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Jornal Valor Econômico - CAD A - BRASIL - 13/5/2011 (20:34) - Página 16- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW

Enxerto

A16 | Valor | Sexta-feira e fim de semana, 13, 14 e 15 de maio de 2011

Especial
Entrevista Para Campos, oposição foi incapaz de oferecer às forças reunidas por Kassab perspectiva de voltar ao governo

“É a expectativa de poder que explica o PSD”


LEO CALDAS/VALOR
Murillo Camarotto Campos: Porque a oposição
e Maria Cristina Fernandes não foi capaz nem de gerar o es-
Do Recife paço de poder que eles tinham e
nem de apontar a perspectiva de-
Depois de acompanhar todo o le. Duas coisas seguram um con-
processo que resultou na criação junto político: o poder e a pers-
do PSD, o governador de Pernam- pectiva de poder. Eles perderam
buco, Eduardo Campos, fala com três eleições e a perspectiva foi
tranquilidade sobre os rumos to- perdida. As pessoas decidiram
mados pelo partido do prefeito tomar outro rumo.
de São Paulo, Gilberto Kassab. De- Valor: O senhor acompanhou es-
fende a legitimidade da legenda, se processo desde o início. O PSD
que vem a ocupar um lugar que não ficou maior que a encomenda?
foi do PDS e depois, do PFL, como Campos: Sim, porque termi-
um espaço para um conjunto de nou sendo a grande janela dos
forças que precisa de uma pers- insatisfeitos que só tinham um
pectiva de poder. lugar pra ir: o PSD.
Aos 45 anos, o governador de Valor: O PSD vai ficar maior
Pernambuco não especula sobre que o PSB no Congresso. Isso não
2014. Diz que a vez é de Dilma. Na o incomoda?
entrevista, concedida na tarde de Campos: Não. Temos uma boa
quarta-feira no Palácio do Campo relação com o PSD e com os que
das Princesas, sede do governo, estão à frente desse projeto.
Campos diz que a presidente res- Valor: Diante da crise que o
gatou os valores que emergiram PSDB está vivendo, o senhor acredi-
da campanha de 2010 para além ta que a eleição de 2014 será nova-
da polarização do PT x PSDB. In- mente polarizada ou o PSDB corre o
terrompida apenas por um tele- risco de estar fora dessa arena?
fonema do ministro Édison Lo- Campos: Não vejo como, nesse
bão, que trataria de uma especu- espaço de tempo, o PSDB deixar
lação, já desmentida, de uma usi- de ter um papel de relevância e
na nuclear no Estado, a conversa expressão em 2014. Até porque o
com o Valor é a que segue: PSDB ganhou Estados importan-
Campos: “Se você só elevar o juro, pode não ter resposta na inflação e ganhar outros complicadores. É como um remédio que não cura a doença e gera outra ” tes, teve uma vitória em Minas,
Valor: Só se fala em obras nesse em São Paulo, no Paraná. Inega-
país premido pelo gargalo da in- Delúbio Soares? há três anos. É um período muito base não aguenta. Agora, ajustes Campos: Fidelidade partidária velmente não vive um momento
fraestrutura e às vésperas da Co- Campos: Dilma fez a leitura curto para um julgamento. Não é para que ele fique mais racional, é algo que vem da consciência. bom, porque além de perder três
pa. O programa nacional de seu desses valores emergentes com só uma política de bonificação menos cumulativo, que ganhe al- Eu mesmo tive todos os meus eleições seguidas e não construir
partido na TV fala na cultura do grande legitimidade dada a ca- que vai fazer uma escola funcio- guma atualidade, dá. Desonerar mandatos em um só partido. E uma unidade interna, mais grave
