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Métodos de pesquisa em Psicologia Clínica.

Autor: Emérico Arnaldo de Quadros


Professor da Universidade Estadual do Paraná – Campus Paranaguá
(FAFIPAR). Mestrado em Psicologia Clinica – Psicanálise pela UTP,
Doutorado em Psicologia Profissão e Ciência pela PUC-Campinas.
e-mail:

earnaldo@onda.com.br

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Métodos de pesquisa em Psicologia Clínica.
Resumo: Um breve histórico da psicologia e psicoterapia é
apresentado, sendo seguido das principais correntes em psicologia e
seus métodos de trabalho com psicologia clinica.A psicoterapia é um
procedimento inicialmente desenvolvido por Freud e contempla a
comunicação entre paciente e analista. As pesquisas de resultados
em psicoterapia psicanalíticas, chamadas psicodinâmicas, buscam
quais terapeutas são mais adequados para determinados tipos de
pacientes. Já na terapia comportamental o foco maior do trabalho
terapêutico esta relacionado em investigar e mudar contingências.
Nas terapias fenomenológicas humanistas a ênfase esta na escuta da
subjetividade. Na atualidade, existe uma tendência à
homogeneização da subjetividade na sociedade pós-moderna
havendo também uma tendência dos terapeutas ao ecletismo.
Palavras-Chave: Psicoterapia, Métodos de pesquisa, Psicologia
Clínica.
Research methods in clinical psychology.
Abstract: A brief historical of psychology and psychotherapy is
submitted, followed by the main psychological currents and its
methods of work in clinical. The psychotherapy was earlier developed
by Freud and contemplates the communication between patient and
analyst. The researches of results in psychoanalytical
psychotherapies, named psychodynamics, search the most adequate
therapist for each kind of patient. In other way in the theory of
behaviorism the investigation and change of contingencies is the
mainly therapeutic work focus. In the humanistic therapy the
emphasis is in the subjectivity. Actually exists a tendency in a
homogenized subjectivity in the pos modern society and also a
tendency of the therapist in became ecletics.

Key words: psychotherapy, research methods, clinical psychology

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Após a apresentação do método de pesquisa denominado
metaanálise e um breve histórico da Psicologia e psicoterapias serão
apresentados os principais referentes teóricos, os temas mais
pesquisados, os métodos e procedimentos das principais correntes de
psicologia e sua relação com a psicologia clinica. Nunes e Lhullier
(2003) dizem que a história da pesquisa esta repleta de exemplos de
pioneirismo cientifico e outras atitudes elogiáveis do empreendimento
humano, mas reflete uma questão bastante presente na área de
psicoterapia: as diferentes tendências teóricas não se integram em
linha de desenvolvimento comum.

Meta análise – um método de pesquisa sobre pesquisas.


Dentre os métodos de pesquisa, a meta análise que grosso
modo pode-se dizer: são pesquisas sobre pesquisas já realizadas,
começam a ser desenvolvidos a partir da metade da década de 70
do século passado. De acordo com Costa (1999), meta análise é um
procedimento estatístico para se fazer síntese de evidencias de um
determinado ramo de pesquisa, sendo o levantamento do acumulo
de conhecimento adquirido, onde toma-se por embasamento os
estudos já realizados, sendo um poderoso auxiliar para a verificação
de como a ciência avança para realizar novas descobertas e
confirmar outras já estabelecidas.
Sousa e Ribeiro (2009) colocam a meta análise como revisão
da literatura, “revisão planejada da literatura científica, que usa
métodos sistemáticos para identificar, selecionar e avaliar
criticamente estudos relevantes sobre uma questão claramente
formulada”(p. 241). A função da sistematização é reduzir possíveis
viesses que poderiam ocorrer em uma revisão não-sistemática.
Sendo a meta análise o método estatístico utilizado na revisão
sistemática para “integrar os resultados dos estudos incluídos e

