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Por Filipe Freitas

Imagem da capa: ©ALEX GREY – www.alexgrey.com

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“As realidades da vida, as histórias da evolução, têm o poder de unir todos os povos.
Integrando os dados de milhares de cientistas e cultivando a dúvida e o ceticismo
que são a epítome da investigação científica, essa invenção cultural chamada ciência
talvez possa fornecer do mundo uma descrição mais convincente, se bem que
sempre corrigível, do que os mitos provincianos e as tradições religiosas, geradoras
de cisões e demandantes de fé. Isso não significa que os cientistas estejam sempre
certos. No entanto, a história mais significativa da existência, para a humanidade do
futuro, é mais provável que resulte da visão mundial evolutiva da ciência do que do
hinduísmo, do budismo, do judaico-cristianismo ou do islamismo. A dupla
compreensão da investigação científica e do mito da criação pode transformar-se
numa visão única: uma narrativa científica rica em fatos comprováveis e sentido
pessoal.”

Lynn Margulis e Dorion Sagan

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COPYLEFT FILIPE FREITAS
Permitida a reprodução xerográfica e/ou eletrônica quando citados o autor e a edição
de origem.

Edições Belo Monte


NOVEMBRO 2003

Alternativa Educação e Manejo Ambiental


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Belo Horizonte – MG
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O Meio do Caminho do Infinito............................................... 07

ESPAÇO + TEMPO = ARTE.................................................. 09

Mestras Crianças................................................................... 19

Autopoese............................................................................. 25

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O Meio do Caminho do Infinito

“Talvez. Estou falando sobre uma existência da alma do mundo que está além do espaço e do
tempo. Espaço e tempo são ilusões relacionadas com as restrições severas da encarnação
nestes corpos de chimpanzés.”
Ralph Abraham

Ao meio caminho do infinito, a vida me parece uma mera questão de escala. Ou


seja: de onde enxergamos esse espaço de matéria no tempo, é isso que determinará
o processo cognitivo gerador da dimensão real.

Ao nos depararmos com a sugestiva idéia de teias dentro de teias, vidas dentro de
vidas, o micro no macro, que é micro em um outro macro ainda maior, essa
composição holográfica em que as partes são todos e os todos são partes, somos
irresistivelmente induzidos a aceitar a órbita ínfima do alcance do nosso processo
íntimo de conhecer a instância real.

Assim dissipam-se as certezas, entramos na era do inesperado: somos


inesperadamente gigantescos quando pensamos nos quarks (aquilo que os físicos
sugerem ser as entidades elementares que compõem os prótons, nêutrons, píons,
káons e outras partículas sub-atômicas); e somos inesperadamente minúsculos
quando pensamos no universo e seus milhões de aglomerados de galáxias.

Ora, os quarks e o universo seriam os limites da existência real? Talvez sejam para a
cognição humana tridimensional, mas é de se supor que os quarks nos percebem
como universos e que há dimensões ultramicroscópicas que a cognição de um quark
identifica como um próprio quark: o quark dos quarks.

Assim como o universo do universo, aquilo que o universo metaboliza como o limite
macro de sua cognição, torna-se irreconhecivelmente gigantesco em nossa
percepção de quark.

Ao mesmo tempo, esse universo do universo torna-se ínfimo, desprezível, se


pensarmos que essa estrutura tempo-espacial incalculável não chega a ser um quark
do padrão paradoxal do infinito.

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E assim, a meio caminho do infinito, somos, cada um, o ponto central da galáxia, o
universo em si, infinitamente misterioso.

Torno-me, portanto, infinito, quando destranco a cognição e deixo que ela vague por
intuições poéticas autogeradoras que criam o mundo através do processo da vida: o
espírito, em forma de matéria organizada em ciclos catalíticos, que torna-se
inteligente pelo espontâneo fluir do universo.

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ESPAÇO + TEMPO = ARTE

“A metáfora sustenta todo o tecido de interligações mentais.


A metáfora está no âmago do estar vivo.”

Gregory Bateson

ritmos
a vida em padrões de energia
a totalidade como fluir auto-existente desembocando harmonia
a poesia é a melodia produzida pela dança dos fluxos espectrais
a vida se produz como a música: em ritmos
oscilando e flutuando em compassos lógicos e paradoxais
em instantes de ordem e instabilidade
silêncio e algazarra
arranjos e dissonâncias
saltando no caos da matemática das cores e cheiros
criando cartas de amor, programas de computador
concretizando a dualidade emocionada de dor e amor.

Quando o editor desta publicação me convidou para escrever um artigo, percebi


intuitivamente que, sendo eu um artista que inventou de navegar pela ciência,
minha contribuição se daria com um texto cujo objetivo seria aproximar essas duas
instâncias – arte e ciência – que há tanto tempo vêm se desdobrando de forma
isolada, como domínios distintos e incompatíveis.

