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AÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 5002218-21.2011.404.

7100/
AUTOR : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO
RÉU : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
MPF : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

DECISÃO (LIMINAR/ANTECIPAÇÃO DA TUTELA)

A Defensoria Pública da União ajuizou a presente ação civil pública


em face do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS na qual postula a
antecipação dos efeitos da tutela para que o réu:

d.1) suspenda o trâmite dos processos administrativos de revisão dos benefícios, baseada na
identificação de erro administrativo na apuração do valor da renda mensal inicial de benefícios
por incapacidade e seus derivados, em razão da duplicação de vínculos empregatícios que
compuseram o período básico de cálculo - PBC do benefício,
d.2) abstenha-se de efetivar qualquer desconto nos benefícios previdenciários, em face da
referida revisão;
d.3) abstenha-se de efetivar qualquer cobrança administrativa ou judicial referente a valores
supostamente recebidos por segurados ou pensionistas em face de benefícios atingidos pela
revisão objeto da presente ação;
d.4) seja cominada multa diária.

O INSS foi intimado para manifestação sobre o pedido liminar, no


prazo de 72 horas, conforme o artigo 2º da Lei 8.437/92, o que foi atendido.

A parte autora sustenta, em síntese, que estariam sendo efetivadas


revisões em quase 80 mil benefícios por incapacidade, tendo sido expedida
notificação para apresentação de defesa com prazo exíguo de 10 dias, não
permitindo o exercício da ampla defesa.

Quanto a este ponto não há verossimilhança das alegações, tendo


em vista que o prazo de 10 dias constante dos ofícios de defesa se constitui em
prazo legal, não sendo facultado ao administrador conceder outro.

Dispõe o art. 11, § 1º, da Lei 10.666/2003 que Havendo indício de


irregularidade na concessão ou na manutenção de benefício, a Previdência
Social notificará o beneficiário para apresentar defesa, provas ou documentos
de que dispuser, no prazo de dez dias.
Essa notificação no processo administrativo não tem outra função a
não ser a de dar conhecimento de que o benefício poderá ser revisto, facultando à
apresentação de defesa, provas ou documentos (sic) que o segurado dispuser.
Após a efetivação do ato revisional deverá ser feita nova notificação do segurado,
dessa vez mediante documento que contenha todos os dados da revisão,
possibilitando-se nova insurgência do segurado caso discorde dos seus termos.
No presente caso, o não-atendimento da intimação não ocasiona a
aplicação dos §§ 2º e 3º do art. 11 da Lei 10.666/2003 que determinam a
suspensão ou o cancelamento do benefício.

Diferente do processo civil, o segurado não tem o ônus de se


defender, sob pena de serem considerados verdadeiros os fatos contra si
aduzidos, não havendo a menor necessidade de contratação de profissional por
parte do segurado, ou da assistência da própria Defensoria Pública, nessa fase.

Veja-se que no processo civil por mais importante que seja a causa
não se cogita da inconstitucionalidade do prazo de 15 dias previstos no CPC para
apresentação de toda matéria de defesa.

Portanto, não há razão concreta para determinar a suspensão do


procedimento revisional em curso.

Por outro lado, conforme se verifica na informação prestada pela


Procuradoria Regional Federal da 4ª Região, o INSS expediu o MEMORANDO
CIRCULAR N.5/INSS/DIRBEN, no qual esclarece:

- revisão foi centralizada na Diretoria de Benefícios;


- para os benefícios atingidos parcialmente pela prescrição ou
cessados a revisão foi iniciada mas não foi confirmada,
- foram expedidos ofícios de defesa, sendo que para esses casos
ainda não foi efetuada qualquer confirmação de revisão; e a confirmação da
revisão e a cobrança dos valores recebidos superiores ao devido está suspensa
até o retorno da consulta técnica realizada à Procuradoria Federal
Especializada.

Portanto, sem adentrar no mérito da possibilidade ou não da


cobrança dos valores eventualmente pagos a maior e ainda não prescritos, não há
receito de dano irreparável ou de difícil reparação para o deferimento da
antecipação da tutela.

Nesse aspecto, não havendo determinação e definição quanto a essa


questão, como se percebe na informação do INSS, e estando suspensas as
revisões em curso, as quais não chegaram a serem efetivadas, não há urgência
necessária para a concessão da medida, que poderá ser reapreciada no curso do
processo. Ademais, tratando-se de revisão de benefícios e incidência de mero
desconto, não há como presumir a ocorrência de dano irreparável caso não seja
deferida a suspensão de eventuais descontos no curso da ação.

