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TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

O Cine São José como espaço de lazer, diversão e


sociabilidade

José Emerson Tavares de MACEDO1

Campina Grande, Ano II – Vol.1 - Número 02 – Março de 2011

1 Mestrando em História pelo PPGH/UFCG – Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de


Campina Grande. Graduado em Licenciatura em História pela UEPB – Universidade Estadual da Paraíba.
E-mail: emersoncampina@hotmail.com
TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

O CINE SÃO JOSÉ: COMO ESPAÇO DE LAZER, DIVERSÃO E


SOCIABILIDADE

RESUMO

O presente artigo tem como pretensão fazer uma discussão sobre o Cine São José, sabendo da
importância que esse monumento traz não apenas para o bairro, mas também para cidade de
Campina Grande. Faremos um resgate histórico da sua história aos problemas que por hoje o
antigo cinema passa como: pichações, ataques de vandalismo, destruição ocasionada pela ação
do tempo sem que o mesmo seja restaurado. Discutiremos as ações tomadas pelo poder público
bem como as ações daqueles que tentam preservar o espaço do antigo Cine São José.

PALAVRAS CHAVE: Cidade, Cine São José, Patrimônio.

ABSTRACT

This article intends to make a discussion about Cine São José, knowing the importance that this
monument brings not only for the neighborhood, but also for the city of Campina Grande. We will
make a historical review of its history to the problems of today is the old cinema as graffiti,
vandalism attacks, destruction caused by the action of time without it to be restored. We will
discuss actions taken by the public as well as the actions of those who try to preserve the site of
the former Cine São José

KEYWORDS: City, Cine São José, Patrimony.

Campina Grande, Ano II – Vol.1 - Número 02 – Março de 2011


TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

O CINE SÃO JOSÉ

Figura 1 - Fotografias do antigo Cine São José, quando estava em atividade.

O Cinema chegou em Campina Grande 14 anos depois dos irmãos Auguste Marie Louis
Nicholas Lumière e Louis Jean Lumière terem inventado o cinematógrafo, sendo frequentemente
referidos como os pais do cinema. Após se espalhar por várias cidades do Brasil. O cinema
chega a Campina Grande no ano de 1909 com o nome de Cine Brazil, funcionava no antigo
prédio da instrução no bairro das Boninas. Em 1910, surgiu o Cine Popular do Sr. José Gomes
que ficava na Rua Maciel Pinheiro, local onde era realizada a feira da cidade.
Na primeira fase dos cinemas da cidade Campina Grande veio: Cine Apollo de 1912 e
Cine Fox de 1918. Mas a era de ouro do cinema campinense deu-se na transformação do
cinema mudo para o falado. Foi o Olavo Wanderley que em 20 de novembro de 1934 inaugura a
maior sala de exibição cinematográfica campinense, Capitólio, com capacidade para 1.000
lugares na Praça Clementino Procópio. Cinco anos depois, em 1939, foi inaugurado o principal Campina Grande, Ano II – Vol.1 - Número 02 – Março de 2011
concorrente do Capitólio, embora ambos sejam do mesmo proprietário. O cinema Babilônia foi
construido com cerca de 1.000 lugares, funcionou durante mais de 60 anos e foi último a fechar
dos cinemas da cidade, funcionava no prédio onde hoje é um Shopping Center, na rua Irineu
Joffily.
Em seguida, vieram os cinemas de bairro, o Avenida que funcionou onde hoje existe
uma Igreja evangélica, na Rua Getúlio Vargas no centro da cidade; o Cine São José, na rua Lino
Gomes no bairro do mesmo nome; o Real do Bairro da Prata; o Cine Liberdade ou Imperial
localizado no bairro da Liberdade e o Cine Arte de José Pinheiro, mais conhecido como “Cine
Pulga”. O último cinema construído na cidade, na década de 70, foi o Cinema 1, que funcionou
no Centro Cultural.
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Entre esses cinemas de bairros que apresentamos, daremos destaque a um, o Cine São
José. Em termos de desenvolvimento urbano, no inicio do século XX, podemos destacar a bairro
do São José, este foi um dos primeiros bairros da cidade onde passou a ser habitado, surgindo
às primeiras residências da então cidade de Campina Grande. Para Sousa (2006, p.180)
“Excetuando o sítio inicial e sua parte central, o “bairro” de São José era a área habitada mais
antiga da cidade2”.
A importância deste bairro foi a de ter se organizado ao lado do centro, que era
separado pelo Açude Novo3. Neste período, Campina Grande ainda vivia o final do ciclo do
algodão e alimentava o desejo de ser uma cidade grande e moderna. Por se localizar em uma
área central, logo passou a ter sinais de grandeza e de modernização, quando em 1945 passou
a ter o seu próprio cinema.
O Cine São José foi inaugurado no dia 10 de novembro de 1945 4 com a exibição do
filme “Sempre no Meu Coração”. O exemplo de muitas casas de exibição do gênero era também
palco para apresentações de espetáculos cênicos e musicais. Nomes importantes da cultura
brasileira por lá passaram, como Luiz Gonzaga e o ator Rodolfo Mayer.
O Cine São José não ficou incumbido apenas nas apresentações de filmes, muito
comum na época os cinemas “dividirem” o seu espaço com as peças teatrais. A história do teatro
em Campina Grande tem início em 1925, quando foi fundado o “Cine Teatro Apolo”, o que
acarretou no surgimento do primeiro grupo teatral campinense, "O Corpo Cênico do Grêmio
Renascença". Os espetáculos montados na cidade ou vindos de fora, eram apresentados nos
palcos dos cinemas: Apolo, Babilônia, Capitólio e Cine São José. Segundo Fontes (2008, p.10),
afirma que:
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Entre os novos empreendimentos feitos na cidade entre as três primeiras décadas,
citamos também o advento do cinema e do teatro, negócios que se proliferam
naquele momento histórico em todas as localidades. Em Campina Grande surge com
uma estrutura específica a partir de um duplo interesse, unindo a tela e o palco. Os
anseios por essas atividades na cidade começam a se concretizar, quando alguns
empresários se reúnem para o projeto de construção de um cine-teatro em Campina
Grande. O primeiro da cidade, localizado na atual Rua Maciel Pinheiro, surgiu em um
amplo salão com fundos para a Rua Barão do Abiaí, sendo inaugurado em 26 de
maio de 1912, era o Cine-Theatro Apolo5, fruto dos anseios comuns do empresariado
local e da elite que pretendia estabelecer na cidade um lugar onde fossem postas em
prática as atividades artísticas, recreativas, econômicas, políticas e por que não
modernas.

