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Subsídios para uma Teoria da Comunicação Digital

Uma análise das teorias da comunicação à luz da nova realidade da comunicação em tempos de Internet

Alessandro Paveloski∗

Índice ranhado de alterações de papéis que até então


não tínhamos presenciado na nossa história
1 Comunicação “plurilateral” 3 da mídia.
2 Manifestações em “três dimensões” 7 E ela fez-se então notada. A rede mun-
2.1 Mundo 1 – Realidade Física e a dial de redes de computadores é sim um fan-
Teoria da Informação . . . . . . 8 tástico avanço das tecnologias de comuni-
2.2 Mundo 2 – Realidade Social e as cação. É um suporte poderoso e diferente,
Teorias da Comunicação . . . . 10 que não só tecnologicamente, mas estrutu-
2.3 Mundo 3 – Realidade Objetiva ralmente, em sua arquitetura informacional,
das Criações Humanas e Ciber- reensinou o homem a usufruir sua capaci-
nética . . . . . . . . . . . . . . 13 dade criativa, científica, exploratória, de ma-
3 Referências Bibliográficas 15 neira mais profunda. Conectou o inconectá-
vel. Promoveu diminuições perceptíveis de
distâncias globais, ao mesmo tempo em que
A Internet já é parte dos sistemas e ins- ajudou a transformar o papel moeda em dígi-
trumentos da comunicação social mediada: tos, entre outros muitos rearranjos que pro-
é um suporte, é uma ponte, é a estrada, é um vocou na nossa sociedade – talvez a princi-
medium. As suas características diferem-se pal foi ter colaborado decisivamente para a
dos meios de comunicação de massa como transformação do computador de uma má-
o jornal ou a tevê, mas ela é um media- quina de cálculo para uma máquina de comu-
dor. Distancia-se também dos meios inter- nicação. Ela acelera nossos mercados, dis-
pessoais por origem, como o telefone. Reúne ponibiliza o local ao global, e traz o global
parte dos outros meios pelas vias da tecnolo- ao local com uma proximidade ímpar. Fez
gia, mas está distante de ser simplesmente o mesmo os mais leigos em física perceberem
meio convergente, onde todos os outros se que o tempo é um fator terreno, ou apenas
encontram. Enquanto suporte, permitiu até um encadeamento de momentos de vida, e
agora estimular a inversão constante, simul- que o espaço, tal qual o conhecemos, é so-
tânea quase, de emissor e receptor, num ema- mente uma das manifestações do que chama-

Mestre em Comunicação Midiática pela FAAC, mos de realidade objetiva.
Unesp-Bauru. Professor do Curso de Jornalismo da Como toda revolução no seio da socie-
Universidade do Sagrado Coração. dade, apresentou-se também como uma lupa
2 Alessandro Paveloski

para ampliar nossas mazelas, dificuldades, a Teoria da Comunicação de Massa buscou


preconceitos, injustiças. Mostrou-nos nos- seus referenciais nos estudos sociais da Es-
sos problemas, inclusive relacionados a ela cola de Frankfurt, nas pesquisas administra-
mesma, Internet, com a exclusão digital. Vi- tivas e funcionalistas dos norte-americanos.
rou elemento proibido para algumas culturas Bebeu na sociologia dos meios de comunica-
e desencadeou também elos temíveis entre ção plantada pelos europeus e se fez viva nas
facções e grupos radicais, extremistas, que análises da construção da notícia também
buscam na rede as suas possibilidades des- nos EUA e nas pesquisas latino-americanas,
trutivas. Fez com que o fluxo do capital osci- que demonstrou uma profundidade de aná-
lasse mais rápido do que o do trabalho, aju- lise de conteúdo e contexto histórico sem
dou a gerar euforias e suas conseqüências. igual. Mas quando falamos dessa nossa pre-
Proporcionou, de alguma maneira, enquanto tensa linha de análise da comunicação digital
meio de comunicação, a ampliação da exclu- via Internet, é preciso juntar outros parâme-
são informacional. Mas não fez nada sozi- tros. A Teoria da Comunicação visa oferecer
nha. Como toda nova etapa na história da referenciais úteis para analisar muito mais os
humanidade, traz seus avanços, mas aflora efeitos do que a forma como a Internet se
também os retrocessos. Assim foi com a es- organizou enquanto suporte de informações
crita, o mesmo com as navegações e todas as através do globo.
outras invenções que alteram o curso da his- Para ir mais além é preciso buscar suportes
tória. em algumas outras áreas do conhecimento,
Assim, propor subsídios que nos dêem um as quais escolhemos, entre tantas, as que se-
mínimo de embasamento para a difícil ta- guem:
refa de analisar mais a fundo as potenciali- a) Teoria da Informação;
dades já usadas (e outras em vias de serem b) Teoria da Comunicação (já citada) e
utilizadas) da rede das redes, tendo como c) Cibernética.
base o fato de a Internet estar indiscutivel- Estas três áreas desenvolvidas por disci-
mente presente em nossas vidas é um desa- plinas e campos do conhecimento até então
fio e tanto. O espaço de amostragem para sutilmente conectados, passam por uma “re-
análise é enorme, perde-se em interconexões conexão” nesta nossa proposta da seguinte
muitas vezes infinitas. Mas apesar das di- forma:
ficuldades, é possível iluminar a chance de Como ponto principal, seguiremos a or-
se construir um agrupamento de pontos de dem proposta (Teoria da Informação, da Co-
reflexão que revele, com um pouco mais de municação e Cibernética) para que, através
clareza, por que os nossos parâmetros, refe- de um outro caminho, a Teoria dos Três
rências de comunicação mudaram e estão em Mundos, de Karl Popper1 , possamos esque-
plena transformação com o advento da Inter- matizar com mais coerência esta contribui-
net. ção a qual chamamos de subsídios para uma
Para isso, é preciso ir a fontes um tanto di- futura configuração de uma linha teórica que
ferentes daquelas sobre as quais se construiu 1
Teoria apresentada na obra “Conhecimento Ob-
o que muitos teóricos chamam de Teoria da jetivo” (1975), disposta em Obras Consultadas.
Comunicação. Essa linha teórica que gerou