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aumentar o poder estatístico da pesquisa primária” (Sousa e Ribeiro,
2009, p. 241).
No Brasil encontram-se já muitos estudos feitos, utilizando
meta análises, com temas variados, como por exemplo: peso ao
nascer e síndrome metabólica em adultos, “franchising”,
osteoporose, enfermagem no setor público, epidemiologia genética,
antibiótico e profilaxia, condições familiares e esquizofrenia, café e
câncer gástrico.
Em psicologia clinica um exemplo pode ser a pesquisa realizada
por Quadros (2008), que fez uma meta análise onde levou em conta
as variáveis do psicoterapeuta que podem interferir no processo
psicoterápico, observando que existem poucas pesquisas no Brasil
sobre o assunto.
Com relação à psicoterapia, Bernardi (1998) diz que existem
diferentes maneiras de definir a psicoterapia, porém certos
elementos são comuns a todas. Fala-se em psicoterapia quando
existe uma relação assistencial ou de ajuda, baseada num processo
de interação sustentado por um vínculo emocional entre os
participantes. Estas técnicas se apóiam em conhecimentos teóricos e
podem ser transmitidas através de um processo de aprendizagem.
Devem existir metas compartilhadas, suscetíveis de serem
explicitadas e avaliadas.
Breve historia da Psicologia e Psicoterapia.
O contexto histórico do surgimento da psicologia remete à
Humboldt e a criação da Universidade moderna. A universidade
medieval preparava seus alunos para as antigas profissões de
Medicina, Direito e Igreja. Quando Humboldt restabelece a
Universidade de Berlim em 1809 coloca como elemento novo na
questão universitária a pesquisa, sendo possível então, pela primeira
vez, conseguir graduar-se apenas através da pesquisa.
A psicologia vive em permanente estado de uma perene crise
desde o momento de seu surgimento oficial com o primeiro

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laboratório de psicologia inaugurado por Wundt em Leipzig na
Alemanha em 1879, pois 20 anos após, já se questionava o dualismo
inicial da psicologia. Os psicólogos rapidamente se organizaram como
uma comunidade cientifica para poderem conclamar que faziam
ciência. Segundo Palácio et al. (2007), que fizeram um trabalho de
investigação teórico histórica de tipo documental; as propostas
alternativas e marginais sobre o objeto e método da psicologia são as
que puderam ser corroboradas no contexto da psicoterapia; uma vez
realizada uma busca pela história não oficial da psicologia, as
particularidades da clinica psicológica foram emergindo em
contraponto com a terapia como forma de intervenção derivada das
teorizações de uma psicologia clínica procedente do método médico -
científico.
A palavra psicoterapeuta é um termo composto, derivado de
dois vocábulos gregos: Psique e therapon, que significam
respectivamente – alma e servidor. Em conseqüência, diz Palácio et.
al. (2007), poderia ser sustentado que ser psicoterapeuta significa
fundamentalmente, ser servidor da alma. Antes das duas grandes
guerras do século passado, os psicólogos clínicos dedicavam-se a
avaliação psicológica de crianças com dificuldades escolares e
pacientes psiquiátricos internados em hospitais. A primeira guerra
mundial teve grande importância para o desenvolvimento da clinica,
pois foi onde houve um incremento do desenvolvimento da
especialidade de diagnostico de adultos não hospitalizados; sendo
que o exército dos Estados Unidos rapidamente capacitaram
psicólogos de todas as tendências para aplicar testes, para avaliar o
nível intelectual, atitudes, estabilidade emocional e descobrir as
desordens emocionais em seus recrutas, trabalhando-as em
psicoterapia.
Palacio et al. (2007), dizem que a psicoterapia antes de
qualquer coisa se ocupa da vivencia subjetiva, da experiência
imediata, referida à maneira como as pessoas intuem, percebem de

