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A racionalidade instrumental como mecanismo de controle

Daniel Antônio Castro Brumano *1

RESUMO
Pensar a educação exige um esforço em vários sentidos. Pois, os critérios que
interferem neste problema devem ser analisados em sua totalidade. O problema da
educação deve ser pensado conjuntamente com a realidade política, econômica e social,
que gerencia e promove a manutenção do regime social na forma em que se encontra,
promovendo a exclusão e restringindo o acesso igualitário a um sistema educacional
justo. Cabendo, ainda, uma análise critica do papel desempenhado pela racionalidade
instrumental, na radical transformação do papel exercido pelo educador dentro de uma
sociedade dominada por essa racionalidade.

Palavras-chave: Racionalidade instrumental. Cientificismo. Tecnicismo. Projeto


educacional.

1
Graduando em Filosofia, atua em linhas de pesquisa com ênfase em Filosofia Política e Teoria Crítica.
Email para contato: danielbrumano@hotmail.com
A educação deve ser uma educação para a vida. Um conhecimento e saber
críticos, e não um conhecimento científico/tecnicista, voltado para a aplicação à
indústria e ao comércio, onde os únicos beneficiados são as classes privilegiadas e a
soberania do Estado, eterno protetor de todas as iniqüidades políticas e sociais,
manutensor da ordem dominante estabelecida. Enquanto o “senhor” educa seu filho para
que este desempenhe todas as funções dominantes, como industriais, políticos, líderes
religiosos, juízes, etc. O “escravo” educa seu filho para as funções inferiores, como
proletário ou soldado. Na evolução das formas de dominação, as oligarquias burguesas
vêm desenvolvendo e aperfeiçoando as formas de dominação e domesticação. O
trabalho assalariado teve seu desenvolvimento a partir da contenção da escravatura, que
a seu propósito se contrapunha ao livre processo de crescimento e avanço da sociedade
de mercado, portanto, do projeto de sustentação e avanço da lógica de dominação
burguesa. Uma sociedade de livre mercado pressupõe intensa atividade calibradora do
consumo, que determina seu perfeito funcionamento, o que não seria possível em uma
sociedade onde sua base é a mão-de-obra escrava.
O trabalhador comum, o assalariado segue um plano de vida bem determinado,
mantendo assim, em funcionamento, o processo cíclico da sociedade de consumo.
Trabalho, consumo e diversão, estes são a seu turno o processo de vida do trabalhador.
Trabalhar para consumir, consumir para viver, para satisfazer os anseios existenciais
humanos e seu anseio de fusão e união intersubjetiva, buscando através do consumo
superar o sentimento de isolamento e separação, muitas vezes uma busca por coesão
social. O consumo foi promulgado para ser o subterfúgio, o meio através do qual o
homem transcende seu isolamento, ser cidadão nas sociedades capitalistas
contemporâneas é ser consumidor, àqueles que não consomem não lhes são imputados o
caráter da cidadania. Quando chega a sua casa o trabalhador se presta diante de seu
televisor e é bombardeado por mais de 3.000 anúncios diários, hoje em dia vemos mais
anúncios em um ano do que pessoas há 30 anos viam durante toda a vida. O consumo é
à base de sustentação da economia de mercado. É por meio do consumo que as mega
corporações (que já têm o controle de mais de 50% das 100 maiores economias da terra)
expandem, a cada dia mais seu poderio e controle sob a esfera pública.
Para Marcuse, a dominação funciona como administração total das necessidades
e prazeres, escravizando o homem no trabalho e no lazer, preenchendo o tempo livre
dos indivíduos com programações dirigidas, fabricando uma humanidade pronta para
consumir objetos inúteis, cuja obsolescência fora desejada. A administração da
sociedade unidimensional encarrega-se de gerar o bem-estar, tornando ineficazes os
protestos tradicionais. O homem, segundo Marcuse dispõe de inúmeras opções e
inúmeros inventos, que são todos da mesma espécie, e que as mantém ocupadas e
distraem sua atenção do verdadeiro problema; que é a consciência de que poderiam
trabalhar menos e determinar suas próprias necessidades e satisfações. No mecanismo
de dominação do sistema capitalista, segundo Marcuse:
O homem encontra a natureza tal como é transformada pela
sociedade, sujeita a uma racionalidade específica, que se converteu em um
grau cada vez maior em racionalidade tecnológica e instrumental, subjugada
às exigências do capitalismo. (...) Conquanto seja verdade que as pessoas
devem se libertar da sua servidão, também é verdade que elas devem se
libertar primeiro do que foi feito delas na sociedade em que vivem.
(MARCUSE, 1973)