2 Segundo CÂMARA, Epaminondas, 1947:71, ainda do final do século XIX se constituíram as primeiras habitações e
“ruazinhas” que deram origem ao bairro tempos depois.
3 Foi construído no ano de 1830 com o objetivo de abastecer a população de água por conta da seca na época,

sendo o segundo açude da cidade (o primeiro foi o Açude Velho e o terceiro foi o Açude de Bodocongó).
4 CÂMARA, Epaminondas. Datas Campinenses. Campina Grande: Ed. Caravela, 1988, p.152.
5 C.f CÂMARA, Epaminondas. Datas Campinenses. Campina Grande: Editora Caravela, 1988, p.84.
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O Cine São José, também foi Cine Teatro São José, recebeu caravanas de artistas de todo o
Brasil, inclusive o ator Rodolfo Mayer, apresentando o espetáculo “As Mãos de Eurídice.” Nessa próxima
imagem visualizamos um cartaz apresentando o espetáculo do dia.

Figura 2 - Cartaz que prenunciava a programação do dia

O Cine São José foi construído para funcionar como cinema popular, este foi um dos
primeiros cinemas de bairro de Campina Grande, sendo localizado no bairro São José logo o
cinema recebeu esse nome, o cinema exibia por um preço mais barato os mesmos filmes do
Capitólio, já que se tratava da mesma empresa do Cine Capitólio, o proprietário Olavo
Wanderley. As instalações do Cine São José eram mais precárias, mas, de qualquer forma
ofereciam oportunidades para quem não podia pagar ingresso mais caro no Capitólio. Segundo
Souza, (2002, p.283)

Enquanto o Capitólio e o Babilônia eram mais freqüentados pelas elites, os cines


Avenida e São José, também nas proximidades do centro, recebiam os pobres,
trabalhadores, vadios, desocupados e estudantes viciados em cinema, que Campina Grande, Ano II – Vol.1 - Número 02 – Março de 2011
compareciam às suas salas quase todos os dias.

Os cinemas também era um espaço que acontecia a separação de classe social. Os que
se localizava no centro da cidade, mas precisamente o Capitólio e Babilônia foram construídos
enormes e sua elegância era cobrada nos preços dos ingressos, o que acabava afastando a
camada popular desses cinemas “sofisticados”. Outro cinema elitizado era Cine-Teatro Apolo,
mas que ao longo da sua história em 1935 mudou seu nome para “Cine Para Todos” tentando
atrair a camada popular para que não acarretasse em sua falência.
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Figura 3 - Visão externa do Cine São José

Do outro lado da sociedade temos a camada popular. Esses na “periferia” da cidade


tinham como uma das possibilidades de lazer e diversão os chamados cinemas de bairro. Com
preços mais acessíveis custando quase sempre à metade do preço cobrado dos grandes
cinemas: Babilônia e Capitólio.
Ronaldo Dinoá em sua obra Memórias de Campina Grande, questiona o ex-dirigente do
Capitólio Lívio Wanderley sobre a divergência de classes dentro do Capitólio. Dinoá faz a
seguinte pergunta:

RD - O Cinema Capitólio tinha como seus freqüentadores aqueles mais afortunados,


ou seja, a classe elitizada da cidade. Como você explica isso?
LW - Em toda cidade existe o cinema classe A e o classe B. No caso do Capitólio, na
época, o mesmo era considerado classe A, justamente por ter seu ingresso mais
caro do que os cines Avenida e São José, devido ao melhor conforto que oferecia a
seus frequentadores. (DINOÁ, 1993, p.461)

Então podemos observar no depoimento do Sr. Lívio Wanderley, a separação que


acontecia entre os frequentadores de cinema da sociedade campinense. A elite da sociedade é Campina Grande, Ano II – Vol.1 - Número 02 – Março de 2011

caracterizada pelo ex-dirigente do Capitólio como os de classe A e a camada inferior,


frequentadores dos cinemas de bairro, são classificados por ele como os de classe B.
Observando ainda a fala do Sr. Lívio, pode-se compreender o motivo da divergência de preço de
um cinema para outro. O consumidor do cinema não pagava só o espetáculo, mas também
pagava o “luxo”.
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Figura 4 - Visão interna do Cine São José – 1952

