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VOLUME 10
NÚMERO 2
ABRIL A JUNHO DE 2006
A Revista Brasileira de Fisioterapia é o veículo da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Fisioterapia (ABRAPG-Ft). Publicada a partir de 1996, adota processo
de revisão por especialistas (peer review), sendo que cada artigo é publicado apenas após a aceitação por no mínimo três revisores, mantidos no anonimato.
The Brazilian Journal of Physical Therapy is published by Brazilian Association for Research and Postgraduate studies in Physical Therapy. Published as from 1996, adopted
a peer review process, each article only being published after being accepted by a minimum of three reviewers, maintained in anonymity.
Missão: publicar artigos científicos relativos ao objeto básico de estudo e campo de atuação profissional da Fisioterapia, veiculando estudos básicos e aplicados sobre a prevenção
e tratamento das disfunções de movimento.
Mission: to publish scientific articles related to the basic objective of study and field of professional activity in Physical Therapy, divulging basic and applied studies on the
prevention and treatment of movement disorders.
Indexação/Indexing:
· LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde/ Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences)
· SPORTDiscus
· SCA (Scientific Cambridge Abstracts)
EDITORES/EDITORS
Helenice Jane Cote Gil Coury
Tania de Fátima Salvini
Sérgio Teixeira Fonseca
SECRETÁRIA EXECUTIVA/EXECUTIVE SECRETARY
Dormélia Pereira Cazella
EDITORES ASSOCIADOS/ASSOCIATE EDITORS
Amélia Pasqual Marques Marisa Cotta Mancini
André Luiz Felix Rodacki Rinaldo Roberto de Jesus Guirro
Antonio Fernando Brunetto Rosana Ferreira Sampaio
Aparecida Maria Catai Rosana Mattioli
Débora Bevilaqua Grossi Sara Lúcia Silveira de Menezes
Dirceu Costa Verônica Franco Parreira
Jamilson Simões Brasileiro
CORPO EDITORIAL/EDITORIAL BOARD
Ada Clarice Gastaldi – UNIT - Uberlândia José Rubens Rebelatto – UFSCar – São Carlos
Alberto Carlos Amadio – USP – São Paulo Kenneth G. Holt – Boston University – EUA
Alcimar Barbosa Soares – UFU – Uberlândia LaDora V. Thompson – University of Minnesota – EUA
Ana Cláudia Mattiello-Sverzut – USP – Ribeirão Preto Linda Fetters – Boston University – EUA
Anamaria Siriani de Oliveira – USP – Ribeirão Preto Luci Fuscaldi Teixeira-Salmela – UFMG – Belo Horizonte
Armele Dornelas de Andrade – UFPE – Recife Marco Aurélio Vaz – UFRGS – Porto Alegre
Audrey Borghi e Silva – UFSCar – São Carlos Nivaldo Antonio Parizotto – UFSCar – São Carlos
Augusto Cesinando de Carvalho – UNESP – Presidente Prudente Paul Hodges – University of Queensland –Austrália
Carlos Eduardo dos Santos Castro – UFSCar – São Carlos Pedro Dall’Ago – FFCMPA – Porto Alegre
Celso Ricardo Fernandes de Carvalho – USP – São Paulo Raquel Rodrigues Britto – UFMG – Belo Horizonte
Chukuka S. Enwemeka – New York Institute of Technology – EUA Regina Heloisa Maciel – UECE – Fortaleza
David J. Magee – University of Alberta – Canada Renato da Costa Teixeira – UEPa – Belém
Edison Sanfelice André – FURB – Blumenau Ricardo Oliveira Guerra – UFRN – Natal
Eliane Mauerberg – UNESP – Rio Claro Richard L. Lieber – Univ. of California and V.A. Medical Centers – EUA
Eloisa Tudella – UFSCar – São Carlos Rik Gosselink – Katholieke Universiteit Leuven – Bélgica
Ester da Silva – UNIMEP – Piracicaba Rosângela Corrêa Dias – UFMG – Belo Horizonte
Fátima V.R. de Paula Lamego Goulart – UFMG – Belo Horizonte Rubens Corrêa de Araújo – USJT – São Paulo
Gert-Ake Hansson – Lund University – Suécia Sandra Olney – Queen’s University – Canadá
Gil Lúcio Almeida – UNAERP – Ribeirão Preto Serge Roy – Boston University – EUA
Herbert Gustavo Simões – UCB – Brasília Shrawan Kumar – University of Alberta – Canadá
Isabel de Camargo Neves Sacco – USP – São Paulo Stela Mattiello Gonçalves Rosa – UFSCar – São Carlos
Janet Carr - University of Sydney – Austrália Vanessa Monteiro Pedro – UFSCar – São Carlos
João Carlos Machado – UFRJ – Rio de Janeiro Vera Maria da Rocha – UFRN – Natal
João Marcos Domingues Dias – UFMG – Belo Horizonte Walter Araujo Zin - UFRJ - Rio de Janeiro
José Ignacio Calvo Arenillas – Universidade de Salamanca – Espanha
Revisão/Review
Bibliotecária/Librarin
Dormélia Pereira Cazella
CRB 8/4334
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou transmitida, por qualquer meio, seja eletrônico, mecânico ou fotocópia sem expressa autorização
dos editores.
Os editores não assumem nenhuma responsabilidade por dados a pessoas ou propriedades que possam ser causados por uso das idéias, técnicas ou procedimentos
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A submissão de artigos pressupõe que estes artigos, com exceção dos resumos ampliados, não tenham sido publicados anteriormente, nem submetidos a
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editors.
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The submission of articles presupposes that these articles, with the exception of extended summaries, have not been previously published elsewhere, nor
submitted to any other publication.
Associação Brasileira
de Editores Científicos
A B E C
Revista associada à/journal associated to
A Revista Brasileira é publicada em convênio com a Universidade Federal de São Carlos sob responsabilidade do Departamento de Fisioterapia.
The Brazilian Journal of Physical Therapy is published by arrangement with the University of São Carlos, under the responsability of the
Department of Physical Therapy.
SUMÁRIO/SUMMARY ISSN 1809-9246
Rev. bras. fisioter., São Carlos,
v. 10, n. 2, p. 137-247, 2006
Editorial ................................................................................................................................................................................................................................................................... V
COMPARAÇÃO DAS RESPOSTAS CARDIORRESPIRATÓRIAS ENTRE EXERCÍCIO DE CARGA CONSTANTE E INCREMENTAL ABAIXO, ACIMA E NO LIMIAR DE
ANAEROBIOSE VENTILATÓRIO
Comparison of Cardiorespiratory Responses Between Constant and Incremental Load Exercises Below, Above and at the Ventilatory Anaerobic Threshold
Pithon KR, Martins LEB, Gallo Jr L, Catai AM, Silva E ....................................................................................................................................................................................................... 163
AVALIAÇÃO DO ALINHAMENTO POSTURAL E DO DESEMPENHO EM ATIVIDADES FUNCIONAIS DE CRIANÇAS HEMOFÍLICAS EM IDADE INFERIOR A SETE ANOS,
COM E SEM SINOVITE CRÔNICA: CORRELAÇÃO COM A INCIDÊNCIA DE HEMARTROSES
Evaluation of Postural Alignment and Performance in Functional Activities Among Hemophilic Children Under 7 Years Old with and without Chronic Synovitis: Correlation with
Hemarthrosis Incidence
Galante GA, Azevedo CSA, Mello M, Tanaka C, D’Amico EA ............................................................................................................................................................................................... 171
AVALIAÇÃO DA AMPLITUDE ARTICULAR DO JOELHO: CORRELAÇÃO ENTRE AS MEDIDAS REALIZADAS COM O GONIÔMETRO UNIVERSAL E NO DINAMÔMETRO
ISOCINÉTICO
Knee Joint Range-of-Motion Evalution: Correlation Between Measurements Achieved Using a Universal Goniometer and an Isokinetic Dynamometer
Batista LH, Camargo PR, Aiello GV, Oishi J, Salvini TF ...................................................................................................................................................................................................... 193
ADAPTAÇÃO ENZIMÁTICA DA LDH EM RATOS SUBMETDOS A TREINAMENTO AERÓBIO EM ESTREITA E LASER DE BAIXA INTENSIDADE
Adaptation of LDH Enzyme in Rats Undergoing Aerobic Treadmill and Low Intensity Laser Therapy
Vieira WHB, Goes R, Costa FC, Parizotto NA, Perez SEA, Baldissera V, Munin FS, Schwantes MLB .............................................................................................................................. 205
RELAÇÃO ENTRE INTENSIDADE DE DOR E CAPACIDADE FUNCIONAL EM INDIVÍDUOS OBESOS COM OSTEOARTRITE DE JOELHO
Relationship Between Pain Intensity and Functional Capacity of Obese Individuals with Knee Osteoarthritis
Vasconcelos KSS, Dias JMD, Dias RC .................................................................................................................................................................................................................................... 213
PARÂMETROS CINEMÁTICOS DA MARCHA COM OBSTÁCULO EM IDOSOS COM DOENÇA DE PARKINSON, COM E SEM EFEITO DA LEVODOPA: UM ESTUDO PILOTO
Kinematic Parameters for Gait with Obstacles Among Elderly Patients with Parkinson’s Disease, with and without Levodopa: a Piloty Study
Pieruccini-Faria F, Menuchi MRTP, Vitório R, Gobbi LTB, Stella F, Gobbi S .................................................................................................................................................................... 233
EDITORIAL
É com imensa alegria que comunicamos que a Revista Brasileira de Fisioterapia foi incluída
na Coleção SciELO em junho de 2006! Queremos compartilhar esse momento com todos vocês
que tornaram essa meta uma realidade: editores, revisores, autores e secretaria da Revista! Essa
conquista apenas foi possível pelo trabalho árduo dos autores que submeteram artigos relevantes
e de qualidade científica; revisores que deixaram o seu trabalho individual para efetuarem pareceres
consistentes e úteis na seleção e aprimoramento dos artigos; e editores que contribuíram para
a melhoria contínua da política editorial da Revista! Essa conquista precisa ser também creditada
ao apoio decisivo do CREFITO-3, que viabilizou financeiramente a ampliação de nossa periodicidade,
a versão on-line, e a versão em inglês da Revista.
Essa nova indexação é um passo fundamental na consolidação de nossa Revista, e sinaliza
que nossa empreitada precisa continuar. Nossa próxima meta passa a ser as indexações internacionais
(Medline,ISI) e, para tal, um aprimoramento contínuo da política editorial, assim como, o apoio
financeiro de entidades de classe, torna-se imprescindível.
Convidamos todos a participar com envolvimento crescente nas atividades da Revista Brasileira
de Fisioterapia!
ABSTRACT
Objective: The purpose of this paper was to critically review the concepts and types of measurement reliability, validity, and
responsiveness, and to discuss their implications for rehabilitation research and high-quality clinical practice. Method: A critical
literature review considering the strengths, limitations, and appropriate applications of measurement properties in rehabilitation
was conducted. Results and Discussion: Measurement quality is assessed using criteria such as reliability, validity, and respon-
siveness. Many published studies do not report these measurement properties, which are related, sometimes overlapping, and
are frequently confused. This review paper clarifies the meanings of the concepts and types of reliability, validity, and respon-
siveness. It gives examples that are relevant for the field of rehabilitation. It discusses how the measurement properties interact
with each other and influence the size of the effect and the power of studies. Conclusion: Measurements are essential in reha-
bilitation research and clinical evaluation. Measurement properties should be reported to allow readers to evaluate the quality
of the results presented. The clarification of measurement properties provided in this paper may contribute towards standardizing
definitions and improving the quality of rehabilitation research and clinical practice.
Key words: measurements, reliability, validity, responsiveness, study power.
RESUMO
Importância e Esclarecimento das Propriedades de Medida em Reabilitação
Objetivo: O objetivo do presente artigo foi revisar criticamente os conceitos e tipos de confiabilidade, validade e responsividade
de medidas, e discutir suas implicações para a pesquisa em reabilitação e para a prática clínica de qualidade. Método: Uma revisão
crítica da literatura foi realizada considerando as vantagens, as limitações e o uso adequado das propriedades de medida em
reabilitação. Resultados e Discussão: A qualidade das medidas é avaliada por critérios tais como confiabilidade, validade e
responsividade. Muitos estudos publicados não apresentam estas propriedades de medida as quais estão relacionadas e algumas
vezes sobrepõe-se sendo freqüentemente confundidas. Este artigo de revisão esclareceu os conceitos e tipos de confiabilidade,
validade e responsividade. Exemplos relevantes para a área de reabilitação foram apresentados. Discutiu-se como as
propriedades de medida interagem entre si e influenciam o tamanho do efeito e o poder dos estudos. Conclusões: Medidas são
essenciais na pesquisa em reabilitação e na avaliação clínica. As propriedades de medida devem ser apresentadas para permitir
que o leitor possa avaliar a qualidade dos resultados apresentados. Os esclarecimentos das propriedades de medida apresentados
neste artigo podem contribuir para a padronização das definições e para a melhoria da qualidade da pesquisa em reabilitação
e da prática clínica.
Palavras-chave: medidas, confiabilidade, validade, responsividade, poder do estudo.
138 Gadotti IC, Vieira ER, Magee DJ Rev. bras. fisioter.
capabilities due to pain, fear, and psychosocial issues)10. The Instrument Reliability
different types of reliability are presented and exemplified Instrument reliability, or test-retest reliability, evaluates
on the following sub-sections. the ability of the measuring instrument or test (e.g. device,
tool, scale, questionnaire, or interview protocol) to give the
Intra-Tester Reliability same consistent measurements or results. It is tested by taking
Intra-tester reliability, or intra-rater reliability, is related repeated measures of the same “thing” using the same
to the repeatability of measurements taken by the same tester instrument or test 10. Low intra-tester reliability can be a
at different times (stability over-time). It demonstrates the confounder for the instrument reliability assessment. Thus,
consistency of the tester to measure the same “thing” high intra-tester reliability is a pre-requisite to assess the
repeatedly2,8. The subject, the performance level (see intra- instrument reliability and vice-versa. For example, Johnson
subject reliability), and the instrument remain the same. For et al.12 evaluated the instrument reliability of the Lachman’s
example, the intra-tester reliability of the Lachman’s test was test. The authors controlled the intra-tester reliability by
assessed on 32 subjects with knee problems11. Each subject repeating the Lachman’s test measurements at least 3 times
was assessed two times. The intra-tester reliability (Kappa or until reaching equal values within the testing session. Two
test) was 0.51. The Kappa value should be at least 0.61 to sessions were performed in different days and the results
be considered reliable. Therefore, Lachman’s test was found were compared. The differences between the measurement
to have low intra-tester reliability in this study. sessions were not significant (p=0.07). For this reason, the
authors considered the instrument (Lachman’s test) reliability
Inter-Tester Reliability to be satisfactory. Many other studies do not report or
Inter-tester reliability, or inter-rater reliability, evaluates consider the intra-tester reliability when assessing the
the reproducibility of measurements taken by different testers. instrument reliability making it impossible to separate the two.
It is used to detect whether the recorded values change when In addition to high intra-tester reliability, high intra-subject
different testers measure the same “thing”1. As in the case reliability is needed to test the instrument reliability with no
of intra-tester reliability, the tester is evaluated as a possible confounders. In other words, if the instrument reliability is
source of bias and error, but in the case of inter-tester the ability of the instrument to replicate its own measures,
reliability, possible differences between testers measuring the consistency of the subject and tester must be ensured.
the same thing are assessed. For example, the inter-tester
reliability of the Lachman’s test was also evaluated by Internal Consistency
Cooperman et al.11. Measures of four testers were compared. Internal consistency reflects the degree to which different
They found Kappa values equal or less than 0.42 (low inter- items or set of questions in a test, scale, questionnaire, or
tester reliability). One of the justifications of the author for interview protocol are associated to each other. Such
the low inter-tester reliability was that the method of instruments are ideally composed of questions or items that
administration of the Lachman’s test was not standardized measure particular parts or attributes of a greater question.
in their study. The most common approach to testing the internal consistency
of questionnaires and interview protocols involves the
Intra-Subject Reliability calculation of the correlation between different items of the
Intra-subject reliability involves the reproducibility of instrument1. In this case, high internal consistency depends
the subjects’ performance. It compares the measures of the on good correlation (r> 0.75) among the items of the
same subject taken at two or more times when the same tester instrument1. For example, the internal consistency of the
performs the measures. In this case, the intra-tester reliability International Knee Documentation Committee Questionnaire
must be high so that any possible variations in the to assess knee function was tested by Irrgang et al.13. The
measurements can be attributed to the subject’s performance results showed that the questionnaire had high internal
variation10. Low intra-tester reliability (<0.75) can be a consistency; meaning the items were highly correlated to each
confounder for the intra-subject reliability assessment and other (r= 0.92).
the reverse is also true. Thus, high intra-tester reliability is
a pre-requisite for testing intra-subject reliability and vice- Parallel Reliability
versa. For example, a possible explanation for the low intra- Parallel reliability, or equivalence reliability, is determined
tester reliability found for the Lachman’s test by Cooperman by comparing the values or results taken by different
et al.11 is a low intra-subject reliability. The subjects may have instruments or tests at the same time. It evaluates whether
been more relaxed or in less pain in one trial than on the other. measurements or results from different devices or tests are
Consequently different levels of muscular activity may have similar or the same2,8. Thus, parallel reliability is used when
occurred around their knee joints during one of the tests one wants to provide an alternative and/or similar measurement
affecting the results. instrument or test10. Therefore, the measures taken should
140 Gadotti IC, Vieira ER, Magee DJ Rev. bras. fisioter.
be highly correlated or not differ significantly when the same The Pearson correlation and ICC tests are statistical
variable is assessed at the same time. It is important to note methods often used to analyse the validity of measurements.
that for the parallel reliability analysis, the referential tool needs The difference between Pearson and ICC is that the latter
to have been previously tested and reliable. For example, the not only tests the correlation between variables, but also the
parallel reliability of the measures of a new device (Rolimeter) agreement between them. If the Pearson correlation is used
to test anterior knee instability and of the Lachman’s test to assess the validity of a measurement, then the regression
measures was assessed using the KT-1000 arthrometer equation that the Pearson correlation coefficient relates to
measures as reference14. Thirty healthy subjects and 30 patients needs to be evaluated to assess possible systematic errors.
with anterior knee joint instability participated in the study. ANOVA and T-tests may also be used to test if there are
No significant differences between the measures of the significant differences between the variables. If there are
Rolimeter and of the KT-1000 arthrometer were found, but significant differences between the variables under study,
significant differences were found between the Lachman’s the measurements are not valid. ICC, T-test, and ANOVA
test measures and the KT-1000 arthrometer measures should only be used when the units (e.g. cm, degrees, kg)
(p<0.05). Therefore, since the KT-1000 was considered the of the variables under study are the same or are normalized.
reference device, the Rolimeter device showed high parallel Meaning that the numbers need to be directly comparable.
reliability, while the Lachman’s test measures presented low
parallel reliability. In other words, given that the measures Face Validity
from the KT-1000 were considered as reference and the Face validity, the lowest level of validity, is related to
measures of the Rolimeter agreed with them, the Rolimeter the intuitive “feeling” that a measurement seems to be valid15.
measures demonstrated high parallel reliability. On the other The evaluator accepts the assumption that the measurement
hand, since the measures of the Lachman’s test did not agree is valid at “face value”. It offers no evidence on which to
with the KT-1000 ones, the former presented low parallel base the assumption. For example, without doing any analysis
reliability. of the test, the measurement of the knee instability obtained
Overall, the inter-tester and the parallel reliability tend using the Lachman’s test seem to be valid (face validity).
to be respectively lower than the intra-tester and the
instrument reliability because the former involve Construct Validity
measurements of different raters or different devices which Construct validity is similar to face validity, but it
are susceptible to grater variation. Confounders, such as includes a theoretical framework and reasoning to support
increased muscle contraction during the Lachman’s test, for that the measurement is valid. Construct validity is divided
example, could affect most of the reliability measures, such into convergent validity and discriminate validity:
as instrument vs. subject reliability, for example, and should Convergent validity
be discussed in the studies. Supports those measurements that are believed to
reflect the same variables that yield similar results and are
MEASUREMENT VALIDITY comparable. For example, since the anterior drawer test, the
Lachman test, and the pivot shift test are three of the most
Validity is a quality that is attributed to those commonly applied tests to determine an anterior cruciate
measurements that quantify what they are supposed to and ligament injury16, their results are expected to be very similar
that provide a true depiction of what is being measured2,10,15. if not the same.
In other words, does the instrument truly measure what it Discriminate validity
says it does? For example, the Lachman’s test is supposed Indicates that measurements that are supposed to assess
to measure anterior knee joint instability. Thus, it needs to different characteristics yield different results and are not
represent anterior knee stability and nothing else. If the validity comparable3. Thus, discriminative validity depends on the
of the Lachman’s test (or any other measurement) is not tested, fact that measurements that lack a relationship should not
the statements made from the results are questionable. When be related. For example, the Lachman’s test is used to
a measurement is valid, the inferences made from the results determine anterior cruciate ligament injuries while the posterior
are appropriate. In other words, a valid measure allows one drawer test is used to determine posterior cruciate ligament
to rely on the study (test) results and interpretations when injuries17. Therefore, if a subject has an anterior cruciate
making clinical decisions. Therefore, validity deals with ligament injury but the posterior cruciate ligament is not injured,
accuracy (correctness), with the ability to make inferences the Lachman’s test should be positive, but the posterior
(conclusions reached on the basis of evidence), and also with drawer test should be negative.
the presence of no systematic errors (lack of consistent
measurement mistakes)2. A systematic error of 15%, for Content Validity
example, occurs when the measurements are consistently Content validity is usually applied to study questionnaires
15% lower than the actual value. rather than to evaluate devices or measurement tools10. It
Vol. 10 No. 2, 2006 Measurement Properties in Rehabilitation 141
deals with the scope of the evaluation method and with how Prescriptive validity
well the information gathered fully reflects the variable under Is related to how appropriate it is to use a measurement
study15. An example of a question that deals with content to recommend a treatment15. It is determined by the positive
validity is “Do the questions in this independence for daily or negative outcome of a prescribed treatment2,3. For example,
activities’ assessment questionnaire fully cover the problems the Lachman’s test was performed immediately before and
that a disable person will face in his/hers daily life activities?” 24 months after anterior cruciate ligament reconstruction in
In this case, the measurements of pain included in the subjects with acute or chronic injury to the anterior cruciate
questionnaire (for example) will have a higher “content ligament confirmed by magnetic resonance imaging and
validity” if the questionnaire includes an assessment of different arthroscopy examination18. Before ligament reconstruction,
characteristics of pain such as location, type, duration, and 72% of the subjects had a moderate or severe Lachman’s
intensity3. test (n=128). Two years after the reconstruction, no patient
had a moderate or severe Lachman’s test. Thus, a moderate
Criterion-Related Validity or severe Lachman’s test seems to have high prescriptive
This type of validity can be determined by comparing validity for success of reconstruction.
a measurement with a particular factor or criterion, and it
can be divided into predictive, concurrent, and prescriptive MEASUREMENT VALIDITY VS. STUDY
validity: VALIDITY
Predictive validity
Can be assessed by determining whether the predictions In addition to “measurement” validity discussed in the
originating from the measurements come true. In this case, previous section, there is another concept called “study”
the outcomes act as the criterion2. The predictive value of validity that is related to the study in general. Study validity
a positive test is the number of true positives divided by the refers to the internal and external validity of the study. The
total number of positive responses (true and false positives). external validity of a study is related to the extent to which
The predictive value of a negative test is the number of true the results of a study can be generalized outside the
negatives divided by the total number of negatives responses experimental situation. In other words, how much the research
(true and false negatives). For example, the predictive validity findings and conclusions of the study on a given sample are
of the Lachman’s test was evaluated by Cooperman et al.11. applicable to a larger population. On the other hand, internal
In this study, the predictive value of a positive Lachman’s validity of a study refers to the degree to which the relationship
test was defined as the likelihood that a subject with a positive between the independent and dependent variables are free
test had an injured anterior cruciate ligament. The predictive from the effects of extraneous factors and/or confounders3.
value of a negative test was defined as the likelihood that a Internal and external validity are related to the study itself
subject with a negative Lachman’s test did not to have an and not specifically to the validity of the measurements taken.
injured anterior cruciate ligament. The authors found 47%
predictive value for a positive test, and 70% predicted value INSTRUMENT RESPONSIVENESS
for a negative test. This means that in less that half of the
cases when the Lachman’s test was positive the subjects had Instrument responsiveness is the ability of the instrument,
an injured anterior cruciate ligament, while in 7 out of 10 cases device, tool, test, or scale to accurately detect meaningful
with negative Lachman’s test the ligament was not injured. changes19. The measurements of an instrument used for clinical
Concurrent validity evaluation needs to identify clinically significant differences
Evaluates whether measurements taken using different between and within patients over time20. For example, the
instruments agree with each other15. It is used to test whether Lachman’s test must detect meaningful changes in knee
a new instrument is interchangeable with an established “gold stability before and after treatment (i.e. ligament reconstruc-
standard”10. Concurrent validity and parallel reliability are tion). The measurements should show changes in the variable
similar. The difference is that concurrent validity requires being assessed, but they should not be influenced by changes
the reference measurements to come from a valid instrument, in other variables if the one under study remains stable (does
while parallel reliability only requires reliable measurements not change)21. Instrument responsiveness includes the concepts
from the criterion instrument8. Thus, reliability is a pre- of sensitivity and specificity.
requisite for validity. For example, the concurrent validity
of the Lachman’s test can be tested using the arthroscopy Sensitivity
examination as a reference to evaluate anterior cruciate ligament The ability of an instrument to detect changes in the
injury because this examination is considered the valid gold variable under study, when they occur, is defined as the
standard, while the parallel reliability of this the Lachman’s instrument’s sensitivity to change. For example, the ability
test can be tested using the Rolimeter because this instrument of the Lachman’s test to detect improvement in the knee
was shown to have high parallel reliability14. instability after anterior cruciate ligament reconstruction in
142 Gadotti IC, Vieira ER, Magee DJ Rev. bras. fisioter.
subjects with acute or chronic injury is a measure of its on approximately 80%, 99%, and 90% of the sample. Thus,
sensitivity18. The Lachman’s test was performed in subject the Lachman’s test was the most sensitive diagnostic test
before and after anterior cruciate ligament reconstruction; with only 1% false negatives.The false negatives in the
no patient presented moderate or severe Lachman’s test after Lachman’s test (n = 2) were explained by arthroscopically
the reconstruction, while 72% of the patients had moderate confirmed combination of firm reattachment of the injured
or severe Lachman’s test before the reconstruction. anterior cruciate ligament to the posterior cruciate ligament
Therefore, the measurements using Lachman’s test is and bucket handle tear of the medial meniscus increasing
considered as having sensitivity because it was able to detect the anterior stability of the knee5. It is important to know
meaningful changes after treatment. that the sensitivity of the tests is decreased when the subjects
are not under anesthesia, due to pain (hamstring muscle
Specificity contraction/spasm). However, in the Donaldson et al.22 study,
The stability or ability of an instrument measure not to these factors did not significantly affect the results of the
change when no changes in the variable under study occur Lachman’s test. They found positive Lachman’s tests on
is defined as the instrument’s specificity. Note that changes 100% and 99% of the sample, respectively with and without
to other variables may happen, but if the variable of interest anesthesia. On the other hand, the authors found positive
remains stable, the measurement taken should not change pivot shift tests on 98% and 35% of the sample, respectively
(specificity). Thus, specificity is related to the actual testing with and without anesthesia22. This means that the Lachman’s
of the discriminate validity of a measure (see construct validity). test was robust to overcome possible confounders presented
In other words, specificity evaluates if the variable under by muscle contraction while the pivot shift test was not.
study is not influenced by changes in other variables. It can Instrument specificity is evaluated by the probability
be considered as the actual analysis of the discriminate validity of a negative test among patients without disease or injury
(see construct validity). For example, the Lachman’s test (true negative test). The specificity of a diagnostic test can
specificity can be analyzed by performing the test in subjects be calculated as true negative tests divided by true negatives
with non-injured anterior cruciate ligament but with injured plus false positives3. For example, when testing for knee
posterior cruciate ligament. The tests’ results would have instability using the Lachman’s test, the specificity is
to be negative because there would be no anterior cruciate represented by the ability of the test to detect negative results
ligament injury and the test is supposed to detect injuries to (normal laxity) in subjects who are normal. Katz and
this ligament and not injuries to the posterior cruciate Fingeroth23 found that the specificity of the Lachman, anterior
ligament17. drawer sign, and pivot shift tests were higher than 95%.
When a study evaluates instrument responsiveness in
Sensitivity and specificity of diagnostic tests a sample of subjects with a disease or dysfunction, only
In studies involving a diagnostic test, such as the sensitivity can be tested because only false negatives can be
Lachman’s test, the assessment of the instrument’s sensitivity found. Without including normal subjects (without the disease
corresponds to the probability that the measures will detect or dysfunction), it is impossible to analyze if the test has false
a positive test among patients with disease or injury (true positives. Both sensitivity and specificity of a test need to
positive test). When a test incorrectly identifies problem as be known because a test should have low frequency of both
positive or negative, this is referred to as a false positive or false positives and false negatives in order to be useful in
false negative respectively. The sensitivity of a diagnostic the decision making process.
test is calculated as true positive tests divided by true positives
plus false negatives3. If the test detects several positive tests INTERACTIONS BETWEEN
in subjects without the dysfunction, the false positives increase MEASUREMENT PROPRIETIES
and consequently, the credibility of the test decreases and
it may not be useful for what it is trying to measure. For The measurement properties can be presented and tested
example, when testing for knee instability using the Lachman’s separately; however, they are inter-related and affect each
test, the sensitivity is represented by the ability of the test other. Table 1 presents the different measurements properties
to detect positive results (abnormal laxity in the anterior and examples for the Lachman’s test. Selected interactions
cruciate ligament) in subjects who have the abnormality. Kim between measurements properties are presented in the
and Kim5 evaluated the sensitivity of diagnostic tests for following sections.
injuries of anterior cruciate ligament. The tests evaluated were
the anterior drawer test, the Lachman’s test, and the pivot Reliability and Validity
shift test. One-hundred forty-seven patients with an injured Reliability is a pre-requisite for validity2. A measure can
anterior cruciate ligament (confirmed by arthroscopy) were be reliable but not valid10,15, however, a measurement cannot
tested under anesthesia before surgery. The anterior drawer, be valid if it is not reliable19. A measurement can only be
Lachman, and pivot shift tests were positive, respectively, considered valid when it has no systematic error or random
Vol. 10 No. 2, 2006 Measurement Properties in Rehabilitation 143
NA= Not Applicable; NF= Not Found; *The decision of determine these cut-points depend on the importance of these measurement properties
for the study3.
error (reliability). Consistent and reproducible measurements and the measurements captured the change or confounding
do not indicate that the variable of interest is in fact being muscle stabilization.
measured. For example, a questionnaire can have internal According to Portney and Watkins3 and Hays and
consistency (homogeneity among items), but not content Hadorn19, responsiveness is one aspect of validity rather than
validity (the items do not reflect the variable under study). a separate characteristic. Hays and Hadorn19 stated that the
High reliability (low random errors) along with low systematic fact that an instrument’s measurements are responsive to a
error results in validity (assuming that the measurement in clinical intervention supports the hypothesis that the
fact reflects what it is supposed to measure)8,10. It is important instrument’s measurements are valid. The instrument
to note that the measurement properties can be tested responsiveness adds longitudinal information (i.e. the ability
separately, but they depend on each other to provide useful to capture changes over time) into the process of evaluating
measures. measurement validity19. When selecting an instrument for
evaluation, one should extend his or her concern for
Validity and Responsiveness measurement validity beyond the face and construct validity
A measure that is valid at one point in time should also to the discussion of the responsiveness of the instrument3.
be valid at a different point in time. Consequently, in order On the other hand, Guyatt et al.24 proposed that responsiveness
to provide valid measurement, an instrument should be is distinct from reliability and validity. They stated that an
responsive to changes over time19. Thus, a valid measure needs instrument’s measurements can have reliability, but no
to be responsive (and have high reliability as discussed before). responsiveness; have responsiveness, but no validity; and
However, some measures can be valid only at one point in have no reliability, but responsiveness. Despite, all
time. For example, the concurrent validity of the Lachman’s measurement characteristics that may affect the findings
test can be tested in normal subjects using arthroscopy. The should be addressed in a study’s discussion section in order
measures may be responsive and valid, but they may be to provide a full understanding of the strengths and
different if a second Lachman’s test was performed. The weaknesses of the results and conclusions. The measurement
second measure may be different because the knee stability properties may need to be evaluated separately depending on
has changed or was affected by muscle contraction/spasm the objectives of the study.
144 Gadotti IC, Vieira ER, Magee DJ Rev. bras. fisioter.
Reliability and Responsiveness the null hypothesis, or the extent to which the researcher
A measurement can have high reliability (consistency), could be wrong in saying that there are differences. The most
even when the instrument is unresponsive (i.e. not able to common α-level used is 0.05 which means that the researcher
detect meaningful differences). Conversely, a measurement is accepting that he or she could be wrong in rejecting the
can have low reliability, yet the instrument may be responsive24. null hypothesis 5 times out of 100 or 5% of the time.
Both reliability and responsiveness are pre-requisite of validity, Lowering the α-level reduces the chances of a type I error
but responsiveness is not a pre-requisite for reliability. by requiring stronger evidence to demonstrate significant
differences. Increasing the α-level makes it easier to find
IMPLICATIONS OF NEGLECTING differences (it may increase the power), but the probability
MEASUREMENT PROPERTIES that one will find a difference that actually does not exist (type
I error) also increases.
Many published studies fail to report the validity, Variability of the data
reliability, and responsiveness of the measurements taken. The lower the variance, the greater the power. Variance
Some instruments are often used but their measurement is a measure of the variability within the group (e.g. injured
characteristics are frequently overlooked and assumed to vs. non-injured; before vs. after treatment). The ability to
be adequate. However, this may not be true, and the detect a difference between groups is enhanced when the
measurements may have low quality resulting in insufficient groups are distinctly different. When the variability within
statistical power. The power of a study is the extent to which groups is large, the difference between groups will be less
an investigator can detect a difference when a true difference evident because the measurements may overlap. This, in turn
exists. It may also be stated as the probability of correctly will lower the power or the ability to detect a difference25.
rejecting the null hypothesis that “there are no differences” Most of the determinants of power described above
when null hypothesis is false25. Thus, the power of a study depend on the quality of the measurements. If the
relates to how capable the measurement is in detecting measurements’ reliability, validity, and responsiveness are
differences between or within groups. Every study should not adequate the study’s ability to detect the effect of an
have sufficient ability (power) to detect the effect caused independent variable (e.g. treatment) will be low or inexistent.
by the application of an independent variable (e.g. treatment For example, the amount of variation in the scores obtained
technique). It should also have a low probability of a type for a particular sample or group (i.e. the standard deviation)
I (alpha) error, which corresponds to rejecting the null depends on the variation in the scores and the amount of
hypothesis, when it should not be rejected (for example: random measurement error. When the measurement error
finding differences before and after a treatment when, in is big (e.g. the measurements have low reliability), differences
reality, there were no changes). The determinants of the between groups and changes over time may become
power of a study include: undetectable. Thus, the effect size will be small decreasing
Sample size the power of the study27. The responsiveness of a
The larger the sample, the greater the power, because measurement instrument is also related to the effect size and
with a large sample, the general population is more likely to will also influence the power of a study. If the instrument
be represented. This means the study has greater external measures are not precise enough to capture meaningful
validity. Therefore, the results can be generalized to a larger changes (low responsiveness), then the differences may be
population, and the true differences between groups are more too small to be identifiable. This, in turn, will cause the effect
likely to be recognized. size and the power of the study to be small.
Effect size Studies with limited power do not always yield erroneous
The larger the effect size, the greater the power. Effect conclusions but their findings are questionable. The chances
size is the magnitude of the difference before and after that such studies will detect differences rejecting the null
treatment, or between groups25. Thus, the power is influenced hypothesis are small. In other words, studies with low power
by the size of the effect of the experimental variable (e.g. may not be able to identify differences that exist between
treatment). The larger the effect produced by a treatment groups, leading to erroneous results and conclusions. Many
on a given dependent variable (e.g. knee stability), the more studies in the literature fail to achieve statistical significance
likely it is that the differences before and after will be which is often related to the low power of the study and not
statistically significant26. to an actual lack of difference between groups or sample
Statistical significance level used (α-level) populations25. It is relevant to state that the power of the study
The higher the α-level (i.e. higher than 0.05), the may be a problem only when no significant differences are
greater the power, but also the higher the chances of making found between groups. But, the measurements properties
a type I error. The α-level is the probability that the researcher are important even when differences are found because they
is willing to accept that he or she might be wrong in rejecting may be related to inadequate measures. In general, the power
Vol. 10 No. 2, 2006 Measurement Properties in Rehabilitation 145
of a study will be big enough if the statistical techniques, study For example, visual analogue scales have been show to be
design, including sample size and measurements are valid and reliable for some pain measures, but they have not
adequate26,29. Thus, assessing and reporting the measurement been showed to be valid and reliable for many of the other
properties should be a standard procedure in order to increase variables they are purported to measure. Sometimes the
power and to allow readers to rely on the presented results. concepts of measurements properties are incorrectly used
Unfortunately, this procedure is still an exception rather than to define the measurement characteristic being tested. For
the rule in the rehabilitation field. example, reliability and validity, and responsiveness and its
sub-division of sensitivity to change have been used to denote
MEASUREMENT PROPERTIES IN THE the same property.
