Sunteți pe pagina 1din 28

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS - UFT

APOSTILA DE ÉTICA E LEGISLAÇÃO EM


JORNALISMO

Profa. Lúcia Helena Mendes Pereira


APOSTILA DE ÉTICA E LEGISLAÇÃO EM JORNALISMO
• Profa. Lúcia Helena Mendes Pereira

SUMÁRIO:
Unidade I – Ética e Teoria do Jornalismo

Capítulo 1: Ética e Jornalismo: conceitos e aproximações.


1.1 Etimologia e significados da Ética 3
1.2 Diferenciação entre Ética e Moral 3
1.3 Contextualização histórica, prática do jornalismo e suas implicações com a Ética. 4

Capítulo 2: Liberdade, Sociologia e Jornalismo.


2.1 Ambivalências do sentido de liberdade 6
2.2 Sociologia funcionalista: origem do jornalismo objetivo. 7
2.3 Jornalismo funcionalista a serviço do Capital 9

Capítulo 3: Do “fim do jornalismo” à Fenomenologia.


3.1 Dialética do Esclarecimento: a Escola de Frankfurt e o eclipse da profissão. 12
3.2 Teoria da Ação Comunicativa: Habermas e o retorno da consciência. 13
3.3 Jornalismo à luz da Fenomenologia: a teoria da notícia ética por Adelmo Genro. 15

Capítulo 4: Cultura, Jornalismo e Globalização.


4.1 Jornalismo e cultura democrática. 20
4.2 Cibercultura e os novos pressupostos éticos da profissão. 22
4.3 Uma nova Ética para uma nova Era: Bernardo Kucinski. 25

Bibliografia Principal: 28
Bibliografia Complementar: 28

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 2


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo
Unidade I – Ética e Teoria do Jornalismo

Capítulo 1.
Ética e Jornalismo: conceitos e aproximações.

1.1 Etimologia e significados da Ética:

A origem da palavra Ética vem do termo grego Ethos que insere dois significados, um
social e um individual. Ethos significa costume, hábito, cultura – sentido social -; e, caráter
– sentido individual.

Importante, porém é perceber que apesar das diferenças sócio-culturais e dos tempos
históricos há um significado universalmente aceito na qualificação do que é Ética. Trata-se da
reflexão coletiva sobre um conjunto de sistemas sociais, como o sistema religioso, da moral e
do direito; capaz de trazer a felicidade à vida social e/ou humana.

Isso mesmo, “reflexão coletiva”, ou seja, uma ciência (Aristóteles) para a felicidade.
Um atributo exclusivo e singular do Homem: a necessidade de pensar o seu destino, afinal
como diz Comparato (2006), “...nunca se ouviu falar de alguém que tivesse a infelicidade por
propósito ou programa de vida” (p.17).

1.2 Diferenciação entre Ética e Moral.

Os termos “ética” e “moral” são sinônimos em seus significados etimológicos: tanto


“ethos”, do grego; quanto “moris”, do latim, significam costume.

Aristóteles, no entanto, fez a separação entre os dois significados quando erigiu a


Ética à condição de ciência que estuda o caráter e o comportamento humano e, a Moral à
condição de disciplina que regula esse comportamento. Ou seja, a Moral cuida dos
problemas práticos do comportamento humano no cotidiano, na relação entre
indivíduos, melhor dizendo, na sua cultura, nos seus hábitos e suas leis, e a Ética pensa os
princípios orientadores desta Moral. O sistema moral que trata das leis é o Direito, os
sistemas morais que tratam da cultura são as religiões, os sistemas sociais, os sistemas
políticos, os sistemas artístico-expressivos; que se transpassam na dinâmica da vida.

A Ética influencia a Moral, inspira a criação, supressão ou mudança dos princípios que
as sociedades assumem como valores maiores e aos quais os costumes morais devem
submeter-se.

Senso ético é individual e social, reflexivo. O sujeito é ético quando pensa e sabe o
porquê de seus direitos e deveres em prol de seu próprio bem e do bem de outrem. A
instituição social é ética quando reflete a sua cultura em prol do bem comum.

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 3


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo
Senso moral é sempre social. O sujeito moral é aquele que segue os direitos e os
deveres de sua cultura como algo inquestionável.

Assim podemos dizer: Todo sujeito ético é moral, mas nem todo o sujeito moral é
ético.

Por exemplo: Já podemos aqui pensar o que significa a corrupção na política brasileira.
Uma classe de sujeitos sociais imorais, que burlam as leis, burlam a consciência ética de seu
povo. A urgência de se pensar uma nova ética para a política nacional que encare com
seriedade esta imoralidade é a pedra de toque Reforma Política.

1.3 Contextualização histórica da prática do jornalismo e suas implicações com a


ética.

O Jornalismo é uma atividade eminentemente política que nasce no Estado


Moderno mediando as relações de poder entre Mercado e Estado, ou seja, entre a esfera
privada e esfera pública institucionalizada . Sua origem se confunde com a expansão dos
mercados entre nações desde o inicio do século XVIII.

O Estado Moderno tinha em seu cerne a administração financeira dos muitos impostos
arrecadados e, para estabilizar a dominação estatal, a esfera privada burguesa passa a divulgar
uma parte ínfima das informações contidas nos boletins comerciais, tornando público parte
dos seus negócios. Como nos diz Habermas, “A troca de informações se desenvolve na
trilha das trocas de mercadorias”. Estes jornais devem a sua existência às leis de mercado, a
própria informação é mercadoria e o político, ou seja, as relações entre Estado, Mercado, e
povo são ocultadas. Ironicamente estes jornais recebem a denominação de “Jornais Políticos”.

Depois, por volta de 1727, as autoridades estatais compreendem a utilidade da


imprensa também à sua administração – tornar conhecidos à população letrada, seus
decretos e portarias – assumindo as agências noticiosas e transformando estes jornais em
boletins oficiais do Estado.

Podemos concluir teoricamente até aqui, que a origem do Jornalismo – o início do


“costume de se fazer jornalismo” – está assentada ora nas razões utilitárias do mercado,
ora nas necessidades – também utilitárias - de controle e administração estatal. Não há
nenhum vestígio de uma preocupação com a esfera pública entendida como a esfera do
povo ou com o sentido de construção de uma opinião pública. Trata-se do uso pragmático
da Razão Prática (Kant) que define o agir orientado por fins. O que impulsiona e
determina a ação é o resultado que o sujeito da ação pretende obter. Portanto, não há aqui
princípios éticos nem individuais, nem coletivos, que não sejam os princípios das classes
dominantes. Em sua origem, a atividade do Jornalismo é a da ética orientada por uma
razão instrumental (Escola de Frankfurt): a ética que norteia ora o mercado, ora o
controle administrativo governamental.

Muito depois, já no século XX, a partir principalmente dos sofrimentos e


constrangimentos impingidos pela Segunda Guerra, pelo horror imposto pelo genocídio
generalizado dos valores humanos, surge a ONU, em 1945, com uma proposta ética de

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 4


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo
valores universais e através dela, em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos
– a DUDH - que, fornecerá o princípio ético universal e fundamental à legitimação da
pratica do jornalismo como a conhecemos, ou pelo menos, a pretendemos, em nossos
dias: o direito à liberdade de opinião e de expressão é atrelado ao direito de recebimento
da informação.

O vínculo das ações jornalísticas com o princípio ético universal de liberdade é o que
remete o jornalismo a sua função mediadora e construtora da esfera pública, como o elo que,
nos processos sociais, cria e mantém as mediações que viabilizam o direito de dar e receber
informações. Enfim, é o que traz à atividade jornalística o seu dever e direito e dever atrelados
aos direitos e deveres dos cidadãos: a sua responsabilidade social.

O princípio ético da atividade jornalística, como já foi dito é a DUDH, a saber:

Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, no Art. nº 19


estabelece: “Todo o indivíduo tem direito á liberdade de opinião e de
expressão; este direito inclui o de não ser molestado por causa de suas
opiniões, o de investigar e receber informações e opiniões, e o de difundi-los
sem limitação de fronteiras, por qualquer meio de expressão”.

A DUDH é a “âncora ética” da qual vai derivar toda a responsabilidade moral da


atividade jornalística e traz em sua essência a justificativa ética da atividade: a liberdade.

Assim, o direito à livre informação e à liberdade de expressão são os princípios éticos


que devem nortear todas as leis reguladoras dos costumes na informação, incluindo o
jornalismo. Já os princípios morais do jornalismo estão representados hierarquicamente da
seguinte forma: uma moral geral, representada universalmente pela DUDH e pela Convenção
Americana, além da própria Constituição Brasileira e da Lei de Imprensa; uma moral
particular, representada pelos manuais de redação dos órgãos jornalísticos; e, finalmente, uma
moral individual, representada pelos códigos deontológicos da profissão oriundos das
entidades legitimadoras da profissão, as associações e sindicatos nacionais e regionais.
Veremos e discutiremos este “mapa da moral” do jornalismo com mais acuidade mais tarde,
na parte III desta apostila.

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 5


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo
Capítulo 2.
Liberdade, Sociologia e Jornalismo.