A idéia que quero apresentar aqui nestas linhas é a seguinte: o cientista que não vê
arte na ciência é igual ao artista que não enxerga ciência na arte. Ambos devem se
atualizar em seus respectivos campos de atuação para que possam se associar ao
vigoroso fluxo integrativo do pensamento humano que vem emergindo nesse início
de milênio.

Para tanto, torna-se oportuno falar um pouco sobre esse tal fluxo integrativo que se
apresenta hoje em inabalável carreira, evoluindo irrefreavelmente, para o qual
versamos o termo “holístico”. A holística é a cena onde todas as correntes já

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existentes podem encontrar-se na busca de soluções criativas para os desafios de
nossa época.

O termo “holístico” vem do grego “holos”, que significa todo, totalidade. Refere-se a
uma nova visão de mundo resultante da revolução epistemológica do século 20. Uma
nova cosmovisão que tem como alicerce o “Princípio Organizador da Totalidade”.

A visão holística enxerga o universo como um todo interconectado, um padrão


energético sintético, ativo, vital e imaginativo que não pode ser fracionado, estando
presente em todas as partes, como uma mente cósmica que abrange a si mesma no
imenso e no ínfimo. Através de frequências diferentes, esse padrão cósmico da
totalidade materializa-se em instâncias complementares, cujas dimensões
simultâneas de todo e parte, YIN e YANG, interagem criativamente gerando vida, em
sua concepção mais ampla possível, em um contexto de imensurável diversidade.

A holística, em sua ênfase na totalidade, vem substituir a visão de mundo


eurocêntrica potencializada a partir do século 16 (mas cuja gênese remonta a
tempos muito mais antigos), caracterizada por mecanicismo, reducionismo,
determinismo, racionalismo. Essa visão de mundo que se espalhou por todo o
planeta nas caravelas dos desbravadores europeus, e sobre a qual foi erigida a
ciência clássica, apresenta-se como o suporte mental para as atitudes humanas que
hoje enxergam em si mesmas o maior obstáculo para o prosseguimento da vida da
Terra.

Todo organismo vivo em expansão acelerada despeja em seu ambiente grande


quantidade de resíduos. Violência, intolerância, miséria em contraste à acumulação
estéril de riqueza. Parece que foi esse o preço pago pela expansão extraordinária da
civilização humana que, sob a forma de tecnologia, nos conectou à interatividade
cibernética da comunicação instantânea. Ao priorizarmos a objetividade,
negligenciando a espiritualidade, focamo-nos nas metas de toda uma época: crescer
como espécie, progredir, nos conectar.

Naquele momento de grandes transformações da consciência, houve grandes


rupturas. Foi como precisássemos dividir as tarefas. Cada um cuidaria de uma parte.
Fragmentamos a totalidade para avançar. Surgiram as disciplinas, os

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compartimentos de conhecimento. Nesse contexto, para ser científico era necessário
que o fenômeno fosse passível de medição. Aquilo que contivesse qualquer traço
subjetivo, expressasse alguma emoção ou qualquer variável não passível de cálculo,
já não poderia ser considerado científico, sendo relegado a um segundo plano na
hierarquia do conhecimento construída sob a égide da expansão materialista.

O mecanicismo foi o postulado filosófico impulsionado por René Descartes e


construído matematicamente por Isaac Newton que estabelecia o universo (e
conseqüentemente suas partes constituintes, tais como o sistema solar, o planeta, o
corpo humano, etc) como sendo uma estrutura mecânica, análoga a um relógio. Esse
espaço tridimensional, no qual o tempo flui uniformemente, era uma máquina
perfeita, previsível, passível de cálculos matemáticos exatos, composta de
inumeráveis peças e engrenagens, no qual uma força criadora externa, Deus,
controlava o seu funcionamento através de cadeias de causa e efeito.

A visão de mundo como uma máquina fez emergir o raciocínio reducionista, segundo
o qual se compartimentássemos esse gigantesco e extremamente complexo
mecanismo em partes cada vez menores e mais simples, ao compreendermos o
funcionamento de cada uma dessas partes, conseguiríamos então determinar o
funcionamento do todo.

Amparava esse método a presença unidimensional de uma razão fundamentada em


uma lógica restrita, construída a partir de cadeias de causa e efeito típicas de uma
estrutura mecânica, com uma ênfase utilitarista das relações vivas. Assim, o Homo
sapiens aboliu sua dimensão demens, o lado afetivo, que nos cega e nos ilumina nos
paradoxos da emoção. Os pólos complementares sapiens-demens, que se
equilibram, foram descompensados pelo racionalismo. Colocou-se peso demasiado
na objetividade e a balança tombou. A eficiência, o progresso, a ordem (as metas da
espécie nessa época), se amparavam no lado lógico, racional, sapiens, mecânico,
cronometrado: Tempo é dinheiro!