fazer. Não tem cimento demais e minhada dela e de muitas pes- nar de forma adequada. Tem vá- folha de pagamento, não permi- não é porque está na lei. Não é ainda é não encontrar o mote, o
massa cinzenta de menos nesses soas do próprio PT. Quem a co- rios outros mecanismos como tir incentivos fiscais de ICMS nas uma questão de discutir de for- conjunto de ideias que reúna as
investimentos? nhece sabe que esses valores rea- qualificação, conteúdos que des- importações, por exemplo. Ago- ma isolada. O fato é que houve pessoas e que possa despertar
Eduardo Campos: O Brasil pre- firmados depois das eleições ela pertem maior interesse, jogos ra, se for discutir se o imposto é transformações no país que vão atenção no país. As grandes vitó-
cisa, sim, seguir acumulando as sempre os teve. Agora, uma coisa educativos, suplementação de sobre consumo ou renda, aí nem se expressando na cena política. rias nas lutas políticas não foram
condições de aproveitar a janela é um movimento que ela faz, ou- aula à distância. Um dia você vai os partidos historicamente pró- Essas mudanças econômicas, po- construídas do Brasil oficial para
demográfica que nos dê, nos pró- tra coisa é o do partido. poder fazer uma pesquisa para ximos da presidente aguentam líticas e sociais também se ex- o real, mas da rua para o mundo
ximos 20 a 30 anos, a possibilida- Valor: O senhor reconhece que saber o que ajudou mais. E até a fazer esse debate. pressam no quadro partidário. O oficial dos partidos e do Parla-
de de acumular riqueza para su- não são movimentos que cami- influência da chegada de uma Valor: O senhor acredita que a PSDB não existiria se houvesse fi- mento. A própria vitória que o
portar um ciclo de crescimento nham na mesma direção? geração que teve oportunidade necessidade de contemplar uma ba- delidade partidária, pois todo PSDB teve com FHC veio da rua,
com qualidade de vida para os Campos: São movimentos que de passar por creche e foi alfabe- se tão heterogênea pode acabar ini- mundo saiu do PMDB. O PT não que sentia a estabilidade econô-
que, daqui a pouco, entrarão na caminham em direção contrária, tizada no tempo certo. Nenhum bindo o governo? teria surgido se não tivesse a mica mudar a vida de pessoas
terceira idade. Isso nos impõe mas ela tem responsabilidade so- projeto isoladamente consegue Campos: Ela não está contem- anistia e as pessoas não pudes- que tinham seus salários corroí-
uma preocupação de política bre os movimentos que faz e so- resolver o desafio da educação. plando, pelo contrário. Ela vai sem sair de partidos clandestinos dos pela inflação, de um momen-
econômica e de desenvolvimen- bre a Presidência. E cabe aos diri- Valor: O senhor se filia aos que precisar contemplar se ficar e de juntarem com outros, que to de crescimento de consumo,
to social, um olhar na educação, gentes do PT explicarem porque acreditam que as medidas macro- mandando muita coisa. Se ela vieram do MDB, e formar um no- ou seja, veio de um fato relevante
na inovação tecnológica, na pes- levaram Delúbio de volta. prudenciais podem servir no comba- mandar o que passa naquele vo partido. O PSDB e o PT nasce- na vida do povo, que despertou a
quisa aplicada, que possa resul- te à inflação ou acha que a política Congresso, e o que vocês, na im- ram de um oportunismo? Não. atenção para um candidato que
tar em um aumento da produti- monetária está arriscando demais? prensa, vão apoiar, o que as enti- Nasceram de um processo histó- nunca tinha disputado a Presi-


