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AGRICULTURA E AGRONEGÓCIOS

O TRIGO PARANAENSE E AS PRINCIPAIS


CARACTERÍSTICAS DA SUA CADEIA PRODUTIVA
RESUMO
O principal objetivo deste estudo é descrever o processo histórico da utilização do
trigo como alimento e caracterizar os principais aspectos da cadeia produtiva do trigo, bem
como, busca-se analisar a competitividade do trigo paranaense diante da concorrência
argentina, tendo em vista que o Brasil produz aproximadamente 5 milhões de toneladas de
trigo anualmente, de um total de 10,2 milhões de toneladas por ano demandados
internamente para o consumo, e para que toda a demanda nacional seja atendida importa-
se o trigo, principalmente da Argentina. De todo o montante produzido pelo Brasil, 80% é
oriundo do Paraná, o maior produtor brasileiro de trigo.
A pesquisa também relata algumas considerações necessárias ao entendimento da
qualidade do trigo, fator este que é um dos principais limitantes da concorrência do trigo
paranaense em relação ao trigo argentino.
Também se tem como pretensão mostrar os principais dados relacionados à oferta
e demanda do trigo paranaense, as importações e exportações e o consumo,
contextualizando a triticultura do Estado do Paraná diante da relação comercial existente
entre o Brasil e a Argentina, relação essa que é ancorada pelo processo de integração do
Mercosul.
E finalmente, são apontadas alternativas e realizadas algumas considerações sobre
o desempenho do setor tritícola paranaense e nacional. Onde são apresentadas dois
possíveis caminhos para a triticultura paranaense e também nacional: continuar a importar o
trigo de países que apresentam vantagens competitivas ou então, incentivar a produção de
trigo no território nacional através da adoção de novas tecnologias.
PALAVRAS-CHAVE: trigo, comércio, competitividade.
ABSTRACT
The main objective of this study is to describe the historical process of using wheat
as food and characterize the main aspects of the production chain of wheat and, seeks to
analyze the competitiveness of wheat Parana Argentina before the competition, in order that
Brazil produces about 5 million tonnes of wheat annually, a total of 10.2 million tonnes per
year to house defendants consumption, and that all domestic demand is met cares wheat,
mainly from Argentina. The entire amount produced by Brazil, 80% comes from Paraná, the
largest producer of wheat.

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The survey also reports some considerations necessary to understanding the quality
of wheat, a factor that is a major factor limiting the competition of wheat compared to wheat
Parana Argentina.
It also has the intention to show the main data related to supply and demand of
wheat Parana, imports and exports and consumption, contextualizing the wheat production
of Paraná State in front of the commercial relationship between Brazil and Argentina, and
that relationship is anchored by the process Mercosur integration.
And finally, it presents alternatives and made some considerations about the
performance of the wheat sector and national Parana. Where are shown two possible routes
for wheat production Parana and national levels: to continue to import wheat from countries
with competitive advantages or, encourage the production of wheat in the country through
the adoption of new technologies.
KEY WORDS: wheat, trade, competitiveness.
1. INTRODUÇÃO
O trigo é um dos principais alimentos para a população nos dias de hoje. E sua
demanda é extremamente grande também dentro do território brasileiro, porém, o Brasil
2. REVISÃO TEÓRICA E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para a relação existente entre a produção do trigo paranaense e o consumo
dentro e fora do estado, considerando os limites nacionais, foi utilizada a lei da oferta e
demanda, que:
Segundo Montoro Filho et al (1998) “a demanda é derivada de hipóteses
sobre a escolha do consumidor entre diversos bens que seu orçamento
permite adquirir, ou ainda pelo desejo de comprar”. “define-se como oferta a
quantidade de um bem ou serviço que os produtores desejam vender. A oferta
de um bem depende de seu próprio preço, admitindo a hipótese ceteris
paribus, quanto maior for o preço de um bem mais interessante se torna
produzi-lo, portanto, a oferta é maior.”
Através da aplicação da lei da oferta e demanda, observou-se que a produção
de trigo brasileira é muito pequena perante a grande demanda interna. Isso faz com que
o país tenha que ir em busca do trigo ofertado por outros países, principalmente a
Argentina, devido à integração comercial firmada, o Mercosul.
A integração comercial entre os países é um fator que vem a contribuir com a
expansão comercial mundial, e a constituição de blocos revelam resultados
superavitários na balança comercial. (MAIA, 2006).
De acordo com Krugman (2005), existem dois motivos que levam os países a
participar do comércio internacional: Os países comercializam porque são diferentes