Durante os séculos 18 e 19, houve um extraordinário êxito do raciocínio científico. Se


nossos objetivos como espécie eram crescer e se expandir tecnologicamente, essa
visão de mundo atingiu seus objetivos. A visão mecanicista e reducionista da vida
impulsionou a Revolução Industrial, a economia capitalista, a urbanização, se

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impregnando em todas as ciências, inclusive nas ciências sociais, influenciando
decisivamente o iluminismo, além de Darwin, Freud, Marx e outros gigantes da
nossa cultura.

No decorrer desse período, os fabulosos avanços tecnológicos e o crescimento


acelerado fizeram com que os seres humanos acreditassem que haviam realmente
determinado a verdadeira receita de funcionamento da grande máquina universal,
influenciando nosso pensamento e toda a cultura a se orientarem determinis-
ticamente, estruturando-se sob a base da certeza e da previsibilidade. E foram
séculos de um condicionamento progressista, se realimentando pela certeza da
necessidade de crescer que se tornou obsessiva e afastou paulatinamente todo o tipo
de sensibilidade e saber estético da linha de frente do conhecimento humano.

Naquela altura a jovem espécie Homo sapiens, como uma criança egocêntrica, iludiu-
se no seu próprio conhecimento limitado. A ciência determinística elevou-se ao topo
da pirâmide do saber. E, parafraseando Francis Bacon, um dos mentores dessa
cosmovisão progressista, “saber é poder”.

Até o final do século 19, o progresso atrelado ao pensamento tecnicista e a falta de


um novo modelo científico que se sobrepusesse a esse paradigma vigente fizeram
com que os seres humanos permanecessem iludidos acerca das verdades universais.
Naquela altura acreditávamos que já sabíamos como o universo funcionava, restando
apenas alguns detalhes para chegarmos à grande equação geral, à explicação final
para o tudo.

Porém, algo muito grandioso estava por vir. No despontar do século 20, iniciava-se
uma grande revolução do pensamento humano. Max Planck, Albert Einstein, Niels
Bohr, Werner Heisenberg, Erwin Schrodinger, entre outros físicos brilhantes,
acabaram por gerar uma grande ruptura conceitual, colocando abaixo a ilusória
certeza da razão atrelada ao pensamento científico clássico. Ao penetrarmos no
átomo e enxergarmos o universo como fluxos de energia, o mundo deixava de ser
visto como uma máquina. Da física emergia uma nova visão do universo como um
grande organismo que não mais poderia ser fragmentado.

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Brotava, no ínicio do século 20, os alicerces da visão holística do universo. Para se
ter uma idéia do quão diferente as pesquisas apresentavam a matéria, a energia, a
mente e a vida para os físicos daquela época, cito o desabafo de Werner
Heisemberg, que ilustra a profundidade das transformações pelas quais a ciência
passaria depois do conhecimento quântico-relativista:

“Lembro-me de longas discussões com Bohr, até altas horas da noite, que acabavam
quase em desespero. E, quando, ao final de uma dessas discussões, saí para uma
caminhada pelo parque vizinho, fiquei repetindo interiormente a mesma pergunta:
pode a Natureza ser tão absurda como nos tem parecido nessas experiências com os
átomos?”

A partir da nova ciência do século 20, a indeterminação tornou-se inerente ao mundo


físico. Misturada com ordens implícitas, nos colocou diante de uma intrigante
realidade de mistério inerente à matéria. A ilusão da previsibilidade do universo, que
manteve a ciência sob seu feitiço por séculos, foi superada em 1927, quando o
reconhecimento de um autêntico indeterminismo que vigora na natureza veio
através do Princípio da Incerteza de Heisemberg, e depois na década de 1970, com a
formulação da Teoria do Caos na matemática. Assim, as leis eternas da natureza
ruíram e desmoronaram, ou ao menos se mostraram muito, muito mais complexas
do que nossa aprendiz mente reducionista poderia imaginar.

A ciência holística, construída ao longo de todo o século 20, apresenta o universo


com uma fisionomia profundamente diferente daquele modelo clássico inerte e sem
emoção que, desafortunadamente, perdura até hoje nas bases da nossa cultura, se
realimentando pelas mídias, pelas instituições sociais e pelos sistemas de educação
oficiais.

Ainda não chegou para as pessoas comuns, cidadãos e cidadãs, a incrível revolução
do pensamento que vivemos no último século, quando foram introduzidos, no
universo da ciência, a incerteza, o paradoxo, o caos, a metáfora.

Torna-se um tanto significativo perceber que a base da ciência pela qual todas as
gerações que estão vivas atualmente cresceram aprendendo diariamente nas escolas
de todos os continentes é ainda a concepção racionalista, bastante insensível,

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alcançada a partir da visão reducionista do funcionamento da espetacular e perfeita
máquina universal criada e controlada por um deus severo que punia os pecadores.
Estamos no século 21 e ainda estamos orientados pela ciência do século 19.