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maneira vivida o mundo, a vida. A psicoterapia é uma arte e não uma
derivação de uma aplicação sistemática de uma teoria psicológica.
A experiência psicoterapeutica vai deixando no psicoterapeuta
um saber que poderá em parte se formalizar em teorias e,
posteriormente se submeter aos métodos da psicologia para
verificação se o mesmo é falso ou verdadeiro, no entanto continuará
mais além da psicologia (Duran et al. 2007).
A pesquisa na psicanálise clássica
A psicologia clinica é um campo marcado pelo maior e mais
completo sistema de compreensão da experiência emocional
humana, “vale dizer, pela psicanálise, aqui entendida rigorosamente
como método e como encontro intersubjetivo, vale dizer, como
clinica” (p. 96). Torna-se, então fundamental indispensável não
confundir a psicanálise com uma doutrina fixa e acabada. Para nós
psicólogos clínicos, clinica é encontro. (Aiello Vaisberg, 2001)
Desde sua fundação, por Freud, uma das preocupações da
psicanálise esta relacionada à pesquisa. Já nos seus primórdios, o
grupo de psicanalistas iniciais reunia-se (a já conhecida e clássica
reunião da quartas) para discutir a aplicabilidade das teorias
vinculadas ao inconsciente e suas possíveis correlações não apenas
com a clinica, mas com a sociedade e outras ciências.
Macedo e Falcão (2005), dizem que a psicoterapia,
procedimento desenvolvido inicialmente por Freud, inaugura uma
singularidade: a situação de comunicação entre paciente e analista.
Nessa situação de comunicação circulam demandas nem sempre
lógicas ou de fácil deciframento, mas as quais comunicam o desejo e
a necessidade do paciente ser escutado. As autoras dizem que ao
trabalhar as relações entre intersubjetividade e clínica psicanalítica
deve ser ressaltado o quanto são importantes os suportes teóricos do
analista, uma vez que são eles que sustentam a práxis. As autoras
dizem ainda que as vivências afetivas do analista não podem
ensurdecê-lo no encontro com o paciente, desta forma, o famoso

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tripé, dentro do referencial psicanalítico – formação teórica, atividade
de supervisionar-se e análise pessoal – constitui-se no recurso de
qualificação para o processo de escutar o outro.
Eizirik (2006) diz que desde os tempos iniciais a psicanálise
inclui a pesquisa em sua própria definição, pois com o nome –
psicanálise, Freud propunha designar: a. um procedimento para
investigar os processos mentais, b. um método (baseado nessa
investigação) para o tratamento de distúrbios neuróticos, c. uma
coleção de informações psicológicas obtidas ao longo dessas linhas e
que gradualmente, se cumulam numa nova disciplina cientifica. Na
essência mesma do método psicanalítico está a noção de que
tratamento e investigação são concomitantes, pois o curso do
processo analítico tem como parte central a idéia de que se trata de
um procedimento em que analista e paciente estudam de forma
compartilhada, os significados; as expressões e rotas históricas que
produzem sofrimento psíquico. Nas últimas décadas, com o crescente
refinamento do método analítico, cada vez mais se incluem a mente
do analista e o campo bipessoal que este constitui com o paciente
como elementos centrais da investigação.
De acordo com Eizirik (2006), a pesquisa clinica é a matéria
prima por excelência da psicanálise, tanto através dos estudos de
caso único como de seqüência de casos – talvez o método mais
adequado ao objeto de investigação – e é dela que provem a maioria
dos ‘insights’ obtidos até o momento. Por outro lado, a pesquisa
conceitual, que tem recebido atenção crescente, permite refinar,
precisar e examinar com minúcia o desenvolvimento e as
transformações de conceitos e suas complexas interações com
sistemas teóricos que habitam ou co-habitam.
Para a psicanálise clássica o caso clinico é o grande método de
pesquisa em clinica, basta ver Freud em sua grandes análises de caso
– Ana O., O pequeno Hans, o Homem dos ratos. Ao analisar a
questão do caso clinico, Souza (2000) diz que a construção do caso