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se dedique, com exclusividade e embasa- 1 Comunicação “plurilateral”


mento, a delinear ou ao menos iluminar os
Vamos retomar uma idéia já apresentada an-
caminhos da comunicação baseada nas No-
teriormente: adotamos aqui que a Internet é
vas Tecnologias da Comunicação (as NTCs).
um suporte, ou seja, uma estrada, uma via,
Os mundos propostos por Popper assim
um mediador da comunicação, com a qua-
como o desenvolvimento de três linhas de
lidade de ser “plurilateral”. Mas ela pode,
análise para a compreensão mais ampla da
tranqüilamente ser vista como um meio de
comunicação digital via Internet perfazem
comunicação de massa também, desde que
uma reflexão que consideramos fundamen-
observado com clareza de que a Internet e
tal para compreender as dimensões da rede
todos os seus recursos e “manifestações mi-
das redes. É apenas um caminho entre vá-
diáticas” não configuram propriamente a for-
rios, certamente, mas gostaríamos de frisar
mação de um só meio, único em toda a sua
que estas dimensões nos mostrarão como a
configuração, como o é o rádio e o jornal im-
Internet é abrangente e certamente irá de ma-
presso, por exemplo.
neira indelével nossas manifestações de co-
E aqui vale deixar esclarecido, diante do
municação.
que Rabaça & Barbosa (2002, p. 172)
A razão desta reflexão, além das já expli-
classificam como Meio de Comunicação de
cadas, é a de ampliar a visão do comuni-
Massa, que há um ponto em que a rede das
cólogo e de qualquer cidadão que se preo-
redes deixa de ser um meio de massa e passa
cupa com a comunicação com relação ao que
a configurar-se como um mediador de caráter
a Internet já é enquanto mediador de dife-
ainda não totalmente definido ou delineado.
rentes modalidades comunicativas. As teo-
Para estes autores, a comunicação de
rias escolhidas, além de serem consagradas
massa é geralmente dirigida para um público
e devidamente exploradas em diversos estu-
amplo, para milhões de pessoas simultanea-
dos a respeito da comunicação, nos oferecem
mente através de alguns intermediários que
caminhos mais seguros e mais iluminados.
se estabelecem enquanto grandes empresas,
Por isso, fizemos essa opção. Iniciamos pro-
com capital, investimentos, enfim, baseadas
pondo um paralelo com a comunicação de
na economia e nas regras de um mercado de
massa, reflexão que faremos a seguir. De-
capitais, e estrutura empresarial. Além disso,
pois, vamos percorrer um caminho que nos
sua mensagem, sua informação, que compõe
leva para dentro da física, e da engenharia e
esse processo de comunicação, parte do que
as ciências da comunicação eletrônica. Fina-
eles chamam de uma “fonte organizada”. E
lizando, veremos o que a Cibernética e seus
é exatamente nessa fonte, composta por uma
conceitos podem nos oferecer de subsídios
diversidade de elementos, e organizada en-
para uma compreensão mais ampla do tema,
quanto sistema – conceito que veremos me-
assumindo, tal qual Norbert Wiener definiu,
lhor ao darmos uma breve explanação sobre
que a cibernética é a ciência que estuda todo
Cibernética - que se apóiam os pilares da
o campo de controle e da comunicação, seja
fronteira que delimita o que é e o que não
na máquina, seja no homem.
é um meio de comunicação de massa.
São quatro as características básicas da-

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quilo que chamamos de meios de comunica- Pfromm Neto e Pasquali, por exemplo, (apud
ção de massa, segundo Rabaça & Barbosa: Barbosa & Rabaça, p. 172 e 173), descarac-
a) Sistemas que se organizam enquanto teriza o verdadeiro sentido da comunicação,
empresas. Tais organizações são amplas, que prevê sempre uma interação e uma pos-
complexas, com estruturas hierárquicas in- sibilidade mútua e igualitária de se estabele-
ternas, uma quantidade grande de funcioná- cer um processo de troca de informação.
rios nos mais diversos setores e obrigações Comunicação unilateral: é exatamente
relacionadas às leis que amparam ou regem neste último divisor que está a diferença en-
empresas, não só de mercado, como também tre a comunicação de massa e a comunica-
as que permitem medir o fluxo entre lucro e ção que se estabelece, em suas mais varia-
despesas. das modalidades e dimensões, na Internet.
b) Comunicação mediada por máquinas: Como é próprio deste suporte digital a comu-
este segundo divisor está baseado sobre as nicação promovida pela Internet permite um
técnicas e tecnologias, mais objetivamente alto grau de interatividade entre os elemen-
sobre o segundo ponto, onde hoje está não tos presentes no ato comunicativo, levando-
só o hardware, mas o software e todas as nos a reforçar a idéia de que entramos num
possibilidades eletrônicas e computacionais grau de comunicação em que se configura
que dão suporte ao processo de comunicação o fim do privilegiado emissor, estabelecido,
para a massa. em sua maioria, por empresas de interesses
c) Capacidade de a emissão atingir um de capital e/ou particulares. E mais: por
grande público simultaneamente. Este divi- permitir que através do mesmo suporte que
sor refere-se à audiência: um meio de comu- o suposto receptor pode participar on-line
nicação de massa tem condições técnicas e, das mais diferentes variações e modalida-
inclusive, sociais (via formação de líderes de des de comunicação, colocando, por exem-
opinião, multiplicadores), de atingir simulta- plo, abaixo de uma notícia o seu parecer so-
neamente uma vasta quantidade de pessoas, bre a mesma ou pegando esta mesma no-
nos diversos estratos sociais, em pontos dis- tícia, personalizando-a e enviando aos seus
tantes de um mesmo país, continente ou até amigos virtuais via e-mail, a Internet desen-
países espalhados pelo globo. cadeia, também em tempo real, do verda-
d) A comunicação unilateral é o quarto di- deiro feedback. Este é definido pela ciber-
visor e refere-se à questão da emissão: um nética como um conceito de reação, e mais à
meio de comunicação de massa configura- frente como retroalimentação, ligado intrin-
se, por essência, como um sistema de co- secamente ao retorno pelo mesmo canal (o
municação num só sentido e, apesar de pos- que ocorre na Internet, mas jamais no jornal,
suir recursos que permitam à audiência es- por exemplo, onde as dúvidas do leitor ou
tabelecer canais de retorno e contato (feed- manifestações seguem via carta escrita, tele-
back ou retroalimentação), isso acontece de fonema ou mesmo e-mail).
uma maneira não determinante. É também Ao falar em sistemas, passamos a mergu-
um retorno não igualitário. Isso faz com que lhar em alguns conceitos da Cibernética, sem
o feedback não alcance nunca o retorno to- nos esquecer dos Sistemas propostos pelo
tal, o que para muitos pesquisadores como pensador alemão Jürgen Habermas, que tam-