Ainda hoje o sistema educacional oficial nos leva a acreditar que a ciência é um
formalismo matemático de grande eficácia tecnológica. Os cientistas, em sua
maioria, incorporam a ciência como meio de potencializar o crescimento,
meramente, sem estarem vinculados a um compromisso filosófico, espiritual, de
busca pela compreensão do ser humano no universo. Os animais se tornaram
cobaias, as plantas se tornaram fibras industriais, os fungos se tornaram remédios.
Todos os outros seres que compartilham conosco a biosfera tornaram-se utensílios
para a obsessão por crescimento criada e alimentada por uma cosmovisão
progressista que foi espalhada pelo mundo pelos colonizadores europeus.

Assim, refletindo historicamente acerca da evolução do pensamento científico, faz


sentido o fato de a ciência e a arte estarem tão distantes, em compartimentos
distintos dentro de nossa mente partida. Visto que as sensações, o indeterminismo,
a pluralidade de significações, a ausência de certeza, a intrínseca relação com os
sentidos, a subjetividade, são características essenciais do universo artístico, querer
misturar ciência clássica e arte em uma mesma dimensão seria como tentar diluir
óleo de soja em água.

Já com a nova ciência, o universo deixa de ser uma máquina e torna-se um


organismo (ou um pensamento, visto que a cisão corpo-mente também é
transcendida a partir de teorias sistêmicas de cognição). Essa grande instância
orgânica é vista em toda a sua sensibilidade, imprevisibilidade, instabilidade,
interconexão, complexidade e diversidade.

A ciência, então, nos apresenta uma nova visão da realidade, cujos modelos
matemáticos se tornam fractais de espetacular requinte estético, criando interfaces
essenciais com a arte e tornando-as dimensões complementares.

A ciência, através da sistematização da experiência, da experimentação entre os


sistemas, embasada na incerteza e na instabilidade, faz evoluir a criatividade
humana, ao apresentar novas cosmovisões cada vez mais complexas. A arte, através

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da criatividade inerente ao processo cósmico, faz criarem-se os padrões sobre os
quais a dinâmica da vida opera.

O próprio padrão metabólico da vida, identificado por Humberto Maturana e


Francisco Varela, recebeu a designação de autopoiese, ou seja, a vida como uma
auto-poesia das redes químicas catalíticas que trocam-se numa dança incessante de
energia autogeradora, preservando suas identidades como torrentes de ordem.

Surge então um fluxo de espontaneidade, numa impossibilidade de previsão que


transcende a lógica, incorpora o paradoxo e introduz o caos no fluxo turbulento dos
sistemas vivos. E essa liberdade no espírito da ciência fez aproximarem-se a estética
e a pluralidade de significações, liberando a imaginação dos cientistas.

Uma mudança intelectual e emocional muito profunda, que ainda não foi assimilada
de forma consistente. Como já escreveu Thomas Kuhn, leva tempo para que
transformações dessa magnitude assumam a sua proeminência em âmbito social.

Não é nada fácil para os cientistas acostumados à certeza, ao racionalismo e à


rigidez conceitual compreenderem que todos os modelos são provisórios, que a
certeza foi diluída na imprevisibilidade do comportamento dos seres vivos, que a
função da ciência é projetar um feixe de luz no mistério intrínseco à natureza. E
também não é fácil para o artista se abrir à ciência, depois de tanto tempo sendo
desconsiderado pelo modelo insensível e unidimensional do conhecimento que
imperou por séculos.

O novo paradigma holístico faz ruir os compartimentos que se ergueram nesses


últimos séculos e que serviram para acelerar a expansão tecnológica da humanidade.
A holística incorpora a transdisciplinaridade e parece sugerir que todo cientista, ao
lidar com a incerteza inerente ao universo, torna-se um artista capaz de gerar
metáforas que iluminem o nosso caminho. O artista, por sua vez, tem o caminho
aberto para se aproveitar da luminosidade da ciência, gerando criativamente padrões
singulares que se produzem autopoeticamente.

O cientista e o artista que se negarem a reconhecer a evolução integrativa do


pensamento nos tempos de agora provavelmente se enclausurarão em um modelo

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de mundo ultrapassado, anacrônico, que se refletirá em suas teses e obras. Sua
ciência e sua arte envelhecerão, perderão a sintonia com a frequência morfogenética
que nos induz ao ritmo da dança cósmica. Dança com a qual, a partir da visão
holística, encadeamos um compasso suave e amoroso.

A ciência, contudo, vale ressaltar, mantém um método sobre o qual a importância


dos gênios clássicos é inquestionável. O reconhecimento da importância do
paradigma de Descartes e Newton, que nos catapultou a níveis impressionantes de
desenvolvimento tecnológico, se apresenta na utilização de seus próprios métodos
para transcender o próprio modelo. Esse texto, como exemplo cristalino, se ampara
no método cartesiano para apresentar algumas limitações do paradigma
impulsionado por esse método. Podemos enxergar toda a aventura do pensamento
como degraus para que pudéssemos alcançar a holística. E a holística,
provavelmente, é um novo degrau para alcançarmos dimensões ainda mais belas e
complexas.