CRITICAL ANALYSIS OF This review paper clarified the meanings of the concepts
REHABILITATION RESEARCH and types of reliability, validity, and responsiveness. It gave
examples that are relevant to the rehabilitation field. It discussed
A critical analysis of the rehabilitation research found how the measurement properties interact with each other and
common methodological limitations that resulted in weak influence the effect size and power of studies. The authors
studies30. Flaws were found in the experimental design, hope that the presented definitions, explanations, and
measurement techniques, procedures to control for discussions contribute to the dissemination and encourage
confounding variables, sample size, and in the statistical the use of common terminology and meanings for these
analysis of the studies. Thus, there is a need to improve the measurement properties to facilitate improved communication
quality of rehabilitation research studies. The following are between researchers and clinical practitioners. Reporting the
examples of questions that should be asked when designing, measurement characteristics can improve the quality of
presenting and analyzing the quality of published studies. The rehabilitation research and clinical evaluation processes which
answers to these questions are essential if one is to accept are fundamental for ideal evidence based practice.
the results and conclusions of a study.
1) Did the study report the reliability, validity, and Acknowledgments: The authors would like to thank Dr. Sharon Warren
(Faculty of Rehabilitation Medicine, University of Alberta) for reviewing
responsiveness of the measurements used? and making suggestions for early versions of this paper. ICG and ERV have
2) Did the study control the sources of measurement financial support from the Alberta CIHR Training Program in Bone and
error? Joint Health (Canada) and from the Brazilian Government, Education
3) Did the study have sufficient power to detect possible Ministry (CAPES - Brazil, proc.# 1340018).
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ISSN101809-9246
No. 2, 2006 The Changing Face of Neurological Rehabilitation 147
Rev. bras. fisioter. Vol. 10, No. 2 (2006), 147-156
©Revista Brasileira de Fisioterapia
ABSTRACT
Background: Neurological rehabilitation and the contribution of physical therapy have changed considerably over the past
decades as scientific and technological developments have enabled greater understanding of brain reorganization and the
mechanisms of motor control, motor performance, impairments and adaptations. Objective: This paper presents a historical
perspective covering the last half-century. Discussion: Current scientific research, and the subsequent reevaluation of the
functional effects of impairments following an upper motor neuron lesion, is leading to a changing focus in clinical interventions,
with emphasis on optimizing motor performance through task-oriented exercise and training, strength and fitness training.
Findings in both animal and human models suggest that, for rehabilitation to be effective in optimizing neural reorganization
and functional recovery, increased emphasis needs to be placed on challenging, engaging and meaningful task training, to
promote learning. The issues of the intensity of task training and extent of cardiovascular stress during physical activity are
also discussed. Although there is much to become excited about in the findings from clinical research, clinical practice in
neurorehabilitation continues to vary widely and depends largely on the preferred approach of the individual therapist and on
the continuing dominance of therapeutic methods developed half a century ago. Physiotherapists need to embrace the respon-
sibility of using evidence-based, or at least scientifically acceptable, methods of intervention and objective measurements of
outcome.
Key words: neurorehabilitation, functional recovery, task-oriented exercise, training.
RESUMO
Mudando a Face da Reabilitação Neurológica
Introdução: A reabilitação neurológica e a contribuição da fisioterapia mudaram consideravelmente nas últimas décadas, uma
vez que o desenvolvimento científico e tecnológico permitiu uma maior compreensão dos mecanismos de reorganização cerebral
e dos mecanismos envolvidos no controle e desempenho motores, em suas dificuldades e adaptações. Objetivo: Este artigo
apresenta uma perspectiva histórica da segunda metade do século passado. Discussão: Pesquisas científicas atuais e a
subseqüente reavaliação do efeito funcional dos problemas que aparecem pela lesão do neurônio motor superior estão levando
à mudança de foco das intervenções clínicas, com ênfase na otimização motora através de exercícios de tarefas orientadas, de
ganho de força e de treino de desempenho físico. Achados em modelos animais e humanos sugerem que, para que a reabilitação
seja eficiente em otimizar a reorganização neural e a recuperação funcional, uma ênfase maior deve ser colocada em tarefas úteis
que sejam desafios interessantes com um treino que promove o aprendizado. As questões da intensidade do treino de tarefas
e da extensão do estresse cardiovascular durante a atividade física também são discutidos. Embora exista muito que se aprender
em achados de pesquisa clínica, a prática clínica da reabilitação continua ser altamente variada, dependendo largamente do
método preferido pelo terapeuta individual, e com predomínio dos métodos terapêuticos desenvolvidos meio século atrás.
Fisioterapeutas necessitam assumir a responsabilidade do uso de técnicas baseadas em evidências, ou pelo menos usar métodos
de intervenção e medidas objetivas de resultados que sejam cientificamente aceitáveis.
Palavras-chave: reabilitação neurológica, recuperação funcional, exercícios de tarefas orientadas, treinamento.
148 Carr JH, Shepherd RB Rev. bras. fisioter.
a rational biomechanical model that forms the basis for occurring in response both to muscle weakness and to post-
standardized guidelines for training this action11-14. This model lesion inactivity and disuse can impact negatively on the
has also provided methods for measuring performance and potential for regaining function. Soft tissue adaptations include
an increased focus on clinical research is enabling us to test increased muscle stiffness (stiffness is a mechanical response
the efficacy of interventions. to load on a non-contracting muscle), and structural and
functional reorganization of muscle and connective tissue17,18.
Hybridization Muscle weakness arises from two sources, primarily
However, the process of change can be difficult for both from the lesion itself as a result of a decrease in descending
teacher and practitioner and there is a temptation to combine inputs converging on the final motor neuron population and
newer methods with older methods that are still in use. This a resultant reduction in the number of motor units available
can occur even when there is no evidence that the older for recruitment19. In addition, the neural lesion can result in
methods are effective. In the history of scientific endeavor a decreased firing rate of motor units and impaired motor
there have always been attempts (usually unsuccessful) to unit synchronization20. These factors cause disorganization
integrate new methods with old at times of major change15. of voluntary motor output at the segmental level and may
This mixing is called hybridization. underlie the motor control problems exhibited by patients even
The move toward hybridization can be compelling, and when they are able to generate some muscle force14. Loss
“the case for reconciliation of competing paradigms is of the ability to generate power (force X velocity) may be
superficially attractive”15. Hybridization can seem attractive a more significant cause of impaired motor performance than
to a physiotherapist when there is a reluctance to let go of decreased force production21. The ability to generate large
familiar therapeutic methods and move on. However, muscle forces is of little functional benefit if movement occurs
competing paradigms have philosophical and conceptual too slowly to be effective5. Power output after stroke has
differences15, as they are based on different information been shown to be low in a number of studies21-23, and a low
regarding, for example, how the system is organized or the velocity of muscle contraction is evident clinically in the
nature of impairments after a lesion. slowness of movement typical of people after stroke12.
Skeletal muscles adapt to the level of use imposed on
BRIDGING THE GAP BETWEEN SCIENCE them24, and secondary sources of weakness therefore arise
AND CLINICAL PRACTICE as a consequence of lack of muscle activity and immobility25.
Increasingly, evidence is provided of a relationship between
Re-evaluating the Functional Effects of Impairments muscle strength and function26-28.
The need for practice to move on by responding to new The significance of spasticity (defined as velocity-
knowledge is well illustrated by examining research over the dependent stretch reflex hyperactivity29) for the regaining
last few years that is changing the way in which we view of motor function remains equivocal. There is little to support
impairments following a lesion of the upper motor neuron the view that reflex hyperactivity is a significant contributor
system. A re-evaluation of the relative contributions of muscle to movement dysfunction after stroke. Some reports indicate
weakness and adaptive changes in muscles such as increased stretch reflex hyperactivity can develop some time after the
stiffness and spasticity is driving significant changes in clinical lesion, suggesting that it may be an adaptive response to non-
practice. The view that spasticity is the major impairment functional, contracted stiff muscles30. In clinical practice,
underlying movement dysfunction led to the development increased resistance to passive movement is typically referred
of methods based on the premise that spasticity had to be to as spasticity although mechanical and functional changes
decreased or inhibited in order to facilitate more normal to muscle are likely to be major contributors. Clinical tests
movement1,2. This view has been very influential over the past such as the Ashworth Scale that are commonly used in clinical
few decades. Muscle weakness has not been a primary focus research are unable to distinguish the relative contributions
in physical therapy until recently, as spasticity was considered of increased stiffness of muscles and reflex hyperactivity
the cause of weakness and disability. Congruent with this 31
.
view, therapists have avoided exercise that required effort
(as in strength training) since this effort was assumed to Optimizing Motor Performance
increase spasticity. Our own collaborative theoretical and investigative work
Contemporary research findings supporting the view has developed over the years, broadly based on research related
that the major impairments interfering with functional to human movement, and updated as new developments
performance following upper motor neuron lesions are emerge in science, and as evidence of the effects of
paralysis, weakness (absent or reduced muscle force intervention slowly began filtering into the literature from
generation) and loss of dexterity (disordered motor control)16 clinical studies. The principal research areas driving our work
are of major significance in planning interventions. So also include motor control mechanisms, muscle biology,
is our increasing understanding that soft tissue adaptations biomechanics, skill acquisition (motor learning) and exercise
150 Carr JH, Shepherd RB Rev. bras. fisioter.
science13,14,32. One point of interest is that the focus is strongly compared with NDT49, and in chronic stroke compared with
on the importation of theories and data from fields other than sham therapy36,40. However, a closer look at the evidence
physical therapy, illustrating the nature of physical therapy suggests that the key factor in these studies is the presence
as an applied clinical science. of varied and intensive task-oriented practice of locomotor
Our work over the past few decades has focused on activities. There is also evidence of transfer from TT to
the patient as learner and on the need for task-oriented exercise overground walking. In addition, training of overground
and training, together with strength and fitness training, as walking includes walking over obstacles and in different
the means of improving the patient’s capacity to learn motor environments, and with differing cognitive demands.
skills and optimize functional motor performance. An After a series of primate studies, Taub50 described a
increasing number of investigations of this theoretical phenomenon called “learned non-use”, which he proposed
perspective have found positive effects in individuals with may underlie the difficulty some individuals have in using
brain lesions. Improved functional performance suggests the affected upper limb, despite the presence of an apparently
that learning has taken place27,33-44. In addition, training that sufficient level of muscle activity. Constraint-induced
is sufficiently intensive can increase muscle endurance and movement therapy (CIMT) involves restraint of the non-
produce a cardiovascular training effect. Where strength has paretic limb over an extended period with challenging task-
been particularly targeted, findings show increased strength oriented training of the paretic limb51,52. A recent systematic
and, in some cases, improved functional performance. review53 found growing evidence to support the use of CIMT,
Whether or not strength training results in improved function compared with alternative and/or no treatment (see
may, however, depend on the extent of muscle weakness. recommended protocol14). Further evidence comes from
Interestingly, strength training does not result in increased reports of an association between improved motor
resistance to passive movement (hypertonus) or reflex performance, increased use of the limb and brain
hyperactivity (spasticity). reorganization 54. It is critical that effects of particular
It appears that exercise needs to be specific to the task treatments on function include the effect on actual use of
being learned and the context, if performance of that task the limb in daily life (for example: Motor Activity Log or Actual
is to improve45, since muscle strength and motor control are Amount of Use Test 51).
relative to the action being performed and its context. Skilled There is increasing interest in the potential of electrical
performance needs not only the generation of sufficient muscle stimulation (ES) or neuromuscular ES to reduce the
force, but also the grading, sustaining and timing of force development of secondary adaptive changes in muscles, to
from many muscles in order to control body movement initiate activity in denervated or very weak muscles and to
throughout the action. In particular, generation of muscle prevent stretching of rotator cuff muscles and the
force needs to be fast enough to meet task demands. glenohumeral joint capsule. ES enables repetitive muscle
The evidence so far suggests that physical therapy exercise in those individuals who have little active movement
practice should emphasize the need to drive limb use. Training in the acute stage. ES has had a long and varied history in
involves modifying the task and environment to ensure that rehabilitation following stroke. The findings in two
the paretic limbs are actively involved. Training of walking, comprehensive reviews55,56 suggest that the use of ES may
utilizing a treadmill (TT), is a promising method for retraining reduce shoulder subluxation, at least in the short term, and
gait and increasing speed, endurance and cardiovascular may reduce shoulder pain. Combining afferent biofeedback
fitness. Load on the musculoskeletal system can be increased from an EMG signal with ES in individuals who can partially
or decreased by varying body weight support (BWS), and activate paretic muscles but are unable to generate sufficient
walking speed can be controlled. TT facilitates the cyclic muscle contraction for functional purposes may prove to
gait pattern and can induce a shift toward temporal symmetry be an aid to task-oriented training. Both reviews point to the
and increased paretic stance time46. TT, with or without BWS need for further research.
support, is a means of increasing the amount and intensity
of practice. For dependent walkers, TT with BWS may be Neural reorganization and functional recovery
the only means of practicing walking in the early phase of Insight into mechanisms mediating motor recovery after
recovery47. injury to the sensorimotor cortex is now beginning to emerge.
A systematic review of treadmill training with and Neurophysiological and neuroanatomical studies in animals,
without BWS after stroke found a trend toward TT, such and neuroimaging and other non-invasive mapping studies
that BWS was more effective at improving gait speed when in humans, are providing substantial evidence that the adult
speed was aggressively targeted39 than in other interventions, cerebral cortex is capable of significant functional
and significant increases in endurance were evident in several reorganization (for example 57,58). These studies have
studies48. When TT is part of an overall task-oriented training demonstrated plasticity in the functional topography and
regimen, research findings suggest that such a program is anatomy of intact cortical tissue adjacent to the injury and
superior at enhancing walking capacity post-acute stroke, of more remote cortical areas. Of critical importance for
Vol. 10 No. 2, 2006 The Changing Face of Neurological Rehabilitation 151
rehabilitation is that experience, learning and active use of findings with healthy subjects have shown what a difference
the affected limbs appear to modulate the adaptive it can make to performance and skill development if the learner
reorganization that inevitably occurs after cortical injury. From directs attention toward the effect of the movement (an
current research, it seems likely that, for rehabilitation to be external focus) instead of to the movement itself (an internal
effective in optimizing neural reorganization and functional focus) 65 .
recovery, increased emphasis needs to be placed on Skilled performance is characterized by the ability to
challenging, engaging and meaningful task training to promote perform complex movements, with the flexibility to vary
learning (for example54,59,60). In addition, research findings movement to meet ongoing environmental demands with
indicate significant gains and enhanced structural plasticity economy of effort. This applies as much to everyday actions
when therapy is commenced early suggesting that delaying such as walking and standing up from a seat, as it does to
commencement of rehabilitation may reduce the efficacy of recreational, sporting or work-related actions.
treatment61. Skill is task-specific. Although such actions as level
walking and stair walking may share similar biomechanical
Motor learning characteristics, the demands placed on the individual by each
As physiotherapists, we are becoming increasingly aware action are different. The individual learns to reshape and adapt
of patients as active participants in training rather than as the basic movement pattern according to different contexts.
passive recipients of therapy. The idea that motor learning Crossing the street at pedestrian lights may require an increase
research can provide a rich source of scientific information in walking speed, while negotiating a step or obstacles in the
to guide clinical practice has been available to the profession house requires other changes in the walking pattern.
for several decades. Improvement in a particular action therefore requires
Performance of an action that is effective in consistently practice of that action; that is, the learner practices to become
achieving a specific goal with some economy of effort is said effective and efficient in achieving a specific goal. For some
to be skilled. Motor learning itself cannot be directly observed. individuals, speeding up the action and improving power
It is a set of complex internal processes that can only be generation may be major performance goals. However, for
inferred from a relatively consistent improvement in those whose muscle strength and motor control is below a
performance of an action, that is, a relatively stable change certain threshold, such practice may not be possible. Exercises
in motor behavior as a result of practice of that action62,63. to increase strength and control may be necessary, together
To know whether or not performance has improved, the with practice of the action under modified conditions, for
therapist measures the person’s performance at the start of example, standing up from a higher seat which requires less
training, at various stages throughout rehabilitation and muscle force generation. Many repetitions of an action are
periodically after discharge to see whether or not performance required to increase strength and for the patient to develop
gains have been maintained. an optimal way of performing the action66. Physical therapy
For several decades, scientists have investigated the has neglected the repetitive element of both strength training
process of acquiring skill, typically with healthy adults as and skill training that form essential prerequisites in motor
they train to improve a specific skill and increasingly with rehabilitation.
people with motor disability. Gentile64 describes the stages In training functional tasks, the therapist sets the goals
of learning as first getting the idea of the movement, then in consultation with the individual and based on evaluation
developing the ability to adapt the movement pattern to of the person’s capabilities. As the “coach”, the therapist may
environmental demands. In the initial stages the person learns point out how a movement is organized, based on knowledge
to pay attention to the critical features of the action and is of critical biomechanical characteristics; provide
actively engaged in practice. Considering the patient as a learner demonstration, verbal instructions and feedback; direct the
involves setting up environments and methods of delivery person’s visual attention; or highlight regulatory cues in the
that stimulate skill learning. environment (for example, the height of an obstacle). However,
As part of the training process, the therapist may direct it is the patient who must learn to organize movement that
the patient’s focus of attention away from an internal body- matches the environment in order to achieve these goals, and
oriented focus (the feet or upper body movement) to an this is accomplished by physical (and mental) practice.
external focus that is directly related to the goal (avoiding The environment needs to be organized to be functionally
obstacles on the floor). For example, the learner’s focus of relevant by providing meaningful objects of different sizes,
attention can shift as muscle strength, motor control and skill weight and graspability, which allow for different tasks to
increase. In walking it may shift from the feet to the be trained. Goals are concrete rather than abstract: “Reach
surrounding environment; the star billing for sit-to-stand may out and take the glass from the table” rather than “Raise your
change from initial foot placement backward and increasing arm”. “Reach sideways to pick up the glass from the floor”
the speed of forward rotation of the upper body, to the need rather than “Shift your weight over to the left”. Recent research
to steady a glass of water while standing up. Some recent has illustrated well the different outcomes when post-stroke
152 Carr JH, Shepherd RB Rev. bras. fisioter.
individuals work with concrete goals linked to real objects engaging and repetitious. Significantly more improvement
rather than with more abstract goals67,68. Wu et al68 examined in upper limb function has been reported compared with NDT/
a task in which subjects used one hand to scoop coins from Bobath therapy of equal intensity and duration74. In addition,
a table into the other hand. Able-bodied and stroke subjects the rate of recovery when treatment was delivered with RMT
took part, sometimes with coins, sometimes mimicking the was found to be greater in relation to either no treatment or
movement without coins. Both groups of subjects treatment with sling suspension in a single case study75. The
demonstrated faster movements, with smoother and straighter generalizability of RMT and its role in motor learning are yet
reaches, which are characteristics of well-learned coordinated to be tested.
movement, when they scooped the coins rather than when
they mimicked the action. Intensity of skill practice and exercise
Two aspects of therapy for neural lesions that have
Rehabilitation environment received little attention until recently are the intensity of task-
If brain reorganization and functional recovery from oriented training and the extent of cardiovascular stress
brain lesions is dependent on use and activity, then the induced during physical activity. Endurance training, like post-
rehabilitation environment is likely to play an important role stroke strength training, has long been neglected because
in patient outcomes. The rehabilitation environment is made of the dogma related to spasticity. It is not only important
up of the physical or built environment (the physical setting), for patients to practice in order to regain skill in performing
the methods used to deliver rehabilitation (type of intervention, actions, but it is also critical that they regain sufficient
intensity, dosage) and the staff (their knowledge, skill, strength, endurance and fitness to be able to carry out these
attitudes, and their ability to teach). actions. It is well documented that stroke patients have low
Evidence from animal experiments suggests that the physical endurance when discharged from rehabilitation.
nature of the environment and its physical structure, together Deconditioning can occur within the first six weeks
with the opportunities it offers for social interaction and after stroke. In a study that measured exercise capacity in
physical activity, can influence outcome after a lesion. In the early post-stroke period, patients performed incremental
animal research, the aspects of the enriched environment maximal effort tests on a semi-recumbent cycle ergometer76.
that appear to be critical as enhancers of behavior are social Deconditioning may be a consequence of the relatively static
stimulation, interaction with objects that enable physical nature of typical rehabilitation programs and indicates that
activity69, and an increased level of arousal70. intensity of training needs to be addressed specifically and
Observational studies of rehabilitation settings provide early after an acute brain lesion, in an effort to decrease the
insights into how patients spend their days, suggesting that deconditioning effects.
the environment may not be sufficiently geared to facilitating Recently, MacKay and Makrides 77 investigated the
physical and mental activity or social interaction, and that aerobic component of physical therapy and occupational
it may not function as a learning environment71. Other studies therapy for stroke patients by monitoring heart rate (using
suggest that a large percentage of the patient’s day is spent heart rate monitors) and therapeutic activities biweekly over
in passive pursuits rather than in physical activity. The issue a 14-week period. The major finding was that the therapy
of how much time is spent on physical activity, including sessions involved low intensity exercise and activity that did
practice of motor tasks, and how this time is organized, is not provide adequate metabolic stress to induce a training
therefore a critical one for rehabilitation. effect. Although progressively higher exercise intensities might
be expected over time as functional status improves, any
Delivery of physical therapy increase in HR mean and HR peak did not reach statistical
Focusing on intensive task-oriented training has required significance.
some changes in physical therapy practice, not only in the The detrimental effect of low exercise capacity and
methods used but also in delivery. Physiotherapists are muscle endurance on functional mobility and resistance to
exploring different ways of organizing delivery to enable the fatigue can be compounded by the high metabolic demand
patient to be an active learner. They are examining, for of adaptive movements. Stroke patients discharged from
example, the effects of an interactive relationship between rehabilitation showing improvements in gait are not necessarily
patient and therapist, the effects of working in a small group functional walkers but are often unable to maintain their most
during circuit training, and the effects of sessions where efficient walking speed comfortably, thus indicating that the
patients work in partnership with each other72. high energy cost of walking and poor endurance further
In an attempt to increase the time spent practicing, compromise functional performance78,79.
several investigators have reported the development of The calculation of walking speed over 10m, a commonly
technology to provide computer-aided training, for example, used clinical measure of gait, may overestimate locomotor
robot-mediated therapy (RMT)73-75. The focus has been on capacity after stroke. Healthy subjects can walk in excess
movements of the upper extremity that are challenging, of their comfortable speed for at least six minutes. Stroke
Vol. 10 No. 2, 2006 The Changing Face of Neurological Rehabilitation 153
subjects, however, may not be able to maintain their of physical therapy students as well as part of skills upgrading
comfortable speed over that time80. This would prevent them in continuing professional education.
from becoming competent community walkers, and may lead It is a matter of increasing concern that clinical
to increasing handicap. These results emphasize the need to interventions in neurorehabilitation continue to vary widely
train endurance and to measure endurance using a test such and depend largely on the preferred approach of the individual
as the 6-minute walk81. therapist5,91, and on the continuing dominance of therapeutic
Improvements in aerobic capacity in chronic stroke have methods developed half a century ago. Lack of both a rational
been demonstrated with appropriate training such as bicycle theoretical basis for a treatment method and of any evidence
training82, graded treadmill walking83 and combined aerobic of its effectiveness may be no barrier to its continued use.
and strengthening exercises42. As might be expected, the effects To make the change to practice based on evidence and
are exercise-specific. Generalization to everyday life, however, on current theoretical relevance is a large undertaking but
is also reflected in the improvements noted in general health already taking place around the world. A start can be made
and wellbeing. Teixeira-Salmela et al42 assessed their subjects’ in clinical practice by following prescribed guidelines that
general level of physical activity in the Human Activity Profile, are based on available evidence. These are available in texts
a survey of 94 activities that are rated according to their and in other work cited here. Each physiotherapist needs to
required metabolic equivalents. The results indicated that accept the responsibility of using evidence-based (or at least
subjects were able to do more household chores and to increase scientifically acceptable) methods of intervention and ongoing
their participation in recreational activities more than before outcome measurements, including quality-of-life profiles.
the training program. Patients have the right to be part of an up-to-date
neurorehabilitation environment.
CONCLUDING COMMENTS
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ISSN101809-9246
No. 2, 2006 Hemiparetic Cerebral Palsy 157
Rev. bras. fisioter. Vol. 10, No. 2 (2006), 157-162
©Revista Brasileira de Fisioterapia
ABSTRACT
Objective: The present study correlated fine motor function (FMF) and sensory function (SF) performance with magnetic reso-
nance imaging classification, in cases of hemiparetic cerebral palsy. Method: Specific protocols were used to evaluate FMF, SF
and brain lesion extent and location in the hemisphere. Forty-six patients were assessed: 23 with hemiparetic cerebral palsy (group
1) and 23 normal individuals (group 2). Their ages ranged from 7 to 16 years, with a mean of 12 years and 8 months. Results: FMF
and SF performance in group 1 was significantly worse than in group 2. Hemiparetic cerebral palsy cases with lesions in only
one brain structure presented better results than those with two or more damaged structures larger than 10 mm. Patients with
unilateral or bilateral cortical and subcortical impairment presented worse performance than those with subcortical lesions.
Conclusion: Motor and sensory dysfunctions need to be identified and understood in order to provide routine training and
special care for such children.
Key words:cerebral palsy, neuroimaging, fine motor function, sensory function.
RESUMO
Paralisia Cerebral Hemiparética: Dados Clínicos Comparados à Neuroimagem
Objetivo: Este estudo correlacionou o desempenho da função motora fina (FMF) e Sensorial (FS) na paralisia cerebral
hemiparética (PC-H) à classificação da ressonância magnética (RM). Método: Utilizaram-se os protocolos específicos para avaliar
FMF, FS e lesões encefálicas quanto à sua extensão e localização no hemisfério. Foram avaliados 46 sujeitos sendo 23 com PC-
H, grupo 1, e 23 crianças normais, grupo 2. A idade variou entre 07 a 16 anos, idade média de 12 anos e 8 meses. Resultados:
O desempenho das FMF e FS demonstrou ser significantemente pior no grupo 1 quando comparado ao grupo controle. PC-H
que apresentavam lesões atingindo uma única estrutura encefálica demonstraram melhores resultados que aqueles com
comprometimento atingindo duas estruturas maiores que 10 mm. O desempenho dos sujeitos com comprometimento cortical e
subcortical, uni ou bilateral, foi inferior quando comparados aos com lesões subcorticais. Conclusão: As disfunções motoras
e sensoriais necessitam ser identificadas e compreendidas para prover melhor treinamento de rotina e cuidados especiais a essas
crianças.
Palavras-chave: paralisia cerebral, neuroimagem, teste de movimentos finos e de sensibilidade.
158 Turolla de Souza RC, Ciasca SM, Moura-Ribeiro MVL, Zanardi VA Rev. bras. fisioter.
The instruments used for evaluating fine motor function and sensory function are presented in Figures 1, 2 and 3.
3 2
6
4
5
Figure 1. Evaluation kit for fine motor function: 1- digital chronometer; Figure 2. Grip test
2- material for evaluation of holding and grasping: ball, screw, key, pencil
and cylinder; 3- counting beads; 4- nut and bolt; 5- coins for inserting
in slot; 6- thumbtacks (drawing pins) on picture.
160 Turolla de Souza RC, Ciasca SM, Moura-Ribeiro MVL, Zanardi VA Rev. bras. fisioter.
2
Group Variable N Mean SD p-value*
4 5
7
6 Correlation between fine motor function
and sensory function
Figure 3. Sensitivity evaluation kit: 1- blindfold; 2- material for
evaluating stereognosis: matchbox, key, screw, paper clips, coin and
3
small ball; 3- different cups for temperature test; 4- sharp-pointed object;
2.5
5- brush; 6- pins; 7- gapped object (prongs).
2
SF 1.5
1
6 days to 42 weeks), while four (18%) were premature with
0.5
gestation of more than 34 weeks and six (26%) were 0
premature with gestation of less than 34 weeks. The 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
hemiparetic cerebral palsy patients with gestation less than
34 weeks presented the best performance for fine motor FMF
function, which was significantly different from the others Correlation between FMF and SF (r=0.57382; p=0.0042).
(p = 0.0014; Kruskal-Wallis test).
With regard to the extent of the lesion, eight patients Figure 4. shows that there was a statistically significant correlation
(35%) presented lesions larger than 10 mm, six (26%) between fine motor function and sensory function (r = 0.57382), using
presented two encephalic structures greater than 10 mm, Spearman’s linear correlation.
four (17.5%) presented bilateral injury, four (17.5%)
presented a structure of less than 10 mm, and one was normal
(4%). The hemispheric location involved the subcortical area The fine motor function performance among hemiparetic
in ten patients (43.5%), the cortical and subcortical areas cerebral palsy patients with a lesion in only one brain structure
in nine (39%), and the cortical and/or subcortical areas on was better than among those with lesions in two structures
both hemispheres in three (13.5%), while one case was larger than 10 mm (p = 0.0275; Kruskal-Wallis test).
normal (4%). Lesions in only one lobe were not observed. In correlating the fine motor function and sensory
Significant abnormalities were found on neurological imaging function results with lesion location in the hemisphere, the
of 22 hemiparetic cerebral palsy patients. One of these patients patients with lesion in the cortical and subcortical areas on
showed a normal computed tomography scan (CT) and MRI, one side or both sides presented worse results than those
while presenting a clinical pattern of slight spastic hemiparesis. with lesions only in subcortical areas, for both functions
The diagnosis revealed periventricular leukomalacia (PVL) (respectively, p = 0.0200 and p = 0.0141; Mann-Whitney
in nine children (39 %), cerebrovascular accident (CVA) in test) (Figure 4).
six children (26%) and other categories of hemiparesis in
seven children (31%), while there was one normal case (4%). DISCUSSION
FMF analysis for the two groups gave a mean of 2.02
In this study, the right side was affected in 64% of the
for G1 and 2.72 for G2. The statistical difference in
patients. Right-side hemiparesis is often found, according
performance between G1 and G2 was significant (p<0.0001)
to the literature. Several studies have shown that males are
and showed that the hemiparetic cerebral palsy patients had
more affected but, contrary to the prevailing data in the
worse performance. Sensory function in G1 presented a mean
literature16,17, the present study showed that females were
of 2.81 and G2 presented 3.00. Comparing the performance
more affected. Prenatal and perinatal etiology was found in
of the two groups, the hemiparetic cerebral palsy patients
45% of the patients, while the etiology was perinatal in 32%,
presented worse results (p<0.0001) (Table 2).
Vol. 10 No. 2, 2006 Hemiparetic Cerebral Palsy 161
prenatal in 9% and undetermined in 14%. Piovesana et al.9 Overall, this study achieved its aim of correlating brain
evaluated 175 children and found prenatal etiology in 23%, lesions with neurological motor dysfunctions. The knowledge
perinatal in 18% and undetermined in 5%. that specific brain lesions correlate with specific functions
Two common findings in this study were PVL (45%) in hemiparetic cerebral palsy cases is significant, since sensory
and CVA (27%). The brain pathology types and their relative malfunction needs to be identified and understood in order
frequencies were similar to those found in other hemiparetic to provide better routine training and special care for such
cerebral palsy studies19,18,16,12. In addition, bilateral lesion was children.
found in three out of the 23 patients. This was also reported
by Steinlen et al.9 (8/33 patients) and Niemann et al.10 (8/ 41 Acknowledgments: We wish to acknowledge the assistance provided
patients). by staff within the Children and Adolescent Integration and Development
Program of UNICAMP; the Research and Statistics Committee of the
PVL consists of necrosis of the white matter. It has School of Medical Sciences, UNICAMP; the parents and children who took
characteristic distribution: the dorsal and lateral white matter part in these evaluations and enabled the development of this study; and
surrounds the semi-oval centers of the optic and acoustic especially Professor Dr. Ana Maria Sedrez Gonzaga Piovesana (in
memoriam), who stimulated us to do this work.
radiating centers, toward the external angle of the lateral
ventricle. PVL presents different pathological factors, but
these consist mainly of periventricular focal necrosis and
diffuse lesions in the white matter. Focal necrosis occurs REFERENCES
mainly in the distribution zone where arteries penetrate. The
fibers of the cortical spinal tract that descend to the lower
1. Kuban KCK, Leviton A. Cerebral palsy. N Engl J Med. 1994 Jan
limbs are affected more than the fibers that go to the upper
20; 330(3): 188-95
limbs and face19. This may explain why the best FMF
2. Hagberg B, Hagberg G, Olow I, Von Wendt L. The changing pan-
performance was obtained from patients with subcortical
orama of cerebral palsy in Sweden. VII. Prevalence and origin
injuries. in the birth year period 1987-90. Acta Paediatr Scand 1996
A correlation between FMF and SF performance was August 85(8): 954-60.
found. This finding concords with those from the studies 3. Thickroom GW, Byrnes ML, Archer SA, Nagarajan L, Mastaglia
by Uvebrant17 and Piovesana15. These authors mentioned that FL. Differences in sensory and motor cortical organization
hemiparetic cerebral palsy cases frequently present following brain injury early in life. Ann Neurol 2001 Mar;
disturbances in stereognosis sensitivity that impairs motor 49(3): 320-7.
function. They also reported that children with congenital 4. Rotta NT. Paralisia cerebral, novas perspectivas terapêuticas.
hemiplegia born at full term are more acutely affected than J Pediatr 2002 Jul; 78 (1): 548-54.
those born prematurely. 5. Pierce SR, Daly K, Gallagher KG, Gershkoff AM, Schaumburg
Boyce et al.20 reviewed the figures and features of tools SW. Constraint-induced therapy for a child with hemiplegic
for movement evaluation in cerebral palsy cases. In fact, no cerebral palsy: a case report. Arch Phys Med Rehabil 2002 Oct;
tool is sensitive enough for measuring the performance of 83(10): 1462-3.
such children. Nevertheless, the present case series could 6. Shumway-Cook A, Woollacott MH. 2001. Motor Control (sec-
establish a pattern for FMF deficits presented by hemiparetic tion 1). Lippincott Williams & Wilkins, 2nd ed, Philadelphia,
cerebral palsy, through using such tools. USA.
The present study gives valuable information on 7. Iwabe C, Piovesana AMSG. Estudo comparativo do tono mus-
correlations between FMF, SF and neurological imaging, for cular na paralisia cerebral tetraparética em crianças com lesões
predominantemente corticais ou subcorticais na tomografia
hemiparetic cerebral palsy cases. The tests applied showed
computadorizada de crânio. Arq Neuropsiquiatr 2003 Sep;
correlations between neurological integrity and the types of 61(3A): 617-20.
neurological lesions. Such correlations are important for
8. Piovesana AMSG, Moura-Ribeiro MVL, Zanardi. VA, Gonçalves,
obtaining more accurate prognoses. It is essential to provide VMG. Hemiparetic cerebral palsy: etiological risk factors and
neurological training for professionals involved in caring for neuroimaging. Arq Neuropsiquiatr 2001 Mar; 59(1): 29-34.
such cases, with regard to the relationship between brain
9. Steinlin M, Good M, Martain E, Bnziger O, Largo RH,
lesions and functional losses. Only in this way will it be Boltshauser E. Congenital hemiplegia: morphology of cerebral
possible to establish programs for assisting such patients. lesions and pathogenetic aspects from MRI. Neuropediatrics.
1993 Aug; 24(4): 224-9.
CONCLUSION 10. Niemann G, Krageloh-Mann I, Grodd W, Michaelis R. Congeni-
tal hemiparesis and periventricular leukomalacia: pathogenic as-
The results from this study suggest that there is a close pects on magnetic resonance imaging. Dev Med Child Neurol
relationship between impaired fine motor function and cortical 1994 Nov; 36(11): 943-50.
lesions. Neurological imaging was essential for establishing
correlations between lesion extent and fine motor function.