A ciência desempenha um papel fundamental para manutenção da ordem


estabelecida. A ciência utilizada na administração e nos negócios, a ciência militar,
antes de qualquer coisa, com todas as suas armas aperfeiçoadas, e seus maravilhosos
instrumentos de destruição, a ciência que criou os navios, aviões, plataformas
marítimas, energia nuclear, que são todos utilizados na estratégia militar. Os meios de
comunicação em massa, que tornam possível a presença intervencionista das forças
dominantes por toda parte, vendendo seu produto e gerindo as grandes centralizações
político/estatais. Impondo por esses meios, silêncio, passividade e obediência, por meio
de uma força cientificamente organizada, que mantém as massas sempre em uma
auspiciosa ignorância, para que, nunca possam ajudando-se e unindo seus esforços de
forma organizada, criar um poder capaz de derrubá-los. Quem poderá negar que os
progressos científicos obtidos até agora, apenas serviram para o enriquecimento das
classes privilegiadas e para aumentar o poder dos Estados, em detrimento do bem-estar
e da liberdade das massas populares e dos trabalhadores.
A grande complexidade do contra senso da adaptação do homem à natureza e à
vida social, está subscrito na dominação feita para seu uso. A luta para dominação e
retenção da natureza perpassa a arbitrariedade da racionalidade como mecanismo de
dominação. A justiça se encontra assim no uso comum e igualitário destes recursos
naturais, contra o controle destes recursos por meio de camadas privilegiadas.
A legitimidade atribuída a diferentes sistemas de gerenciamento e administração
social, por meio de organismos de controle e coerção, tem como sua sustentação a
falaciosa alegação de consentimento do coletivo enquanto base de coesão e instalação
do regimento de autoridade. Qualquer tipo de autoridade assentada em qualquer nível de
organização seja em nível primário ou em nível das sociedades complexas, têm sua base
estrutural nos mecanismos de poder, através do uso da violência e da coerção física. O
exercício do poder assegura o controle e a coesão social; ao uso da força se atribui ao
exímio ato de conservação dos direitos coletivos, invioláveis e protegidos pelo soberano
poder em vigência, eterna mentira, o uso da força se faz diretamente necessário para a
garantia do poder por meio dos sistemas de controle social, como o Estado e todas as
outras instituições subjacentes na sociedade, ou seja, a igreja, as empresas etc.
A repressão policial e burocrática, esta última exercida por meio do aparato
jurídico das instituições vigentes, grosso modo, mantém os excluídos em seu lugar,
resguardando assim as instituições, que permanecem no controle da sociedade. O
individuo até agora tem sido eximido de deliberar em causa própria, somente sendo
imputado a outros decidirem sobre sua vida. O sujeito nasce categoricamente dividido
entre os que comandam e aqueles que são comandados. Se ele consegue alçar ao nível
daqueles que comandam se tornado um industrial ou político, reproduz e aperfeiçoa o
sistema de controle. O gerenciamento da ordem estabelecida é dotado de um constante
aparelho para seu aperfeiçoamento, devido, sobretudo ao recorrente desenvolvimento de
consciência nas classes subjugadas à seu domínio. Permanecendo nas camadas dos
governados o sujeito, oblitera-se de sua condição, esperançoso de um dia poder torna-se
parte daqueles que estão no comando; termina assim sua pobre vida condenado pela
esperança e viciados em jogatinas, único meio através do qual ainda vê esperança para
sair de sua miserável condição.
Nunca existiu na história da humanidade uma única forma de governo que não
tenha se sustentado sem o uso da força. Os usos da força e da coerção são à base de
sustentação de qualquer forma de governo, sempre que se atribui a alguns o poder de
tomar decisões, criar leis e determinar regras de conduta pelos outros está se exercendo
uma forma de coerção e opressão sob os demais. A luta contra a autoridade é, pois
dentro desse contexto, uma forma absolutamente legitima de reivindicação política, e
determina a seu ponto a luta pela igualdade política e social. A autoridade instituída
representa uma agressão incontestável contra a legitimidade da autonomia individual do
sujeito. As estruturas jurídicas dos Estados contemporâneos impõem, por si, um
arcabouço burocrático que imprimem a sujeição do individuo, eximindo-o da tomada de
decisões. O individuo, sujeito ao aparato jurídico instituído, não se constitui enquanto
individuo deliberante e autônomo, atributos essenciais da vida política. O individuo
permanece subjugado ao aparato jurídico vigente, instituído pela autoridade
estabelecida.
Com o advento do utilitarismo, em relação à racionalização científica, utilizada
até mesmo no gerenciamento e administração da personalidade, tudo se alterou,

A pessoa passou a ser definida pela sua produção; a identidade é


engolida pela função. E isto se tomou tão arraigado que, quando alguém nos
pergunta o que somos, respondemos inevitavelmente dizendo o que fazemos.
Com esta revolução instaurou-se a possibilidade de se gerenciar e
administrar a personalidade, pois que aquilo que se faz e se produz, a função,
é passível de medição, controle, racionalização. A pessoa praticamente de-
saparece, reduzindo-se a um ponto imaginário em que várias funções são
amarradas. (ALVES, 1982 p3)