Emanemos gratidão àqueles que impulsionaram suas vidas pela odisséia do


conhecer. E estejamos abertos às mudanças fundamentais da nossa percepção para
que sobrevivamos. Cabe a nós nos livrarmos da herança condicionada ao espírito
expansivo que se fez obsessivo em sua fragmentação e insensibilidade, ainda que
seja fundamental termos a clara noção de que não há todo sem as partes.

A arte torna-se assim a via metafórica para embelezar a colisão de duas placas
tectônicas, duas visões de mundo gigantescamente diferentes, uma que nos
estruturou, nos empoderou, nos catapultou à dimensão da auto-suficiência, mas que
nos dividiu e nos colocou em rota rumo ao sumidouro cultural autodestrutivo; e
outra que está nascendo, integrando as pétalas da flor em um miolo cujo néctar une
ciência e arte em uma experiência visionária de amor primordial e incondicional que
dá partida para a nossa regeneração como ser, como espécie, como universo.

A imaginação cósmica penetrou nos caminhos da ciência para fazer brotar a arte
perene nos nossos corações maltratados. Arte e ciência se misturam no deleite dos
deuses da bem aventurança que nos esperam ao longo do horizonte.

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Mestras Crianças

“A sabedoria deve saber que contém em si uma contradição;


é inteiramente loucura viver muito sabiamente.
Devemos reconhecer que na loucura, que é o amor, há a sabedoria do amor.”

Edgar Morin

Experimentar ser pai me faz agradecer intuitivamente os desafios do presente. Esse


texto originalmente foi escrito para a professora de minha filha, a quem agradeço a
atenção, a boa vontade, as intenções amorosas e o carinho com os quais vem
trabalhando nessa difícil missão de apresentar um mundo tão hostil às crianças
desse início de século.

Atento ao caminhar de encontro ao conhecimento que a pequenina vem trilhando,


descubro que meu aprendizado ao acompanhá-la nesse aumento de complexidade é
maior até do que eu costumava imaginar e projetar antes de ajudar a trazê-la à luz.
E seduzido por esse mútuo aprender diário, farei um comentário que, espero,
contribua para ampliar nossa visão diante das crianças.

Bem, ao longo desses últimos anos estamos acompanhando uma série de pesquisas,
estudos, oriundos de todas as partes do mundo, que vêm comprovar o que estamos
sentindo intuitivamente há bastante tempo: a instituição escola não consegue educar
nossos filhos.

Resultados muito aquém dos esperados, comportamentos intrinsecamente


contraditórios, que se refletem no despreparo dos jovens para o enfrentamento da
vida adulta e a clara constatação de adultos igualmente despreparados para
transformar suas relações com o mundo, sem conseguirem torná-lo mais justo,
pacífico e amoroso.

Algo está profundamente errado. Existem fortes indícios que me levam a fomentar a
seguinte questão: não seria um profundo equívoco histórico pensar que nós, adultos,
podemos ensinar às crianças os melhores caminhos para o viver? Não estaríamos

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copiosamente enganados ao exibirmos a certeza adulta de sabermos o que deve ou
não ser ensinado?

As crianças, apesar de pequeninas e de ainda carecerem da sustentação de uma


lógica social, têm em si uma sabedoria imanente, uma suavidade turbulenta que
hospeda um equilíbrio muito sofisticado. Elas são o protoplasma não-afetado,
estruturas biológicas que guardam em si a memória de todas as gerações
antepassadas. Possuem uma criatividade e uma espontaneidade que nós adultos já
não possuímos. E não possuímos justamente por causa dessa mesma educação que
nos foi aplicada e que agora insistimos em reproduzi-la para nossas proles.

Enxergando as crianças sob essa perspectiva, sustento que a educação, em sua


razão de ser essencial, deve buscar potencializar o amor natural, as emoções
autênticas e a legitimidade das ações que elas emanam, mesmo que isso desafie
nossos valores e a moral cristalizada no âmago do nosso sentir.

Ouso dizer que, nos dias de hoje, os pequeninos têm mais a ensinar para nós, do
que nós a eles. Tenhamos a convicção disso. Na medida em que deixamos fluir o
intuito natural do criar e do evoluir que pulsa nas crianças, estaremos introduzindo-
as em um outro patamar de existência.

Há limites? Sim, haverá dúvida que existem limites? Mas estes surgem
naturalmente, ao contrário da visão que prepondera, afirmando a necessidade de
que sejam impostos pelos educadores. Juntos, acabamos estabelecendo esses novos
limites na medida em que vamos interagindo com elas e nos envolvendo em um
fantástico aprendizado mútuo.

