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Lucas 1.48
O que quis Maria dizer que era ou seria uma bem-aventurada? "Bem-aventurada" é a
expressão nas traduções brasileiras para "abençoada". A palavra "abençoar" significa
dizer bem, no sentido de desejar o bem para o outro. Abençoar é lançar sobre o outro
um olhar que comunica vida. Abençoar é comunicar ao outro a graça que foi recebida
pela graça. Abençoar é pedir o favor de Deus sobre alguém. Assim, abençoar é desejar,
sem condições prévias, o bem do outro como uma aspiração que vem do fundo do
coração. Se o meu coração está povoado de ódio, eu não tenho como abençoar, porque a
bênção se expressa por palavras, desde que sejam profundas e sinceras. Quando há
sinceridade em nossas palavras, nós as superamos e praticamos o bem.
Podemos permear o meio onde vivemos com paz ou com violência, dependendo de qual
delas mora em nós. Somos chamados a ser moradias da paz.
A partir, portanto, da certeza de Maria, quero recordar quatro verdades acerca da bênção
de Deus, com o objetivo de lembrar que é abençoado quem abençoa.
1. DEUS QUER NOS ABENÇOAR
O anjo (Lucas 1.26-38) veio a Maria comunicar um desejo de Deus: abençoar Maria,
abençoar toda a humanidade. Deus só vem a nós para isto.
Uma das expressões bíblicas pela qual sou apaixonado É Jeremais 29.11:
Para realizar estes pensamentos de paz, Deus nos deixa em Sua Palavra uma série de
instruções. E todas têm um sentido: o nosso bem. Então, se queremos ser abençoados,
ouçamos a voz de Deus, leiamos a Bíblia, obedeçamos a Sua instrução. Podemos
escolher entre a programação de nossa própria mente, embebida na cultura em que
estamos, e a instrução de Deus, com valores eternos. Deixemo-nos julgar pela Bíblia.
Façamos o que ela pede que façamos. Afinal, toda a Escritura é inspirada por Deus e
útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim
de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra
(2Timóteo 3.16-17 16).
CONCLUSÃO
Eu quero ser como Maria.
Eu quero que os que convivem comigo me achem abençoado.
Estamos vivendo o clima de mais um natal. O natal traz sempre mensagem de alegria, de paz,
sendo considerado a festa máxima da cristandade. O natal é também tempo de vocação. A
história do primeiro natal acontece num ambiente de “chamado”. Mesmo tendo estes aspectos
que identificam o natal como a festa máxima dos cristãos, nem todas as pessoas conseguem
compreender o verdadeiro sentido da celebração do nascimento de Jesus Cristo.
Como povo de Deus, os cristãos e as cristãs têm o desafio da solidariedade. Assim como Deus
age em prol do Seu povo, para libertar, abençoar, salvar, atender suas necessidades, também
o povo de Deus deve agir de maneira solidária para com os que sofrem os males de um mundo
desumano e marcado pela dor e pela desgraça humana.
Além da solidariedade, devemos falar da paz, pois a mensagem do natal transmite esta
mensagem para todos os povos e para todos os relacionamentos. Desta forma, neste natal
somos desafiados a desenvolvermos uma cultura de paz entre nós mesmos para que ela seja
transmitida ao mundo e à sociedade que tanto carecem de gestos que promovam a paz.
O natal deve despertar no povo de Deus os mais altos valores cristãos, tais como o respeito e a
tolerância para com os que se expressam diferentemente de nós; a coerência nas atitudes, no
sentido de que elas devem corresponder ao que professamos como fé e como convicção cristã;
a honestidade em todas as coisas, sobretudo no relacionamento com Deus e com os outros; a
ética, como fruto de uma via transformada pela graça de Deus; o desenvolvimento do caráter
de Cristo em todos os momentos da vida e o amor, maior sinal da presença de Deus em
nossas vidas.
Como povo de Deus temos o desafio de sermos o sal da terra e a luz do mundo. Desta forma,
a igreja não é um clube onde as pessoas pagam para serem recebidas como sócias e onde
fazem valer a sua vontade, a igreja é o lugar onde os pecadores e pecadoras que foram
alcançados pelo Evangelho se encontram para agradecer, louvar, prestar o culto devido a Deus
e para aprender a fazer a Sua vontade.
1. Introdução
Caro leitor e cara leitora! Talvez você tenha, como eu, todos os exemplares do PL. Quem sabe, pelo
menos um volume onde haja um comentário ao nosso texto de Lucas. Consultando esses vinte e seis
volumes, encontrei quatro comentários ao texto de Lucas 1.16-38. Eles estão nos volumes VI, XII, XVI e
XIX e todos relacionados com o mesmo 4° Domingo de Advento. Além disso, os dois últimos volumes
com a mesma tríade de textos deste nosso domingo. Todos com suas riquezas. E gostaria de animá-lo/a
a buscar esses recursos, caso você deseje trabalhá-lo especificamente em uma prédica. Eu, porém,
quero propor outro caminho.