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bém tem um tipo de sistema aqui explorado2 . tas dimensões a Internet se encaixa me-
Os sistemas e suas regras internas, suas qua- lhor. O segundo ponto encontra-se na ques-
lidades inerentes, suas limitações são disse- tão da produtividade. Ostrowiak, em seu
cadas por esta ciência. Enquanto sistema, re- texto “Productividad de la comunicación en
almente o mundo comunicacional da Internet la era de Internet” (2000) vê na sua proposta
remete-nos a outros mundos e, como tem em de uma Teoria da Comunicação Produtiva a
sua essência a possibilidade de manifestação oportunidade de ir mais a fundo na idéia de
de diversas modalidades de mídia3 , é certo retroalimentação, ou feedback (momento em
que existem mesmo vários níveis da comu- que o receptor torna-se emissor) lançando
nicação fluindo em sua estrutura. uma pergunta: “que existe depois ou mais
Para compreender melhor este raciocí- além da retroalimentação?” Primeiro temos
nio, podemos seguir a mesma linha de pen- que compreender que, dentro do fenômeno
samento e análise proposta por Ostrowiak comunicacional, a retroalimentação é a res-
(2000, p. 146 a 155), que entre várias idéias posta que completa os diversos ciclos do pro-
a respeito de uma Teoria da Comunicação cesso de comunicação (de uma forma resu-
potencializada, chamada de Teoria da Comu- mida, claro) ou, como nos explica o próprio
nicação Produtiva, expõe com clareza uma Ostrowiak:
adaptação pertinente dos conceitos elabora-
dos pelo filósofo inglês Karl Popper (em sua (...) a retroalimentação é, talvez, o ele-
Teorias dos Três Mundos como já citamos), mento central que nos permite distinguir
a qual vamos desenvolvê-la no decorrer do a informação da própria comunicação.
nosso raciocínio – seguindo exatamente no É, assim pensando, o fator que fornece
mesmo foco e na mesma linha explorada identidade ao processo da comunicação.
com coerência por Ostrowiak – porém, de- Junto com o problema da interpretação,
vidamente adaptada às nossas reflexões. é o que define a comunicação como hu-
O ponto de partida é saber quais são as mana. (Ostrowiak, 2000, p. 146).
dimensões da comunicação e em quais des-
Para ir mais além da retroalimentação, o
2
Ressaltamos que em Habermas os sistemas são autor propõe que caminhemos na compreen-
os componentes da esfera pública tal como já explici-
tamos e a Cibernética tem como sistemas “totalidade
são de três níveis da comunicação:
com contornos bem definidos, onde a comunicação a) Geração e transmissão da informação:
entre exterior e interior também se faz por meio de que se refere a um nível denominado linear.
terminais ou portas (...)” e a tarefa da Cibernética é b) Difusão ou distribuição da informação:
“(...) tornar explícitas as leis que governam o com- que recebeu o nome de nível dinâmico.
portamento dos sistemas, sejam eles de natureza elé-
trica, orgânica, geológica, econômica, social e assim c) Uso e aproveitamento da informação:
por diante” (Bennaton, 1984, p. 18). que ganhou o nome de nível produtivo e tem
3
Seguimos a linha de reflexão de Lévy (1999b) como propósito classificar e analisar a infor-
que expõe que as modalidades perceptivas estão liga- mação gerada, transmitida e distribuída sob
das aos sentidos, tendo como manifestações além dos
a luz de um propósito, objetivo ou meta que
recursos visual, auditivo e tátil, a sinestesia – que é a
união de mais de um sentido para a plena compreen- se pretende atingir com aquela determinada
são da informação inserida no processo comunicativo. informação.

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Ostrowiak, além de classificar estes três humanas que, segundo Ostrowiak, “se move
níveis, liga-os à Teoria dos Três Mundos de em quatro domínios: a ciência, a tecnolo-
Popper da seguinte forma. Nesta teoria, Pop- gia, a arte e a cultura”. Tal mundo é com-
per nos mostra que a realidade possui três as- plexo ao extremo, e ao buscar o seu regente,
pectos distintos, porém, coexistentes e mui- a força que o coordena, encontramos uma
tas vezes complementares que ele relacio- polêmica definição teórica de Popper. O filó-
nou como a realidade física (nível linear, se- sofo sustenta que o mundo da realidade obje-
gundo Ostrowiak), realidade social (nível di- tiva das criações humanas é regido pela “Lei
nâmico) e, por fim, talvez o mais complexo das Conseqüências Não Previstas”. Tal con-
conceito do filósofo para efeito deste nosso ceito pode nos ajudar a explicar a até “inex-
estudo, a realidade criativa (nível produtivo), plicável” expansão da rede das redes pelo
que também pode ser chamada de realidade mundo e a diversidade absurda com que seus
objetiva das criações humanas. conteúdos se multiplicaram, não só em ter-
Explicando Popper e relacionando-o com mos de referência de temas dos mais dife-
sua Teoria da Comunicação Produtiva, Os- rentes campos e disciplinas do conhecimento
trowiak revela que as leis da física, da quí- humano, mas em modalidades perceptivas e
mica, da biologia e todas as suas possí- em recursos tecnológicos e comunicacionais.
veis combinações constituem todo o conhe- Tudo em nome de uma maior interatividade
cimento produzido, ajudando a compreender e de uma ruptura com os parâmetros que de-
o primeiro mundo, o da realidade física. Já finem a comunicação linear, analógica, pró-
as ciências sociais ou humanas, e hoje as ci- pria dos meios de comunicação de massa
ências sociais aplicadas, geram todo o co- tradicionais, a citar o rádio, a televisão, os
nhecimento que explica e rege o segundo meios impressos e até mesmo o cinema.
mundo, o da realidade social. Um tanto Mas o que será que nos diz Popper com
mais complexo de se definir ou de demarcar essa Lei que seja tão fundamental para com-
suas fronteiras, este segundo mundo pode ser por os nossos subsídios para a construção de
composto pela consciência, pelo mundo sub- uma teoria da comunicação digital, que con-
jetivo que habita a mente de cada um de nós, temple o estudo da Internet? O subsídio bá-
todas as nossas relações e as trocas e relações sico apóia-se numa fórmula: i 6= e.
existentes entre os mais diferentes grupos so- Da fórmula, vamos retornar ao conceito
ciais. O autor defende a idéia de que o prin- básico desta Lei: ela quer dizer que “a in-
cipal regente deste mundo e que demonstra tenção (i) nunca (6=) é o efeito (e) ”. Os-
suas operações internas é sem dúvida a raci- trowiak (2000, p. 152) detalha que a im-
onalidade, a inteligência. Os meios de comu- plicação imediata das criações humanas não
nicação de massa, em geral, estabelecem um são propriedade de quem as descobre ou in-
vínculo muito forte com esse mundo, princi- venta, mas sim, são propriedades de si mes-
palmente pela sua capacidade de emissão de mas. Ou seja, os nossos “produtos da subje-
informações no interior da sociedade. tividade”, quando expostos ao mundo, sejam
Mas é no terceiro mundo que estamos, ao eles de qualquer domínio demonstrado (ciên-
falarmos de Internet e suas manifestações: cia, tecnologia, arte e cultura), transformam-
o mundo da realidade objetiva das criações se em produtos de uma realidade objetiva,