162 Turolla de Souza RC, Ciasca SM, Moura-Ribeiro MVL, Zanardi VA Rev. bras. fisioter.
11. Humphreys P, Whiting S, Pham B. Hemiparetic cerebral palsy: 16. Goutiéres F, Challamel MJ, Aicardi JE, Gilly R. Congenital
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ISSN101809-9246
No. 2, 2006 Resposta Cardiorrespiratória ao Exercício em Degrau e Rampa 163
Rev. bras. fisioter. Vol. 10, No. 2 (2006), 163-169
©Revista Brasileira de Fisioterapia
RESUMO
Objetivo: Aplicar diferentes metodologias de análise aos dados dos testes contínuo em rampa (TCR) e descontínuo em degrau
(TDD) e comparar as respostas das variáveis cardiorrespiratórias. Métodos: 8 homens realizaram teste ergoespirométrico em
bicicleta: TCR com incremento de 20 a 25W.min-1 e TDD em degraus de 15min cada baseado no limiar de anaerobiose ventilatório
(LAV) do TCR, sendo degrau 1 (70%LAV), degrau 2 (100%LAV) e degrau 3 (130%LAV). O LAV foi determinado pela perda do
paralelismo entre consumo de oxigênio ( O2) e produção de dióxido de carbono ( CO2). A freqüência cardíaca (FC bpm), CO2,
O2, (ml.min-1), O2, (ml.kg-1.min-1), ventilação ( E L.min-1) do TCR foram analisadas em médias móveis de 8 ciclos respiratórios,
respiração-a-respiração e pela regressão linear. No TDD, a média foi aplicada do 3o ao 15omin dos degraus. Na análise estatística
foram utilizados o teste de Kolmogorov-Smirnov, ANOVA, post hoc de Tukey-Kramer e regressão linear, p<0,05. Resultados:
No pico do exercício houve diferença estatisticamente significante entre respiração-a-respiração e demais metodologias. Na
comparação de protocolos: O2, CO2, E foram similares entre LAV e degrau 1 (p>0,05), porém O2 relativo foi diferente (p<0,05)
entre LAV e todos os degraus; a FC mostrou diferença (p<0,05) entre LAV e degrau 3, e na análise entre os três degraus houve
diferença (p<0,05). Conclusão: Os resultados indicam que a regressão linear foi eficaz para estimar as variáveis cardiorrespiratórias.
Em relação aos protocolos, verificou-se que para a obtenção no TDD de valores cardiorrespiratórios similares ao LAV do TCR
foi necessário diminuir a potência em 30%.
Palavras-chave: limiar de anaerobiose ventilatório, exercício físico, teste em degrau, teste em rampa, freqüência cardíaca.
ABSTRACT
Comparison of Cardiorespiratory Responses Between Constant and Incremental Load Exercises Below,
Above and at the Ventilatory Anaerobic Threshold
Objective: To apply different analytical methodologies to data from continuous ramp tests (CRT) and discontinuous step tests
(DST), and compare responses from cardiorespiratory parameters. Method: Eight men performed spirometric tests on an
electrically braked cycle ergometer: CRT increasing from 20 to 25 W.min-1 and DST in 15-min steps, each based on the ventilatory
anaerobic threshold (VAT) for CRT. Step 1 was 70% VAT; step 2, 100% VAT; and step 3, 130% VAT. VAT was determined as loss
of parallelism between O2 uptake ( O2) and CO2 output ( CO2). Heart rate (HR, bpm), CO2, O2 (ml.min-1), O2 (ml.kg.min-1) and
ventilation ( E L.min-1) values for CRT were obtained as moving averages of eight breath-to-breath respiratory cycles, using
linear regression. For DST, means were applied from the third to fifteenth minute of the steps. Statistical comparisons utilized
the Kolmogorov-Smirnov test, ANOVA, post-hoc Tukey-Kramer test and linear regression, with significance limit of p<0.05.
Results: At peak exercise, there was a statistically significant difference between breath-to-breath and other methodologies.
Comparing protocols: O2, CO2 and E gave similar results for VAT and step 1 (p>0.05), but O2 was different between VAT
and all steps (p<0.05). HR was different between VAT and step 3 (p<0.05). There were significant differences between the three
164 Pithon KR, Martins LEB, Gallo Jr L, Catai AM, Silva E Rev. bras. fisioter.
steps (p<0.05). Conclusions: The results indicate that linear regression was effective for estimating cardiorespiratory parameters.
Regarding the protocols, it was found that, to obtain cardiorespiratory responses in DST that were similar to VAT from CRT, the
power had to be decreased by 30%.
Key words: ventilatory anaerobic threshold, physical exercise, discontinuous step test, continuous ramp test, heart rate.
Tabela 1. Percentuais dos níveis de potências em Watts (W) em relação ao limiar anaerobiose ventilatório (LAV) dos três testes descontínuos
em degraus realizados pelos voluntários (n=8).
1 56 80 104
2 80 114 148
3 78 112 146
4 62 89 116
5 70 100 130
6 85 122 159
7 74 105 137
8 72 103 134
MÉDIA 72,19 103,13 134,06
DP= desvio-padrão
166 Pithon KR, Martins LEB, Gallo Jr L, Catai AM, Silva E Rev. bras. fisioter.
valores de potência em Watts do teste descontínuo em em relação ao ponto em que foi identificado o LAV, totalizando
degraus. 21 valores também.
A análise em regressão linear foi comparada a médias
METODOLOGIA DE ANÁLISE móveis de 8 ciclos respiratórios e aos dados respiração-a-
respiração no maior valor encontrado no pico do exercício
Análise visual gráfica e no correspondente ao LAV.
O limiar de anaerobiose foi determinado pela análise
visual gráfica realizada por 3 pesquisadores do laboratório. Análise das variáveis cardiorrespiratórias no teste
Anteriormente a análise, os pesquisadores foram familiarizados descontínuo em degrau
com o sistema ergoespirométrico e com o software que Para a realização desta análise foram desprezados os
fornecia os gráficos dos dados das variáveis obtidas durante 5 min iniciais do teste, que correspondia ao aquecimento e
os protocolos experimentais. Os critérios para determinação o início do degrau. Então, foi analisado o trecho do 3o ao 15o
visual gráfica do limiar de anaerobiose ventilatório, assim min do degrau, desse intervalo de 12 min foi calculado a média.
como o padrão de qualidade aceito nos experimentos foram
discutidos e uniformizados para os 3 observadores. ANÁLISE ESTATÍSTICA
Na análise qualitativa, foi levada em consideração a
manutenção da cadência da bicicleta, bem como a presença O teste não paramétrico de Kolmogorov-Smirnov foi
ou não de artefatos que viessem a prejudicar a identificação usado para determinar a distribuição de normalidade das
do LAV. Para a determinação do LAV, foi selecionado o variáveis. A hipótese de normalidade foi aceita para todos os
intervalo da rampa no qual se observou o início da resposta valores. Como todas as variáveis mostraram uma distribuição
das variáveis ao incremento de potência até o ponto de normal, a análise de variância para medidas repetidas (ANOVA)
compensação respiratório, (aumento desproporcional da foi usada para comparar os valores obtidos nos dois protocolos
ventilação em relação à produção de dióxido de carbono) ou de exercício avaliados com post-hoc de Tukey-Kramer. Foi
até o final do exercício, caso não fosse identificado este ponto. considerado nível de significância de 5%.
Assim, o LAV foi determinado pela perda de paralelismo entre
o O2 e CO2 desse intervalo. Esse critério coincide com RESULTADOS
o ponto de inflexão no qual se observa o incremento
desproporcional do CO2 ao O2, pelo método do V-slope4. Os valores das variáveis ventilatórias obtidos a partir
Os valores encontrados pelos 3 observadores foram das análises respiração-a-respiração, médias móveis de 8 ciclos
então confrontados e caso houvesse concordância entre eles respiratórios e pelo ajuste de regressão linear no pico e no
foram aceitos como o limiar de anaerobiose ventilatório. Caso LAV do teste contínuo em rampa para o grupo estudado (n=8)
não fossem concordantes, mas houvesse uma variação de estão sumarizados na tabela 2. Verifica-se que as variáveis
até 1 min nos tempos encontrados seria feita a média desses cardiorrespiratórias, no LAV, não apresentaram diferenças
valores. Se o intervalo de tempo fosse maior que 1 min, um estatisticamente significantes entre as 3 metodologias
quarto observador seria chamado para compor o grupo, o estudadas. No entanto, no pico do exercício, as respostas
que não foi necessário em nenhum dos casos analisados. Esse cardiorrespiratórias apresentaram diferenças estatisticamente
critério foi utilizado para análise dos valores absolutos significantes entre os valores encontrados respiração-a-
respiração-a-respiração e para os valores em médias móveis respiração com os outros 2 métodos. No presente estudo,
de 8 ciclos respiratórios. os valores encontrados a partir do ajuste de regressão linear
ao conjunto de dados das variáveis cardiorrespiratórias do
Análise da regressão linear das variáveis cardiorrespi- teste contínuo em rampa foram usados para comparação com
ratórias os dados do teste em degrau.
Para minimizar os efeitos das flutuações respiração-a- Ainda em relação ao pico do exercício, os voluntários
respiração aos dados cardiorrespiratórios do teste contínuo atingiram a potência de 267,5 ± 33,56 W, a freqüência
em rampa, foi aplicado um modelo de ajuste linear, rotina cardíaca foi submáxima de 179 ± 11 bpm, baseado na
de análise desenvolvida no software S-plus (versão 2000 freqüência cardíaca máxima preconizada por Karvonen et
Professional Release 1)18, que possibilitou a obtenção de al.17 (220 - idade) que seria de 197 ± 2 bpm e O2 relativo
valores referentes a uma região de análise e não somente um de 37,43 ± 4,11 ml.kg.min-1 considerado como capacidade
único ponto. funcional razoável segundo American Heart Association19.
Para a análise dos dados respiração-a-respiração no pico As respostas do O2 relativo (ml.kg.-1min-1), O2 e CO2
de exercício, foram utilizados os 21 últimos valores, ou seja, (ml.min -1), E (L.min-1) e freqüência cardíaca (bpm)
foi levado em consideração o valor pico mais os 20 valores mensuradas no LAV, analisados através da regressão linear,
que o antecederam. Já para os dados no LAV foram con- e no teste descontínuo em degrau em intensidades próximas
siderados os 10 valores anteriores e os 10 valores posteriores ao LAV, estão apresentados na tabela 3. Observa-se que
Vol. 10 No. 2, 2006 Resposta Cardiorrespiratória ao Exercício em Degrau e Rampa 167
Tabela 2. Valores de O2 e CO2 (ml.min-1), O2 relativo (ml.kg.min-1) e Epico (L.min -1) obtidos no pico do teste contínuo em rampa e no
limiar de anaerobiose ventilatório (LAV), analisados em respiração-a-respiração, médias móveis de 8 ciclos respiratórios e pelo ajuste da regressão
linear.
RESPIRATÓRIOS
PICO DO EXERCÍCIO
-1
O2 pico (ml.min ) 3.401,75 ± 407,54 3.031,25 ± 400,06* 2.977 ± 424,84*
-1
O2 relativo pico (ml.kg.min ) 42,75 ± 5,28 38,12 ± 3,87* 37,43 ± 4,11*
CO2 pico (ml.min-1 ) 4.002,75 ± 405,2 3.667 ± 400,62* 3.619,64 ± 454,3*
-1
E pico (L.min ) 119,07 ± 12,82 108,8 ± 9,97* 105,77 ± 11,32*
LAV
o O2, CO2, e E e freqüência cardíaca não apresentaram o erro nas medidas das variáveis cardiorrespiratórias devido
diferenças estatisticamente significantes entre o LAV e o a esse “ruído”. Se fosse analisado apenas o valor de uma
degrau 1, no entanto, a freqüência cardíaca também não respiração, seria maior a possibilidade de erro, que influenciaria
apresentou diferença estatisticamente significante entre o LAV no resultado do estudo. Assim, os resultados deste estudo
e o degrau 2. Verifica-se ainda que o O2 relativo apresentou mostraram que o aumento da variação inspiração/expiração
diferença estatisticamente significante entre todas as situações no pico do exercício pode ser minimizado.
estudadas. No que se refere às análises entre as variáveis Utilizar recursos como a análise de uma região de pontos
obtidas nos 3 testes descontínuos em degrau observa-se no pico do exercício ou próximo ao ponto de inflexão dos
diferenças estatisticamente significantes entre todas elas. gases, num teste contínuo em rampa favorece a obtenção
de valores de O2, CO2 , E e freqüência cardíaca mais
DISCUSSÃO próximos da condição fisiológica. Como um dos objetivos
foi a comparação das respostas cardiorrespiratórias do teste
Há estudos que tentam classificar a população quanto incremental com as do degrau, a seleção de 21 pontos para
a sua capacidade aeróbia19,20 outros equiparar protocolos5, a análise do teste contínuo em rampa possibilitou maior
porém a utilização de parâmetros diferentes torna difícil a acurácia dos resultados.
comparação entre eles. Então, surge a necessidade de Pela análise do O2 respiração-a-respiração, no pico do
desenvolver metodologias que possam facilitar esse tipo de exercício, os resultados foram semelhantes a trabalhos da
análise. literatura 42,77; 43,7013 e 40,1321 ml.kg-1.min-1. Já pela análise
Nesse estudo foi proposta a utilização de regressão linear das médias móveis de 8 ciclos respiratórios e pela regressão
como ferramenta matemática para a obtenção dos valores linear, os resultados foram inferiores (38,12 e 37,43 ml.kg-
das variáveis cardiorrespiratórias, uma vez que a literatura 1
.min-1, respectivamente). Caso a confrontação desses
tem considerado tanto o O2 máximo ou pico, ou ainda o LAV resultados fosse realizada sem a identificação dos
apenas como um ponto4,21. procedimentos de análise poderia sugerir equiparações
Um fator que se tem observado é que a flutuação da equivocadas. Isto é, a capacidade aeróbia dos voluntários
respiração vem sendo reconhecida como um fenômeno poderia ser considerada como boa, caso fosse levado em
fisiológico14. As variações respiratórias justificariam a aplicação consideração os resultados da análise respiração-a-respiração,
do ajuste por regressão linear pela possibilidade de minimizar
168 Pithon KR, Martins LEB, Gallo Jr L, Catai AM, Silva E Rev. bras. fisioter.
Tabela 3. Variáveis cardiorrespiratórias em média ± DP do grupo estudado (n=8) durante o teste contínuo em rampa (TCR) no limiar de anaerobiose
ventilatório (LAV) e no teste descontínuo em degrau (TDD) nas intensidades pré-estabelecidas.
TCR TDD
O2 relativo
O2
-1
(ml.min ) 1.225,1 ± 144,70 1.150 ± 84,10 1.437,10 ± 173,8*† 1839 ± 216,7*†‡
CO2
FC
†
ANOVA, *p<0,05 em relação a LAV, p<0,05 em relação ao degrau 1, ‡ p<0,05 em relação ao degrau 2.
já pela análise do ajuste de regressão linear eles seriam foi 25% maior no teste contínuo em rampa em relação ao
classificados como razoáveis. teste descontínuo em degrau. Em trabalhos realizados
No que se refere à estimativa do LAV a partir das 3 anteriormente por Kaizer et al.22foram encontrados valores
metodologias de análises, os resultados do presente estudo de potência 20 a 25% inferiores aos testes descontínuos em
foram similares, mostrando que as flutuações da respiração degrau em relação ao teste em rampa para um O2 similar
na região do LAV não interferiram nos resultados. em homens jovens saudáveis. Já Sirol et al.23 verificaram que
Usualmente, a estimativa do LAV tem sido feita a partir homens de meia-idade saudáveis atingiram valores de potência
da análise das variáveis cardiorrespiratórias em teste contínuo de 15% a 20% inferiores no teste descontínuo em degrau
em rampa devido ao menor tempo de teste e em relação ao teste em rampa, para freqüência cardíaca
conseqüentemente de estresse físico. O problema essencial similar.
é definir qual parâmetro medido durante um teste contínuo Um outro fator que deve ser levado em consideração
em rampa pode fornecer valores que correspondam a um ao avaliar a resposta da freqüência cardíaca no teste
teste descontínuo em degrau e otimize a prescrição de descontínuo em degrau foi a similaridade de sua resposta
atividade física. durante os testes do degrau 1 e 2 em relação ao teste em
No presente trabalho o achado mais importante foi o rampa no nível do LAV. Esse resultado deve ser considerado
resultado da comparação das variáveis cardiorrespiratórias ao prescrever a atividade física tendo em vista que as variações
entre o teste contínuo em rampa e o teste descontínuo em do O2, CO2 e E foram similares somente em relação ao
degrau com a utilização de ferramentas matemáticas. Esses degrau 1, que corresponde a 30% abaixo da potência do LAV
resultados são concordantes com Zebalos et al.13, que do teste em rampa. Assim, se o treinamento físico aeróbio
avaliaram indivíduos saudáveis e doentes, e verificaram que for baseado apenas na resposta da freqüência cardíaca o
as respostas cardiorrespiratórias similares ao LAV do teste mesmo estaria sendo realizado em nível acima do LAV para
em rampa ocorrem em torno de 30% abaixo da potência no as demais variáveis.
teste em degrau. Também utilizando protocolo similar, Diante do exposto, verifica-se que é necessário fazer
Matthews et al.12 reportam que ao pesquisar pacientes com os ajustes, na intensidade do exercício em relação as variáveis
doença pulmonar obstrutiva crônica e indivíduos saudáveis, ventilatórias e metabólicas para uma prescrição adequada,
quando comparada à mesma potência de trabalho, o O2 pois caso contrário pode ocorrer uma superestimação nos
Vol. 10 No. 2, 2006 Resposta Cardiorrespiratória ao Exercício em Degrau e Rampa 169
valores dessas variáveis e uma exigência de trabalho maior 10. Saunders MJ, Evans EM, Arngrimsson SA, Allison JD, Warren
dado às características específicas do protocolo de avaliação GL, Cureton KJ. Muscle activation and the slow component rise
in oxygen uptake during cycling. Med Sci Sports Exerc 2000;
e de treinamento, ou uma subestimação da capacidade aeróbia
32(12):2040-5.
do indivíduo.
11. Haouzi P, Fukuba Y, Casaburi R, Stringer W, Wasserman K. O2
uptake kinetics above and below the lactic acidosis threshold
CONCLUSÃO during sinusoidal exercise. J Appl Physiol 1993; 75(4): 1683-90.
Os resultados do presente trabalho indicaram que a 12. Matthews JI, Bush BA, Ewald FW. Exercise responses during
incremental and high intensity and low intensity steady-state
regressão linear apresentou uma melhor acurácia na definição exercise in patients with obstrutive lung disease and normal
das variáveis cardiorrespiratórias, uma vez que essa control subjects. Chest 1989; 96(1): 11-17.
metodologia reduz o erro de medidas referentes às flutuações
13. Zeballos RJ, Weisman IM, Connery SM. Comparison of pul-
fisiológicas da respiração. monary gas exchange measurements between incremental and
Em relação à comparação do teste contínuo em rampa constant work exercise above the anaerobic threshold. Chest
e teste descontínuo em degrau observou-se que para alcançar 1998; 113(3): 602-11.
valores similares de O2, CO2, E e freqüência cardíaca 14. Kelly GE, Thin A, Daly L, McLoughlin P. Estimation of the gas
foi necessário uma redução em 30% na potência de trabalho. exchange threshold in humans: a time series approach. Eur J
Sugere-se, portanto, a adequação dos protocolos de Appl Physiol 2001; 85(6): 586-92.
treinamento do tipo degrau com redução da potência em 30% 15. Potter CR, Childs DJ, Houngton W, Armstrong N. Breath-to-
para se obter uma zona de trabalho em torno do LAV. breath “noise” in the ventilatory and gas exchange responses of
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No. 2, 2006 Hemartroses e Alterações Funcionais em Crianças Hemofílicas 171
Rev. bras. fisioter. Vol. 10, No. 2 (2006), 171-176
©Revista Brasileira de Fisioterapia
RESUMO
Introdução: A sinovite na hemofilia pode induzir às alterações nos receptores sensitivos e proprioceptivos articulares. Tal efeito
favorece a redução de estabilidade e um desalinhamento corporal, podendo comprometer a funcionalidade das crianças
acometidas. Objetivo: Avaliar o alinhamento postural dos membros inferiores e o desempenho funcional de crianças hemofílicas,
relacionando-os com a incidência de hemartroses. Método: Foi avaliado um grupo experimental (GE) de 28 crianças hemofílicas
e um grupo controle (GC) de 20 crianças sem hemofilia. O GE foi dividido de acordo com o grau de comprometimento articular:
16 crianças no grupo sem sinovite crônica (GSS) e 12 no grupo com sinovite crônica (GCS). Cada grupo foi subdividido por faixa
etária: 3-4 anos, 5-6 anos, 7 anos. A avaliação consistiu da análise do alinhamento dos ângulos do joelho e do tornozelo através
do programa Geometer Sketchpad. O desempenho das atividades funcionais foi avaliado através de testes modificados a partir
do Exame Neurológico Evolutivo de Lefévre. Resultados: Foi constatado que a média dos sangramentos dos hemofílicos aumenta
com a idade (p< 0,001) e parece ser relacionada com o grau de comprometimento articular (GCS>GSS), (p< 0,059); o ângulo do
joelho do GCS tende a um menor valor (semiflexão) quando comparado aos outros grupos; e há diferença significativa no
percentual de desempenho nos testes entre grupos na faixa etária de 7 anos (GSS>GC e GSS>GCS), (p< 0,087). Discussão e
Conclusão: Crianças hemofílicas de 7 anos apresentaram menor desempenho funcional quando comparadas aos outros grupos.
Este resultado ressalta a importância da fisioterapia precoce associada à terapêutica médica para evitar comprometimentos
articulares severos.
Palavras-chave: fisioterapia, criança, hemofilia, alinhamento postural, hemartrose.
ABSTRACT
Evaluation of Postural Alignment and Performance in Functional Activities Among Hemophilic
Children Under 7 Years Old With and Without Chronic Synovitis: Correlation With Hemarthrosis
Incidence
Introduction: Synovitis associated with hemophilia may induce abnormalities in the proprioceptive and sensory receptors of
joints. This favors decreased stability and body misalignment and may compromise the functional abilities of children affected
by this condition. Objective: To assess the lower limb postural alignment and functional performance of hemophilic children,
and correlate this with the incidence of hemarthrosis. Method: An experimental group of 28 hemophilic children and a control
group (CG) of 20 children without hemophilia were evaluated. The experimental group was divided according to the degree of
joint involvement: 16 children without chronic synovitis (NCS) and 12 with chronic synovitis (CS). Each group was subdivided
according to age groups: 3-4, 5-6 and 7 years old. The knee and ankle angle alignments were analyzed using the Geometer
Sketchpad program. The children’s performance in functional activities was evaluated using tests adapted from the Lefèvre
evolutive neurological examination. Results: In the experimental group, mean bleeding increased with age (p< 0.001) and seemed
to be related to the degree of joint involvement (CS>NCS) (p< 0.059). In CS, the knee angle tended towards smaller values (semi-
172 Galante GA, Azevedo CSA, Mello M, Tanaka C, D’Amico EA Rev. bras. fisioter.
flexion), in comparison with other groups. There were significant differences in test performance among the seven-year-old groups
(NSC>CG and NSC>CS) (p< 0.087). Discussion and Conclusion: The seven-year-old hemophilic children presented lower func-
tional performance than did the other groups. This result emphasizes the importance of early physical therapy together with
medical treatment, in order to avoid severe joint involvement.
Key words: physical therapy, children, hemophilia, postural alignment, hemarthrosis.
2) Avaliação postural através de fotografias das crianças as necessidades dessa pesquisa, utilizamos dados do estudo
em ortostatismo, vestindo trajes de banho na vista lateral, piloto para padronização da aplicação dos testes funcionais
baseado no trabalho de Takahashi et al.16. No GC, a vista lateral e determinação dos escores dados a cada um desses, de
direita foi escolhida como padrão. No GE a vista lateral foi acordo com seu grau de dificuldade, sem validação prévia.
escolhida de acordo com o hemicorpo mais acometido pelas
hemartroses. Foram fixadas etiquetas adesivas na cabeça do Análise estatística
5° metatarso, maléolo lateral, cabeça da fíbula, trocanter maior Devido ao grau de dificuldade variável dos itens avaliados
do fêmur, espinhas ilíacas ântero-superiores (EIAS) e espinhas em cada faixa etária, foram atribuídos percentuais maiores
ilíacas póstero-superiores (EIPS), possibilitando assim a para os testes mais difíceis, baseados na observação do
análise da angulação tibiotársica e das articulações do joelho avaliador. A partir destes dados foi elaborada uma tabela de
e do quadril. Para tanto, foi utilizado o programa de escores baseada em porcentagens específicas para cada teste
computador Geometer’s Sketchpad. avaliado. Os testes funcionais foram analisados através de
3 - 4 ANOS
3) Avaliação funcional foi baseada no Exame teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis, com cálculo das
Neurológico Evolutivo de Lefèvre17, sendo realizados no médias e desvio-padrão; nas medidas das angulações articulares
máximo 7 testes funcionais (Tabela 1) para cada faixa etária. utilizou-se análise de variância, sendo considerado para todos
Para avaliação do desempenho das crianças na execução destes os dados o nível de significância p< 0,1018-20.
testes, foram considerados aspectos como a compreensão O valor de p igual a 0,10 foi estabelecido desde o inicio
da tarefa a ser realizada, a atenção durante sua execução do plano de amostragem no cálculo do tamanho da amostra,
(cognitivo), a coordenação motora e o equilíbrio estático e apesar de possível interferência na validade dos resultados
dinâmico. Como não foi encontrada na literatura científica encontrados. Este parâmetro se fez necessário devido a
nenhuma escala de avaliação já validada que pudesse satisfazer fatores restritivos do plano de amostragem que não poderiam
174 Galante GA, Azevedo CSA, Mello M, Tanaka C, D’Amico EA Rev. bras. fisioter.
ser alterados: número reduzido de crianças hemofílicas na A incidência de hemartroses também foi maior no GCS se
faixa etária selecionada, critérios de exclusão da seleção, comparado com o GSS demonstrando que a sinovite crônica
tempo disponível e custo da coleta. predispõe os novos sangramentos, tornando o ciclo vicioso
descrito acima mais intenso e freqüente6,9.
RESULTADOS Há um grande risco de uma sinovite crônica evoluir para
uma artropatia hemofílica. Desta forma, o tratamento médico
e fisioterapêutico profilático são de extrema importância na
Em relação à incidência de hemartroses observou-se interrupção deste processo. Apesar de não ter sido o objetivo
diferença estatisticamente significante entre as crianças do estudo, foi constatado durante a análise dos prontuários
hemofílicas participantes do GSS e do GCS (p< 0,001) das crianças hemofílicas, um menor número de episódios
(Tabela 2), entre as faixas etárias (p< 0,001) e uma interação de hemartroses no período em que estavam em acompanha-
entre grupos e faixa etária (p< 0,059) (Tabela 2). O GCS mento fisioterapêutico, quando comparado com períodos
apresentou maior número de sangramentos que o GSS, sem essa abordagem. Isso sugere que o tratamento fisio-
especialmente na faixa etária de 7 anos. Também foi terapêutico pode ter uma interferência positiva na redução
constatado que, com o aumento da idade, a média de da freqüência das hemartroses desses pacientes, sendo
hemartroses torna-se maior. necessários estudos mais específicos sobre o assunto para
Em relação à avaliação postural, constatou-se uma tal afirmativa.
diferença limítrofe na medida do ângulo tibiotársico somente
Tabela 2. Média das idades (Desvio-Padrão) em meses das crianças participantes da pesquisa (n=48) e média de hemartroses em relação aos grupos.
GRUPOS 30-54 MESES (3-4 ANOS) 54-78 MESES (5-6 ANOS) 78-90 MESES (7 ANOS) MÉDIA DE HEMARTROSES
GC, grupo controle; GSS, grupo sem sinovite crônica; GCS, grupo com sinovite crônica.
entre as idades (p< 0,095) (Figura 1). Foi vista uma diminuição Na avaliação postural, observamos que o GCS apre-
do ângulo tibiotársico com o aumento da faixa etária, sem sentou um maior desvio do ângulo do joelho se comparado
relação direta com os grupos específicos (GC, GSS e GCS). com o GSS. Este achado sugere que a maior incidência de
Evidenciou-se uma diferença significante do desvio do hemartroses nos joelhos pode estar correlacionada com essa
ângulo do joelho entre os grupos GSS e GCS (p< 0,019), alteração postural, já que um posicionamento em semiflexão
tendo o GCS o maior desvio, representando uma maior dessa articulação e um conseqüente desalinhamento dos
semiflexão de joelhos (Figura 2). côndilos femurais/tibiais podem favorecer a uma maior
Em relação ao desempenho funcional relacionamos a sobrecarga articular. O desvio do ângulo tibiotársico apresentou
porcentagem de desempenho nos testes funcionais com os uma diferença limítrofe somente entre faixas etárias, não sendo
grupos e a faixa etária, tendo sido observado uma diferença correlacionado com nenhuma outra informação obtida no
estatisticamente significante entre os grupos da faixa etária estudo.
de 7 anos (p< 0,087) sendo que o GSS apresentou um melhor Apesar de não ter sido evidenciado claramente na
desempenho quando comparado ao GCS (Figura 3). avaliação postural através de fotografias, algumas crianças
sem hemofilia também apresentavam semiflexão de joelhos,
DISCUSSÃO observada durante a avaliação clínica. Porém, esse
posicionamento dos joelhos foi mais discreto e de forma
simétrica entre membros inferiores, em comparação com
Foi observado que a incidência de hemartroses aumenta as crianças hemofílicas que apresentaram tendência para
proporcionalmente com o aumento da faixa etária. Este achado assimetria. Este achado sugere a existência de diferenças
sugere que a intensificação das atividades escolares e posturais sutis entre os grupos e faixas etárias que não foram
esportivas favorece o aumento da ocorrência de sangramentos claramente evidenciadas com o método utilizado.
traumáticos, gerando desequilíbrios articulares que predispõem Cabe ressaltar que os resultados acima descritos não
a novos sangramentos, em um ciclo vicioso de alteração. são conclusivos, pois além de terem uma significância
Vol. 10 No. 2, 2006 Hemartroses e Alterações Funcionais em Crianças Hemofílicas 175
estatística fraca, o método utilizado para avaliação dos ângulos análise da incidência de sangramentos, será importante que
do joelho e tibiotársico não foi submetido a procedimentos os sangramentos musculares sejam considerados, pois estes
de confiabilidade previamente a sua aplicação, o que minimiza também podem interferir no desempenho dos testes funcionais.
sua valiabilidade. Nos questionários realizados antes dos testes funcionais
A maior incidência de hemartroses no GCS pode foram relatadas informações contraditórias da mãe em relação
explicar o pior desempenho deste grupo nos testes funcionais, aos prontuários médicos. Observamos uma tendência das
quando comparado ao GSS. As hemartroses recorrentes mães em desvalorizar os episódios de sangramentos
predispõem à alteração articular e proprioceptiva com evidenciando uma falta de informação em relação à patologia.
conseqüente piora da funcionalidade. Também foi constatada O adiamento ou a falta de seguimento no tratamento médico
a piora do desempenho nos testes funcionais conforme o e fisioterapêutico aumenta a possibilidade de evolução para
aumento da idade das crianças hemofílicas. Esta situação é seqüelas articulares, comprometendo o desenvolvimento
preocupante, uma vez que estas são crianças muito jovens saudável das crianças hemofílicas, maior meta dos centros
para apresentarem distúrbios funcionais. Em uma próxima de hemofilia.
176 Galante GA, Azevedo CSA, Mello M, Tanaka C, D’Amico EA Rev. bras. fisioter.
Figura 3. Porcentagem de desempenho nos testes funcionais entre grupos e faixa etária.
CONCLUSÃO 6. Roosendaal G, Vianen ME, van den Berg HM, Lafeber FP,
Bijlsma JW. Cartilage damage as a result of hemarthrosis in a
human in vitro model. J Rheumatol 1997; 24: 1350-4.
Mesmo considerando as limitações relacionadas à 7. Roosendaal G, Mauser-Bunschoten EP, De Kleijn P, Heijnen L,
confiabilidade da metodologia utilizada, os resultados deste Van den Berg HM, Van Rinsum AC, et al. Synovium in
estudo sugerem que as crianças hemofílicas aos 7 anos podem haemophilic artropathy. Haemophilia 1998; 4: 502-5.
apresentar um maior comprometimento articular que crianças 8. Arnold WD, Hilgartner MW. Hemophilic arthropathy: current
com idade inferior, com conseqüente prejuízo no seu concepts of pathogenesis and management. J Bone Joint Surg
desempenho funcional. Esse acometimento articular precoce Am 1977; 59: 287-305.
deve ser considerado na evolução cronológica da patologia, 9. Nuss R, Kilcoyne RF, Geraghty S, Shroyer AL, Rosky JW,
já que pode interferir negativamente na função em atividades Mawhinney S, et al. MRI findings in haemophilia joints treated
laborativas e cotidianas dos hemofílicos, no futuro. with radiosynoviorthesis with development of an MRI scale
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Agradecimentos: A “Unidade de Hemofilia Dr. Otávio Luis Gherardi” 10. Kendall FP, McCreary EK, Provance PG. Músculos: provas e
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No. 2, 2006 Confiabilidade da Escala de Fugl-Meyer no Brasil 177
Rev. bras. fisioter. Vol. 10, No. 2 (2006), 177-183
©Revista Brasileira de Fisioterapia
MAKI T 1, QUAGLIATO EMAB 2, CACHO EWA 3, PAZ LPS 4, NASCIMENTO NH 1, INOUE MMEA 5,
VIANA MA 2
1
Departamento de Fisioterapia, Universidade de Mogi das Cruzes, Mogi das Cruzes, SP
2
Setor Distúrbios do Movimento, Departamento de Neurologia, Hospital das Clínicas – Unicamp, Campinas, SP
3
Fisioterapia Aplicada a Neurologia, Unicamp, Campinas, SP
4
Fisioterapeuta
5
Departamento de Fisioterapia, Universidade São Francisco, Bragança Paulista, SP
Correspondência para: Tiaki Maki, Rua Padre Vieira, 970 Apto 44, CEP 13015-301, Campinas, SP,
e-mail: tiaki_maki@yahoo.com.br
Recebido: 04/02/2005 – Aceito: 03/08/2005
RESUMO
Objetivos: Os objetivos do estudo foram realizar uma versão brasileira da escala original de Fugl-Meyer e verificar a confiabilidade
da aplicação inter e intra-observador desta versão em pacientes crônicos pós AVC. Método: Participaram do estudo 50 pacientes
portadores de hemiparesia, os quais foram submetidos a duas avaliações (confiabilidade intra-observador), realizadas por três
fisioterapeutas (confiabilidade interobservador), procedentes de três centros de reabilitação. Resultados: Os resultados
demonstraram alta confiabilidade inter e intra-observador da EFM total (IC = 0,99 e 0,98; respectivamente), assim como para todas
as subescalas (interobservador IC = 0,99 a 0,94; intra-observador IC = 0,98 a 0,87). Conclusão: Conclui-se neste artigo que não
foi verificado conflitos de interpretação na versão brasileira da escala de Fugl-Meyer. Obtivemos alto índice de confiabilidade,
tanto intra como interobservador, permitindo assim seu uso como instrumento de avaliação clínica e de pesquisa no Brasil.
Palavras-chave: confiabilidade, escala de avaliação de Fugl-Meyer, AVC.
ABSTRACT
Reliability Study on the Application of the Fugl-Meyer Scale in Brazil
Objective: The aim of this study was to produce a Brazilian version of the original Fugl-Meyer Assessment Scale and to verify
the intrarater and interrater reliability in chronic post-stroke patients. Method: Fifty hemiparetic patients participated in this study.
The Fugl-Meyer assessment was applied to them twice (intrarater reliability) by three physiotherapists (interrater reliability),
from three rehabilitation centers. Results: The results showed that the whole Fugl-Meyer scale demonstrated high interrater
and intrarater reliability (intraclass correlation coefficient = 0.99 and 0.98, respectively), and high reliability for each subscale
(intraclass interrater = 0.99 to 0.94; intraclass intrarater = 0.98 to 0.87). Conclusion: It was concluded that the Brazilian Portuguese
version of the Fugl-Meyer Assessment Scale did not show any conflicts of interpretation. High intrarater and interrater reliability
rates were obtained, thereby allowing this version to be used as instrument for clinical evaluation and research in Brazil.
Key words: reliability, Fugl-Meyer assessment scale, stroke.