Quando preparo uma reflexão, uma dinâmica ou mesmo uma celebração, gosto de lançar mão de idéias e
símbolos visuais que ajudem a compreensão e a participação das pessoas nesses encontros. Muitas
vezes reparto essa tarefa com grupos, seja o específico de liturgia ou não. Isto tem enriquecido os
encontros e me ajuda nesta tarefa criativa. Outras vezes, estou sozinho e tenho que trabalhar solitário
nesta criação. Algumas vezes, dá certo; outras, nem tanto. Assim, gostaria de repartir esse desafio com
você. Estou sozinho aqui diante do computador e espero que juntos possamos criar algo para se levar
adiante aos grupos. Vamos juntos nesta tarefa. Abdico do meu suposto comentário exegético (visto que já
temos quatro em nossa coletânea) e caminho numa dinâmica celebrativa.
2. Estabelecendo o conteúdo
Não me xingue. Eu sei que estabelecer conteúdos deveria ser um dos últimos passos de uma exegese.
Mas, por isto mesmo, indiquei antes para os quatro comentários que já temos no PL. Talvez você ainda
tenha outros além desses. E, quem sabe, você mesmo não tenha uma preparação bem pessoal destes
textos para este mesmo domingo! Quero aproveitar esses conteúdos.
Eu resumiria brevemente os comentários da seguinte forma. Também tenho que pensar em leitores e
leitoras que, em seu lugar de trabalho, não dispõem de quase nenhum material de consulta, mesmo que
não lhes falte boa vontade.
No PL VI, Rolf Dübbers oferece algumas sugestões de conteúdos a serem abordados em uma prédica.
Ressalto a sua preocupação em enfatizar o dilema e a firmeza de Maria diante do anúncio do nascimento
de Jesus e a abordagem da polêmica questão deste texto visando aos nossos dias.
No PL XII, Valdemar Lückemeyer propõe três passos para a prédica. O primeiro passo está nas tantas
perguntas e respostas que esse nascimento de Jesus nos proporciona. Será que temos conversado sobre
isso em nossos grupos de trabalho? Um segundo passo poderia ser simplesmente ouvir a mensagem do
natal sem enfrentar a questão um tanto polêmica do nascimento. E, finalmente, um terceiro seria destacar
a atitude de Maria, ressaltando a sua coragem e fé.
No PL XVI, Renato Becker e Emil Sobottka fazem um interessante paralelo entre a vida de João Batista e
a de Jesus. E ainda discutem a situação de Maria diante do aviso do anjo e sua inteira submissão.
No PL XIX, Augusto Kunert faz uma extensa exegese e propõe as seguintes pistas para nós. Aborda a
questão do nascimento virginal de Jesus, porém, acha que devemos nos concentrar na mensagem
cristocêntrica do texto. Jesus encarna Deus e é Rei.
Esse foi um rápido panorama dos nossos textos do PL. Esse breve comentário não exclui a necessidade
de olhá-los mais de perto. De qualquer maneira, caso você deseje aprofundar a busca de uma exegese
do texto de Lucas, aconselho a ler esses textos na íntegra.
Aproveito um dos conteúdos indicados para caminhar na proposta acima apresentada. E, não obstante a
polêmica em torno do nascimento virginal e da pouca oportunidade que temos de trabalhar essa questão,
afasto-me dele. Gostaria de aproveitar essa oportunidade do natal para construir sobre algo menos
polêmico. Porém, quero ressaltar duas coisas importantes: a) haverá, com certeza, outros momentos em
que deveremos explorar esse tema mais controvertido com os grupos da comunidade. Espero que
encontremos uma chance de fazê-lo;
b) este texto bem que poderia ser comentado alguma vez por uma teóloga. Que vocês acham? Só temos
comentários de teólogos em nossos vinte e seis volumes do PL.
Enfim, vamos ao conteúdo. Quero explorar aqui o tema do Jesus que encarna Deus. É sobre esta base
que queremos traçar uma din â mica celebrativa. Ela poderia ser utilizada não apenas em cultos, mas
também em encontros de espiritualidade em grupo, por exemplo, na
OASE.
A grande maravilha do cristianismo reside nisto: Deus encarnado em Jesus. As religiões do mundo
enaltecem os seus deuses. E Deus, quase sempre, é sinônimo de distância, de inacessibilidade. Ter um
Deus humano, como nós, cristãos, temos, um Deus frágil, que chora e tem fome, é a notícia mais
maravilhosa que se pode dar neste advento.