Observamos na imagem acima, a visão interna do Cine São José no ano de 1952, com
destaque para o bom número de pessoas presente neste espaço.
O melhor do Cine São José eram as matinês dos domingos, com aqueles filmes
romanos repetidos exaustivamente como: „O Pirata Sangrento‟, filmes que não tinham espaço no
Capitólio, por esse ser um cinema mais “elitizado”. Assim, as pessoas de menor poder aquisitivo
encontrava no Cine São José uma forma de assistir o mesmo filme do cinema mais sofisticado
da cidade, o Capitólio. Para Souza (2002, p.283-284):

Os outros cinemas, como Cine Avenida, na rua Getúlio Vargas; o Cine São José, no
bairro de mesmo nome; o Cine Liberdade (ou Imperial, na década de 50), também
no bairro de igual denominação; o Cine Arte, em José Pinheiro, mais conhecido
como “Cine Pulga” e o Cine Vitória, além de outras salas de projeção espalhadas
pela cidade, em instituições religiosas ou de cunho cultural, tentavam trazer para
seus espectadores um pouco da arte cinematográfica. Estes cinemas de bairro eram
uma espécie de escola para as pessoas adquirirem o habito de ir ao cinema,
ajudavam os mais pobres a travar contato com filmes e artistas que poderiam
educar-lhes para as artes da convivência em sociedade. Todavia, o cinema como
educador poderia também tornar as pessoas simples mais exigentes, levando-as a
exigir dos administradores e políticos locais um desenvolvimento mais igualitário Campina Grande, Ano II – Vol.1 - Número 02 – Março de 2011
como o proposto em alguns filmes americanos, italianos e mesmo franceses.

O Cine São José teve seu auge nos anos 50, passando filmes estrangeiros como os filmes
holiudianos, alguns filmes mexicanos e as chanchadas6 brasileiras. Mas, os cinemas de bairro
acabaram fechando ou perderam o seu público por uma imposição das distribuidoras que, a partir dos
anos 60, passaram a exigir igualdade no preço dos ingressos: fosse o mesmo que era cobrado pelos
cinemas de primeira categoria, fazendo com que diminuísse o público desses cinemas.
Até os anos setenta, o São José sobreviveu sem grandes problemas, cumprindo o seu
papel como espaço de cultura e lazer, até sucumbir diante da concorrência da televisão, do

6 É o espetáculo ou filme em que predomina um humor ingênuo, burlesco, de caráter popular. As chanchadas foram
comuns no Brasil entre as décadas de 1930 e 1960.
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vídeo, da crise econômica. A exibição que predominava neste momento era os filmes brasileiros
as chamadas Pornochanchada7 brasileiras e os filmes humorísticos a exemplo do filme: os
trapalhões. O prenúncio desses tempos adversos coincide com o início dos anos oitenta, essa
década era de exibição de filmes de lutas. Quando em abril de 1983, um velho filme japonês de
kung-fu anunciava a sua última sessão.

Figura 5 - Visão interna do Cine São José

A imagem acima retrata a evasão do público no Cine São José na década de 80,
embora não possamos afirmar que esta fotografia foi da década de 80 por não conseguirmos a
tal informação.
O Jornal da Paraíba, já enunciava o possível fechamento do Cine São José, em uma de
suas matérias do dia, destacamos a que se reporta sobre o cine, dizendo: “Mais um cinema
poderá fechar”:
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<<As dificuldades de atrair espectadores para o Cine São José, de Campina Grande,
foram as razões que motivaram o seu fechamento. Há mais de um ano que alí
tinhamos prejuízos. Assim decidimos fechá-lo no dia 03 de abril próximo>>. Com
essas palavras, o Sr Lívio Wanderley, gerente do Cine Capitólio, justificou o
encerramento das atividades do Cine São José, localizado no bairro do mesmo
nome, e anunciou igual destino para o cinema da Avenida, caso as bilheterias‟ não
melhorem. Ele disse que ainda tinha esperança que os outros cinemas, ou seja, Cine
Babilônia e o Capitólio, não sigam o mesmo destino. <<Esses cinemas também não
têm correspondido à espectativa, e a frequência tem deixado muito a desejar. Se não
houver uma reação por parte do público, não sei o que poderá acontecer>>. A
Televisão, que a essas alturas poderia ser considerada o motivo principal desse
acontecimento não foi cogitada pelo Sr Lívio como o obstáculo principal, embora não
tenha negado sua influência, mais disse ele, que, isso não pode ser levado tão a

7 É um gênero do cinema brasileiro comum na década de 70. Surgiu em São Paulo, e contou com uma produção
bem numerosa e comercial. Chamado assim por trazer alguns elementos dos filmes do gênero conhecido como
chanchada e pela dose alta de erotismo que, em uma época de censura no Brasil, fazia com que fosse comparado
ao gênero pornô, embora não houvesse, de fato, cenas de sexo explícito nos filmes.
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sério <porque em todas as cidades do porte de Campina Grande, não está


acontecendo esse tipo de coisa. Há portanto, oma deficiência da própria cidade>.
Lívio Wanderley disse que já baixou o prêço das matinês, fazendo muita publicidade
e a programação aqui exibida é a mesma em todo o Brasil, tendo inclusive,
lançamentos simultâneos> - e continuou – é lamentável que isso ocorra, quando
temos qualidade técnica, excelentes projeções, material da melhor qualidade,
programação e conforto. Só espero que os centrais não tenha o mesmo destino que
está tendo o Cine São José, de uma vez que isso só contribui para desabonar a
cidade>. Os exibidores de cinema estão vivendo um verdadeiro drama os filmes
pornôs de certa forma afasta o considerado público classe <a>. Quando são exibidas
películas a nível de <Desaparecido> de Costa Gravas, a frequência é mínima,
apesar de grandiosidade do espetáculo. A nível nacional, já é coisa freqüente, o
fechamento de um cinema de bairro. (JORNAL DA PARAÍBA, 01.Abr. 1983)

No fim da década de setenta o público já não era o mesmo, em 1983 o cinema fecha as
portas e desde então está entregue ao “relento”. Nesse espaço que está fechado já serviu de
moradia para uma família pobre, onde foi transferida para um abrigo quando foi feito uma
restauração no prédio, também o local já foi alvo de igreja evangélica, no qual se falava que o
local seria deles. E atualmente tem servido de abrigo para parada de ônibus, ponto de
pichação e de mural para propagandas.