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uns dos outros e, os países comercializam para obter economias de escala de
produção.
As formulações clássicas da teoria do comércio internacional foram construídas
inicialmente por Adam Smith e David Ricardo. Adam Smith formulou os conceitos sobre
vantagens absolutas e David Ricardo estabeleceu conceitos sobre as vantagens
comparativas.
Para Smith, as vantagens do comércio internacional eram propiciadas pela
divisão internacional do trabalho. Os países deveriam concentrar seus esforços
naqueles bens que possuíam maiores vantagens e menores custos, e realizaria a troca
por aqueles produtos nos quais não seriam tão eficientes. (HABERLER, 1979).
Já na visão de Ricardo, os países exportarão bens que seu trabalho produz de
forma relativamente eficiente e importarão bens que seu trabalho produz de forma
comparativamente ineficiente. Logo, o padrão de produção de um país é determinado
pelas vantagens comparativas. (KRUGMAN, 2005).
Mais tarde, novas concepções sobre o comércio internacional surgiram
solucionando algumas limitações dos modelos propostos por Adam Smith e David
Ricardo.
Heckscher e Ohlin criaram uma teoria que tinha como enfoque a possibilidade
de custos comparativos diferentes e a compreensão das razões das diferenças nas
estruturas de disponibilidade de recursos de uma nação, evoluindo então, os conceitos
baseados em um único fator e em custos constantes. (JONES, 1979).
“Um país que possua grande oferta de recurso, superior à de outros recursos,
é abundante naquele recurso. Esse país tenderá a produzir mais bens que
utilizem intensivamente tal recurso abundante. O resutado é a teoria básica do
comércio de Heckscher-Ohlin: os países tendem a exportar bens intensivos
nos fatores cuja oferta é abundante.” (KRUGMAN, 2005).
Se tratando de comércio internacional, um quesito de suma importância é a
competitividade. De acordo com Stulp (1991), a competitividade consiste na capacidade
de um país em conseguir atuar ter participação no mercado.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1. A HISTÓRIA DO TRIGO
Segundo a Abitrigo (2005) o trigo é consumido no mundo há mais de 12 mil anos e
surgiu no Oriente Médio, numa região batizada pelos historiadores de Crescente Fértil onde
hoje se estende do Iraque até o Egito. No entanto só se tem registro que a cerca de 6700
a.C começou a ser cultivado pelos povos que habitavam a antiga Mesopotâmia, sendo que

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na época os grãos eram misturados com outras iguarias tais como peixes, frutas e
castanhas, acrescentavam água e faziam disso suas refeições. Por volta de 4000 a.C os
egípcios davam os primeiros passos no processo de fermentação do trigo e com essa nova
descoberta passaram a também fabricar vinhos e cervejas com a semente do trigo. Com o
passar do tempo, aperfeiçoou-se a técnica de fabricação e os egípcios descobriram que a
farinha feita do grão do trigo ganhava volume quando se adicionava levedo à massa levada
ao forno.
Mais tarde o cultivo se espalhou por várias partes do mundo principalmente as
regiões mais frias, e combinou também com o nascimento das padarias na Europa.
A partir das características de sua região de origem o trigo inicialmente
desenvolveu-se em países de clima temperado, sendo semeado no outono, permanecendo
sob a neve no inverno, no caso de “trigo de inverno”, ou depois do degelo, no caso de “trigo
de primavera”.
Um programa de cooperação entre a Secretaria de Agricultura, do México, e a
Fundação Rockfeller, nos anos quarenta e cinqüenta, do século passado, deu origem, em
1961, ao Instituto Nacional de Investigação Agrícola – INIA, que se dedicou ao
desenvolvimento de variedades de trigo e milho, para o México e demais países da América
Latina. Seguindo as linhas gerais do IRRI – Instituto Internacional de Pesquisa de Arroz, foi
fundado, em 1966, o CIMMYT – Centro Internacional de Mejoramento de Maiz y Trigo.
O trigo chegou a América durante o século XV nas bagagens dos grandes
navegadores que ancoravam em solos americanos. Há relatos que o trigo começou a ser
cultivado no Brasil por volta de 1534, na antiga capitania de São Vicente, e mais tarde
chegando às demais capitanias brasileiras. (COODETEC,2004)
O Brasil foi o primeiro país da América a exportar trigo, também foi ele que
antecipou a produção comercial da cultura em questão, se antecipando inclusive aos norte-
americanos, argentinos e uruguaios. Lamentavelmente, nos anos 80 a triticultura estava
ameaçada pela ferrugem e pela dificuldade de se aclimatar aos solos brasileiros.
De acordo com o BNDES Setorial (2003) após a Revolução de 1930, com Getúlio
Vargas na Presidência da República, houve uma grande reação em defesa da produção em
todo território nacional que combinou com desenvolvimento industrial e o aumento da
população nos centros urbanos. Consequentemente a demanda se elevaria o que
ocasionou e impulsionou o surgimento dos moinhos nas regiões produtoras de trigo.
A partir de 1940 o Rio Grande do Sul começa a expandir a produção de trigo, com
sementes oriundas da Europa e era cultivada em solos pobres, onde as cultivares de porte
alto apresentavam melhor adaptação.