Deixamos então cair o véu que nos faz detentores da verdade, em uma ditadura da
experiência, e entramos no jogo encantado do descobrimento de novas formas de
vida e consciência. Sem conter ou reprimir o vigor pela tarefa de viver que elas têm,
abrimos novos campos energéticos capazes de nos surpreender em uma profusão de
belas e inovadoras possibilidades.

Nós, os adultos, estamos condicionados a uma visão de mundo insustentável. O filtro


através do qual estruturamos nossos modelos, nossos valores, nossas crenças, está

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cheio de impurezas que vieram se acumulando ao longo dos séculos e agora ameaça
se entupir.

Limparmo-nos, renovarmo-nos, permitirmo-nos que o novo nos envolva. Para


sobrevivermos, teremos que alterar significativamente o padrão das relações
humanas, a estrutura das instituições sociais e o processo de ensino-aprendizagem.
Não é cabível que desejemos aos nossos filhos o mesmo modelo vital que nos foi
apresentado quando éramos crianças. Assim estaremos impedindo que as jovens
existências de hoje, nossas esperanças mais brilhantes na regeneração de nossa
espécie, cresçam e amadureçam em um contexto saudável, alegre e abundante.

Por conseguinte, a função do educador não é ensinar, pois ele também não sabe o
que tem que ser ensinado. A missão primordial do educador do novo tempo que se
descortina é facilitar um processo de descoberta que é inerente à criança, auxiliá-la
na construção dos próprios limites, estimulá-la a buscar o belo, as relações
amorosas, o senso de interdependência com os outros seres e com a Terra.

E talvez a missão mais importante do educador: aprender com esse incrível processo
e tornar-se um elo de conexão entre a imaginação criativa das crianças e o mundo
rígido e sem esperança dos adultos. Difundir em seus círculos de interação as novas
possibilidades geradas pelas crianças, instigar reflexão, prover de vida a quase-
morte perambulante que espelha a nossa sociedade.

A instituição escola de hoje, contudo, não nos oferece estrutura para mudanças.
Seguimos nos educando para a estabilidade. Não estamos nos preparando para as
transformações necessárias que deverão acontecer, sob pena de não resistirmos aos
nossos próprios equívocos condensados.

A estabilidade é uma tremenda ilusão. Se continuarmos buscando a vida estável,


perpetuando esse atual modelo, vamos sucumbir pela inércia. É como se
estivéssemos em um carro sem freios com o penhasco à frente e nos recusássemos
a virar o volante.

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Fomos presenteados com uma época de rupturas, um momento de transição,
profundamente fértil. Nossa educação deverá espelhar essas mudanças, para que
nos tornemos aptos a efetivar as reformas culturais necessárias.

Essas transformações, estejamos convictos, se darão de qualquer jeito. Podemos


evitar que elas irrompam em catástrofes, gerando as mudanças ativamente,
auxiliados pelas crianças e sua potencialidade regenerativa.

Mas também podemos esperar pelas convulsões, seguindo acreditando em uma


estabilidade fictícia, explorada ao máximo pelas mídias distorcidas, e preservando o
comportamento negligente, comodista e desesperançado típico de nossa civilização.
O penhasco está ali adiante e nós seguimos criando ilusões para acreditarmos que
ele não existe. Possivelmente, quando nos depararmos com a sua fisionomia, vamos
virar o volante do carro bruscamente. E ele, provavelmente, capotará.

Mas tudo poderá ser feito com equilíbrio, moderadamente. Se nos abrirmos agora
para as novas possibilidades, essa transição necessária poderá acontecer em um
ritmo saudável. Se continuarmos fechando os olhos e seguirmos educando nossas
crianças para fechá-los também, é bem provável que experimentemos a sensação do
caos adiante.

Há tempo e há energia. Cabe a nós vencermos o medo, a resignação e a


desconfiança instigados pela cultura de massas e incorporarmos o erro em nossas
vidas. As crianças vão errar, nós vamos errar, não há dúvida. A vida flui através de
rotas e desvios de rota. A autocrítica, o reconhecimento dos próprios erros, o
desculpar-se, o estar aberto aos erros dos parceiros e aceitá-los como sinal de
vitalidade fazem desabar o orgulho e o rancor, sentimentos rígidos que realimentam
a fragmentação autodestrutiva da espécie.

Como diz Edgar Morin, “é necessário compreender que as condições e circunstâncias


históricas podem conduzir os seres humanos a derivas fatais”. Nosso projeto
civilizatório está falido e deverá ser profundamente redirecionado.

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E as crianças, sua espontaneidade e amor natural, são nossas mestras nesse
caminho de reconstrução. Quanta sabedoria elas guardam em cada molécula de
DNA…

Aprender com a natureza humana. Esse parece ser o caminho para evitarmos o fim
de nossas histórias, tão desastradas, tão belas!

As deusas se reerguem na pureza da resposta das crianças.