Rubem Alves pensa em uma mudança no sistema educacional, diferente daquele criado
e manipulado por esta racionalidade instrumental, dentro da ordem estabelecida, onde, o
professor é apenas “funcionário de um mundo dominado pelo estado e pelas empresas.
É uma entidade gerenciada, administrada segundo sua excelência funcional, excelência
esta que é sempre julgada a partir dos interesses do sistema. Pensar em uma melhoria
nesse sentido, só se apresenta como possível a partir do momento em que comecemos a
repensar toda a estrutura social. Com que fins ela trabalha? Sobre que tipos de
interesses? A ordem de quem?
O problema da identificação entre conhecer e pensar, é também reconhecido por
Nietzsche como um fator da decadência do sistema educativo como um todo, pois, o
educando torna-se reprodutor de um conhecimento introjetado nele de forma
programada para a manutenção da ordem estabelecida, o sistema educativo, assim não
perpassa, de forma alguma, o que constitui:

Aprender a pensar: não se tem mais em nossas escolas nenhuma noção


do que isso significa (...). É necessário ao pensamento uma técnica, um plano
de estudo, uma vontade de domínio- de que o pensar deve ser aprendido,
como um tipo de dança.(NIETZSCHE, 2006)
O conhecer é visto assim, como denomina Marilena Chauí, “apropriar-se
intelectualmente de um campo dado de fatos ou idéias que constituem o saber
estabelecido” (CHAUÍ, 1983). O pensar em oposição constitui outra forma de saber que
pressupõe o ato reflexivo. Chauí adverte ainda sobre a problemática desta identificação,
na instrumentalização da cultura, que é perpetuada pelas universidades, que reduzindo a
questão do saber à do conhecimento poderá, “por isso mesmo, administrá-lo, pois sendo
seu campo o saber instituído, nada mais fácil do que dividi-lo, dosá-lo, distribuí-lo e
qualificá-lo.” (CHAUÍ, 1983)
Em seu projeto de sociedade, Bakunin antecipa a importância de uma “instrução
integral” na formação dos jovens de forma que esses recebam uma educação tanto para
o trabalho intelectual como para o trabalho manual:

Imaginemos, pois, uma sociedade organizada de um modo


totalmente igualitário, onde todas as crianças tenham desde o seu nascimento,
os mesmos tipos de oportunidades, sem nenhuma espécie de desigualdade,
tanto no aspecto político, como no econômico e no social, ou seja, a mesma
educação, a mesma instrução, onde as capacidades reais das pessoas poderão
desenvolver-se plenamente em condições de absoluta igualdade.
(BAKUNIN, 2003)

Dessa forma, só poderemos falar de algum tipo de melhoria em nossa sociedade


e no modelo de educação, a partir do momento em que forem estabelecidas em nossa
sociedade as condições propicias para tal adequação do nível sócio/político/econômico.
A instrução deve ser igual em todos os graus para todos, resultando em uma instrução
integral, ou seja, deve preparar as crianças, tanto para a vida intelectual como para a
vida do trabalho desenvolvendo em cada um o máximo de suas capacidades para que
todos possam ser pessoas livres, capazes de tomar decisões, e assumir sua liberdade de
forma plena.
Pensar uma mudança real e efetiva no modelo educacional, e na tarefa do
educador dentro de nossa realidade social, deve estar intimamente e necessariamente
ligado a um novo projeto de sociedade, diferente do modelo estabelecido dentro dos
padrões da racionalidade instrumental. A racionalidade científico/tecnológica trás com
si imensos avanços, mais quanto mais extraordinários são, mais se convertem em causa
de escravidão intelectual e, portanto, material, origem de misérias e de inferioridade
para o povo, tais progressos estimulam a distância entre o trabalho intelectual, criativo e
reflexivo, do trabalho técnico puramente executável, fruto da domesticação e
instrumentalização do saber, pois, o homem se reduz ai, à apenas reprodutor de um
saber instrumentalizado, se tornando assim um subproduto do sistema, domesticado por
ele e trabalhando para sua manutenção.
Uma reforma neste sistema pressupõe uma desarticulação dos mecanismos de
controle, a legítima desapropriação dos meios de produção, a distribuição igualitária da
terra, como também, de todos os meios naturais de sustentação da vida. Contra o
controle incondicional por meio das grandes corporações, as oligarquias burguesas. É
necessária uma organização firme e patente organizada contra os sistemas de controle e
repressão. Sendo necessário para tanto, o conhecimento do funcionamento destas
estruturas tornando-se imprescindível a inserção, de forma clara e consciente, dentro das
estruturas de poder, buscando por esse meio sua desestruturação.

Referência:

ALVES, Rubem. O preparo do educador. Brasília: v. 1, n. 8, p. 22 - 30, ago.1982.

BAKUNIN, Mikhail Aleksándrovich. A instrução integral. São Paulo: Imaginário,


2003.

CHAUÍ, Marilena. O que é ser educador hoje? Da arte à ciência: a morte do educador.
In: Brandão, Carlos R. (Org.). O Educador: vida e morte 4ª ed. Rio de Janeiro: Graal,
1983.

MARCUSE, Herbert. Contra-revolução e revolta. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1973.

NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Crepúsculo dos ídolos, ou, como se filosofa com o
martelo. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

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