178 Maki T, Quagliato EMAB, Cacho EWA, Paz LPS, Nascimento NH, Inoue MMEA, et al. Rev. bras. fisioter.
conceitual18-20.. Uma banca examinadora, composta por um foi feita utilizando-se o Coeficiente de Correlação Intraclasses
médico neurologista e dois fisioterapeutas, aplicou a versão (IC). Foi calculada a confiabilidade inter (três avaliadores)
brasileira da escala em cinco pacientes para verificar se havia e intra-observador para a pontuação total da EFM e para a
entendimento dos itens da avaliação20. Após consenso entre escala desmembrada em nove subescalas: movimentação
estes profissionais, a versão final foi estabelecida. passiva, dor, sensibilidade exteroceptiva e proprioceptiva,
Desenvolveu-se, assim um manual de instruções da escala, função e coordenação/velocidade de membro inferior, equilíbrio
detalhando os procedimentos da avaliação e o modelo da escala e função e coordenação/velocidade de membro superior. Foram
com sua pontuação (Anexo 1). analisados, para o cálculo da confiabilidade interobservador,
os dados dos três avaliadores nos dois momentos da avaliação
TREINAMENTO DOS AVALIADORES (teste e reteste). Para verificar o nível de coeficiente de
correlação, adotou-se a seguinte pontuação: IC < 0,40 –
Antes de coletar os dados da escala para o teste de concordância fraca, IC < 0,75 – concordância moderada e
confiabilidade, três fisioterapeutas foram treinados por um IC > 0,75 alta concordância21.
examinador familiarizado com a escala há sete anos. O
treinamento consistiu de aula teórica do manual e treinamento RESULTADOS
prático com pacientes hemiparéticos pós-AVC, que não fizeram
parte do estudo. Durante o treinamento prático, os avaliadores Os coeficientes de correlação da confiabilidade
assistiram a um videoteipe do examinador experiente realizando interobservador analisados estão apresentados na Tabela 1.
o teste, e os mesmos pontuaram independentemente. As Tanto a confiabilidade interobservador da EFM total, como
pontuações foram comparadas entre os avaliadores, e as para todas as subescalas, nos dois momentos das avaliações
divergências foram discutidas com o treinador. Ainda durante (teste e reteste), demonstraram alta concordância (IC > 0,75),
a prática, cada avaliador em treinamento avaliou um paciente com IC de 0,99 para a EFM total. Com relação às subescalas,
e os outros dois pontuaram, independentemente, até que se houve uma variação de 0,94 para coordenação/velocidade
conseguisse 100% de concordância entre os examinadores. de membro inferior, a 0,99 para função de membro superior
O treinamento encerrou-se, quando os examinadores estavam e sensibilidade exteroceptiva.
inteiramente familiarizados com a aplicação dos testes e com Observando-se a confiabilidade intra-observador (Tabela
os procedimentos de pontuação e interpretação. 1) da EFM total dos três avaliadores, obteve-se uma forte
correlação para todos avaliadores (próximo a um). E, quando
Verificação da confiabilidade se verificaram as subescalas, observou-se, também, uma alta
Para obter a confiabilidade intra-observador, cada concordância para todos os itens e para os três avaliadores.
paciente passou por duas avaliações (1ª avaliação – teste, 2ª A função da extremidade superior foi a que obteve os maiores
avaliação - reteste), com os três avaliadores, em um intervalo índices de correlação teste-reteste para os três avaliadores
de dois dias entre as mensurações, haja vista que o intervalo (0,98 para todos). E os menores IC foram obtidos para as
sugerido entre o teste-reteste é de 1 a 3 dias para a maioria tarefas de dor (0,88, para avaliador 1), coordenação/velocidade
das medidas físicas17. Nenhuma mudança relevante no de membro inferior (0,90, para avaliador 2) e sensibilidade
comprometimento sensório-motor desses pacientes crônicos exteroceptiva (0,87, para avaliador 3).
foi esperada entre os intervalos das avaliações. Cada examinador
avaliou o mesmo paciente nos dois períodos de avaliação DISCUSSÃO
(teste e reteste).
A confiabilidade interobservador foi obtida através de O presente estudo analisou os dados de 50 pacientes
uma avaliação administrada por um dos avaliadores, o qual para se obter a confiabilidade interobservador e intra-
aplicava o teste, enquanto os outros dois observavam e observador da EFM, além de uma versão em português, já
pontuavam, independentemente, o desempenho do paciente que a maioria dos instrumentos utilizados para a avaliação
no momento, obtendo-se, assim, três avaliações para cada de pacientes é quase que exclusivamente encontrada na língua
indivíduo. Os examinadores não conversavam durante os inglesa, portanto existe a necessidade de traduzir para a nossa
testes, pois o coeficiente de confiabilidade interobservador língua, utilizando uma metodologia adequada, assegurando
poderia ser artificialmente inflado17. a utilização desta versão por outros profissionais.
Coletou-se o tempo de duração da avaliação de cada A EFM é considerada a mensuração preferida para
paciente. estudos, pois sua validade já foi estabelecida10. A escala obteve
aceitação internacional em razão de sua fácil aplicabilidade
Análise dos dados e apropriada mensuração da recuperação motora na reabilitação.
As medidas de concordância foram expressas em termos As instruções são relativamente diretas e simples e a avaliação
de coeficientes de correlação e a análise estatística dos dados não requer nenhum equipamento especial, em contraste com
outras escalas de avaliação3,13.
180 Maki T, Quagliato EMAB, Cacho EWA, Paz LPS, Nascimento NH, Inoue MMEA, et al. Rev. bras. fisioter.
Tabela 1. Coeficiente de correlação intraclasse (IC) interobservador para a EFM total e os 9 subitens da primeira (teste) e da segunda avaliação
(reteste), e IC intra-observador no teste-reteste para a EFM total e para as 9 subescalas dos três avaliadores.
Tarefas
Teste Re-teste Av. 1 Av. 2 Av. 3
Com relação à versão final da EFM, a banca examinadora moderadamente confiável em uma população de pacientes
não encontrou conflitos de interpretação durante a execução pós-AVC. Sanford et al.14 também observaram alta confi-
dos testes, obtendo-se assim uma escala de fácil compreensão. abilidade para a pontuação total (IC= 0,96) e nas subescalas
O manual de instruções da escala detalha os procedimentos da EFM (membro superior= 0,97; membro inferior= 0,92;
da avaliação, facilitando assim o aprendizado e uma ampla equilíbrio= 0,93; e amplitude de movimento= 0,85), com
aplicação desta avaliação por profissionais que trabalham com exceção da dor (IC= 0,61), durante os primeiros seis meses
pacientes pós AVC. Uma limitação do uso da EFM no Brasil de 12 pacientes pós-AVC.
está na necessidade de uma norma ou um manual de Confrontando os dados dos coeficientes de correlação
administração da escala, pois um estudo relata que isto levaria interobservador da primeira e da segunda avaliação (Tabela
a uma redução de erros durante a utilização deste 1), observa-se que os IC mantiveram ou aumentaram o valor
instrumento14, além disso, a aplicação deste deve ser feita na segunda avaliação. Esta melhor concordância pode ser
por um examinador treinado3. O treinamento dos avaliadores atribuída ao fato de que, na segunda avaliação, a experiência
não apresentou dificuldades com relação ao entendimento pode ter aumentado o desempenho dos avaliadores e os
da escala e do manual de instruções, demonstrando ser uma pacientes podem ter sido mais cooperativos22.
avaliação de fácil aprendizado. Uma alta concordância intra-observador foi igualmente
Os resultados demonstraram uma alta confiabilidade encontrada neste estudo, tanto para EFM total para todos
interobservador tanto para a EFM total (IC= 0,99), como os avaliadores, como para todas as subescalas. Os menores
para todas as subescalas. O menor coeficiente de correlação coeficientes de correlação foram encontrados para a dor,
entre os três observadores nas subescalas ocorreu para as coordenação/velocidade de membro inferior e sensibilidade
tarefas de coordenação/velocidade de membro inferior e su- exteroceptiva. Esses fatores podem ter sofrido interferência
perior (IC= 0,94 e 0,95, respectivamente). Esses achados da própria variação natural de um dia para outro, ou a
estão de acordo com diversos estudos de confiabilidade in- variação da interpretação de um observador com relação ao
terobservadores. Lin et al.15 estudaram 176 pacientes pós- paciente14. Em contrapartida, Lin et al.15, em estudo recente,
AVC, e obtiveram um alto coeficiente de correlação para a demonstraram com relação à sensibilidade um fraco a
pontuação total da EFM (IC= 0,93). Duncan et al.2 verifi- moderado índice de correlação (IC de 0,55 a 0,30), concluindo
caram um alto coeficiente de correlação interobservador em que a mensuração da função sensorial não suporta o uso desta
19 pacientes crônicos para as tarefas de desempenho motor avaliação na clínica de pacientes pós-AVC, sendo necessário
do membro superior e inferior, e concluíram que a EFM é estudos futuros para verificar as propriedades psicométricas
da EFM.
Vol. 10 No. 2, 2006 Confiabilidade da Escala de Fugl-Meyer no Brasil 181
Anexo 1
Escala de Avaliação de Fugl-Meyer em Português
TESTE PONTUAÇÃO
I. Movimentação passiva e dor: Mobilidade:
– ombro: flexão, abdução 90, rot. ext. e int. 0 – apenas alguns graus de movimento
– cotovelo, punho e dedos: flexão e extensão 1 – grau de mobilidade passiva diminuída
– antebraço: pronaç ão e supinaç ão 2 – grau de movimentação passiva normal
– quadril: flexão, abdução, rot. ext. e int.
– joelho: flexão e extensão Dor:
– tornozelo: dorsiflexão e flexão plantar 0 – dor pronuncia da durante todos os graus de movimento e dor marcante no final da
– pé: eversão e inversão amplitude
Pont. máx: (44 mobilidade) 1 – alguma dor
(44 dor) 2 – nenhuma dor
II. Sensibilidade: 0 – anestesia
– Exterocepção: membro superior, palma da 1 – hipoestesia/ disestesia
mão, coxa e sola do pé ( ) Pont. máx: (8) 2 – normal
– Propriocepção: ombro, cotovelo, punho, 0 – nenhuma resposta correta (ausência de sensação)
polegar, quadril, joelho, tornoze lo e há lux ( ) 1 – ¾ das respostas são corretas, mas há difer ença entre o lado não afeta do
Pont. máx: (16) 2 – todas as respostas são corretas
III. Função motora de membro supe rior 0 – sem atividade reflexa
1 – Motricidade reflexa: bíceps/ tríceps ( ) (2) 2 – atividade reflexa presente
2 – Sinergia flexora: e levação, retração de 0 – tarefa não pode ser realizada completamente *
ombro, a bdução + 90, rot. externa, flexão de 1 – tarefa pode ser realizada parcialmente
cotovelo, supina ção ( ) Pont. máx:(12) 2 – tarefa é realizada perfeitamente
3 – Sinergia extensora: adução do ombro, rot.
interna, extensão cotovelo, pronação Pont:(8) *
4 – Movimentos com e sem siner gia: a) *
a) mão a coluna lombar ( ) b) 0 – se o início do mov. o braço é abduzido ou o cotovelo é fletido
b) flexã o de ombro até 90º ( ) 1 – se na fase final do mov., o ombr o abduz e/ou ocorre flexão de cotovelo
2 – a tarefa é realizada perfeitamente
c) 0 – Não ocorre posiciona /o correto do cotovelo e ombro e/ou prona ção e supinação
c ) prono-supinação (cotov. 90º e ombro 0º) ( ) não pode ser realizada comp let/e
1 – prono-supino pode ser realizada com ADM limitada e ao mesmo tempo o ombro
e o cotovelo este jam corr etamente posicionados
2 – a tarefa é realizada completamente
d) abdução ombro a 90º com cotov. estendido e d) 0 – não é tolerado nenhuma flexão de ombro ou desvio da prona ção do a ntebraço no
INÍCIO do movimento
pronado ( ) 1 – realiza parcialmente ou ocorre flexão do cotovelo e o antebra ço não se mantêm
pronado na fase TARDIA do movimento
2 – a tarefa pode ser realizada sem desvio
e ) flexão de ombro de 90º a 180º ( ) e) 0 – o braço é abduzido e cotovelo fletid o no início do movimento
1 – o ombro abduz e/ou ocorre flexão de cotovelo na fase final do movimento
2 – a tarefa é realizada perfeitamente
f) prono-supinação (cotov. estendido e ombro f) 0 – Posição não pode ser obtida pelo paciente e/ou prono-supinaç ão não pode ser
fletido de 30 a 90º ( ) realizada perfeitamente
1 – atividade de prono-supinaç ão pod e ser rea lizada mesmo com AD M limitada e ao
Pont. máx: (12) mesmo tempo o ombro e o c otovelo estejam corretamente posicionados
2 – a tarefa é realizada perfeitamente
5 – Atividade reflexa normal: ( )
bíceps / tríceps/ flexor dedos (avalia-se o 0 – 2 ou 3 reflexos estão hiperativos
r eflexo somente se o paciente atingiu nota 2 1 – 1 reflexo esta marcadamente hiperativo ou 2 estão vivos
para os itens d), e), f) do item anterior) Pont. 2 – não mais que 1 reflexo esta vivo e nenhum esta hiperativo
máx: ( 2)
6 – Controle de punho: a) 0 – o pcte não pode dorsifletir o punho na posição requerida
a) Cotove lo 90º, ombro 0º e pronaçã o, c/ 1 – a dorsiflexão pode ser realizada, mas sem resistência alguma
resistência. (assistência, se necessário) ( ) 2 – a posição pode ser mantida contra a lguma resistência
b) Má xima flexo-extensão d e punho, cotov. 90º, b) 0 – não oc orre mov. voluntário
ombro 0º, dedos fletidos e pronação (auxílio se 1 – o pcte não move ativamente o punho em todo grau de movimento
necessário) ( ) 2 – a tarefa pode ser realizada
c ) Dorsiflexão c om cotove lo a 0º, ombro a 30º e
pronaçã o, com r esistência (auxílio) ( ) c) Idem ao a)
d) Máxima flexo-extensão, com cotov. 0º,
ombro a 30º e pronação (auxílio) ( ) d) Idem ao b)
e ) Circundução ( )
Pont. máx:(10) e) Idem ao b)
182 Maki T, Quagliato EMAB, Cacho EWA, Paz LPS, Nascimento NH, Inoue MMEA, et al. Rev. bras. fisioter.
7 – Mão: a) *
a) flexão em massa dos dedos ( ) b) 0 - nenhuma atividade ocorre
b) extensão em massa dos ded os ( ) 1 – ocorre relaxamento (liberação) da flexão em massa
2 – extensão completa (comparado com mão não afetada)
c)Preensão 1: Art. metacarpofalangeanas (II a V) c) 0 – posição requerida não p ode ser realizada
estendidas e interfalangeanas distal e pro xi mal 1 – a preensão é fraca
fletidas. Preensão contra resistência ( ) 2 – a preensão pode ser mantida contra considerável resistência
d) Preensão 2: O paciente é instruído a aduzir o d) 0 - a função não pode ser realizada
polegar e segurar u m papel i nterposto entre o 1 – o papel pode ser mantid o no lugar, mas não contra um leve puxão
polegar e o dedo indicador ( ) 2 – um pedaço de papel é seg urado firmemente contra um puxão
e) Preensão 3: O paciente opõe a digital do polegar e) 0 – a função não pode ser realizada
contra a do dedo indicador, com um lápi s interposto 1 – o lápis pode ser mantido no l ugar, mas não contra um leve p uxão
( ) 2 – o lápis é segurado firmemente
f) Preensão 4: Segurar com firmeza um objeto f) 0 – a função não pode ser realizada
cilíndrico, com a superfície volar do primeiro e 1 – o objeto interposto pode ser mantido no l ugar, mas não contra um leve p uxão
segund o dedos contra os d emais ( ) 2 – o objeto é segurado firmemente contra um puxão
g ) Preensão 5: o paciente segu ra com firmeza uma g) 0 – a função não pode ser realizada
bola de tênis ( ) 1 – o objeto pode ser mantido n o lugar, mas não contra um leve puxão
Pont. máx: (14) 2 – o objeto é segurado firmemente contra um puxão
IV. Coordenação/ Velocidade MS: a) 0 – tremor marcante/ 1 – tremor leve/ 2 – sem tremor
a) Tremor ( ) b) 0 – dismetria marcante/ 1 – dismetria leve/ 2 – sem d ismetria
b) Dismetria ( ) c) 0 – 6 seg. mais lento q ue o lado não afetado/ 1 – 2 a 5 seg. mai s lento que o lado não
c) Velocidad e: Index-nariz 5 vezes, e o mais rápido afetado/
que conseguir ( ) 2 – menos de 2 segundos de diferença
Pont. máx: (6)
V. Função motora membro inferior: 0 – sem atividade reflexa
Motricid ade Reflexa 2 – atividade reflexa pode ser avaliada
A) Aquiles ( )B) Patelar ( ) (4) 0 – 2 ou 3 reflexos estão marcadamente hiperativos
1 – 1 reflexo esta hiperativ o ou 2 estão vivos
1 - Motricid ade reflexa: 2 – não mais que 1 reflexo esta vivo
Patelar e aquileu / adutor ( ) (2 )
2 – Sinergia flexora: flexão quad ril, joelho e
d orsiflexão (dec.dorsal) ( ) *
Pont. máx: (6)
3 – Sinergia extensora: exten são de quadril, adução
d e quadril, extensão de joelho, flexão plantar ( ) *
Pont max: (8)
4 – Mov. com e sem sinergias: a) 0 – sem movimento ativo
a) a partir de leve extensão d e joelho, realizar uma 1 – o joelho pod e ativamente ser fletido até 90º (palpar os tend ões dos flexores do joelho)
flexão de joelho além de 90º. (sentado) ( ) 2 – o joelho pod e ser fletido além de 90º
b) Dorsiflexão de tornozelo (sentado)( ) b) *
c) Quadril a 0º, realizar a flexão de joelho mais que c) 0 – o joelho não pod e ser fletid o se o quadril não é fletido simultaneamente
9 0º (em pé) ( ) 1 – inicia flexão de joelho sem flexão d o quadril, porém não atinge os 90º de flexão de
d) Dorsiflexão do tornozelo (em pé) ( ) joelho ou flete o quadril durante o término d o movimento.
Pont. máx:(8) 2 – a tarefa é realizada completamente
d) *
VI. Coordenação./ Velocidade MI: a) 0 – tremor marcante/ 1 – tremor leve/ 2 – sem tremor
a) Tremor ( ) b) 0 – dismetria marcante/ 1 – dismetria leve/ 2 – sem d ismetria
b) Dismetria ( ) c) 0 – 6 seg. mais lento q ue o lado não afetado/ 1 – 2 a 5 seg. mai s lento que o lado afetado/ 2
c) Velocidade: calcanhar-joelho 5 vez ( ) – meno s de 2 seg und os de diferença
(dec. Dorsal) Pont. máx: (6)
VII . Equilíbrio : a) 0 – não conseg ue se manter sentado sem apoio/ 1 – permanece sentad o sem apoi o por
a) Sentado sem apoio e co m os pés suspensos ( ) pouco tempo/ 2 – permanece sentad o sem apoio por pelo menos 5 min. e regula a postura do
b) Reação de pára-quedas no lado não afetado ( ) corpo em relação a gravidade
c) Reação de pára-quedas no lado afetado ( ) b) 0 – não ocorre abdução de ombro, extensão de cotovelo para evitar a queda/ 1 – reação de
d) Manter-se em pé com apoio ( ) pára-quedas parcial/ 2 – reação de pára-quedas normal
e) Manter-se em pé sem apoio ( ) c) idem ao b)
d) 0 – não consegue ficar de pé/ 1 – de pé com ap oio máximo de outros/ 2 – d e pé com apoio
mínimo por 1 min
f) Apoi o único sob re o lad o não afetado ( ) e) 0 – não consegue ficar de pé sem apoio/ 1 – pode permanecer em pé por 1 min e sem
oscilação, ou por mais tempo, porém com alguma oscilação/ 2 – bo m equilíbrio, pode manter
g ) Apoio ú nico sobre o lado afetado ( ) o equilíbrio p or mais que 1 minuto com segurança
f) 0 – a posição não pode ser mantid a por mais que 1-2 seg (o scilação)/ 1 – consegue
Pont. máx: (14) permanecer em pé, com equilíbrio, por 4 a 9 segundos/ 2 – pode manter o eq uilíbrio nesta
posição por mais que 10 segund os
g) 0 – a posição não pode ser mantida por mais que 1-2 segundos (oscilação)
1 – consegue permanecer em pé, com equilíbrio, por 4 a 9 segundos
2 – pode manter o equilíbrio nesta posição por mai s que 10 segund os
Vol. 10 No. 2, 2006 Confiabilidade da Escala de Fugl-Meyer no Brasil 183
A EFM é uma eficiente avaliação que pode ser realizada 7. Fugl-Meyer AR, Jaasko L, Leyman I, Olsson S, Steglind S. The
em, aproximadamente, 30 minutos, segundo Duncan et al.2. post-stroke hemiplegic patient: 1. A method for evaluation of
physical performance. Scand J Rehab Med 1975; 7: 13-31.
Nesse estudo, o tempo médio de administração da escala foi
40 minutos para avaliadores já treinados. 8. Van der Lee JH, Beckerman H, Lankhorst GJ, Bouter LM. The
responsiveness of the Action Research Arm Test and the Fugl-
Meyer assessment scale in chronic stroke patients. J Rehab Med
CONCLUSÃO 2001; 33: 110-113.
Conclui-se que a versão brasileira da EFM não apresentou 9. Duncan PW, Goldsteins LB, Horner RD, Landsman PB, Samsa
GP, Matchar DB. Similar motor recovery of upper and lower
conflitos de interpretação, além de ser uma escala de fácil extremities after stroke. Stroke 1994; 25: 1181-1188.
aprendizado e aplicabilidade.
10. Brunnstrom S. Motor Testing Procedures in hemiplegia. J Am
Obteve-se alto índice de confiabilidade, tanto intra-
Phys Ther Ass 1966; 46: 357-375.
observador como interobservador, garantindo a replicabilidade
11. Twitchell TE. The restoration of motor function following
desta versão brasileira da EFM, permitindo assim seu uso
hemiplegia in man. Brain 1951; 74: 443-480.
como instrumento de avaliação clínica e de pesquisa em nosso
meio. 12. Gowland C. Standardized physical therapy measurements for
assessing impairment and disability following stroke. Neurol
Report 1991; 15: 9-11.
Agradecimentos: Nossos agradecimentos vão, em especial, aos profissionais 13. Fugl-Meyer AR. Post stroke hemiplegia: Assessment of physical
dos centros de reabilitação da Universidade de Mogi das Cruzes: Camila C. properties.Scand J Rehab Med 1980; suppl 7: 85-93.
Reys, Érika M. Siqueira e Vanessa A. Faria e da Universidade São Francisco:
14. Sanford J, Moreland J, Swanson LR, Stratford PW, Gowland C.
Daniele M. Senoni, Camila A. Oliveira, Michelle C. de Moraes, Marcela
S. Miranda, Luciana V. Colucci, Andreia V. Moreira, Vanessa O. Silva, Flávia Reliability of the Fugl-Meyer assessment for testing motor
F. Bueno e Caroline C. Muner, e aos pacientes que tornaram possível esta performance in patients following stroke. Phys Ther 1993; 73:
pesquisa. 447-454.
15. Lin JH, Hsueh P, Sheu CF, Hsieh CL. Psychometric properties
of the sensory scale of the Fugl-Meyer Assessment in stroke
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Vol.
ISSN101809-9246
No. 2, 2006 Desenvolvimento Neuropsicomotor de Lactentes Desnutridos 185
Rev. bras. fisioter. Vol. 10, No. 2 (2006), 185-191
©Revista Brasileira de Fisioterapia
RESUMO
Objetivos: O objetivo deste estudo foi analisar o desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes com desnutrição leve e
caracterizar seu perfil nutricional. Métodos: A pesquisa foi do tipo transversal, numa população de 374 lactentes e amostra de
31 desnutridos leve, entre 7 e 24 meses de idade, matriculados em creches municipais. O estado nutricional foi identificado pelo
critério de Gómez e caracterizado por um questionário. Para a avaliação neuropsicomotora utilizou-se a Escala de
Desenvolvimento Psicomotor da Primeira Infância de Brunet e Lézine. Resultados: Os principais resultados do questionário
mostraram: infecções respiratórias (48,4%); diarréias (71,0%); pais em união estável (61,3%); pais com ensino fundamental
incompleto (74,2% das mães, 83,8% dos pais); renda familiar de 1 a 3 salários-mínimos (80,6%); aleitamento materno satisfatório
(67,7%); reação adversa a algum alimento (41,9%). Entre os dados neuropsicomotores, as médias das Idades de Desenvolvimento
da Linguagem (14,45 meses) e da Sociabilidade (14,74 meses) foram as que obtiveram os valores mais abaixo da média da Idade
Cronológica (16,41 meses). Todas as áreas avaliadas obtiveram Quocientes de Desenvolvimento dentro da normalidade, porém,
as áreas da Linguagem e da Sociabilidade foram classificadas em nível “normal baixo” e as outras em nível “normal médio”.
Conclusões: A avaliação neuropsicomotora é instrumento fundamental na assistência ao lactente desnutrido, que tende a
apresentar deficiências nas áreas da Linguagem e Sociabilidade, fornecendo subsídios para observar sua atuação exploratória,
efeito de seu pensamento, e planejar o trabalho intervencionista.
Palavras-chave: desenvolvimento neuropsicomotor, lactentes, desnutrição.
ABSTRACT
Neuropsychomotor Development of Malnourished Babies
Objective: The purpose of this study was to analyze the neuropsychomotor development of babies with slight malnutrition and
to characterize their nutritional profile. Method: This was a cross-sectional survey on a population of 374 babies and a sample
of 31 babies with slight malnutrition, aged between 7 and 24 months, enrolled in municipal day nurseries. Their nutritional status
was identified using the Gómez criteria and characterized using a questionnaire. For the neuropsychomotor evaluation, the Brunet
and Lézine Psychomotor Development Scale for Early Infancy was utilized. Results: The main data from the questionnaire were:
respiratory infections (48.4%); diarrhea (71.0%); parents in stable union (61.3%); parents with incomplete basic education (74.2%
of mothers; 83.8% of fathers); family income between 1 and 3 minimum salaries (80.6%); satisfactory breast feeding (67.7%);
and adverse reaction to some food (41.9%). Among the neuropsychomotor data, the mean ages for language development (14.45
months) and social development (14.74 months) were the measurements furthest behind the mean chronological age (16.41
months). All the characteristics evaluated had development quotients within normal values. However, the language and social
characteristics were classified as “low normal” and the others as “medium normal”. Conclusions: Neuropsychomotor evaluation
is an essential instrument in caring for malnourished babies, who tend to present deficiencies in language and sociability. This
provides backing for observation of such children’s exploratory actions (the consequences of their thoughts) and to plan
interventionist work.
Key words: neuropsychomotor development, babies, malnutrition.
186 Mansur SS, Neto FR Rev. bras. fisioter.
Tabela 1. Valores descritivos das variáveis idade cronológica, relação peso/idade e déficit ponderal de 31 lactentes com desnutrição leve, matriculados
em creches municipais de Florianópolis e São José (SC), no ano de 2004.
(3 meses), encontra-se idade negativa de 4 meses, também comportamentos de risco passíveis de serem corrigidos3.
a maior idade negativa entre os valores mínimos. Ao associar o número de consultas pré-natais do estudo e
Entre as médias da Idade de Desenvolvimento da a ocorrência de peso normal ao nascer e nascimento a termo
Sociabilidade (IDS) e da IC, observa-se idade negativa de entre toda a amostra, pode-se compreender a satisfatória
cerca de 1 mês e 20 dias (50,1 dias), sendo a segunda maior assistência pré-natal observada.
idade negativa entre as médias das idades. O valor mínimo A ingestão insuficiente e a perda de nutrientes, através
da IDS foi 3 meses abaixo do mínimo da IC. de regurgitações e/ou vômitos, são responsáveis pelo
Quando se analisa a média da Idade de Desenvolvimento aparecimento de déficits nutricionais, podendo a criança
Global (IDG) e a média da IC, observa-se que a idade negativa apresentar déficit pondo-estatural, anemia, irritabilidade,
alcança o valor próximo de 1 mês (24,9 dias). Assim como distúrbios do sono e sintomas respiratórios13. Neste estudo,
em todos os valores mínimos das idades de desenvolvimento, os lactentes com refluxo gastroesofágico, além de déficit
a IDG também esteve abaixo do mínimo da IC. ponderal, também apresentaram manifestações respiratórias,
Ao observar os quocientes de desenvolvimento, todos sono agitado e intolerância à lactose.
os escores dessas variáveis classificaram as áreas motoras Em estudos com lactentes desnutridos grave,
dentro da normalidade, porém, aos quocientes da postura, encontraram-se casos com manifestações respiratórias,
coordenação óculo-motriz e global foi atribuído padrão motor diarréias e hospitalizações 14,15. Estas ocorrências,
“normal médio” e aos quocientes da linguagem e sociabilidade principalmente casos de diarréia, estiveram presentes nesta
“normal baixo”. pesquisa, podendo-se comentar que se encontram dados
clínicos comuns entre diferentes graus de desnutrição.
DISCUSSÃO O sono da criança foi considerado importante na
pesquisa por ser reconhecidamente uma função vital e, por
Identificação do estado nutricional conseguinte, essencial ao adequado crescimento e
Na Tabela 1, observando o valor mínimo da idade desenvolvimento do lactente. A função cerebral durante a
cronológica, vimos que nenhum lactente esteve abaixo da infância e adultícia é mantida pelo resultado de interações
idade de 7 meses, ratificando com a literatura. Há poucos complexas com o ambiente enquanto estamos acordados16.
dados referentes a crianças desnutridas com menos de 6 Embora o desenvolvimento neuronal seja pré-programado
meses de idade, sendo que a maior freqüência de doenças, geneticamente, conexões neurais e a estabilização dessas
de maneira geral, concentra-se na faixa etária de 6 a 36 meses1, conexões são funções cerebrais, sendo a ativação endógena
11
. neuronal durante o sono em idade precoce, o principal recurso
Observa-se que o mínimo da relação peso/idade esteve na maturação cerebral16.
próximo ao valor que classifica o desnutrido como moderado A totalidade das crianças estava com seus calendários
(61 a 75%), fato que serve como alerta ao desenvolvimento vacinais atualizados. Isso significa que a situação de imunidade
da criança, devendo ser investigados os fatores que a esteve adequada, embora alguns transtornos respiratórios
envolvem, prevenindo complicações futuras. como asma, bronquite e pneumonia foram os principais
Seria ideal que todas as pessoas tivessem, não apenas responsáveis pelas hospitalizações.
durante ciclos de doenças, mas durante todo o ciclo da vida, A nutrição está associada à integridade de células
avaliações do seu estado nutricional12. Isso deve ser mediadoras da imunidade como linfócitos e fagócitos 17.
considerado fundamentalmente na primeira infância, por ser Acredita-se que a atualização do calendário vacinal da criança
um período que compreende a estruturação do sistema se traduz por adequadas condições de imunidade, protegendo
nervoso, alta velocidade de crescimento e aquisições a criança contra doenças. Todavia, a oferta de nutrientes
funcionais. Além disso, a imaturidade biológica da criança essenciais é meritória ao seu estado geral de saúde e é crucial
a torna vulnerável a fatores de risco, cuja possível - associada às vacinas - no estabelecimento da imunidade.
conseqüência é a perda ponderal, que no estudo situou-se Alguns dos fatores de risco para o baixo peso e/ou
na média de 17,37%. prematuridade, são mães não-casadas e com 0 a 7 anos de
estudo3. Nesta pesquisa, houve número considerável de mães
Formulário do estado nutricional com baixa escolaridade (74,2 % com ensino fundamental
No Brasil, a mortalidade neonatal, a prevalência de baixo incompleto), dado que se pode relacionar ao déficit ponderal
peso ao nascer e a prematuridade, estão relacionadas à da amostra.
carência de procedimentos rotineiros e básicos na assistência A desnutrição assume importância junto às crianças que
à gestante12. Estudos referem que o número de consultas pré- vivem em condições socioeconômicas e culturais menos
natais está inversamente relacionado a esses fatores3. favorecidas. Crianças oriundas de classe sócio-econômica
Especificamente, a assistência pré-natal permite o baixa sofrem privação cultural, educacional e afetiva,
diagnóstico e tratamento de inúmeras complicações durante causadora de graves déficits no desenvolvimento intelectual
a gestação e a redução ou eliminação de fatores e
Vol. 10 No. 2, 2006 Desenvolvimento Neuropsicomotor de Lactentes Desnutridos 189
e emocional, que se potencializam quando sobrevêm a o desenvolvimento intelectual pela interferência na saúde, níveis
desnutrição18. de energia, taxas de desenvolvimento motor e crescimento2.
Nos países em desenvolvimento, a desnutrição constitui Por ser a primeira infância período em que se verificam as
a maior causa dos elevados índices de morbimortalidade entre aquisições neuromotoras básicas, a intervenção nutricional
crianças menores de 5 anos19, porém a presença de irmão deve ser completa.
desnutrido em idade precoce não foi comum neste estudo. Na ausência de alimentação adequada durante esse
Em termos epidemiológicos, a prevalência da desnutrição período crítico é possível que a criança não atinja seu
no Brasil evoluiu de modo favorável entre as décadas de 70 verdadeiro potencial genético. Quando uma criança tem fome
e 90, com redução de 60% dos casos20. Essa melhora esteve não saciada, pode perder a motivação para explorar o ambiente
intimamente relacionada à ampliação de serviços de e, assim, ter um atraso na aquisição de certas habilidades
saneamento, saúde, educação e à oferta de programas de cognitivas, indiferentemente se ocorreu lesão cerebral22.
suplementação alimentar ao longo dessas três décadas12. Esse Sabe-se que a qualidade adquirida nos processo de
fato corrobora com o presente estudo ao encontrar condições elaboração nervosa como a complexidade do circuito, a
adequadas de infra-estrutura básica. expansão dendrítica, o número de sinapses, a quantidade de
Famílias de baixa renda têm preferência quanto ao mielina, a ação metabólica, facilitam a velocidade e eficiência
aleitamento materno por ser um fator econômico e conveniente na transmissão de informações cerebrais, possibilitando a
de nutrição21. Supõe-se que a alimentação com leite materno simultaneidade de tarefas23. Isso demonstra que os efeitos
pelos lactentes da amostra, seja devido à baixa renda familiar da desnutrição no cérebro podem conduzir a deficiências no
e também ao incentivo e a valorização que os setores de saúde aprendizado e na elaboração de atividades neuropsicomotoras.
têm dado ao aleitamento materno. Em pesquisa do desenvolvimento neuropsicomotor de
221 crianças de creches municipais10, verificou-se que a média
Desenvolvimento neuropsicomotor da IDP foi a única que obteve valor positivo entre as médias
Os primeiros modelos de desnutrição consideravam das idades, ou seja, foi a única variável que possuiu valor acima
somente deficiências cognitivas como resultado de dano da média da IC, dado igualmente encontrado neste estudo
cerebral, porém, atualmente, sabe-se que a desnutrição altera (Tabela 2).
Tabela 2. Valores descritivos das variáveis neuropsicomotoras obtidos pela aplicação da Escala de Desenvolvimento Psicomotor da Primeira Infância,
entre 31 lactentes com desnutrição leve, matriculados em creches municipais de Florianópolis e São José (SC), em 2004.
O controle postural envolve sinergias neuromusculares próprio corpo; a história familiar e a atitude dos pais frente
que permitem adaptações posturais em resposta a diferentes aos filhos, à relação com outras pessoas; a percepção sensorial
tarefas, necessárias para a mobilidade e as habilidades e a capacidade de utilizar os objetos, à relação ambiental7.
manipulativas da criança24. Por meio da gradual aquisição de atividades neuropsicomotoras
Sabe-se que quando há lacunas na evolução do são possíveis às relações pessoais e ambientais da criança.
desenvolvimento da coordenação óculo-motriz, exemplificada
pela preensão, existe a possibilidade da criança apresentar
problemas na escolaridade25. Isso que pode servir de alerta
aos pais e/ou professores de lactentes com desnutrição, mesmo REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
de grau leve pois, neste estudo, verificou-se que o valor
máximo da IDC (21 meses) esteve 3 meses abaixo do valor 1. Alderete JMS. Desnutrição energético-protéica. In: Issler H,
Leone C, Marcondes E. Pediatria na atenção primária. São
máximo da IC (24 meses), maior diferença quando se
Paulo: Sarvier; 2002. p. 156-161.
comparam os valores máximos de todas as idades de
2. Plaza B, Brito NI, Torrejón HP, Gloor VC, Medina JMJ, Díaz
desenvolvimento.