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Figura 6 - O projetista, desligando pela ultima vez
os projetores do Cine São José

A imagem acima é a de um projetista desligando a maquina responsável pelas


exibições dos filmes no Cine São José, lançamos a hipótese de que a pessoa na imagem é do
funcionário, responsável pelas exibições dos filmes do Cine São José, o projetista: José
Martiníano dos Santos, funcionário da empresa de Cinemas Luciano Wanderley.
Destacamos ainda, outra matéria do Jornal da Paraíba, intitulada: Filme de Karate marca
hoje o fim do Cine São José. Abordando sobre o fechamento do Cinema.

O fechamento do Cine São José ocorre em função do declínio crescente de sua


bilheteria. O funcionamento não estava, siquer cobrindo os custos com o pessoal.
Assim, o próprio alugel das fitas, por mais baratas que fossem, constituía
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sempre um prejuízo. Por outro lado, o estabelecimento de uma concorrência entre as


casas exíbidoras do mesmo círcuito não deixava alternativas para a sobrevivência do
Cine São José – as fitas alí exíbidas estavam sempre na lista dos títulos reprísados.
Para o Sr. Múcio Wanderley, o principal fator do fechamento do Cine São José é o
<dado econômico> o povo já não está assistindo filmes. As bilheterias entram em
declínio e não há campanha de motivação que consiga vencer a rapidez. Com que a
Televisão (que projeta filmes gratuitamente) vem ganhando os espectadores. Na
noite de hoje, na última sessão de Cinema, alguns cinéfilos campinenses estarão-se
reunindo no Cine São José para uma discussão conjunta sobre a <situação do
Cinema> em Campina Grande. Será uma última homenagem à velha casa que hoje
será desativada.(JORNAL DA PARAÍBA, 03.Abr. 1983)

Destacamos a seguir, uma serie de matérias lançadas por um dos jornais da cidade o JP
(Jornal da Paraíba), que apresentou em suas paginas os problemas do Cine São José no ano
do seu fechamento. A matéria intitulada: “... Depois do Karatê apagaram-se as luzes” do
Jornal da Paraíba que retratou o fechamento do Cine São José, da seguinte forma:

As vinte e duas horas, vinte e cinco minutos do último domingo, o projetista José
Martiníano dos Santos, funcionário da empresa de Cinemas Luciano Wanderley
desligou as duas máquinas <Velo-Cine> do Cine São José. Há poucos minutos êle
havia terminado a projeção <No Violento Mundo do Karatê> último filme ali exibido
para uma platéia de pouco mais de 50 pessoas. Foi essa a última função do velho
cinema de Campina Grande que há 38 anos vinha funcionando. Não houve nenhum
ato público de encerramento. Os expectadores simplesmente saíram pelo portão
largo, siquer dizendo <boa noite> ao porteiro Cícero Fernandes. Toda a renda do
domingo somando-se a sessão da tarde com a nortuna, totalizou Cr$ 14.600,00,
segundo o último borderô assinado pelo bilheteiro Inaldo Torres. <Essa quantia foi
até alta, consíderando-se a baixa frequência nos dias de semana. Pode-se dizer que
o dinheiro apurado mal dava para apagar o aluguel das fitas. O Cinema do São José
fecha suas portas para total desativação seguindo o exemplo de muitas outras casa
de projeção espalhadas pelo Brasil. Sem instalações renovadas, com paredes sujas,
sem ar condicionado, o Cinema São José foi perdendo toda sua clientela. Como sua
localização está muito próxima dos seus concorrentes, o Cinema Capitólio e o
Cinema Babilônia, a velha casa de projeção perdeu todo o seu encanto. Como não
tinha frequentadores, não podia justificar o aluguel de fitas tipo <road-show>, os
<campeões> de bilheteria. Assim foi-se mantendo na base de <reprises> de filmes
classe <C>, os chamados <bangue-bangues>, os karatês e os pornôs de baixo nível
com tal oferta de títulos, terminou reduzindo ainda mais a frequência. O Cinema São Campina Grande, Ano II – Vol.1 - Número 02 – Março de 2011
José tem, todavia uma grande estória. Ele começou a funcionar no dia 10 de
novembro de 1945 com a exibição de um filme que foi o grande sucesso daquela
época - <Sempre em meu coração> produzido pela Warner Bross e estrelado pela
Kay Francis e pelo Walter Huston. A abertura do Cine São José coincidiu com o
período do encerramento da 2ª. Guerra Mundial e, também, com o período da rede
mocratização do país. Em seu grande auditório reuníam-se mulheres campinenses
para memoráveis saraus políticos. Essas mulheres compunham as <alas femininas>,
seguidoras de Argemíro de Figueiredo e do Dr Elpídio de Almeida. Política à parte, o
Cinema São José alugou seu palco para apresentação de famosas e curvilíneas
<rumbeiras> que passaram pela cidade. Essas dançarinas pasavam e íam ficando
na boa memória dos seus fãs. Alguns deixaram fotografias autografadas compondo
uma pequena exposição na sala da gerencia. Parte dessas fotos e outras, de atores
famosos ainda estavam penduradas nas paredes na noite de domingo. Apesar do
anúncio que haveria um <hapening> de artistas e intelectuais no local, para assinalar
o fechamento do Cine São José, nada de anormal aconteceu. Apenas o cíneasta e
professor Machado Bitencourt e o crítico Ronaldo Dinoá lá estiveram fazendo
perguntas aos três funcionários da casa. Foi um fim Melancólico apenas marcados
pelos <urros> dos incansavéis atores do Kung-Fu. (JORNAL DA PARAÍBA, Campina
Grande – 05 Abr. 1983)
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Assim foi o fechamento do Cinema São José, fechando suas portas na noite de
domingo do dia 03 de Abril de 1983, sucumbindo à concorrência da televisão e ao
desprestígio do público. Era o último cinema de bairro da cidade. Na derradeira sessão não
houve ato público nem discurso.
Após o fechamento, buscamos ainda em paginas de jornais se houve alguma
mobilização quanto ao fechamento do cinema, encontramos apenas a seguinte matéria
jornalistica: O que será agora do “Cine São José”?