2.1 Ambivalências do princípio de liberdade

A filosofia da liberdade desde a sua origem grega implica em duas idéias


paradoxais, a noção de autodeterminação e a de responsabilidade. No viés da
autodeterminação, temos a noção de um ato de escolha, um ato da vontade, da espontaneidade
de não estar determinado por nada, a ausência de interferências; e no da responsabilidade, de
um ato que inclui as conseqüências desta escolha, desta espontaneidade.
Em linhas gerais, apesar das inúmeras nuances que esta filosofia recebeu no decorrer
de todo o seu pensamento histórico, podemos falar em três tipos de liberdade (CHAUÌ,
Marilena:Convite à Filosofia).

1º) Liberdade natural da razão. O homem só é livre enquanto ser racional e disposto a agir
como ser racional. Assim, é possíveis que tudo no cosmos esteja determinado, inclusive as
vidas dos homens. Mas, na medida em que estas vidas são racionais e têm consciência de que
tudo está determinado, elas gozam de liberdade. Concepção de liberdade na personalidade do
sábio.

2º) Liberdade social ou política. Essa liberdade é concebida fundamentalmente como


autonomia ou independência. Na comunidade humana determinada, essa autonomia ou
independência consiste na possibilidade de reger seus próprios destinos, sem a interferência de
outras comunidades. Nos indivíduos que a integram, essa autonomia ou independência
consiste primordialmente não em furtar-se a lei, mas, ao contrário ter consciência que ao
proceder de acordo com elas, é livre. Liberdade determinada pela convivência política.

3º) Liberdade pessoal e/ou individual. Uma liberdade das pressões ou das coações
procedentes da comunidade quer como sociedade, quer como Estado. Embora se reconheça
que todo indivíduo é membro de uma comunidade e embora se proclame que se tem dever
para com esta, permite-se abandonar por um tempo o seu “negócio” (no sentido de negociação
social) e entregar-se ao “ócio” (no sentido de fazer o que é de vontade própria) para melhor
desenvolver a sua personalidade.

Aristóteles une a primeira e a segunda concepção de liberdade em suas idéias: o


homem sábio é livre porque tem consciência de que faz parte do destino do mundo (aceitação
de suas limitações naturais) e usa sua racionalidade para interferir nas leis de sua comunidade
(autonomia cidadã).

Note-se, no entanto, que o projeto liberal do Estado Moderno, como seu próprio
título indica escolheu a liberdade como princípio ético de felicidade, no entanto, deu mais
valor à terceira concepção de liberdade e o atrelamento do Estado ao Capitalismo e o
acelerado desenvolvimento tecnológico a legitimou, fazendo parecer aos homens que apenas a
tecnologia e os bens de consumo poderiam oferecer-lhe uma liberdade pessoal de levar a vida
de acordo com o seu livre-arbítrio. Assim, o indivíduo moderno fragmentado na sua

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 6


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo
constituição familiar, traumatizado pelas coações do Estado totalitário de alhures, confunde
sua razão com a razão da técnica, supostamente neutra, apolitizada.

Na dinâmica da vida em sociedade, a liberdade individualista potencializa uma


excessiva vitalidade da esfera privada, em detrimento da esfera pública que assim torna-se
domínio de funcionalidade, de cálculo instrumental, de objetividade científica, de causas e
efeitos (Cf. Habermas, Transformação social da esfera pública). Note-se ainda que o projeto
do Estado Moderno se utiliza de um princípio ético diferente do princípio ético criador da
DUDH, ou melhor, há uma ambivalência no sentido da liberdade entre a vida social e a prática
do jornalismo.Uma que impera na vida social e uma que regula o jornalismo. O princípio
ético escolhido pela DUDH é o princípio da liberdade social, enquanto o princípio ético
escolhido pelo Estado Moderno é o princípio da liberdade individual.

2.2 Sociologia funcionalista: origem do jornalismo objetivo.

A obra do jornalista, pesquisador e professor Adelmo Genro,“O Segredo da


Pirâmide”, enriquece a o estudo da ética no jornalismo, seguindo os passos do
desenvolvimento da Sociologia e de suas conseqüências para a atividade jornalística. É de
Adelmo uma das mais contundentes críticas ao jornalismo funcionalista no Brasil, apesar de
ser um autor hoje muito pouco citado nas pesquisas da área. O que nos importa aqui é a
compreensão de como as origens da Sociologia influencia e “cai como uma luva” a serviço do
desenvolvimento do Capitalismo.

O autor vai buscar na teoria dos primeiros sociólogos – Comte e Dürkheim – o


desenvolvimento teórico do pensamento funcionalista no jornalismo. Comte foi o sociólogo
que enquadrou as ciências sociais no modelo das ciências naturais e, mais tarde Dürkheim,
influenciado por Comte, fundou o que hoje denominamos por “positivismo das ciências
sociais”, ou seja, o modelo comteano levado ao seu extremo. É este positivismo que dá os
alicerces filosóficos para a concepção que desemboca no funcionalismo.

Mas o que é afinal positivismo? Simples, trata-se das teorias embasadas nas leis
oriundas das ciências positivas, como a Física, a Matemática, as Ciências Naturais. São nas
leis positivas da Física que Comte se inspira para a criação de sua teoria sociológica, o
Fisiologismo Social. Como? Com a formulação de leis gerais que, como na Física, através da
repetição e da regularidade dos fenômenos sociais fossem comprovadas como leis sociais.
Explicação positivista fundamentada na lei de causa e efeito: se tal coisa acontece com
freqüência toda a vez que um fato se repete, uma é causa da outra: explicação original da
Física.

Mais tarde, Dürkheim, propôs o modelo oriundo da Biologia : sistemas sociais


funcionando como os sistemas do corpo humano, estudados de acordo com as suas
funções. Embora reconhecesse que existem muitas diferenças de consciências na sociedade, e
que o corpo tem apenas uma. Explicação positivista fundamentada na diferenciação das
funções: cada órgão do corpo humano, em condições normais, tem a sua função e a doença é
oriunda da disfuncionalidade, ou seja, doença significa qualquer parte do corpo humano que
está fora de suas funções. Explicação original da Biologia. Transferindo isso para a vida

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 7


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo
social, cada sistema social (familiar, trabalhista, educacional, de comunicação, etc) tem a
sua função, quando por qualquer razão esta funcionalidade é quebrada dá-se o
rompimento do sistema e o caos social (doença).

Resumindo, tanto Comte, quanto Dürkheim são sociólogos positivistas, porque


ambos procuram na ciência natural positiva (um na Física e outro na Biologia), leis
gerais também positivas no funcionamento do organismo social.

Dürkheim influenciou as ciências sociais como um todo. Na Antropologia influenciou


os trabalhos de Radcliffe-Brown, que por sua vez inspirou os trabalhos dos primeiros
estruturalistas e depois da linha estruturalista norte-americana, cujos nomes mais destacados
foram Talcott Parsons e Robert Merton. Para a Comunicação de uma maneira geral, esta
influência tem importância por ter atingido um dos maiores pensadores da Comunicação
Social, o antropólogo, Claude Lévi-Strauss.

Na teoria social de Dürkheim, há uma preocupação levada ao extremo em classificar e


tipificar o que é normal do que é patológico na vida social. Por exemplo, em “As Regras do
Método Sociológico”, Dürkheim escreve:

“A temperatura normal de um sangue de lagarto difere da temperatura


normal do sangue de um homem: o que é normal para uma espécie é
anormal para outra”: critério utilizado por Dürkheim para desenvolver a
divisão do trabalho.

Desta forma o funcionalismo de Dürkheim levou as relações sociais a serem


tratadas como se fossem pura objetividade. Fatos sociais como coisas, é o que chamamos
vulgarmente de “coisificação da vida social humana”.

Depois da I Guerra, uma corrente empirista se utiliza dos modelos matemáticos e


maquínicos para explicar a Comunicação nos EUA e esta corrente vem a influenciar os
estudos da comunicação em todo o mundo. Os meios de comunicação são tomados como
“função orgânica natural, ou normal, do desenvolvimento da sociedade capitalista”.

As conseqüências disso para o Jornalismo, um tipo de comunicação, é apontada por


Adelmo Genro, mas também por muitos outros pensadores da informação. Vamos inúmera-
las:

1ª) Nasce um Jornalismo como processo social independente das relações para o
desenvolvimento social das forças produtivas, da luta de classes Um Jornalismo fora do
contexto histórico e do conjunto da vida social.

2ª) Nasce uma concepção de jornalismo “objetivo, imparcial, que olha sempre os dois lados da
questão”. Como se os fatos sociais tivessem apenas dois lados da questão e, passando por cima
de toda a teoria do conhecimento que diz que qualquer fato social está dependente da
interpretação dos homens que o vivenciam ou o experimentam de alguma forma. Os fatos
sociais tratados como coisas, e as matérias jornalísticas como mercadorias.

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 8


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo
3ª) Nasce Escola pragmática norte-americana: Bernard Berelson, Harold Lasswell que
desenvolvem o modo de investigação da comunicação, conhecido como Análise de
Conteúdos: uma técnica de investigação para a descrição objetiva, sistemática e quantitativa
dos conteúdos manifestos nos meios de comunicação.

Uma das grandes contribuições para o estudo funcionalista da imprensa brasileira veio
dos estudos do jornalista e professor, José Marques de Mello. Para ele, o Jornalismo brasileiro
visto em função das necessidades produzidas pela sociedade na sua dimensão global. Estudo
que tem utilidade até hoje, quando queremos recorrer á história das origens do jornalismo no
Brasil ou no ocidente, por conter uma descrição histórica detalhada das chamadas
“necessidades sociais”.