vidade. O gargalo de infraestru- Dilma acenou Campos: Não vejo nenhuma dades representativas da socie- rico e de circunstâncias que se dência e ganhou do Lula duas ve-
tura já está sendo enfrentado. aos valores que mudança substancial na política dade vão apoiar, pode ser coisa colocaram diante de um conjun- zes. Então o desafio do PSDB e da
Demora, mas ele é conhecido, monetária, a não ser no campo singela, mas dá pra ser feito, é o to de políticos e personalidades. oposição, hoje, é não ficar só en-
tem soluções e precisa mais de
emergiram em da especulação. A equipe do Ban- que é possível. frentando governo. O que pro-
dinheiro do que de conhecimen- 2010, mas o PT co Central é praticamente a mes- Valor: E o que é possível ser feito põe a oposição para o país ser


to e técnica. Mais de espaço fiscal, foi na mão ma. Saiu um presidente, ficou para não levantar essas demandas O texto de FHC melhor? A última eleição, que foi
de modelos de financiamento al-
inversa um indicado pelo que saiu. A in- que paralisariam o governo? é um esforço uma oportunidade para isso, se
ternativos, concessão, PPP e mais flação não é brasileira, mas glo- Campos: Acho que tem que discutiu mais o aborto e a fé cris-
PAC. Mas, no centro do projeto refiliando bal. Há um contingente de pre- cravar um pensamento sobre
de um tã do que se a inflação poderia
de país está o investimento em Delúbio” ços administrados por regras, duas reformas: tributária e polí- intelectual e voltar, se o país podia crescer
inovação. Porque parte desse in- ainda do processo das privatiza- tica. Todo mundo fala sobre elas político mais, se o SUS está subfinanciado
vestimento em massa cinzenta ções, que fazem com que os servi- e nada acontece. Você deveria ou mal administrado. Esse deba-
vai fazer com que a gente dê qua- Valor: No que sua posição sobre ços estejam subindo acima dos pautar para 2022, que é uma da-
experiente para te ficou por ser feito.
lidade ao gasto público. Essa essa necessidade de se atingir a produtos marcados pela deman- ta símbolo para o Brasil, chegar rearranjar a Valor: O senhor concorda que
massa de brasileiros que estão as- classe média difere do que defendeu da. Estamos em uma escalada de com as reformas tributária e po- oposição” não há sinais no PSDB de que essa
cendendo socialmente não é a o ex-presidente Fernando Henrique juros há quatro meses, a inflação lítica feitas. Que não é só uma re- crise possa ser debelada até 2014?
expressão da classe média que Cardoso no artigo em que ele suge- de demanda já projeta conver- forma eleitoral: é uma reforma Se essa crise não se reverte até
estamos acostumados a lidar. riu à oposição que se voltasse para gência para o centro da meta, e de como o Estado se organiza, se Valor: E o PSD nasce de que pro- 2014, e essa força política que hoje
Eles continuarão a precisar do essa camada da população? temos aí um outro problema: na relaciona com a sociedade, como cesso histórico? está se aglutinando em torno do
serviço público, diferente da Campos: Você tem duas formas hora que o juro real sobe para ser funciona o Poder Judiciário, Campos: O PSD nasce de um PSB e do PSD ganhar corpo, não cor-
classe média tradicional, que fu- de discutir o documento: pin- efetivamente o mais alto do quais os principais códigos de processo que é assemelhado ao re o risco de vocês virem a tomar o
giu da escola, do SUS e até da se- çando uma frase e fazendo uma mundo, com o conceito que o processo no Brasil. que o PDS nasceu. Esgotou-se a lugar deles?
gurança pública. Eles ascende- luta política ou pegando todo o Brasil ganhou lá fora, você en- Valor: O PSB apoia o voto em lis- Arena como partido majoritário. Campos: O PSDB não devia
ram não por obra e graça do espí- texto, como eu peguei duas ve- frenta uma entrada de dólar que ta proposto pelo PT? Uma parte sai para o PP, com um olhar para 2014, porque o jogo
rito santo, não foi por favor, foi zes, e vendo que ali está um esfor- deprecia o câmbio e que se, por Campos: Não. Acho que a lista bloco que vinha do MDB mais para 2014 está, de certa forma,
por muita luta. Sabem que preci- ço orgânico de um intelectual e um lado, ajuda no combate à in- tem que ser arrumada pelo povo. moderado. Aí você tinha o PDS jogado. Normalmente, o gover-
sam se capacitar senão recuam. militante político experiente, flação, por outro ajuda a destruir É mais democrático do que se com uma nova roupagem para no que se sai bem, que faz o dever
Valor: Antes da posse da presi- pensando como rearranjar a a indústria. Então, você tem que nós dirigentes partidários fizer- disputar a eleição de 1982. O de casa, se reelege. Então, nada
dente Dilma Rousseff, o senhor afir- oposição. Eu não vi ninguém da fazer, a um só tempo, movimen- mos o papel da sociedade. Não PDS se inviabiliza com o fim do indica que a presidenta Dilma
mou que ela precisaria fazer um oposição fazer um esforço des- tos que equilibrem os preços re- concordo. Agora, mandato de regime militar. Sai uma tropa não chegue a 2014 em condições
apelo à classe média... ses. E com uma visão estratégica lativos e que segurem a inflação cinco anos, fim da reeleição, para formar o PFL, para garantir de ser reeleita. Se ela, por acaso,
Campos: Ela fez. Com impren- correta. Há um novo Brasil, cons- sem depreciar o câmbio demais e coincidência de eleições de todos a transição democrática, apoiar dissesse que não quer mais dis-
sa, política externa, direitos hu- truído por todos nós, por avan- manter o crescimento em torno os níveis no mesmo ano, são coi- o Tancredo Neves. Esse mesmo putar eleição, ela tem ao lado al-