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passam a ser regidos por leis que a eles mes- 2 Manifestações em “três
mos pertencem, e, desta forma “se governam dimensões”
por princípios que são independentes e autô-
nomos da intenção e da vontade de quem Por ser a essência ou o fenômeno que distri-
lhes deu vida”. bui todo e qualquer saber produzido pela so-
Façamos um exercício de conhecer tal ciedade e seus indivíduos, a comunicação em
princípio aplicando-o sobre a realidade obje- todas as suas dimensões pode ser conside-
tiva que se apresenta nas manifestações mais rada uma meta-ciência. Isso quer dizer que
aparentes da Internet. Desde que foi cri- mesmo diante dos mais complexos parâme-
ada, os objetivos principais da rede das redes tros teóricos da física, de algoritmos muitas
eram o de preservação de dados, descentrali- vezes indecifráveis, de teoremas complexos
zação da informação e quebra de um centro e fórmulas químicas revolucionárias, esta-
armazenador de informações estratégicas em mos diante de dois fenômenos: um, a essên-
pontos distantes, coexistentes e compartilha- cia da própria descoberta e outro, a sua mul-
dos, visando proteger tal “conteúdo” de uma tiplicação, distribuição, e, em princípio, a
possível destruição – fatos ocorridos medi- sua construção enquanto codificação, usando
ante a ameaça histórica da Guerra Fria, isso palavras, números, códigos para que tal des-
na década de 60. coberta possa ser compartilhada. Comuni-
Mas a Internet não enveredou por este ca- cação é tudo isso. As ciências dependem
minho, e como se tivesse vida própria, se- dos instrumentos de comunicação para exis-
guiu à risca a Lei das Conseqüências Não tirem, o que nos faz concluir que comuni-
Previstas. Surpreendeu, ano a ano, todos os cação, então, é realmente fenômeno meta-
sistemas da nossa sociedade, imprimindo um científico. É a ciência catalisadora de ciên-
ritmo se não totalmente novo, ao menos es- cias.
tranho e incontrolável às esferas da política Se a comunicação é esse fenômeno, ela
(local e global), da economia, das relações pode ser considerada uma realidade que ul-
sociais, das “trocas” culturais, entre outras. trapassa o seu próprio mundo, estando pre-
Por reger-se e ser produto da objetividade da sente nas três realidades apresentadas simul-
criação humana, percorreu um caminho que taneamente: ela é realidade física, por estar
muitos poderiam chamar de destino, e outros presente na codificação de todo o conheci-
de fatalidade, e alguns, ainda, de evolução mento que não seja tácito e na percepção que
natural e incontrolável de uma tecnologia. adquirimos das leis naturais em todas as suas
Qualquer que for a busca por uma definição, manifestações e combinações. Ao mesmo
estaremos diante de um fenômeno com va- tempo, ela faz parte das ciências sociais apli-
riáveis incontroláveis. cadas, é o objeto e, ao mesmo tempo, o com-
ponente máximo da nossa consciência, seja
ela individual ou coletiva. A comunicação
permite que tenhamos referenciais que aju-
dam na construção de todo e qualquer co-
nhecimento e funciona como um elemento
de ligação das dinâmicas de relações inter-

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grupais, por exemplo. E, claro, a comunica- tos de cada linha teórica, em especial aqueles
ção também é, essencialmente, um produto que podem ser úteis para a compreensão da
da nossa realidade objetiva e faz parte do rol dimensão do raciocínio que propomos nesta
das criações humanas, através dos caminhos dissertação. Outra análise, que navega pelos
da história da nossa espécie. conceitos, mas enquanto elementos conver-
A relação que se pode fazer então, para gentes e divergentes, têm o objetivo de ex-
iniciarmos a construção desses subsídios que por brevemente os pontos e contrapontos de
nos ajudará a formar um repertório analítico cada “lugar de análise”. Finalmente, na aná-
mais completo (para ter a mente mais pre- lise final vamos comparar conceitos, pontos
parada para avaliar as manifestações da In- divergentes e convergentes numa objetiva e
ternet no decorrer deste trabalho), é de que concisa conclusão do que tais teorias podem
pelos três mundos, ou melhor, pelas três re- contribuir para subsidiar a formação de uma
alidades, podemos unir a idéia de Popper linha analítica que permita compor uma ex-
como parâmetro, linha de pensamento, aos ploração mais segura das vertentes da comu-
três referenciais teóricos que propomos, da nicação digital.
seguinte forma:
a) Mundo 1 – Realidade Física e a Teoria 2.1 Mundo 1 – Realidade Física e
da Informação
b) Mundo 2 – Realidade Social e as Teo- a Teoria da Informação
rias da Comunicação Informação é um dos pilares do momento
c) Mundo 3 – Realidade Objetiva das Cri- histórico em que vivemos. Porém, para
ações Humanas e Cibernética a Teoria da Informação, os conteúdos de
Vamos agora, de uma maneira mais ob- uma mensagem, seja qual for suas caracte-
jetiva e esquematizada, organizar estes três rísticas, idiossincrasias ou composições, não
mundos dentro do objetivo principal nosso: possuem importância no plano analítico. In-
conhecer a Internet em uma dimensão mais formação neste campo do conhecimento é
ampla e profunda. Basicamente, vamos es- única e exclusivamente uma manifestação de
quematizar os três mundos em referenciais dimensões técnicas e até matemáticas, e no
teóricos (principais conceitos) e, conjunta- processo de comunicação, ela existe poten-
mente, faremos uma análise que pretende, à cialmente, mas seu significado está contido,
luz de cada teoria, propor uma visão comple- diretamente, nas partes envolvidas no pro-
mentar do que venha a ser a Internet. O obje- cesso comunicacional. Basicamente é desta
tivo é buscar definições que comprovem, de forma que a Internet e o seu protocolo de
uma maneira empírica, que estamos diante sustentação, o protocolo TCP/IP, trata a In-
de um suporte de comunicação ímpar, que se formação4 . Ela possui um código, uma certa
difere de todos os demais meios de comuni- 4
Como já explicamos, o TCP/IP é o “protocolo
cação já existentes, em especial aqueles que Internet usado para dividir em pequenos pacos as in-
denominamos de meios de comunicação de formações, facilitando a transmissão das mesmas, de
massa: televisão, rádio, jornais e revistas. uma ponta a outra” (2002, p. 707). Isso confirma
Os referenciais teóricos pretendem ser que a base da Internet é tecnológica por essência e
tem como única função garantir que a totalidade da
uma breve explanação dos principais concei-

