Sunteți pe pagina 1din 3

REESTRUTURANDO A BATUCADA

A transmigração do Quicumbi rumo ao estilo hoje referido genericamente como


samba foi responsabilidade exclusiva dos músicos negros profissionais das
bandas sinfônicas. Entusiastas dos ritmos de apelo exclusivamente popular: o
maxixe, o lundu, o choro o tango, e a onipresente modinha muito estimados
pelas camadas mais baixas da população. Onde também se ouviam e bailavam
chamarritas e fandangos de marcada influência ibérica, ritmos apreciados nos
cabarés à margem do Jacuí onde tais músicos por necessidade e divertimento
exerciam com muito maior liberdade sua profissão animando o ambiente nas
noitadas de "função".

De uma maneira ou outra essas ocorrências pontuais - de músicos profissionais


que fora do âmbito das bandas enveredavam pela informalidade da música
popular, concorreram diretamente para que se avolumasse no seio do povo o
desejo de retornar à folia das ruas. O retorno, a volta ao samba propriamente
dita encerrou o propósito fundamental de reafirmar a identidade perdida
mediante a vigência do preconceito e da segregação impostos também pela
condição social dos indivíduos além de sua cor. Resistir ao achincalhe,
expressar-se, dar vazão à todas as frustrações, extravasar na música, no canto e
na dança a enorme demanda de alegria reprimida, foi passo decisivo para
negros, brancos pobres e mestiços organizados suportarem a opressão de uma
sociedade hostil a suas presenças. E, até hoje, indiferente a profundidade
cultural, à riqueza milenar da cultura afro-riograndense. Cultura essa cujas
manifestações folclóricas foram toleradas no tempo da escravidão como medida
para suavizar a pressão a que eram submetidos os escravos. Manobra de
provado sucesso usada como válvula de escape. Alívio de tensões entre escravos
e senhores. Contudo, essa tradição popular espontânea que personificada nos
Ternos de Promessa de Quicumbis, Entrudo, Bumba Meu Boi, Reisado, etc., era
encorajada pela sociedade cachoeirense quando e como lhe convinha, em
momento algum ao longo a história dessa comunidade foi completamente
entendida ou aceita por ela. Justamente porque sua motivação calcada na
sabedoria do povo (folk lore) sempre esteve adiante da razão presumida - única
e simplesmente o divertimento, com que a socieade cachoeirense (e centro
riograndense) quis ou pôde enxergar essas manifestações. Sem a capacidade
intelectual de reconhecer nelas o cabedal das tradições milenares gravado no
inconsciente coletivo, na psique do povo.

Atualmente o Quicumbi resiste, ainda que diluído sob a influência de vários


ritmos e estilos do folclore musical afro-riograndense em localidades como
Tavares, Mostardas e Osório - região litorânea do RS, e Rincão dos Negros ( ou
Rincão dos Panta1, comunidade descendente de escravos), interior do município
de Rio Pardo, região central do estado.

Quanto a estrutura rítmica atual dos Quicumbis originais, ela alterou-se através
dos anos. Devido a fatores de ordem externa como a dinâmica do folclore,
empréstimos feitos a outras tradições, e, sobretudo, a perda de elementos,
esvaziamento cultural em consequência de desgaste sofrido ao longo do tempo.
A preservação do estilo do Quicumbi aos moldes de quando apareceu seria
impossível.

Acréscimos exóticos a instrumentação original composta apenas de


instrumentos percussivos são anotados em Cachoeria já em 1907. Rabeca e gaita
(acordeom) são presenças observadas no corpo instrumental. Posteriormente,
Luciana Prass em seu trabalho de pesquisa etnomusical Tambores do Sul
registra em áudio e vídeo os festejos de um Quicumbi já abastardado ocorrido na
localidade de Rincão dos Negros, interior do município de Rio Pardo. Essa
comunidade trata-se de um Mocambo formado por descendentes de escravos
fugidos. O Quicumbi registrado por Luciana apresentou em seu conjunto
instrumental violão e gaita. Por consequência supomos que a execução do
Quicumbi, naquela comunidade, ora imiscuído por ritmos e tradições estranhos
a si seja muito diferente do que fora nos primórdios dessa tardição em
Cachoeira e Rio Pardo. Distinto até dos festejos registrados por J.C. Paixão
Côrtes na década de 1950 em Bom Retiro do Sul, Mostardas e Tavares.
notes

1
Rincão dos Panta é nomenclatura emprestada da família Panta, a quem pertencem as terras
desse antigo Mokambo, como é preferível classificar o reduto de descendentes de escravos
fugidos que não se constituiu num acampamento guerreiro, termo etmologicamente adequado
à palavra Qilombo.

S-ar putea să vă placă și