A análise de Marques de Mello estabelece a relação entre a sociedade e o


desenvolvimento da imprensa, a partir das necessidades globais. Coloca a imprensa como
necessidade par à venda de livros e para o crescimento da classe burguesa comercial e depois
industrial.

Em relação à imprensa periódica, Marques de Mello, vai além das necessidades


institucionais e fala da necessidade popular de obter informação sobre a atualidade que se
tornava cada vez mais complexa para o homem da cidade.

Como conseqüência da procura cada vez maior por mais informações, temos por trás a
possibilidade da indústria da informação: empresas privadas que veiculam noticias com a
mesma lógica comercial da troca de mercadorias. Jornalismo necessário à ideologia burguesa,
ideologia do Capitalismo.

2.3 Jornalismo funcionalista a serviço do Capital:

Sob a égide dessa liberdade individualista, no contexto do capitalismo desenvolvido,


evolui o jornalismo voltado para a propaganda, só que agora não só em uma economia de
trocas de mercadorias, mas especialmente, de uma economia de trocas simbólicas (Bourdier),
que reforça a cultura da submissão, da cultura cujo senso moral é o de ter e não o de ser.

O modelo americano de jornalismo, adotado por vários países e também pelo Brasil,
abandona algumas tentativas de sua aura militante (que chegaram a existir no final do século
XIX) para assumir o discurso da imparcialidade científica, enfim do “profissionalismo”
como termo natural e sinônimo de competência. Ignora também a criação da DUDH, que
confere sentido social a um fenômeno social que é a atividade jornalística e seus sentidos
adquiridos na esfera pública.

Era necessário legitimar a atividade jornalística no contexto do pensamento neoliberal,


o chamado “pensamento único” estava definitivamente se instaurando nas relações mundiais.
Trata-se do jornalismo objetivo, no qual jornalistas só devem retratar objetivamente a
“realidade” dos fatos.

A liberdade de expressão do jornalista e o respeito à liberdade do leitor conferida pela


DUDH, estariam resguardadas “na veracidade dos fatos, na imparcialidade do relato

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 9


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo
jornalístico, na neutralidade do olhar, na escuta dos dois lados dos conflitos”. Justamente,
portanto, naquilo que lhe resguarda a cultura da submissão: quando falamos só das
conseqüências dos fatos, e não das causas, quando omitimos nossas escolhas do imenso
diálogo que ciclicamente a informação promove na esfera pública.

A dúvida teórica do pensamento político, liberalismo x igualitarismo, é


transferida para a prática do jornalismo: liberdade de expressão x expressão objetiva.

A conseqüência desta dúvida política é que no liberalismo chegamos ao


constrangimento do exercício coletivo, do esvaziamento político da vida pública e no
igualitarismo caímos facilmente nas mãos do controle administrativo que põe em cheque a
liberdade individual.

A conseqüência da dúvida na pratica jornalística é que a liberdade de expressão supõe


a subjetividade e a criatividade dos produtores da informação (jornalistas, editores, redatores,
fontes especializadas ou não), pondo em dúvida a veracidade dos fatos; e a expressão objetiva
oculta o papel que o jornalismo desempenha na construção social da realidade, na esfera
publica.

Desta forma, os “businessman” passam por cima de toda a teoria do conhecimento, de


Kant a Merleau-Ponty, da clara impossibilidade de um conhecimento absolutamente objetivo
do mundo dada a importância da subjetividade na apreensão dos objetos observados,
representada na velha frase de Heisenberg: “na ciência, o objeto de investigação não é a
natureza em si mesma, mas a natureza submetida à interrogação dos homens”.

Além disso, ocultam a prática da escolha das notícias que nem sempre, ou quase
nunca, acontecem por si só, criam sérios constrangimentos entre editores, chefes de
reportagens e repórteres, produzem o famoso “empastelamento” do noticiário e, pior,
retiram da cena pública toda e qualquer possibilidade de escolha e/ ou reflexão do leitor
na leitura de sua realidade.

A astúcia desses homens de negócio, que termina por retirar a autonomia do olhar do
jornalista diante dos fatos que investiga, ou seja, o afasta da justificação ética de sua própria
profissão, está em fazer jornalistas e público acreditarem na autoridade do mediador
neutro, garantindo foros de verdade aos fatos que divulgam, ou seja, seus negócios. É a
isto, o que hoje chamamos corriqueiramente de “Quarto Poder”.

A problemática filosófica da liberdade no campo da Ética passa agora para a


problemática da verdade no campo da Moral. É certo que desta forma os donos das empresas
editoriais conseguem evitar muitos processos judiciais, mas contribuem sobremaneira para a
alienação política da esfera pública impingindo uma lógica mercadológica a res-publica. Ora,
os conceitos éticos de liberdade e verdade não se antagonizam caminharam sempre juntos no
percurso da filosofia e encontram sua máxima relação no existencialismo de Heidegger “a
essência da verdade é a liberdade. Liberdade é o que deixa ser o Ente”.

Além do mais, do ponto de vista conceitual-político, se vivemos sobre a égide de um


Estado de Direito Republicano, vale lembrar os quatro princípios da República, que deveriam

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 10


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo
moldar todas as instituições sociais, incluindo o Jornalismo, nos planos nacionais e
internacionais: o respeito integral aos direitos humanos; a abolição de todo e qualquer
privilégio, pessoal ou corporativo; o impedimento à apropriação ou ao controle particular de
bens ou serviços que, pela sua natureza, são comuns a todos os integrantes do corpo social
(como é o caso da informação); e a publicidade integral dos atos oficiais dos Governos.

Hannah Arendt desvela bem esta astúcia do auto-intitulado “Quarto Poder”, quando
fala do problema similar na profissão do historiador: “A necessidade da interpretação (da
subjetividade) na apreensão do fato não constitui argumento contra a existência da matéria
factual, nem pode ser justificativa para que o historiador (jornalista?) manipule os fatos ao seu
bel prazer” (grifos da professora).

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 11


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo
Capítulo 3
Do “fim do jornalismo” à Fenomenologia.

3.1 Dialética do Esclarecimento: Escola de Frankfurt e o eclipse ético da profissão:

Nos anos 40 um grupo de sociólogos inaugurou o que hoje chamamos de Teoria Crítica da
sociologia. A obra mais conhecida e “carro-chefe” da Teoria Crítica, foi escrita pelos
sociólogos Theodor Adorno e Max Horkheimer, sob o Título “Dialética do
Esclarecimento”. Nela, como vocês já viram na disciplina Teorias da Comunicação, e não
nos interessa aqui descrever em pormenores, temos a critica geral ao Funcionalismo oriundo
do esclarecimento fornecido pelo desenvolvimento da ciência que ampliou na cultura
ocidental o que a Escola de Frankfurt chamou de Razão Instrumental. Mas, o que isto
interessa à Ética no jornalismo? Esta critica desvelou definitivamente a utilização deste tipo de
racionalização da comunicação como reprodutor do status quo e a serviço do sistema
capitalista.

A crítica minuciosa e contundente realizada pela Escola de Frankfurt rapidamente ganhou


status entre os cientistas sociais e o jornalismo passou a ser percebido em sua “menor
qualificação”. Inicia-se uma fase de pouca pesquisa na área, a DUDH passa a ser entendida
como a moral da utopia. Estávamos todos mergulhados no pensamento pessimista
frankfurtiano: criamos um monstro que agora nos engolia a todos sem nos deixar saída para
pensarmos o futuro das sociedades. E como este monstro, que não podia mais ser parado
operava? Simples. Através da Indústria Cultural e todos os seus aparatos técnicos e de
conteúdos. Ora, a informação é uma forma de comunicação, portanto, o jornalismo estaria
apenas a serviço deste tipo de racionalidade, ou seja, a razão de se fazer jornalismo estaria a
serviço do capital, ou do sistema vigente. Jornalismo como ação instrumental do Capital.

A Escola de Frankfurt foi de extrema importância para que classe científica enxergasse a
própria racionalidade da ciência social ocidental, mas não passava daí. Ou seja, não apontava
caminhos para que saíssemos desta situação aterradora. Muito pelo contrario, a Indústria
Cultural era a “alma” do Capitalismo que não sobreviveria sem ela. Essa indústria e todo o
seu aparato comunicacional estariam garantindo o desenvolvimento do Capitalismo
tanto no Ocidente, quanto no Oriente, tanto no próprio Capitalismo como no Stalinismo:
idéia de totalização de mundo através da cultura da manipulação oriunda da Indústria
Cultural.

A Teoria Crítica provocou de tal ordem o desencantamento do mundo, que alguns autores
chegaram a chamar este período de “Fim da História” (título do livro escrito por um
funcionário da Secretaria de Estado norte-americana, Francis Fukuyama, 1990). Para o
jornalismo, o resultado deste pensamento foi o de se pensar a informação como necessidade
mercantil, jornalismo essencialmente alienado e alienador. Podemos definir esta fase como
a fase do eclipse ética do jornalismo, pois como atividade profissional intrinsecamente ligada
à sociedade e, no âmbito da ciência, à Sociologia; temos a diminuição e até mesmo a
paralisação em alguns países, do pensamento ético sobre o lugar social da atividade
profissional. Nas redações de todo o mundo, como já vimos acima, imperou o jornalismo

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 12


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo
objetivo de formato norte-americano, cuja função era a legitimação do jornalista no mercado e
a informação transformada em mercadoria simbólica.