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permite o encontro com várias idéias: 1. a idéia de transmissão, de
testemunho e memória. 2. A função clássica do saber como anteparo
da verdade 3. O caso é uma teoria em gérmen, uma capacidade de
transformação metapsicológica. Trata-se, portanto de uma
construção. O caso clinico seria então, uma apreensão circunstancial
e momentânea de um construção teórica. O caso clinico em
psicanálise é o lugar de onde o analista pensa e que não deve ser
confundido com a história do paciente. É uma ficção clinica, resultado
de uma hipótese teórica.
Hermann (2004) diz que cada psicanalista cria uma „prototeoria‟
apropriada para o caso clinico que atende, embora a prática
psicanalítica na clinica repita à exaustão e essa exaustão vai
conduzindo os analistas às portas de uma renovação teórica geral
derivando-a da própria constituição clinica, facultando a pesquisa
metodológica dos fundamentos da psicanálise. O trabalho clínico, no
dia a dia do consultório, é uma das formas mais elevadas de
investigação. De cada analise, derivam-se „proto-teorias‟ que às
vezes, desembocam em teorias elaboradas o bastante para serem
publicadas.
Pesquisa de resultados em psicoterapia de orientação
psicanalítica.
As pesquisas de orientação psicanalítica, que não propriamente
a psicanálise, podem ser enquadradas como pesquisas em
psicoterapias psicodinâmicas. Neste sentido, Yoshida e Rocha (2007)
dizem que o termo “psicodinâmico” tem sido empregado para
designar a visão segundo a qual o comportamento e as atitudes
humanas resultariam de inúmeros fatores, dentre os quais têm
especial importância as motivações inconscientes. Quando aplicado
às psicoterapias, é utilizado para marcar a teoria da personalidade
que dá sustentação à técnica e que tem na psicanálise sua principal
referencia teórica.

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Yoshida e Rocha (2006), dizem que a psicoterapia é uma
prática nascida do desejo em ajudar a minorar o sofrimento humano
de uma maneira eficiente, eficaz e econômica e acima de tudo
humanizada. Ao longo de seu desenvolvimento e desdobramentos
em diferentes modalidades de atendimento, surgiu a preocupação
acerca da eficácia desta prática. A questão inicial surgida foi se as
psicoterapias funcionavam e, ”num primeiro momento, através da
prática clinica, foi possível observar se teoria e pratica eram
congruentes e responsáveis pela melhora do paciente (125)”.
Rial, Castaneiras, Garcia, Gómez e Férnandez-Alvarez (2006)
propõem que a evolução da investigação em psicoterapia tem
avançado progressivamente, de um lado, face à determinação de
quais são os terapeutas mais adequados para determinados
pacientes e em quais condições específicas e, por outro lado, em
estabelecer princípios gerais da psicoterapia.
Como já dito no inicio deste texto, as diferentes tendências em
psicoterapia não se integram em linhas de desenvolvimento comum.
Nunes e Lhullier (2003) dizem que nas últimas três décadas, em
relação à pesquisa em psicoterapia psicanalítica, tornou-se cada vez
mais intensa a busca por avaliação empírica e sistemática em
psicoterapia psicanalítica, que atualmente poderia ser chamado de
psicoterapia baseada em evidência. A pesquisa baseada em
evidências aparece então para colmatar a falha do método clássico de
pesquisa da psicanálise (estudos de caso clinico e produção teórica),
tornando-a compatível com os enquadramentos da pesquisa
acadêmica.
É de interesse pensar que todas as formas de psicoterapia
apóiam-se em fatores inespecificos (comuns a todas), segundo Nunes
e Lhullier (2003); como a relação terapêutica que engloba o
interesse, a compreensão, a dedicação, o respeito e as qualidades
esperáveis na relação de ajuda, que aumentam a confiança e
esperança do paciente. Também se pensa ser razoável que diferentes

