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Autores
Deusvenir de Souza Carvalho1
Publicação: Out-2005
Mais de meia centena de livros, centenas de artigos, um periódico nacional, Migrâneas &
Cefaléias da Sociedade Brasileira de Cefaléia (www.sbce.med.br) e dois periódicos
internacionais "Headache" (www.ahsnet.org) e "Cephalalgia" (www.i-h-s.org) têm tratado do
assunto cefaléia.
Cefaléia primária
Conceitua-se como sendo a situação em que este sintoma venha a ser a própria doença ou
síndrome, como, por exemplo, a enxaqueca ou migrânea, a cefaléia do tipo tensional, a
cefaléia em salvas, etc.
Cefaléia secundária
Trata-se de outra doença ou síndrome que tem como parte de seus sintomas a cefaléia, como
por exemplo, a cefaléia associada a trauma crânio-encefálico, hipertensão arterial, meningite,
tumores, etc.
Nas cefaléias secundárias pode-se observar aspectos clínicos que muito se assemelham a
uma cefaléia primária, ou seja, apesar de tratar-se de meningite ou hipertensão arterial, as
características da cefaléia podem ser como as da enxaqueca; numa sinusite aguda ou numa
situação pós-trauma crânio-encefálico, elas podem ser iguais às da cefaléia do tipo tensional.
Usando a intensidade do sintoma e sua presença ao longo do tempo, Rothner (1992) propõe
cinco tipos de cefaléias que podem ser analisados na figura 1. São eles:
1
Professor Adjunto de Neurologia e Chefe do Setor de Investigação e Tratamento das Cefaléias (SITC),
Disciplina de Neurologia, Departamento de Neurologia e Neurocirurgia, UNIFESP – Escola Paulista de
Medicina.
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• Cefaléia tipo aguda
Essa classificação é interessante, sobretudo ao indicar o último tipo, que pode exigir
investigação. Porém, essa aparente simplicidade torna-se complexa diante de um paciente que
muitas vezes informa mal ou observa mal o seu sintoma e sua evolução para pior,
caracterizada pela maior freqüência, intensidade e duração e menor resposta aos remédios.
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Tabela 1. Classificação Internacional das Cefaléias – segunda edição, 2004
ICHD-II, 2004 – www.i-h-s.org
Parte 1: Cefaléias Primárias
• (13) - 11. Cefaléia ou dor facial atribuída a transtorno do crânio, pescoço, olhos,
ouvido, nariz, seios da face, dentes, boca ou outras estruturas faciais
• ou crânianas
• (2) - 14. Outras cefaléias, neuralgias cranianas e dor facial primária ou central
Estudos mostram que a cefaléia tem prevalência ao longo da vida em mais de 90%, com
discreto predomínio no sexo feminino, diminuindo de forma bem marcada após a sexta década.
No Brasil, um estudo realizado em um estado do Sul apontou para valores semelhantes.
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6 - Quais os dados iniciais essenciais para o diagnóstico?
A tabela 2 mostra os dados essenciais para o raciocínio diagnóstico. Pode-se afirmar que são
dados iniciais, sem os quais não se pode cogitar qualquer hipótese. Eles devem ser colhidos
com extrema qualidade. O médico deve usar toda a sua experiência na prática clínica, deve
motivar e ensinar ao paciente como ele pode ajudar com boa observação e descrição dos
diversos aspectos dos sinais e sintomas. O exame do paciente com cefaléia, seja o exame
clínico, bem como o exame neurológico, deve ser o mais completo.
Os fatores de risco apontados na tabela 2 devem ser indagados especialmente na faixa etária
abaixo de 15 anos, por serem freqüentes na enxaqueca desse grupo.
Tabela 2. Dados essenciais para o raciocínio diagnóstico em cefaléias
Identificação (nome, sexo, idade, raça, estado civil, escolaridade, profissão, naturalidade e
procedência)
Avaliação do sintoma
• Tempo de início
• Freqüência
• Localização
• Caráter
• Fenômenos precedentes
• Fenômenos acompanhantes
• Fatores de piora
• Fatores de melhora
• Fatores desencadeantes
• Uso de medicação
Antecedentes pessoais
Antecedentes familiares
Exame clínico
Resultado da investigação
Diagnóstico
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7 - Quando deve ser indicada investigação subsidiária?
A investigação diagnóstica nas cefaléias primárias deve ser balizada por sinais de alerta ou
"red flags" (bandeiras vermelhas), descritos na tabela 3. Evita-se a indicação rotineira.