TT et al. Algunas consideraciones sobre el impacto de la
Vale ressaltar que a exploração das propriedades físicas desnutricion en el desarrollo cerebral, inteligencia y rendimiento
de objetos, estabelecendo certas relações entre eles (bater escolar. ALAN 2001 mar; 51(1).
com um objeto em outro para produzir sons ou 3. Meio MDB, Lopes CS, Morsch DS. Fatores prognósticos para
deslocamentos) ou ainda relacioná-los espacialmente (empilhar o desenvolvimento cognitivo de prematuros de muito baixo
objetos, colocar um dentro do outro) - itens pertinentes a peso. Rev Saúde Pública 2003 dez 2; 37 (3): 311-8.
avaliação da coordenação óculo-motriz deste estudo - significa 4. Horwood LJ, Mogridge N, Darlow BA. Cognitive educational
um grau de evolução maior do que limitar-se a explorar os and behavioral outcomes at 7 to 8 years in a national very low
objetos sem envolver qualquer função entre eles. Isso birthweight cohort. Arch Dis Child Fetal Neonatal 1998; 79: 12-
demonstra a importância da coordenação óculo-motriz nos 20.
processos de pensamento, fazendo o lactente manifestar suas 5. Halpern R, Giugliani ERJ, Victoria CG, Barros FC, Horta BL.
idéias por meio de atividades da motricidade. Fatores de risco para a suspeita de atraso no desenvolvimento
Ao ver a criança brincar, podemos caracterizar, com neuropsicomotor aos 12 meses de vida. Rev Chil Pediatr 2000
certo grau de aproximação, o nível de desenvolvimento set; 7 (6): 421-8.
cognitivo alcançado por ela e relacioná-lo com os problemas 6. Nunes ML. Desnutrição e desenvolvimento neuropsicomotor.
que se observam na área da linguagem, pois o modo de agir J Pediatr 2001; 77 (3): 159-60.
das crianças revela o modo de compreensão de mundo que 7. Rose SA, Feldman J, Jankowski JJ. The building blocks of cog-
elas têm26. Ou seja, na ausência de uma linguagem verbal, nition. J Pediatr 2003: 143 Supl 54-61.
podemos entender a criança a partir de seu comportamento, 8. Cervo AL, Bervian PA. Metodologia científica. 4ª ed. São Paulo:
como em imitações e gestualizações comuns entre elas, como Makron Books; 1996.
forma de linguagem. 9. Brunet O, Lèzine I. Desenvolvimento psicológico da primeira
A influência do meio chega ao máximo no período entre infância. Porto Alegre: Artes Médicas; 1981.
2 e 4 anos, momento em que a linguagem é o fator principal 10. Souza JM. Avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor de
de progresso, introduzindo novo plano à mente e renovando crianças entre 06 e 24 meses de creches de Florianópolis – SC.
o estilo dos comportamentos de adaptação9. Considerando [dissertação]. Florianópolis (SC): Centro de Educação Física,
Fisioterapia e Desportos da Universidade Estadual de Santa
esta citação, podemos pensar que o maior déficit adquirido
Catarina; 2003.
entre os lactentes do presente estudo na área da linguagem
– embora tenha obtido valor dentro da normalidade (“normal 11. Grantham-Mcgregor S. A review of studies of the effect of severe
malnutrition on mental development. J Nutr 1995: 125 Supl 2233
baixo”), pode ser revertido em idade futura. Porém, certamente – 8.
que todo tipo de estímulos ambientais e prevenção na presença
12. Monteiro CA, Conde WL. Tendência secular da desnutrição e
de fatores de risco, são meritórios em qualquer fase da vida,
da obesidade na infância na cidade de São Paulo: 1974-1996. Rev
em especial na primeira infância. Saúde Pública 2000: 34 Supl 52-61.
Em estudo sobre o desenvolvimento neuropsicomotor
13. Scalabrin DMF, Moran JR, Ferguson PW, Fagundes Neto U.
de lactentes mal-alimentados, encontraram-se classificações Eficácia de uma fórmula infantil pré-espessada no manejo do
baixas, sobretudo na discriminação e capacidade de resposta refluxo gastroesofágico fisiológico do lactente. Rev Paulista de
a estímulos sensoriais, na habilidade para resolver problemas, Pediatr 2001; 19 (2): 2-6.
na discriminação de objetos e socialização27. 14. Silva SMM. Programa de estimulação precoce para crianças com
A maturação neuromotora, a construção da imagem marasmo na primeira infância: Subsídios para atuação dos
corporal, a psicomotricidade, o desenvolvimento cognitivo professores da equipe de saúde infantil. [tese]. Campinas (SP).
e psicossocial, conduzem às relações da criança com seu Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de
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Vol.
ISSN101809-9246
No. 2, 2006 Amplitude Articular do Joelho 193
Rev. bras. fisioter. Vol. 10, No. 2 (2006), 193-198
©Revista Brasileira de Fisioterapia
RESUMO
Contextualização: O instrumento mais utilizado pelos terapeutas para mensuração da amplitude de movimento (ADM) articular
é o goniômetro universal. No entanto, há carência de estudos que analisem a confiabilidade das medidas da ADM do joelho
realizadas no dinamômetro isocinético. Objetivo: O objetivo deste estudo foi analisar a correlação entre as medidas de ADM
na articulação do joelho, realizadas com o goniômetro universal e no dinamômetro isocinético. Método: Foram avaliados 38
voluntários saudáveis (27 mulheres, 11 homens), com idade de 36 ± 11 anos, com limitação mínima de 20° na ADM de extensão
do joelho. No membro dominante de cada sujeito foram realizadas três mensurações da ADM do joelho com o goniômetro e três
mensurações no dinamômetro. Resultados: Os resultados deste estudo mostraram que há alto grau de correlação entre as medidas
da ADM do joelho obtidas com o goniômetro universal e no dinamômetro isocinético (Coeficiente de Correlação de Pearson
= 0,90). Conclusão: Com os procedimentos realizados, tanto o goniômetro universal como o dinamômetro isocinético podem ser
utilizados para avaliação da ADM do joelho, pois ambos apresentam mensurações confiáveis.
Palavras-chave: goniômetro, dinamômetro isocinético, joelho, amplitude de movimento.
ABSTRACT
Knee Joint Range-of-Motion Evaluation: Correlation Between Measurements Achieved Using a
Universal Goniometer and an Isokinetic Dynamometer
Background: The instrument most often used by therapists for measuring joint range of motion (ROM) is the universal goniometer.
However, there is a lack of studies analyzing the reliability of knee joint ROM measured by the isokinetic dynamometer. Objective:
The purpose of this study was to analyze the correlation between the knee joint ROM measurements made using a universal
goniometer and an isokinetic dynamometer. Method: 38 healthy volunteers (27 women, 11 men) aged 36 ± 11 years were evaluated.
All of them had a minimum knee extension ROM limitation of 20°. Three knee ROM measurements were made using the universal
goniometer and another three using the isokinetic dynamometer, on each subject’s dominant limb. Results: The results showed
a high degree of correlation between the knee ROM measurements made using the two instruments (Pearson correlation co-
efficient = 0.90). Conclusion: From the procedures performed, both the universal goniometer and the isokinetic dynamometer
can be used to evaluate knee ROM, since they both present reliable measurements.
Key words: goniometer, isokinetic dynamometer, knee, ROM.
194 Batista LH, Camargo PR, Aiello GV, Oishi J, Salvini TF Rev. bras. fisioter.
dos músculos flexores do quadril, como descrito por Kendall17, ao encosto da cadeira do dinamômetro (Figura 2). Este
que pode causar compensações, como a anteversão pélvica, procedimento garantiu que o mesmo posicionamento neutro
e alterar a mensuração da ADM do joelho. Assim, nos da pelve, utilizado durante a avaliação da ADM do joelho com
indivíduos que apresentaram encurtamento dos flexores do o goniômetro, fosse também mantido durante as mensurações
quadril, a articulação do joelho do membro não dominante realizadas no dinamômetro.
foi fletida, com auxílio de almofadas, mantendo a pelve em O voluntário foi estabilizado na cadeira do dinamômetro
posição neutra para evitar compensações (Figura 1). por meio de cintos de contenção sobre o tronco, quadril e
Para a avaliação inicial, o quadril e o joelho do membro na coxa do membro dominante avaliado (Figura 2). A seguir,
dominante foram fletidos a 90° e o pé mantido relaxado13. o eixo mecânico de rotação do dinamômetro foi alinhado com
A partir desta posição, o joelho foi passiva e lentamente o epicôndilo lateral do fêmur e a perna foi fixada ao braço
estendido pelo avaliador 1, enquanto o avaliador 2 certificava- de resistência do dinamômetro, mantendo livre a articulação
se de que não estavam ocorrendo compensações. O voluntário do tornozelo.
foi orientado a relaxar durante a avaliação, particularmente Previamente à realização da avaliação, os voluntários
quando seu joelho estava sendo estendido, e relatar o momento receberam um dispositivo manual ligado ao dinamômetro
em que sentiu o início da tensão nos músculos flexores do (Figura 2), por meio do qual o voluntário poderia iniciar ou
joelho, que foi considerado a posição final (Figura 1). Atingida parar a avaliação passiva que estava sendo realizada. Em
esta posição, o avaliador 1 mensurou o grau de encurtamento seguida, foram orientados a fechar os olhos e se manterem
dos flexores do joelho, ou seja, a extensão do joelho, com relaxados. Após isso, deveriam acionar o dinamômetro, por
o goniômetro universal (Figura 1), conforme descrito por meio do dispositivo, para que o braço de resistência do
Norkin e White1. A extensão completa do joelho foi considerada equipamento começasse a estender o joelho, passivamente,
0° 13 e utilizada como referência para o cálculo do grau de
limitação da extensão articular do joelho.
A medida da ADM extensora do joelho de cada indivíduo
foi avaliada três vezes, sendo utilizada a média aritmética das
três mensurações.
Û
Û
j
Posição
Final
*
Figura 1. Avaliação da ADM de extensão do joelho com o goniômetro
universal (indicação com cabeças de seta branca), que indica o grau de
encurtamento dos músculos flexores desta articulação. A mensuração
da ADM foi realizada quando o indivíduo relatou o início de tensão nos Figura 2. Posicionamento do voluntário na cadeira do dinamômetro:
músculos flexores do joelho. Almofada (*) utilizada em indivíduos com cintos de estabilização (Δ), dispositivo (seta) utilizado para iniciar ou
encurtamento nos flexores do quadril do membro contralateral, para finalizar a avaliação passiva, e acessório (*) para manter a articulação
manter a pelve em posição neutra. do quadril a aproximadamente 90° de flexão.
196 Batista LH, Camargo PR, Aiello GV, Oishi J, Salvini TF Rev. bras. fisioter.
Tabela 1. Resultados das mensurações da ADM de extensão do joelho realizados com o goniômetro universal e no dinamômetro isocinético, em
38 indivíduos.
Mensurações 1ª 2ª 3ª 1ª 2ª 3ª
X ± DP 44,5 ± 12,1° 45,0 ± 11,9° 44,9 ± 11,8° 46,3 ± 15,4° 46,6 ± 13,6° 45,8 ± 14,0°
Tabela 2. Comparação da avaliação intervoluntários e intravoluntários da ADM de extensão do joelho, obtida com goniômetro universal e dinamômetro
isocinético, em 38 indivíduos.
X = média; DP = desvio-padrão; CV = coeficiente de variação; intervoluntários,
intravoluntários
Vol. 10 No. 2, 2006 Amplitude Articular do Joelho 197
Goniômetro (graus)
80
60
40
20
0
0 20 40 60 80
Dinam ôm et ro (graus )
Figura 3. Valores do Coeficiente de Correlação de Pearson (0,90) entre as medidas da ADM de extensão do joelho realizadas com o goniômetro
universal e no dinamômetro isocinético, em 38 indivíduos.
das medidas de ADM do joelho realizadas no dinamômetro variação entre as medidas da ADM obtidas neste equipamento,
isocinético. Portanto, segundo nosso conhecimento, o quando comparadas às medidas com o goniômetro universal.
resultado encontrado neste estudo é inédito na literatura. Esse resultado indica a necessidade de um número maior de
Verificou-se que o CV intravoluntários das medidas repetições quando a avaliação da ADM articular for realizada
realizadas tanto com o goniômetro quanto no dinamômetro, no dinamômetro isocinético. Esta sugestão é reforçada pelos
foram menores que o CV intervoluntários. Segundo Rothstein9 resultados da Tabela 1 que mostra o CV das três avaliações
e Norkin e White1, estes resultados indicam que as medidas referentes a cada instrumento de medida. Pode-se observar
da ADM do joelho realizadas em ambos os instrumentos são que a primeira avaliação variou mais que as subseqüentes,
confiáveis. Portanto, há uma alta confiabilidade das medidas independentemente do instrumento utilizado para a mensu-
realizadas tanto manualmente pelo terapeuta, com o goniômetro ração, sendo essa variabilidade maior no dinamômetro iso-
universal, quanto às realizadas no dinamômetro isocinético cinético. Este resultado demonstra a necessidade de realizar
(Tabela 2). familiarização prévia dos voluntários com os instrumentos
No entanto, alguns aspectos observados necessitam ser de medida, particularmente com o dinamômetro.
considerados. Os resultados indicaram que há diferença entre É importante ressaltar ainda que durante a execução do
os CV das medidas realizadas com o goniômetro e no dina- presente estudo, foi verificado que 20% dos voluntários
mômetro (Tabela 2). O CV, intervoluntários e intravoluntários, apresentaram alterações na percepção da tensão dos músculos
das medidas obtidas no dinamômetro foram maiores do que flexores do joelho, com uma variação média de 22° entre as
as realizadas com o goniômetro. Segundo Norkin e White1, medidas realizadas com o goniômetro e no dinamômetro,
vários fatores podem alterar o grau de confiabilidade de uma enquanto que 80% dos sujeitos variaram 4°. Esses voluntários
medida. Tais fatores foram considerados neste estudo para foram reavaliados, utilizando-se a mesma posição de men-
que os procedimentos realizados durante a mensuração da suração, ou seja, tanto as medidas realizadas com o goniômetro,
ADM extensora do joelho no dinamômetro fosse o mais quanto no dinamômetro foram obtidas na posição sentada.
próximo possível dos procedimentos de mensuração com A variação entre as medidas da ADM de extensão do joelho
o goniômetro, são eles: ambos os métodos de medida foram passou de 22° para 6°. Diante deste resultado, pode-se dizer
realizados pelos mesmos avaliadores, as duas formas de que a grande dificuldade de percepção apresentada por 20%
avaliação mantiveram a articulação do quadril fletido a apro- dos voluntários está relacionada à posição de mensuração.
ximadamente 90º, a ADM extensora do joelho foi medida de Sendo assim, deve-se considerar que a posição altera o grau
forma passiva nos dois métodos, e foram mantidos os mesmos de percepção de alguns voluntários e que esta dificuldade pode
números de repetições. Embora todos esses cuidados tenham alterar a análise final das medidas obtidas por estes instru-
sido tomados, com o objetivo de minimizar possíveis diferenças mentos.
nos procedimentos experimentais entre as mensurações nos Com a constatação da confiabilidade das medidas
dois instrumentos de avaliação, observou-se que as mensu- realizadas com ambos os instrumentos, foi possível, então,
rações no dinamômetro isocinético variaram mais, quando correlacioná-las.O valor do Coeficiente de Correlação de
comparadas às do goniômetro universal. Esta variação pode Pearson (CCP) encontrado indicou um alto grau de correlação
ter ocorrido, segundo relato dos voluntários, pela maior entre as mensurações obtidas nos dois instrumentos. Sendo
dificuldade em sentir o início da tensão nos músculos flexores assim, tanto o CV quanto CCP mostraram que há um alto grau
do joelho durante a mensuração da ADM realizada no dina- de confiabilidade das medidas dos dois equipamentos e entre
mômetro. Tal dificuldade, provavelmente, foi a causa da maior eles. Tais resultados não corroboram com os encontrados
198 Batista LH, Camargo PR, Aiello GV, Oishi J, Salvini TF Rev. bras. fisioter.
por Farber et al.21 os quais verificaram que as medidas do 9. Rothstein JM, Miller PJ, Roettger RF. Goniometric reliability
ângulo articular realizadas com um equipamento in a clinical setting: Elbow and knee measurement. Phys Ther
1983; 63: 1611-15.
computadorizado demonstraram ser mais confiáveis que as
obtidas com o goniômetro. 10. Enwemeka CS. Radiographic verification of knee goniometry.
Como em outros trabalhos, alguns utilizando Scand J Rehabil Med 1986; 18: 47-50.
procedimentos diferentes de medida14,22 e outros o mesmo 11. Gogia PP, Braatz JH, Rose SJ, Norton B J. Reliability and va-
procedimento13,23,24, o presente estudo também mostra que lidity of goniometric measurements at the knee. Phys Ther
1987; 67: 192-5.
o goniômetro é um instrumento que pode ser usado para
realizar as medidas de ADM de extensão do joelho. Além disso, 12. Herrmann DB. Validity study of head and neck flexion-exten-
sion motion comparing measurements of a pendulum goniom-
os resultados apresentados aqui demonstraram que o
eter and roentgenograms. J Orthop Sports Phys Ther 1990; 11:
dinamômetro isocinético também é adequado para avaliar 414-20.
a ADM de extensão do joelho.
13. Bandy WD, Irion JM, Briggler M. The effect of time and fre-
quency of static stretching on flexibility of the hamstring
CONCLUSÃO muscles. Phys Ther 1997; 77: 1090-6.
14. Brosseau L, Balmer S, Tousignant M, O’Sullivan JP, Goudreault
Considerando os procedimentos utilizados neste estudo, C, Goudreault M, et al. Intra and intertester reliability and cri-
tanto o goniômetro universal como o dinamômetro isocinético terion validity of the parallelogram and universal goniometers
podem ser utilizados para avaliação da ADM do joelho, pois for measuring maximum active knee and extension of patients
suas mensurações são confiáveis. with knee restrictions. Arch Phys Med Rehabil 2001; 82(3):
396-402.
Agradecimentos: Esse projeto recebeu apoio financeiro da FAPESP e 15. Ellis B, Bruton A. A study to compare the reliability of com-
do CNPq. Batista LH e Camargo PR receberam bolsa de Mestrado da CAPES, posite finger flexion with goniometry for measurement of range
Aiello GV foi bolsista de Iniciação Científica do PIBIC-CNPq.
of motion in the hand. Clin Rehabil 2002; 16(5): 562-70.
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No. 2, 2006 Confiabilidade da Força Aplicada na Mobilização do Tornozelo 199
Rev. bras. fisioter. Vol. 10, No. 2 (2006), 199-204
©Revista Brasileira de Fisioterapia
RESUMO
Introdução: Os fatores que contribuem para a eficiência da manobra de mobilização articular são a intensidade e a
reprodutibilidade da força aplicada durante a mobilização, por um ou por diferentes examinadores. Objetivo: Avaliar a confiabilidade
intra e interexaminador da força de mobilização ântero-posterior da articulação do tornozelo, grau III e IV de Maitland. Método:
Os dois tornozelos de 35 voluntários assintomáticos foram mobilizados por dois examinadores experientes com o procedimento.
Uma miniplataforma de força foi posicionada sob a perna do voluntário a fim de captar as forças obtidas durante as manobras
de mobilização e seu sinal foi convertido e armazenado em um software DasyLab4.0, o que permitiu o registro dos picos mínimo
e máximo das curvas da força aplicada. A análise da confiabilidade foi realizada através do coeficiente de correlação intraclasse
(CCI). Para avaliar o erro sistemático das medidas foi utilizado o teste t pareado e o teste t independente, para as condições intra
e interexaminadores, respectivamente. O método de Bland e Altman avaliou os limites de concordância das medidas entre os
examinadores. Resultados: Os dados demonstraram alta confiabilidade intra-examinador. A confiabilidade inter-examinador foi
baixa e moderada para a força máxima e mínima respectivamente, durante a mobilização ântero-posterior da articulação do
tornozelo. Conclusão: Esses dados sugerem que a força aplicada durante a mobilização articular grau III e IV de Maitland no
tornozelo, apresenta alta confiabilidade intra-examinador e baixa para interexaminador.
Palavras-chave: mobilização articular, confiabilidade, miniplataforma de força, articulação do tornozelo, terapia manual, Maitland.
ABSTRACT
Reliability Study on the Force Applied During Anteroposterior Mobilization of the Ankle Joint
Background: Factors that contribute towards the efficiency of joint mobilization maneuvers is the intensity and reproducibility
of the force applied during mobilization, by one or more examiners. Objective: To evaluate the intra and inter-examiner reliability
of Maitland grade III and IV anteroposterior mobilization force on the ankle joint. Method: Two experienced examiners mobilized
both ankles of thirty-five healthy subjects. A force platform was positioned under the calves of these subjects to detect the
forces applied during the maneuvers. The signals were converted and recorded using the DasyLab 4.0 software. The maximum
and minimum peak forces from the curves obtained were then analyzed. The intraclass correlation coefficient (ICC) was used
to assess the intra and inter-examiner reliability. To evaluate any systematic error in the measurements, the paired t-test was
utilized on the intra-examiner data and the t-test for independent samples for the inter-examiner data. The Bland & Altman method
was used to assess the concordance limits for the measurements from the two examiners. Results: The data showed high intra-
examiner reliability. The inter-examiner reliability was low and moderate for the maximum and minimum forces respectively, during
anteroposterior mobilization of the ankle joint. Conclusions: These data suggest that the force applied during Maitland grade
III and IV mobilization of the ankle joint presents high intra-examiner reliability and low inter-examiner reliability.
Key words: joint mobilization, reliability, force platform, ankle joint, manual therapy, Maitland.
200 Resende MA, Venturini C, Penido MM, Bicalho LI, Peixoto GHC, Chagas MH Rev. bras. fisioter.
o tornozelo. A miniplataforma de força por sua vez, foi A força aplicada durante a mobilização articular foi
posicionada sobre a tábua de quadríceps atrás da região da avaliada considerando-se a força mínima e a força máxima
perna e do tornozelo. A força da manobra foi aplicada de forma gerada em cada oscilação. A força exercida pelo peso da perna
perpendicular a miniplataforma para permitir o registro dos sobre a miniplataforma de força foi deduzida para a avaliação
sinais através do apoio do calcâneo sobre a tábua. Uma espuma dos dados.
de densidade média foi utilizada entre a plataforma e o
calcanhar do voluntário para evitar o desconforto provocado Análise Estatística
por este contato. Para a obtenção dos resultados foram excluídas a primeira
Antes de iniciar o estudo, foi realizada a calibração da curva e as últimas curvas, que apresentavam distorções e
plataforma de força através de cargas previamente conhecidas. poderiam influenciar na análise dos resultados, sendo
Para a realização da manobra, o examinador apoiou a região consideradas somente as oito curvas subseqüentes, isto é,
do espaço interósseo dos dedos I e II da mão direita sobre da segunda à nona curva. Para a análise do coeficiente de
o tálus, enquanto a outra mão era posicionada sobre a primeira. correlação intraclasse (CCI) foi utilizada a classificação descrita
Cada examinador A e B, realizou seis oscilações em deslize por Portney e Watkins11. Na análise da confiabilidade intra-
ântero-posterior em cada tornozelo dos voluntários para examinador, foi utilizado (CCI)3,4, que comparou a média das
permitir uma adaptação dos tecidos periarticulares, conforme primeiras curvas (2 a 5) com a média das curvas (6 a 9), tanto
verificado na figura 1. Em seguida, a manobra foi realizada para a força mínima quanto para a força máxima.
Figura 1. Posicionamento dos voluntários para a manobra de mobilização em deslize ântero-posterior da articulação do tornozelo.
por um período de 30 segundos, primeiro no tornozelo direito, O estudo da confiabilidade interexaminador foi realizado
e depois no tornozelo esquerdo pelo examinador A. através do CCI2,8, considerando as médias das medidas da
Imediatamente após o examinador A ter realizado as manobras, força mínima e máxima de 8 curvas, obtidas com as
o examinador B repetiu o mesmo procedimento para ambos oscilações realizadas pelos examinadores A e B. O método
os tornozelos. A freqüência das oscilações e a amplitude das estatístico de Bland e Altman foi utilizado para estimar a
forças aplicadas durante a mobilização variaram de acordo concordância das medidas12. Com o objetivo de avaliar a
com o examinador. A freqüência de mobilização variou de variação do erro das medidas, realizou-se o teste t pareado
0,4 a 0,5 oscilações/segundo. e teste t independente para as condições intra e
Os dados gerados pela plataforma de força e captados interexaminadores, respectivamente. Foi considerada a
pelo conversor foram armazenados por um terceiro diferença significativa quando p< 0,05. Todas as análises
examinador, sendo que os examinadores A e B não tiveram estatísticas foram realizadas através do software SPSS 11.0
acesso aos resultados durante o procedimento experimental. instalado em ambiente Windows®.
202 Resende MA, Venturini C, Penido MM, Bicalho LI, Peixoto GHC, Chagas MH Rev. bras. fisioter.
Tabela 1. Coeficiente de correlação intraclasse (CCI) e intervalo de confiança (IC) da força aplicada (N) e a média das medidas para a condição
intra-examinador.
CCI (IC) X ± DP (2 a 5 ) X ± DP (6 a 9) p
Tabela 2. Coeficiente de correlação intraclasse (CCI) e intervalo de confiança (IC) da força aplicada (N) e a média das medidas para a condição
interexaminador.
120 120
100 100
80 80
DIFERENÇA EXAM . A - EXAM . B (N)
60 60
20 20
0 0
-20 -20
-40 -40
-60 -60
-80 -80
-100 -100
-120 -120
140 160 180 200 220 240 260 40 60 80 100 120 140 160 180
Figura 2. Dispersão das diferenças entre os valores da força máxima Figura 3. Dispersão das diferenças entre os valores da força mínima
e médias das medidas dos examinadores A e B. e média das medidas dos examinadores A e B.
baixo quando menor ou igual a 0,50, moderado entre 0,50 Além disso, podemos facilmente observar a variação no erro
a 0,75 e alto acima de 0,75. Nossos resultados são semelhantes das medidas, visto o deslocamento da média dos valores da
aos de Harms e Bader7 que encontraram alta confiabilidade diferença entre A e B (Δ A-B), que deveria ocorrer no ponto
intra-examinador em um modelo de mobilização ântero- zero do eixo y. Esses resultados podem ter sido influenciados
posterior da coluna vertebral, e aos achados de Hsu et al.6 pelo tipo de formação do terapeuta manual ou o tempo de
que demonstraram alta confiabilidade intra-sessão na prática do terapeuta. Entretanto, Cook et al.15 em um estudo
mobilização da articulação glenoumeral. Entretanto, quando de mobilização na coluna vertebral, demonstraram que gênero,
nós comparamos as médias das medidas da força máxima idade, anos de prática e diferença na formação profissional
e mínima aplicadas por um mesmo examinador, verificamos não são fatores preditivos para uma fraca consistência nas
uma diferença estatisticamente significativa, indicando variação manobras de mobilização. Esses mesmos autores sugerem
na intensidade da força aplicada ao longo dos 30 segundos que a variabilidade encontrada na força entre os examinadores
de oscilações. Por outro lado, uma fraca confiabilidade foi é devido a algum fator ainda não conhecido, ou a um fator
observada entre as manobras aplicadas pelos examinadores intrínseco aos examinadores.
A e B. Além disso, foi encontrada diferença estatisticamente No presente estudo, é possível que esta variabilidade
significativa entre as médias das forças aplicadas pelos encontrada entre os examinadores seja devido a uma diferença
examinadores, indicando variação na intensidade da força no desempenho da força. O procedimento adotado
aplicada. A esse respeito, Björnsdóttir e Kumar14, compararam compreendeu a aplicação de 30 segundos de mobilização pelo
a confiabilidade de fisioterapeutas experientes em terapia examinador A seguido do examinador B, o que gerou
manual com fisioterapeutas inexperientes, durante a mobilização adaptação dos tecidos periarticulares do tornozelo durante
póstero-anterior da coluna e demonstraram que ambos os a primeira série de mobilização. Provavelmente, a força
grupos obtiveram baixa consistência nas medidas da força solicitada pelo examinador B para mobilizar a articulação
aplicada. talocrural foi menor quando comparado ao examinador A.
Conforme podemos observar nas figuras 2 e 3, ocorreu Este efeito pode ser observado nos dados representados na
grande dispersão em relação ao eixo y, indicando que há uma tabela 1. Segundo alguns autores, a força aplicada durante
baixa concordância entre os dados dos examinadores A e B. a manobra de mobilização, grau III e IV de Mailtand é exercida
204 Resende MA, Venturini C, Penido MM, Bicalho LI, Peixoto GHC, Chagas MH Rev. bras. fisioter.
contra uma resistência mínima e aumentada gradativamente 5. Pellow JE, Brantinghan JW. The efficacy of adjusting the ankle
até encontrar uma resistência máxima8,13,16, promovendo assim in the treatment of subagude and chronic grade I and grade II
ankle inversion sprains. Journal Manipulative and Physiological
uma deformação viscoelástica dos tecidos periarticulares17.
Therapeutics 2001; 24 (1):17-24.
Um dos fatores limitantes deste estudo foi a
impossibilidade de confirmar a calibração do instrumento após 6. Hsu A, Ho L, Chang J, Chang G. Characterization of tissue re-
sistance during a dorsally directed translation mobilization of
cada medida efetuada pelos examinadores, o que poderia the glenohumeral joint. Archives Physical Medicine Rehabilita-
inviabilizar o estudo, dado ao tempo necessário para executar tion 2002; 83:360-6.
este procedimento. Para futuros estudos, é possível propor
7. Harms MC, Bader DL. Variability of forces applied by expe-
novas estratégias para melhorar a consistência das medidas rienced therapists during spinal mobilization. Clinical Biome-
entre os examinadores. Para esse propósito, podemos utilizar chanics 1997; 12 (6): 393-9.
o feedback visual das curvas de força no monitor do 8. Cook CE. Effectiveness of visual perceptual learning on inter-
computador, uma vez que a outra limitação deste estudo foi therapist reliability of lumbar spine mobilization. The Internet
a falta de um mecanismo para controlar a força aplicada pelos Journal of Allied Health Sciences & Practice 2003; 1(2): 1540
examinadores durante as manobras de mobilização articular. – 580.
9. Matyas TA, Bach TM. The reliability of selected techniques in
clinical arthrometrics. The Australian Journal of Physiotherapy
1985; 31(5):175-199.
CONCLUSÕES
10. Nield S, Davis K, Davis K, Latimer J, Maher C, Adams R. The
Os resultados obtidos no presente estudo indicaram alta effect of manipulation on range of movement at the ankle joint.
confiabilidade para a condição intra-examinador e baixa para Scandinavian Journal Rehabilitation Medicine 1993; 25: 161-6.
a condição interexaminador da força aplicada durante a 11. Portney LG, Watkins MP. Reliability. In: Portney LG e Watkins
mobilização ântero-posterior da articulação do tornozelo grau MP, editores. Foundations of clinical research. 2nd ed. New
III e IV de Maitland. Esses dados sugerem que a manobra Jersey : Prentice Hall Health; 2000. p. 61 -75.
de mobilização articular grau III e IV de Maitland, utilizada 12. Bland JM, Altman DG. Statistical Methods for assessing agree-
para a mobilização do tornozelo deve ser realizada apenas ment between two methods of clinical measurement. Lancet
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por um examinador nos estudos científicos e no
acompanhamento clínico dos indivíduos. 13. Harms MC, Innes SM, Bader DL. Forces measured during spi-
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Vol.
ISSN101809-9246
No. 2, 2006 Adaptação da LDH ao LLLT e Treinamento Aeróbio 205
Rev. bras. fisioter. Vol. 10, No. 2 (2006), 205-211
©Revista Brasileira de Fisioterapia
RESUMO
Objetivo: Verificar a atividade e padrão eletroforético da LDH em resposta ao exercício em esteira em ratos submetidos à
fotoestimulação por laser de baixa intensidade (780 ηm). Método: Foram utilizados nesse estudo 54 ratos machos jovens (30dias),
Winstar, com peso inicial médio de 112 ± 4,7g, os quais foram divididos em quatro grupos: dois permaneceram em repouso, GRC
(grupo repouso controle, n= 9) e GRL (grupo repouso laser, n= 10), sendo o segundo irradiado por laser, e outros dois foram
submetidos ao treinamento aeróbio e testes de esforço crescente em esteira (em degraus descontínuos) visando à determinação
do limiar de anaerobiose (LA) durante 5 semanas, GEC (grupo exercício controle, n= 16) e GEL (grupo exercício laser, n= 19), sendo
o último também irradiado por laser. O laser foi aplicado no quadríceps, glúteo máximo, sóleo e tibial anterior (TA), bilateralmente,
imediatamente após cada sessão de treinamento, usando: 3,8J/cm2, 15mW, 10s, modo contínuo, durante 5 semanas. Amostras
de sóleo, TA e coração foram removidas 48 horas após a última sessão de exercício para análise eletroforética e
espectrofotométrica. A estatística foi realizada através do teste ANOVA e post-hoc de TUKEY. O nível de significância foi
considerado (p≤ 0,05). Resultados: Foram observadas reduções na atividade da LDH causadas pelo laser (de 19% a 30%), exercício
(de 41% a 66%) e as ações combinadas (de 47% a 66%) (p< 0,01). A eletroforese mostrou uma predominância da subunidade B
para o sóleo e coração, e uma predominância da subunidade A no TA. Conclusões: Estes dados sugerem uma melhor resposta
adaptativa dos animais ao treinamento aeróbio associado à terapia laser, no que se refere à otimização da via oxidativa.
Palavras-chave: LDH, Eletroforese, treinamento de endurance, rato, LLLT.
ABSTRACT
Adaptation of LDH Enzyme in Rats Undergoing Aerobic Treadmill Training and Low Intensity Laser
Therapy
Objective: To analyze the activity and electrophoretic pattern of the enzyme LDH in response to treadmill training, in rats
undergoing photostimulation using low-level laser therapy (LLLT) (780 ηm). Method: Fifty-four 30-day-old male Winstar rats
initially weighing 112 ± 4.7g were divided into four groups. Two groups remained at rest: resting control group (RCG, n= 9) and
resting LLLT group (RLG, n= 10). The other two groups underwent a five-week treadmill program of aerobic training and non-
continuous incremental effort tests, with the aim of determining the anaerobic limit. One of the latter was an exercise control
group (ECG, n= 16) and the other was an exercise LLLT group (ELG, n= 19). LLLT was applied to the quadriceps, gluteus maximus,
soleus and tibialis anterior, bilaterally, immediately after each training session, using the following: 3.8 J/cm2; 15 mW; time 10
s; continuous mode. Samples of the soleus, tibialis anterior and heart were removed 48 hours after the last exercise session for
electrophoretic and spectrophotometric analysis. The statistical analyses used were the ANOVA and post-hoc Tukey tests. The
level of statistical significance was set at p≤ 0.05. Results: Reductions in LDH activity caused by laser (from 19% to 30%), exercise
(from 41% to 66%) and combined action (from 47% to 66%) were observed (p< 0.01). Electrophoresis showed predominance of
subunit B in the soleus and heart, and predominance of subunit A in the tibialis anterior. Conclusion: The data suggest that the
animals have an adaptive response to aerobic training with LLLT, towards optimizing the oxidative pathway.
Key words: LDH, Electrophoresis, endurance training, rat, LLLT.