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Em 1938, foi criado o Serviço de Fiscalização do Comércio de Farinhas de trigo pelo
governo brasileiro, e foi substituído, em 05/01/1944, pelo famigerado SET – Serviço de
Expansão do Trigo, que se notabilizou por distribuir cotas de trigo e dispor critérios
altamente discutíveis sob a venda de farinhas. Em uma reação moralizadora, foi editado o
Decreto-Lei n0. 210/67 que, aliando-se à reorganizada compra estatal, administrada pelo
Banco do Brasil, na CTRIN, o Comissão de Compra do Trigo Nacional, estabelece-se regras
que incentivaram a produção nacional, asseguraram o abastecimento, reestruturaram a
moagem e controlaram o dispêndio de divisas. Tais regras vigeram por 23 anos, até que, em
novembro 1990, com o advento da Lei n0. 8096 foram liberadas a comercialização e
industrialização do trigo, eximindo o Estado da tutela sobre o setor.
Em 1949, foi proibida a importação de farinhas, em 1952, a importação de trigo
passou a ser monopólio do Estado que, em 1962, tornou-se o único comprador de trigo
nacional. O Governo distribuía o trigo aos moinhos segundo um regime de cotas,
estabelecia os tipos de farinhas a serem fabricados e os respectivos preços de venda.
Controlava até a venda do subproduto, o farelo. Obviamente, os moinhos de trigo deveriam
estar organizados para poder interagir com o Governo, assim, dando ensejo à criação dos
Sindicatos e Associações, objetivando a representação na luta pelos interesses da indústria
brasileira de moagem de trigo, tendo como marco inicial, a Fundação do Sindicato da
Indústria do Trigo no Estado do RJ, em 02/05/33, porém, somente reconhecido em 31/07/42.
Quando se deu inicio à criação de outros sindicatos, como a Fundação do Sindicato
da Indústria do Trigo no Rio Grande do Sul, em 1939, o Sindicato de São Paulo, em 1941,
na década de 50, ocorreu a fundação do Sindicato de Santa Catarina, em 08/12/1952, do
Sindicato do Paraná, em 30/09/1952, com 45 associados e do Sindicato do Pará, Paraíba,
Ceará e Rio Grande do Norte, em 11/09/1958.
No ano de 1984, nos dias 17 e 22 de março, foram instaladas a Associação dos
Moageiros de Trigo do Paraná e Associação Rio-grandense da Indústria, respectivamente.
A necessidade de um contato contínuo com o Governo Federal levou os
Sindicatos/Associações regionais a montar, em 1986, em Brasília, o Escritório de
Representação da Indústria do Trigo.
O trigo é originário da periferia do Mediterrâneo e requer solos férteis e sem acidez,
bem como um clima com precipitação pluviométrica nas primeiras fases do crescimento, frio,
a seguir quente e seco na maturação e colheita. No entanto, o Brasil não apresenta
nenhuma região especialmente adaptada ao cereal. Assim, o desenvolvimento da cultura
demandou muitos anos de estudos e experimentos, tecnológicos. Assim, o crescimento da
cultura, no Brasil, dependeu basicamente dos trabalhos da pesquisa, com importante