Tabela 3. Sinais de alerta da história e dos exames clínico e neurológico, para
investigação em cefaléias
Dados da história Alertas
A primeira cefaléia
Mudança de padrão em relação às crises
anteriores
Mudança de padrão da aura ou aura atípica
Modos e circunstâncias de instalação e
Início súbito e/ou recente
evolução
Desencadeada por esforço físico e atividade
sexual
Evolução progressiva
Piora com a postura
Temperatura Febre
Consciência Alteração
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8 - Como escolher um tratamento para cefaléia?
• Nível excruciante ou grau 4: o paciente, levado pela dor, além de incapacitado para
suas atividades normais, passa a atuar diversamente, com agitação, golpes na cabeça
etc.
O médico, ao orientar o paciente com enxaqueca, deve estar ciente de que, por definição, ela é
uma desordem neurobiológica com base gênica. Pode estar associada com alterações do
sistema nervoso e ativação do sistema trigêmino-vascular. É caracterizada por ataques de dor
de cabeça e sinais e/ou sintomas psíquicos, clínicos e neurológicos. O quadro varia em
freqüência, duração e incapacitação entre cada paciente e entre os ataques. Os critérios da
Sociedade Internacional de Cefaléia ("IHS", 1988) são básicos. Se aparecem aspectos atípicos,
deve-se excluir cefaléias secundárias.
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1.1 Enxaqueca sem aura
A aura da enxaqueca pode ser típica (cinco a 60 minutos de duração), abrupta (dura menos de
cinco minutos) ou prolongada (dura mais de 60 minutos). Embora o termo possa sugerir, aura
na enxaqueca não deve ser entendida como precedente, pois se trata de um distúrbio
idiopático, recorrente, manifestado por crises de sintomas neurológicos localizáveis no córtex
cerebral ou tronco cerebral, geralmente evoluindo de forma gradual em cinco a 20 minutos e
usualmente durando menos de 60 minutos.
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D. Durante a cefaléia pelo menos 1 dos seguintes:
1 - Náuseas e/ou vômitos.
2 - Fotofobia e fonofobia.
Os sinais e sintomas da enxaqueca podem se sobrepor aos da cefaléia tipo tensional episódica
ou elas podem coexistir. Presença de aura, vômitos e a piora com atividades têm
especificidade para enxaqueca. O espectro de um continuum começando pelas neuralgias,
passando pela cefaléia em salvas, enxaqueca e terminando na cefaléia tipo tensional é
pressuposto antigo e deve ser o apoio diagnóstico nos casos limítrofes.
• Estabelecimento do diagnóstico.
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18 - Quais as duas bases do tratamento da enxaqueca?
O tratamento do paciente com enxaqueca pode ser enfocado em duas bases principais:
As orientações não farmacológicas, tanto para o alívio agudo como para a prevenção, devem
ser enfatizadas sempre. Além das apresentadas nos princípios gerais, como repouso,
relaxamento físico e mental, massagem, compressas, tem-se também para a enxaqueca a
acupuntura, as técnicas de "biofeedback" e a psicoterapia cognitiva.
Deve-se agir prontamente, retardar só piora e amplia o impacto da enxaqueca. Usar triptanos
ou dihidroergotamina (DHE) nos pacientes que têm crises de dor com intensidade moderada ou
incapacitante (fortes). Antiinflamatórios não-esteroidais, analgésicos combinados com cafeína e
a combinação de isometepteno podem ser opções em crises moderadas. Selecione a via não
oral nos pacientes muito nauseados ou vomitando e não restringir antieméticos nesses
pacientes. Limitar cuidadosamente o uso excessivo de analgésicos para duas vezes por
semana para prevenir a "cefaléia rebote", ou seja, a cefaléia que resulta do uso excessivo de
medicações abortivas de crise.
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50-100 mg VO, repetir 2-4 horas após se
Diclofenaco de sódio necessário
Máximo 200 mg/dia
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Tabela 6. Tratamento da crise forte
Droga Dose/posologia
1000 mg IV diluída em SF0,9%.
Dipirona*
Máximo 2 g/dia
Zolmitriptano 2,5-5 mg VO
Paracetamol + +
Isometepteno ++ +
AINEs ++ +
Sulmatriptano +++/++++ +
Naratriptano ++ +
Zolmitriptano +++ +
Rizatriptano +++ +
Clorpromazina +++ ++
Dexametasona ++ +
Haloperidol ++ ++
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Classes de evidências:
Classe I - Evidência proporcionada por pelo menos um ensaio clínico bem desenhado,
randomizado, com grupo controle.