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ordem. É, se assim podemos considerá-la, A grande contribuição que esta linha teó-
um sistema cujo significado encontra-se no rica deu e que, de uma maneira clara, in-
ponto de emissão e é decodificada, devida- fluenciou no processo de formação de uma
mente organizada enquanto significação, no rede das redes que desembocou no advento
ponto de recepção. Isso tudo com a virtude da Internet, refere-se à velocidade da infor-
de que os pontos se alternam entre emissão e mação. Segundo Umberto Eco (apud WOLF,
recepção, fazendo-o de maneira simultânea, 2002), a Teoria da Informação contou com
uma vez que computadores podem ser con- uma série de estudos dedicados ao desafio
siderados máquinas de processamento e pro- de aumentar e otimizar a velocidade dos flu-
dução de informação de maneira simultânea, xos comunicacionais, diminuir as distorções
sincronizada ou não. e aumentar o rendimento global do processo
Como buscamos aqui elencar os referen- de transmissão de informação. De maneira
ciais teóricos que podem servir para uma complementar, os pesquisadores entendiam
análise das dimensões da Internet, além de também a informação da seguinte maneira:
informação, temos que nos ater também à
(...) propriedade estatística da fonte das
maneira como este campo teórico explora o
mensagens [...], como medida de uma si-
conceito de mensagem. Segundo a Teoria
tuação de eqüiprobabilidade, de distribui-
da Informação, mensagem é uma seqüência,
ção estatística uniforme, que existe na
uma sucessão qualquer de dados codifica-
fonte [...], como valor de eqüiprobabi-
dos passível de transmissão de um emissor
lidade entre muitos elementos combiná-
a um receptor, independente de seu signifi-
veis, valor que é tanto maior quanto mais
cado. Neste ponto, o do significado, está o
escolhas são possíveis. (ECO, 1972, p.
parâmetro que separa este conceito de men-
14-15, apud WOLF, 2002, p.113).
sagem da TI e do abordado, mais à frente, pe-
las pesquisas comunicacionais. Concluindo, Outro conceito que se torna fundamental
tecnicamente pode-se afirmar que a mensa- para subsidiar análises em torno das mani-
gem é a “unidade complexa codificada” que festações e dimensões da Internet é o de có-
transita por um canal, levando informação digo. Para a Teoria da Informação, distante
de um emissor a um receptor. Ela é, assim, dos significados que já foram adotados, o có-
o conteúdo que permite a efetivação de um digo também é um sistema de regras, porém,
processo comunicacional, sendo ela, não só ao invés de oferecer ao sinal a possibilidade
a razão do processo de comunicação no ní- de significação ele convenciona um valor ou
vel técnico-matemático, mas também o seu um atributo de valor.
próprio mediador (o que nos faz, inevitavel- Informação, mensagem e código serão os
mente, relembrar do que McLuhan afirmou três conceitos avaliados, visando compreen-
de que “o meio é a mensagem”). der de maneira mais ampla a Internet.
Estamos no primeiro mundo de Popper, o
informação (e não o sentido) seja recolhido num de-
terminado ponto e entregue em outro, com a garantia e mundo físico. Aqui, as leis ligadas às ques-
segurança de postagem no receptor a que ela foi des- tões muitas vezes indecifráveis, mas inegá-
tinada – sempre no plano definido pela tecnologia e veis da natureza elétrica dos sinais que com-
não pelo conteúdo informacional. põe as telecomunicações são consideradas

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determinantes. Quando analisarmos as ver- pre com a forma mais econômica e rápida de
tentes tecnológica e econômica que existe se transmitir os sinais, hoje tão importantes
no mundo pós-advento da Internet veremos para o sucesso da Internet. Ele busca o si-
como tais Leis do eletromagnetismo e, hoje, nal perfeito, o que gera também a perfeição
da óptica marcaram de vez os destinos da da mensagem, e diminui sensivelmente as
humanidade. Para uma análise e percepção possibilidades de ruído. Foi com esta men-
mais ampla das dimensões da rede das redes, talidade tecno-informacional que a Internet
vamos nos ater a estes três conceitos da Te- ficou encubando em diversas universidades
oria da Informação para nos aprofundarmos norte-americanas e, quando ganhou espaço
neste primeiro mundo, que serve mais como na sociedade, teve logo uma rápida aceita-
um primeiro trecho da estrada para chegar- ção. Por sua essência servir a uma comu-
mos mais perto de um rol de idéias que nos nicação sem ruídos e com uma alta taxa de
permita visualizar melhor a Internet em to- segurança na fidelidade do sinal recebido e
das as suas manifestações. emitido, mercados e a sociedade global logo
A informação, mensagem e código, no a adotaram como uma nova dimensão da co-
mundo das telecomunicações, perfazem três municação sem fronteiras.
subsídios básicos para que a Internet torne- Finalizando esta linha de raciocínio, o pró-
se um suporte comunicacional. A diferença prio Umberto Eco nos alerta: a Teoria da In-
básica é que, ao invés de reproduzir uma formação “pode constituir um método para
linha comunicacional composta por recep- a investigação cada vez mais cuidadosa da
tor e emissor tal como a teoria informaci- forma de expressão sob seu aspecto de sinal
onal prevê, a Internet multiplica de forma físico, mas não pode ter mais do que um va-
quase que infinita as possibilidades de alter- lor de orientação [. . . ] para uma teoria co-
nância emissor/receptor. Isto faz com que, municativa mais abrangente que só pode ser
por exemplo, um mercado financeiro, des- uma semiótica geral” (ECO, 1972, p.26 apud
provido de um emissor definido promova um WOLF, 1992, p. 103). Em outras palavras,
fluxo contínuo de informações que se unem neste mundo físico em que estamos, onde o
em torno de mensagens codificadas com um sinal é a prioridade e não o significado, a
código tecnológico próprio deste mercado, Teoria da Informação cumpre bem seu pa-
que logo se traduz no código básico do pro- pel. Mas quando passarmos a outros aspec-
tocolo adotado pela rede das redes. Tudo tos, como o uso social da comunicação via
isso nos mostra que a Internet é um canal Internet, temos que buscar outros subsídios
híbrido de telecomunicações. É neste ponto que serão revelados ao longo das nossas aná-
que residem as principais limitações do pri- lises.
meiro mundo - o mundo da realidade física
- como instrumento para se compreender as 2.2 Mundo 2 – Realidade Social
dimensões da Internet.
Porém, Eco (2002, op. cit) nos mostra e as Teorias da Comunicação
que o teórico da informação não deve es- As Teorias da Comunicação superaram as
tar preocupado exclusivamente com a rela- ligadas aos paradigmas informacionais não
ção entre o sinal e o significado, mas sem- enquanto essência, mas enquanto vertente e