206 Vieira WHB, Goes R, Costa FC, Parizotto NA, Perez SEA, Baldissera V, et al. Rev. bras. fisioter.
simultaneamente e isoladamente. Para a dosagem do lactato inclinação constante de 10%, segundo teste realizado por
sanguíneo foi utilizado um lactímetro eletroenzimático YSI Langfort et al.18 e Pilis et al.19, cuja velocidade inicial foi de
MODEL I500 Sport Lactate Analyzer. A irradiação foi realizada 13 m/min, seguindo assim, até o momento da exaustão física.
através de um equipamento laser na faixa espectral do Depois, o sangue foi transferido para um tubo de capacidade
infravermelho (GaAlAs), Classe IIIb-CEI-IEC 825-1 (MM de 0,5 ml tipo “ependorff” contendo 50μl de anticoagulante
Optics, São Carlos, Brasil). (fluoreto de sódio). O material retirado foi mantido, durante
o procedimento, refrigerado, sendo em seguida congelado
Adaptação, condicionamento do animal à esteira e em freezer até sua utilização na mensuração do lactato. Essa
treinamento aeróbio determinação do LA por meio da lactacidemia teve o propósito
Todos os animais passaram, primeiramente, por um de caracterizar a predominância, no treinamento utilizado no
período de 6 dias consecutivos de adaptação e condiciona- estudo, do metabolismo aeróbio.
mento à esteira, até atingirem, a partir da progressão da carga
de trabalho (tempo de atividade e velocidade), um máximo Irradiação por laser de baixa intensidade
de 10 minutos de esforço diário e velocidade de 17,5 (m/min) A irradiação por laser foi realizada diariamente, utilizando
no 6º dia que era o grau de esforço preconizado para a fase como parâmetros: Comprimento de onda 780ηm, dose= 3,8
inicial do treinamento. A partir daí, iniciou-se o treinamento J/cm2, potência= 15 mW, no modo contínuo, por 30 dias
aeróbio o qual apresentava um aumento diário na carga de consecutivos, conforme recomendado por Halsberghe20. As
trabalho (2 minutos no tempo e uma progressão variável na aplicações foram realizadas imediatamente após a corrida na
velocidade), até se atingir uma meta pré-determinada para esteira, visando aproveitar as condições de “estresse físico”
o último dia de treinamento semanal (Tabela 1). Esta graduação e conseqüentemente, de alterações metabólicas do animal,
teve o intuito de possibilitar uma boa adaptação dos animais tendo em vista a maior eficácia do laser nessas condições2,21.
ao treinamento e favorecer um predomínio no treinamento As aplicações foram em número de quatro (quadríceps, TA,
aeróbio, conforme preconizado por Moraska et al.17. As ses- sóleo e glúteo máximo), bilateralmente, totalizando oito
sões foram sempre no início do crepúsculo, período do dia aplicações por animal/dia, todas sobre a pele depilada,
em que os ratos naturalmente entram em sua mais alta ati- utilizando-se a técnica pontual. A escolha dos pontos sobre
vidade, por serem animais de hábito noturno. a musculatura das patas traseiras e a quantidade de pontos
teve o objetivo de obter uma resposta mensurável em
Teste de esforço e coleta de amostras de sangue proporções sistêmicas. A depilação foi um meio de minimizar
O teste de esforço para a determinação do LA foi do tipo a reflexão e a refração, e conseqüentemente, aumentar a
em degraus descontínuos com velocidades crescentes em efetividade do laser.
esteira ergométrica. Antes do início do teste de esforço foi
retirada a primeira amostra (linha de base). Em seguida, os Extração de tecidos, análise enzimática e eletroforese
animais foram submetidos a intervalos de esforço físico, com Nas análises enzimáticas foram utilizadas frações de
duração de três minutos, seguidos de intervalos de dois músculo TA, sóleo e cardíaco retiradas 48 horas após a última
minutos a cada bloco de exercício para a coleta de sangue sessão de exercício, com o intuito de garantir que eventuais
diretamente da cauda do animal por meio de um tubo capilar modificações na atividade enzimática fossem decorrentes da
previamente calibrado e heparinizado. A velocidade da esteira aplicação do laser e não do efeito da última sessão de
aumentou em 4 m/min a cada intervalo de exercício, com treinamento. A análise em músculo cardíaco visou identificar
Tabela 1. Valores médios (± DP) das metas semanais das variáveis relacionadas ao programa de treinamento aeróbio.
Nº h km km/h m/min
possíveis efeitos sistêmicos do laser, tendo em vista que esse ainda são escassas e na maioria das vezes contraditórias, fato
tecido não foi irradiado. As cinéticas enzimáticas foram este que justifica a necessidade e importância da realização
realizadas por meio de espectrofotometria, cujos resultados de pesquisas envolvendo esse recurso fisioterapêutico.
foram expressos em UI/g de tecido-1 (μmoles de substrato. Assim, o presente estudo teve o propósito de investigar
g-1 de tecido fresco.min-1), a 25ºC. Já as eletroforeses foram as possíveis adaptações bioquímicas relativas à atividade da
realizadas em gel de amido e as quantificações das intensidades enzima LDH, que ocupa posição chave no metabolismo
relativas das isoformas da LDH foram obtidas pelo método glicolítico, e ao seu padrão eletroforético, em ratos submetidos
de diluições seriadas de Klebe22. a um treinamento aeróbio em esteira e a fotoestimulação por
laser de baixa intensidade.
Análise estatística Primeiramente, relativo a atividade da LDH, pode-se
Os resultados são apresentados através da média e observar que todos os tecidos estudados (sóleo, TA e coração)
desvio-padrão. Foram utilizados os testes: ANOVA para analisar apresentaram comportamentos semelhantes, no que se refere
a variância entre os grupos, no que se refere à atividade ao padrão de atividade entre os grupos, de modo que foi
enzimática e padrão eletroforético, seguidos do post-hoc de evidenciado uma menor atividade dessa enzima (maior inibição)
Tukey. O LA de cada animal foi determinado por um de todos os grupos em relação ao grupo controle, sendo as
examinador utilizando o modelo bi-segmentado no ponto de menores atividades detectadas nos grupos submetidos ao
inflexão do teste de esforço crescente. O nível de significância laser associado ao exercício (grupo 4), ao exercício (grupo
foi considerado (p≤ 0,05). 3) e somente ao laser (grupo 2), respectivamente. Tal resposta
era de se esperar, tendo em vista os estímulos propostos
RESULTADOS (exercício e/ou laser) visarem respostas aeróbias, em
detrimento de respostas anaeróbias.
Atividade da LDH em 1 e 10 mM de substrato
As atividades mais altas da LDH foram detectadas em
extratos de músculo TA, seguindo-se das em músculo sóleo,
e, as mais baixas no coração. Pode-se observar uma menor
Atividade da LDH
LDH - 1 mM
atividade de todos os grupos (4, 3 e 2) em relação ao controle 200
**
(1) (p< 0,01) para todos os tecidos. Foi possível ainda 150 **
**
identificar uma semelhança no padrão de resposta nas duas 100 ** **
** **
concentrações estudadas, sendo que na menor concentração ** **
50
(1 mM) (Figura 1 a) o nível de atividade foi maior em relação
à concentração maior (10 mM)(Figura 1 b ). 0
Sóleo TA Coração
Razões B / A (atividade LDH em 1 mM / atividade em GRC (1) GRL (2) GEC (3) GEL (4)
10 mM de piruvato)
a
Observaram-se razões B / A maiores que 1 (Figura 2a)
e, conseqüentemente, inibições em alta concentração de
substrato (10 mM) para todos os extratos teciduais, LDH - 10 mM
Atividade da LDH
3). 0
Foi possível ainda identificar aparente ação sistêmica Sóleo TA Coração
do laser baseado na diminuição da LDH em músculo cardíaco
por meio da comparação, principalmente, dos grupos GRC (1) GRL (2) GEC (3) GEL (4)
submetidos ao exercício e laser e seu respectivo controle
b
(grupo 3).
60 Coração
2
40 1.6
-1
20 UI/g tecido 1.2
B
0 0.8 A
Sóleo TA Coração 0.4
estudados. 0.6
UI/g tecido
0.4 B
A
Autores2,7,21,23 sugerem que a magnitude ou eficácia do 0.2
efeito biomodulatório atribuído ao laser de baixa intensidade 0
ao interagir com os tecidos biológicos, é dependente, dentre GRC (1) GRL (2) GEC (3) GEL (4)
outros fatores, das condições metabólicas prévias do tecido,
de tal forma que a resposta tende ser ótima quando o potencial b
redox celular se encontra alterado como, por exemplo, num
quadro de lesão tecidual, cujo ambiente celular apresenta TA
condições (diminuição do pH e do suprimento energético -
3
O2) que favorece a maior interação da radiação com os tecidos,
-1
UI/g tecido
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No. 2, 2006 Dor e Capacidade Funcional em Obesos com OA de Joelho 213
Rev. bras. fisioter. Vol. 10, No. 2 (2006), 213-218
©Revista Brasileira de Fisioterapia
RESUMO
Contextualização: A osteoartrite (OA) de joelho é uma doença crônica que acomete a cartilagem articular, provocando alterações
ósseas, dor e rigidez à movimentação. A obesidade é um dos seus principais fatores de risco. As queixas de dificuldades
funcionais são freqüentes, especialmente para a locomoção, que se torna mais lenta. Com os crescentes níveis de obesidade
no Brasil, torna-se importante compreender como a OA de joelho afeta a capacidade funcional humana, a fim de se elaborar
medidas de tratamento e prevenção. Objetivo: Analisar a influência da intensidade de dor, gravidade radiográfica, grau de
obesidade e duração dos sintomas na capacidade funcional de indivíduos obesos com OA de joelho. Método: A intensidade
de dor foi medida pelo questionário Western Ontario and McMaster Universities Index (WOMAC) e durante os testes
funcionais. A gravidade radiográfica foi analisada pela classificação Kellgren-Lawrence e o grau de obesidade pelo índice de
massa corporal (IMC). Foram realizados quatro testes funcionais de velocidade: marcha usual e rápida, subir e descer escadas.
Resultados: A amostra foi constituída de 31 mulheres e 4 homens, com idade média de 51,65 ± 10,72 anos e IMC médio de 41,16
± 8,37 kg/m2. As atividades em escadas estavam associadas a níveis mais intensos de dor. Apenas a intensidade de dor
apresentou correlações significativas com os resultados nos testes de velocidade. Conclusão: A intensidade de dor é um fator
que influencia a realização de atividades funcionais em indivíduos obesos com OA de joelho, mas outros estudos são necessários
para identificar os fatores determinantes de capacidade funcional nesta população.
Palavras-chave: obesidade, osteoartrite de joelho, dor, capacidade funcional.
ABSTRACT
Relationship Between Pain Intensity and Functional Capacity of Obese Individuals With Knee
Osteoarthritis
Background: Knee osteoarthritis is a chronic disease that affects joint cartilage, causing bone structure alterations, pain and
stiffness during movement. Obesity is one of its principal risk factors. Complaints about functional disability are frequent,
especially for locomotion activities, which people with knee osteoarthritis perform slower. With the increasing levels of obesity
in Brazil, it is important to understand how knee osteoarthritis affects human functional capacity, in order to devise treatment
and prevention measures. Objective: To examine the influence of pain intensity, radiographic severity, obesity level and symptom
duration on the functional capacity of obese individuals with knee osteoarthritis. Method: Pain intensity was measured using
the Western Ontario and McMaster Universities Index (WOMAC) questionnaire and during functional capacity tests. Radio-
graphic severity was analyzed using the Kellgren-Lawrence classification and the obesity level was assessed using body mass
index (BMI). Four functional velocity tests were performed: usual gait, fast gait, ascending stairs and descending stairs. Results:
The sample consisted of 31 women and 4 men, with mean age of 51.65 ± 10.72 years and BMI of 41.16 ± 8.37 kg/m2. The greatest
intensity of pain was reported during stair activities. Only pain intensity presented significant correlations with the results from
the velocity tests. Conclusion: Pain intensity is a factor that influences functional activity performance among obese individuals
with knee osteoarthritis. Further studies are necessary for identifying the determining factors for functional capacity in such
populations.
Key words: obesity, knee osteoarthritis, pain, functional capacity.
214 Vasconcelos KSS, Dias JMD, Dias RC Rev. bras. fisioter.
INTRODUÇÃO METODOLOGIA
Dor
O questionário WOMAC foi aplicado na sua versão
traduzida e validada para o Brasil18 por meio de entrevista
assistida. A intensidade de dor foi representada pelos escores
na seção de dor do questionário, nos níveis: nenhuma, pouca,
moderada, intensa e muito intensa. A mesma escala foi
utilizada para mensurar a dor durante a realização dos testes
de capacidade funcional. Para análise dos dados, estes níveis
foram transformados respectivamente em 0, 25, 50, 75 e 100.
Gravidade radiográfica
Para avaliar a gravidade da OA de joelho através dos
critérios Kellgren-Lawrence19, foram examinadas radiografias
da articulação tibiofemural em imagens ântero-posteriores,
com carga sobre os membros inferiores. Cada radiografia Figura 1. Kit para Avaliação Computadorizada de Rendimento Físico
foi classificada por um examinador que desconhecia o estado Multisprint®, utilizado para avaliar as velocidades de marcha usual e
rápida.
clínico dos voluntários em: grau I = provável diminuição do
espaço articular, com possível osteofitose; grau II = osteófitos
bem definidos e possível diminuição do espaço articular; grau Os voluntários iniciavam os testes ao comando “já” do
III = múltiplos osteófitos, clara diminuição do espaço articular examinador, momento em que era disparado o cronômetro.
e possíveis deformidades nas extremidades ósseas; grau IV A contagem de tempo era interrompida quando se alcançava
= grandes osteófitos, intensa diminuição do espaço articular, o último degrau com os dois pés, sempre olhando para frente.
esclerose grave e extremidades ósseas com deformidades A ordem dos testes foi aleatorizada por sorteio e os
definidas19. voluntários foram instruídos a utilizar um calçado usual, que
considerassem confortável e seguro. Foram realizadas três
Testes de capacidade funcional medidas para cada teste, com intervalo de 15 a 30 segundos
A capacidade funcional objetiva foi avaliada por quatro entre cada medida e 30 a 60 segundos entre cada tipo de
testes de velocidade: marcha usual, marcha rápida, subir teste. A coleta de dados foi realizada em uma única sessão,
escadas e descer escadas. entre às 14 e 17 horas.
Os testes de marcha foram realizados em um corredor
plano e sem obstáculos, com distância percorrida de 25 m. Análise estatística
Os três primeiros e os dois últimos metros foram desprezados Os dados foram analisados com o software SPSS –
como aceleração e desaceleração. Para medir a velocidade Stastitical Package for Social Sciences (versão 11.5). Além
foram utilizadas células fotoelétricas (Kit Multisprint®, Inserra das análises descritivas, foi utilizado o teste de correlação
Indústria Mecânica LTDA, Belo Horizonte, Minas Gerais). não-paramétrico com o coeficiente de Spearman para avaliar
A figura 1 mostra o Kit Multisprint®. Para familiarização, os a relação da intensidade de dor e gravidade radiográfica com
voluntários percorreram o corredor uma vez. Para o teste a capacidade funcional. Para a relação da idade e obesidade
de marcha usual, eram orientados a “caminhar em um ritmo com a capacidade funcional foi utilizado o teste paramétrico
normal”. Para a marcha rápida, a “caminhar o mais rápido com o coeficiente de correlação linear de Pearson. O nível
possível”, com o estímulo verbal “rápido, rápido”. de significância foi estabelecido como α = 0,05.
Os outros testes foram realizados em uma escada
comum de prédio, com corrimão. Para familiarização, os RESULTADOS
voluntários subiram e desceram os seis degraus uma vez.
Para os testes, eles foram instruídos a realizar a atividade “em Amostra
um ritmo normal, da maneira como tivessem costume de fazer A amostra foi constituída por 31 mulheres e 4 homens.
no dia-a-dia”, sendo permitido o uso do corrimão. Também A idade média foi de 51,65 ± 10,72 anos (mínimo de 29,00
era permitido realizar os testes colocando os dois pés em cada e máximo de 67,83). A altura média dos voluntários foi de
degrau, ou alternando o apoio com cada pé em um degrau. 1,57 ± 0,092 metros (m) e o peso médio foi de 102,30 ±
O mesmo padrão quanto ao uso do corrimão e o tipo de apoio 25,037 quilos (Kg). O IMC médio foi de 41,16 ± 8,37 kg/
eram utilizados durante todo o teste. m2.
216 Vasconcelos KSS, Dias JMD, Dias RC Rev. bras. fisioter.
Apenas um voluntário apresentava acometimento escadas (r= -0,308, p= 0,072), ao contrário da velocidade
unilateral da OA de joelho. O tempo médio de início dos de descer escadas (r= -0,346, p= 0,042).
sintomas da OA de joelho foi de 6,47 ± 4,16 anos. Para a intensidade de dor durante os testes, foram
observadas correlações inversas, estatisticamente significan-
Dor tes, com a velocidade de marcha usual (r= -0,351, p= 0,039),
A média do escore total da seção de dor do WOMAC de marcha rápida (r= -0,347, p= 0,041) e para subir escadas
foi de 42,85 ± 17,83. O item de dor caminhando no plano (r= -0,362, p= 0,033). Não houve correlação significante
apresentou valor médio de 33,57 ± 28,40 e o item de para o teste de descer escadas (r= -0,261, p= 0,130).
intensidade de dor subindo ou descendo escadas de 62,14
± 22,98. A tabela 1 apresenta os níveis médios de dor durante Relação entre capacidade funcional e outras variáveis
cada teste de capacidade funcional. Não foram encontradas correlações estatisticamente
significantes entre os resultados dos testes de velocidade e
as de gravidade radiográfica, idade, IMC e tempo dos
Tabela 1. Níveis de dor durante os testes de capacidade funcional.
sintomas da OA de joelho.
Marcha usual 20,71 ± 25,35 Este estudo procurou compreender como a intensidade
de dor influencia a capacidade funcional de indivíduos obesos
Marcha rápida 26,42 ± 27,74 com OA de joelho. Ambas as variáveis são de grande relevância
Subir escadas 32,14 ± 24,68 clínica, uma vez que os principais alvos do tratamento para
as pessoas que sofrem com a OA de joelho constituem a
Descer escadas 37,14 ± 26,68 redução dos níveis de dor e a melhora na capacidade de
†
realização das atividades funcionais.
DP= desvio-padrão
Em termos clínicos e radiográficos, pode-se dizer que
a amostra apresentava um acometimento moderado da OA
Classificação Radiográfica de joelho. Os resultados quanto à intensidade de dor mostraram
Para a avaliação radiográfica da OA de joelho, obtivemos altos valores de desvio-padrão, demonstrando a grande variação
33 radiografias. Em caso de discrepância entre os dois joelhos deste sintoma entre indivíduos com OA de joelho. Os maiores
acometidos pela OA, foi considerado o resultado da articulação níveis de dor associados às atividades em escadas, tanto no
com maior grau. A maioria dos voluntários apresentou grau questionário WOMAC quanto na realização dos testes pode
II (11 voluntários) e III (13 voluntários). refletir o maior impacto na articulação do joelho que ocorre
durante estas atividades, em relação à marcha no plano20.
Capacidade Funcional Os resultados deste estudo demonstraram correlações
A velocidade média de marcha usual foi de 1,13 ± 0,21 estatisticamente significantes entre intensidade de dor e
m/s e a de marcha rápida de 1,53 ± 0,25 m/s. Para subir capacidade funcional, apesar de não ter sido controlada a
escadas, a velocidade média do grupo foi de 0,97 ± 0,29 variável referente ao uso de medicamentos. De maneira geral,
degraus/s e para descer escadas de 1,02 ± 0,35 degraus/s. foram encontradas correlações de fraca a moderada inten-
sidade, de forma semelhante aos outros estudos21,22.
Relação entre intensidade de dor e capacidade funcional O escore da seção de dor do questionário WOMAC
O escore total da seção de dor do WOMAC não apre- apresentou correlação significativa apenas com as atividades
sentou correlação estatisticamente significante com a velo- de marcha rápida e descer escadas. Provavelmente estas duas
cidade de marcha usual (r= - 0,180, p= 0,3), nem com a atividades representam maiores desafios à capacidade
velocidade de subir escadas (r= -0,32, p= 0,058). Para a funcional de obesos com OA de joelho. A marcha rápida, em
velocidade de marcha rápida e de descer escadas, foram especial, não era uma atividade comum no dia-a-dia dos
observadas correlações estatisticamente significantes e voluntários deste estudo.
inversas (r= -0,399, p= 0,018 e r= -0,379, p= 0,025, res- Já analisando o nível de dor no item caminhando no
pectivamente). plano, foram observadas correlações moderadas tanto com
A intensidade de dor no item caminhando no plano estava a velocidade de marcha usual quanto com a velocidade de
correlacionada inversamente com a velocidade de marcha marcha rápida. Estes resultados demonstram a especificidade
usual (r= -0,411, p= 0,014) e de marcha rápida (r= -0,591, da dor na OA de joelho e a aplicabilidade do questionário
p= 0,001), ambas estatisticamente significantes. Para o item WOMAC em analisá-la, considerando diferentes atividades
subindo ou descendo escadas, não houve correlação funcionais.
significante entre intensidade de dor e velocidade de subir
Vol. 10 No. 2, 2006 Dor e Capacidade Funcional em Obesos com OA de Joelho 217
Quanto ao nível de dor no item subindo ou descendo sentando, por exemplo, correlação entre o estado da articulação
escadas, houve correlação significativa apenas com a fêmuro-patelar e as amplitudes de flexão realizadas durante
velocidade de descer escadas, o que pode refletir o tipo de as atividades em escadas.
pergunta deste item, que agrega duas atividades: subir e descer Da mesma forma, o tempo dos sintomas, considerado
escadas. Para muitos dos voluntários, a atividade de descer isoladamente como um dos fatores de gravidade OA de joelho
escadas era especialmente mais dolorosa do que a de subir da doença, pode não representar a diversidade entre a
escadas. Ao responder o questionário, é provável que tenham progressão e a capacidade de adaptação entre os indivíduos
associado o maior nível de dor àquela atividade. com a doença.
Para a intensidade de dor durante os testes de capacidade Também é importante lembrar que o IMC representa
funcional, não houve correlação significativa apenas para a apenas uma alteração no equilíbrio energético do indivíduo,
velocidade de descer escadas, diferentemente da relação entre não permitindo análises de alterações metabólicas ou
a dor medida pelo questionário WOMAC e a velocidade para composições de massa gorda ou magra. É possível que estes
descer escadas. A variação da dor na OA de joelho de acordo fatores não englobados pelo IMC tenham maior repercussão
com a atividade funcional realizada pode explicar este na capacidade funcional de indivíduos obesos.
contraste. Ao responder um questionário sobre dor ao descer Este estudo apresentou considerações quanto a obesos
escadas, o voluntário vai se reportar às escadas que utiliza com OA de joelho e seus resultados não podem ser genera-
no dia-a-dia, que variam em largura, extensão, forma e altura lizados para outros grupos com esta doença. O tamanho
dos degraus, disponibilidade de corrimão, etc. Além disso, reduzido da amostra e os altos valores de desvio-padrão podem
as demandas de uma mesma atividade podem variar. Pode ter influenciado a ausência de relação entre algumas variáveis
ser preciso descer vários lances de degraus para alcançar e a capacidade funcional, achados que não podem ser tomados
rapidamente um ônibus, ou descer calmamente três degraus como definitivos. Além disso, a velocidade representa apenas
na porta de casa. Um teste de capacidade funcional é realizado um dos aspectos referentes à realização de atividades fun-
em um ambiente padronizado com demandas específicas, cionais como a marcha e o subir ou descer escadas. A ca-
que pode ou não ser mais desafiador que as atividades pacidade funcional humana é complexa e abrangente,
funcionais do dia-a-dia. É possível que o teste de descer envolvendo diversas outras características além do tempo
escadas deste estudo fosse menos desafiador que as atividades despendido para a realização de uma determinada atividade27.
funcionais dos voluntários, uma vez que era permitido que
o realizassem à sua maneira usual. A única demanda imposta CONCLUSÃO
era chegar ao final da escada. Não havia exigências de tempo,
performance ou outros objetivos. Alguns indivíduos relataram Pode-se concluir que a intensidade de dor está
que poderiam realizar os testes com mais velocidade ou sem relacionada à capacidade funcional objetiva de indivíduos
a ajuda do corrimão, se solicitados, apesar da possibilidade obesos com OA de joelho, de forma moderada. Como a dor,
de sentirem dor mais intensa. Isto demonstra uma capacidade isoladamente, não é capaz de explicar as alterações e prejuízos
de atender a maiores demandas funcionais, apesar de um funcionais associados à OA de joelho, sua redução permanece
estímulo negativo como a dor. Estudos demonstram que como objetivo clínico importante, mas confirmam-se as
indivíduos com OA de joelho, entre eles os obesos, são evidências de que outros recursos de tratamento são
capazes de modificar estratégias de movimento para reduzir necessários para minimizar os efeitos deletérios da OA de joelho
a dor e o estresse articular23,24. É possível, que, nas condições na capacidade funcional e potencializar o uso e a proteção
do estudo, os voluntários tenham se adaptado à tarefa de descer da articulação afetada.
escadas, reduzindo a dor e sua influência na velocidade com
que realizavam a atividade. Por outro lado, o teste de subir REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
escadas parece ter alcançado as demandas funcionais que
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como observado por outros estudos25,26. A incidência radi- 3. Felson DT, Anderson JJ, Naimark A, Walker AM, Meenan RF.
ográfica em perfil não é considerada como mandatória para Obesity and knee osteoarthritis: The Framingham Study. Ann
a classificação de gravidade radiográfica de Int Med 1988; 109:18-24.
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218 Vasconcelos KSS, Dias JMD, Dias RC Rev. bras. fisioter.
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RESUMO
Objetivo: Verificar o efeito da aplicação da TENS no quadro álgico de pacientes submetidas à cirurgia de cesariana. Método:
Foi utilizada uma amostragem de 30 mulheres, voluntárias, com faixa etária entre 16 e 35 anos, em período imediato de pós-
operatório de cesariana, com a presença de dor abdominal e no baixo ventre, subdivididas em dois grupos A e B, contendo em
cada um deles 15 mulheres, submetidas, respectivamente, à eletroestimulação e ao tratamento placebo por eletroestimulação.
A rotina hospitalar de administração de fármacos não foi alterada e manteve-se similar em ambos os grupos. A corrente utilizada
foi a TENS convencional (F= 100Hz e T= 50μs), com pulso bipolar assimétrico, que foi aplicada através de quatro eletrodos de
borracha siliconada e carbonada, gel e fita adesiva para a fixação dos mesmos de forma peri-incisional em técnica bipolar com
dois pares de eletrodos cruzados, após cessar o efeito da anestesia, por 50 minutos, com intensidade em um nível sensorial forte.
A Escala Visual Analógica (EVA) foi utilizada para a quantificação da intensidade da dor antes e após a eletroestimulação. Para
a análise dos dados foi aplicado o teste t de Student, para amostras pareadas, com um nível de significância de 5%. Resultados:
Foi demonstrada uma diferença estatisticamente significante entre as intensidades da dor, antes e após a aplicação da TENS,
apenas nos indivíduos participantes do grupo A. Conclusão: Levando em consideração as condições experimentais deste estudo,
podemos concluir que a aplicação da TENS pode constituir mais um recurso usado em mulheres submetidas à cesariana.
Palavras-chave: TENS, eletroestimulação, cesariana.
ABSTRACT
Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation (TENS) Following Cesarean Surgery
Objective: To investigate the effect of transcutaneous electrical nerve stimulation (TENS) on pain in patients who underwent
cesarean surgery. Method: A sample of 30 female volunteers aged between 16 and 35 years old was recruited. All were in the
immediate postoperative period following cesarean surgery, presenting abdominal and lower-womb pain. They were divided into
two groups of 15 women (A and B). Group A was treated with electrostimulation and Group B received placebo treatment. The
hospital’s drug administration routine was not altered and remained similar in the two groups. Conventional TENS current
(F= 100Hz and T= 50μs) with an asymmetrical bipolar pulse was applied through four siliconized and carbonized rubber electrodes,
using gel and adhesive tape to attach these electrodes around the incision. The application was bipolar, using two pairs of
crossed electrodes, at a high sensory level for 50 minutes, after interrupting the effect of the anesthesia. A visual analog scale
was used for quantifying pain intensity before and after electrostimulation. For the data analysis, Student’s t test for paired
samples was utilized with a significance level of 5%. Results: There was a statistically significant difference between the pain
intensities before and after TENS application, for the individuals in group A alone. Conclusion: For the experimental conditions
in this study, it can be concluded that TENS application may constitute an additional resource for use on women who have
undergone cesarean surgery.
Key words: TENS, electrostimulation, cesarean.
220 Melo de Paula G, Molinero de Paula VR, Dias RO, Mattei K Rev. bras. fisioter.
o retorno dos indivíduos às suas atividades de vida diária, para facilitar o posicionamento dos eletrodos e ser efetuada
e sendo assim, os mesmos costumam fazer uso de recursos a aplicação da TENS.
farmacológicos e não farmacológicos apresentando cada um Durante a realização da eletroestimulação, efetuada
deles vantagens e desvantagens. sempre por um único observador, foram utilizados 4 eletrodos
Segundo Polden e Mantle14 a TENS pode ser utilizada de 15cm2 (5cm x 3cm) de borracha siliconada e carbonada,
como recurso coadjuvante na situação específica do trabalho gel condutor e fita adesiva para fixá-los de forma peri-
de parto, com o intuito de facilitar o processo de analgesia incisional em técnica bipolar cruzada na região de baixo ventre
durante e no pós-parto e minimizar o desconforto e as e um eletroestimulador KW modelo “Kinesis New
complicações para os pacientes. Microcontrolled®”, novo e devidamente calibrado pelo
Ferreira e Payno15 relataram ainda que este recurso fabricante.
terapêutico se constitui num método simples, prático, de baixo Foi utilizada a corrente TENS convencional (F= 100Hz
custo e de resolução rápida, sem, no entanto, promover efeitos e T= 50μs) com pulso bipolar assimétrico, aplicada após
colaterais para os pacientes, podendo favorecer ainda a redução cessar o efeito da anestesia, por 50 minutos, sendo o cálculo
e ou até mesmo a eliminação da administração de fármacos feito pelo contador de tempo do aparelho, com intensidade
no pós-parto. modulada em um nível sensorial forte, a qual era modificada
Levando em consideração as vantagens inerentes a constantemente para a manutenção de uma sensação de
analgesia que pode ser produzida pela TENS, baseada na formigamento intenso na região de baixo ventre das
fisiologia da dor a partir da teoria do controle de comportas parturientes, as quais foram esclarecidas previamente sobre
medulares e liberação de opióides endógenos, este estudo teve este processo.
como objetivo verificar o efeito da aplicação real e placebo Para os indivíduos do grupo B, foram adotados os
da TENS no quadro álgico de pacientes no pós-operatório mesmos procedimentos, diferindo-se apenas no que diz
de cesariana. respeito à regulagem da intensidade da corrente, ficando o
aparelho desligado a fim de se proceder com um efeito placebo,
CASUÍSTICA E MÉTODO sendo as parturientes esclarecidas que a sensação inerente
à aplicação deste recurso seria a presença ou ausência de uma
Para a realização deste estudo foi utilizada uma amos- sensação de formigamento na região estimulada.
tragem total de 30 voluntárias, com faixa etária entre 16 e Decorridos 30 minutos após cessar a eletroestimulação
35 anos, em período imediato de pós-operatório, cujos partos, com a TENS convencional no grupo A e TENS placebo no
do tipo cesariana, foram realizados na Maternidade Augusta grupo B, os pacientes novamente pontuavam a intensidade
Gomes Bastos, situada no município de Rio Verde-GO. de suas dores na EVA, tendo como referência a intensidade
Todas as participantes foram esclarecidas quanto aos inicialmente elegida por eles, que lhes eram repassadas pelo
procedimentos experimentais do estudo e após terem con- observador.
cordado em participar, assinaram um termo de consentimento Os procedimentos de rotina adotados pela equipe de
informado segundo resolução CNS 196/1996. saúde, incluindo a aplicação endovenosa de cerca de 400mg
Como critério de inclusão a parturiente deveria apresentar de meperidina, mantiveram-se similares em ambos os grupos.
uma intensidade de dor superior à zero na Escala Visual Com o objetivo de verificar a existência ou não de
Analógica (EVA), com escala numérica respondida verbalmente diferenças estatisticamente significantes entre as intensidades
(0-10) e ser primigesta ou ter sido submetida, no máximo, da dor inicial e após a aplicação de eletroestimulação nos
a dois partos anteriores, para que houvesse, realmente, uma indivíduos do grupo A e tratamento placebo nos indivíduos
situação de dor presente, pois segundo alguns autores16,17 a do grupo B, foi aplicado o teste t de Student com um nível
dor tende a ser minimizada e melhor suportada pelas pacientes, de significância de 5%.
à medida que ocorre mais de dois partos, e isto poderia
interferir nos resultados do estudo. RESULTADOS
A amostragem foi subdividida, aleatoriamente, em dois
grupos A e B. O grupo A constou de 15 mulheres, que foram A amostra constou de 30 mulheres em período imediato
submetidas à eletroestimulação por TENS, e o grupo B, de pós-operatório de cesariana com idade entre 16 e 35 anos,
também com 15 mulheres, foi submetido apenas a um no grupo A (média =2,7 e desvio-padrão (DP) =5,98 anos)
tratamento placebo por eletroestimulação. e no grupo B (média =23,13 e DP =3,66 anos), com peso
Antes da eletroestimulação dos indivíduos do grupo A, entre 60 e 130 Kilogramas (Kg), no grupo A (média =71,23
os mesmos elegiam um número representativo da intensidade e DP =18,86 Kg) e no grupo B (média =62,87 e DP =14,55
de sua dor na EVA, com escala numérica verbal (0-10), e logo Kg).
após, foram posicionados em decúbito dorsal no leito A identificação dos indivíduos participantes do estudo,
hospitalar, com exposição da área abdominal e de baixo ventre, a idade, o peso, o número de partos e o valor numérico
representativo da intensidade da dor, inicialmente, e após a
222 Melo de Paula G, Molinero de Paula VR, Dias RO, Mattei K Rev. bras. fisioter.
eletroestimulação e o tratamento placebo, respectivamente, quatorze mulheres, sendo que, em apenas uma delas, houve
nos grupos A e B, estão descritos nas tabelas 1 e 2. Para aumento da intensidade da dor, a qual nós acreditamos estar
comparar as intensidades da dor no início e após a aplicação relacionada com uma ansiedade intensa apresentada por esta
da TENS convencional e placebo nos grupos A e B, utilizou paciente, atribuída ao choro prolongado apresentado por ela,
- se o teste t de Student (p< 5%), o qual permitiu-nos verificar tanto no pré quanto no pós-parto, o que não foi verificado
uma redução significativa da intensidade da dor somente nos em nenhuma outra parturiente.
indivíduos do grupo A. Na modulação dos parâmetros da corrente utilizada
neste estudo, utilizamos uma modalidade de TENS conven-
DISCUSSÃO cional, com parâmetros de freqüência alta, baixa largura de
pulso e intensidade forte, para permitir uma analgesia rápida
Muito embora alguns autores9,10 não tenham verificado e mais efetiva nas dores agudas das nossas voluntárias,
efetividade da TENS na promoção de analgesia, em condições conforme descrito e aplicado em condições semelhantes às
álgicas diversas, incluindo àquela presente no pós-operatório nossas por Lantsen e Smirnov12 e Navarro e Pacheco13.
de cesariana, os nossos resultados corroboram com os de Em relação à colocação dos eletrodos, seguimos a
Lantsen e Smirnov12, Navarro e Pacheco13, Van de Spank18, metodologia de Navarro e Pacheco13 e os preceitos de Lianza5,
Mendoza et al.19 e Van der Ploeg20 os quais verificaram a o qual considera que a aplicação de uma corrente elétrica
efetividade da TENS, em associação ou não, com outros analgésica, com 4 eletrodos cruzados e dispersos nos
recursos farmacológicos de analgesia, aplicados em situação dermátomos de T11 e T12, situados na região de baixo ventre,
de assistência obstétrica. é mais efetiva para reduzir um quadro de dor presente nesta
É bem interessante observar que neste estudo foi região.
verificado, no grupo submetido à eletroestimulação placebo, Vale ressaltar que para o manejo e a quantificação da
uma regressão da dor em somente dois pacientes, a qual se dor das pacientes que participaram deste estudo foram
atribui à meperidina introduzida via endovenosa, sendo que utilizados recursos simples, sem custos adicionais, efetivos
em dez pacientes, a intensidade da dor manteve-se constante, e de fácil reprodutibilidade, tal qual a TENS, que se mostrou
e em três delas, foi aumentada. bem efetiva no alívio da dor pós-operatória de cesariana, sem
Já no grupo experimental, foi verificada uma regressão apresentar efeitos colaterais ou interação com os
e, até mesmo, eliminação total da intensidade da dor, em medicamentos administrados, e, a EVA verbal, com valores
Identificação Idade (anos) Peso (Kg) Partos EVA inicial EVA após a
TENS
01 20 79 2 5 0
02 18 58 1 3 0
03 34 59 2 5 0
04 20 68 2 5 2
05 25 67 2 8 5
06 27 95 2 9 8
07 31 65,5 2 7 0
08 20 58 2 10 2
09 16 60 2 5 0
10 19 130 2 7 0
11 26 68 2 5 10
12 17 64 1 9 0
13 27 72 2 10 0
14 28 62 2 9 0
15 18 63 1 8 0
Vol. 10 No. 2, 2006 Tens no Pós-Operatório de Cesariana 223
Identificação Idade (anos) Peso (Kg) Partos EVA inicial EVA após a
TENS
01 24 70,5 1 5 0
02 23 52 2 5 2
03 20 57 1 7 7
04 23 60 2 5 5
05 19 50 1 5 5
06 16 53 1 10 10
07 22 52 1 4 4
08 22 74 1 10 10
09 35 60 2 9 9
10 25 104 2 5 6
11 23 48 2 5 5
12 23 58 2 8 8
13 21 77 2 8 9
14 31 57 1 6 9
15 25 80 1 10 10
numéricos (0-10), a qual se constitui num método rápido, 3. Johnson MI. Transcutaneous electrical nerve stimulation (TENS)
direto e prático de avaliação da dor, sem sofrer influência de in the management of labour pain: the experience of over ten
thousand women. Ann British Journal of Midwifery 1997; 5:
barreiras lingüísticas e culturais, sem contar que os pacientes
400-5.
não ficam sobrecarregados em preencherem formulários
extensos ou complexos, contendo múltiplas perguntas. 4. Brosseau L, Milne S, Robinson V, Marchand S, Shea B, Wells G,
et al. Efficacy of the transcutaneous electrical nerve stimulation
for the treatment of chronic low back pain. Ann Spine 2002; 27
CONCLUSÃO (6): 596-603.