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participação do CIMMYT, sendo que todas as entidades brasileiras de pesquisa de trigo
mantêm, ou mantiveram algum tipo de ligação com aquele Centro.
No Paraná, o trigo começou a expandir-se a partir de 1970, inicialmente sendo
cultivado no norte e oeste, as regiões mais férteis do estado.
De acordo com a Embrapa Trigo (2010) a expansão da área de trigo no Paraná
ocorreu numa época em que também se destinavam maiores recursos para a pesquisa
agrícola no Brasil. Como resultado, se observou um aumento simultâneo da área e da
produtividade do trigo.
Diante dessa realidade, a partir de 1979, o Paraná passou a ser o maior produtor
de trigo do Brasil, sendo que o Paraná participa com quase 60% da produção nacional,
sendo que os estados do sul concentram 95% da produção (FAEP, 2006).
Nos últimos anos as principais entidades relacionadas com a atividade triticultora
trabalham para melhorar tecnologias de produção e adaptação do trigo ao clima
paranaense, porém, apesar de tanto esforço tem-se observado um crescente declínio da
área cultivada, devido, principalmente, a elevados custos de produção, quando comparados
aos da Argentina.
3.2. O CLIMA E A QUALIDADE DO TRIGO
A produção de alimentos mundial é um problema muito importante, que hoje é
motivo de preocupação para economistas e estudiosos que estão tentando buscar soluções
para aumentar a produção de alimentos mundial.
Diariamente são lançadas na atmosfera milhões de toneladas de gases causadores
do efeito estufa como o gás carbônico, oxido nitroso e metano, estes entre outros gases faz
com que a temperatura de nosso planeta aumente fazendo com que o clima mundial sofra
grandes alterações principalmente em relação à precipitação, temperatura e radiação solar
afetando diretamente os seres humanos, os animais e as plantas. Dessa forma a agricultura
mundial atravessa período de adaptação, onde novas culturas são lançadas com o objetivo
de se adaptarem em períodos de grandes estiagens por exemplo.
O trigo é uma destas culturas, pois cerca de 21% da demanda mundial de
alimentos esta voltada para o plantio deste cereal. Segundo a FAO (Organização das
Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) para atender a crescente demanda dos
países em desenvolvimento será necessário aumentar a produção de trigo em
aproximadamente 1,6% ao ano até 2020 e 2,6% ao ano se considerado o consumo animal.
No Brasil a produção de trigo é oscilante, pois depende muito de fatores
meteorológicos e dos preços pagos ao produtor. Segundo a Abitrigo (2010), Associação
Brasileira da Indústria do Trigo, o Paraná é o maior produtor de trigo do Brasil, por ter um

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bom clima para a cultura. Porém nos últimos anos o clima tem se alterado trazendo dor de
cabeça ao produtor que tem de escolher a melhor época de plantio para que haja boa
precipitação fazendo a planta se desenvolver bem.
Durante o ciclo do trigo, períodos de seca, baixa umidade do ar, temperaturas altas
e geadas fazem com que a época de pós-plantio até amadurecimento seja crítica para uma
boa produção e qualidade de grãos, porém durante a colheita há sempre o problema da
ocorrência de chuvas o que faz atrasar a colheita deixando o grão exposto a chuvas
excessivas fazendo o mesmo perder qualidade, pois os ataques de pragas são
principalmente causados por variações no clima como aumento de temperatura e umidade.
Entre essas e outras dificuldades as alterações no clima podem trazer problemas
como o aumento na ocorrência de doenças na cultura do trigo. Há também estudos que
indicam que uma maior concentração de gás carbônico beneficia a produtividade da cultura,
pois a planta tem mais matéria-prima para realizar a fotossíntese, porém isso pode causar
perda na qualidade de grão.
Hoje em dia existem formas de amenizar alguns problemas, a irrigação traz certo
controle climático para a produção fazendo com que haja água nas épocas decisivas para a
cultura, já que atualmente as precipitações na época de seu cultivo não são muito
significativas.
As temperaturas e índices pluviométricos indicados para a cultura do trigo são:
• Plantio: Temperatura no solo em torno de 15ºC, umidade em torno de
120milímetros(mm). (50-200mm.);
• Nascimento até o perfilhamento: Temperatura entre 8 e 18ºC, umidade de
55mm./mês (30 a 80mm.);
• Fim do perfilhamento ao espigamento: Temperatura entre 8ºC e 20ºC e chuvas
mensais em 40mm;
• Espigamento à maturação: Temperatura em torno de 18ºC, chuvas nunca acima de
60mm./mês. Geadas e ventos fortes são danosos ao trigo.
Ainda hoje nas condições climáticas atuais existem dois fenômenos que comandam
as condições climáticas que e o “El Niño” e a “La Niña” o primeiro traz um bom índice de
precipitações e a La Niña que traz precipitações irregulares fazendo oscilar a produção da
cultura nas regiões do Paraná.
O clima é predominante para uma boa qualidade de grão, principalmente
durante a formação do mesmo e mais tarde durante a colheita. Se houver incidência de
chuvas na colheita e o grão passar do ponto cada vez mais vai perdendo seu PH (Peso
Hectolitrico) que posteriormente ira diminuir seu valor de mercado.
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As principais doenças que afetam a cultura de trigo são:
• Ferrugem da folha (Puccinia Recondita) que apresenta como sintomas o
aparecimento de manchas marrons nas folhas bainhas e traz como prejuízo a
produtividade baixa, grãos pequenos e baixo peso hectolitro(PH);
• Mancha da folha (Bipolaris sorokiniana) que se apresenta nas plantas novas onde
aparecem necroses nas folhas, que podem morrer rapidamente e aquelas que
sobrevivem tem como consequência baixa produtividade, deficiência na granação do
grão sem falar que se morrerem muitas plantas o plantio terá de ser refeito;
• Septoriose (Septoria tritici e S. nodorum) a primeira afeta as folhas da planta
produzindo manchas nas plantas que tomam conta das folhas e afetam também o
caule da planta, e o S nodorum ocorre no caule da planta fazendo o mesmo
escurecer o enfraquecendo levando a um acamamento das plantas, trazendo
prejuízos no que diz respeito a produção baixa diminuição no tamanho dos grãos e
um escurecimento dos mesmos e as veses o causa tantas perdas que se torna
inviável a colheita do cereal;
• Odío (Blumenaria graminis tritici) e observado durante a fase de crecimento da planta
e consiste no aparecimento de uma espécie de mofo branco nas folhas da planta,
que ocasiona baixa produtividade, grãos pequenos e baixo peso hectolitrico.
De acordo com a Embrapa (2005), a qualidade do trigo é analisada a partir do seu
PH. O PH do trigo, na verdade, quer dizer "peso hectolítrico". Isso significa quantos quilos
de trigo cabem em cem litros. Esse número serve para saber qual deve ser a finalidade do
trigo: pão, biscoito, macarrão, ração animal, entre outros usos. Com PH 78 e 13% de
umidade, o trigo tem seu preço mínimo garantido, acima disso há um acréscimo no preço
por cada peso a mais, o mesmo acontece para baixo cada peso a menos do PH 78 e 13%
de umidade representa menor valor para o grão.
Outro ponto importante no que diz respeito à qualidade do trigo é em relação
ao momento da colheita do grão, onde durante a debulha do grão a perda de qualidade por
quebra é por má regulagem da colhedeira e isso faz com que muitas sementes se percam
causando prejuízos.
De acordo com alguns estudos realizados pelo BNDES, as variedades e
características do trigo brasileiro são diversas. No norte do Paraná, sul de São Paulo, Mato
Grosso do Sul e Cerrado são encontradas as melhores condições para a produção do trigo
destinado a fabricação dos mais diversos tipos de pães. Já no Rio Grande do Sul e no sul
do Paraná, o trigo produzido é usado na produção de biscoitos e bolos. Porém, devido à