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técnicas mostrem resultados semelhantes, pois são estudados
somente em sua apresentação final e não pelo processo pelo qual se
chega a esses resultados. Através da pesquisa empírica, está
estabelecida a idéia de que a psicoterapia age terapeuticamente, mas
não se sabe ainda exatamente por quê e como.
Ainda Serralta e Streb (2003) apontam que tratamentos
“puros” (psicanálise, psicoterapia expressiva, psicoterapia de apoio,
etc.) dificilmente são encontrados na clínica. Os autores dizem que se
observa uma mudança progressiva na pesquisa acadêmica acerca de
psicoterapia, sendo que os paradigmas modernos da pesquisa estão
mais sensíveis às necessidades dos psicoterapeutas e menos
distantes da clínica da realidade.
Com relação às variáveis do terapeuta, um dos temas
pesquisados, pesquisadores e clínicos são unânimes em ressaltar,
segundo Ceitlin, Wiethaeuper e Goldfeld (2003), que muitos aspectos
dos terapeutas estão associados a ou são preditivos de resultados
nesta modalidade de tratamento. Considerações e hipóteses desta
natureza são confirmadas por três tipos principais de resultados em
pesquisa: a. a magnitude dos benefícios terapêuticos esta mais
proximamente associada à identidade do terapeuta do que as
abordagens propriamente ditas; b. alguns terapeutas,
independentemente dos modelos de terapia realizados, produzem
consistentemente melhores resultados que outros; c. há terapeutas
que produzem consistentemente efeitos negativos no desfecho do
tratamento.
Quadros (2008) relata que observa-se que a maior parte das
pesquisas ligadas aos processos psicoterapêuticos estão direcionadas
para a investigação das intervenções técnicas usadas pelos
psicoterapeutas, muito embora de forma menos freqüente apareçam
também pesquisas relacionadas à complexa participação que o
terapeuta tem no processo. Beutler e cols. (2004) ressaltam que
aspectos ou variáveis ligadas à pessoa do terapeuta estão associados

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e muitas vezes são preditores dos resultados de psicoterapias. Nesse
sentido, as variáveis ligadas à figura do psicoterapeuta, como idade,
sexo e situações ligadas a sexismo (atitudes de discriminação
fundamentadas no sexo), gênero do terapeuta, atitudes culturais,
orientação teórica, que interferem nos procedimentos psicoterápicos,
merecem investigação.
Enéas (2008) fez um extensivo trabalho de meta-analise sobre
pesquisas em psicoterapia com a pretensão de oferecer uma visão
qualitativa dos desenvolvimentos das tendências da área. A autora
escolheu para análise o segmento das seções especiais do Journal of
Counsulting and Clinical Psychology (JCCP), que mostrou-se um
periódico com grande numero de publicações em psicoterapia breve,
método psicoterápico que apresenta grande crescimento,
principalmente por favorecer o desenvolvimento de pesquisas em
psicoterapia, sendo também que o JCCP apresenta relatos de
pesquisa criteriosamente identificados pelo corpo editorial como os
mais representativos de rigorosos métodos de pesquisa clinica com
sujeitos reais.
Observa-se na década – 1980-1990 – a tônica na busca de
sistematização das pesquisas, segundo Enéas (2008), de forma que
possa escapar a rígidos padrões científicos e encontrar delineamentos
que considerem a complexidade do campo interacional e permitam
verificação das variáveis significativas para o processo terapêutico.
Em 1991, a seção sobre pesquisa da interação cliente-terapia
procura melhorar a resposta à questão da efetividade, segundo Enéas
(2008), e todos os autores da seção propõe pesquisas guiadas
teoricamente, diferindo, contudo em suas ênfases. Beutler (1991,
apud Enéas 2008), salienta a dificuldade de investigar as interações
entre paciente, terapeuta e tipo de terapia devido à impossibilidade
de manejar tão grande numero de variáveis daí resultantes e
principalmente por não existir um referencial teórico consistente que
permita selecionar as mais relevantes para a pratica clinica. No ano