5. Lianza S. Medicina de reabilitação. 3a ed. Guanabara Koogan. Rio
Levando em consideração as condições experimentais de Janeiro. 2001. P. 200-4
deste estudo, podemos concluir que a utilização da TENS
6. Melzack R, Wall PD. Pain mechanisms: a new theory. Science
pode constituir mais um recurso analgésico, bastante viável,
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pela simplicidade, praticidade e viabilidade econômica, para
7. Greer KR, Hoyt JW. Pain: theory, anatomy, and physiology. Crit
o controle da dor em mulheres submetidas à cesariana.
Care Clin. 1990 Apr; 6 (2): 227-34.
Entretanto, continua havendo a necessidade de inves-
tigações sistematizadas, especialmente através de estudos 8. Ersek RA. Transcutaneous electrical neurostimulations: a new
therapeutic modality for controlling pain. Clin Orthop Relat
clínicos randomizados e controlados, que avaliem a efetividade Res. 1997 Oct; (128): 314-24.
isolada da TENS ou em associação a determinados fármacos,
9. Hollinger JL. Transcutaneous electrical nerve stimulation after
podendo ser aplicada também antecipadamente, durante e
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ISSN101809-9246
No. 2, 2006 Influência de Práticas Maternas no Desenvolvimento Motor de Lactentes 225
Rev. bras. fisioter. Vol. 10, No. 2 (2006), 225-231
©Revista Brasileira de Fisioterapia
RESUMO
Contexto: Práticas maternas são comportamentos específicos, por meio dos quais as mães/cuidadores desempenham suas tarefas
maternais. Estas práticas poderiam influenciar o desenvolvimento motor de lactentes. Objetivo: verificar a influência de práticas
maternas, utilizadas no cuidado diário de lactentes saudáveis, sobre seu desenvolvimento motor do 6o ao 12 o meses de vida.
Método: Selecionados 14 lactentes, nascidos a termo e saudáveis, avaliados longitudinalmente no 6º, 9º e 12º meses de vida,
utilizando-se a Alberta Infant Motor Scale. Em cada avaliação/idade a mãe respondeu a um questionário fechado sobre práticas,
predominantemente adotadas no cuidado diário do lactente durante os períodos de vigília. Considerou-se neste estudo a postura
predominantemente adotada pelo lactente, local preferencial de permanência e a forma de carregar o lactente no colo. Resultados:
No 9º mês de vida o desempenho motor dos lactentes foi influenciado positivamente pela predominância na postura de quatro
apoios, em relação à sentada e prono ou supino e pela permanência no chão em relação ao carrinho de bebê. No 12º mês houve
influência positiva da predominância na postura de quatro apoios e em pé. A postura predominante no 6º mês de vida e a forma
de carregar o lactente no 6º, 9º e 12º meses de vida não influenciaram o desempenho motor do grupo estudado. Conclusão: Os
resultados sugerem que as práticas que estimulam a adoção da postura de quatro apoios e a utilização do chão como local de
permanência influenciam positivamente o desenvolvimento motor de lactentes saudáveis a partir do 6º mês de vida.
Palavras-chave: desenvolvimento motor, lactente, ambiente, práticas maternas.
ABSTRACT
Influence of Child-Rearing Practices on Infants’ Motor Development Between the Sixth and Twelfth
Months of Life
Background: Child-rearing practices are defined as specific behavioral patterns used during maternal duties. These practices
could influence infants’ motor development. Objective: To verify the influence of daily child-rearing practices on the motor
development of healthy infants from their sixth to twelfth months of life. Method: Fourteen healthy full-term infants were selected
and longitudinally assessed at the ages of six, nine and twelve months using the Alberta Infant Motor Scale. At each assessment,
the mothers answered a closed questionnaire about their main daily childcare practices when the infant was awake. The infants’
predominant posture, the places where they were usually kept and how mothers carried the infants in their arms were evaluated.
Results: Motor performance at the ninth month was positively influenced by predominance of the hands-and-knees crawling
posture, in relation to sitting, prone or supine postures, and by staying on the floor in relation to being in a baby buggy. At the
twelfth month, it was positively influenced by hands-and-knees crawling and standing postures. The predominant posture at
the sixth month and the way of carrying the infants at six, nine and twelve months did not influence motor development in the
study group. Conclusions: The results suggest that practices that stimulate adoption of the hands-and-knees crawling posture,
and utilization of the floor as a place to keep the infant, positively influence the motor development of healthy infants from six
months of age onwards.
Key words: motor development, infant, environment, child-rearing practices.
226 Silva PL, Santos DCC, Gonçalves VMG Rev. bras. fisioter.
postural e movimentos antigravitacionais. Cada item observado carregar no colo (variáveis independentes). A comparação
recebe um crédito, ao final da avaliação é realizada a soma das práticas maternas pesquisadas com o escore motor foi
dos itens observados em cada posição e calculado o escore realizada pelo teste de Mann-Whitney, na comparação de duas
total. Para aplicação foram utilizados brinquedos adequados categorias, e pelo teste de Kruskall-Wallis na comparação de
à faixa etária, colchonete e banco para apoio. três categorias. Adicionalmente esses resultados foram
expressos em gráficos tipos Box-Plot considerando a
Procedimentos distribuição do escore motor pelas categorias das práticas
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa maternas. O nível de significância adotado foi de 5%. O
da UNIMEP (no. 94/03), os pais que concordaram em programa estatístico utilizado foi o Statistical Package for
participar da pesquisa assinaram o termo de consentimento Social Sciencies for Personal Computer (SPSS-PC) versão
livre e esclarecido. Foram coletados, os dados neonatais, 11.0.
maternos e familiares dos lactentes e preenchido o questionário
sobre práticas maternas. Na aplicação deste questionário foi RESULTADOS
solicitado às mães que respondessem a alternativa que melhor
correspondesse à sua realidade e do lactente. Os lactentes apresentaram evolução significativa no
Os lactentes foram avaliados utilizando a AIMS no 6º, desempenho motor de acordo com o aumento da idade
9º e 12º meses de vida considerando a data de aniversário cronológica no decorrer do 6º, 9º e 12º meses de vida (Teste
com variação de 7 dias14. Considerando o intenso ritmo de de Friedman; p< 0,001). A diferença foi significante entre o
mudanças no desempenho motor no primeiro ano de vida, 6º e 9º mês, 9º e 12º mês e 6º e 12º mês de vida (Teste de
essa medida foi importante para assegurar que os participantes Wilcoxon; p< 0,001).
não apresentassem diferenças no desempenho motor por Foram identificadas como práticas utilizadas no cuidado
discrepância em suas idades cronológicas, como recomendado diário dos lactentes estudados as seguintes categorias
por Bayley14. As avaliações foram realizadas no domicílio dos relacionadas às idades:
sujeitos com exceção de dois lactentes de 6 meses avaliados Aos seis meses: as posturas predominantemente adotadas
na Clínica de Fisioterapia da UNIARARAS, sempre na presença foram prono ou supino por 35,7% e sentado por 64,3% dos
da mãe ou cuidador responsável. Antes de iniciar a avaliação, lactentes; os locais preferenciais de permanência foram chão
os lactentes eram despidos pelas mães e colocados sobre o para 28,6% e carrinho de bebê para 71,4% dos lactentes.
colchonete. Em seguida eram posicionados em prono, supino, Aos nove meses: as posturas predominantemente adotadas
sentado e em pé, salvo quando assumissem espontaneamente foram prono ou supino por 14,3%, sentado por 50% e quatro
as posturas, que então eram aleatórias. Durante a avaliação apoios e em pé por 35,7% dos lactentes; os locais preferenciais
as mães poderiam estimular seus filhos por meio de brinca- de permanência foram chão para 71,4% e carrinho de bebê
deiras e brinquedos de forma natural a fim de possibilitar as para 28,6% dos lactentes.
observações. As avaliações duravam cerca de 20 a 30 minutos. Aos 12 meses: as posturas predominantemente adotadas
foram sentada por 21,4%, quatro apoios e em pé por 42,9%
Análise Estatística e em pé por 35,7% dos lactentes; o local preferencial de
Primeiramente foi realizada estatística descritiva, para permanência foi o chão para 100% dos lactentes.
caracterização da amostra, considerando medidas de tendência Foram identificadas duas formas de carregar o bebê no
central (média) e de dispersão (desvio-padrão) para as colo durante o estudo: em pé segurado pelos glúteos com
variáveis contínuas, idade gestacional, peso ao nascer e índice apoio no ombro da mãe e sentado de frente ou de lado. Entre
de Apgar. A identificação das práticas maternas características o 6º e 9º meses de vida, 42,85% eram segurados em pé e
do grupo estudado foi expressa por meio de freqüências 57,15% sentados. Entre o 9o e o 12o meses 21, 43% eram
relativas, para as categorias de postura predominante, local segurados em pé e 78,57% sentados.
preferencial de permanência e forma de carregar o lactente As comparações das categorias de posturas predomi-
no colo. A análise do desempenho motor considerou como nante, local de permanência e forma de carregar no colo com
variável dependente o escore médio obtido pelo grupo na o desempenho motor dos lactentes no 6º, 9º e 12º meses de
avaliação pela AIMS e a idade dos lactentes como variável vida, estão apresentadas nas figuras 1 (A, B e C); 2 (A e B)
independente. Para análise da evolução do escore médio dos e 3 (A e B).
lactentes no 6º, 9º e 12º meses de vida foi utilizado o teste As Figuras 1A, 1B e 1C indicam que o desempenho
de Friedman e para comparação mês a mês foi utilizado o motor do grupo estudado foi positivamente influenciado pela
teste de Wilcoxon. Na análise da influência das práticas adoção predominante de posturas que representam estágios
maternas identificadas sobre o desempenho motor considerou- motores mais evoluídos para cada uma das idades
se o escore médio obtido na AIMS (aos seis, nove e doze pesquisadas. Desta forma, embora sem significância estatística,
meses) como variável dependente, relacionado às categorias os lactentes que aos seis meses de idade adotavam a postura
de postura predominante, local de permanência e forma de sentada apresentaram melhor desempenho motor do que os
228 Silva PL, Santos DCC, Gonçalves VMG Rev. bras. fisioter.
* 11
eram carregados sentados de frente/lado em apresentar
escores mais altos, porém as medianas coincidem e não há 55
diferença estatisticamente significante (p= 0,473).
50
DISCUSSÃO
26 50
Escore AMS - 6 meses
22 40
20 35
carrinho chão 30
40 55
35
50
30
carrinho chão
45
9
2 B Local de permanência - 9 meses
Mann - Whitney; p= 0,046
em pé sobre os sentado de frente ou
Figura 2. Comparação do desempenho motor e o local de permanência ombros de lado
aos seis meses (2A); Comparação do desempenho motor e o local de
permanência aos nove meses (2B). 3 B Forma de carregar no colo de 9-12 meses
Mann - Whitney; p= 0,473
tempo gasto em uma posição podem influenciar a seqüência de vida. Foram observadas diferenças no 3º, 4º e 5º mês de
e época da aquisição de certas habilidades motoras. Foi vida em favor dos americanos nas habilidades de sentar e
característica do grupo estudado a predominância da adoção de preensão, provavelmente por variações no ambiente e nas
da postura sentada aos seis e da postura de quatro apoios práticas maternas distintas8,9. Lactentes brasileiros apresentaram
e/ou em pé aos nove e 12 meses. desempenho inferior aos canadenses durante o primeiro
Destaca-se que no 6º mês de vida não é esperado um semestre de vida e uma possível explicação para o baixo
controle postural suficiente para permanência na postura desempenho seria a falta de costume materno das brasileiras
sentada sem apoio, o que possivelmente explica o desempenho em posicionar seus filhos em prono20,21.
semelhante apresentado entre os lactentes que permaneciam Não foi encontrada diferença significativa relacionando
em prono/supino e sentado (Fig. 1A). Dos cinco lactentes o escore motor e a forma de carregar lactentes no colo. No
que permaneciam deitados, apenas dois permaneciam em entanto, a variável “tempo carregado” não foi controlada neste
prono. A falta de costume materno de posicionar o lactente estudo. Possivelmente o tempo e freqüência de permanência
em prono foi relatada em estudos anteriores20,21. Uma das no colo sejam mais importantes para o desempenho motor
possíveis razões para a não utilização da posição prono é a do que a forma de carregar o lactente, principalmente após
síndrome da morte súbita do lactente22,23. o 6º mês de vida6.
A variável postura predominante influenciou o
desempenho motor dos lactentes estudados no 9º e 12º meses CONCLUSÃO
de vida. No 9º mês foi considerada positiva para o desempenho
motor a postura de quatro apoios (Fig. 1B) e no 12º mês a Os resultados sugerem que as práticas que estimulam
postura de quatro apoios e em pé (Fig. 1C). Este resultado a adoção da postura de quatro apoios e a utilização do chão
coincide com o predomínio nos lactentes da adoção do chão como local de permanência influenciam positivamente o
como local preferencial de permanência (Fig. 2B). desenvolvimento motor de lactentes. No entanto essas práticas
Possivelmente no 9º mês de vida as mães tenham uma atitude e suas influências positivas só foram evidentes a partir do
menos protetora com seus lactentes e estes por sua vez, pela 9º mês de vida dos lactentes estudados. Estes resultados
própria expressão de seu desenvolvimento, buscam espaço trazem o desafio de conseguir a adesão das famílias, às
para se moverem e dificilmente se deixam restringir por freqüentes orientações sobre a utilização do chão como espaço
carrinhos de bebê ou outro equipamento, por períodos longos enriquecedor para o desenvolvimento de lactentes com
de tempo. Desta forma o desempenho motor dos lactentes alterações no desenvolvimento motor.
que utilizavam o chão como espaço para brincar, manifestou
desenvolvimento motor além dos que utilizavam o carrinho
como local de permanência. No carrinho uma quantidade REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
menor de estímulos é oferecida, além da restrição visual e
movimentação, o lactente pode apoiar-se na parte posterior 1. Vayer P, Roicin C. Psicologia atual e desenvolvimento da criança.
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No. 2, 2006 Marcha com Obstáculos em Idosos com Parkinson: Levodopa 233
Rev. bras. fisioter. Vol. 10, No. 2 (2006), 233-239
©Revista Brasileira de Fisioterapia
RESUMO
Contexto: Os efeitos da levodopa na marcha de pacientes com Doença de Parkinson (DP) em terrenos desobstruídos são
conhecidos, mas pouco se conhece sobre seus efeitos na marcha com obstáculos. Objetivo: Este estudo objetivou descrever,
por meio de ferramenta cinemática, o comportamento locomotor de pacientes com DP e verificar as estratégias locomotoras, sem
e sob o efeito da levodopa, durante a ultrapassagem de obstáculos de diferentes alturas. Método: Cinco pacientes com DP
(Hoehn e Yahr= 2±0; idade= 68,4±5,7 anos) percorreram, andando, 10m e ultrapassaram um de dois obstáculos (alto= metade
da altura do joelho e baixo= altura do tornozelo) posicionado no meio da passarela em duas sessões (em jejum e no pico de ação
do medicamento). As seguintes variáveis foram coletadas e analisadas: distância horizontal pé-obstáculo (DHPO), distância vertical
pé-obstáculo (DVPO); distância horizontal obstáculo-pé (DHOP) e velocidades médias, horizontais e verticais, nas fases de
abordagem e aterrissagem (respectivamente, VHAO,VVAO; VHDO,VVDO). Resultados: A ANOVA, por tentativa, revelou efeito
principal de obstáculo para DVPO (F1,49=15,33; p< 0,001), para VVAO (F1,49= 82,184; p< 0,001), para VHDO (F1,49= 15,33; p< 0,001)
e para VVDO (F1,49= 31,30; p< 0,001); e efeito principal de medicamento para DVPO (F1,49= 6,66; p< 0,013) e para VVAO (F1,49=
10,174; p< 0,002). Conclusões: Pacientes foram mais perturbados pelo obstáculo alto. Os sintomas da DP (bradicinesia e
hipocinesia) foram diminuídos com o medicamento, evidenciando aumento geral da velocidade da perna de abordagem e da
margem de segurança sobre os obstáculos. Pacientes com DP, independente da condição de medicamento, apresentaram um
comportamento que garantiu segurança e estabilidade na marcha.
Palavras-chave: Doença de Parkinson, marcha, levodopa, idoso, marcha com obstáculo
ABSTRACT
Kinematic Parameters for Gait with Obstacles Among Elderly Patients with Parkinson’s Disease, with
and without Levodopa: a Pilot Study
Background: The effect of levodopa on the gait of Parkinson’s disease (PD) patients over unobstructed terrain is known, but
little is known about its effect on gait over obstacles. Objective: To describe the locomotor behavior of PD patients by means
of kinematic tools and to verify their locomotor strategies during obstacle avoidance at different heights, with and without the
effect of levodopa. Method: Five PD patients (Hoehn & Yahr= 2 ± 0; age= 68.4 ± 5.7 years old) walked 10m and stepped over
one of two obstacles (high obstacle at half of knee height; low obstacle at ankle height) in two separate sessions: without
medication (fasting) and at the peak of levodopa action. The following variables were collected and analyzed: foot placement
prior to the obstacle (FPPO), leading toe clearance (LTCL), foot placement after the obstacle (FPAO) and horizontal and vertical
mean velocities in the approach and landing phases (respectively, HVAP, VVAP, HVLP and VVLP). Results: ANOVA by trials
revealed that the main effects from the obstacle were on LTCL (F1.49= 15.33; p< 0.001), VVAP (F1.49= 82.184; p< 0.001), HVLP (F1.49=
15.33; p< 0.001) and VVLP (F1.49= 31.30; p< 0.001). Medication had its main effects on LTCL (F1.49= 6.66; p< 0.013) and VVAP (F1.49=
10.174; p< 0.002). Conclusion: Patients were more disturbed by the high obstacle. The PD symptoms (bradykinesia and hypoki-
nesia) decreased under medication, as shown by increases in leading limb velocity and the safety margin over the obstacles.
The patients presented gait patterns that ensured safety and stability, regardless of whether medicated or not.
Key words: Parkinson’s disease, gait, levodopa, elderly, gait with obstacle.
234 Pieruccini-Faria F, Menuchi MRTP, Vitório R, Gobbi LTB, Stella F, Gobbi S Rev. bras. fisioter.
A doença de Parkinson (DP) ocorre devido à degeneração Participantes: 5 pacientes com DP participaram deste
progressiva de neurônios da pars compacta da substância estudo. Nenhum era institucionalizado e todos faziam atividade
negra1, que é capaz de produzir o neurotransmissor dopamina. física de leve intensidade (caminhadas, exercícios terapêuticos
Apesar das causas não totalmente esclarecidas, sabe-se que na água e alongamento) e apresentavam locomoção
fatores genéticos e/ou ambientais podem provocar a independente na realização de atividades da vida diária. O
neurodegeneração seletiva dos neurônios que fazem conexões participante B obteve 40 pontos na UPDRS e duração da
subcortico-corticais, desencadeando a DP2. A lentidão doença de 17 anos, entretanto, era ativo e independente. O
(bradicinesia) e a diminuição da amplitude movimentos diagnóstico inicial da doença foi realizado por uma médica
(hipocinesia) podem ser provocadas pela perda da capacidade neurologista. Ao chegarem ao laboratório, os participantes
do córtex motor em gerar impulsos motores adequados para foram reavaliados, clinicamente, por um neuropsiquiatra
atingir a meta que foi planejada3. experiente e capacitado para determinar as condições motoras
O uso da dopamina exógena permite que o paciente gerais por meio da Unified Parkinson’s Disease Rating Scale
acometido pela DP normalize parte de sua performance (UPDRS13, Subescala III-Motora; Versão adaptada pela equipe
motora, por aliviar alguns dos sintomas (tremores involun- do Ambulatório de Distúrbios do Movimento/Doença de
tários, rigidez muscular, acinesia, bradicinesia, hipocinesia Parkinson, da FCM/Unicamp, sem data). Como critérios de
e alterações posturais, entre outros). De forma geral, este inclusão, foram considerados: idade igual ou superior a 60
agente melhora, entre outros, o desempenho motor da marcha, anos, os estágios 1 a 3 da Escala de Hoehn e Yahr14 (Versão
enquanto que outros sintomas podem não ser aliviados4-6. adaptada empregada por Schenkman et al.15) e a condição
Na marcha em superfície regular, a Levodopa tem desen- motora/capacidade funcional observada por meio da UPDRS,
cadeado, por exemplo, aumento na amplitude das passadas Subescala III–Motora. A Tabela 1 sumariza as características
atribuído à melhora na modulação muscular para a produção dos participantes.
de força7. Procedimentos Experimentais: A coleta dos dados dos
Neste contexto, pouco é conhecido sobre a interação participantes foi feita pela manhã e em duas etapas: na
entre os efeitos do medicamento e as respostas locomotoras primeira, o paciente deveria estar em jejum do remédio (pela
na marcha com obstáculos, uma tarefa locomotora de maior planilha de ingestão do medicamento de cada paciente, ocorreu
complexidade. Considerando que o desenvolvimento do jejum da Levodopa por 12 horas); na segunda etapa, uma
sistema locomotor ocorre por meio do acoplamento entre hora após a ingestão do medicamento (pico de efeito do
informação sensorial e modulação do sistema efetor8,9, qualquer remédio), o mesmo protocolo foi repetido. O jejum da
possível degeneração dos componentes ou subsistemas Levodopa foi controlado a partir das informações sobre os
comprometeria a ação de ultrapassar obstáculo9,10. Na marcha horários diários de ingestão (última dose do dia às 20:00 horas)
com obstáculo, a perna de abordagem realiza a ação primeiro e confirmado pelos participantes no horário da coleta (8:00
e, normalmente, está posicionada mais distante do obstáculo horas). Todos os procedimentos experimentais seguiram as
antes de perder o contato com o solo. O pé da perna de normas da Declaração de Helsinki e foram aprovados pelo
abordagem é elevado à frente pela flexão simultânea do quadril Comitê de Ética em Pesquisa local.
e do joelho. No momento da ultrapassagem, o centro de massa Cada participante, após assinar o termo de consen-
está se deslocando em direção ao novo ponto de apoio, ou timento livre e esclarecido, foi convidado a realizar o seguinte
seja, movimenta-se de uma base estável para uma posição protocolo: 1) Medidas antropométricas. A massa corporal
ainda instável e próxima do obstáculo10-12. e a estatura foram coletadas usando as técnicas descritas por
Diante do exposto, questionou-se: como idosos por- Alvarez e Pavan16. As alturas do obstáculo foram normalizadas
tadores da DP realizam a ultrapassagem da perna de abor- de acordo com as alturas do joelho e do tornozelo do membro
dagem sobre obstáculos de diferentes alturas? Quais inferior direito (MID), membro que ultrapassou primeiro o
parâmetros espaciais e temporais da perna de abordagem obstáculo, para minimizar os efeitos antropométricos. 2)
seriam modificados quando sob efeito do medicamento? Para Passarela e Obstáculo: A passarela consiste de um corredor
responder a estas questões, os objetivos do presente estudo livre com um carpete de espuma de borracha (10 x 1,42 x
foram: 1) verificar as estratégias motoras utilizadas pelos 0,003m). A figura 1 ilustra a situação experimental. Duas
pacientes durante a marcha com obstáculos com e sem o alturas de obstáculo (baixo = altura do tornozelo e alto =
efeito da levodopa; 2) caracterizar cinematicamente o com- metade da altura do joelho) foram selecionadas e variaram
portamento motor dos indivíduos na mesma atividade motora. para cada paciente. Os obstáculos, de eucadur liso (marca
Eucatex), têm 60cm de largura e possuem um marcador
Vol. 10 No. 2, 2006 Marcha com Obstáculos em Idosos com Parkinson: Levodopa 235
Tabela 1. Características individuais dos participantes (UPDRS III: Unified Parkinson’s Disease Rating Scale – Subescala motora III; D.P.: desvio-
padrão). Todos os participantes encontravam-se no estágio 2 da escala de H&Y.
A 67 M 68 172 11 2 125
B 60 M 53 163 40 17 500
C 72 F 46 154 15 3 125
E 68 F 74 156 19 4 375
passivo fixado na base. 3) Tarefa: cada participante foi Matworks Inc., 1998). A calibração do espaço bidimensional,
instruído a percorrer andando a passarela, na velocidade registrado pela câmera, foi realizada por meio da filmagem
preferida, ultrapassar o obstáculo (posicionado no meio da de um objeto em forma de cruz, com medidas conhecidas
passarela) e continuar andando até o final. Tentativas iniciais de uma extremidade a outra (1m por 1m), posicionada no
sem a presença do obstáculo foram realizadas para ajustar lugar do obstáculo antes que o participante realizasse as
o ponto de partida de forma a garantir que sempre o MID ultrapassagens. Os pontos afixados em cada extremidade deste
ultrapassasse primeiro o obstáculo (perna de abordagem). objeto permitiram delimitar o espaço bidimensional a partir
Este procedimento garantiu precisão na medição, evitando de referências na forma de sistema de coordenadas dentro
a oclusão de alguns marcadores durante a realização da tarefa. do plano cartesiano e, assim, o Dvideow pôde calibrar o
Cada etapa do protocolo experimental consistiu de 10 ten- espaço percorrido pelos participantes na filmagem e reconstruí-
tativas, sendo 5 para cada altura de obstáculo, filmadas no lo em uma matriz bidimensional. Os testes de acurácia e
plano sagital direito do participante. A ordem de apresentação precisão, seguindo os conceitos de Vuolo17, apresentaram
das tentativas foi totalmente randomizada por meio do pro- valores de 0,7 cm e 0,38 cm, respectivamente. Todas as
grama rand.exe (Gait and Posture Lab, University of Waterloo, variáveis dependentes foram coletadas e calculadas a partir
2000). 4) Coleta e análise dos dados: Para registro cinemático da perda de contato do MID com o solo antes do obstáculo
dos dados, 3 marcadores passivos (esferas de isopor de 1,5cm até o contato inicial do pé com o solo após a ultrapassagem.
de diâmetro) foram afixados com velcro, nos seguintes pontos Assim, as variáveis dependentes selecionadas foram: a distância
anatômicos: quinto metatarso, face lateral do calcâneo e horizontal pé-obstáculo antes da ultrapassagem (DHPO:
maléolo lateral. As imagens foram registradas a uma freqüência distância entre a marca do quinto metatarso no momento da
de 60 Hz por uma câmera analógica (marca Panasonic, modelo perda do contato com o solo e o obstáculo); distância ho-
NV-M 9000), gerando dados cinemáticos em 2D. A digita- rizontal obstáculo-pé (DHOP: distância entre o obstáculo e
lização das imagens foi realizada por uma placa de captura a marca do quinto metatarso ao entrar em contato com o solo
de vídeo (marca Pinnacle, modelo Studio DV), acoplada a após a ultrapassagem); variabilidade da DHPO e DHOP
um microcomputador. O procedimento fotogramétrico foi (DHPO_var e DHOP_var: médias dos resultados da trans-
realizado pelo software Digital Vídeo for Windows (Dvideow, formação logarítmica dos desvios-padrão dessas duas va-
Laboratório de Instrumentação em Biomecânica–Unicamp, riáveis, respectivamente); distância vertical pé-obstáculo
1998). Para cálculo das variáveis dependentes e produção (DVPO: distância entre a marca do quinto metatarso e o
de gráficos, os dados foram filtrados pelo filtro digital de obstáculo, no momento em que o pé está sobre o mesmo);
Butterworth de segunda ordem a 5 Hz em rotina Matlab (The e velocidades médias horizontais e verticais em duas fases:
236 Pieruccini-Faria F, Menuchi MRTP, Vitório R, Gobbi LTB, Stella F, Gobbi S Rev. bras. fisioter.
a) abordagem: desde o momento em que o pé deixa o solo quando sob efeito do medicamento (F1,49=6,66; p< 0,013),
até o momento em que a marca do quinto metatarso encontra- independente da altura do obstáculo. Não houve interação
se sobre o obstáculo (VHAO e VVAO, respectivamente entre os fatores para a DVPO. As ANOVAs não revelaram
horizontal e vertical); b) aterrissagem: do momento em que efeitos ou interações entre obstáculo e medicamento para
a marca do quinto metatarso encontra-se sobre o obstáculo DHPO normalizado (respectivamente, F1,49= 0,033; p< 0,856;
até o momento em que ela toca o solo depois do obstáculo F1,49= 0,032; p< 0,571) e para DHOP normalizado (respec-
(VHDO e VVDO, respectivamente horizontal e vertical). A tivamente, F1,49= 0,008; p< 0,929; F1,49= 0,870; p< 0,355).
DHPO e a DHOP foram divididas pelo comprimento do MID
Figura 1. Ilustração da situação experimental do laboratório. A região sombreada delimita a área de captura dos eventos que foram gravados pela
filmadora. As pegadas destacadas pela borda mostram a posição do pé direito em relação ao obstáculo, região onde foram calculadas as variáveis.
para minimizar os efeitos antropométricos, normalizando- Estes resultados evidenciam que não há alteração do padrão
as. locomotor em função do obstáculo ou da condição de
Análise Estatística: Devido à baixa qualidade de algumas medicamento. Entretanto, a análise da variabilidade (trans-
imagens, por problemas no travamento do foco da câmera, formação logarítmica do desvio-padrão) mostrou que os
as análises estatísticas foram realizadas com 53 tentativas, pacientes foram mais estáveis quando sob efeito do medi-
sendo 28 na fase de jejum do medicamento e 25 na fase do camento, tanto antes (DHPO normalizado, F 1,49= 4,323;
pico da ação do medicamento. Foram conduzidas Análises p< 0,043) como depois do obstáculo (DHOP normalizado,
de Variância, por tentativa, tendo como fatores obstáculo F1,49= 3,99; p< 0,051). A transformação logarítmica foi ne-
(baixo X alto) e medicamento (jejum X pico de ação do cessária para que o conjunto de dados, referentes ao desvio-
medicamento) para cada variável dependente. Os dois fatores padrão, se comportassem dentro da curva normal e desta
foram tratados como medidas repetidas dentro das análises. forma pudesse ser inserido na estatística paramétrica, como
Foi mantido o nível de significância de p< 0,05 para todas as demais variáveis. Para as velocidades médias antes do obs-
as análises. táculo, a ANOVA revelou que sob efeito do medicamento (F1,49=
10,174; p< 0,002) e ao ultrapassar o obstáculo alto (F1,49=
RESULTADOS 82,184; p< 0,001), os participantes aumentaram a velocidade
vertical antes do obstáculo. A ANOVA não revelou efeitos
A estatística descritiva de cada variável dependente é de obstáculo e medicamento ou interações para a VHAO. Em
apresentada na Tabela 2. A ANOVA evidenciou que os valores relação às velocidades médias da perna de abordagem depois
médios para DVPO foram maiores para o obstáculo alto do obstáculo, as ANOVAs revelaram que, ao ultrapassar o
(F1,49=15,33; p< 0,001), independente da etapa de coleta, e obstáculo alto, menores valores médios foram observados
Vol. 10 No. 2, 2006 Marcha com Obstáculos em Idosos com Parkinson: Levodopa 237
Tabela 2. Valores das médias e desvios-padrão (entre parênteses). Os asteriscos indicam os valores de significância *p< 0,05; **p< 0,01;
***p< 0,001. DVPO (distância vertical pé-obstáculo); DHPO (distância horizontal pé-obstáculo); DHOP (distância horizontal obstáculo-pé);
DHPO_var (variabilidade da distância horizontal pé obstáculo); DHOP_var (variabilidade da distância horizontal obstáculo-pé); VVAO (velocidade
vertical antes do obstáculo); VVDO (velocidade vertical depois do obstáculo); VHAO (velocidade horizontal antes do obstáculo): VHDO (velocidade
horizontal depois do obstáculo).
Obstáculo Medicamento
para VHDO (F1,49= 15,33; p< 0,001) e maiores valores médios facilitar o controle visual 11 em função da forte ou maior
para VVDO (F1,49= 31,30; p< 0,001). dependência que pacientes com DP possuem da visão, causada
por um comprometimento proprioceptivo generalizado20. Para
DISCUSSÃO as velocidades horizontais, ocorreu aumento apenas na fase
de aterrissagem e, ao contrário do esperado, para o obstáculo
A ação motora de ultrapassar obstáculos apresenta um baixo. A pouca demanda motora no sentido vertical para o
risco potencial de tropeço e queda. Nenhum dos participantes, obstáculo baixo permite que o movimento não seja desace-
em nenhuma das tentativas, tropeçou no obstáculo, concor- lerado de forma brusca como é necessário para o obstáculo
dando com estudos realizados com idosos saudáveis11,18. alto.
Os parâmetros espaciais de negociação com o obstáculo
Restrições do Ambiente (altura do obstáculo) refletem a modulação do sistema efetor de acordo com o
Ajustes no padrão locomotor dos pacientes foram julgamento perceptivo das características do obstáculo
observados diante de uma grande perturbação no ambiente (dimensões e localização)12,18,21. Esta modulação ocorre em
(obstáculo alto). O aumento na velocidade vertical antes e relação à tomada de decisões em função da distância de
depois do obstáculo parece refletir a necessidade de ultrapassá- aproximação do obstáculo antes de ultrapassá-lo (DHPO),
lo de forma rápida e segura, diminuindo o tempo de suporte margem de segurança sobre o obstáculo (DVPO) e colocação
simples. Quando os participantes se encontravam em jejum do pé na aterrissagem (DHOP), que são necessárias para
da levodopa, a VVAO foi menor do que quando sob efeito garantir segurança e estabilidade18,22. Como outros estudos
do medicamento. Apesar de parecer uma contradição, pois avaliando a marcha com obstáculos em pacientes com DP
refletiria maior tempo em suporte simples, comprometendo são raros, resultados de idosos saudáveis são utilizados para
o equilíbrio, tal comportamento pode estar relacionado a comparação.
melhorar a precisão na abordagem, diminuindo as velocidades As variáveis DHPO e DHOP, em pacientes com DP,
da perna até a borda superior dos obstáculos. Este compor- mostraram-se resistentes em relação à altura do obstáculo,
tamento ainda favoreceria a utilização da visão para possíveis o que está em concordância com os resultados encontrados
ajustes, garantindo uma margem de segurança ideal entre o em idosos saudáveis22. Desta forma, pode-se especular que
pé e o obstáculo. A bradicinesia pode estar associada a uma a modulação destas distâncias não foi afetada pela DP e sim
estratégia desenvolvida pelo sistema nervoso central para pelo processo de envelhecimento. O aumento da DVPO na
melhorar a precisão dos movimentos3 em uma tarefa que ultrapassagem de obstáculos altos foi revelado e pode ser
demanda mais atenção ao idoso19. A lentidão encontrada no explicado tanto pela capacidade intacta de se variar a resposta
MID, na condição de jejum, pode ser uma estratégia para motora de acordo com a percepção das características dos
238 Pieruccini-Faria F, Menuchi MRTP, Vitório R, Gobbi LTB, Stella F, Gobbi S Rev. bras. fisioter.
objetos no ambiente como pelo fato de que se o obstáculo entanto, algumas estratégias foram reveladas para melhorar
já é alto, elevar a perna além do necessário coloca em risco a precisão na tarefa, o que pôde ser observado na diminuição
o controle do equilíbrio, mas evita-se o tropeço. Para elevar das velocidades vertical e horizontal antes da abordagem dos
mais a perna, o paciente com DP provavelmente realizou uma obstáculos, na condição de jejum da levodopa. Ainda, a
flexão lateral oposta à perna de abordagem, que exige maior levodopa proporcionou um aumento da margem de segurança
controle no sentido médio-lateral. O aumento da VHDO do pé com o obstáculo e facilitou os ajustes no posicionamento
parece refletir a necessidade de se atingir rapidamente um do pé em relação ao obstáculo para a abordagem.
ponto de apoio estável para reduzir o deslocamento médio- Parâmetros importantes revelaram melhora significativa
lateral. Talvez o medo de uma possível queda por tropeço nos sintomas da DP, como a lentidão do MID para abordagem
possa ter provocado o aumento na DVPO. A modulação do ao obstáculo alto e a sua margem de segurança, com o uso
sistema efetor de acordo com a altura do obstáculo, da levodopa. Este comportamento garante maior segurança
especialmente em relação à margem de segurança, não era e estabilidade na marcha com obstáculos. Ainda, os obstáculos
esperada. Estudos com adultos jovens e idosos saudáveis altos revelaram-se mais perturbadores do que os baixos, para
têm revelado que a DVPO é um parâmetro robusto do estes indivíduos, por provocarem um aumento nas margens
planejamento motor que não se altera em relação à altura do de segurança do pé com a sua borda superior.
obstáculo11,21,22.