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limitações climáticas, o Brasil não produz o trigo classificado como durum que é utilizado na
produção de massas especiais.

3.3. OFERTA DE TRIGO NO PARANÁ E NO BRASIL

O setor tritícola brasileiro não consegue atender a toda a demanda do grão existente
internamente. Porém, levanta-se a questão: se ele importa o trigo por não ter uma oferta
interna suficiente para suprir o consumo, por que motivo ele vem exportando trigo nos
últimos anos? Segundo a Abitrigo (2010), isso ocorre pelo fato de empresas multinacionais
que atuam no mercado brasileiro importarem por preços baixos o produto conseguindo em
seguida preços mais atrativos em outros países em comparação ao que seria pago pelo
mercado nacional.
Esse fato pode ser explicado também pela razão de que a qualidade do trigo
brasileiro ser inferior ao de alguns outros países produtores, o que faz com que o trigo
produzido no Brasil, que é de qualidade inferior (o qual normalmente é destinado à produção
de alguns biscoitos e até mesmo para a fabricação de ração animal) seja exportado, para
que assim possa-se adquirir trigo de melhor qualidade para suprir o mercado de produção
de farinha e outros produtos que necessitam de uma matéria-prima de melhor qualidade.
O gráfico 01 nos mostra a exportação brasileira de trigo nos últimos dez anos, e
pode-se perceber as quantidades significativas que foram exportadas chegando a superar a
casa das 1000 toneladas/ano em dois momentos.
GRÁFICO 01: Exportações de trigo no Brasil.
Exportações Trigo Brasil

1600
Mil toneladas

1373,3
1400
1150
1200
1000 784,9 746,7 700
800 Exportações
600
351,4
400
200 4,7 5 3,5 19,7
0
7

1
2

0
/0

/0

/0

/0

/1

/1
/0

/0

/0

/0
01

02

03

04

05

06

07

08

09

10
0

0
0

0
2

Período

FONTE: (Elaborado pelos autores).