Classe II - Evidência proporcionada por pelo menos um estudo clínico do tipo caso controle ou
estudos coorte.
Classe III - Evidência proporcionada por experts ou estudos não randomizados ou relato de
casos.
22 - Quando e por quanto tempo se deve propor tratamento profilático para enxaqueca?
• o paciente prefere;
Deve-se escolher a medicação com melhor eficácia e menores efeitos adversos, conforme
ilustrado na tabela da próxima questão. Outros pontos merecem ser considerados:
• condições coexistentes,
• iniciar baixa dose e aumentar até atingir a melhor relação entre eficácia e
tolerabilidade,
A medicação deve ser mantida por dois a três meses para se avaliar a eficácia, antes de
substituí-la. O tratamento de se estender por seis meses a um ano (alguns autores chegam a
falar em quatro anos). Sempre que possível, monitorar o paciente com um diário.
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Ac. valpróico +++ +++ Classe I 500-1500 (2-3)
A prevalência da cefaléia do tipo tensional não está bem estabelecida, mas estima-se que seja
de 30% a 70%.
São eles:
A. Pelo menos dez crises ocorrendo menos que um dia por mês em média (menos de 12 dias
por ano) e cumprindo critérios de B a D.
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1. localização bilateral;
4. não é agravada por atividade física rotineira como caminhar ou subir escadas.
D. Ambos os seguintes:
São eles:
A. Pelo menos dez crises que ocorrem em uma ou mais vezes por dia porém menos de 15 dias
por mês durante pelo menos três meses (> 12 dias e < 180 dias por ano) e preenchendo os
critérios de B a D.
1. localização bilateral
4. não é agravada por atividade física rotineira como caminhar ou subir escadas
D. Ambos os seguintes:
São eles:
A. Cefaléia que ocorre em 15 ou mais dias por mês, em média durante mais de 3 meses (>180
dias por ano) e preenchendo os critérios B a D.
1. localização bilateral
4. não é agravada por atividade física rotineira como caminhar ou subir escadas
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D. Ambos os seguintes:
1. não mais que um dos seguintes sintomas: fotofobia, fonofobia ou náusea leve
Nas crises agudas da cefaléia do tipo tensional episódica, pode ser eventualmente utilizado
para alívio sintomático o paracetamol, isolado ou na forma associada com cafeína. Quando o
quadro for de cefaléia do tipo tensional crônica, os analgésicos devem ser evitados, pois pode
haver excessos (vide cefaléias crônicas diárias). A amitriptilina e a nortriptilina podem ser
indicadas como tratamento preventivo, em uma a três doses diárias de 25 a 50 mg, porém o
uso deve ser feito com cautela e por tempo limitado.
A cefaléia em salvas é rara, sua prevalência varia de 0,05% a 0,4%, podendo-se dizer que há
uma cefaléia em salvas para cada 100 enxaquecas. Acomete preferentemente o sexo
masculino em proporção estimada entre 4:1 a 9:1, com idade média de início usualmente entre
20 e 40 anos de idade (cerca de dez anos mais tarde que a enxaqueca).
A cefaléia em salvas é uma das formas mais intensas de cefaléia, exemplo típico de doença
periódica; de ocorrência rara. Compromete predominantemente o sexo masculino e suas
manifestações são caracterizadas por episódios súbitos de dor unilateral extremamente intensa
(excruciante), com localização periorbital, associada a sintomas autonômicos ipsilaterais.
Caracteristicamente, há episódios periódicos (períodos de salvas), época em que o paciente se
mostra sensível às crises de dor, e períodos de remissão, o que caracterizará a forma
episódica e crônica da doença.
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34 - Quais são os critérios diagnósticos para cefaléia em salvas?
Cefaléias em salvas:
B. Dor forte e muito forte unilateral, orbitária, supra-orbitária e/ou temporal, durando de 15 a
180 minutos, se não tratada.
D. As crises têm freqüência de uma a cada dois dias a oito por dia.
Crises de cefaléia em salvas ocorrendo em períodos que duram de sete dias a um ano,
separados por períodos assintomáticos que duram um mês ou mais.
Critérios diagnósticos:
B. Pelo menos dois períodos de salva durando de sete a 365 dias e separados por períodos de
remissão maior ou igual a um mês.
Crises de cefaléia em salvas ocorrendo por mais de um ano sem remissão ou com remissões
durando menos de um mês.