Agradecimentos: Os autores agradecem a Dra. Elisabete Burigo pelo auxílio
no recrutamento dos pacientes, a Danilla I. Corazza, Andrei G. Lopes, Ana
Restrições do Organismo (Medicamento) Francisca R. Kleiner e Maria Dilailça T. de Oliveira pelo auxílio na coleta
Os pacientes com DP não alteraram a distância de dos dados e às sugestões dos revisores anônimos.
aproximação do obstáculo antes de ultrapassá-lo (DHPO)
e a colocação do pé na aterrissagem (DHOP) entre as
condições de medicamento. Estes resultados podem indicar REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
que estes parâmetros espaciais integram o plano motor da
tarefa de ultrapassar obstáculos e que, provavelmente, ainda 1. Saito M, Marayuama M, Ikeuchi K, Kondo H, Ishikawa A,
não foram afetados pela DP. Entretanto, ocorreu aumento Yuasa T, et al. Autosomal recessive juvenile parkinsonism. Brain
& Dev 2000; 22: 115-7.
da variabilidade nestas distâncias quando sob efeito do
medicamento, indicando que o medicamento favoreceu a 2. Olanow CW, Tatton WG. Etiology and pathogenesis of
Parkinson’s disease. Annu Rev Neurosc 1999; 22: 123-44.
implementação de ajustes na colocação dos pés antes e depois
da ultrapassagem do obstáculo. A margem de segurança sobre 3. Berardelli A, Rothwell JC, Thompson PD, Hallett M. Patho-
o obstáculo apresentou valores médios estatisticamente physiology of bradykinesia in Parkinson’s disease. Brain 2001;
124: 2131-46.
maiores quando os pacientes estavam sob efeito do
medicamento. Este resultado pode ser causado pela melhora 4. Nutt GJ. Motor fluctuations and dyskinesia in Parkinson’s dis-
ease. Parkinsonism Relat Disord 2001; 8: 101-8.
da integração sensorial (informações visuais e cinestésicas),
que subsidia modificações na precisão de parâmetros motores 5. Fahn S. “On-off” phenomena with Levodopa therapy in Par-
espaciais em detrimento das exigências do ambiente, kinsonism. Clinic and pharmacologic correlations and the effect
of intramuscular pyridoxine. Neurology 1974; 24: 431-41.
melhorando os sintomas da hipocinesia DP23-26. A Levodopa
também provocou efeitos significativos na hipocinesia, 6. Fahn S. Is Levodopa toxic? Neurology 1996; 47:S184-95.
corroborando com resultados de outros estudos que avaliaram 7. Blin O, Ferrandez AM, Pailhous J, Serratrice G. Dopa-sensitive
a marcha de pacientes com DP23. and Dopa resistant gait parameters in Parkinson’s disease. J
Neurol Sci 1991; 103: 1-54.
Este estudo piloto possui algumas limitações, como o
tamanho da amostra, a concentração em estágio leve da DP 8. Gobbi LTB, Patla A. Desenvolvimento da locomoção em terrenos
e a ausência de grupo controle, que dificultam a generalização irregulares: proposta de um modelo teórico. In: Pellegrini AM,
organizadora. Coletânea de Estudos: Comportamento Motor I.
dos resultados. No entanto, as diferenças estatisticamente 1 ed. São Paulo: Movimento; 1997. p. 29-44.
observadas nos resultados não são discrepantes daquelas
9. Patla AE. Understanding the roles of vision in the control of hu-
referenciadas na literatura, mesmo não estando especificamente
man locomotion. Gait & Post 1997; 1(5): 54-9.
ligadas à marcha com obstáculos. Assim, este estudo contribui
10. Patla AE. Understanding the control of human locomotion a
para outras observações que venham fortalecer os referenciais
“Janus” perspective. In: Patla AE, editor. Adaptability of Hu-
sobre a temática, que merece ser ainda mais investigada. man Gait. Amsterdam: North Holland; 1991. p. 441-52.
11. Patla AE, Prentice SD, Gobbi LT. Visual control of obstacle
CONCLUSÃO avoidance during locomotion: strategies in young children,
young and older adults. In: Ferrandez A-M, Teasdeale N, editor.
Os participantes foram capazes de ultrapassar, sem Changes in Sensory Motor Behavior in Aging. Amsterdam:
tropeços ou quedas, tanto os obstáculos baixos quanto os Elsevier; 1996. p. 257-77.
altos, mesmo quando estavam em jejum da levodopa. No
Vol. 10 No. 2, 2006 Marcha com Obstáculos em Idosos com Parkinson: Levodopa 239
12. Patla AE, Rietdyk S. Visual control of limb trajectory over ob- 20. Schubert M, Prokop T, Brocke F, Berger W. Visual kinesthesia
stacles: effects of obstacle height and width. Gait & Post 1993; and locomotion in Parkinson’s disease. Mov Disord 2004; 20:
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Vol.
ISSN101809-9246
No. 2, 2006 A Profissionalização da Fisioterapia em Minas Gerais 241
Rev. bras. fisioter. Vol. 10, No. 2 (2006), 241-247
©Revista Brasileira de Fisioterapia
RESUMO
Objetivo: Com base em estudo qualitativo, utilizando a história oral e a análise de documentos, procurou-se identificar as raízes
da fisioterapia em Minas Gerais, a fim de discutir o processo de profissionalização e o desenvolvimento da identidade do
fisioterapeuta neste Estado. Metodologia: O foco do estudo foi dirigido principalmente a Belo Horizonte, no período
compreendido entre 1950 e 1980. O referencial teórico utilizado foi a sociologia das profissões, e teve como guia os cinco passos
de profissionalização descritos por Wilensky 1 que são a necessidade da ocupação tornar-se de dedicação exclusiva, o esta-
belecimento de procedimentos de instrução e seleção, a formação de uma associação profissional, a regulamentação da profissão
e a adoção do código de ética. Na pesquisa de campo, foram utilizadas entrevistas do tipo semi-estruturada para colher
depoimentos de pessoas consideradas chave, mediante amostragem em série, e o método escolhido foi a análise de conteúdo.
Resultados: Avalia-se que o processo de profissionalização da fisioterapia em Minas Gerais é marcado pela hegemonia médica
na saúde e que a indefinição das atribuições e competências foram os fatores que motivaram os conflitos internos e externos.
Conclusões: Conclui-se que, para a afirmação efetiva da fisioterapia como profissão, torna-se necessária a delimitação das
especificidades do seu saber e do seu fazer (teoria e prática), identificando o papel do fisioterapeuta na equipe multidisciplinar
de saúde.
Palavras-chave: fisioterapia, história da fisioterapia, história oral, profissionalização.
ABSTRACT
Professionalization of physical therapy in Minas Gerais
Objective: To identify the roots of physical therapy in Minas Gerais, in order to understand the professionalization process and
the development of identity among physiotherapists in this state, based on a qualitative approach, oral histories and analysis
of documents. Methods: The focus of this study was primarily Belo Horizonte between 1950 and 1980. The theoretical reference
point utilized was the sociology of professions and the five steps towards professionalization described by Wilensky (1964)
were taken as the guide. These were: the need for exclusive dedication to the profession; the establishment of education and
selection procedures; the creation of a professional association; professional regulation; and the adoption of a code of ethics.
A survey was conducted, utilizing semi-structured interviews to gather statements from key leaders, based on serial sampling
and content analysis. Results: It was found that the process of professionalization within physical therapy in Minas Gerais was
influenced by medical hegemony within the health field. Lack of definition regarding functions and competencies were factors
that had led to both internal and external conflicts. Conclusions: To ensure effective affirmation of physical therapy as a pro-
fession, it is necessary to define the specific limits of its knowledge and skills (theoretical and practical), so as to better identify
the role of the physiotherapist within multidisciplinary health teams.
Key words: physical therapy, history of physical therapy, oral history, professionalization.
242 Nascimento MC, Sampaio RF, Salmela JH, Mancini MC, Figueiredo IM Rev. bras. fisioter.
a recuperar a integralidade dos relatos. Com base na trans- ele e alguns outros [...] fizeram aprendizado na América e
crição, essas se tornaram documento e base de dados para voltaram operando tudo” E8.
a análise9. Dada a necessidade de que aquela ocupação, exercida
O método de análise escolhido foi a análise de por irmãs de caridade e práticos, passasse a ser desempenhada
conteúdo10,11. O processo de categorização, possibilitado pela por pessoal mais qualificado, quem tinha alguma experiência
utilização das entrevistas semi-estruturadas, com o com massagem ou com hidroterapia era aproveitado para as
agrupamento de respostas por afinidade específica, permitiu atividades de reabilitação. Pode-se perceber pelas entrevistas
a organização temática dos resultados das entrevistas12, tendo que a relação entre os médicos e os que seriam os primeiros
como grandes temas os passos de profissionalização de fisioterapeutas mineiros era de cooperação: - “Os médicos
Wilensky1. Essa análise facilitou a utilização do recurso de entravam na piscina de igual para igual” E2.
triangulação ou da prática de confrontar variadas evidências Apesar das dificuldades, o serviço de reabilitação do
sobre o mesmo fenômeno, permitindo a comparação dos Hospital da Baleia passou a ser reconhecido e considerado
relatos uns com os outros e estes com os documentos e as como referência no Estado de Minas Gerais. Valendo-se desse
obras existentes sobre a história da fisioterapia13. reconhecimento, os médicos da área idealizaram um hospital
especializado para o atendimento aos portadores de deficiência
RESULTADOS física, o Hospital Arapiara, e organizaram a capacitação de
pessoal de maneira padronizada, mediante os cursos de
O percurso dos cinco passos para a profissionalização, Fisioterapia e de Fisiatria da Faculdade de Ciências Médicas
considerada por Wilensky1, pôde então ser identificado ao de Minas Gerais – FCMMG. Entrevistados informaram que
ser reconstituída a história da fisioterapia em Minas Gerais, a criação do curso de Fisioterapia por esse grupo de médicos
no período compreendido entre 1950 e 1980. que liderava a área de reabilitação no Estado foi motivada pela
necessidade de mão-de-obra para os serviços por eles
A necessidade da ocupação coordenados. “Eles fizeram fisiatria nos Estados Unidos e
Na década de 1940, as termas mineiras capacitavam voltaram para Belo Horizonte. Sentiram a necessidade de
e absorviam pessoal com experiência em massagem e hidro- criar um curso para suprir a necessidade principalmente dos
terapia. Nessas termas, a concepção de saúde ainda estava hospitais que atuavam” E5.
interligada com a aparência física das pessoas, os hábitos Também pode ser percebido nas entrevistas que houve
saudáveis e a higiene pessoal: “1945. O grande era massagem. um momento em que médicos e futuros fisioterapeutas
As termas recrutavam pessoas com aparência saudável. idealizaram um trabalho em equipe. “A idéia de Márcio de
Era uma exigência” E2. Nesse início, os recursos que Lima Castro era de que o Arapiara fosse um hospital onde
posteriormente seriam identificados como específicos da fi- todos trabalhassem de mãos dadas” E2. Outro ponto a destacar
sioterapia eram utilizados mais para a manutenção da saúde é que, desde o início, a proposta era que o curso de fisioterapia
do que propriamente para o tratamento das doenças. criado pelo Hospital Arapiara estivesse vinculado a uma
Em 1952, foi criado um serviço direcionado ao aten- faculdade. A exigência legal de que houvesse uma fundação
dimento à criança com tuberculose óssea e com poliomielite por trás do convênio entre o Arapiara e a FCMMG é que
em Belo Horizonte, o Hospital da Baleia: “O professor Mata retardou o processo. “Com a idéia do curso, simultaneamente
Machado foi levado pelo professor Baeta Viana, que apro- formaram a Fundação Arapiara. Era uma exigência ser ligado
veitou os conhecimentos que ele adquiriu na América, e a uma fundação” E2. Fato importante, uma vez que demonstra
implantaram a ortopedia na Baleia” E8. Este novo serviço que, apesar de o primeiro curso de Fisioterapia ter sido criado
aumentou a necessidade, principalmente por parte dos médicos por necessidade dos médicos do Hospital Arapiara, a idéia
ortopedistas, de recurso humano qualificado para o atendimento não era manter o curso atrelado ao hospital. Cabe então
em reabilitação. As madres da Congregação Franciscana destacar a importância do Arapiara para o desenvolvimento
Missionárias de Maria, que já trabalhavam na área de enfer- da reabilitação e para o processo de profissionalização da
magem, foram treinadas para realizar o trabalho: “As irmãs fisioterapia no Estado.
aprenderam a lidar com estes pacientes. Eram treinadas e Pode-se então notar que o surgimento da ocupação de
orientadas por ortopedistas”E8. fisioterapia no Estado de Minas Gerais deu-se pela necessidade
Durante a década de 1950, o grupo de ortopedistas do de mão-de-obra especializada para atender a uma demanda
Hospital da Baleia passou a liderar a área de reabilitação em dos profissionais médicos, principalmente ortopedistas, fisiatras
Belo Horizonte, com um modelo de reabilitação pós-guerra, e reumatologistas. Parece que, à medida que se investe em
importado dos Estados Unidos, em que o foco do trabalho determinada área ou ocupação, cria-se um espaço social para
era a recuperação de lesões traumáticas14 : - “Os residentes ela e, a partir daí, a demanda pelo profissional começa a
de ortopedia americanos estavam todos servindo exército, crescer; no caso da profissão aqui estudada, não foi diferente.
na ocasião da guerra. E o José Henrique [da Mata Machado], Esses médicos mineiros, dimensionando a falta do profissional
244 Nascimento MC, Sampaio RF, Salmela JH, Mancini MC, Figueiredo IM Rev. bras. fisioter.
do fisioterapeuta com o paciente, “transmitindo aquela articulações políticas – “A gente sempre usa das
vibração que se tem em trabalhar com ele” E2, proporcionada oportunidades” E5, -”A gente procurava alguém que pudesse
pelo “instrumento de cura da fisioterapia - a mão do ajudar, influenciar lá em cima. Influência política, uma
fisioterapeuta” E9 e pelo acompanhamento do processo de influência militar” E3.
reabilitação, geralmente longo, que valorizava mais “a relação A indefinição de suas atribuições levou os fisioterapeutas
terapeuta paciente que a técnica empregada” E9 - , foi a lutar por uma legislação que reduzisse a competição interna,
considerado especificidade e vantagem da fisioterapia. por meio da exclusão dos práticos e auxiliares - “a gente [o
fisioterapeuta] acabou excluindo estas pessoas [auxiliares
A proteção do território ocupacional de fisioterapia e práticos]” E5 -; mas que pouco assegurou
Segundo Wilensky1 a regulamentação da profissão vem com relação à autonomia profissional e ao monopólio do saber
assegurar o monopólio do saber e da prática profissional. Para e das condutas”A profissão realmente tá mais conhecida,
tanto, a especificidade da fisioterapia deveria estar melhor mais divulgada. [...]O fisioterapeuta ainda depende muito
definida, para que tal regulamentação viesse ao encontro da do médico” E6.
real necessidade da categoria.
De acordo com Rebelatto et al.5, um dos primeiros O código de ética
documentos oficiais que definem a ocupação do fisioterapeuta A aderência a um conjunto de normas profissionais, por
é o Parecer nº 388/63 do Conselho Federal de Educação. Esse meio do código de ética, vem assumir um aspecto de controle
parecer representa a força do papel reabilitador do fisioterapeuta e de organização do trabalho, acrescentando um critério distinto
na época; embora tivesse formação de nível superior, ele ainda ao trabalho técnico do profissional, baseado no conhecimento
era denominado técnico. O termo técnico vem marcar a adquirido por um longo treinamento1. Essas regras morais
competência de auxiliar do médico. Esse parecer serviu de vêm com o intuito de eliminar os não qualificados e de reduzir
guia até 1969, quando a fisioterapia é reconhecida como a competição interna, protegendo os clientes e enfatizando
profissão de nível superior. Usando das atribuições em atos o ideal de serviço. A criação do código de ética profissional
institucionais, os Ministros da Marinha de Guerra, do Exército do fisioterapeuta no Brasil deu-se em 1978 21, com a
e da Aeronáutica Militar, em 13 de outubro de 1969, por meio participação das associações profissionais regionais, dentre
do Decreto-Lei nº 93817, reconheceram os fisioterapeutas elas a AMF22. Esse código é centrado na auto-identidade do
diplomados por escolas e cursos reconhecidos pelo MEC profissional e no ideal de serviço, características consideradas
como profissionais de nível superior e tornaram exclusiva comuns naquelas profissões que procuram certo grau de
a execução de métodos e técnicas específicas à categoria18. autonomia. Wilensky1 considera que, na maioria das profissões
Pode-se observar o quanto a legislação era vaga, quando em processo de consolidação, o estabelecimento de um código
não se tem a definição dos métodos e técnicas específicas de ética aparece como o último passo.
ao fisioterapeuta, como apresentado no artigo 3° do Decreto- Esse código21 contém seis capítulos, quais sejam: Das
Lei nº 938: Responsabilidades Fundamentais, Do Exercício Profissional,
“É atividade privativa do fisioterapeuta executar métodos Do Fisioterapeuta Perante as Entidades de Classe, Do
e técnicas fisioterápicas com a finalidade de restaurar, Fisioterapeuta Perante os Colegas e Demais Membros da
desenvolver e conservar a capacidade física do paciente”17. Equipe de Saúde, Dos Honorários Profissionais e Disposições
Segundo Wilensky1, “quando o conhecimento é geral e vago, Gerais. Nesses capítulos, pode-se observar o enfoque no
ou muito estreito e específico, traz uma base fraca para a profissional indo ao encontro da auto-identidade, e o enfoque
jurisdição exclusiva”. no cliente indo ao encontro do ideal de serviço, como também
Em 3 de dezembro de 1971, é reconhecido o Curso de observou Purtilo23.
Fisioterapia da FCMMG, por meio do Decreto-Lei nº 69.68719, Quanto ao enfoque no profissional, são apontados a
com importante participação da AMF e dos alunos: - “Passava valorização da honra, o prestígio e as tradições da profissão.
fins de semana fazendo levantamento de biblioteca, tratando É afirmada a atribuição de fazer o diagnóstico fisioterápico
dos bichos no biotério pra quando viesse a comissão do MEC” e elaborar o programa de tratamento, e é colocado como um
E4. Após o reconhecimento da profissão no Brasil e do primeiro dever pertencer a uma entidade associativa de classe. Como
curso em Minas Gerais, o próximo passo foi o de direito, a justa remuneração, como necessidade, a
regulamentação da profissão. Em 17 de dezembro de 1975, concorrência leal e o tratamento com respeito entre os
por meio da Lei nº 6.31620, decretada pelo Congresso Nacional colegas21.
e sancionada pelo Presidente da República, General Ernesto Quanto ao enfoque no cliente, são colocados como dever
Geisel, foram criados o Conselho Federal de Fisioterapia e a proteção, o respeito à vida e à intimidade, o poder de decisão
Terapia Ocupacional – COFFITO - e os Conselhos Regionais e o sigilo profissional. Como proibições, negar ou abandonar
de Fisioterapia e Terapia Ocupacional - CREFITOs. assistência, divulgar terapia cuja eficácia não seja publicamente
Como apontado em algumas entrevistas, a legislação reconhecida ou prescrever tratamento sem examinar21.
se mostrou mais como uma troca de favor obtida mediante
246 Nascimento MC, Sampaio RF, Salmela JH, Mancini MC, Figueiredo IM Rev. bras. fisioter.
O código de ética vem afirmar a necessidade de aderência material para tal fim. Considerando que grande parte do
do profissional ao ideal de serviço, ao enfocar o cliente até material utilizado neste trabalho foi obtida por meio de
mesmo o protegendo. Vem penalizar ou até eliminar os não- entrevistas, é pertinente lembrar que esta informação
qualificados, com penas disciplinares, e vem reduzir a representa uma percepção social dos fatos, portanto está
competição interna. Apesar de que, no capítulo Disposições sujeita as pressões sociais do contexto em que são obtidas.
Gerais, o art. 3421 trata da possibilidade de alteração do código Por outro lado, destaca-se também que um volume extenso
pelo COFFITO, não houve nenhuma alteração desde que foi da ciência social moderna em antropologia, sociologia,
criado. psicologia e educação é baseado na utilização de entrevistas
Purtilo22 considera que, da década de 1950 até a como dado científico26,27.
atualidade, a ética do profissional fisioterapeuta se encontra Ao acompanhar como se deu a profissionalização da
em um período da identidade focada no paciente, e aponta fisioterapia em Minas Gerais, pôde-se perceber certas
um período futuro emergente quando se estabelecerá uma características também encontradas em outras profissões1.
parceria mais ampla com cidadãos e instituições. A compreensão de como foi definida a necessidade da
fisioterapia no estado, de como ela se organizou, e de como
CONSIDERAÇOES FINAIS se deu a construção da identidade do profissional poderá
contribuir para o entendimento da importância de se definir
Segundo Wilensky1 o futuro do profissionalismo a especificidade da fisioterapia. A continuidade de estudos
depende do desenvolvimento na organização do trabalho e com esse enfoque poderá colaborar para o entendimento da
no conhecimento específico. Já para Machado4 o corpo fisioterapia nas Ciências da Saúde, e para a sua participação
esotérico do conhecimento deve conter os segredos e as integrada na equipe multidisciplinar.
técnicas próprias de cada profissão, assim como visibilidade
social. Para a afirmação efetiva da fisioterapia, como
profissão, torna-se então necessária a delimitação das REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
especificidades do seu saber e do seu fazer (teoria e prática),
com instrumentos próprios de apropriação e intervenção. Assim 1. Wilensky HL. The professionalization of everyone? The Ameri-
como em outras profissões24, também no caso da fisioterapia can Journal of Sociology 1964; 70: 137-58.
deve existir um esforço de se repensar sobre o objeto de 2. Bonelli MG. Estudos sobre profissão no Brasil. In: Miceli S,
trabalho e a metodologia que delimita sua ação, levando ao organizador. O que ler na Ciência Social Brasileira. São Paulo:
afastamento e à diferenciação do modelo médico de trabalho. Sumaré/ANPOCS; 1999. p. 287-30. (volume 2).
É indiscutível o quanto a fisioterapia tem avançado, tanto 3. Noronem L, Widstrom GC. Professional theoretical paper: to-
na produção de conhecimento específico e na implementação wards a paradigm-oriented approach in physical therapy. Physi-
cal therapy Theory and Practice 1999; 15: 175-84.
desse conhecimento na clínica, a chamada prática baseada
em evidências, quanto em programas de pós-graduação lato 4. Machado MH. Sociologia das profissões: uma contribuição ao
debate teórico. In: Machado MH. Profissões de Saúde: uma
sensu e stricto sensu; porém, a socialização necessária para
abordagem sociológica. Rio de Janeiro: Fiocruz; 1995. p.13-33.
o reconhecimento público ainda não foi alcançada.
Autores como Noronem3 acreditam que, enquanto o 5. Rebelatto JR, Botomé SP. Fisioterapia no Brasil: fundamentos
para uma ação preventiva e perspectivas profissionais. 2a.ed.
fisioterapeuta não identificar o seu papel e ser capaz de falar São Paulo: Manole; 1999.
claramente sobre ele nas equipes multidisciplinares de saúde,
6. Mazzoti AJ, Gewandsznajder F. O método nas Ciências Naturais
a profissão não irá avançar. Machado25 reforça essa questão
e Sociais: Pesquisa Quantitativa e Qualitativa. São Paulo:
quando coloca que, apesar de o fisioterapeuta ter tradição Pioneira; 1998.
de trabalho, essa é uma profissão nova, com pouca
7. Queiroz MIP. Variações sobre a técnica de gravador no registro
participação nas equipes do Sistema Único de Saúde. da informação viva. São Paulo: T.A.Queiroz; 1991. (Biblioteca
Por fim, cabe destacar a importância de entender e Básica de Ciências Sociais, Série 2. Textos, v.7).
teorizar sobre a história da estruturação do campo da 8. Triviños ANS. Introdução à pesquisa em Ciências Sociais: a
fisioterapia, dando visibilidade ao processo ininterrupto das pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas; 1987.
transformações impostas pelos condicionantes de cada
9. Chizzoti A. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. 6a. ed. São
momento histórico de sua profissionalização. Compreender Paulo: Cortez; 2003.
as raízes da fisioterapia torna-se então fundamental para
10. Bardin L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70; 1979.
definir quem é esse profissional e para traçar os rumos da
profissão no País. 11. Richardson RJ, et al. Pesquisa social: métodos e técnicas. São
Paulo: Atlas; 1985.
Para finalizar, algumas questões importantes devem ser
apontadas em pesquisas que utilizam fontes como entrevistas, 12. Colognese AS, Melo JLB. A técnica de entrevista na pesquisa
social. Cadernos de Sociologia 1998; 9: 143-59.
atas de reuniões, leis e outros documentos para reconstruir
e entender fatos históricos, no que se refere ao alcance desse
Vol. 10 No. 2, 2006 A Profissionalização da Fisioterapia em Minas Gerais 247
13. Cortes SMV. Técnicas de coleta e análise qualitativa de dados. 20. Lei n. 6.316, de 17 de dezembro de 1975. Diário Oficial da
Cadernos de Sociologia 1998; 9: 11-47. União, Brasília, DF, 1975.
14. Cassiano JG. Reabilitar para quê? Uma reflexão sobre a história 21. Código de Ética Profissional de Fisioterapia e Terapia Ocupa-
e a prática de terapia ocupacional na reabilitação física em cional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 1978.
Minas Gerais [dissertação]. Piracicaba: Universidade Metodista 22. Atas de reunião da Associação Mineira de Fisioterapeutas. Belo
de Piracicaba; 1995. Horizonte: 1968-1980.
15. Elliott P. Sociologia de las profesiones. Madrid: Editorial 23. Purtillo RB. A time to Harvest, a time to Sow: ethics for a shift-
Tecnos; 1975. ing landscape. Physical Therapy 2000; 80 (11): 1112-9.
16. Velandia Mora AL. Futuro e identidad de enfermeria com base 24. Ferreira LC. O sujeito trabalhador na enfermagem: identidade e
en el cuidado: una historia prospectiva del cuidado de enfermeria subjetividade no mundo do trabalho. [Projeto de tese]. Brasília:
en colombia. In: Herrera BS, Afanador NP. Dimensiones del Universidade de Brasília; 2000.
cuidado. Santafé de Bogotá: Unibiblos; 1998. p. 135-51.
25. Machado M H. Formação profissional desestruturada: o desafio
17. Decreto-Lei n. 938, de 13 de outubro de 1969, Diário Oficial da da Saúde Pública. Revista O COFFITO 2004 dez 21; 15-19.
União, Brasília, DF, 1969.
26. Cötê J, Salmela JH, Trudel P, BARIA A, Russel SJ. The coach-
18. Soares LB. Terapia Ocupacional: lógica do capital ou do trabalho? ing model: A grounded assessment of expert gymnastics coaches
Retrospectiva histórica da profissão no Estado brasileiro de 1950 knowledge. Journal of Sport and Exercise Psychology 1995; p.
a 1980. São Paulo: Hucitec; 1991. 1-17.
19. Decreto-Lei n. 69.687, de 3 de dezembro de 1971. Diário Oficial, 27. Miles HB, Huberman AM. Qualitative data analysis. 2a. ed.
Brasília, DF, 1971. Thousand Oaks (CA): Sage; 1994.
ISSN 1809-9246
Rev. bras. fisioter., São Carlos,
v. 10, n. 2, p. 137-247, 2006
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rências.
Formato do manuscrito
O manuscrito deve ser elaborado na seguinte ordem, com Introdução, metodologia, resultados e discussão
todas as páginas numeradas consecutivamente na margem superior Após o Resumo e o Abstract deve-se incluir em folhas seqüenciais
direita, com início na página de título1. a Introdução, a Metodologia, os Resultados e a Discussão.
b) Autor: nome e sobrenome de cada autor, em letras maiúsculas Metodologia - deve ser escrita de modo a permitir que o trabalho
sem titulação, seguido por número sobrescrito (expoente), identi- possa ser inteiramente repetido por outros pesquisadores. Deve incluir
ficando a afiliação institucional/vínculo (Unidade/Instituição/ todas as informações necessárias – ou fazer referências a artigos
cidade/estado); Para mais que um autor, separar por vírgula; publicados em outras revistas científicas – para permitir a
replicabilidade dos dados coletados;
c) Nome e endereço completo (incluindo número de telefone
e e-mail do autor para envio de correspondência. É de responsabilidade Resultados - devem ser apresentados de forma breve e concisa.
do autor correspondente manter atualizado o endereço e e-mail para É desejável que apresentem resultados de estudos que utilizem grupo
contatos. de controle e tamanho de amostra adequadamente. Tabelas e Figuras
podem ser incluídas, quando necessárias, para garantir melhor e mais
ATENÇÃO: A Revista recomenda fortemente inclusão de no efetiva compreensão dos dados;
máximo 6 (seis) autores em um artigo. Se mais de 6 (seis) autores
forem listados, a carta de encaminhamento do manuscrito deve es- Discussão - o objetivo da discussão é interpretar os resultados
clarecer, detalhadamente, qual a contribuição individual de cada e relacioná-los aos conhecimentos já existentes e disponíveis, prin-
um deles ao manuscrito, o qual será avaliado pelos Editores. Outras cipalmente àqueles que foram indicados na Introdução do trabalho.
Pessoas que contribuíram para o trabalho podem ser incluídas no As informações dadas anteriormente no texto (na Introdução,
item “Agradecimentos”; Metodologia e Resultados) podem ser citadas, mas não devem ser
repetidas em detalhes na discussão.
d) Título para as páginas do artigo: indicar um título curto,
para ser usado no cabeçalho das páginas do artigo (língua portuguesa
e inglesa), não excedendo 60 caracteres;
1
Para informações adicionais consultar “Uniform Requirements for Manuscripts (URM) submitted to Biomedical Journals” (http:www.icmje.org).
Após a Introdução, Metodologia, Resultados e Discussão, Confira cuidadosamente cada figura, para certificar-se de que
incluir: não há erros nas legendas e que estão sendo enviadas para a Revista
as figuras mais apropriadas.
Referências Um conjunto adicional de Figuras com legendas em inglês deve
O número recomendado pela Revista é de 30 (trinta) referências ser também incluído para artigos submetidos em língua portuguesa.
bibliográficas e devem ser organizadas em seqüência numérica, de
acordo com a ordem em que forem mencionadas pela primeira vez no OUTRAS CONSIDERAÇÕES
texto seguindo os Requisitos Uniformizados para Manuscritos Sub-
metidos a Jornais Biomédicos, elaborado pelo Comitê Internacional Unidades
de Editores de Revistas Médicas (International Committee of Medical Usar o Sistema Internacional (SI) de unidades métricas para as
Journal Editors – ICMJE – http://www.icmje.org/index.html). Ver medidas e abreviações das unidades.
exemplos no endereço http://www.ufscar.br/rbfisio. Artigos de Revisão
Os títulos de periódicos devem ser referidos de forma abreviada, São feitos por pesquisadores que tenham dado contribuição
de acordo com a List of Journals do Index Medicus (http://www.index- substancial em suas áreas específicas de conhecimento e são submetidos
medicus.com). As revistas não indexadas não deverão ter seus nomes apenas a convite dos editores estimulando a submissão por autores
abreviados. de reconhecimento internacional. Devem incluir uma seção que descreva
As citações devem ser mencionadas no texto em números so- os métodos empregados para localizar, selecionar, obter e sintetizar
brescritos (expoente). A exatidão das referências constantes no ma- as informações.
nuscrito e a correta citação no texto são de responsabilidade do(s)
autor(es) do manuscrito. Estudos de Casos
Os relatos de casos clínicos não precisam necessariamente seguir
Agradecimentos a estrutura canônica dos artigos científicos, mas devem apresentar um
Quando apropriado, agradeça brevemente as assistências téc- delineamento metodológico o mais exaustivo possível, para permitir
nicas, aconselhamento e assistência de colegas bem como às subvenções a reprodutibilidade das intervenções relatadas. Recomenda-se muito
para a pesquisa e à bolsa de estudo. (Os agradecimentos devem ser cuidado ao propor generalizações de resultados a partir dos estudos
incluídos no final, antes das referências bibliográficas). de casos.
ASSINATURAS/SUBSCRIPTIONS – 2005/2006
Nome completo/Full name:
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REVISTA BRASILEIRA DE FISIOTERAPIA/BRAZILIAN JOURNAL OF PHYSICAL THERAPY
Rodovia Washington Luís, km 235, Caixa Postal 676, CEP 13565-905 – São Carlos, SP – Brasil
FAI/Fundação de Apoio Institucional ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico/
Revista Brasileira de Fisioterapia – CGC no 66.991.647/0001-30
A Revista Brasileira de Fisioterapia está indexada na base de dados LILACS – Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências
da Saúde/ e nas bases de dados internacionais SPORTDiscus e Scientific Cambridge Abstracts. Aproveite para enviar artigos científicos
ou os resultados das teses e dissertações (desde que haja dados originais e atenda as normas da revista) submetendo-os ao corpo editorial
da Revista Brasileira de Fisioterapia. Contribua para o fortalecimento científico de nossa classe profissional.
ISSN 1809-9246
Revista Brasileira de Fisioterapia ISSN 1809-9246
Rev. bras. fisioter., São Carlos,
ÍNDICE v. 10, n. 2, p. 137-247, 2006
Editorial ................................................................................................................................................................................................................................................................... V
Ensino em Fisioterapia/ Teaching in Physical Therapy
A PROFISSIONALIZAÇÃO DA FISIOTERAPIA EM MINAS GERAIS
Professionalization of Physycal Therapy in Minas Gerais
Nascimento MC, Sampaio RF, Salmela JH, Mancini MC, Figueiredo IM ............................................................................................................................................................................ 241
Fisioterapia nas Condições Cardiovasculares e Respiratórias/ Physical Therapy for cardiovascular and respiratory conditions
COMPARAÇÃO DAS RESPOSTAS CARDIORRESPIRATÓRIAS ENTRE EXERCÍCIO DE CARGA CONSTANTE E INCREMENTAL ABAIXO, ACIMA E NO LIMIAR DE
ANAEROBIOSE VENTILATÓRIO
Comparison of Cardiorespiratory Responses Between Constant and Incremental Load Exercises Below, Above and at the Ventilatory Anaerobic Threshold
Pithon KR, Martins LEB, Gallo Jr L, Catai AM, Silva E ....................................................................................................................................................................................................... 163
Fisioterapia nas Condições Músculo-Esqueléticas (Ortopedia e Traumatologia/Reumatologia/ Próteses e Órteses)/ Physical Therapy for Musculoskeletal Conditions
(Orthopedics and Traumatology, Rheumatology, Prosthesis and Orthesis)
AVALIAÇÃO DO ALINHAMENTO POSTURAL E DO DESEMPENHO EM ATIVIDADES FUNCIONAIS DE CRIANÇAS HEMOFÍLICAS EM IDADE INFERIOR A SETE ANOS,
COM E SEM SINOVITE CRÔNICA: CORRELAÇÃO COM A INCIDÊNCIA DE HEMARTROSES
Evaluation of Postural Alignment and Performance in Functional Activities Among Hemophilic Children Under 7 Years Old with and without Chronic Synovitis: Correlation with
Hemarthrosis Incidence
Galante GA, Azevedo CSA, Mello M, Tanaka C, D’Amico EA ............................................................................................................................................................................................... 171
RELAÇÃO ENTRE INTENSIDADE DE DOR E CAPACIDADE FUNCIONAL EM INDIVÍDUOS OBESOS COM OSTEOARTRITE DE JOELHO
Relationship Between Pain Intensity and Functional Capacity of Obese Individuals with Knee Osteoarthritis
Vasconcelos KSS, Dias JMD, Dias RC .................................................................................................................................................................................................................................... 213
Fisioterapia nas Condições Neurológicas (do adulto e da criança)/ Physical Therapy for Neurological Conditions (in adults and children)
DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR DE LACTANTES DESNUTRIDOS
Neuropsychomotor Development of Malnourished Babies
Mansur SS, Neto FR ................................................................................................................................................................................................................................................................. 185