No final dos anos 60, durante os anos 70 e inicio da década de 80, alguns intelectuais,
notadamente os marxistas, começaram a se contrapor a esta estigmatização da comunicação
em geral e da informação em particular. No Brasil, um deles foi o jornalista, Adelmo Genro,
que critica a Teoria da Escola de Frankfurt, dizendo que tal teoria soube refletir a cultura
capitalista, mas toda a pertinência de sua critica não pode pretender abranger a totalidade
do fenômeno cultural através da sua conceituação de Indústria Cultural: pois a cultura
não é totalitária e, portanto, não se deixa submeter integralmente pela categoria mercantil
pelo simples fato de que cultura é práxis e, portanto, dotada de contradições, paradoxos e
conflitos.

Outro foi Umberto Eco (1964), que faz a mesma crítica que fez Adelmo em seu famoso
texto, “Apocalípticos e Integrados”, no qual caracteriza a Escola de Frankfurt como
criadora de uma teoria apocalíptica, que não contempla tantas outras formas de
pensamento que, apesar de serem dominantes, existem e atuam no seio das sociedades,
seriam “os integrados”.

Na Alemanha, a própria Escola de Frankfurt gera o seu contraponto teórico. Trata-se do


filósofo, sociólogo e discípulo de Adorno, Jürgen Habermas, que até ser convidado por
Adorno para a Academia, trabalhou como jornalista autônomo. Veremos a seguir a
contribuição deste brilhante colega para a ética no jornalismo.

3.2 Teoria da Ação Comunicativa: Habermas e o retorno da consciência.

Habermas desenvolveu a Teoria da Ação Comunicativa, uma teoria que contempla pela
primeira vez nos estudos da comunicação, a importância do receptor no que ele chama de
“mundo da vida”. Habermas se afasta do método Marxista (o materialismo histórico) de seus
colegas frankfurtianos, se aproximando de Gramsci e acreditando que não é só através da
produção que podemos analisar a história da humanidade, podemos fazê-la também pela
interação, através do estudo do nosso agir comunicativo. Assim, em suas pesquisas, passa a
mostrar a importância do receptor na ação comunicativa, quando ninguém (nem mesmo as
desenvolvidas técnicas de manipulação da Indústria Cultural) garante total passividade.

Para Habermas existem e sempre existiram duas formas de se comunicar: uma seguindo
uma razão instrumental e outra uma razão comunicativa. A razão instrumental produz a ação
instrumental, ou seja, uma forma de ação técnica, que aplica meios para alcançar fins
(funcionalismo). A razão comunicativa produz a ação comunicativa, ou seja, uma forma de
ação no “mundo da vida”, que aplica a linguagem nas relações sociais cotidianas, sejam elas
espontâneas (conversa) e/ou padronizadas (através dos meios de comunicação). A ação
comunicativa é aquela que tem a pretensão de efetivar a comunicação com o seu sentido de
ação comum que, portanto, implica em compreensão.

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 13


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo
Os conteúdos produzidos e emitidos pela Indústria Cultural (os meios de
comunicação), mesmo seguindo uma razão instrumental, não atingem o público sempre
da mesma forma. Para explicar as diferenças na recepção ele cria o conceito de
“competência cultural ou comunicativa” e é aí que a teoria contempla o receptor e revela
sua importância na comunicação. Há de ser levada em conta a competência comunicativa
do receptor no “mundo da vida”, e tal evidência é assegurada na constatação da
dependência dos meios às suas audiências e/ou leitores.

E em que a teoria de Habermas contribui para a ética no Jornalismo? Primeiro tal teoria
retira o Jornalismo da situação meramente funcionalista de reprodutor do sistema
capitalista, pois nos permite pensar num Jornalismo a serviço da diversidade cultural
geral no mundo e em especial da diversidade cultural brasileira, veremos claramente a
importância de uma informação que contemple essas muitas diferenças. Em segundo lugar, se
elevamos a importância do receptor, elevamos também a importância do conceito de
liberdade de expressão com responsabilidade social, como reza a DUDH (direito de
informar e ser informado). Por último, se temos dois tipos de ação comunicativa convivendo
na esfera pública, a saber, ação instrumental e ação propriamente comunicativa; então, temos
também dois tipos de jornalistas: os que agem de acordo com a razão instrumental e os que
agem com a razão comunicativa. Isto, definitivamente nos obriga a enxergar a importância
da consciência social de cada um que exerce a profissão. É na percepção que este público
tem da consciência social de cada jornalista, que construímos a tão falada credibilidade.

Reparem que o conceito de cultura está assim atrelado à comunicação em todas as suas
formas de expressão, incluindo a informação. Na análise histórica que Habermas faz do
jornalismo ele encontra três fases de desenvolvimento da cultura política em favor da
economia na sociedade capitalista, mostrando a hegemonia da razão instrumental na
modernidade. São elas:

1ª fase) Quando as informações divulgadas pelos jornais correspondiam às necessidades


econômicas e comerciais geradas pelo capitalismo nascente. Fase econômica.
2ª fase) É a fase do jornalismo de opinião ou do jornalismo literário como instrumento de luta
política para o alcance da legitimação da esfera pública burguesa. Fase política.
3ª fase) É a fase de um retorno ao espírito comercial da primeira, porém agora com a
agregação de valor possibilitada pelo incrível desenvolvimento tecnológico e pelo
profissionalismo de suas técnicas apoiadas no Estado burguês de Direito. É a negação das
potencialidades desenvolvidas e realizadas na segunda fase quando o Jornalismo representava
a constituição de uma opinião pública das pessoas privadas como cidadãos, agora a imprensa é
a expressão pública de proprietários privados. Fase mercadológica.

Com esta análise Habermas adverte para o que ele chama de “colonização” dos
espaços contra-hegemônicos da comunicação nos nossos dias. Ou seja, apesar dos dois tipos
de comunicação agirem no seio social concomitantemente, temos uma prevalência da razão
instrumental própria da cultura individualista (liberdade pessoal) capitalista sobre a razão
comunicativa, própria da cultura secular que deu origem ao Estado de Direito.

Os espaços contra-hegemônicos da comunicação nos dias atuais se encontram


confinados na comunicação popular, nos meios alternativos e/ou comunitários e na

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 14


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo
interatividade permitida pelas TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação). Se
entendermos as sérias dificuldades que a comunicação popular tem em se desenvolver no
mundo de primazia do Mercado, então a esperança por um jornalismo pautado nos interesses
sociais pousa sobre as TICs e toda a sua possibilidade de convergência tecnológica desde que
acompanhada pela luta pela democratização dos meios de comunicação. É o que veremos no
capítulo 4. Por hora, vamos mergulhar um pouco mais nas especificidades da atividade
jornalística como objeto de estudo.

3.3 Jornalismo à luz da Fenomenologia: a teoria da notícia ética por Adelmo Genro.

Fenomenologia é a filosofia que discute o conhecimento da realidade essencial dos


fenômenos. Pensar o Jornalismo através da Fenomenologia é, portanto, procurar por sua
essência. Assim fez o brilhante jornalista Adelmo Genro Filho, em defesa de sua dissertação
de mestrado em sociologia pela UFSC, em 1986, intitulada “O Segredo da Pirâmide: para uma
teoria marxista do jornalismo”. Trata-se da construção de uma teoria ética da notícia,
genuinamente brasileira. O Jornalismo é um fenômeno social que vem se desenvolvendo
desde o século XVIII, cuja força reside em contar e recontar a realidade como produção da
novidade. Trata-se, portanto, de uma nova forma de conhecimento que se cristaliza no
singular. O singular é forma originária do novo: no processo constante de transformação
da realidade, o novo aparece sempre sob a forma do singular, como fenômeno isolado,
como exceção.

Se compreendermos a notícia como a unidade básica da informação jornalística, temos que


nos perguntar qual é a essência da noticia. Adelmo explica que a essência da notícia é a
singularidade do fato percebida pelo jornalista no momento em que experiência o fato
(apuração) com um ou mais sujeitos. É no bojo desta singularidade que se descortina a
novidade ou atualidade da notícia (no cotidiano profissional conhecido na expressão “faro pela
notícia”). Mas a notícia não se compõe só de sua essência, só pelo “faro do jornalista” ao
sentir e escolher o que é ou não notícia, ela trabalha também com outros dois eixos lógicos: o
da universalidade e o da particularidade. A teoria da notícia de Adelmo é uma dialética
entre estes três eixos: o da singularidade, da universalidade e da particularidade.

O eixo da universalidade contém tudo o que é comum entre o mundo da vida (para
usarmos a expressão de Habermas) do jornalista e o mundo da vida do seu público, sem ele a
notícia simplesmente não seria entendida, sem ele não haveria, portanto, informação. Trata-se
da linguagem, do censo comum enfim, da cultura de cada público ouvinte, leitor, ou
telespectador. Já aqui percebemos o desafio que um jornalista em nossos tempos enfrenta em
seu cotidiano: a flexibilidade cultural que precisa ter para passar de um público a outro, uma
flexibilização exigida a cada projeto de trabalho, a cada matéria, a cada apuração, a cada olhar
para o singular.