De acordo com a Conab (2010), a produção brasileira de trigo atual é de 5,6
milhões de toneladas sendo que o Paraná ocupa atualmente o primeiro lugar em
produtividade no Brasil seguido pelo Rio Grande do Sul ambos produzem juntos cerca de
4,4 milhões de toneladas do cereal. Porém o Paraná se destaca por ter uma posição

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geográfica priveligiada em relação aos custos de tranferências do produto até os centros de
comercialização.
O gráfico 02 mostra a produção paranaense no período de 1996 a 2009 em
comparação com a produção nacional, nele é possivel observar a importância que a
produção paranaense tem na produção total nacional já que a sua linha de produção chega
em muitos pontos muito próxima da linha de produção nacional o que significa que a maior
parte da produção daquele período ocorreu no Paraná. Pode-se perceber isso no ano de
2002 onde a produção paranaense representou quase 80% da produção nacional,
confirmando o seu primeiro lugar no ranking de produção nacional.
GRÁFICO 02: Comparação de produção de trigo no Paraná e no Brasil.
Produção (mil toneladas)

COMPARAÇÃODEPRODUÇÃODETRIG ONO
PARANÁENOBRASIL-1996A2009

7000
6000
5000
4000 PARANÁ
3000 BRASIL
2000
1000
0
1997

1999

2003

2005

2008
1996

1998

2000

2001

2002

2004

2006

2007

Período

FONTE: (Elaborado pelos autores).


O Paraná além de ser o maior produtor de trigo do país, tem o privilégio ainda de
ser o que produz a maior quantia de trigo com a qualidade demandada pela indústria de
panificação, tudo graças a pesquisas que visam desenvolver variedades mais produtivas e
preparadas para enfrentar controvérsias climáticas. Segundo Valter Bianchini secretário da
Agricultura e do Abastecimento até 2012 o país deve produzir uma quantidade suficiente
para suprir 70% da demanda interna. O Paraná tem papel fundamental na busca dessa
meta já que a terra e o clima do estado são favoráveis ao cultivo do cereal.
Para o diretor-presidente do Iapar, José Augusto Pocheth, “o País tem potencial
para produzir trigo de qualidade e o instituto de pesquisa do Paraná vem
trabalhando, como vem fazendo a Embrapa e a Codetec no desenvolvimento de
variedades de trio produtivas, resistentes a doenças e que produção grão
conforme as exigências da indústria de panificação.”
O gráfico 03 mostra que a situação não é tão fácil assim de ser resolvida já que a
produção de trigo brasileira prevista para o a safra 2010/11 não representa nem metade do
consumo previsto para o mesmo período a produção terá de atingir um aumento significativo

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na ordem de aproximadamente 20% e o consumo permaneça na mesma ordem para que a
meta seja cumprida.
GRÁFICO 03: Oferta e Demanda de trigo no Brasil.
OFERTAE DEMANDADE TRIGO NOBRASIL
MIL TONELADAS

12000
10000
Exportações
8000
consumo
6000
importação
4000
produção
2000
0
02

1
/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/1

/1
/

05
01

02

03

04

06

07

08

09

10
20
20

20

20

20

20

20

20

20

20
PERÍODO

FONTE: (Elaborado pelos autores).


No gráfico pode-se analisar primeiramente que o consumo vem se mantendo nas
mesmas proporções com pequenas oscilações de ano a ano, já as variáveis importaçãos e
produção se demonstram parcialmente dependentes umas das outras, já que com uma
produção maior a tendência é que o país importe menos e sucessivamente com uma
produção menor a necessidade de que se exporte mais para que seja atendida a demanda
interna. Já as exportações dependem das oscilações dos preços externos e dos estoques
internos do país como foi explicado anteriormente.
O Brasil deve apresentar uma produção crescente até 2017/18, assim como o
consumo interno deve crescer cerca de 1,3% ao ano tendo a necessidade de importar em
torno de 8,7 milhões de toneladas em 2017/18 como mostra o gráfico abaixo.
De acordo com os dados do AGE/Mapa, em 2018, o consumo interno de trigo
chegará a 13,3 milhões de toneladas, com crescimento médio, durante o período de 2010 a
2018, de 1,63% ao ano. Já as importações chegarão a 8,7 milhões de toneladas no ano de
2018. O gráfico 04 mostra uma previsão da produção, do consumo e da importação do trigo
para o Brasil até 2018. Nele pode-se perceber que o Brasil tende a ter um aumento
constante em ambos os itens mostrados no gráfico, sendo que segundo essa previsão o
Brasil continuará dependendo da importação do produto de outros países para suprir o
consumo interno.
GRÁFICO 04: Estimativas da produção, consumo e importação brasileira de 2006 a
2018.

