalização até chegar à sua compreensão. À medida que repetimos
atentamentevii nossos movimentos, surgem sensações que nos ajudam a elaborar
e a entender sua expressividade. Klauss Vianna (2005) observa que ao longo desse
processo é fundamental considerarmos que nos relacionamos com o mundo. Para
ele, nossa relação com mundo é a verdadeira origem e motor do movimento e da
própria dança, pois é a partir da dinâmica existente nesse relacionamento que
emerge a singularidade, fazendo com que, cada pessoa seja um ser único e
diferenciado.
Dançar é expressar por meio de movimentos e formas nossos mais íntimos desejos.
"...é aventurar-se na grande viagem do movimento que é a vida." (VIANNA, 2005
p. 112) Por outro lado, para dançar é fundamental conhecer o próprio corpo. Klauss
dizia que um corpo inteligente é um corpo que consegue adaptar-se aos mais
diversos estímulos e necessidades, ao mesmo tempo em que não se prende a
nenhuma receita ou fórmula preestabelecida, orientando-se pelas mais diferentes
emoções e pela percepção consciente das sensações.
A descoberta da individualidade e, conseqüentemente, da criatividade e da
expressividade é prioritária para quem deseja fazer da dança um meio de
comunicação corporal. No entanto, para que se estabeleça a comunicação, é
preciso estimular os dançarinos a romper e desbloquear suas tensões e emoções,
deixando que a sensibilidade e a expressividade fluam por meio de seus
movimentos.
A coreógrafa Lia Robatto elucida que essa consciência pode ser adquirida, quando
percebemos o corpo como "depositário de toda a vivência espiritual, mental,
afetiva, sensorial, etc." (ROBATTO, 1994 p.245) Considerando-se, os objetivos
técnicos quantitativos e qualitativos a serem atingidos, pois só assim é que faremos
do corpo a dança e da dança o próprio corpo dançante.
Diariamente, vivemos situações que nos levam a confirmar que a respiração está
intimamente ligada a toda mudança de sentimento ou antecipação de emoção
forte. Cada estado emocional corresponde, portanto, a um tipo específico de
respiração. Se estivermos agitados ou estressados, a respiração é superficial;
dormindo tranqüilamente, a respiração é profunda; em estado equilibrado de
vigília, a respiração tenderá a ser completa. "Não há dúvida de que a cada
sentimento, a cada movimento do espírito, a cada alteração de afetividade humana
corresponde uma respiração própria". (ARTAUD, 1999 p.152)
Para nos mantermos vivos é essencial que respiremos preenchendo nosso espaço
corporal com o oxigênio, pois este é o gás que alimenta as células, gerando a
energia necessária ao funcionamento de nosso metabolismo. A respiração é um ato
vital, que, por sua vez, pode ser regida pelo sistema nervoso central autônomo ou
ser controlada pela consciência, sendo um instrumento usado pelo homem para
manter contato ininterrupto com o meio. "Uma boa respiração é essencial para uma
saúde vibrante. Através da respiração, conseguimos o oxigênio para manter o fogo
aceso de nosso metabolismo, e isto nos assegura a energia que precisamos, para
estarmos vivos. Mais oxigênio cria um fogo mais quente e produz mais energia."
(LOWEN, 1985 p 35)
Entendemos que os movimentos respiratórios são como os movimentos
espiralados. Assim como os movimentos espiralados a respiração é um continuum,
a todo o tempo estamos inspirando e expirando ar, alimentando e esvaziando
nossos corpos, expressando nossas sensações, emoções, temores, lembranças,
estados etc.
Como vimos, nossa respiração pode ser involuntária, inconsciente ou voluntária,
consciente. Esta característica da respiração cria um elo entre os aspectos
inconscientes e conscientes de nosso ser, pois, quando respiramos
involuntariamente, preenchemos nossos espaços internos com o ar inspirado, mas,
como geralmente não estamos atentos a isso, não o notamos. Ao contrário, quando
nos propomos a realizar a respiração de maneira voluntária, percebemos e
sentimos que o ar penetra em nosso corpo e que ela é responsável pela
sobrevivência.
Segundo Sky (1990), em qualquer momento que estivermos, mesmo que
levemente conscientes do movimento da respiração em nosso interior, estaremos
mais conscientes como seres individuais e mais diretamente envolvidos nas funções
integradas do corpo. Para ele, a respiração é, para o ser humano, o principal
processo de transformação da energia em "forma física", pois a cada respiração ele
junta e transforma seu corpo.
Para Leal (2000) o trabalho por meio da respiração voluntária deve considerar
tanto a sua biomecânica, isto é, o conhecimento de todo trabalho muscular e
orgânico, quanto às respostas decorrentes deste processo corporal integrado,
principalmente no que se refere ao comportamento expressivo. A respiração amplia
a consciência e estimula o conhecimento de novas possibilidades quando cada um é
aprendiz de si mesmo.
Em nosso trabalho percebemos que a respiração tem sido um instrumento muito
eficaz no desenvolvimento da expressividade do dançarino. Notamos que ela
aumenta a capacidade de concentração, dilata os espaços articulares e expande
todo o corpo, além de ser um instrumento que auxilia na definição das qualidades
expressivas dos movimentos. Ao inspirarmos o ar, a sensação é de que a inalação
do oxigênio foi realizada por todos os nossos poros em forma de raios; da mesma
maneira, ao expirarmos o gás carbônico, este sai também em formas de raios que
projetam nossa imagem e movimentos no espaço.
Referências Bibliográficas
ARTAUD, Antonin. O Teatro e seu Duplo. 2º ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
BERTAZZO, Ivaldo. Cidadão Corpo Identidade e Autonomia do Movimento. São
Paulo: Ópera Prima,1996
DANGELO, José G., FALTINI, Carlos A. Anatomia Humana Básica. Rio de Janeiro;
São Paulo: Atheneu, 1988.
LEAL, Patrícia Garcia. As Relações entre a Respiração e o Movimento Expressivo no
Trabalho de Chão da Técnica de Martha Grahan. Dissertação de Mestrado,
Campinas, SP: 2000. Instituto de Artes/UNICAMP.
LOBO, Lenora, NAVAS, Cássia. Teatro do movimento: um movimento para o
intérprete criador. Brasília: LGE, 2003.
LOWEN, Alexander e Leslie. Exercícios de Bionergética: o caminho para uma saúde
vibrante. São Paulo: Agora. 1985
ROBATO, Lia. Dança em processo. Bahia: ed. UFBA, 1994.
SKY, Michel. Respirando: expandindo seu poder & energia. São Paulo, SP: Gente,
1990.
VIANNA, Klauss. A Dança. São Paulo: Siciliano, 1990.