O eixo da particularidade contém o que de fato é o jornalista, toda a sua bagagem


técnica e cultural de seu mundo particular. O lugar ideal, portanto, da subjetividade
individual de cada jornalista, do particular de cada redator de cada envolvido na construção
da notícia, da pauta à publicação. Note-se que neste eixo circulam muitas subjetividades até
chegarmos ao produto final que vai ser recebido pelo público. Na TV, por exemplo, temos
inclusive a subjetividade do iluminador, do câmera-man, na forma como esses personagens

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 15


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo
“técnicos” entendem a subjetividade do jornalista. Trata-se de um eixo de construção
coletiva. Um eixo cognitivo-cultural. Ou nas próprias palavras de Adelmo: “é a lógica do
pensamento subjetivo (aspecto cognitivo), é predicado, atributo construído na atividade social
de um ou mais sujeitos naturalmente aceitos” (aspecto cultural, eixo da universalidade) (1987.
Cap 9).

É no diálogo entre estes três eixos, que evidentemente Adelmo separa apenas para teorizar
sobre a definição de uma notícia ética socialista (o autor declara a pretensão de uma teoria
marxista da notícia) e, portanto, não-capitalista; que vai definir o que é a notícia ética: aquela
que equilibra a singularidade da noticia através dos dois outros eixos. Para isso ele se
utiliza da metáfora da pirâmide, recorrendo à sua geometria. A pirâmide que conhecemos
invertida no texto da notícia, partindo do mais importante para os detalhes, Adelmo recoloca
em pé partindo do vértice, lugar da singularidade; para a base, lugar do eixo da universalidade.
A forma deste triângulo, ou da pirâmide em pé, varia de acordo com o binômio equilíbrio-
desequilíbrio. Para equilibrar a singularidade pelos outros dois eixos, de forma eqüitativa e
justa, temos o triângulo eqüilátero. Assim, os outros formatos de triângulos teriam maior
universalidade ou maior particularidade conforme o aumento de seus eixos.

Assim, quanto maior for o eixo da particularidade mais sensacionalista e/ou opinativa
será a notícia, quanto maior for o eixo da universalidade, mais explicativa e com conteúdo
mais argumentativo e interpretativo (ex: a reportagem nos meios especializados). Note-se que
sempre que aumentamos o eixo da particularidade, também aumentamos o eixo da
universalidade. A notícia ética é a notícia diária representada pelo triângulo eqüilátero
com todos os lados iguais equilibrando em perfeita harmonia o vértice ou a singularidade
da notícia.

Abaixo veremos a singularidade no vértice “x” dos triângulos e o eixo “y”


representando o eixo da universalidade na base do triângulo, os outros dois lados do triângulo
representam o eixo da particularidade. Na figura A temos a notícia diária, com a singularidade
sustentada tanto pelo preparo cognitivo-cultural dos sujeitos envolvidos em sua construção
representada pelos lados iguais do triângulo; quanto o a utilização da base do eixo universal,
do censo comum necessário ao entendimento da informação também de igual tamanho. Esta é
a notícia ética à luz da fenomenologia da notícia criada por Adelmo Genro.

Já a figura B, mostra o eixo da particularidade maior que o eixo da universalidade,


representando, portanto, uma maior utilização da subjetividade dos sujeitos envolvidos no
momento da experimentação do fato noticiado, incluindo a escolha por este ou aquele fato
para virar notícia, em detrimento do conhecimento cultural de seu público Trata-se de uma
notícia muito opinativa, e assim, perante a lei deveria estar assinada, ou, se não assinada, trata-
se de uma notícia sensacionalista.

Na figura C, temos uma notícia mais interpretativa, que apresenta uma


proporcionalidade entre abertura e reprodução da matéria (particularidade). Exemplo: Um
jornal semanal ou um programa jornalístico na TV de igual periodicidade. não deverá elaborar
suas notícias e informações na estrutura do triângulo eqüilátero, porque não trabalha com a
obrigatoriedade do aspecto “quente” da singularidade. Não precisa dar a notícia no momento
próximo de seu acontecimento, portanto, é uma notícia mais interpretativa.

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 16


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo
Por último na figura D, temos as reportagens interpretativas mais longas com mais
argumentação, como por exemplo, as revistas mensais especializadas, ilustrativas. Essas
matérias jornalísticas precisam de uma grande base no eixo da universalidade, por exemplo, as
revistas profissionais precisam trabalhar na linguagem de cada profissão. Possuem também o
eixo da particularidade muito desenvolvido, o jornalista precisa usar toda a sua capacidade
cognitivo-cultural para a construção de uma reportagem que pretende atingir um público
especial e ainda amplia-lo e/ou transforma-lo fazendo o seu papel de formador de opinião.

Então, qual o segredo da pirâmide? Simples. Para Adelmo a pirâmide está invertida.
A formatação do texto jornalístico do Lead para os detalhes, ou mais importante para o menos
importante não garante por si só a veracidade do tratamento ao assunto que irá se desenvolver.
As perguntinhas que respondemos no Lead, não passam de uma reprodução sintética e
organizadora da experiência individual, e, portanto, não garante por si a objetividade na escrita
do fato a ser narrado. Ele ensina,

“Não se trata, necessariamente, de relatar os fatos mais importantes


seguidos dos menos importantes. Mas de um único fato tomado numa
singularidade decrescente, isto é, com seus elementos constitutivos

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 17


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo
organizados nessa ordem, tal como acontece com a percepção
individual na vivência imediata” (1987, Cap 9).

O Lead assim não precisa inclusive estar na cabeça da matéria jornalística, pode estar em
qualquer parte, embora o lugar inicial da matéria seja o mais comum por ser também o mais
natural no caminho percorrido pela percepção humana.

A teoria de Adelmo ao enxergar o Jornalismo como um fenômeno social, critica a teoria da


objetividade no Jornalismo. Para ele esta teoria não vai fundo da questão essencial do
Jornalismo, já que a objetividade total não pode ser alcançada. Evidentemente que isto não
invalida a necessidade de uma importante objetividade que é o compromisso com a
verdade do fato em si. Os fatos são objetos da notícia e a menor unidade de significação.
O fato em si é material objetivo, pois nele não existe interferência do sujeito, mas quando
o fato vira jornalístico já há o recorte da escolha de virar notícia e isto é subjetividade.

Em relação aos vários tipos de técnica jornalística, a teoria também oferece uma
significativa abordagem analítica que nos permite avaliar de forma clara a subjetividade
tipológica no Jornalismo. Nas reportagens, por exemplo, Adelmo se utiliza do conceito
formulado por outro Jornalista, Nilson Lage: “reportagem é investigação, interpretação e
literatura. Está na região de fronteira entre a literatura e o jornalismo”. Já no Jornalismo
Objetivo norte-americano, reportagem é apenas uma notícia grande, é vista apenas pelo lado
operacional.

A essência da reportagem está no eixo da particularidade. Particularidade tem mais


autonomia na busca de significado no contexto da singularidade do fato, porque nela não há
preponderância da singularidade, mas sim um gênero jornalístico no qual se eleva do
singular uma particularidade que coexiste com a singularidade.

Esta significação é que pode ser alcançada de várias maneiras: estética – se utilizando de
recursos literários; e teórico - cientifica (quote-story) ou informativa (meta-linguagem). O
segredo da reportagem ética é não deixar que neste eixo da particularidade se dilua na
singularidade: preservação da singularidade que pode se dar de duas formas de
significar a reportagem: estética ou sintético-analítica. Mas o autor não nega a relação
entre jornalismo e literatura: “Há interpenetração entre ambos, mas vemos a diferença quando
percebemos que um escritor só pode fazer uma notícia excepcional se dominar a lógica
jornalística e um jornalista só escreverá um bom livro se tiver talento literário”.

A critica ao jornalismo objetivo se amplifica quando percebemos que o próprio


Jornalismo Objetivo também se utiliza da literatura, na categoria do típico. Há uma tipificação
dos fatos com a revelação mais explicita possível nas reportagens, que dilui o jornalista em seu
público, simulacro da imparcialidade e isto dá a impressão ao público de que é partícipe
do fato. Isto é arte e não “realidade”. O que Muniz Sodré chama de “reportagem de ação”
(Act-story).

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 18


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo
As conclusões que podem ser retiradas no desvelamento do “segredo da pirâmide” são
listadas abaixo e representam a maior contribuição até hoje oferecida pelo pensamento
brasileiro à epistemologia do Jornalismo:

▪ É a luta de classe que é geradora de tensão no jornalismo e não ao contrário. A teoria de


que o jornalismo apresenta um mundo fragmentado e que transforma a realidade em coisas,
tese da coisificação de mundo – nada mais é do que a constatação da hegemonia ideológica
presente no social, ou seja, da dominação vigente que não qualifica o jornalismo, mas que o
acomete.

▪ Na sociedade, a notícia, assim como a percepção individual de um fenômeno singular, vai se


inserir em determinadas cosmovisões pré-existentes. Há, como sabemos, uma cosmovisão
dominante. Mas ela não é destituída de contradições. Nas sociedades de classe existe sempre
um antagonismo político e ideológico tencionando o Sistema. Por isso, existe a
possibilidade de um ângulo oposto ao da reprodução para a apreensão do singular-
significante.

▪ Partindo dessa premissa é que se pode pensar a cultura em geral e o jornalismo em


particular como práxis, não apenas como manipulação e controle.