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de 1991, evidencia-se a cisão mencionada anteriormente, com as
seções divididas entre propostas mais especificas de refinamento
metodológico, que são de ordem empírica e outra com sugestões de
pesquisa teoricamente guiadas, estas ainda se ressentindo de
limitação metodológica. Todos os reclamos por novos métodos de
pesquisa trazem de volta a pesquisa de caso único em psicoterapia.
De acordo com Enéas (2008), os aspectos mais importantes
que perpassam as seções especiais referem-se, de um lado à busca
de evidencia cientifica; principalmente para a pesquisa de eficácia –
que esbarram nas limitações dos delineamentos de pesquisa e nos
modelos estatísticos existentes que não se prestam a abranger a
complexidade da interação das variáveis de campo – e, de outro, à
necessidade de articulação entre pesquisa e prática clinica. Quanto a
esse aspecto, Omer e Dar (1992, apud Enéas 2008), ao discutirem as
tendências de pesquisas em psicoterapia, apontam que o grande
desafio da pesquisa moderna seria o de aproximar suficientemente
estudos teóricos das condições clinicas e a possibilidade de a
pesquisa clínica pragmática melhorar sua relevância teórica.
Na virada do século XX, segundo Rocha e Yoshida (2006), as
pesquisas em psicoterapia começaram a apresentar a preocupação
com a qualidade dos resultados, a natureza do problema para os
quais é indicada e a eficiência de diferentes técnicas. Para
acompanhar as necessidades da pesquisa em psicoterapia, que
avançava em direção de questões muito especificas, foi necessário
desenvolver uma linha de pesquisa que visava criar instrumentos de
medida e procedimentos clínicos de avaliação que permitissem um
maior grau de precisão das avaliações e evidencias empíricas de sua
validade.
O Modelo de múltiplos canais e comunicação não verbal: Em
pesquisas em que os dados do terapeuta são estudados a partir de
transcrições de sessões, variáveis tais como, voz, tom, postura
corporal, proximidade, trazem um leque de informações que não

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chegam a ser examinadas. Infelizmente, existem poucos estudos
sobre o comportamento não verbal ou a combinação não verbal –
verbal associadas a resultados (Beutler et al., 2004). Alguns estudos
têm buscado medir e associar o que é dito em sessões, identificando
“momentos-chave”, sendo que estes incluem a análise do “tom
emocional” e “abstração”, associando-os aos momentos de insight
no decorrer do processo analítico. Neste sentido, pode-se citar o
Therapeutic Cycles Model (TCM), desenvolvido por Mergenthaler
(2008), baseado em análises computadorizadas para a identificação
de “momentos-chave” do processo. Neste caso, o registro das
sessões é feito com a transcrição fiel das sessões que são gravadas
em vídeo e áudio.
Terapia comportamental e cognitiva comportamental.
Uma questão interessante acerca da terapia cognitivo
comportamental e sua relação com artigos publicados nos principais
periódicos brasileiros é que embora seja uma corrente com leitura
diferenciada dos fenômenos clínicos e sua condução com relação com
a psicanálise, também utiliza o estudo de caso como maneira de
expor seus conceitos.
Na terapia comportamental, o foco do trabalho terapêutico
parece estar em investigar e mudar estímulos (ou contingências)
reforçadoras levando o paciente ou cliente a identificar quais são as
contingência ou estímulos mantenedores na sua vivência, para que
após essa identificação ele possa manejar tais estímulos.
Um artigo bastante citando na literatura nacional dentro de
uma visão comportamental é o de Banaco (1993); onde o autor
enfatiza a importância dos comportamentos encobertos numa análise
funcional; diz que em terapia comportamental é muito útil trabalhar
com a emoção e pensamento dos clientes, já que o terapeuta faz
parte de um tipo de comunidade verbal que através desses
comportamentos encobertos, tem condições de obter informações
sobre os antecedentes e as conseqüências do comportamento dos