Que se apele ao Prefeito Municipal de Campina Grande, com vista a desapropiar e


indenízar os proprietários do prédio do cinema São José dando a destinação cultural
àquela casa de espetáculo Este foi o requerimento apresentado ontem à Câmara
Municipal, pelo vereador Erinaldo Guedes. Alegou aquele edil campinense, que no
último domingo dia 03, encerrou suas atividades, o cinema São José, ocorrência que
trouxe muita tristeza e sensibilizou a tantos quantos privaram do prazer de assistir a
excelentes películas naquela casa de diversões. Erinaldo Guedes considerou, que
para que ela não mude totalmente a sua destinação social, terá que ser
desapropriada pelo poder Público Municípal, a fim de que seja transformada em
Casa Cultural, ou seja em Casa dos Cantadores, sobretudo, atender aos anseios do
povo de Campina Grande. (JORNAL DA PARAÍBA, 24.Abr. 1983)

O Cine São José foi durante muito tempo um ponto de encontro da sociedade
campinense. É um espaço de forte presença na memória do povo de Campina Grande, já que foi
um dos primeiros cinemas instalados da cidade, com presença ativa na vida de milhares de
campinenses durante várias décadas, que encantou varias gerações. Neste sentido, ele serviu
como lugar cultural, devido as suas exibições dos filmes em si, como lugar de sociabilidade para
as pessoas que habitavam o bairro do São José e como espaço de lazer e diversão para
aqueles que o frequentavam.

PATRIMÔNIO E CIDADE Campina Grande, Ano II – Vol.1 - Número 02 – Março de 2011

De acordo com CHOAY (2001) em seus escritos sobre patrimônio como


monumentalização, é entendido como tudo aquilo que denota ou pode identificar o monumento
de rememoração e de lembrança. Com esse entendimento estamos nos guiando pelo conceito
de patrimônio conforme destaca Françoise Choay, a noção de patrimônio como a de monumento
veio se modificando ao longo dos séculos e passou do status de antiguidade, no século XV, para
sofrer “o complexo de Noé” nos dias atuais (CHOAY, 2001, p.11-23). Afinal, tudo tem ou obtém
algum motivo para ser preservado para as gerações vindouras.
A cidade vai se apagando ao nosso redor e não nos damos conta. Não cuidamos da
pracinha, dos brinquedos ou das árvores que existem nela. Um dia, percebemos que há um
grande matagal ou um grande lixão no lugar da praça. Ou nem percebemos.
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Se não cuidamos daquilo que podemos usar, imagine algo que nunca usamos, que “não
é do nosso tempo”. E por falar em tempo é comum não termos tempo para olhar as coisas no
caminho de casa para o trabalho, para o supermercado ou para o shopping. Temos tanta
pressa para ver determinadas coisas, quase sempre sem grande importância, que acabamos
não vendo o que há no caminho. Para o bem ou para o mal, as mudanças acontecem por ação
ou inação do homem.
O ato do tombamento, prerrogativa do poder Executivo, não implica desapropriação e
nem determina o uso, tratando-se sim de "uma fórmula realista de compromisso entre o direito
individual à propriedade e a defesa do interesse público relativamente à preservação de valores
culturais" (FONSECA, 1997, p.115).
Parafraseando Maria Luiza Dias (2005), a cidade guarda também, fragmentos de algo
que não lhe pertence, mas que em algum momento fez parte de seu tecido e que permanece
latente, vivem na memória dos seus habitantes, na memória de suas esquinas, de suas pedras e
das suas casas. Os espaços de apropriação e as relações que seus habitantes estabelecem
com o patrimônio histórico e cultural da cidade. Raquel Rolnik, em seu livro O que é cidade,
afirma que:

A arquitetura da cidade é ao mesmo tempo continente e registro da vida social:


quando os cortiçados transformam o palacete em maloca estão ao mesmo tempo,
ocupando e conferindo um novo significado para um território, estão escrevendo um
novo texto (...). É esta dimensão que permite que o próprio espaço da cidade se
encarregue de contar sua história. (ROLNIK, 1994, p.12-13)