▪ De um lado, em virtude da propriedade privada dos meios de comunicação e da hegemonia


ideológica da burguesia, o jornalismo reforça a cosmovisão dominante. De outro, a apreensão
e reprodução do fato jornalístico podem estar alicerçadas na perspectiva de uma
cosmovisão oposta e de uma ideologia revolucionária.

▪ As técnicas sofisticadas como é o caso da pirâmide invertida é uma tentativa de


neutralizar a força revolucionária da notícia, de submetê-la. É produto da ideologia
burguesa na tentativa de controle e manipulação do processo informativo.

▪ Não há um sujeito manipulador ou conscientizador por trás de nenhuma notícia, há um


sujeito coletivo, um sujeito social e político, mesmo nas matérias assinadas. O
desvendamento desse sujeito social e político que está por trás de cada veículo e de cada
informação, só pode ser realizado num processo que envolve, inclusive, uma participação
consciente e deliberada dos setores mais atuantes e politizados.

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 19


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo
Capítulo 4
Cultura, Jornalismo e Globalização

4.1. Jornalismo e Cultura Democrática:

Para compreendermos a relação entre Jornalismo e Cultura Democrática, devemos


primeiro definir a nossa compreensão sobre o que é cultura. O termo originalmente significa
cultivo, cuidado, seja com a Natureza ou com o Espírito. Um significado atuante até os dias de
hoje quando falamos em agricultura – cuidado e cultivo da terra; ou cultivo do sagrado – o
culto aos deuses. É a idéia é a de uma ação que conduz à plena realização das potencialidades
de alguma coisa ou de alguém; é fazer brotar, frutificar, florescer e cobrir de benefícios. Neste
sentido, a política, por exemplo, seria a cultura que os homens criaram para governarem uns
aos outros, para organizarem a vida na polis (cidade em grego). Mas o termo passou por
muitas transformações no devir histórico da humanidade.

No século XVIII, cultura significava civilização. Neste significado os povos não


civilizados não possuíam cultura. A palavra civilização é uma derivação da idéia de vida civil,
portanto, de vida política e de regime político. Assim, povos cultos eram aqueles que
possuíam vida civil ativa, regime político desenvolvido e, em contraposição, povos incultos
eram os povos primitivos, desprovidos de ordem civil. Agrega-se ao sentido do termo a
questão temporal: a cultura de um povo é boa quando permite a este povo maior
desenvolvimento. Nasce a noção de progresso e com ela o binômio que muitos autores
colocam como noção iluminista de cultura, povos desenvolvidos versus povos
subdesenvolvidos. Este é o padrão conceitual dominante em toda a Europa capitalista nos fins
do século XVIII e o será por todo o século XIX.

No interior da noção de progresso criamos uma verdadeira antinomia no significado do


termo cultura: cultura, numa visão positiva, como herança transmitida pela tradição que
nos permite a construção identitária e seu pleno desenvolvimento para o alcance da
liberdade e a cultura numa visão negativa desta mesma tradição (primitiva?) que a
considera como exercício de autoridade, lesiva ao livre exercício do pensamento, e,
portanto, à liberdade. Reparem que a contradição que vimos no início destes estudos entre a
filosofia da liberdade individual e a filosofia da liberdade social, também encontramos no
pensamento sobre cultura. Na realidade os conceitos de cultura e liberdade sempre tiveram
sentidos extremamente entrelaçados. Cultivamos a terra para nos libertar das imposições da
Natureza e garantir nossa sobrevivência. Cultivamos a política para garantir as liberdades no
convívio social. Cultivamos a arte e educação para garantir nossa liberdade de expressão e de
pensamento. Cultivamos o lazer para garantir a liberdade pelo prazer, pelo entretenimento,
pela diversão.

Ora, esta noção iluminista de cultura da qual falamos acima, cultiva o pensamento
vertical de poder (de cima para baixo): dos mais desenvolvidos para os menos
desenvolvidos, dos mais cultos para os menos cultos. Mas exatamente como isso opera no seio
social? A matéria-prima da cultura é a comunicação, é através da comunicação que
fazemos cultura, que mantemos a nossa cultura, que transformamos a vida social. O
jornalismo é uma forma de comunicação, de natureza política, intrinsecamente
relacionada com a cultura dos públicos onde atua. É por isso que muitos jornalistas não

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 20


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo
gostam do título Jornalismo cultural para o tipo especializado de Jornalismo que “cobre a
cultura”, para eles todo Jornalismo é cultural.

Mas, voltando à nossa questão: se fazemos cultura para alcançar liberdades e, se a fazemos
através da comunicação então, a razão iluminista que criou a idéia de progresso serviu como
uma luva para o desenvolvimento do capitalismo. Agora, ser culto ou ser livre significava ser
detentor do poder do capital, não mais ser detentor de direitos civis, mas de direitos de
consumidor. A promessa da cultura capitalista era a liberdade material para todos. E como
isto seria alcançado? Simples. Através da Indústria Cultural. Chegamos à explicitação da
crítica feita pela Escola de Frankfurt: trata-se da cultura da razão instrumental, operando
não só no desmantelamento do Estado de Direito, da cultura secular, através da
transformação da informação em mercadoria.

Só em meados do século XX, após vivenciarem o horror da Segunda Guerra, que os


antropólogos europeus, na sua maioria de formação marxista e depois gramsciana, irão
desmontar essa visão finalizada e evolutiva da cultura, inaugurando a antropologia social e a
antropologia política, considerando cada cultura uma individualidade própria, dotada de uma
estrutura específica. É Marilena Chauí quem melhor nos explica a mudança no sentido do que
hoje consideramos por cultura:

“Cultura passa a ser entendida como produção e criação da linguagem,


da religião, dos instrumentos de trabalho, das formas de lazer, da
música, da dança, dos sistemas de relações sociais, particularmente os
sistemas de parentesco e as relações de poder. A partir de então, a
cultura passa a ser compreendida como o campo no qual a sociedade
inteira participa elaborando seus símbolos e seus signos, suas práticas e
seus valores, definindo para si própria o possível e o impossível, a linha
do tempo (passado, presente e futuro), as distinções no interior do
espaço, os valores como o verdadeiro e o falso, o belo e o feio, o justo e o
injusto, a noção de lei, e, portanto, do permitido e do proibido, a relação
com o visível e o invisível, com o sagrado e com o profano; tudo isso
passa a constituir a cultura no seu todo” (CHAUÌ,1989).

Sem dúvida o Holocausto mostrou a face mais cruel do poder da comunicação guiada
pela razão instrumental de Hitler ao convencer o mundo da superioridade da cultura alemã em
detrimento das outras culturas, mas principalmente, em detrimento da cultura da judaico-
cristã. O trauma deixou sua inevitável lição: a cultura guiada por valores instrumentais não é
capaz de levar os homens à liberdade, e sim à dominação, seja ela pelo Estado totalitário, seja
pelo Mercado. A cultura só liberta com a participação efetiva de seu próprio povo, ou do
demos, no resgate do seu significado grego, a cultura política com participação popular.
É esta a concepção de cultura que está na origem do pensamento dos Direitos Humanos,
que levou à criação da ONU em 1945, ano do término da Segunda Grande Guerra, e à
DUDH, em 1948. Mas, a sensação que a História nos passa é que a lição não foi apreendida
por todos, como disse Habermas, convivemos hoje com dois tipos de racionalidade, dois tipos
de cultura, operando concomitantemente por duas formas de comunicação no âmago político
das nações: a cultura capitalista e a cultura socialista que está na base dos princípios de valores
da República. Uma opera com o poder de forma verticalizada (de baixo para cima) e outra
opera de forma horizontal (com a participação de todos). Em última análise, o que temos nas

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 21


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo
duas formas de comunicação são duas formas de racionalização da vida em sociedade,
duas maneiras diametralmente opostas, que nada mais é do que a luta de classes. Um luta
com outra face, com muitas outras aparências que não apenas as dos detentores dos meios de
produção contra os operários, mas também dos detentores dos meios simbólico-culturais
contra as muitas culturas populares e sua diversidade de manifestações.

A cultura socialista da Res-pública (do latim: coisa pública) valoriza o conceito de


liberdade social em quatro princípios básicos que devem moldar as instituições sociais, no
interior de cada Estado e no plano internacional: o respeito integral aos direitos humanos; a
abolição de todo e qualquer privilégio, pessoal ou corporativo; o impedimento à
apropriação ou ao controle particular de bens ou serviços que, pela sua natureza, são
comuns a todos os integrantes do corpo social; e, a publicidade integral dos atos oficiais
do Estado (COMPARATO, 2006. P. 622). Reparem que estes princípios de nada valem sem o
princípio da participação do povo e, portanto, da Democracia. A cultura democrática é o
complemento fundamental para o funcionamento da República. A participação popular
na manutenção de suas tradições e/ou transformação dessas mesmas tradições passam
necessariamente pela competência comunicativa ou cultural de cada comunidade, de
cada jornalista. O Jornalismo, atividade política, fenômeno sócio-cultural de cunho
informativo, tem aí o seu papel e sua responsabilidade social: a mediação na luta de
classes. Trata-se assim de uma atividade regida pela racionalidade

4.2 Cibercultura e os novos pressupostos éticos da profissão:

O mundo de convívio virtual vem somar complexidade à conceituação de cultura,


ampliando as relações transculturais e assim trazendo mais dinamismo às transformações de
cada sistema cultural. A escrita, o telefone, o rádio e a TV já nos traziam a uma realidade
virtual que alguns autores chamaram de “médio impacto” na cultura de cada povo.
Designamos aqui por “cultura virtual” no sentido filosófico de virtualidade, que nada tem a
ver com irrealidade como muitas vezes o termo é compreendido de forma corriqueira. Para
usar as palavras de Pierre Lévy,

“Na acepção filosófica, é virtual aquilo que existe apenas em potência e não
em ato, o campo de forças e de problemas que tende a resolver-se em uma
atualização. O virtual encontra-se antes da concretização efetiva ou formal
(a árvore está virtualmente presente no grão). No sentido filosófico, o virtual
é obviamente uma dimensão muito importante da realidade” (LÉVY, 1999.
P.47).