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clientes. Com relação às emoções e pensamentos do terapeuta
(denominados pelos psicanalistas de transferência ou
contratransferência), o autor diz que é importante discriminar-se que
tipo de reações o cliente desperta no terapeuta, com seus
comportamentos durante a sessão e o que deveria ou poderia ser
revelado ao cliente pelo terapeuta, com o propósito de que essa
revelação seja terapêutica.
Banaco (1993), diz que o terapeuta é também uma pessoa que
tem sua história de reforçamento e, se quisermos analisar
funcionalmente seu desempenho profissional, deve-se levar em conta
seus sentimentos e pensamentos. Temas que podem surgir em
terapia e que podem impactar o desempenho do terapeuta são:
valores morais, éticos ou religiosos muito diferentes dos do
terapeuta, identificação com problemas do cliente, desrespeito por
parte do cliente, inveja da situação do cliente.
Os eixos formadores do que é chamado de terapia
comportamental, diz Marçal (2005), apresentam diferenças, sendo
destacado: 1. A Terapia Comportamental Clássica – cujo objetivo
terapêutico é promover mudanças em mecanismos internos do
cliente, a partir do condicionamento pavloviano, 2. A Análise
Comportamental Aplicada ou Modificação do Comportamento – cujo
objetivo é manipular contingências específicas vinculadas a
mudanças em comportamentos-alvo, não considerando eventos
privados, 3. A Terapia Cognitivo Comportamental – que tem como
objetivos as mudanças em crenças distorcidas ou irracionais e 4. A
Análise Clínica do Comportamento cujo objetivo é promover
mudanças nas contingências a partir da relação terapêutica no
setting clínico. Marçal diz então que: “Como pode ser observado,
esses modelos apresentam objetivos e propostas de mudanças
diferentes e muitas vezes incompatíveis” (p. 234) Sendo então que o
autor vai apontar para os manuais – “...muitos terapeutas
comportamentais com formação clínica pautada em manuais da

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década de 70 e 80 receberam forte influência de estratégias clínicas
variadas” (p. 234), que incluiriam, dentro da mesma perspectiva
comportamental, técnicas pertencentes aos diferentes modelos
situados acima que formaria o comportamentalismo.
A psicoterapia humanista.
Embora o subtítulo seja psicologia humanista, ele engloba a
fenomenologia, a psicologia humanista de Rogers, Perls e a Gestalt
terapia. Ao trabalhar com a ética contemporânea – os anos 60 e o
projeto de psicologia humanista, Campos (2006), diz que os anos 60
(do século passado) são tidos, historicamente, como anos de revoltas
políticas, estudantis, de costumes, sobretudo da juventude. O zeitgst
da época: Os jovens estudavam as idéias de Marcuse (filosofo alemão
pertencente à escola de Frankfurt), que considerava a sociedade da
forma como estava organizada “irracional como um todo”. Timothy
Leary que incitava os jovens a usar LSD e tinha como lema: “se ligue,
sintonize e caia fora”, o existencialismo, as idéias de Focault.
É nesse contexto que surge, o Movimento Potencial Humano,
dentro do qual nasce a psicologia humanista. De acordo com Campos
(2006), a proposta teórica da psicologia humanista, de um modo
geral, tem como pano de fundo, uma visão de homem como um ser
em busca constante de si mesmo, que vive num continuo processo de
vir a ser e que apresenta uma tendência natural para se desenvolver.
É também uma reação à psicologia anteriormente dominante – o
behaviorismo e a psicanálise, embora não tenha se identificado ou se
iniciado como pensamento de determinado autor ou escola.
Os anos 60, diz Campos (2006), na Europa havia um
movimento realizado por diferentes escolas de psicologia, inspirado
pelo existencialismo e fenomenólogos. Sendo que a psicologia
humanista foi então amplamente acrescida dessas duas outras
perspectivas teóricas, a ponto de, posteriormente ser denominada
também de abordagem humanista-existencial-fenomenológica em
psicologia.