Critérios diagnósticos:
B. As crises recorrem por mais de um ano sem períodos de remissão ou com períodos de
remissão durando menos que um mês.
A crise se caracteriza por dor súbita, unilateral, nas regiões orbital, supraorbital e temporal, por
vezes com irradiação para a mandíbula inferior e região cervical. A dor está associada
homolateralmente a pelo menos um dos seguintes sinais autonômicos:
• hiperemia conjuntival,
• lacrimejamento,
• congestão nasal,
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• rinorréia,
• miose,
• ptose
• edema palpebral.
A freqüência dos ataques varia de um a oito por dia, com intensidade extraordinariamente
elevada, de caráter agudo e ardente, por vezes latejante, em geral penetrante, o que induz a
estado de inquietude, ao contrário do paciente com enxaqueca, que busca permanecer
recolhido, o que em geral produz alívio da dor. As crises podem ser desencadeadas pelo uso
de álcool, histamina ou nitroglicerina durante os períodos de sensibilidade à dor.
As crises têm início súbito e curta duração. O uso de agentes que produzam alívio imediato é
recomendado. Analgésicos e ergotamínicos, efetivos na migrânea, tendem a não serem úteis
na cefaléia em salvas, devido ao início lento da ação da droga em cefaléia de tão intensa e
curta duração.
Deve-se instituir a inalação de oxigênio em fluxos de 7 a 10 L/min por máscara facial. Não se
deve utilizar cateter nasal, pois é ineficaz devido à congestão nasal que pode provocar. Esse
tratamento é efetivo em cerca de 70% dos pacientes e é considerado o mais seguro.
Outra opção eficaz é o sumatriptano. (6 mg/SC) logo no início da crise, sob a forma de "spray"
nasal (uma aplicação). Está contra-indicado em pacientes com história clínica de insuficiência
coronária e hipertensão arterial descontrolada.
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As principais opções são:
Verapamil
Carbonato de lítio
Utilizado preferencialmente para as formas crônicas, também pode ser útil nas formas
episódicas, em dose média fracionada de 600 a 900 mg/dia. O paciente deve realizar controle
de litemia (os níveis séricos terapêuticos preconizados são de 0,4 e 0,8 mEq/L) para evitar
efeitos neurotóxicos que incluem: tremor, letargia, fala arrastada, visão turva, confusão mental,
nistagmo, ataxia, sinais extrapiramidais e crises convulsivas. Pode, ainda, desencadear
hipotiroidismo e complicações renais.
Corticosteróides
A prednisolona é útil no tratamento da forma episódica, por pouco tempo (duas ou três
semanas, em doses progressivamente menores), para quebrar o ciclo das cefaléias,
especialmente nos pacientes que não respondem à ergotamina e ao verapamil. Seus efeitos
secundários impedem o uso prolongado e incluem: insônia, inquietude, alterações de
personalidade, hiponatremia, edema, úlcera gástrica, hiperglicemia, miopatia, osteoporose,
necrose articular e óssea.
Utilizado em doses de 200 a 1.000 mg/dia em duas tomadas, é, em geral, bem tolerado,
havendo relato apenas de náuseas. Efeitos adversos de letargia, tremor, aumento de peso e
queda dos cabelos também podem ocorrer. Raramente, porém, com maior gravidade, podem
ocorrer pancreatite e alterações hepáticas, contra-indicando sua utilização em pacientes já com
acometimento desses órgãos. O divalproato pode ser mais eficaz e ter menos efeitos adversos.
Ergotamina
Tartarato de ergotamina, 1 mg duas vezes ao dia, pode ser utilizado profilaticamente. Ele é
particularmente útil para controlar os episódios noturnos, quando administrado antes de deitar.
É contra-indicado em pacientes com insuficiência coronariana ou arterial periférica.
Metisergida
Pode ser utilizada nas formas episódicas, em pacientes jovens, potencialmente fora do risco de
doença aterosclerótica cardíaca. A metisergida tem grande número de efeitos secundários:
câimbras e dores musculares, retenção hídrica e reações fibróticas (retroperitoneal, pleural,
pulmonar e valvar cardíaca). Deve ser usada com cautela na forma crônica e alguns autores
recomendam um mês de interrupção do medicamento a cada seis meses de tratamento,
realizando-se periodicamente radiografia do tórax, ecocardiograma e estudos de imagem do
abdome.
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córnea; contudo, sua principal complicação consiste em inadvertidamente permitir a entrada do
glicerol para o interior do crânio ao controlar o tamanho da lesão.