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AUTOPOESE
“o olho arde no mar
o mar acalma o olhar”

Sérgio Borges e Eva Queiroz

Este texto, de cunho lírico, tem a finalidade de aproximar o leitor de algumas teorias
científicas acerca do fenômeno da vida que emergiram a partir dos anos 1960, em
cuja base conceitual se encontra a poética idéia de autocriação, característica central
de qualquer forma vivente.

Mas, afinal, o que é vida? Essa pergunta, aparentemente simples, vem


acompanhando a humanidade ao longo de sua conturbada história pioneira.
Sabemos que somos seres vivos. Sabemos também que, embora imóveis aos nossos
olhos, as plantas estão vivas e que há seres vivos tão diminutos que não
conseguimos enxergá-los. Mas o que faz de todas essas instâncias que conhecemos
como vivas estarem vivas realmente? O que é a vida como um fenômeno do existir?

Para pensarmos sobre o conceito da vida, parece conveniente refletirmos sobre o


que todos os seres vivos têm em comum e buscarmos um padrão que os reúna em
uma mesma definição. O que há de comum em todos os seres vivos? O que é
compartilhado pelas menores e mais simples bactérias e pelo Planeta Terra como um
todo, que são, atualmente, os limites micro e macro do fenômeno da vida tal qual o
conhecemos?

Para tanto, faz-se oportuno adentrarmos no domínio das formas não-vivas, de onde,
provavelmente, a vida emergiu há alguns bilhões de anos.

Imaginemos, portanto, um tornado, uma fogueira e um redemoinho que se forma na


água. O que cada um deles tem em comum entre si? E o que eles têm em comum
com os seres vivos?

Todos são centros dinâmicos de atividade e estabelecem-se como estruturas


fechadas – no sentido de serem estáveis, de poderem ser identificadas – mas que ao
mesmo tempo são abertas, ou seja, as suas partes constituintes são continuamente

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substituídas, em um processo ininterrupto de troca de energia e matéria com o
ambiente externo. São o que o químico e físico Ilya Prigogine denominou de
“estruturas dissipativas”.

Assim como o redemoinho, o tornado e a fogueira, os seres vivos também são


estruturas dissipativas. São, ao mesmo tempo, fechados e abertos. Tomemos como
exemplo o Homo sapiens. A cada ano, 98% dos átomos de um corpo humano são
substituídos, mas ainda assim um padrão corporal é preservado.

Como então continuamos sendo a mesma pessoa, se 98% do nosso corpo já não é
mais o mesmo? Como preservamos nossa identidade se aquilo que éramos há até
bem pouco tempo hoje já não faz parte de nós? Como a memória e a personalidade
não se esvaem junto com os átomos que se misturam com o meio adjacente?

Ao constatarmos essa constante substituição de nossa matéria-prima, somos levados


a nos enxergar não como algo sólido que permanece, mas como um padrão que se
perpetua. Contudo, poderíamos questionar tal afirmação, visto que se olhamos para
o nosso organismo no espelho, temos a nítida impressão de sermos algo sólido,
concreto.

Foi somente através da tecnologia, que nos permitiu enxergar para além da
capacidade dos nossos olhos, que pudemos compreender que nosso corpo é, na
verdade, um fluxo perene de energia dançando junto com o ambiente que o encerra.

A cada instante, montantes de células morrem e se decompõem, ao mesmo tempo


em que incorporamos moléculas do ar e dos alimentos para produzir novas células,
utilizando a energia do sol e dos outros seres para fazer movimentar uma fábrica
química autoperpetuante, num amálgama de trilhões de relações celulares
simultâneas.

Podemos então enxergar os seres vivos como estados dinâmicos que incorporam
matéria, mas essa matéria é, fundamentalmente, uma mistura da biosfera. Os fluxos
de matéria e energia se entremesclam no espaço-tempo, se enlaçando ciclicamente.

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Em última instância, não há separação dos seres viventes: todos se complementam
no metabolismo do superorganismo planetário. Como diz Norbert Wiener, um dos
fundadores da cibernética, “somos apenas redemoinhos num rio de águas em fluxo
incessante”.

Mas, de fato, ao contrário do tornado, do redemoinho e da fogueira, que, sem


nenhuma reação, encerram suas atividades no instante em que lhes falta a energia
motriz provida pelo ambiente, os seres vivos tomam caminhos, assumem escolhas,
intuem estratégias de preservação e agem organizadamente no sentido de evitar o
equilíbrio termodinâmico, que se traduz na morte.

Existe, nos seres vivos, um ímpeto de perpetuação, a busca por estabilidade em


meio às flutuações, a criatividade na produção de novas formas de estruturação.
Identificamos a vida nas formas que criam a si mesmas através de uma auto-
organização que se realiza existencialmente como torrentes de ordem em estruturas
que se dissipam na medida em que incorporam novas substâncias e montantes de
energia.

Esse padrão de organização autoperpetuante que emerge em meio à cachoeira


energética que flui através de membranas está relacionado ao fato de os seres vivos
serem redes químicas que se fecham em estruturas metabólicas circulares.