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Os elementos presentes na prática clinica, apontam Nery e
Costa (2008), e que a caracterizam incluem: a observação acurada
do ser, a escuta, o sofrimento psíquico e a expressão da
subjetividade, além do contexto. Na Terapia Centrada na Pessoa e
Gestalt terapia, a relação terapêutica é bipessoal e sua estética é o
dialogo, sendo o enfoque clinico centrado na pessoa. A técnica e
método é a interação centrada na pessoa. A psicoterapia tem como
objetivos a auto-responsabilização e seus conceitos fundamentais
ficam no entorno do “aqui e agora”.
A principal metodologia de pesquisa na abordagem
fenomenológico-humanista é a pesquisa qualitativa. Em artigo cuja
intenção é estabelecer uma reflexão acerca da atuação do psicólogo
como terapeuta e como ser humano na prática psicoterápica;
Sampaio (2004), utilizando a gestalt como referencial teórico, diz que
para que possa haver um real encontro entre cliente e terapeuta, é
necessária uma atitude aberta ao outro, ao seu mundo. Às vezes o
terapeuta esta aborrecido, bem humorado, confuso, com raiva,
surpreso, excitado sexualmente, amedrontado, embaraçado,
bloqueado, oprimido, sendo que todas essas reações podem dizer
alguma coisa tanto a respeito do cliente quanto do terapeuta e podem
compreender muitos dados vitais da experiência terapêutica. O que
Sampaio demonstra é que o terapeuta não é neutro
Psicoterapia e pós-modernidade
Sundfeld (2000), ao situar a pós-modernidade, diz que dentro
dessa perspectiva o mundo é menos ordenado e previsível, o ideal de
verdade, os princípios gerais e leis sobre a natureza humana é
rejeitado em nome da legitimidade do pluralismo, apontando que
embora existam sociedade, institutos, centros e revistas relacionadas
à uma abordagem psicoterápica particular, há uma contradição pois a
maioria dos terapeutas não se identifica como aderindo a uma
abordagem particular, mas referem-se a si mesmos como ecléticos
ou integrativos. Um pressuposto fundamental desta abordagem é a

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visão de que todas as psicoterapias são igualmente efetivas. Dentre
os fatores comuns às psicoterapias estão: habilidade do terapeuta
para inspirar confiança e a importância de prover o paciente com
visões alternativas e mais razoáveis acerca do eu e do mundo.
Dunker (2004) trabalha com os discursos tendentes à
homogeneização da subjetividade na sociedade pós-moderna,
situando tipos clínicos que compõem diferentes relações entre o
sujeito, o saber e o gozo. Os tipos clínicos situados são: consumidor
unicista, o paciente profissional, o corporalista e o normalopata, os
quais são apenas indicado aqui.
Conclusão
Como é passível de compreender ao decorrer do texto acima,
desde Freud até agora tem-se um longo caminho de
desenvolvimentos e desdobramentos teóricos e práticos em relação à
psicoterapia, parecendo que no atual momento existe uma tendência
à busca de uma homogeneização dos conceitos e técnicas
desenvolvidos no decorrer do século XX e inicio do século XXI.
Dois fatos causaram surpresa nas leituras de artigos em busca
de métodos de pesquisas em psicoterapia: o primeiro deles diz
respeito a não neutralidade da pessoa do terapeuta, o que pode ser
observado na literatura internacional e ficaria muito extenso para o
cunho deste artigo e o segundo, também encontrado bastante na
literatura internacional (a hipótese do „dodô-bird‟) a de que todas as
posturas em psicoterapia se equivalem, isto é, produzem efeitos (em
geral benéficos ao sujeito).

Referências:
AIELLO VAISBERG, T. M. A função social da psicologia clinica na
contemporaneidade. In: Conferencia de abertura do I Congresso
de Psicologia clínica, Universidade Presbiteriana Mackenzie,
São Paulo – SP, 2001.

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terapeuta. Temas de Psicologia, v.1, n. 2, p. 71-80, 1993.
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