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(Versão preliminar)
Apoio
Brasília / DF
maio de 2006
2
CRÉDITOS
Elaboração
Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) e Conselho Nacional de
Assistência Social (CNAS), com base nos “Subsídios para elaboração do Plano Nacional de Promoção,
Defesa e Garantia do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária”, elaborado
pela Comissão Intersetorial para Promoção, Defesa e Garantia do Direito de Crianças e Adolescentes à
Convivência Familiar e Comunitária, criada pelo decreto presidencial de 19 de outubro de 2004.
Coordenação
Secretaria Especial dos Direitos Humanos – SEDH
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS
Apoio Técnico
Fundo das Nações Unidas para Infância – UNICEF
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA
Sistematização Geral
Andréa Márcia Santiago Lohmeyer Fuchs
3
REPRESENTANTES GOVERNAMENTAIS
Ministério do Esporte – ME
Titular: Rafael de Aguilar Barbosa
Suplente: Luciana Homich de Cecco
Ministério da Fazenda – MF
Titular: Rogério Baptista Teixeira Fernandes
Suplente: Sérgio Ricardo de Brito Gadelha
Ministério da Saúde – MS
Titular: Thereza DE Lamare Franco Netto
Suplente: Ana Cecília Sucupira
Ministério da Justiça – MJ
Titular: José Eduardo Elias Romão
Suplente: Júlia Galiza de Oliveira
4
REPRESENTANTES NÃO-GOVERNAMENTAIS
TITULARES
Pastoral da Criança
Representante: Irmã Beatriz Hobold
SUPLENTES
Visão Mundial
Representante: Maria Carolina da Silva
REPRESENTANTES GOVERNAMENTAIS
Ministério da Saúde – MS
Titular: Regina Affonso de Carvalho
Suplente: Ângela Cristina Pistelli
REPRESENTANTES NÃO-GOVERNAMENTAIS
LISTA DE SIGLAS
SUMÁRIO
1. Antecedentes, 12
2. Marco Legal, 18
3. Marco Conceitual, 22
4. Marco Situacional, 26
5. Diretrizes, 38
7. Resultados Programáticos, 46
8. Plano de Ação, 53
10. Glossário, 89
Anexos
1. ANTECEDENTES
1
Com base no texto constitucional e infraconstitucional, define-se família como um grupo de pessoas, com laços de consangüinidade e/ou de aliança
e/ou de afinidade, cujos vínculos circunscrevem obrigações recíprocas, organizadas em torno de relações de geração e de gênero. A amplitude desta
definição derruba qualquer idéia preconcebida de modelo familiar “normal”. Trata-se, portanto, de saber se a família é capaz de realizar as funções
de proteção e de socialização das suas crianças e adolescentes em uma diversidade de arranjos familiares e culturais, mas já não mais de se perguntar
pela forma ou estrutura da família.
13
Trata-se da mudança do olhar e do fazer, não apenas das políticas públicas focalizadas na
infância e na juventude, mas extensivos aos demais atores sociais do chamado Sistema de Garantia
de Direitos, implicando a capacidade de ver essas crianças e adolescentes de maneira indissociável
do seu contexto sócio-familiar e comunitário.
Crianças e adolescentes têm o direito a uma família, cujos vínculos devem ser protegidos
pela sociedade e pelo Estado. Nas situações de risco e enfraquecimento desses vínculos familiares,
as estratégias de atendimento deverão esgotar as possibilidades de preservação de tais vínculos,
aliando o apoio sócio-econômico à elaboração de novas formas de interação, referências morais e
afetivas no grupo familiar.
No caso de ruptura desses vínculos, o Estado é o responsável pela proteção das crianças e
dos adolescentes, incluindo o desenvolvimento de programas e estratégias que possam levar a
constituição de novos vínculos familiares e comunitários, mas sempre tendo em vista a
possibilidade de resgate dos vínculos originais.
Diante do desafio de garantir efetivamente o direito à convivência familiar e comunitária de
crianças e adolescentes, o então Departamento da Criança e do Adolescente (DCA) do Ministério
de Justiça (MJ), a Secretaria de Estado de Assistência Social (SEAS) do Ministério da Previdência
e Assistência Social (MPAS) e o Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF) reuniram-se,
no primeiro semestre de 2002, com a finalidade de discutir os dados apresentados pela Caravana da
Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados2 sobre os programas de abrigo. A partir
dessa situação problema percebeu-se que para ampliar e qualificar o debate fazia-se necessário
integrar novos atores sociais no processo.
Assim, em agosto de 2002 foi realizado o “Colóquio Técnico sobre Rede Nacional de
Abrigos”, que contou com a participação de Secretarias Estaduais de Assistência Social, e
entidades não-governamentais dos diferentes estados brasileiros envolvidos com a temática.
Nesse evento foram identificadas ações a serem priorizadas, entre elas: a realização de um
censo nacional de crianças e adolescentes em abrigos e práticas institucionais e a elaboração de um
Plano de Ação para o reordenamento de abrigos. Para o encaminhamento das decisões deliberadas
no Colóquio, constituiu-se o “Comitê Nacional para Reordenamento de Abrigos”, com objetivo de
estimular mudanças nas políticas e práticas de atendimento, efetivando uma transição para o novo
paradigma legal, Estatuto da Criança e do Adolescente, a respeito do direito de crianças e
adolescentes á convivência familiar e comunitária. O Comitê foi composto pelos seguintes órgãos e
organizações: DCA, SEAS, FONSEAS, CNAS, CONANDA, Colegiado do Fórum Nacional de
2
A Caravana, realizada de setembro a dezembro de 2001, percorreu oito estados brasileiros com o objetivo de verificar a real situação dos programas
de abrigos para crianças e adolescentes. Os resultados da Caravana foram apresentados no Caderno Especial do jornal Correio Braziliense datado de
09/01/ 2002.
14
Conselheiros Tutelares, RENIPAC, UNICEF e Fundação ORSA. Este grupo realizou três
encontros3 ainda em 2002, e concluiu pela relevância do levantamento nacional de abrigos, porém,
dado a limitações de recursos e tempo, delimitando o universo da pesquisa para os programas de
abrigos que faziam parte da Rede de Serviço de Ação Continuada ( Rede SAC). 4 5No final de 2002
o CONANDA, e o DCA do Ministério de Justiça, aprovaram/alocaram recursos para financiar esta
pesquisa. Em 2003, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) iniciou a pesquisa.
No inicio de 2004, no seu Planejamento Estratégico para o exercício 2004-2005, o
CONANDA elegeu como uma de suas prioridades a promoção do direito à convivência familiar e
comunitária de crianças e adolescentes. Por parte do Poder Executivo, o Ministro Chefe da
Secretaria Especial dos Direitos Humanos e o Ministro de Estado de Desenvolvimento Social e
Combate à Fome se articularam e propuseram a convocação de outros Ministérios e atores numa
Comissão Intersetorial.
Nesse novo momento, de maior integração intersetorial, ampliou-se o escopo temático para
além da proposta inicial de reordenamento dos abrigos. A incorporação das questões sobre Família
e Adoção tornou necessário redimensionar o grupo de trabalho, criando-se a Comissão Intersetorial
que teria, agora, como finalidade superior, construir subsídios para a elaboração do “Plano
Nacional de Promoção, Defesa e Garantia do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência
Familiar e Comunitária”. Esta Comissão Intersetorial foi nomeada por decreto presidencial de 19
de outubro de 2004 e composta por cinco Ministérios, cada um com obrigação de orçar recursos
para a nova política. Foram também convidadas representações dos três poderes e da sociedade
civil. A Comissão Intersetorial teve noventa dias para a elaboração do documento, tendo seu prazo
ampliado para abril de 2005.
A composição dessa Comissão, de acordo com o decreto, obedeceu à lógica da
intersetorialidade. Articulou atores institucionais dos três poderes da República, das três esferas de
poder, das diferentes políticas sociais básicas, da área de planejamento do Governo Federal, das
instâncias de participação e controle social que integram o Sistema de Garantia de Direitos, das
entidades de atendimento, bem como do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
3
Os três encontros aconteceram em Brasília/DF nas seguintes datas: 1ª reunião – 24/09/2002; 2ª reunião – 22/10/2002 e 3ª reunião – 22/11/2002.
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A decisão pela proposta de Levantamento da Rede de Abrigos com base na Rede SAC em detrimento de um Censo Nacional (proposta inicial e
mais completa) deu-se em razão de que a realização desse Censo Nacional seria uma tarefa praticamente impossível diante do quadro de ausência de
dados que possibilitassem a identificação de todas as instituições que executavam serviços dessa natureza, destacando-se: i) Muitos municípios não
possuíam Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente (órgãos responsáveis pelos registros das entidades e serviços de abrigos); ii) O
Cadastro existente na SEAS reduzia-se aos serviços de abrigos que recebiam subvenção do Fundo Nacional de Assistência Social, não se tendo
dimensionado a representação dessa rede diante do universo das organizações que executavam tal medida de proteção e iii) A realização de um
Censo implicaria na cobertura de toda a rede, necessitando para tanto de um banco de dados que identificasse a localização de cada um dos abrigos
ou instituições que operavam o abrigamento de crianças e adolescentes.
5
Ressalta-se que, com a aprovação da NOB/SUAS em julho de 2005 e das portarias nº 440 e nº 442 do MDS, os recursos do co-financiamento
federal das ações socioassistenciais passam a ser transferidos por “Pisos de Proteção”, cujos recursos poderão ser utilizados conforme a necessidade
local, dentro das ações passíveis de financiamento por cada piso. Cabe ao gestor local e ao CMAS a definição da rede de atendimento. O Piso de
Alta Complexidade I pode ser utilizado para a manutenção dos serviços da rede de acolhimento para crianças e adolescentes.
15
6
Datas das reuniões: 19 e 20 de novembro de 2004 – Tema: Análise da situação e sistemas de informação; 16 e 17 de dezembro de 2004 – Tema:
Atendimento; 02 a 04 de março de 2005 – Tema: Marcos normativos e regulatórios; 21 a 23 de março de 2005 – Tema: Mobilização, articulação e
participação.
16
Cada uma destas áreas foi objeto de discussões aprofundadas e propositivas, abarcando
também suas interfaces e inter-relações, tentando dar conta da imensa complexidade do tema e das
múltiplas variáveis que interagem em cada dimensão da realidade focalizada.