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FONTE: Estimativas da AGE/Mapa(2009).
3.4. DEMANDA DE TRIGO NO PARANÁ E NO BRASIL
De acordo com a Abitrigo (2009), o Brasil demanda cerca de 10 a 11 milhões de
tonelada de trigo por ano, porém sua produção interna do grão não consegue suprir toda
essa necessidade. Na atualidade o Brasil importa cerca de 96% de todo o trigo necessário
para o consumo interno do país. E sendo o Brasil um grande importador do produto, buscou
conduzir suas relações comerciais, principalmente com a Argentina, país este, cujo
comércio é facilitado pela integração do Mercado Comum do Cone Sul (Mercosul).
Segundo o IPARDES (1991) o Mercosul foi criado em 1991 e esperava-se, com
esse tratado, atingir os objetivos manter, acentuar e consolidar a competitividade dos
Estados integrantes no contexto mundial, favorecer economias de escala com incrementos
da produtividade, estimular um comércio rentável com o restante do mundo e promover a
abertura recíproca das economias dos quatro países integrantes (Brasil, Argentina, Paraguai
e Uruguai).
Para Miller (2005) “no momento em que nasce o Mercosul pelo qual o Brasil abre
sua economia para as importações de bens primários junto aos demais países
membros, um dos produtos mais favorecidos passa a ser o trigo argentino, o qual
se torna um elemento de troca essencial no contexto da nova zona comercial.”

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De acordo com a Embrapa (2010), do total de importações de trigo realizadas pelo
Brasil em 2008, aproximadamente 70% era oriundo da Argentina. Isso se deve porque a
Argentina apresenta a maior capacidade produtiva e menores custos de produção do trigo
em grãos no Mercosul. (MAIA, 2006).
A Argentina possui algumas vantagens na oferta de trigo ao Brasil, principalmente
no que se refere à competitividade. Então, é possível a Argentina produzir o cereal mais
barato, com melhor qualidade e com menores riscos e custos, suportando dessa forma,
preços mais baixos do trigo no mercado internacional. Além de todos esses fatores
benéficos, o governo argentino ainda fornece subsídios aos produtores.
Dessa forma, segundo a Abitrigo (2009), a tonelada de trigo comprada pelos
moinhos argentinos custa, em média, US$ 120,00. Já a tonelada de trigo importada da
Argentina, custa aproximadamente, US$ 190,00 aos brasileiros. Então essa situação acaba
por inviabilizar a produção da farinha de trigo pelos moinhos do Brasil. Essa disparidade dos
preços é sentida mais fortemente se for efetuada a análise comparando os preços da
Argentina e do Paraná, como mostra o gráfico 05, que apresenta o preço do trigo praticados
no Paraná e na Argentina durante o ano de 2010, onde a maior diferença de preço sentida
foi no mês de março, onde a tonelada de trigo era vendida nos moinhos argentinos por R$
390,00 e nos moinhos brasileiros por R$ 448,00, representando que o trigo para no Paraná
custa 14% mais caro que o preço do trigo na Argentina.
GRÁFICO 05: Preços mensais (em R$/ton) do trigo no Paraná e na Argentina.

FONTE: (Elaborado pelos autores).


Esse é um dos principais fatores que leva a uma redução das áreas de trigo
plantadas em todo o território nacional, inclusive no Paraná, sendo que tal redução é
acompanhada de um encarecimento da produção da cultura e, consequentemente, uma
diminuição da renda do setor tritícola.
De acordo com Maia (2006), apesar do norte do Paraná estar preparado para
enfrentar a competitividade argentina, apresentando uma produção de alta qualidade, que

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chega a ser comparada com a qualidade dos trigos canadense, americano, francês e
argentino, o comércio do Mercosul pode trazer sérios problemas, já que para o setor tritícola
paranaense chegar à melhores índices de qualidade, é preciso investir mais em tecnologia,
fertilizantes e defensivos agrícolas que acabam por elevar demasiadamente os custos de
produção (se comparado com os custos da Argentina), apresentando assim, um quadro de
desvantagem para a produção de trigo no Paraná. Devido a esses fatos negativos, e de
outros fatores, como o baixo preço pago pelo produto, a falta de incentivos e de politicas
fiscais que estimulem o agricultor a plantar, nos últimos anos o trigo vem perdendo território
para outras culturas de inverno, como triticale, cevada e aveia.
As maiores dificuldades encontradas pelos triticultores são a forte instabilidade do
mercado, que geralmente apresenta preços muito baixos, dificuldades de enquadrar o
produto ofertado aos padrões de qualidade exigidos pelas indústrias e as frequentes
importações. (MILLER, 2005).
Segundo a Conab (2009), muitos agricultores estão preferindo se dedicar
exclusivamente à produção de soja, cuja cultura, possui mais vantagens, tanto comerciais
quanto produtivas. Pois a soja é uma cultura adaptada ao clima paranaense, possui maiores
politicas de comercialização, é um produto com elevados índices de exportações e não
possui custos tão altos quanto o trigo. Essa preferência de produção é evidenciada no
gráfico 06, que apresenta os valores de produção da safra 2008/2009.
GRÁFICO 06: Produção de trigo e de soja no Paraná.