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suporte para reflexão a respeito das manifes- sistema. O seu equilíbrio e a sua estabilidade
tações de comunicação. Isso quer dizer que provêm das relações funcionais que os indi-
não estamos diante de uma teoria mais só- víduos e os subsistemas ativam no seu con-
lida, e sim, de uma abordagem que segue ca- junto” (WOLF, 2002, op.cit).
minhos diferentes, de uma reflexão que pas- Se estamos diante deste ponto de análise,
seia por outra seara. Enquanto na Teoria os subsídios básicos necessitam ser colhidos
da Informação estamos diante dos referenci- a partir daí. Pontuamos que a Internet é um
ais tecno-comunicacionais, aqui estamos di- componente de um sistema que busca uma
ante dos referenciais sócio-comunicacionais, integração e cumpre, por assim dizer, uma
o que muda completamente o ponto de vista. função de manutenção desse sistema, aju-
Os subsídios para análise, portanto, também dando a reforçar os laços sociais através de
ganham uma nova dimensão. uma linha um tanto libertária de comunica-
As Teorias da Comunicação são, como ção. Ë uma rede das redes que ajuda a man-
nos mostra Martino (2001), um estudo inter- ter estreitos vínculos com valores e princí-
disciplinar, que forma um conjunto de outras pios construídos pela própria sociedade que
teorias vindas da Sociologia, da Antropolo- a subsidia. Tais valores e princípios exter-
gia, da Filosofia e demais conceitos extraí- nados principalmente na parte hipertextual e
dos de outras áreas das ciências humanas e gráfica da Internet, a chamada World Wide
sociais. Assim, nos deparamos com diver- Web (www), realmente refletem nossa ima-
sas escolhas. A nossa foi feita com base gem social. Ali, podemos encontrar nossos
em Mauro Wolf (2002), que consegue reunir desejos de consumo, nossas vontades de pro-
quase todas essas teorias num único traba- vocar mudanças e nossos desvios também,
lho. Entre as diversas linhas teóricas apre- como a pornografia disseminada, o humor
sentadas, vamos seguir, para uma breve e sarcástico e nossos desejos de destruição.
concisa análise da Internet, a teoria socioló- Para levar a uma reflexão mais profunda
gica do estrutural-funcionalismo, uma linha dessa lógica do espelho, que a Internet expõe
de pesquisa norte-americana que inaugurou diante dos nossos cliques de maneira mais
uma etapa diferente das pesquisas em comu- transparente que os demais meios de comu-
nicação ao propor que sociedade e mídia es- nicação, podemos seguir quatro caminhos de
tavam interligadas de tal forma que uma aná- análise derivados dessa lógica principal. Es-
lise isolada de um dos dois sistemas, poderia tes quatro caminhos levam-nos a refletir que
levar a conclusões infundadas. a função da Internet, suporte comunicacio-
Segundo Wolf, “... a teoria sociológica do nal, também possui poderes dentro da socie-
estrutural-funcionalismo salienta a ação so- dade, e com os seguintes objetivos:
cial (e não o comportamento) na sua ade- a) Manutenção do modelo e o controle
são aos modelos de valores interiorizados e das tensões: “cada sistema social possui
institucionalizados” (2002, p. 55). O autor mecanismos de socialização que ativam o
também explica que o nosso sistema social é processo através do qual os modelos cul-
visto por essa linha teórica como “um orga- turais vem a ser interiorizados na perso-
nismo cujas diferentes partes desempenham nalidade dos indivíduos”, revela-nos Wolf
funções de integração e de manutenção do (2002, p.55). Não se pode afirmar com pre-