Em 15 de abril de 2005 o documento contendo os “Subsídios para a elaboração do Plano de
Promoção, Defesa e Garantia do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e
Comunitária” foi apresentado ao MDS e ao SEDH, em cerimônia oficial, e contou com a presença
dos Conselhos Nacionais dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) e da Assistência
Social (CNAS). Nesta solenidade ficou definido o prazo de dois meses para que o Poder Executivo
Federal fizesse a readequação programática e orçamentária e em seguida encaminhasse o
documento ao CONANDA e CNAS para a aprovação conjunta do Plano Nacional. Neste período,
o Governo Federal desenvolveu um importante trabalho de análise das ações, dos programas e dos
respectivos orçamentos, acrescentando nas tabelas dos quatros eixos do Plano as estratégias
relevantes, possibilitando a inserção da temática em programas bem como sua articulação.
Conselheiros do CONANDA e do CNAS participaram como titulares da Comissão Intersetorial,
contribuindo e acompanhando todo o processo e, sobretudo, informando os respectivos Conselhos
a respeito. Ao receberem o documento “Subsídios para a elaboração do Plano de Promoção, Defesa
e Garantia do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária”, ambos
os Conselhos nomearam Comissões (CNAS – a Comissão de Política e CONANDA – uma Sub-
Comissão ad-hoc da Comissão de Políticas Públicas), para discussão e encaminhamento de
contribuições. Os Presidentes de ambos os Conselhos lideraram este processo, facilitando reunião
conjunta entre as Comissões dos Conselhos para a consideração do documento. Num momento de
intensa parametrização de ambos – o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e o Sistema de
Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente (SGD) – esse esforço de deliberação conjunta
constitui-se como elemento estratégico. Uma política de promoção, defesa e garantia do direito da
criança e do adolescente à convivência familiar e comunitária perpassa ambos os sistemas e é
fundamental para o aprimoramento da interface entre eles. Tanto CONANDA quanto CNAS são
categóricos ao afirmarem que este direito só será garantido com a interação de todas as políticas
sociais, com centralidade na família para acesso a serviços de saúde, a educação de qualidade,
geração de emprego e renda entre outros. Desta forma, as contribuições sobre o papel de cada setor
no apoio e garantia do direito à convivência familiar e comunitária será de grande relevância.
O documento ora intitulado como “Plano Nacional de Promoção, Defesa e Garantia do
Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária – Versão Preliminar” – é
o produto histórico da elaboração de inúmeros atores sociais comprometidos com os direitos das
crianças e adolescentes brasileiros. O CONANDA e o CNAS, ao apresentarem o documento
17
esperam contribuir para a construção de um novo patamar conceitual que orientará a formulação
das políticas para que cada vez mais crianças e adolescentes tenham seus direitos assegurados e
encontrem na família os elementos necessários ao seu pleno desenvolvimento. Este processo
acontece simultaneamente com um processo de discussão internacional liderado pelo Comitê dos
Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a necessidade de aprimorar os
mecanismos de proteção integral dos direitos da criança privada dos cuidados parentais, com
recomendações em 2004 e 2005 da elaboração de nova normativa internacional a esse respeito.
Elaborar um “plano nacional” requer um outro e importante desafio: mobilizar ainda mais
outros atores sociais para que se integrem a esse movimento, que deve ser coletivo e articulado na
efetivação de direitos, tornando efetiva a participação social e, sobretudo possibilitando o avanço
na promoção, defesa e garantia do direito à convivência familiar e comunitária.
A promoção, a defesa e a garantia dos direitos das crianças e adolescentes à convivência
familiar e comunitária envolvem o esforço de toda a sociedade e o compromisso com uma
mudança cultural que atinge as relações familiares, as relações comunitárias e as relações do
Estado com a sociedade. O respeito à diversidade cultural não é contraditório com esta mudança
que atravessa os diversos grupos sócio-culturais, na defesa desses direitos. Pelo contrário, exige
que se amplie a concepção de cidadania para incluir as crianças e adolescentes e suas famílias, com
suas necessidades próprias.
Desafio de dimensões estratégicas, sem dúvida, de cujo enfrentamento eficaz depende a
viabilidade de qualquer projeto de nação e de país que se deseje construir agora e no futuro. Eis o
nosso desafio!
18
2. MARCO LEGAL
A Constituição Federal estabelece que a “família é a base da sociedade” (artigo 226) e que,
portanto compete a ela, juntamente com o Estado, a sociedade em geral e as comunidades,
“assegurar à criança e ao adolescente o exercício de seus direitos fundamentais” (artigo 227). Por
sua vez, o referido artigo, especifica os direitos fundamentais especiais da criança e do adolescente,
ampliando e aprofundando aqueles reconhecidos e garantidos para os cidadãos adultos no seu
artigo 5º. E dentre esses direitos fundamentais da cidadania está o direito à convivência familiar e
comunitária.
Em face desse papel de mecanismo de promoção e proteção dos direitos humanos, no
tocante às relações familiares, a Constituição Federal rompe com o anterior tratamento
diferenciado e discriminatório dado aos filhos em razão da origem do nascimento ou das condições
de convivência dos pais, determinando a equiparação de filhos havidos ou não da relação do
casamento ou por adoção (artigo 227 §6º). A mesma Carta Constitucional, em seu artigo 226 §8º
estabelece que ao Estado compete assegurar a assistência à família na pessoa de cada um dos que a
integram, criando mecanismos para coibir violências no âmbito de suas relações. Adiante, no artigo
229 determina que os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores e os filhos
maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.
Conseqüentemente, todo reordenamento normativo e político-institucional que se pretenda fazer há
de partir das normas constitucionais, marco legal basilar para o presente Plano.
Respeitando-se essa hierarquia normativa, quando se tratar desta questão da convivência
familiar e comunitária, igualmente deve ser dada prevalência a toda normativa convencional
internacional, reguladora da promoção e proteção dos direitos humanos, ratificada em caráter
especial pelo Brasil7 e àquela estabelecida por força de resoluções da Assembléia Geral das Nações
Unidas. Assim sendo, é de se destacar como marcos normativos a serem considerados as
Declarações sobre os Direitos da Criança (1924/1959), a Declaração Universal dos Direitos
Humanos (1948), a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem (1948), o Pacto de
São José da Costa Rica (1969), o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966, ratificados em 1992).
A Convenção sobre os Direitos da Criança, ratificada pelo Brasil em 24 de setembro de
1990, em especial, tem um papel superior e preponderante no embasamento da criação ou reforma
7
Para a Convenção a criança é considerada, no seu artigo 1º, menor de 18 anos.
19
Em respeito ao disposto nos artigos 226 e 227 da Constituição Federal, no tocante ao direito à
convivência familiar e comunitária, as leis orgânicas das políticas sociais foram sendo editadas e
reformadas aprofundando esses princípios constitucionais, regulamentados pelo Estatuto da Criança e
do Adolescente, tornando-os operacionais, com a construção de sistemas de atendimento de direitos,
especializados. Assim, se procedeu com a promulgação da Lei Orgânica da Assistência Social, da Lei
Orgânica da Saúde, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
22
3. MARCO CONCEITUAL8
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) tem uma redação que facilita a sua
interpretação e reduz a possibilidade de divergências extremadas sobre as noções de seus institutos.
Como toda norma esta possui o seu discurso. Este discurso é dotado de racionalidade, na medida
em que oferece razões para aquilo que é dito,9 e tudo isto decorre da verificação da realidade e dos
conceitos que todos temos desta. Entretanto, o discurso da norma jamais poderá prescindir de
qualquer uma das duas funções: justificadora e modificadora.
Muito embora vivamos em um período de exigência de um processo de positivação do
Direito, alguns institutos previstos na legislação e na doutrina sobre os direitos da criança e do
adolescente estão sendo consolidados e, outros ainda, construídos.
Sendo assim, para este Plano é necessário a verificação mínima do discurso dentro dos
nossos marcos legal e situacional, sem prejuízo das questões jurídicas conflituais que existam e que
venham a existir.10
Entende-se como família natural, nos termos do artigo 25 do ECA, a comunidade formada
pelos pais ou qualquer deles e seus antecedentes.
Embora o Estatuto não se utilize expressamente do termo família extensa, entende-se neste
documento como aquela que inclui, além dos parentes e agregados, todas as demais pessoas que
tenham relação de afinidade ou de afetividade com o núcleo familiar natural, como se depreende do
texto do artigo 28, parágrafo 2º (ECA)11 não se exigindo que as pessoas residam no mesmo
domicílio.
É fato que o acolhimento informal de filhos de outra pessoa diz respeito à prática secular e
disseminada em todo o país,12 ficando caracterizada esta situação quando os pais, voluntariamente,
delegam seu papel parental a outro membro da família extensa ou, simplesmente, por sua omissão,
permitem que haja esta transferência. É sabido que não são poucas as crianças e adolescentes que
8
''Na Oficina de revisão jurídica do presente Plano Nacional, organizado pelo CONANDA com especialistas da área em 18 de abril de 2006, surgiu
a necessidade de introduzir maior detalhamento sobre Marco Conceitual, especialmente para dirimir dúvidas quanto ao conceito de “Acolhimento
Familiar” utilizado no texto, antes de submetê-lo à Consulta Pública. Ressalta-se que o conteúdo do Marco Conceitual não foi objeto de apreciação
do Conanda e do CNAS. Portanto, este capítulo, assim como os demais, devem receber as críticas e sugestões pertinentes quando da consulta
pública.
9
FERRAZ JR, Tércio Sampaio. Direito, retórica e comunicação. Saraiva: São Paulo, 1973, p. 126.
10
Em se tratando de interpretação é perfeitamente natural que aconteça. Assim, justifica-se a elaboração deste marco conceitual e de glossário neste
Plano.
11
Sobre o conceito de família extensa ligada pela consangüinidade e pela afinidade ver também Saffioti, Heleieth I. B. e Almeida, Suely de Souza.
Violência de Gênero: Poder e Impotência. Rio de Janeiro, Revinter, 1995, p. 71.
12
SERRA, Márcia Milena Pivatto. O Brasil das muitas mães: aspectos demográficos da circulação de crianças. Tese de Doutorado no PPG
Antropologia – UNICAMP, 2003.
23
passam a maior parte de sua vida sendo criadas por parentes, padrinhos ou amigos próximos dos
seus pais (família extensa). Esta prática antiga que se denomina por processo de circulação de
crianças e de adolescentes13 ainda persiste e persistirá por ser natural e culturalmente legitimada.
Nestes casos, a regularização da situação da criança ou do adolescente vai exigir apenas uma
solução judicial, consistente na colocação em família pelos instrumentos jurídicos previstos no art.