Neste sentido, observamos os lugares que se constituem em patrimônio edificado, que


desapareceram ou modificaram-se, mas que fazem parte da memória da cidade, uma vez que,
com o crescimento da cidade no sentido vertical, o panorama urbano da cidade de Campina Campina Grande, Ano II – Vol.1 - Número 02 – Março de 2011

Grande transformou-se.
Campina Grande possuía até o ano de 2000, apenas dois imóveis tombados: o
Edifício-Sede da Reitoria da UEPB, uma construção do início do século XX, que apresenta
predominantemente o estilo neoclássico em sua arquitetura e que foi local do 1º Grupo Escolar
da Cidade de Campina Grande; e o Cine Capitólio, inaugurado em 1934 e que fechou suas
portas em 1999, quando foi adquirido pela Prefeitura.
Porém, foi o Decreto nº 22.245, de 21 de setembro de 2001, quem ampliou o raio de
atuação da preservação do patrimônio do município. Através de um tombamento conjunto, a
cidade da Serra da Borborema preservou mais uma dezena de imóveis construídos entre os
séculos XIX e XX. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (IPHAEP)
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chegou a estes imóveis através de um levantamento histórico e arquitetônico realizado por


professores e alunos da Universidade Estadual da Paraíba e Universidade Federal de Campina
Grande.
A partir deste trabalho de garimpagem, o pedido de tombamento conjunto foi
encaminhado à Curadoria do Patrimônio de Campina Grande, que posteriormente o enviou ao
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba. Instruído o processo, ele foi
finalmente apreciado pelo CONPEC – Conselho de Proteção dos Bens Históricos Culturais,
órgão deliberativo do Instituto, que aprovou o pedido de tombamento por unanimidade.
A Constituição da República Federativa do Brasil em uma das suas premissa,
estabelece que cabe ao poder público, com o apoio da comunidade, a proteção, preservação e
gestão do patrimônio histórico e artístico do país. E nessa premissa, que cada Estado tem o
poder de criar órgãos, em nível estadual, responsáveis pelo cadastramento e tombamento de
bens culturais, artísticos e históricos no Estado. Surge mediante esses problemas o Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba- IPHAEP, que foi criado a partir do
Decreto-Lei 5.255 de 31 de Março de 1971.

Dada a importância do antigo Cine São José para a identidade cultural da cidade de
Campina Grande, espaço não só de lazer e diversão, mas também lugar de
sociabilidade, que contribui para formação de várias gerações de campinenses, em
21 de setembro de 2001, foi assinado o seu Tombamento através do Decreto nº
22.245 que homologou a Deliberação nº 0077/2001 do Conselho de Proteção de
Bens Históricos Culturais - CONPEC, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
do Estado da Paraíba - IPHAEP.8

Um edifício tombado pelo patrimônio histórico gera “riqueza” para cidade, além do valor
sentimental que ele representa o monumento passa a ter um valor histórico. Mas, não basta
apenas o tombamento é necessário ocupação e atividade. O Cine São José que estar sobre a Campina Grande, Ano II – Vol.1 - Número 02 – Março de 2011

guarda do Governo do Estado, já passou por reformas desde o seu fechamento. Porém por não
exercer nenhuma atividade se tornou uma área marginalizada, servindo como painel de
pichações outdoor de propagandas e abrigo de parada de ônibus.
Dos aspectos arquitetônicos e paisagísticos: o prédio do Cine São José é um exemplo
típico do estilo Art déco9 que seguia os padrões das construções tradicionais da alvenaria de
tijolos, acompanhada das coberturas de telhas romanas de capa e canal desnudadas de
qualquer ornamentação, expressando o modo racional da vida burguesa adaptado aos trópicos.

8Informação obtida do blog: http://carlosmosca.blogspot.com/ Publicada no dia 16 Mai. 2010.


9 Foi um movimento popular internacional de design de 1925 até 1939 que afetou as artes decorativas, este
movimento foi de certa forma, uma mistura de vários estilos ecletismo movimentos do início do século XX, incluindo
construtivismo, cubismo, modernismo bauhaus, arte nouveau e futurismo.
TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

CINE SÃO JOSÉ APÓS O SEU FECHAMENTO

O antigo cinema, fechado há anos, está “hoje” nas “mãos” do Governo do Estado da
Paraíba. Vários projetos foram idealizados para sua ocupação, porém nenhum foi colocado em
prática, entre esses projetos está o da professora Eneida Maracajá que chegou a propor três
projetos, mas entre eles ela destaca um que era a utilização do prédio do antigo Cine São José
como Cine Teatro – Escola, para crianças e adolescentes em estado de risco social.
Várias reformas já foram feitas no prédio do antigo cinema, porém a falta de atividade
nesse espaço após as reformas deixaram a mercê da ocupação de sem tetos, dos atos de
vandalismo: quebrando e roubando objetos como portas, fios e até mesmo o piso original do
palco, além desses problemas o Cine São José sofre até os dias atuais com a poluição visual de
propagandas, cartazes colados em portas e muro do prédio, além das pichações e traços
vibrantes que lembram o grafite.
Apresentamos a seguir algumas imagens em ordem cronológica da fachada do antigo
prédio Cine São José, assim podemos acompanhar o abandono deste patrimônio histórico.