Ademais, a pretensão torna-se uma tutela preventiva da própria


atividade administrativa em si, papel que não cabe à Defensoria Pública e ao
próprio Judiciário que não pode determinar genericamente qual entendimento a
Administração deve adotar. Se o INSS entende que pode descontar dos
benefícios em manutenção os valores pagos a maior, nos termos do art. 115 da
Lei 8.213/91, a judicialização dessa questão somente pode ser feita mediante a
análise dos casos concretos individuais, ou pela inconstitucionalidade do referido
dispositivo legal, o que não é alegado.

Em conclusão, ausente a verossimilhança das alegações e ausente o


risco de dano irreparável ou de difícil reparação, como demonstrado, incabível a
concessão da antecipação da tutela.

Extensão da decisão.

Quanto aos limites da decisão proferida na presente ação, a Lei nº


7.347/85 dispõe em seu art. 16, in verbis:

Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial
do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas,
hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento,
valendo-se de nova prova.

Relevantes fundamentos doutrinários questionam a


constitucionalidade das limitações impostas pelo dispositivo transcrito,
estabelecidas mais por razões políticas do que por fundamentos técnico-jurídicos,
uma vez que, ao circunscrever os efeitos da sentença de procedência aos limites
da competência territorial do órgão jurisdicional, a Lei 9.494/97 confundiu os
limites subjetivos da coisa julgada erga omnes com jurisdição e competência,
que são coisas diversas.

Todavia, e especialmente em se tratando de direitos individuais


homogêneos, cujos titulares são identificáveis, como é o caso dos direitos
defendidos na presente ação coletiva, é possível aplicar a limitação da eficácia
subjetiva da sentença, que produzirá efeitos em relação àquelas pessoas
domiciliadas no âmbito da competência territorial do Juízo.

Independente disso, o certo é que a jurisprudência tanto do e. TRF


da 4ª Região quanto do e. STJ está consolidada no sentido de aplicar a restrição
prevista no o art. 16 da Lei 7.347/85, conforme segue exemplificativamente,
motivo pelo qual adoto o mesmo entendimento:

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CONTRATAÇÃO DE SEGURADORA EM


MÚTUO PELO SFH. EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA. LOCAL DA OCORRÊNCIA DO
DANO. ABRANGÊNCIA DA DECISÃO.
Nas ações civis públicas, a teor do que dispõe o art. 2º da Lei nº 7.347/85, a competência firma-
se pelo local da ocorrência do dano, regra especial que vai ao encontro da norma
constitucional. A decisão proferida no âmbito da ação civil pública tem seus limites de eficácia
adstritos à competência territorial do órgão prolator, conforme o artigo 16 da Lei nº 7.347/85,
alterado pela Lei nº 9.494/97. Precedente do STJ.
(TRF4, AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 2008.04.00.019149-7, 4ª Turma, Juiz MÁRCIO
ANTÔNIO ROCHA, POR UNANIMIDADE, D.E. 11/11/2008)
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. EFICÁCIA. LIMITES.
JURISDIÇÃO DO ÓRGÃO PROLATOR.
1 - Consoante entendimento consignado nesta Corte, a sentença proferida em ação civil pública
fará coisa julgada erga omnes nos limites da competência do órgão prolator da decisão, nos
termos do art. 16 da Lei n. 7.347/85, alterado pela Lei n. 9.494/97.
Precedentes.
2 - Embargos de divergência acolhidos.
(EREsp 411529/SP, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
10/03/2010, DJe 24/03/2010)

Ante o exposto, INDEFIRO O PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DA


TUTELA. Limito a abrangência da ação apenas aos limites da competência
territorial deste Juízo.

Intime-se a parte autora.

Cite-se e intime-se o INSS.

Porto Alegre, 04 de fevereiro de 2011.

BRUNO BRUM RIBAS


Juiz Federal Substituto na Titularidade Plena

Documento eletrônico assinado digitalmente por BRUNO BRUM RIBAS, Juiz


Federal Substituto na Titularidade Plena, conforme MP nº 2.200-2/2001 de
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24/12/2007. A conferência da autenticidade do documento está disponível no
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