28 do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Sendo assim, não há que se falar em acolhimento “formal” na hipótese de simples
colocação em guarda ou tutela, ou até mesmo de adoção de criança ou de adolescente, mantendo-se
na sua família extensa, como forma de regularização jurídica de uma situação protetora ou para se
efetivar a reintegração dessas em sua família.
O termo acolhimento “formal”, a que se refere este Plano, corresponde à modalidade de
atendimento de serviço de proteção especial de alta complexidade14 que garanta proteção integral,
incluindo a moradia, alimentação, higienização, bem como os demais cuidados para crianças e
adolescentes que se encontram sem referência e/ ou em situação de ameaça, que não possam
permanecer em seu núcleo familiar ou comunitário.15 Ou seja, “trata-se de uma prática mediada por
uma autoridade, com um plano de intervenção definido, administrada por um serviço com recursos
disponíveis, conforme política pública estabelecida.”16
Este “acolhimento formal”, definido como o ato de criar o filho de uma pessoa, não pode
ser realizado por pessoa da mesma família – natural ou extensa –, mas por uma pessoa, família ou
instituição, que cuide transitoriamente da criança ou do adolescente com seus direitos violados, até
que este possa ser reintegrado à sua família de origem. Nos casos em que se inviabiliza a
reintegração à família de origem outras alternativas podem ser consideradas, como o
encaminhamento para adoção ou eventualmente a indicação de um acolhimento permanente por
parte da família acolhedora.
A criança ou o adolescente que se encontra em situação de violação permanente de seus
direitos deve receber as medidas específicas de proteção, traduzidas no âmbito da assistência social
pelos serviços de proteção especial, conforme estabelecidos no Estatuto da Criança e do
Adolescente e na Política Nacional de Assistência Social, respectivamente.
São duas as espécies de Acolhimento: Acolhimento Institucional e o Acolhimento Familiar.
13
FONSECA, Cláudia, TERTO, Veriano e ALVES, Caleb F. Antropologia, diversidade e direitos humanos: diálogos interdisciplinares. Porto
Alegre: Editora da UFRGS, 2004.
14
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e Secretaria Nacional de Assistência Social – Brasília, 2004, pág. 32.
15
Política Nacional de Assistência Social (2.5.2.) – Brasília, 2004.
16
CABRAL, Cláudia (Org.). “Perspectivas do Acolhimento Familiar no Brasil”. Acolhimento Familiar – experiências e perspectivas. Rio de
Janeiro: Booklink, 2004, p. 11.
24
19
Na definição de Matilde Luna, Presidente do Instituto Mercosul Social ( IMS), Buenos Aires, Argentina, “O Acolhimento Familiar se define
como, entre outras questões, um dos recursos técnicos utilizados pelos governos na instrumentação de medidas que resguardem às crianças e aos
adolescentes na situação de risco psicossocial. Isto implica que no menu de programas assistenciais se incluam os programas de acolhimento como
resposta às demandas sociais e no cumprimento da responsabilidade que cabe aos governos, particularmente às autoridades das políticas sociais.
Sendo um recurso que pode adotar diferentes formas na sua implementação, cada país escolhe a sua segundo algumas variáveis (...)”. In, “Menores
em riesgo y acogimiento familiar. Compartir el compromiso”. Buenos Aires. Ed. Humanitas, 1994.
20
Vide diversas experiências pelo país, como os projetos do Rio de Janeiro; SAPECA, de Campinas/SP; São Bento do Sul/SC, etc:, in, CABRAL,
Cláudia (Org.). “Perspectivas do Acolhimento Familiar no Brasil”. Acolhimento Familiar – experiências e perspectivas.Rio de Janeiro: Booklink,
2004, p. 11.
26
4. MARCO SITUACIONAL
21
MEDEIROS, M. e OSÓRIO, R. Arranjos domiciliares e arranjos nucleares no Brasil: classificação e evolução de 1977 a 1998. Texto para
Discussão no 788. Brasília, IPEA, abril de 2001.
27
a partir dos anos de 1990 e caracterizadas pelo ajuste econômico e pela restrição das políticas
sociais.
Essa família empobrecida, embora tenha peculiaridades na sua forma de organização que
lhe possibilitam apoiar-se fortemente nas relações de solidariedade parental ampliada e
conterrânea,22 tem experimentado uma crescente diminuição da sua capacidade de proteger os seus
membros.23 Criar e educar os filhos, garantindo-lhes o usufruto de todos os direitos de que são
titulares como pessoas humanas em situação peculiar de desenvolvimento, tem sido uma tarefa
muitas vezes impossível de ser cumprida pelas famílias submetidas a condições de vida precárias,
sem garantia de alimento, de moradia, de trabalho, de assistência à saúde e de todos os serviços que
definem uma vida minimamente digna no mundo contemporâneo. Além disso, a dinâmica familiar,
naturalmente marcada pela ocorrência de entradas e saídas de integrantes, registra, no caso das
famílias pobres, movimentos ainda mais traumáticos, determinados pelas condições
socioeconômicas e pela luta pela sobrevivência: migrações em busca de novas oportunidades;
institucionalização de crianças, adolescentes, adultos e idosos; afastamento dos responsáveis por
longos períodos em função da ocupação exercida, como o trabalho doméstico, por exemplo, entre
inúmeras outras situações.24
As conseqüências da desigualdade social e da pobreza, que tem como resultado a “produção
social de crianças vitimadas pela fome, por ausência de abrigo ou por morar em habitações
precárias, por falta de escolas, por doenças contagiosas, por inexistência de saneamento básico”,25
refletem diretamente na relação entre criança, adolescente e violência no cotidiano de famílias
brasileiras. Essa situação de vulnerabilidade, denominada vitimação, pode desencadear a agressão
física e/ou sexual contra crianças e adolescentes, haja vista que a cronificação da pobreza da
família contribui para a precarização e deterioração de suas relações afetivas e parentais. Nesse
sentido, pequenos espaços, pouca ou nenhuma privacidade, falta de alimentos e problemas
econômicos acabam gerando situações estressantes que, direta ou indiretamente, acarretam danos
ao desenvolvimento infantil”.26
Contudo, a pobreza ou carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para
explicar o fenômeno da violação de direitos da criança e do adolescente. A violação de direitos não
ocorre em todas as famílias que são pobres, assim como não é verdade que crianças e adolescentes
22
CARVALHO, M. C. B. A priorização da família na agenda da política social. In: KALOUSTIAN, op. cit.
23
CAMPOS, M. S. e MIOTO, R.C.T. Política de Assistência Social e a posição da Família na Política Social Brasileira. In: Ser Social: Revista do
Programa de Pós-Graduação em Política Social/Universidade de Brasília. Departamento de Serviço Social – v.1, n.1 (1º semestre, 1998). Brasília,
SER Social UnB, 1998.
24
FERRARI, Mário; KALOUSTIAN, Silvio M. Introdução. In: KALOUSTIAN, Silvio M. (Org.). Família Brasileira: a base de tudo São Paulo:
Cortez; Brasília, DF: UNICEF, 1994..
25
Azevedo e Guerra apud AMARO, Sarita. Crianças vítimas de violência: das sombras do sofrimento à genealogia da resistência – uma nova teoria
científica. Porto Alegre: AGE/EDIPURS, 2003.
26
Idem.
28
oriundos de famílias de classes de renda mais elevadas estão livres da vivência de maus-tratos e da
violação de direitos cometidos por seus próprios familiares.
Existem outros fatores explicativos para a incidência da violência contra crianças e
adolescentes no âmbito familiar, entre eles destaca-se: a história familiar passada ou presente de
violência doméstica; a ocorrência de perturbações psicológicas entre os membros das famílias; o
despreparo para a maternidade e/ou paternidade de pais jovens, inexperientes ou sujeitos a uma
gravidez indesejada; a adoção de práticas educativas muito rígidas e autoritárias; o isolamento
social das famílias que evitam desenvolver intimidade com pessoas de fora do pequeno círculo
familiar; a ocorrência de práticas hostis, desprotetoras ou negligentes em relação às crianças, e
fatores situacionais diversos que colocam as famílias frente a circunstâncias não antecipadas. 27
A relação entre pobreza e vitimização de crianças e adolescentes por parte de seus
responsáveis não é, portanto, direta, pois existem outras mediações que refutam o caráter natural e
fatalista com freqüência atribuído a essa associação. Entretanto, não é possível dissociar o padrão
de convivência familiar das questões mais amplas de frustração, humilhação, redução dos direitos
sociais e privações causadas pelo desemprego e pela diminuição do papel do Estado na garantia da
sobrevivência das famílias por meio da provisão de políticas sociais.28
A condição socioeconômica precária das famílias, ao impor maiores dificuldades para a
sobrevivência digna do grupo familiar, pode funcionar como um elemento agravante e
desencadeador de outros fatores de risco preexistentes. Portanto, tratar do direito à convivência
familiar e comunitária de crianças e adolescentes em situação de risco é falar das políticas de
atenção às suas famílias, majoritariamente pobres.
O Brasil é um país com tradição de atendimento institucional às crianças e adolescentes em
situação de vulnerabilidade, tradição essa historicamente forjada na desvalorização social da
parcela da população a que pertencem, em sua grande maioria pobre e procedente de etnias não-
brancas e na adaptação dessa população aos padrões considerados aceitáveis.
A colocação de crianças e adolescentes em instituições como medida de proteção contra os
desvios causados pelas condições sociais, econômicas e morais das famílias pobres ou como
medida corretiva de desvios, ao longo da história social da criança, do adolescente e da família,
cristalizou as experiências das chamadas instituições totais, onde crianças e adolescentes viviam
sob rígida disciplina e afastados da convivência familiar e comunitária, visto que quase todas as
atividades pertinentes a suas vidas eram realizadas intramuros.29
27
Amaro, op. cit.
28
FALEIROS, Vicente de Paula. A questão da violência. In: SOUSA JR., José Geraldo de [et al.] organizadores. Educando para Direitos Humanos:
pautas pedagógicas para a cidadania na universidade. Porto Alegre, 2004.
29
RIZZINI, Irma. Assistência à infância no Brasil: uma análise de sua construção. Rio de Janeiro, Ed. Universitária Santa Úrsula, 1993.