Mas a intensidade deste impacto vem mesmo com o advento da Internet, produto
comunicativo produzido pelo desenvolvimento e popularização da Cibernética no Brasil, em
meados dos anos 90. A cultura virtual produzida através da popularização das ferramentas
cibernéticas, a cibercultura, tem em sua essência o “universal sem totalidade”:

“...trata-se de um universo indeterminado e que tende a manter sua


indeterminação, pois cada novo nó da rede de redes em expansão constante
pode tornar-se produtor ou emissor de novas informações, imprevisíveis, e

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 22


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo
reorganizar uma parte da conectividade global por sua própria conta. ....O
ciberespaço se constrói em sistema de sistemas, mas, por esses mesmo fato,
é também o sistema do caos” (LÉVY, 1999. P. 111).

Esta indeterminação do universo virtual na Internet não é a mesma, por exemplo, no


universo virtual clássico, como nas transmissões televisivas. Na TV quando emitimos um
conteúdo, ou, quando um conteúdo vai ao ar ele é totalizador, ou seja, o mesmo conteúdo é
recebido por todos os que recebem aquele sinal no qual está sendo emitido o tal conteúdo. Isto
é totalização. A escrita é totalizadora, pois o que escrevemos será lido por quantas pessoas
pegarem naquele pedaço de papel e elas lerão sempre as mesmas palavras. O ciberespaço tem
uma característica a mais, um conteúdo pode ser transformado pelo receptor que o
passará à frente e poderá ser transformado por outro e assim infinitamente. Mas é
universal, ou seja, qualquer um desde que esteja conectado pode acessar, acrescentar e até
modificar, qualquer conteúdo emitido à rede, dentro das limitações usuais dos softwares que
estiverem sendo utilizados. Esta característica a mais, permitida no ciberespaço, é o que Lévy
chama de “universalidade sem totalidade”, própria da cibercultura.

Ora, isto cria mais um problema para a Ética: temos que pensar no direito à conexão,
como um dia pensamos no direito à Educação, ou, mais próximo ainda, no direito à
informação, ou no direito à interpretação. Há, no entanto, uma argumentação que Lévy não
levou em conta quando aponta a totalização dos meios virtuais clássicos: as transmissões de
sinais, sejam radiofônicos ou televisivos, fazem-se por meio de um bem público, o espaço
aéreo, e a concessão deste espaço é concedida pelo Estado. Trata-se de uma concessão
administrativa. Se esta administração estivesse referendada pela participação de seu
povo, não poderíamos falar em totalização no sentido lato do termo. No entanto, não é o
caso principalmente nos países mais pobres, onde ainda temos comunidades/sociedades com
culturas verticalizadas de poder.

A administração estatal do espaço aéreo é o que totaliza ou não os conteúdos virtuais.


Vamos pensar na imprensa clássica: nos locais de administração livre da imprensa, podemos
ler um mesmo assunto em muitos jornais e isto com certeza impossibilita a totalização da
cultura no que lhe concerne a informação. É justamente esta constatação que está na origem do
direito à informação. Imaginar que uma cultura pode ser totalizadora apenas porque as pessoas
estão recebendo a comunicação no formato “um para todos”, é subestimar a capacidade
cognitiva e comunicativa dessas pessoas. É evidente, porém que o formato “todos para um”,
próprio da Internet, traz desafios. Vamos ver de perto estes desafios especificamente no
chamado ciberjornalismo, ou jornalismo on-line.

As características específicas do ciberjornalismo são:

1ª ) A interactividade, ou seja, a possibilidade de o receptor participar e interagir com


o jornal e até de noticiar e funcionar como fonte de informação; deste modo, assiste-se a um
nivelamento do jornalista com o leitor. Portanto, cresce a responsabilidade do jornalista com a
veracidade da informação na mesma medida em que cresce a importância do receptor.

2ª) A hipertextualidade, ou seja, a possibilidade de se estabelecerem sucessivamente


ligações entre textos e outros registros, o que torna o consumo informativo individualizado.

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 23


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo
Isto aumenta em muito a necessidade de sensibilidade do jornalista para a relevância dos
assuntos abordados, na escolha de que tipo de recepção (de ligações) seu conteúdo
possibilitará.

3ª) A hipermidialidade, ou seja, a união num único suporte de conteúdos escritos,


sonoros e imagéticos, sejam as imagens fixas ou animadas. Isto exige do jornalista
criatividade, mas ao mesmo tempo aumenta significativamente sua capacidade de expressão.

4ª) A glocalidade, ou seja, a fabricação de conteúdos no local mas com alcance global.
Isto aumenta cada vez mais a obrigação do Jornalista no cuidado com valores oriundos da
diversidade cultural e, obriga o Jornalista a uma maior e cada vez mais apurada competência
cultural.

5ª) A personalização, ou seja, a possibilidade de o leitor interagir sobre a forma e o


conteúdo do jornal, para consumir unicamente o que quer e como quer, dentro dos
condicionalismos do software; os alertas noticiosos, o recebimento de um jornal a la carte, o
recebimento de newsletters, etc. podem incluir-se na personalização. Esta característica
desafia o Jornalista ao diálogo com o leitor, à proximidade e, mais, de tal relacionamento
temos ainda a possibilidade de um leitor passar a ser fonte. Decididamente é uma
característica que fascina qualquer jornalista por possibilitá-lo inclusive a sua própria evolução
profissional.

6ª) A instantaneidade, ou seja, a possibilidade das notícias serem transmitidas no


momento em que são finalizadas. Aqui está o maior perigo para o jornalista escorregar na lei.
Quando optamos pela instantaneidade negligenciamos a apuração e assim, fica muito mais
fácil sermos manipulados por fontes, principalmente por tais fontes em geral não estarem,
frente a frente com o jornalista e, portanto, sequer a experiência do velho e bom jornalista,
(aquele que sabe ler nos olhos da fonte, a manipulação) é possível. Cabe ao jornalista avaliar
se uma notícia precisa mesmo ser instantânea para o seu leitor, ultrapassar esse verdadeiro
“fetiche” da notícia em “tempo real”, que serve mais ao espetáculo do que à verdadeira
informação.

7ª) A apetência pela profundidade através da navegabilidade, ou seja, a


possibilidade de o utilizador aprofundar a informação consumida navegando pela Internet de
site em site e de página em página, usando hiperligações. Isto eleva a condição do jornalismo
especializado, aumenta também a necessidade de apetência do jornalista pela profundidade,
ou, mais uma vez, por sua competência cultural.

Como vimos o ciberjornalista precisa ser um profissional mais preocupado com o


leitor, porque tem o leitor mais presente na notícia. É o leitor quem determinará o sucesso ou
insucesso do jornalista como também poderá interagir mais com o jornalista e até com as
fontes referenciadas nas notícias e ainda poderá determinar a seqüência de navegação entre a
informação que lhe é oferecida em várias páginas e sites. O ciberleitor é mais do que um leitor
tradicional, pois é pró-ativo e não passivo ou reativo. Aliás, o próprio medium lhe exige essa
postura pró-ativa, de interatividade forçada, ele é quem escolhe o que vai ler, ouvir ou ver.

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 24


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo
Finalmente, uma derradeira questão tem aflorado entre os que se dedicam aos estudos
jornalísticos − o jornalismo on-line exige uma nova ética? Pelo que vimos acima, a resposta
mais responsável é a de que os grandes valores jornalísticos devem reforçar a velha ética − o
rigor na apuração, a intenção de verdade, a intenção de maior equilíbrio entre
objetividade e subjetividade possível no tratamento dos fatos (já que como vimos a total
objetividade não existe e ainda serve a interesses escusos à responsabilidade social), os
princípios da verificação da informação e da contrastação de fontes, a intenção
declarada, a humildade e o respeito perante o leitor, o cuidado com a fronteira entre o
público e o privado e etc.