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cisão que a Internet esteja hoje cumprindo gênese a função de preservação de informa-
o papel de controladora de tensões. Traba- ções de maneira descentralizada. Se a Inter-
lhando na manutenção de um novo modelo net possui um DNA social, ele está direta-
comunicacional que veremos em nossas aná- mente ligado aos Sistemas Estatais, em es-
lises, a Internet vem cumprir aquilo que para pecial ao Militar e ao Acadêmico.
a sociedade pós-moderna vem a ser de fun- c) Direcionamento do sistema na per-
damental importância: a diversidade de jo- seguição de um objetivo conjunto: Wolf
gos de linguagem onde cada um pode recor- (2002) nos explica que cada sistema social
rer a um código, a uma convenção distinta, tem vários objetivos a alcançar, susceptíveis
visando que o modelo determinado, seja ele de serem realizados mediante esforços de ca-
um clube de interesses, um grupo de univer- ráter cooperativo. Certamente que a Internet
sitários, uma rede distinta de colecionado- pode, por assim dizer, ser considerada uma
res interconectados, uma lista de e-mails for- estrada multidirecional dos também multi-
mando um grupo em torno de determinado sistemas que compõem a rede intrincada da
tema, sejam mantidos, reforçados e seus la- nossa sociedade global. Objetivos em co-
ços tornem-se mais fortes, conforme nos ex- mum, assim, são perseguidos com o auxílio
plica Harvey (2001). de toda a amplitude tecno-informacional que
b) Adaptação de um sistema social ao am- a rede oferece – citando apenas um dos as-
biente social: Se estamos diante de um am- pectos.
biente social diferente, interconectado, uni- d) Integração do sistema ou de um sistema
versalizante, os sistemas sociais que se uti- com o outro, promovendo um dos pilares da
lizam da Internet para manutenção de seus Globalização: a comunicação em fluxo. Isso
elos, precisam adaptar-se a essa nova re- quer dizer que as partes que compõem o sis-
alidade midiática que se expandiu. Hoje, tema devem estar interligadas. Prates (1998)
as interconexões que ficam claras na Inter- nos explica das necessidades da fidelidade
net estão presentes não só na rede mundial, entre os elementos do sistema para que seu
como em toda a sociedade global, que pos- conjunto seja preservado. Certamente, a in-
sui acesso, logicamente, aos mercados mun- terligação de computadores através da In-
diais, entre outras novidades do mundo glo- ternet pode ser considerada como uma rede
balizado. Para seguir tal parâmetro na cons- integradora do sistema que acaba por com-
trução de uma análise pertinente deste âm- por a sociedade global. Vista do prisma dos
bito da comunicação social, é preciso que o grupos minoritários, a Internet também con-
inverso também seja levado em conta. segue se configurar enquanto fator de inte-
O ambiente social global também é um gração, pois sua característica de meio de
fruto de adaptações a alguns sistemas, prin- comunicação multidirecional, plural, incon-
cipalmente os predominantes, ou melhor, os trolável até, manifesta-se como um antídoto
dominantes. Organizacionalmente falando, contra as características desagregadoras, tí-
a rede das redes leva-nos ao seu princípio: picas dos meios de comunicação de massa
uma rede para defender interesses estratégi- quando estes, em especial, são usados para
cos da maior potência mundial, os Estados fins de manipulação dos estados e de empre-
Unidos da América, e que possuía em sua

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sas privadas, visando a defesa de interesses essa lógica de organização na própria Natu-
próprios. reza (céus, raios, luzes...), e levou a mesma
Claro que não podemos, com esta análise, lógica para os sistemas da sociedade. Nesta
incorrer na ingenuidade de achar que as mi- viagem conceitual, mostrou-nos que somos
norias da sociedade global possuem força, capazes de criar a organização até mesmo em
poder e condições tecno-econômicas para se seres inanimados e dependentes do nosso in-
integrar às possibilidades da Rede. A Inter- telecto. Uma definição mais completa nos
net ainda está distante de ser um instrumento expõe Gordon Pask:
de nivelamento dos estratos sociais e de de-
mocratização perfeita dos fluxos informaci- A cibernética é uma ciência nova que,
onais, como nos revela Cebrián: como a matemática, aplica, corta trans-
versalmente os entrincheirados departa-
Mesmo assumindo possíveis vantagens mentos da ciência natural: o céu, a terra,
na prática democrática pela Internet, te- os animais e as plantas. Seu caráter in-
remos de reconhecer que se corre o risco terdisciplinar emerge quando considera a
de estabelecer uma nova exclusão entre economia não como um economista, a bi-
os cidadãos, de signo parecido ao ateni- ologia não como um biólogo, e as má-
ense: aqueles que não estiverem conecta- quinas não como um engenheiro. Em
dos à rede e os que têm menos habilida- cada caso, seu tema permanece o mesmo,
des para exercitar-se ver-se-ão discrimi- isto é, como os sistemas se regulam, se
nados em sua participação e expulsos do reproduzem, evoluem e aprendem. Seu
conclave dos iniciados. Isso é válido para ponto alto é de como os sistemas se or-
coletivos locais ou nacionais tanto quanto ganizam. (PASK, 1961, p.11 apud EPS-
para a totalidade do território sobre o qual TEIN, 1973, p.9).
o sistema pretende reinar. (CÉBRIAN,
1999, p. 78). A partir dessa definição fica mais claro o
caminho percorrer. Se estamos diante de um
2.3 Mundo 3 – Realidade sistema ao olharmos e analisarmos a Inter-
net, e mesmo ao propormos alguns subsídios
Objetiva das Criações que nos permitam conhecê-la em dimensões
Humanas e Cibernética até novas, a Cibernética pode realmente ser
Colocar a Cibernética no mesmo plano da re- um ponto de sustentação dessa busca. E po-
alidade objetiva das criações humanas foi um demos iniciar esta abordagem a partir do pró-
desafio que levamos para este trabalho com prio criador da Cibernética, Wiener, na me-
o intuito de mostrar que, mesmo diante das dida em que coloca num mesma patamar ou
incontroláveis manifestações do nosso espí- classe os conceitos de comunicação e con-
rito, há algo a sistematizar. Esse foi o desafio trole. Segundo Wiener, “quando me comu-
que Norbert Wiener teve ao elaborar uma te- nico com outra pessoa, transmito-lhe uma
oria que buscasse compreender a lógica ou mensagem, e quando ela, por sua vez, se
mesmo as regras que regiam a organização comunica comigo, replica com uma mensa-
dos mais diferentes sistemas. Wiener buscou gem conexa, que contém informação que lhe

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é originariamente acessível, e não a mim” de desorganização, a segunda lei da Termo-