Campina Grande, Ano II – Vol.1 - Número 02 – Março de 2011

Figura 7 - Cine S. José – Década de 1980 Figura 8 - Cine S. José – Década de 1990

A figura sete é da década de 1980 e retrata o momento em que o Cine São José fechou
suas portas, nessa mesma imagem podemos visualizar a conservação da sua fachada, mas já
com o “espírito” de solidão.
A segunda fotografia, a figura oito é da década de 1990, na imagem podemos visualizar
a ruína do prédio e a poluição visual feita por cartazes colados nas paredes do antigo cinema.
Observamos ainda, a presença de uma faixa na fachada do prédio, supomos que seja de um
protesto da época, provavelmente pedindo a sua reforma as autoridades públicas.
TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

Figura 9 - Cine S. José - Jan. de 2006 Figura 10 - Cine S. José - Jul. 2010

A figura nove é do mês de janeiro do ano de 2006, podemos visualizar que o prédio
passou por uma reforma, não mudando a sua arquitetura original o estilo Art Déco, mas
modificando a cromática do prédio. Podemos visualizar ainda o Cine São José sofre com as
ações dos vândalos que começam a fazer pichações em toda sua fachada, além desse
problema o prédio ainda continua servindo de painel para exibições de cartazes que tratam em
sua maioria de propagandas de eventos artísticos.
A última figura como vemos, já apresenta arquitetura do prédio e sua fachada em quase
que total ruína, a cromática vai desaparecendo pela ação do tempo, manchada por pichações
que se misturam as cores vibrantes do grafite. As letras que apresentavam o nome do antigo
prédio já estão quase todas caídas, mesmo com o passar do tempo a uma persistência em
manter as paredes do antigo cine como outdoors de propagandas. Essa é a visualidade que
temos do antigo Cine São José desde o momento que ele foi fechado.
Assim, a história do Cine São José vai sendo esquecida a cada dia. Com ações e Campina Grande, Ano II – Vol.1 - Número 02 – Março de 2011

atitudes de vândalos, novos cartazes são colados na sua parede, novas pichações são
realizadas. Mas, o prédio do antigo cinema persiste em ficar de pé, mas não sabemos até
quando ele conseguirá “sobreviver” a essas atitudes de destruição. Segundo a professora e
ativista cultural Eneida Agra Maracajá, o Cine São José foi o único cinema da cidade que resistiu
aos tempos:

“Os cinemas de Campina Grande que eram mais famosos na fase áurea do cinema
que era o Capitólio e o Babilônia. Um hoje é um Shopping Center, que é o Babilônia
e outro virou uma mausoléu de abandono numa praça poética ecológica que é o
Capitólio que também tem uma outra história belíssima. O Avenida na av. Getúlio
Vargas foi transformado numa igreja evangélica e o Cine São José é o único cinema
TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

da história de Campina Grande que esta com 62 anos com sua arquitetura original
Arte decor”10

Lamentamos em ver as condições de desprezo e abandono por parte dos órgãos


públicos com um dos nossos, Patrimônio Histórico tão belíssimo que é o Cine São José. Este
que permanece resistindo às ações de vândalos e a sua destruição natural com o passar do
tempo ficamos na esperança de ver o espaço do antigo Cine São José aberto novamente,
trazendo um espaço de lazer de diversão e também de sociabilidade.

RESPOSTA DA PREFEITURA E DO ESTADO AO CINE SÃO JOSÉ

O descaso da Prefeitura Municipal de Campina Grande e do Governo do Estado da


Paraíba diante do Cine São José, não é absoluto, algumas atitudes e ações para revitalização do
local foram tomadas, tanto a Prefeitura como o Governo, possui projetos para revitalização do
Cine São José. Porém, nenhum projeto ainda saiu do papel, e a situação do prédio continua se
arrastando à espera de uma solução concreta que coloque fim ao abandono. Para obtermos a
consciência de projetos para o Cine São José utilizemos do “folhetim” A MARGEM, no qual
Ramon Porto Mota escreveu uma matéria sobre a situação do Cine Capitólio e o Cine São José
na atualidade.

Quanto ao Cine São José, fomos em busca de informações na SUPLAN,


Superintendência de Obras do Plano de Desenvolvimento do Estado, responsável
pela reforma do prédio, na pessoa de José Marques, que nos contou que o projeto
do São José inclui cinema, teatro e educação, que a obra foi licitada e que será
iniciada quando resolverem as questões burocráticas. Mas foi do Coordenador de
arquitetura do IPHAEP, Raglan Gondim, que conseguimos as melhores (ainda assim
pouquíssimas) informações acerca do São José: “A situação de conservação no
monumento é razoável, a maior preocupação é dar uma utilidade ao prédio e
recuperar sua função social. O projeto está em análise dentro do patrimônio histórico. Campina Grande, Ano II – Vol.1 - Número 02 – Março de 2011
Esse projeto visa a conservação e manutenção de toda a volumetria do prédio e a
adição de salas, que será uma parte nova construída atrás do cinema. Nada foi
iniciado, estão aguardando a autorização do patrimônio histórico e desapropriação
de casas e limpeza do terreno para poder iniciar a obra. (MOTA, 2008, p. 06-07)

Destacamos que as falas dessas “autoridades” competentes pelo Cine São José, são do
ano de 2008 é muita coisa já aconteceu, novas pichações, novos atos de vandalismo acrescidos
ainda pela sua destruição natural. Essa destruição contradiz com o que foi apresentado pelo
Raglan, quando diz que: “a maior preocupação é dar uma utilidade ao prédio”. Na atualidade o
Cine São José carece de uma reforma e ai sim deverá ter uma utilidade.