Mas, ainda assim, mesmo que não haja nada de verdadeiramente novo no campo da ética
profissional, precisamos sim de uma marca clara de postura ética tendo em conta as novas
variáveis trazidas pelo ciberjornalismo, para que sejam absorvida no cotidiano profissional.
Por exemplo, se o jornalista vai a um chat em busca de informações, deve identificar-se como
jornalista, da mesma forma que precisa se identificar em qualquer estabelecimento que
freqüente na apuração de uma notícia. Os links que devem ser colocados numa notícia devem
seguir a postura ética do projeto jornalístico a que se destina. Devemos ultrapassar o problema
da instantaneidade para não perder credibilidade, mas devemos usar e abusar desta mesma
instantaneidade para corrigir informação falsa ou equivocada, para fornecer o direito de
resposta ao leitor. E principalmente precisamos que os jornalistas fiquem mais conscientes
da humildade que agora mais do que nunca se impõe à profissão, e para falar no que nos
é mais caro, o tão polemizado direito à liberdade de expressão dos Jornalistas.
Parafraseando Comparato: “...a liberdade de expressão tende a tornar-se mais coletiva
do que individual” (COMPARATO, 2006. P.632)

4.2 Uma nova Ética para uma nova Era: por Bernardo Kucinski

Através de um depoimento corajoso e comovente, sem meias-palavras, o jornalista e


professor Bernardo Kucinski expôs em seu texto, que prefacia um livro que reclama das
mazelas causadas pela grande imprensa brasileira, situacionista, dominada em quase sua
totalidade por um grupo restrito de sete famílias – segundo o autor, a saber, as famílias
Mesquita (O Estado de São Paulo); Frias (Grupo Folha); Sirotsky (RBS); Civita (Editora
Abril); Marinho (Rede Globo); Nascimento Brito (Jornal do Brasil) e Saad (Rede
Bandeirantes) – que compartilham um opinião comum, com mínimas variações pouco
significativas, "desempenhando um papel mais ideológico do que informativo, mais voltado à
disseminação de um consenso previamente acordado entre as elites em espaços reservados, e,
em menor escala, à difusão de proposições de grupos de pressão empresariais".

O texto se tornou obrigatório para todos aqueles que estão ingressando na profissão, pois
se trata, sobretudo, de uma angústia desenvolvida pelo jornalista em sala de aula, ou seja,
enquanto professor de ética em jornalismo. A angústia que invariavelmente acomete todos os
profissionais da referida disciplina atualmente, pode ser exposta em apenas uma pergunta:
como educar jornalistas éticos para um mercado de trabalho antiético?

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 25


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo
Trata-se de uma reflexão proferida em 2002, início do governo Lula, e assim ainda não
contempla as novas ações que vêm sendo desenvolvidas no país para reforma política da
comunicação, como é o caso da discussão e da atual formação política da TV Pública. Em seu
texto Kucinski coloca que a luta por um jornalismo democrático, é uma luta contra-
hegemônica, pois a própria natureza ética do jornalismo no Estado Moderno, se contrapõe à
natureza do sistema capitalista, como vimos em nossos estudos. Melhor dizendo, ser um
jornalista ético nos dias atuais significa estar contra a hegemonia política reinante na nação: a
supremacia da ideologia neoliberal. Assim, ser jornalista ético na atualidade, significa dizer
que estamos antes de qualquer coisa abraçando uma causa política de luta contra esta
hegemonia. E a universidade tem um papel fundamental na questão. Concluímos ainda,
através da leitura acurada deste texto, que a luta passa também pela defesa da obrigatoriedade
do diploma de jornalista, francamente ameaçado de quando em quando na história da
profissão.

Mas, cruzando as reflexões do texto com todo o percurso de estudos que fizemos até aqui,
podemos pensar que se o a luta é política ela não se dá unicamente em âmbitos institucionais
através da política partidária “representativa” atuante no país e sim, na cultura popular. O
saber-fazer cultura no Brasil já é uma luta política, pois não basta a luta através da
negociação e/ou convencimento de políticos, esta necessita ser complementada com o que
Comparato chamou de “mudança de mentalidades”, no âmbito social.

Esta “mudança de mentalidades” certamente não se dá por mágica ou com material


jornalístico que prime pelo fetiche da velocidade da informação e todas as suas técnicas de
“objetividade” proferidas pelo jornalismo neoliberal. Dá-se sim, pela valorização de uma
imprensa alternativa como um caminho para a elevação da qualidade do trabalho jornalístico
democrático e preocupado com a cidadania. Mostra ainda, de forma cada vez mais clara, a
importância da educação e da formação social (mais até que a informação) para uma leitura
crítica por parte da sociedade brasileira do conteúdo que é publicado. A questão da
importância da luta pela criação de conselhos regionais e locais de vigilância por parte da
sociedade dos conteúdos publicados, ou seja, de representatividade da participação social.

Kucinski acredita que é possível que surja um veículo que possa concorrer com os grandes
grupos de comunicação quando houver uma mobilização popular, pessoas interessadas numa
alternativa. As "ilhas" que hoje existem – sejam os programas de TVs comunitárias, sejam os
pequenos jornais de formato tablóide, sejam as rádios comunitárias – representam o
aparecimento dessa alternativa simples, democrática e de interesse público. Mas, não
devemos esquecer dos meios digitais, que permitem ainda a luta em âmbito
internacional, os novos formatos políticos em discussão, como o nascimento da TV
Pública no país e que tem pela frente um imenso desafio em relação à esfera cultural do
povo brasileiro: a superação do trauma promovido pela lembrança dos 21 anos de
ditadura que ainda vive em todos nós.

Num contexto cultural tão deformado em relação ao papel ético da informação,


precisamos agir de forma radical se queremos mudança. É como quando queremos tirar de
nossas vidas hábitos que já não nos trazem bem, temos que radicalizar para imprimir à nossa
própria consciência uma nova vida sem os velhos hábitos. Evidenciamos acima, por exemplo,
as espetaculares inovações que a cibercultura nos oferece em o nosso trabalho, e também a

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 26


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo
necessidade de rigor com a ética que estas mesmas inovações nos impõem. Este rigor passa
por três princípios básicos que direcionam a ética da responsabilidade social impingida à
atividade jornalística na República. São eles:

1º) Cidadania: No contexto de transformação por que passa o Estado brasileiro, contexto de
luta contra os valores culturais colonialistas e de resistência ao pensamento neoliberal, o
conceito de cidadão que se reconhece como membro da polis antes mesmo de se reconhecer
como jornalista, não basta. O movimento veloz na experiência vivida na atividade entre
valores universais e locais, entre desterritorialização e reterritorialização, exige um novo
exercício de cidadania no contexto da relação entre política e cultura, que nada tem a ver
com a obsessão de politizar tudo, que tem no reconhecimento da diferença como espaço
de aprofundamento da democracia e da autogestão, na luta contra a discriminação e
contra as várias formas de exclusão.

2º) Respeito: Este princípio é a essência para o sentimento de “reencantamento do mundo”, a


passagem do sujeito soberano para o sujeito deferente (Santos, 2003) necessária para
destruir as vaidades que assediam a profissão. Trata-se de entender que somos um arquipélago
de subjetividades que se combinam diferentemente sob múltiplas circunstâncias contingentes
cuja contingência global convive sempre com determinismos locais. É o respeito com os
outros, consigo mesmo e com as circunstancias.

3º) Cuidado: No sentido Heideggeiriano, “Sorge”, o cuidado do Ser na sua existência. Este
princípio refere-se principalmente à escuta e aos conteúdos produzidos. Trata-se de um
olhar que desconstrói as tendências objetivadas e o acesso será dado pela busca da
palavra íntima, singular, desatrelada dos contextos generalizantes e uniformes. Uma
decisão estará sempre vinculada ao modo como compreendemos o real, aquilo que se
apresenta para nós e no seu sentido. Sentido aproximado como a direção do existir, pois
qualquer decisão terá implicações no nosso existir, o que certamente inclui os outros. O
impacto social, cultural e ambiental causado por certas decisões nas relações de co-existência.

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 27


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo
Bibliografia Principal:

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo. Editora Ática, 2000.


______________. Cidadania Cultural: o direito à cultura. São Paulo. Ed. Perseu
Abramo,2006.
ECO, Umberto. Apocalípticos e integrados. São Paulo. Ed. Perspectiva, 5ª edição, 1993.
GENRO, Adelmo. O Segredo da Pirâmide: para uma teoria marxista do jornalismo. Porto
Alegre, Tchê, 1987.
HABERMAS, Jürgen. Consciência Moral e Agir Comunicativo. Rio de Janeiro. Ed. Tempo
Brasileiro, 1989.
HORKHEIMER, Max e Theodor W. Adorno. Dialética do Esclarecimento: Fragmentos
Filosóficos. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1985.
KUCINSKI, Bernardo. A síndrome da antena parabólica: ética no jornalismo brasileiro. São
Paulo, Editora Fundação Perseu Abramo, 1998.

Bibliografia Complementar:

COMPARATO, Fábio Konder. Ética. São Paulo. Companhia das Letras, 2006.
GIDENS, Anthony. As idéias de Dürkheim. São Paulo, Cultrix, 1978.
GOMES, Pedro Gilberto. Filosofia e Ética da Comunicação na Midiatização da Sociedade.
São Leopoldo. Ed. Unisinos, 2006.
HABERMAS, Jürgen. A Mudança Estrutural da Esfera Pública. Rio de Janeiro. Ed. Tempo
Brasileiro,1984.
________________ Teoria de la acción comunicativa I - Racionalidad de la acción y
racionalización social. Madri. Taurus, 1987.
________________. Teoria de la acción comunicativa II - Crítica de la razón funcionalista.
Madri. Taurus, 1987.
HANNAH, Arendt. A Condição Humana. 9ª Edição. Rio de Janeiro. Editora Forense, 1997.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo. Editora 34, 1999.
SANTOS, Boaventura de Souza. “Pela Mão de Alice: o social e o político na pós-
modernidade”. São Paulo; Cortez, 2003.

Apostila Ética e Legislação em Comunicação 28


Unidade 1 – Ética e Teoria de Jornalismo

S-ar putea să vă placă și