Que símbolos teríamos para representar esta grandiosidade do Deus próximo a nós? Você poderia
pensar em alguns?
Quero compartilhar com você uma experiência muito interessante que aconteceu comigo. Utilizamos a
simbologia da vela. A vela tem sido tão explorada nesses tantos anos de cristianismo que parece
impossível imaginar algum significado novo. A experiência a que me refiro surgiu num trabalho de
espiritualidade num grupo de pacientes com leucemia e seus familiares, no Hospital Universitário aqui em
Santa Maria. Trata-se de um grupo extremamente heterogêneo, em todos os sentidos. E, é claro, cada
integrante do grupo tem a sua religiosidade.
No encontro, eu havia disposto, no centro da nossa roda, duas velas. Enquanto acendia uma, por razoes
que não sei definir, decidi deixar a outra apagada. Não era essa a intenção inicial. A partir dessa imagem,
começamos a conversar. Perguntei ao grupo qual a diferença que eles ali notavam. As velas tinham
formatos e cores diferentes. Logo, as respostas começaram por esses detalhes. Até que alguém enfatizou
que uma vela estava acesa e a outra apagada. A partir dessa observação, perguntei ao grupo quando nos
sentimos como a primeira vela, acesos, e quando nos sentimos como a segunda vela, apagados.
O que quero dizer-lhes é que fomos por um caminho bem específico. Estávamos dentro de um hospital
com pessoas que enfrentavam um problema grave de saúde. Por isto, vida e morte, solidariedade e
indiferença, acabaram sendo enfatizadas. Para estas páginas, sugiro que busquemos ainda outros
sentidos.
Vocês poderiam imaginar que tipo de vida teríamos longe ou perto do nosso Deus, o Deus da Vida,
encarnado em Jesus? Será que uma vela apagada não poderia representar perfeitamente uma vida que
tem tudo para produzir luz, mas que lhe falta a chama da vida que parte de Deus? Em contrapartida, uma
vela acesa é como uma vida dentro do projeto deste Deus encarnado em Jesus. É a chama que nos
ilumina e nos conduz na direção do próprio Deus.
Retornando ao encontro com o grupo do hospital, perguntei, em seguida, como poderíamos acender a
vela apagada. Eles perceberam logo que era necessário tocar, ainda que por alguns poucos segundos, a
chama acesa no pavio apagado. Só a intenção e as palavras de desejo não conseguiriam acender a
segunda vela. Era necessário um ato concreto, um toque verdadeiro.
Acredito que esses passos e outros mais podem nos levar a entender um pouco melhor o toque de Deus
na nossa vida. Através do Jesus Homem, Deus fez mais ou menos o que nós fizemos com as velas.
Acendemos a segunda com a energia da primeira, mediante um ato concreto num tempo também bem
concreto. A vela não acende se não chegarmos bem perto e se não aguardamos alguns poucos
segundos até que o pavio aqueça e receba o fogo da primeira.
Estes exemplos concretos podem ser explorados ainda mais por você. Eu mesmo já estou explorando
outros sentidos que no grupo não apareceram.
Resta-nos agora adaptar essa experiência à realidade em que estamos. Se estivermos diante da
comunidade em um culto dominical, talvez possamos usar nossa criatividade. Se o culto for em horário
noturno, poderá ser até mais interessante. Poderíamos oferecer a cada pessoa uma pequena vela. Há um
tipo de vela, cuja cera não escorre pelos dedos. Podemos usar duas velas grandes no altar ou numa
mesa no meio da "platéia". Já no início do culto, deixamos uma acesa e outra apagada. Dialogando com a
comunidade durante a prédica, podemos acender a outra vela. Também podemos pedir que, pouco a
pouco, cada um acenda a vela do irmão ou da irmã ao seu lado. Tudo deve iniciar a partir da grande vela
do altar. Também podemos pedir que só metade da comunidade as acenda inicialmente. Seguimos a
exposição e, ao acender a vela apagada do altar, pedimos que sejam acendidas também as demais
velas, da mesma maneira que ocorreu com a primeira metade do grupo.
Bem, amigos e amigas. Estas são alternativas, sugestões. Foram praticadas em outras ocasiões.
Contudo, tenho certeza que podem ajudar a provocar uma discussão sobre a realidade da comunidade.
Quando se conversa com um grupo, dificilmente este fala de si mesmo de forma direta, em especial
quando se trata de suas angústias e seus erros. Mas, quando falamos de uma canção, quando
expressamos nossa opinião em relação a um símbolo, acabamos falando de nós mesmos. Por fim, tenho
certeza que você vai encontrar muitas outras maneiras de trabalhar esses conteúdos e os símbolos das
velas acesas e apagadas.