Somos sistemas químicos que estabelecemos uma rede circular na qual o produto é
o produtor daquilo que o produz. Superamos assim o nível meramente químico e
tornamo-nos sistemas biológicos providos de um ímpeto auto-regulador
caracterizado por perseverança evolutiva.

Funcionamos como uma organização circular que se abre para as mudanças na


maneira como a circularidade é mantida, mas que não permite a perda da própria
circularidade. Somos um padrão em rede, no qual a função de cada componente é
ajudar a produzir e transformar outros componentes, enquanto a circularidade global
da rede é mantida. Desse modo, toda a rede, continuamente, produz a si mesma. A
cada momento, o conjunto é produto e, ao mesmo tempo, produtor de si mesmo.

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Esse padrão de redes autogeradoras, comum a todos os seres vivos, recebeu dos
chilenos Humberto Maturana e Francisco Varela o sugestivo nome de autopoiese ou –
adaptando o termo ao intuito poético desse texto – autopoese. Auto, naturalmente,
significa “si mesmo”, e se refere à autonomia desses sistemas auto-reguladores, e
Poiese (ou Poese) – que compartilha a mesma raiz grega com a palavra Poesia –
significa criação, geração.

Autopoese é a autocriação e a autoperpetuação que caracteriza a vida encerrada em


membranas, qualquer que seja a natureza do ser vivo. E, diante da instigante
compreensão de que a vida se unifica na matéria do planeta misturada em
organismos entrelaçados por fluxos dançarinos, todos os vivos somos tornados
autopoéticos.

Bactérias, protistas, fungos, plantas, animais tornam-se atores fugazes de um


surpreendente espetáculo de substituição química que impulsiona os ciclos da
matéria e mantém a vida em movimento através de processos irreversíveis pela
biosfera que já duram, ininterruptamente, mais de três bilhões de anos.

Incorporando e processando minerais e substâncias orgânicas, os sistemas


autopoéticos reúnem-se e se unificam como o metabolismo do planeta e suas
flutuações em escalas imensas. Esse conjunto planetário, composto por todos os
seres vivos de todos os reinos e seus substratos não-vivos, faz-nos vivenciar a
autopoese da Terra. Cada um somos parte do sistema planetário auto-organizador
que sustenta e é sustentado pela exuberante unicidade autopoética de sua
biodiversidade.

A tendência à auto-organização parece ser intrínseca à autopoese. Sistemas


autopoéticos são capazes de ordenar processos profundamente complexos, gerando
formas sempre criativas no perene desafio de manter sua estrutura, escolhendo
caminhos para prevenir, indefinidamente, o momento inevitável do equilíbrio
termodinâmico, a morte.

Como surge a autopoese dos sistemas biológicos, brotando de sua química


complexa, só a poesia dos mitos divinos a mergulharem nas tentativas de
entendimento. Talvez ainda estejamos bastante distantes da compreensão científica

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do miraculoso espírito autogerador que regula espontaneamente as incalculáveis
reações químicas concomitantes que metabolizam a vida de um organismo e as
infinitas relações desse organismo com o ambiente, em seus vários níveis de
complexidade.

Há profunda beleza nas estratégias de superação da vida em seus saltos e tropeços,


seguindo em não-equilibrio flutuante por incríveis articulações supra-conscientes
através do caminho cósmico. Essa beleza, quando apreciada desprendidamente, com
a mente aberta ao ímpeto autopoético, torna-se, por si mesma, a manifestação da
poesia inerente ao amor universal.

E tal amplitude cognitiva só se ilustra pela metáfora e suas torrentes de significados


abarcando a unicidade da diversidade, o espectro da dualidade da matéria e a
trindade que nutre de energia sagrada as partes pelo todo e o todo entre as partes.

E essa teia de fenômenos que faz aflorar a vida no universo provém, ela própria, do
viver dos seres viventes, que criam o mundo na linguagem compartilhada na medida
em que experienciam uma realidade construída por sua própria cognição.

Os seres vivos, desde as mais simples bactérias, apresentam um processo mental


atrelado à complexidade de suas reações metabólicas. A cognição é imanente ao
surgimento da autopoese em uma estrutura dissipativa. Mesmo as redes
autopoéticas mais simples compreendem-se como instâncias vivas. Há instinto, há
atividade, há escolha, há criação em um espaço-tempo.

E a partir do viver compartilhado, o mundo é criado no processo do conhecer.

Baseada no intuito auto-organizador direcionado à complexidade, a vida flutua,


unificada em uma totalidade que transcende a capacidade conceitual da linguagem
verbal, e oscila em escalas subjetivas, fluindo através da cognição, experimentando
o criar cujo fim é o início da finalidade do existir, afinal.

Faz-se então o espetáculo da vida: a ciranda rítmica que produz a si mesma pelas
metáforas da emoção caminhante, enlaçando a morte no equilíbrio químico do amor
original.

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