29
Gráfico 1
Brasil – Crianças e adolescentes abrigados por faixa etária, segundo cor
2500
2000
1500
1000
500
0
0a3 4a6 7a9 10 a 12 13 a 15 16 a 18 Mais de
anos anos anos anos anos anos 18 anos
Brancos Não-brancos
Fonte: IPEA/DISOC (2003). Levantamento Nacional de Abrigos para Crianças e Adolescentes da Rede SAC
30
Ressalta-se que, com a aprovação da NOB/SUAS em julho de 2005 e das portarias Nº 440 e Nº 442 do MDS, os recursos do co-financiamento
federal das ações socioassistenciais passam a ser transferidos por “Pisos de Proteção”, cujos recursos poderão ser utilizados conforme a necessidade
local, dentro das ações passíveis de financiamento por cada piso. Cabe ao gestor local e ao CNAS a definição da rede de atendimento. O Piso de Alta
Complexidade I pode ser utilizado para a manutenção dos serviços da rede de acolhimento para crianças e adolescentes.
31
Levantamento realizado pelo IPEA em 2003 e promovido pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH) da Presidência da República,
por meio da Subsecretaria de Promoção dos Direitos da Criança do Adolescente (SPDCA) e do Conselho Nacional de Direitos da Criança e do
Adolescente (Conanda). Das cerca de 670 instituições de abrigo que eram beneficiadas, naquele ano, por recursos da Rede de Serviços de Ação
Continuada (Rede SAC) do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, foram investigados 589 abrigos, ou seja, 88% do total. Essas
instituições acolhiam, no momento da realização da Pesquisa, 19.373 crianças e adolescentes.
30
Gráfico 2
Brasil – Crianças e adolescentes abrigados por faixa etária, segundo sexo
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
0a3 4a6 7a9 10 a 12 13 a 15 16 a 18 Mais de
anos anos anos anos anos anos 18 anos
Meninos Meninas
Fonte: IPEA/DISOC (2003). Levantamento Nacional de Abrigos para Crianças e Adolescentes da Rede SAC
Contrariando o senso comum que imaginava serem órfãos as crianças e adolescentes que
viviam nos abrigos, o Levantamento Nacional também mostrou que a grande maioria desses
meninos e meninas (86,7%) tinha família, sendo que 58,2% mantinham vínculos com os familiares.
Apenas 5,8% estavam impedidos judicialmente desse contato com eles e somente 5% eram órfãos.
Esses meninos e meninas viviam, portanto, a paradoxal situação de estarem juridicamente
vinculados a uma família que, na prática, havia algum tempo, não exerce a responsabilidade de
cuidar deles, principalmente por causa da pobreza (Gráfico 3).
Gráfico 3
Brasil – Crianças e adolescentes abrigados, segundo situação familiar
Impedimento 5,8%
judicial
Família 6,7%
desaparecida
Fonte: IPEA/DISOC (2003). Levantamento Nacional de Abrigos para Crianças e Adolescentes da Rede SAC
31
Embora a carência de recursos materiais, de acordo com o ECA, não constitua motivo para
a perda ou suspensão do poder familiar, o Levantamento Nacional identificou que as causas que
motivaram o abrigamento da maioria das crianças e adolescentes encontradas nas instituições de
abrigos estavam relacionadas à pobreza, conseqüência da falha ou inexistência das políticas
complementares de apoio aos que delas necessitam. Entre os principais motivos: a pobreza das
famílias (24,1%), o abandono (18,8%), a violência doméstica (11,6%), a dependência química dos
pais ou responsáveis incluindo alcoolismo (11,3%), a vivência de rua (7,0%) e a orfandade (5,2%).
Gráfico 4
Brasil – Motivos do ingresso de crianças e adolescentes em abrigo, segundo a freqüência
Fonte: IPEA/DISOC (2003). Levantamento Nacional de Abrigos para Crianças e Adolescentes da Rede SAC.
Se de um lado tem havido por parte das autoridades competentes – Conselho Tutelar e
Judiciário – uma aplicação indiscriminada da medida de abrigo, de outro lado, à saída do abrigo
permanece sendo um desafio. O Levantamento Nacional apontou que o princípio da brevidade da
medida do abrigo estabelecido pelo ECA também não vem sendo cumprido, uma vez que mais da
metade das crianças e dos adolescentes abrigados viviam nas instituições há mais de dois anos,
enquanto 32,9% estavam nos abrigos por um período entre dois e cinco anos, 13,3%, entre seis e
dez anos, e 6,4%, por mais de dez anos.
32
Em relação à possibilidade de adoção a situação também é dramática, uma vez que dentre
as crianças e adolescentes abrigadas nas instituições pesquisadas, apenas 10,7% estavam
judicialmente em condições de serem encaminhados para a adoção.32 Além disso, apenas metade
desses meninos e meninas (54%) abrigados tinha processo judicial. A outra metade, por certo, lá
estava sem o conhecimento do judiciário, já que muitas crianças e adolescentes foram
encaminhadas aos abrigos pelas próprias famílias (11,1%), pela polícia (5,5%), dentre outras
instituições que, judicialmente, não teriam tal prerrogativa.33
Embora a legislação tenha como regra geral a convivência de crianças e adolescentes com
suas famílias naturais – e, excepcionalmente, com famílias substitutas –, para muitos dos meninos e
meninas brasileiros esse direito permanece negado, passando um período significativo da sua
infância e adolescência institucionalizadas e afastadas do convívio com suas famílias e suas
comunidades.
É preciso considerar sempre a prioridade a ser dada à manutenção de crianças e
adolescentes no arranjo familiar de origem, seja ele qual for, evitando-se a separação e suas
implicações e, sobretudo é necessário pensar em como manter a vivência familiar e comunitária
quando o afastamento é inevitável.
As seqüelas para crianças e adolescentes de um período de institucionalização prolongado
serão tanto maiores quanto maior for o tempo de espera, que interfere não só na adaptação em caso
de retorno à família de origem, mas também nos casos de inserção definitiva em outra família.34
Neste sentido, considerando-se que o Acolhimento Institucional ainda cumpre um papel
muito importante no cuidado com crianças e adolescentes em situação de risco no Brasil, é crucial
reconhecer a obrigatoriedade de promoção do direito à convivência familiar e comunitária também
recai sobre as entidades que oferecem programas de abrigo. Muito embora, essa atribuição seja
compartilhada por toda a rede de atendimento à criança e ao adolescente, que inclui ainda o
Judiciário, o Ministério Público, os Conselhos Tutelares e de Direitos da Criança e do Adolescente,
as organizações civis de defesa de direitos humanos e o próprio Poder Executivo nos níveis federal,
estadual e municipal.
32
Observados os dispostos nos artigos 166 e 169 do ECA, a adoção requer a destituição do poder familiar e implica no afastamento definitivo da
criança e do adolescente de suas famílias de origem. Assim, para não incorrer em injustiças, é da maior importância que essas famílias recebam
apoio e suporte necessários para sua reestruturação. Em muitos casos, a inadequação dos processos de destituição do poder familiar pode provocar
injustiças com famílias que sequer receberam apoio e/ou tiveram tempo para reintegração de seus filhos. No entanto, é fundamental chamar atenção
para o fato de que o próprio Estatuto estabelece que o abrigo é uma “medida provisória e excepcional, utilizável como forma de transição para a
colocação em família substituta”, não sendo aceitável a permanência indefinida de crianças e adolescentes nas instituições sem qualquer perspectiva
de convivência.
33
Cumpre esclarecer que o ECA estabelece em seu artigo 93: “As entidades que mantenham programas de abrigo poderão, em caráter excepcional e
de urgência, abrigar crianças e adolescentes sem prévia determinação da autoridade competente, fazendo comunicação do fato até o segundo dia útil
imedfiato.
34
SILVA, Roberto, apud MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL, Comitê Nacional para o Reordenamento dos Abrigos. Subsídios para
reflexão na aplicação da medida e o funcionamento de programas em regime de abrigo. Brasília: 2003, p. 13 (não publicado).
33
O perfil institucional dos 589 abrigos identificado no Levantamento Nacional aponta que
majoritariamente essas instituições são não-governamentais, orientadas por valores religiosos,
dirigidas por voluntários e que dependem fundamentalmente de recursos próprios e privadas para o
seu funcionamento (Quadro 1).
• Não-governamentais................................................................................................................................68,3%
Públicas .....................................................................................................................................................30,0%
• Têm orientação/vínculo religioso................................................................................................................67,2%
Católicos............................62,1%
Evangélicos.......................22,5%
Espíritas.............................12,6%
• Anteriores a 1990 .....................................................................................................................................41,4%
Posteriores a 1990.....................................................................................................................................58,6%
• Dirigidas por voluntários ............................................................................................................................59,3%
Dirigidas por profissionais remunerados....................................................................................................33,4%
• Profissionais do quadro próprio do abrigo..................................................................................................59,2%
Profissionais voluntários ..............................................................................................................................25,3%
• Funcionam sob regime de permanência integral.........................................................................................78,4%
Funcionam sob outros regimes de permanência........................................................................................19,7%
• Recursos próprios e privados no financiamento das entidades não-governamentais.................................61,7%
• Recursos públicos no financiamento das entidades não-governamentais.....................................................32,3%
Fonte: IPEA/Conanda. O Direito à Convivência Familiar e Comunitária: os abrigos para crianças e adolescentes no Brasil. Brasília, 2004.
Ao analisar com base nos princípios do ECA os aspectos do atendimento realizado pelos
abrigos quanto à convivência familiar, o Levantamento Nacional observou que, em relação às
ações de incentivo à convivência das crianças e dos adolescentes com suas famílias de origem, a
maioria dos programas realiza visitas das crianças e adolescentes aos seus lares, mas a minoria
permite visitas livres dos familiares aos abrigos Entretanto, somente 31,2% realizavam as duas
ações conjuntamente. Quanto às ações de não-desmembramento de grupos de irmãos, a maioria
dos programas priorizava a manutenção ou a reconstituição de grupos de irmãos, adotava o modelo
de “agrupamento vertical”, possibilitando o acolhimento de irmãos em diferentes idades e recebia
tanto meninos quanto meninas. Contudo, somente 27,8% do total das instituições que desenvolvem
programas de abrigo atendiam todas as três ações (Quadro 2).
34
adolescentes em situação de risco, condenados a viver grande parte de suas vidas privados de
qualquer vivência familiar.35
Mesmo que a colocação em família substituta não dependa exclusivamente do trabalho
das instituições de abrigo, elas podem desempenhar um papel fundamental nesse processo,
incentivando a convivência de crianças e adolescentes abrigados com outras famílias por meio
de ações como: o incentivo à integração em família substituta sob as formas de guarda, tutela ou
adoção, o envio de relatórios periódicos sobre a situação dos abrigados e de suas famílias para
as Varas da Infância e da Juventude e a manutenção de programas de apadrinhamento afetivo.36
Das 589 instituições pesquisadas, apenas 22,1% desenvolviam todos esses tipos de ação de
incentivo à convivência de crianças e adolescentes abrigados com outras famílias (Quadro 4).