10 Depoimento concedido a TV Itararé. Disponível no endereço eletrônico:


http://www.youtube.com/watch?v=CwtwO0JoOdQ
TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

O que podemos notar é que o projeto tem como ideia de criar um centro cultural
multimídia voltado para comunidade campinense, onde possam ser desenvolvidas atividades
artísticas, culturais e educacionais, bem como preservar a memória e o patrimônio artístico-
cultural do local. E ficamos assim na expectativa de que o Cine São José possa reabrir suas
portas, se não for como cinema, que tenha uma utilidade cultural para os amantes das atividades
culturais da cidade de Campina Grande.
Em defesa da sua reforma e sua utilidade, professores, estudantes, movimentos sociais
e culturais de Campina Grande, ocuparam o prédio em ruínas do antigo Cine São José no dia 11
de maio de 2010. O projeto consiste em fazer do Cine uma extensão do Departamento de
Comunicação Social da UEPB. Com a pretensão de transformar o Cine São José em um espaço
produtivo, onde os alunos possam realizar seus laboratórios e projetos. Transformando esse
espaço em mais uma alternativa de entretenimento e cultura para a população da cidade e
instaurá-lo enquanto pólo base para a produção audiovisual da cidade.
Observamos abaixo a imagem do Cine São José, quando passou a ser ocupada por
esse grupo de estudantes e artistas. Logo que ocuparam o espaço esse grupo teve como uma
das preocupações, por o Cine São José em atividades, realizando mostra de filmes, encontro de
reuniões, onde decidiram realizar uma pequena reforma, retirando os cartazes de propaganda
em sua maioria de show´s da edificação do Cine São José, pitando mesmo que de forma
simples apenas as portas e o espaço central do prédio e realizaram também uma reforma interna
de acordo com as condições desse grupo. Assim o Cine São José respira novamente e ações
como essa nos deixa a imaginar esse espaço sendo utilizado novamente, para o bem da nossa
cultura e do nosso patrimônio histórico.
Campina Grande, Ano II – Vol.1 - Número 02 – Março de 2011

Figura 11 - Cine S. José - Fev. 2011


TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

Segundo o estudante e presidente do centro acadêmico do curso de Comunicação


Social, Clóvis Brasileiro: “A intenção é tornar o Cine São José, um espaço de produção cultural
com participação popular, além de local de interação entre a academia e a sociedade civil
organizada, como parte da referenciação social de uma instituição pública de ensino”. Em
resposta a essa mobilização a:

“Câmara Municipal de Campina Grande solicitou ao Governador do Estado, José


Targino Maranhão, que realize a doação das antigas instalações do Cine São José,
localizado no bairro de mesmo nome, para a Universidade Estadual da Paraíba,
objetivando fomentar as diversas expressões artísticas e culturais da cidade. Na
propositura que foi aprovada por unanimidade na Casa”. 11

Atualmente, a cidade de Campina Grande conta com quatro modernas salas de projeção
instalada no Shopping Boulevard, chamada de Cine Multiplex 5, existe a promessa da empresa
que explora as salas de abrir mais uma para exibição de filmes de arte, mas até o presente
momento não foi inaugurada. No clube AABB, da cidade foi instalado um cinema para a exibição
exclusiva de filmes brasileiros, mas esse já não está funcionando.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CÂMARA, Epaminondas. Datas Campinense. Campina Grande: Núcleo Cultural Português, 1998.

CHOAY, Françoise. A alegoria do Patrimônio. São Paulo: UNESP, 2001.

DINOÁ, Ronaldo. Memórias de Campina Grande. Campina Grande: Editoração Eletrônica; vol.1, 1993.

FONSECA, M.C.L. O patrimônio em processo: trajetória da política federal de preservação no Brasil.


Rio de Janeiro: UFRJ/IPHAN, 1997. Campina Grande, Ano II – Vol.1 - Número 02 – Março de 2011

FONTES, Welton Souto. Cine-Theatros em Campina Grande: Sensibilidade e representações sociais


nas três primeiras décadas do século XX. Alpharrabios revista do curso de História. V.1 nº1. Campina
Grande: EDUEPB, 2008.

JORNAL DA PARAÍBA. Campina Grande – Abr. 1983.

LEAL, Wills. Bons Cinemas em Campina Grande ou a sua marcante participação no Brejo.
In:__________. Cinema na Paraíba - Cinema da Paraíba. V.1, João Pessoa: Santa Marta, 2007.

MOTA, Ramon Porto. Carcaças de cinema: a situação do Cine São José e do cinema Capitólio hoje.
In:__________. A Margem, Ano1 nº7, Campina grande-PB- Maio de 2008.

ROLNIK, Raquel. O que é cidade. São Paulo: Editora Brasiliense, 1994.

11 Informações obtidas a partir do endereço eletrônico:


http://www.portalcorreio.com.br/entretenimento/matler.asp?newsId=135593
TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

SOUSA, Fabio Gutemberg R. B de. Territórios de Confrontos: Campina Grande 1920-1945. Campina
Grande: EDUFCG, 2006.

SOUZA, Antonio Clarindo Barbosa de. A CINEMATOGRAFIZAÇÃO DO COTIDIANO: O Cinema e o


Cotidiano dos Campinenses. In:__________. Lazeres Permitidos, Prazeres Proibidos: Sociedade,
Cultura e Lazer em Campina Grande (1945-1965). Tese de doutorado em História do Brasil, Recife:
UFPE, 2002.

Campina Grande, Ano II – Vol.1 - Número 02 – Março de 2011

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