(Wiener, 1978, p. 16). Com base nisso, te- dinâmica, que traduzida para o universo co-
mos que comunicação tem em sua essência municacional por Wiener, pode ser conside-
um imperativo: mesmo quando não busca- rada uma medida de desorganização. A in-
mos persuadir alguém (fugindo do estigma formação é exatamente o contrário: quando
que destrói a ação comunicativa), ao emitir- transmitida por um conjunto de mensagens,
mos determinada mensagem, seja ela oral- torna-se a medida da organização.
mente ou via Internet, estamos enviando ao Para efeito de uma análise mais profunda
mesmo tempo um comando, que deseja pelo do mundo da realidade objetiva das cria-
menos uma resposta do interlocutor, seja ele ções humanas, recordamos mais um conceito
um ser humano, uma máquina, um grupo, ou que relaciona-se à informação: “informação
um anônimo, pendurado em uma conexão da é o termo que designa o conteúdo daquilo
rede das redes em alguma parte do mundo. que permutamos com o mundo exterior ao
Esta reflexão nos leva a outra: “a socie- ajustar-nos a ele, o que faz com que nosso
dade só pode ser compreendida através de ajustamento seja nele percebido” (Wiener,
um estudo das mensagens e das facilida- 1978, p. 17). Assim, quando vamos em dire-
des de comunicação que disponha” (Wiener, ção às análises da Cibernética, saltamos além
op.cit). O próprio Wiener, prevendo a pre- do conceito social de comunicação, indo ao
sença cada vez mais constante da tecnolo- pós-social, às leis, regras e as não-regra, ou
gia e das máquinas no âmbito da comunica- anti-regras que regem o nosso universo so-
ção humana, continua sua conceituação, di- cial e comunicacional. A Cibernética de ma-
zendo que “no futuro desenvolvimento des- neira mais profunda demonstra-nos que a co-
sas mensagens e facilidades de comunica- municação prevê controle, e é uma atividade
ção, as mensagens entre o homem e as má- que busca diminuir o nível de desorganiza-
quinas, entre as maquinas e o homem, e entre ção. Porém, quanto mais provável seja a
a máquina e a máquina estão destinadas a de- mensagem, menor é a quantidade de infor-
sempenhar papel cada vez mais importante” mação, pois informação relaciona-se à ori-
(Wiener, op.cit.). ginalidade máxima, o que quer dizer que a
O núcleo da nossa análise, aqui, está no informação maior é a que possui a mais ab-
conceito de mensagem, que pode ser consi- soluta imprevisibilidade.
derada a própria organização da informação A partir destes conceitos, podemos pene-
ou mesmo a desorganização da informação, trar neste mundo objetivo das criações hu-
na medida em que as mensagens compõem- manas e percebê-lo como mundo social e
se em formas de configuração ou de organi- mundo comunicacional. As ferramentas bá-
zação – variando em termos e dimensões de sicas estão em nossas mãos: informação,
acordo com sua probabilidade e clareza. E mensagem, entropia. Agora, temos que con-
complementando e esclarecendo esta idéia, a siderar: a Internet é um meio totalmente en-
Cibernética quando fala de organização leva trópico, mas que possui um suporte único
em consideração, ao mesmo tempo, a desor- que o faz existir, o protocolo TCP/IP. Se esse
ganização, bebendo nesses conceitos a partir protocolo é uma medida de entropia nega-
da idéia de entropia. Entropia é a medida tiva, as possibilidades que ele gera, tal qual

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Subsídios para uma Teoria da Comunicação Digital 15

os números na matemática, são infinitas. O conceitos. Sim, conceitos, pois fazer uma
que temos que perguntar a nós mesmos é análise deste suporte comunicacional usando
qual caminho queremos seguir. três referenciais distintos, porém, comple-
A Internet é entrópica em vida, em uso, mentares, com são as Teorias da Comunica-
e antientrópica ou neguentrópica em sua es- ção, da Informação e a Cibernética, torna-se
sência. Estamos diante de um meio de comu- uma aventura até mesmo arriscada. É certo
nicação alavancador de possibilidades tam- que a compreensão de alguns desses con-
bém infinitas de regulação e autoregulação. ceitos aqui lançados não é fácil, nem tam-
O que significa que a rede das redes é um sis- bém é um caminho sem obstáculos a cons-
tema um tanto complexo necessitando convi- trução do pensamento não linear que três
ver com sua parte entrópica e com sua parte áreas distintas do conhecimento humano es-
antientrópica simultaneamente. timulam. Como estamos habituados à não-
Sendo um elemento de organização e ao linearidade do suporte digital da Internet, o
mesmo um caos tecnológico como muitos objetivo principal desta proposta de subsi-
gostam de alardear, a rede mundial das re- diar um caminho à Teoria da Comunicação
des de computadores possui o mérito de ter Digital se cumpre na medida em que os frag-
sido formado por movimentos espontâneos, mentos apresentados vão se fundindo numa
por interconexões muitas vezes livres, muito única linha de raciocínio.
diferente da formação da televisão que, só Os pontos principais desta etapa de obser-
como exemplo, possui uma divisão clara en- vação foram cumpridos na medida em que
tre empresas, configurando-se como elemen- apresentamos:
tos de uma indústria cultural que se estrutura a) A Internet vista pelos prismas das três
sobre as bases industriais da segunda etapa linhas teóricas apresentadas logo no início
da revolução industrial. Isso quer dizer que a do capítulo.
Internet contém empresas, mas não permite b) A rede mundial de computadores como
que elas sejam as únicas centralizadoras de uma manifestação do conhecimento humano
todo o poder comunicativo. É entrópica ao em todas as suas dimensões, o que nos leva a
se organizar em forma de uma rede onde má- refletir que a Internet é realmente um fenô-
quinas das mais varias plataformas e arquite- meno de comunicação novo, que se difere
turas se comunicam. E é neguentrópica ou em uso e em essência dos seus antecessores
antientrópica ao permitir que todos nós use- mais famosos da comunicação eletrônica: o
mos o seu espaço fluido e virtual para mani- rádio e a televisão.
festarmos nossos produtos de subjetividade, c) Por fim, a Internet como um fenômeno
criação e percepção do mundo, sem pedir também de regulação e autoregulação, de
nada em troca. uma comunicação entrópica e antientrópica
Assim, podemos concluir que as dimen- ao mesmo tempo, fato este que mexe com as
sões realmente incalculáveis da rede mun- estruturas básicas do conceito cibernético de
dial das redes de computadores permite-nos informação que tem em sua base a própria
as mais diferentes reflexões. Colocamos aqui organização dos dados.
apenas uma parte ínfima do que a Internet
pode estimular em termos de análise e de

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cias Bibliográficas citamos somente as obras que são
realmente dispostas no corpo do texto desta disser- tico. Madrid: Taurus, 2002.
tação. Em Obras Consultadas foi criada para citar
obras e demais referências que serviram como objeto
de pesquisa, contribuíram para o desenvolvimento das
reflexões e conclusões desta dissertação, porém não
aparecem no corpo do texto na forma de referência
extraída em parte ou por completo das obras origi-
nais. O mesmo ocorre com documentos eletrônicos,
endereços da World Wide Web, bem como outras fon-
tes. De acordo com a versão on-line das normas téc-
nicas de publicação da Universidade Federal de Santa
Catarina, por exemplo, seguindo a norma técnica da
ABNT já citada, referência é a representação dos do-
cumentos efetivamente citados no trabalho. A regra
definida pela referida norma técnica para documentos
consultados é a de se fazer uma lista adicional, con-
forme utilizamos.

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