35
O Estatuto estabelece como princípio a ser seguido pelas entidades de abrigo “a colocação em família substituta, quando esgotados os recursos de
manutenção na família de origem” (Lei 8.069/90, Art. 92, Inc.II).
36
Os programas de apadrinhamento se constituem em alternativa de referência familiar para as crianças e os adolescentes abrigados.
36
Muitas das instituições investigadas – a maioria delas – como se viu, surgida durante a
vigência do ECA já introduziram condutas diferentes e programas mais condizentes com as
diretrizes legais, ampliando-se no país o elenco de experiências pautadas pelos princípios da
proteção integral e do atendimento individualizado. No entanto, há ainda inúmeras instituições que
mantêm práticas que privam quase que totalmente crianças e adolescentes da convivência social.
Sobretudo, ainda falta estratégia de coordenação das várias atividades desenvolvidas e que
poderiam contribuir para a promoção efetiva da convivência familiar e comunitária daqueles que
vivem nesses abrigos.
As questões mais decisivas talvez estejam relacionadas com a falta de integração entre
essas instituições e os demais atores da rede de atendimento, o que dificulta em muito a
realização de suas atividades em consonância com os princípios do ECA.
No tocante às alternativas ao Acolhimento Institucional é importante considerar o
acolhimento familiar provisório de crianças e adolescentes em situação de risco. Com efeito, na
busca de garantir o direito à convivência familiar e comunitária às crianças e adolescentes privados
do convívio com seus pais, uma primeira opção que poderia ser considerada é o acolhimento por
outros membros da família da criança ou adolescente em risco, a chamada família extensiva. Outra
forma de propiciar vivência em família para esta população seriam as experiências de acolhimento
por famílias, que têm surgido em vários lugares do mundo – sobretudo na Europa, e, mais
recentemente no Brasil – sob as denominações de famílias acolhedoras, guardiãs, madrinhas, entre
outras.
É preciso ser destacado, entretanto, que o acolhimento familiar não se apresenta como
substituto ao atendimento institucional ou às políticas de adoção. Ao contrário, deve ser mais uma
opção, na busca da melhor medida para cada criança ou adolescente que teve um ou mais de seus
direitos violados.
Na construção de que o atendimento institucional e o acolhimento familiar sejam opções
alternativas em vez de excludentes, busca-se humanizar o cuidado institucional, com a mudança da
postura institucional e do quadro de recursos humanos em relação aos abrigados e a suas famílias; a
organização de atendimentos complementares, como as experiências de crianças e adolescentes que
vivem em instituições e visitam famílias voluntárias em finais de semana e férias; ou, ainda, a
37
5. DIRETRIZES
37
Política Nacional de Assistência Social – PNAS (2004).
39
O apoio às famílias deve se pautar pelo respeito à diversidade dos arranjos familiares, às
diferenças étnico-raciais e culturais bem como à equidade de gênero, consoante com a Constituição
Federal. A defesa dos direitos de cidadania deve ter cunho universalista, considerando todos os
atores sociais desenvolvidos no complexo das relações familiares e sociais e tendo impacto
emancipatório nas desigualdades sociais. Dessa forma, o respeito à diversidade não pode ser
contraditório com uma ética dos direitos que incentive mudanças culturais, por meio do resgate das
tradições de cuidado e afeto nos vínculos familiares e comunitários, em suas bases de identidade
cultural, nem com a construção participativa de novas práticas. O respeito à diversidade está
associado à reflexão das famílias sobre suas bases culturais, ao combate aos estigmas sociais, à
promoção dos direitos humanos e ao incentivo aos laços de solidariedade social.
38
Medidas de proteção especial, excepcional e temporária que visam atender crianças e adolescentes que precisam ser afastados provisoriamente de
suas famílias de origem.
42
De acordo com o ECA, a colocação em família substituta, concebida nas formas de guarda,
tutela e adoção, é uma medida de proteção que visa garantir o direito fundamental das crianças e
adolescentes à convivência familiar e comunitária. Entretanto, tradicional e culturalmente a adoção
43
foi e ainda é bastante aplicada no Brasil com a finalidade precípua de dar filhos a quem não os
tem, estando, portanto, centrado no interesse dos adultos.
O direito de toda criança e adolescente cujos pais foram destituídos do poder familiar deve
prevalecer sobre o desejo dos pretendentes a adoção. A orientação deve seguir a idéia de “uma
família para uma criança” e não de “uma criança para uma família”. Isso pressupõe a busca de
famílias disponíveis a acolherem crianças e adolescentes hoje privados do direito à convivência
familiar e comunitária. Não se trata mais de procurar crianças para preencher o perfil desejado
pelos pretendentes, mas sim de informá-los quanto ao perfil dessas crianças e adolescentes
efetivamente disponíveis para adoção. Este é o sentido da proposta de uma nova cultura para a
adoção, que não mais se atém à semelhança biológica, tradicionalmente procurada na adoção, mas
que entende a adoção como alternativa excepcional e extraordinária para assegurar o direito à
convivência familiar e comunitária.
A nova cultura da adoção visa estimular, sobretudo, as adoções inter-raciais, as adoções
tardias39 a adoção de crianças e adolescentes com deficiências físicas ou mentais e a adoção de
crianças e adolescentes com doenças congênitas e afetados pelo vírus HIV/AIDS, para assegurar a
todos o respeito ao seu direito à convivência familiar e comunitária.
controle social, por meio das instituições da sociedade, sobre a política social e na ética da defesa
dos direitos.
45
6. OBJETIVOS GERAIS
7. RESULTADOS PROGRAMÁTICOS
• Família de origem/comunidade
Famílias incluídas, principalmente aquelas em maior vulnerabilidade social, nas políticas
sociais de educação, saúde, assistência social, esporte cultura e lazer e tendo acesso a:
habitação digna; creches; atividades lúdicas, esportivas e culturais que respeitem a
diversidade étnico-racial e de gênero; escolarização formal e reforço escolar no contra-
turno escolar; tratamento preventivo e curativo da dependência de álcool e outras drogas na
rede de saúde, informações/orientações quanto ao pré-natal tanto no atendimento ao aspecto
físico quanto no psicoafetivo, com destaque para mães adolescentes; oferta de métodos
contraceptivos aos que desejarem, apoio às crianças e adolescentes com deficiência e
afetados pelo vírus HIV/AIDS e suas famílias; apoio sócio-familiar; atividades sócio-
educativas; atendimento psicossocial; transferência de renda; qualificação profissional;
geração de renda e inclusão no mundo do trabalho;
Famílias estimuladas a buscar e participar em sua comunidade de diferentes espaços de
integração e mobilização social, assegurando por meio do controle social a qualidade dos
serviços e, sobretudo favorecendo o dinamismo a diversidade cultural e a sua participação
política;
47
40
Considera-se que o termo raça, longe de possuir na atualidade as conotações biológicas que tinha nos séculos XIX e começo do XX, é um
conceito socialmente construído. Utilizado como indicador específico das diferenças e desigualdades sociais determinadas pela cor e, portanto, serve
para entender as discriminações raciais existentes no Brasil.
50
Crianças e adolescentes encaminhados para adoção internacional somente nos casos em que
estejam esgotadas todas as tentativas de adoção em território nacional, respeitando a
Convenção de Haia de 1993;
Cadastro nacional de adoção em rede informatizada e em funcionamento organizado sob
responsabilidade da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, denominado
SIPIA/INFOADOTE, favorecendo a comunicação fluente entre diversas Autoridades
Centrais Estaduais e o agrupamento de informações relativas às crianças abrigadas e aos
pretendentes nacionais e estrangeiros à adoção.
8. PLANO DE AÇÃO
Eixo 2 – Atendimento
41
Para efeito deste documento considerou-se a seguinte temporalidade: curto prazo – até 2007; médio prazo – de 2007 a 2010 e longo prazo – de
2010 a 2016.
54
pesquisadores,
1.4. Definir indicadores dos Indicadores definidos SEDH e MDS
Médio prazo incluindo o IPEA
fatores que favorecem ou
para delineamento de
ameaçam a convivência familiar
projeto de pesquisa
e comunitária
na área (1.2);
• Criação de GT
técnico, incluindo o
Ministério do
Planejamento, por
meio de suas
instituições
vinculadas como o
IPEA e o IBGE, e a
SAGI/MDS, para
análise das pesquisas
realizadas,
sistematização de
dados e definição dos
indicadores (1.4);
• Publicação de
resultados obtidos e
envio aos conselhos,
gestores e operadores
de políticas públicas
nos níveis estadual e
municipal, bem como
inclusão do tema em
Conferências setoriais
e eventos de
capacitação (1.5).
42
Trabalho social de prevenção de riscos sociais, promoção de direitos e fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários por meio de ações interligadas nas dimensões assistenciais, sociais e educativas.
43
Ato de acolher e cuidar dos filhos de outra pessoa, no espaço familiar, por tempo variável. A família mantém sua organização e espaço original e acolhe um filho de outra família.
44
Remeter à Dept. de Proteção Social Especial – SNAS/MDS
45
Prática de colocação legal e definitiva de uma criança ou adolescente em outra família que não seja aquela onde nasceu e que lhe confere vínculo de filiação definitivo com os mesmos direitos e deveres, inclusive
sucessórios, sendo a adoção é irrevogável.