Hemicrânia paroxística
B. Crises de dor forte, unilateral, orbitária, supra-orbitária e/ou temporal durando de dois a 30
minutos.
D. As crises têm freqüência superior a cinco por dia em mais da metade do tempo, ainda que
períodos de menor freqüência possam ocorrer.
Crises de hemicrania paroxística ocorrendo em períodos que duram de sete dias a um ano,
separados por períodos sem dor, que duram pelo um mês ou mais.
Critérios diagnósticos:
B. Pelo menos dois períodos de crises durando de sete a 365 dias e separados por períodos
de remissão sem dor durando pelo menos um mês.
Crises de hemicrania paroxística ocorrendo por mais de um ano sem remissões ou com
remissões durando menos de um mês.
Critérios diagnósticos:
B. Crises recorrem por mais de um ano sem períodos de remissão ou com períodos de
remissão durando menos que um mês.
Varia muito, porém é muito rara. Pode-se dizer que se encontra uma hemicrânia paroxística
crônica para cada 200 cefaléias em salvas. Quanto ao sexo, acomete três mulheres para um
homem.
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41 - Quais aspectos diferenciam a hemicrânia paroxística crônica da cefaléia em salvas?
São eles:
Ela abrange os diagnósticos anteriormente conhecidos por jabs and jolts, descrito por Sjaastad,
em 1979, e icepick headache, descrito por Raskin, em 1980. Sua fisiopatologia é
desconhecida; no entanto, as características clínicas sugerem déficit central do controle da dor,
além de descargas neuronais paroxísticas. É caracterizada por dor de curta duração,
geralmente de um a dois segundos, ocasionalmente mais longa. Aparece em múltiplas
localidades no crânio ou encontra-se estritamente localizada, na maioria das vezes na primeira
divisão do nervo trigêmeo. Tem caráter de pontada e pode ocorrer sozinha ou associada à
enxaqueca, cefaléia em salvas ou hemicrânia contínua. Pode ser parcial ou totalmente
responsiva à indometacina, na dose de 75 mg ao dia. Doses de até 150 mg ao dia foram
utilizadas com sucesso.
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45 - Quais as características da cefaléia primária da tosse?
O quadro clínico é caracterizado por cefaléia de início súbito, precipitada pela tosse, durando
menos de um minuto e de localização bilateral. Duração mais longa sugere condições
subjacentes, sendo as mais comuns: alterações da transição cérvico-medular (Arnold-Chiari),
aneurisma cerebral, lesões da fossa posterior (tumores, malformações vasculares) e adenomas
da hipófise. A média etária dos pacientes com cefaléia benigna da tosse é muito maior que à
dos pacientes com cefaléia do esforço, cerca de 40 anos de diferença. O tratamento indicado é
a indometacina, geralmente na dose de 150 mg ao dia.
A cefaléia tem localização bilateral, duração de cinco minutos a 24 horas, caráter pulsátil e
pode apresentar características enxaquecosas em pacientes com história de enxaqueca prévia.
Há que se excluir causa secundária, assim como para a cefaléia da tosse. O tratamento
também é feito com a indometacina.
A cefaléia do tipo postural está no grupo das cefaléias secundárias a hipotensão liquórica, que
pode se desenvolver após o coito. De maneira geral, a cefaléia da atividade sexual afeta mais
homens do que mulheres (3:1) e pode aparecer em qualquer época, durante os anos de
atividade sexual. O tratamento inclui a administração de indometacina 25-50 mg, 30 minutos
antes da atividade sexual. O uso de beta bloqueadores, na dose de 40 a 200 mg, pode ser
benéfico em uso regular como profilático.
Trata-se de uma dor que atinge intensidade muito forte em menos de um minuto, com duração
de uma hora a dez dias e que, em geral, não recorre ao longo de semanas ou meses
subseqüentes. Não deve ser atribuída a outro transtorno, em geral necessita de investigação.
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49 - O que é cefaléia hípnica?
Os tratamentos sugeridos na literatura atual têm sido de pouco sucesso, exceto em alguns
pacientes que obtêm remissão completa dos sintomas com o uso do lítio, 300 a 900 mg, em
uma a três doses por dia. Amitriptilina, cafeína, indometacina, são medicamentos que podem
beneficiar.