FONTE: (Elaborado pelos autores).


4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trigo é um alimento de suma importância para a alimentação humana e, através
da pesquisa observou-se que no Brasil, especificamente no Paraná, o trigo representa uma
alternativa agrícola nas safras de inverno, onde é usado num sistema de aproveitamento de

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recursos e gerador de renda na agricultura. Porém, o setor tritícola nacional não possui uma
produção suficiente para atender toda a demanda interna do grão.
Neste sentido são apresentadas algumas alternativas para aprimorar a relação
entre a oferta e a demanda de trigo no território brasileiro, que poderão melhorar o
desempenho comercial do grão.
De acordo com Brum et al (1998), “com relação ao trigo brasileiro, pode-se fazer
dois questionamentos: Deve-se deixar os países, que apresentam
(aparentemente) vantagens competitivas, produzir o cereal, ou então, deve-se
incentivar a adoção de tecnologias e adorar um modelo de profissionalização da
agricultura brasileira com o objetivo da eficiência técnica e econômica?
A relação comercial entre Brasil, como consumidor, e demais países produtores de
trigo, principalmente a Argentina, já tem bases consolidadas, onde além de custos mais
baratos, os demais países possuem condições climáticas de produzir o trigo com melhor
qualidade do que o trigo produzido no Brasil.
Todavia, pode ser implantado um conjunto de medidas que venham a alavancar e
aprimorar o setor tritícola nacional. Nesse sentido, algumas políticas públicas devem ser
estabelecidas com objetivo de reduzir os custos da produção de trigo no Brasil e,
principalmente no Paraná, já que este é o maior Estado produtor do grão, e paralelamente,
deve incentivar pesquisas de melhoramentos de sementes, rever condições de
financiamentos das safras e capacitar produtores do grão, como também torna-se
interessante estimular e realizar estudos que propagem a produção do trigo para outras
regiões brasileiras, pois atualmente a produção de trigo está centrada quase que totalmente
apenas na região sul do país. Dessa forma, haverá uma eficiente produção de trigo dentro
do território brasileiro, aumentando a renda do setor e amenizando o problema da falta de
trigo para atender a demanda nacional.
Em análise das duas opções levantadas, logo se percebe que a primeira alternativa
se encontra com maiores facilidades de aceitação, pois custa mais barato importar o trigo da
Argentina e outros países, do que produzir o grão internamente. No entanto, a opção de
aumentar a produção brasileira também é interessante, porém necessita de maiores
incentivos e de políticas comerciais que atuam a favor do setor tritícola brasileiro.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABITRIGO. Associação Brasileira da Indústria de trigo. Março de 2005. Disponível em


http://www.abitrigo.com.br/trigo.asp. Acesso em 25 de julho de 2010.

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BNDES Setorial. Cadeia Produtiva do Trigo. Janeiro de 2003. Disponível em
http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conheci
mento/bnset/set1806.pdf. Acesso em 20 de julho de 2010.
COODETEC. A História do Trigo no Brasil. Junho 2004. Disponível em
http://www.coodetec.com.br/artigos.asp?id=105. Acesso em 17 de julho de 2010.
EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. 2005. Disponível em
http://www.cnpt.embrapa.br/culturas/trigo/index.htm. Acesso em 02 de agosto de 2010.
EMBRAPA. Origem do Trigo. 2004. Disponível em
http://www.cnpt.embrapa.br/aunidade/histori.htm. Acesso em 05 de agosto de 2010.
FAEP, Boletim informativo. Número – 929 – Ano XXI. Curitiba PR, 2006.
HABERLER, G. A teoria clássica dos custos comparativos e dos valores
internacionais de Hume e Marshall. São Paulo. Editora Saraiva, 1979.
JONES, R.W. Proporções de fatores e o teorema Heckscher-ohlin. São Paulo. Editora
Saraiva, 1979.
KRUGMAN, P. Obstfeld, M. Economia Internacional: teoria e política. São Paulo. Editora
Pearson Addison Wesley, 2005.
MAIA, F. S. competitividade da produção de trigo no Paraná e na Argentina.
Universidade Federal de Viçosa, 1996.
STULP, V.J. O mercado comum do sul e a agricultura brasileira. Seminário Internacional
de Política Agrícola. Imprensa Universitária da Universidade Federal de Viçosa, 1992.

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