58
2. Mapeamento e análise das 2.1. Levantar e cadastrar os Levantamento IPEA/MPO, MDS, • Contratação do
Médio prazo
iniciativas de Apoio Sócio- Programas de Acolhimento realizado e programas SEDH, CONANDA e IBGE, pelo MDS (já
Familiar, de Acolhimento Institucional e Familiar cadastrados CNAS, Gestores e efetivada), para
Familiar, de Acolhimento existentes em cada município, Conselhos Estaduais e realização da
Institucional e de Adoção e sua articulando-os a um sistema Municipais Pesquisa de
adequação aos marcos legais nacional de informação Entidades da
gerencial Assistência Social
(PEAS), com
2.2. Levantar pesquisas Levantamento IPEA/MPO, MDS, participação de outros
Médio prazo órgãos do MPO
existentes, visando identificação realizado SEDH e CONANDA,
de atores, de concepções e de Gestores Estaduais e (IPEA, SPI, SOF) na
metodologias de Programas de Municipais análise e
Apoio Sócio-Familiar, de desdobramentos
Acolhimento Familiar, de quanto a
Acolhimento Institucional e de planejamento e
Adoção, que auxiliem na análise orçamento. (2.1 e 2.2)
e na indicação de critérios de
• Articulação nacional
qualidade do atendimento
para implantação de
Subcentros Focais e
2.3. Elaborar indicadores de Indicadores de IPEA/MPO, MDS, Centros de Usuários
Médio prazo
monitoramento e avaliação dos monitoramento SEDH e CONANDA da REDINFA (2.2)
Programas de Apoio Sócio- elaborados
Familiar, de Acolhimento • Desenvolvimento,
Familiar e Institucional e de pelo MDS, de
Adoção Sistema de
Monitoramento do
Programa de Atenção
Integral à Família
(PAIF) (2.3)
• Articulação com
Conselhos Estaduais
e Municipais de
Assistência Social e
de Direitos (2.1)
• Incorporação nas
tarefas do GT técnico
a tarefa de elaboração
de indicadores de
monitoramento (2.3)
59
3. Aprimoramento e valorização 3.1. Identificar lacunas na oferta Lacunas na oferta de IPEA/MPO, MDS, • Articulação entre os
Médio prazo
da comunicação entre os de dados dos sistemas de dados e dificuldades SEDH, MS, MEC e MJ atores institucionais
Sistemas de Informação sobre informações e as dificuldades de de interface entre os que operam Sistemas
crianças, adolescentes e família, interface entre esses sistemas, Sistemas de de Informação
com ênfase no Apoio Sócio- identificando a demanda e Informações relativos à criança,
Familiar, Acolhimento Familiar, propondo dados a serem identificadas e adolescente e família
Acolhimento Institucional e incorporados, incluindo seção campos incluídos (IBGE, CadÚnico,
Adoção de dados sobre famílias nos InfoSUAS, SIPIA,
Sistemas de Informação DATASUS, dentre
outros) (3.1, 3.3, 3.4,
3.2. Implementar nacionalmente Cadastro nacional em ACAF e SEDH 3.6 e 3.9)
Médio prazo
o SIPIA/InfoAdote – 46 para funcionamento
• Articulação com
viabilizar o sistema de adoção
Conselho das
nacional Autoridades Centrais
Brasileiras (3.2 e 3.7)
3.3. Promover a sinergia entre Integração entre os MDS, SEDH, MJ,
Médio prazo • Incorporação nas
os Sistemas de Informação Sistemas de MS , MCT, MRE e
nacionais, governamentais e Informações realizada MEC tarefas do GT
não-governamentais e com os e campos incluídos técnico, a análise dos
sistemas internacionais, Sistemas de
multilaterais e latino- Informação e
americanos 47 proposição de
adequações, que
3.4. Desenvolver módulo no Módulo do SIPIA Criação – Médio prazo SEDH visem sua
SIPIA para acompanhamento criado e em organicidade e
das crianças e adolescentes em funcionamento Funcionamento pleno – comunicação
Programas de Acolhimento Longo prazo
Familiar e Acolhimento
Institucional, com Banco de
Dados e Módulo Gerencial para
os níveis municipal, estadual e
nacional
46
Módulo III do Sistema de Informação para Infância e Adolescência (SIPIA), que registra dados para subsidiar a colocação de crianças e adolescentes em família substituta por meio de adoção por pretendentes
brasileiros ou estrangeiros.
47
Especialmente CNPq/Prossiga; e SEDH/RIIN – Rede Interamericana de Informação sobre Infância, Adolescência e Família.
60
EIXO 2 – ATENDIMENTO
Municipal e Estadual
1.4. Utilizar os indicadores e Famílias identificadas Longo prazo (para a SEDH, MDS, MS,
dos Direitos da
critérios estabelecidos para e incluídas nos completa MEC, Gestores
Criança e do
identificar as famílias em programas da implementação) Estaduais e Municipais
Adolescente (1.1, 1.2,
situação de risco a serem Assistência Social e Conselhos Tutelares
1.3).
incluídas em serviços e
programas de transferência de
• Atuação do MEC na
renda, geração de trabalho e
sensibilização de
renda, atendimento psicológico,
gestores estaduais e
tratamento de dependência
municipais de
química, apoio sócio-familiar de
educação sobre a
fortalecimento dos vínculos
relevância de
familiares e comunitários,
participação dos
dentre outros.
Conselhos de
Educação (1.1).
• Atuação do MS na
sensibilização de
gestores estaduais e
municipais de saúde
sobre a relevância de
participação dos
Conselhos de Saúde
(1.1)
48
Trabalho social de prevenção de riscos sociais, promoção de direitos e fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, por meio de ações interligadas nas dimensões sociais e educativas.
49
Modalidade de atendimento que oferece acolhimento na residência de famílias cadastradas, selecionadas, capacitadas e acompanhadas para receber crianças e/ou adolescentes com medida de proteção, que necessitem
de acolhimento fora da família de origem.,até que seja possível sua reintegração familiar ou encaminhamento para família substituta..
50
Modalidade de atendimento integral institucional, que oferece acolhimento, cuidado e espaço para socialização e desenvolvimento de crianças e adolescentes com medida de proteção, que necessitem de acolhimento
fora da família de origem, até que seja possível sua reintegração familiar ou encaminhamento para família substituta. Recebem atualmente várias denominações, tais como: “abrigos”, “casas lares”, “casas de passagem”,
“repúblicas”, entre outros.
51
Colocação definitiva de uma criança ou adolescente em outra família que não seja aquela onde nasceu, conferindo vínculo de filiação definitivo, com os mesmos direitos e deveres da filiação biológica, sendo medida
judicial irrevogável.
63
• Inclusão da temática
de promoção, defesa
e garantia do direito à
convivência familiar
e comunitária, no
âmbito das
capacitações
oferecidas pelo MDS
aos gestores e
operadores da política
pública de
Assistência Social
(1.3);
• Inclusão das famílias
que possuem crianças
e adolescentes em
abrigos, por motivo
de pobreza, no
Programa Bolsa
Família, desde que
cadastradas no
CadÚnico e
preenchendo os
critérios gerais do
Programa. (1.4)
• Alteração nas regras
de financiamento da
Assistência Social,
substituindo o
pagamento de per
capita por “Pisos da
Assistência Social”,
abrindo a
possibilidade de
financiamento de
programas de
acolhimento familiar,
dentre outros (1.5).
64
2. Sistematização e difusão de 2.1. Sistematizar e publicar Material técnico e MDS, CONANDA e • Articulação nacional
Médio prazo
metodologias participativas de acervo de metodologias e educativo SEDH para implantação de
trabalho com famílias e instrumentais (material técnico sistematizado, Subcentros Focais e
comunidades e educativo) de trabalho com publicado e Centros de Usuários
famílias e comunidade na disponibilizado, da REDINFA (2.1)
formação, manutenção e contribuindo na
• Ampliação do escopo
fortalecimento dos vínculos realização do
do GT técnico citado
familiares e comunitários e de atendimento social
nas estratégias para
experiências bem sucedidas de prestado
cumprimento dos
trabalho com famílias com
objetivos 1 e 2 do
violação de direitos e
Eixo I (2.1).
envolvidas em guarda ou
adoção de crianças e
adolescentes, visando à
qualificação do atendimento
prestado
4. Reordenamento dos serviços 4.1. Promover “mutirão Diminuição do SEDH, MDS, CNAS e • Articulação de GT
Curto prazo
de Acolhimento Institucional / interinstitucional” para revisão número de crianças e CONANDA, Gestores e específico para
Abrigo das medidas de abrigo (artigo adolescentes em conselhos Estaduais e realizar o
101, VII do ECA), iniciando Acolhimento Municipais, Conselhos Planejamento global
pelos abrigos co-financiados Institucional Tutelares, juizados / e a coordenação desta
pelo Governo Federal. Varas da infância e ação (4.1, 4.5 e 4.6).
Juventude, Promotorias
• Elaboração pela
de Justiça, Defensorias
SNAS de guia
Públicas, Entidades de
contendo parâmetros
Atendimento
de funcionamento das
entidades de
4.2. Reordenar os serviços de Programas de SEDH, MDS, Assistência Social
Longo prazo
Acolhimento Institucional, para Acolhimento CONANDA, Gestores e
que prestam serviços
que se enquadrem nas normas Institucional conselhos Estaduais e
de alta complexidade.
estabelecidas pelo ECA e reordenados Municipais, Conselhos
legislação correlata Tutelares, juizados / • Financiamento pela
Varas da infância e SNAS de projetos
Juventude, Promotorias para reordenamento
de Justiça, Defensorias de entidades que
Públicas, Entidades de prestam serviços de
Atendimento alta complexidade /
66
(4.1).
4.6. Monitorar e avaliar os Programas de Abrigo SEDH, MDS,
Ação contínua
serviços de Abrigo, adequando- adequados às CONANDA, CNAS, • Inclusão das famílias
os ao Estatuto da Criança e do diretrizes do Plano, à Gestores e Conselhos que possuem crianças
Adolescente (ECA), 52 à Lei LOAS e ao ECA Estaduais e Municipais, e adolescentes em
Orgânica da Assistência Social Conselhos Tutelares, abrigos, por motivo
(LOAS)53 e às diretrizes deste juizados / Varas da de pobreza, no
Plano Nacional infância e Juventude e Programa Bolsa
Promotorias de Justiça Família, desde que
cadastradas no
CadÚnico e que
preencham os
critérios gerais do
Programa (4.1).
52
Lei Federal n. 8.069 de 13 de julho de 1990 que dispõe sobre a proteção à criança e ao adolescente.
53
Lei Federal n. 8.742 de 7 de dezembro de 1993, que organiza a Assistência Social no país e responsabiliza o poder público por responder às necessidades das pessoas em vulnerabilidade social.
68
• Articulação e
mobilização dos
Conselhos
Municipais de
Assistência Social e
de Direitos, do
Ministério Público,
da Defensoria Pública
e do Poder Judiciário,
dos Centros de
Defesa, bem como
dos gestores
municipais de
políticas públicas,
para intensificação da
fiscalização e
monitoramento das
entidades que
realizam
acolhimento,
preferencialmente in
loco (4.2 e 4.4).
• Ampliação da
articulação para a
instituição de um
Prêmio dirigido às
melhores práticas na
área de Acolhimento
Institucional (4.2).