Trata-se de desordem rara, com prevalência muito maior nas mulheres. É uma das formas de
cefaléia indometacina-responsiva, caracterizada por dor estritamente unilateral, presente por
pelo menos um mês, contínua (flutuante), moderada, com alguns fenômenos autonômicos
(lacrimejamento, congestão nasal, rinorréia, ptose, edema palpebral). Existe tanto na forma
contínua como remitente e pode perdurar por anos.
É o desenvolvimento de dor de cabeça abrupta que não sofre remissão, com freqüência de
pelo menos 15 dias/mês, por mais de um mês, em geral com mais de quatro horas de duração.
Os pacientes não têm antecedentes de cefaléia do tipo tensional ou migrânea, referem com
certa precisão o dia do início do quadro e alguns casos podem refletir síndrome pós-viral. É
mais comum em mulheres e os sintomas desaparecem espontaneamente entre seis e 24
meses.
Variedades primárias
d. Hemicrânia contínua
a. Cefaléia em salvas
c. Cefaléia hípnica
Variedades Secundárias
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3. Cefaléia associada a desordens vasculares
Trata-se de um termo genérico utilizado para agrupar pacientes com cefaléia diária ou quase
diária (mais que 15 dias por mês, por mais de um mês). Dividem-se as cefaléias crônicas
diárias em primárias e secundárias, conforme a classificação citada anteriormente. O fato é que
distintos e variados tipos de cefaléia podem assumir característica crônica, sendo então
agrupados com o nome de cefaléias crônicas diárias.
A cefaléia crônica diária é uma das formas de cefaléia mais comumente encontrada em
serviços especializados, variando de 40% a 60% dos atendimentos. O grupo prevalente é o da
enxaqueca transformada, responsável por cerca de 75% dos pacientes, sendo que no grupo
todo, 65% a 80% apresentam uso excessivo de analgésico. Os pacientes com migrânea
transformada apresentam o mesmo tipo de dor que os pacientes com migrânea sem aura,
porém com menor intensidade e maior freqüência. Também são menos expressivos os
fenômenos acompanhantes.
Talvez o principal fator para o uso excessivo de analgésicos seja a cefaléia rebote que os
pacientes desenvolvem. Apesar de ainda não estar definida a dose limite para que se
desenvolva, existem critérios sugeridos para o abuso medicamentoso:
• uso de analgésicos simples (mais que 1.000 mg AAS/acetaminofeno) mais que cinco
dias/semana;
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nos pacientes portadores de hemicrânia contínua. Muitos pacientes queixam-se de fadiga e
dores generalizadas, com pontos dolorosos (tender points) ao exame clínico, muitas vezes
diagnosticando fibromialgia.
As mais comuns são as alterações sistêmicas causadas pelo uso excessivo medicamentoso
como distúrbios autonômicos (hipertensão arterial, disfunções circulatórias, miose),
gastrintestinais e psicológicos (distúrbios comportamentais, insônia, tremores). Devem ser
identificadas e tratadas o mais precocemente possível.
Tratamentos fisioterápicos como alongamento, RPG, exercícios específicos, calor local, eletro-
estimulação, bloqueio analgésico do nervo occipital (na cefaléia cervicogênica ou por
compressão do nervo grande occipital), agulhamento de "trigger points", têm sido descritos
como procedimentos de melhora. Os resultados com a acupuntura tradicional ainda são
controversos.
Tratamento farmacológico
• Terapia analgésica parenteral, escolhendo a droga mais indicada, dentre elas: triptanos
SC ou VO, clorpromazina IV (0,1 mg/kg em dois minutos), di-hidroergotamina IV (0,5
mg em dois a três minutos).
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identificar suas causas – na maioria das vezes decorrem de diagnósticos incompletos ou
incorretos (Araújo & Peres, 2001).
56 - Leitura recomendada
Araujo MG, Peres MFP. Cefaléias crônicas diárias. In: Borges DR & Rothschild HA, ed.
Atualização Terapêutica. 20a Edição. São Paulo, Artes Médicas, 2001.
Barea .M, Tanhouser M & Rotta NT. An epidemiologic study of headache among children and
adolescents of southern Brazil. Cephalalgia 1996; 16:545-549.
de Souza Carvalho D, Carramate JFP. Cefaléias primárias. In: Borges DR & Rothschild HA, ed.
Atualização Terapêutica. 20a. Edição. São Paulo, Artes Médicas, 2001.
de Souza Carvalho D, Zukerman E, Hannuch SNM, Levyman C, Lima JGC. Fatores de risco da
enxaqueca na faixa etária de 7 a 15 anos. Arq Neuropsiquiatr 1987; 45:371-378.
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