manos, valores... A eleição de ços que aconteceram nos gover- dos 4%. É isso que se está tentan- sas que o PSB já amadureceu um PFL viabiliza uma aliança com guém que diz que se dispõe, que
2010 foi muito despolitizada. Do nos FHC e Lula que mexeram na do fazer. Se você só elevar o juro, debate em torno. Fernando Henrique para a Presi- é presidente Lula. O PSDB deveria
jeito que ela foi tocada — e aí eu desigualdade. Isso transformou pode não ter resposta na inflação Valor: E o fim das coligações? dência. Ganha o Lula e o PFL se olhar ao longe e fazer um proces-
não quero fazer nenhum juízo de a realidade e ninguém pode e ganhar outros complicadores. Campos: Era um ponto para vê na oposição pela primeira so de reconstrução de relações
valor, porque está no fato, vocês transformar o que vem adiante É como um remédio que não cu- ser apreciado, mas fazer uma re- vez. E aí, vê que suas principais com a sociedade que vão além da
relataram —, o fato é que ela não se não compreender o que hou- ra a doença e gera outra. forma só para o fim das coliga- lideranças saíram da cena majo- crítica. Hoje só o embate, só a crí-
legou para o pós-eleição o debate ve. Quem mais precisa compre- Valor: A presidente tem um ções, aí não seria reforma. Aí é só ritária e era necessária uma re- tica eu não vi vencer eleição ne-
de projetos que ficaram. A dispu- ender? Quem ganhou ou quem apoio histórico no Congresso. A o jogo eleitoral dos grandes par- novação para ocupar espaço en- nhuma no Brasil. A crítica é um
ta não legou um pensamento pa- perdeu? Quem perdeu! Caso agenda do governo no Congresso tidos ou dos médios partidos. tre os formadores de opinião e instrumento importante, mas
ra ser disputado. O único pensa- contrário não encontra o cami- reflete essa base? A agenda não é Valor: O que se faz para tirar do ter um projeto de poder. Esse tem que ter a proposta. Se fica no
mento que se expressou foi o da nho de ganhar. A Dilma rapida- pouco ambiciosa frente à facilidade Judiciário essa prerrogativa de le- projeto fica inconcluso, não se debate sobre se o presidente po-
candidatura Marina, onde uns mente leu as posições que saíram que se tem para a aprovação? Qual gislar a política, a chamada judicia- projeta pela aliança com o PSDB. de ou não editar medida provisó-
colocavam a sustentabilidade, das eleições e se aproximou de seria a sua agenda prioritária? lização da política? Então um conjunto de forças, ria — tendo sido governo e edita-
outros os direitos humanos, ou- valores que estavam sendo ques- Campos: É uma faca de dois gu- Campos: Quem tem que legis- vendo a falta de perspectiva na- do todas as medidas provisórias.
tros da ocupação dos cargos pú- tionados. A oposição demorou a mes. Ela vai ter mais objetividade lar é o Congresso. É uma respon- quele caminho, resolve dar uma Esse debate encanta alguém que
blicos. Então, era o voto de quem fazer. Precisou o Fernando Henri- nessa agenda, até aprendendo sabilidade de nós, dirigentes par- guinada, com pessoas que pos- está lá na feira de Caruaru?
não queria negar os avanços de que escrever o texto. Ele foi mal com as experiências dos governos tidários, e dos parlamentares. sam se aproximar do projeto de Valor: Como o senhor acha que
Lula, mas também não queria interpretado em uma frase e o que sucede. Ela tem uma base lar- Desde que começamos o proces- governo que está três vezes vito- será o desempenho do INDG, do Jor-
dar uma vitória no 1 o turno. A debate não prosseguiu. ga, mas essa base não é para votar so de abertura política no Brasil, rioso e do qual participam for- ge Gerdau, no governo Dilma? Na
presidente, eleita, fez uma leitura Valor: O senhor cultiva a ideia da tudo e qualquer coisa. Se for para toda eleição tinha uma lei nova. ças que se assemelham do ponto Funasa, por exemplo, o PMDB vai
rápida dos resultados, viu esses meritocracia na gestão pública. Na votar contra interesse da própria Agora tem uma resolução nova. de vista de pensamento, de ca- deixar mexer?
valores e aproximou-se deles, educação, um dos subprodutos é a base, em alguma medida essa ba- Nesse aspecto, retroagimos. Pre- minhada e de prática política. Campos: Vai ser como foi aqui,
com os quais ela tem identidade bonificação de professores. Esse te- se vai querer interferir na forma- cisamos ter uma lei que estruture Esse conjunto que sempre esteve na segurança pública. Daqui a
histórica. Daí vem uma certa sur- ma está em crise nos EUA, de onde ção do governo. o processo eleitoral brasileiro. participando do governo, ao ca- pouco você encontra uma turma
presa positiva de muita gente se originou, e em São Paulo. E em Valor: Quais os temas seriam Valor: A cada tentativa de amarrar bo de oito anos fora dele resolve que se encanta, que acha bom, bo-
que sequer votou nela. Pernambuco, qual a avaliação que sensíveis para fraturar essa base? o sistema político, a própria política dá mudar pra ser o que eles sempre nito, quer saber mais. Aí você vai se
Valor: O partido da presidente se faz hoje do programa? Campos: Uma reforma tributá- um jeito de desamarrar. A criação do foram: base de governo. juntando, animando as pessoas e
está imbuído desses valores a partir Campos: Estamos seguindo. ria que vá alterar a estrutura e a PSD não é uma resposta da política ao Valor: Voltar para onde nunca quando vê, conseguiu a maioria.
do momento em que reincorpora Temos o programa implantado lógica do sistema tributário essa instituto da fidelidade partidária? gostariam de ter saído... Quem resistir, ela [Dilma] tira.

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