69
5. Ampliação de serviços / 5.1. Levantar metodologias para Metodologias SEDH, MDS, Gestores • Elaboração pela
Médio prazo
ações de emancipação54 para repasse de tecnologias sociais identificadas e e Conselhos Estaduais e SNAS de guia
adolescentes e jovens abrigados tecnologia repassada Municipais contendo parâmetros
de funcionamento das
entidades de
Assistência Social
que prestam serviços
de alta complexidade.
• Articulação nacional
para implantação de
Subcentros Focais e
Centros de Usuários
da REDINFA (5.1)
5.2. Instrumentalizar os Serviços SEDH, MDS, CNAS e
Médio prazo
Conselhos Estaduais, regulamentados CONANDA, Gestores e
Municipais e Distrital dos Conselhos Estaduais e
Direitos da Criança e do Municipais
Adolescente e os Conselhos
Estaduais, Municipais e Distrital
de Assistência Social, bem
como os Conselhos Tutelares
para regulamentação dos
Programas
54
Abordagem sócio-pedagógica que privilegia a vida autônoma e independente quando não é possível a reintegração à família de origem ou a colocação em família substituta, com vistas à autonomia do adolescente,.
Incluí-se nessa definição repúblicas para jovens egressos de abrigos, projetos de formação profissional e inclusão produtiva para esse público, dentre outros.
70
6. Implementação de políticas 6.1. Estimular a interlocução Interlocução efetivada SEDH, MDS, MPO e • Elaboração pela
Médio prazo
públicas de Acolhimento entre os Programas de e Parâmetros básicos CONANDA, gestores e SNAS de guia
Familiar Acolhimento Familiar estabelecidos conselhos Estaduais e contendo parâmetros
existentes, visando o Municipais de funcionamento das
estabelecimento de parâmetros entidades de
básicos de atendimento para Assistência Social
subsidiar a implementação de que prestam serviços
políticas de alta complexidade.
• Incorporação nas
6.2. Instrumentalizar os CEDCA’s, MDS, CNAS e tarefas do GT
Médio prazo
Conselhos Estaduais, CMDCA’s, CDCA e CONANDA
técnico, a elaboração
Municipais e Distrital dos CEAS’s, CMAS’s e
Gestores e Conselhos dos parâmetros (6.1).
Direitos da Criança e do Conselho Distrital de
Estaduais e Municipais
Adolescente e os Conselhos Assistência Social • Incentivo à realização
Estaduais, Municipais e Distrital instrumentalizados de eventos técnico-
de Assistência Social, bem científicos na área
como os Conselhos Tutelares (6.1)
para implementação de políticas
• Articulação com
de Acolhimento Familiar
Programa Pró-
Conselho Brasil (6.2).
6.3.. Fomentar serviços / Programas SEDH, MDS, CNAS,
Médio prazo • Abertura de
Programas com famílias implementados CONANDA, Gestores e
acolhedoras a serem incluídas Conselhos Estaduais e concursos de
nas ações da Assistência Social, Municipais e MPO projetos, via edital
inclusive incentivando as público (6.3).
entidades que recebam
• Recomendação do
Certificado de Entidade de
CNAS para
Assistência Social – CEAS a incentivar as
participarem do co- entidades que
financiamento desses serviços /
recebam Certificado
programas
de Entidade de
. Assistência Social –
CEAS a participarem
do co-financiamento
de serviços /
programas de
acolhimento familiar.
71
7. Incentivo à convivência 7.1. Assegurar a convivência Convívio assegurado SEDH, MJ, MPO, • Articulação com
Médio prazo
familiar de crianças e familiar de crianças e MDS, CONANDA, MJ/SNJ e
adolescentes cujos pais e mães adolescentes cujos pais e mães Gestores Estaduais e SPDCA/Programa de
encontrem-se privados de encontrem-se privados de Municipais, Conselhos Atendimento aos
liberdade nas instituições do liberdade nas instituições do Tutelares, juizados / Adolescentes em
sistema prisional e de sistema prisional e de execução Varas da infância e Conflito com a Lei
adolescentes em cumprimento das medidas sócio-educativas de Juventude, Promotorias (7.1)
de medida sócio-educativa internação de Justiça, Defensorias
Públicas, Entidades de
Atendimento
8. Aprimoramento dos 8.1. Consolidar e implementar o InfoAdote do SIPIA SEDH • Articulação entre
Médio prazo
procedimentos de Adoção InfoAdote do Sistema de implementado e Coordenação
nacional e internacional Informação para Infância e cadastro único em Nacional do SIPIA,
Adolescência (SIPIA), visando funcionamento Conselho de
o funcionamento do cadastro Autoridades Centrais
único de adotáveis e Brasileiras, ACAF e
pretendentes à adoção Colégio Nacional de
Corregedores Gerais
8.2. Estimular a busca ativa de Diminuição do tempo SEDH, CEJAS e de Justiça (8.1)
Médio prazo
pais para crianças e médio de espera do ACAF • Articulação entre o
adolescentes disponíveis, cadastro de
Conselho de
priorizando a adoção nacional postulantes e
Autoridades Centrais
adotáveis
Brasileiras e a ACAF
(8.2 a 8.7)
8.3. Regulamentar a atuação dos Diminuição dos casos ACAF e CEJAIS
Médio prazo • Articulação nacional
organismos estrangeiros de de intermediação
adoção internacional ilegal nas adoções para implantação de
internacionais Subcentros Focais e
72
Centros de Usuários
8.4. Capacitar o corpo técnico Aprimoramento do ACAF, CEJAS,
Médio prazo da REDINFA (8.8)
que atua nos Tribunais de conhecimento do CEJAIS e Colégio
Justiça – CEJAS/CEJAIS, e corpo técnico das Nacional de
Varas de Infância e Juventude Varas da Infância e da Corregedores Gerais de
sobre adoção internacional com Juventude (VIJ) de Justiça
base no ECA e Convenção de forma a evitar a
Haia ocorrência de adoções
irregulares e ilegais
9. Capacitação e assessoramento 9.1. Elaborar estratégia de Estratégias de MDS, SEDH e • Apoio a projetos de
Médio prazo
aos municípios para a criação e capacitação continuada para os capacitação Gestores Estaduais e capacitação técnica
implementação de ações de profissionais que atuam no elaboradas Municipais na área do direito à
Apoio Sócio-Familiar, apoio sócio-familiar, convivência familiar
reordenamento institucional, Acolhimento Familiar, e comunitária (9.1).
reintegração familiar, Acolhimento Institucional e
• Articulação nacional
Acolhimento Familiar, Adoção Adoção visando a adequação e
para implantação de
e alternativas de emancipação potencialização de suas práticas
Subcentros Focais e
para adolescentes e jovens em sociais aos princípios da LOAS
Centros de Usuários
consonância com a legislação e do ECA
da REDINFA (9.2).
vigente e as diretrizes deste
Plano 9.2. Levantar regionalmente as Instituições de MDS, SEDH e • Incorporação nas
Médio prazo
instituições habilitadas e com formação e Gestores Estaduais e tarefas do GT técnico
perfil para realização das capacitação Municipais a produção de
capacitações identificadas material de
orientação e
MDS e SEDH e divulgação (9.3).
9.3. Produzir e divulgar material Material produzido e
Médio prazo Gestores Estaduais e
de orientação e capacitação divulgado
Municipais • Apoio aos projetos da
Rede Nacional de
10. Consolidação de uma rede 10.1 Estimular a criação e a Cidades com mais de SEDH Identificação e
Médio prazo
nacional de identificação e integração de serviços 100 mil habitantes Localização de
localização de crianças e especializados de busca nas contando com serviço Crianças e
adolescentes desaparecidos e de cidades com mais de 100 mil especializado e Adolescentes
pais e responsáveis habitantes integrado à rede Desaparecidos
(ReDESAP) da
10.2 Incorporar e disseminar Novas tecnologias SEDH SPDCA / SEDH
Médio prazo
novas tecnologias utilizadas na incorporadas e (10.1 a 10.4)
busca de pessoas desaparecidas disseminadas
3. Ampliação dos mecanismos 3.1. Ampliar o rol dos Marco normativo SEDH
Médio prazo
de defesa e garantia dos direitos legitimados em Lei para a aperfeiçoado
de crianças e adolescentes propositura de Ação Civil
Pública
5. Maior eficácia nos marcos 5.1. Assegurar a aplicação dos Parâmetros SEDH e CONANDA
Médio e longo prazo
normativos e regulatórios conceitos de provisoriedade e assegurados,
relativos ao Abrigo excepcionalidade previstos no diminuição do nº de
parágrafo único do artigo 101 adolescentes • Incluir o tema na
do ECA abrigados e discussão da NOB
diminuição do tempo de Recursos
médio de Humanos da
permanência em Assistência Social
Abrigos (4.1)
77
6. Regulamentação dos Serviços 6.1. Incluir em texto legal 56 Marco normativo SEDH e CONANDA
Médio prazo
de Acolhimento Familiar previsão expressa acerca do aperfeiçoado,
Acolhimento Familiar atualizado e previsão
expressa em Lei de
Acolhimento Familiar
como alternativa ao
Acolhimento
Institucional
55
Artigos 90, inciso IV, e 101, inciso VII, do ECA.
56
Artigos 90 do ECA e 1734 do Código Civil.
78
7. Aprimoramento dos 7.1. Regulamentar a inserção de Inserção de famílias MDS, CNAS, SEDH e
Médio prazo
instrumentos legais de proteção famílias em situação de risco regulamentada CONANDA
contra a suspensão ou nos programas oficiais de
destituição do poder familiar auxílio, conforme determinação
do parágrafo único do artigo 23
do ECA
57
Artigo 34 e parágrafo 2º do artigo 260 do ECA.
58
A justificativa dá-se porque “órfãos” e “abandonados” são indicados para adoção e não para Programas de Acolhimento Familiar. O Acolhimento Familiar, conforme definido no glossário, é previsto nos casos de
crianças e adolescentes em situação de violação de direitos, mas com manutenção de vínculos com a família de origem.
59
Caput do artigo 23 do ECA: “A falta ou carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou suspensão do poder familiar”
79
60
Artigos 1.624 e 1.734 do Código Civil.
80
3. Articulação e integração dos 3.1. Criar grupo de trabalho Grupo de trabalho MPO, MDS, SEDH, • Aproveitamento dos
Curto prazo
programas e das ações interministerial com a tarefa de interministerial MS, MEC, MINC, vínculos
governamentais nas três esferas articular os programas, serviços constituído e TEM e Ministérios dos institucionais
considerando o Plano Nacional e ações desenvolvidos no articulações Esportes construídos durante o
de Promoção, Defesa e Garantia âmbito da SEDH,61 MS,62 realizadas período de
do Direito de Crianças e MDS,63 MEC,64 Ministério do funcionamento da
Adolescentes à Convivência Esporte,65 Ministério da Comissão
Familiar e Comunitária Cultura,66 Ministério do Intersetorial para
Trabalho e Emprego,67 entre Promoção, Defesa e
outros, que têm interface com o Garantia do Direito
direito à convivência familiar e de Crianças e
comunitária de crianças e Adolescentes à
adolescentes Convivência Familiar
e Comunitária (3.1)
61
Especialmente: Programas de promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente, atendimento sócio-educativo ao adolescente em conflito com a lei e combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e
Adolescentes.
62
Banco de Preços em Saúde/Aids, Bancos de Leite Humano, Bolsa Alimentação, Brasil Sorridente, Cartão Nacional de Saúde, Doe Vida Doe Órgãos, Farmácia Popular, Humaniza SUS, Política Nacional de
Alimentação e Nutrição, Programa de Volta para Casa, Programa Etnodesenvolvimento das Sociedades Indígenas, Programa Nacional de Controle do Câncer de Colo de Útero e de Mama – Viva Mulher, Programa
Saúde da Família, Programa Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco de Câncer, QualiSUS e REFORSUS.
63
Especialmente: Fome Zero, Bolsa Família, Programa de Atenção à Pessoa Idosa, Programa de Atenção Integral à Família, Atenção às Pessoas Portadoras de Deficiência, Programa de Combate à Exploração Sexual de
Crianças e Adolescentes, Atenção à Criança de Zero a Seis Anos, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil e Programa Agente Jovem de Desenvolvimento Humano.
83
64
Especialmente: Programa Educação para a Diversidade e Cidadania (PPA-MEC 1377), em especial a ação 09EL - Apoio a Atividades Educacionais de Valorização da Diversidade no Espaço Escolar; Ação “Apoio
Educacional a Crianças e Adolescentes em Situação de Discriminação e Vulnerabilidade Social” (PPA-MEC 001S, como parte do Programa 0073 - Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e
Adolescentes- SEDH); Programa Nacional do Livro Didático; Programa Nacional de Capacitação de Conselheiros Municipais de Educação; Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares; Programa
Ética e Cidadania; Programa Escola Aberta; Guia Escolar “Métodos para identificação de sinais de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes”;
65
Especialmente: Esporte e Lazer da Cidade, Esporte na Escola, Esporte Solidário, Esporte para Portadores de Deficiência Física e Pintando a Liberdade.
66
Especialmente: Cultura Viva, Patrimônio Imaterial, Artes sem Barreira, Cultura Afro-brasileira e Identidade e Diversidade Cultural.
67
Especialmente: Primeiro Emprego, Aprendizagem, Economia Solidária e Plano Nacional de Qualificação.
84
5. Mobilização junto às 5.1. Sugerir às IES a criação de Gestões realizadas MEC, MDS e SEDH • Aprofundamento da
Médio prazo
Instituições de Ensino Superior programas de extensão e de junto às IES discussão desses
(IES) para a formação de pesquisa sobre os direitos das temas no GT de
recursos humanos crianças e adolescentes e o articulação
especializados no atendimento trabalho social com famílias nas institucional que
de crianças, adolescentes e instituições de ensino superior acompanhou a
famílias realização do Plano e
5.2. Sugerir à Secretaria de Gestões realizadas MEC, MDS e SEDH acompanhará sua
Médio prazo execução (5.1 a 5.4).
Educação Superior (SESU) que junto à SESU
incentive à criação de
• Articulação com GT
programas de extensão sobre os
jurídico-legislativo
direitos das crianças e (5.1 a 5.4)
adolescentes e o trabalho social
com famílias nas instituições de • Sensibilização, pelo
ensino superior MEC, das IES quanto
à relevância do tema,
5.3. Sugerir a SESU que apóie a Gestões realizadas MEC, MDS e SEDH sem prescindir da
Médio prazo necessária
criação de curso de pós- junto à SESU
graduação latu sensu nas mobilização social.
instituições de ensino superior (5.1)
sobre os direitos da criança e do
adolescente e trabalho social
com famílias
6. Mobilização das redes 6.1. Sugerir a capacitação dos Sugestão feita às MEC e SEDH • Aprofundamento
Curto prazo
estaduais e municipais de ensino professores da rede pública de secretarias estaduais e da discussão desses
para formação de recursos ensino para abordar questões municipais de temas no GT de
humanos no direito à relativas ao Acolhimento educação articulação
convivência familiar e Institucional, ao Acolhimento institucional que
comunitária Familiar e à Adoção acompanhou a
86
realização do Plano
6.2. Solicitar ao MEC (SEB)68 Solicitação feita MEC e SEDH
Curto prazo e acompanhará sua
para que assegure que os livros
execução (6.1 a
didáticos a serem comprados e
6.2).
distribuídos à rede pública de
ensino trabalhem com o • Articulação com GT
conceito ampliado de família jurídico-legislativo
(6.1 a 6.2)
7. Mobilização e articulação de 7.1. Incluir a temática da Temática incluída SEDH, MDS, MS, • Mobilização a partir
Curto prazo
diferentes atores69 do Sistema convivência familiar e MEC, CONANDA, dos órgãos que foram
de Garantia de Direitos e da comunitária de forma CNAS, Gestores e membros ou
Proteção Social, para a garantia permanente em: Conselhos Estaduais e convidados da
da provisoriedade e Municipais Comissão
• Seminários , Estaduais,
excepcionalidade do Intersetorial,
Regionais e Nacionais de
Acolhimento Institucional, o explorando sua
Assistência Social, Saúde,
reordenamento dos Abrigos e a capilaridade e
Educação e de Direitos da
divulgação de alternativas à articulações
Criança e Adolescente;
Institucionalização institucionais (7.1)
• Conferências das Políticas
Públicas Setoriais e de
Direitos nas três esferas de
governo.
• Encontros de promotores,
juízes da infância e
juventude, defensores
públicos e respectivas
equipes técnicas;
• Reuniões de entidades como
FONSEAS, CONFEAS,
RENIPAC, Fórum DCA,
CONGEMAS e demais
Fóruns
68
O Programa Nacional do Livro Didático é de responsabilidade da Secretaria de Educação Básica – SEB.
69
Ministério da Saúde, Ministério da Educação, Ministério Público, Poder Judiciário, Defensorias Públicas, Secretarias, Conselhos e Fóruns Estaduais e Municipais
87
8. Viabilização e garantia de 8.1. Garantir dotação Objetivos e ações MDS, MEC, MS, • Análise e, se
Ação contínua
recursos financeiros e orçamentária e outras fontes deste Plano SEDH, CONANDA, necessário, revisão
orçamentários para realização alternativas de recursos nas três executados no prazo CNAS, Gestores e quantitativa e
do Plano Nacional de esferas de governo, no Fundo previsto Conselhos Estaduais e qualitativa do PPA
Promoção, Defesa e Garantia do Nacional de Assistência social Municipais dos órgãos setoriais
Direito de Crianças e (FNAS), no Fundo Nacional dos que participaram da
Adolescentes à Convivência Direitos da Criança e do Comissão (8.1).
Familiar e Comunitária Adolescente (FNDCA), nos
fundos estaduais e municipais
de Assistência Social e dos
Direitos da Criança e do
Adolescente, para
implementação do Plano
Nacional
9. Garantia do atendimento 9.1 Criar GT para acompanhar a Atendimento de zero MEC, SEDH e • Articulação política
Curto prazo
sócio-educacional às crianças de tramitação e aprovação do a três anos incluído CONANDA dos órgãos
zero a três anos FUNDEB, de modo a garantir a no projeto do interessados
aplicação do fundo ao FUNDEB
atendimento dessa faixa etária,
por parte dos municípios
88
10. GLOSSÁRIO
substituta. Recebem atualmente várias denominações, tais como: “abrigos”, “casas lares”,
“casas de passagem”, entre outros.
Adoção: Colocação definitiva de uma criança ou adolescente em outra família que não seja
aquela onde nasceu, conferindo vínculo de filiação definitivo, com os mesmos direitos e
deveres da filiação biológica, sendo medida judicial irrevogável.
Busca ativa: ato de procurar, nos cadastros de pretendentes à adoção, pessoas capazes de
aceitar a criança ou adolescente já disponível para adoção, ainda que não corresponda ao
perfil inicialmente declarado na fase de habilitação como candidatas.
Excepcionalidade: qualidade que ocorre fora dos procedimentos comuns ou além dos
limites do que é freqüente; aquilo que está fora do padrão.
Família extensa: aquela que inclui, além dos parentes e agregados, todas as demais
pessoas que tenham relação de afinidade ou de afetividade com o núcleo familiar natural,
como se depreende da literatura e do texto do art. 28, parágrafo 2º, do Estatuto da Criança e
do Adolescente, não se exigindo que as pessoas residam no mesmo domicílio.
92
Família em situação de risco: grupo familiar que enfrenta condições sociais, culturais ou
relacionais adversas ao cumprimento de suas responsabilidades e/ou cujos direitos
constitucionais estão ameaçados ou violados, encontrando-se, conseqüentemente, em risco
de violação de direitos de suas crianças e adolescentes, seja por meio de violência, trabalho
infantil, abuso, negligência grave ou abandono.
Família natural: comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.
Guarda fática (ou guarda de fato ou Acolhimento Informal): situação em que a criança
ou adolescente convive com uma família que não é a sua, sem formalização da
transferência de guarda, por tempo suficiente para estabelecer laços de afinidade e
afetividade. Esta é uma das situações sempre alegadas para dispensa da exigência de prévio
cadastramento da criança e dos pretendentes à adoção junto às Varas da Infância e da
Juventude.
Sistema Único da Assistência Social (SUAS): “é o sistema que trata das condições para a
extensão e universalização da proteção social aos brasileiros por meio da política de
assistência social e para a organização, responsabilidade e funcionamento de seus serviços
e benefícios nas três instâncias de gestão governamental” (PNAS, 2004, p. 33). Assim, o
SUAS materializa o conteúdo da LOAS, pois constitui-se na regulação e organização em
todo o território nacional das ações socioassistenciais.
Trabalho social com família: Trabalho social de prevenção de riscos sociais, promoção de
direitos e fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários por meio de ações
interligadas nas dimensões assistenciais, sociais e educativas.
Transitório: que dura certo tempo, que é breve, passageiro, que serve de passagem de uma
situação para a outra.
95