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TRATAMENTOS TÉRMICOS DE AÇOS-FERRAMENTA

Introdução
Breve resenha histórica
Os aços-ferramenta são uma gama de aços extremamente antiga que constitui provavelmente a forma mais antiga de
utilização dos metais ferrosos. A descoberta dos aços remonta a 1000 a.C., datando de então a constatação do efeito
endurecedor assegurado não só pela absorção de carbono pelo ferro, mas também pela acção do aquecimento seguido de
arrefecimento brusco (têmpera).
Cerca de 350 a.C. surge na Índia, e talvez ainda antes na China, o ferro de fusão: ferro extraído do minério por meio de
fornos cujo funcionamento era semelhante ao dos actuais altos-fornos. O bloco esponjosos obtido era martelado para libertar as
escórias sendo depois refundido em pequenos cadinhos que se deixavam arrefecer lentamente.
Os aços de Damasco eram já verdadeiros compósitos formados de camadas alternadas de aço duro e aço macio ligadas
entre si por soldadura e forjagem.
Na Idade Média sofreu-se um retrocesso e fabricava-se de novo o aço aquecendo-se o ferro em contacto directo com
materiais carbonados. O enriquecimento em carbono tinha lugar unicamente à superfície. Para se obterem materiais duros com
um certo volume forjava-se em conjunto uma grande quantidade de pequenos bocados de aço enriquecido em carbono.
Só em meados do século XVII (1740) é que Huntsman redescobriu a fusão do aço. Fundindo num cadinho pequenos
pedaços de ferro enriquecido em carbono obtém então um bloco de aço homogéneo e que endurece uniformemente.
No início do século XIX apareceu pela primeira vez a elaboração por mistura em cadinho, antes da fusão, de ferro materiais
carbonados e, mais tarde, de guza. No entanto, só em 1820 é que Karsten mostrou que a diferença entre ferro, aço e guza(ferro
fundido) residia no teor em carbono.
Em 1868 R. Mushet descobriu que a adição de tungsténio ao aço permitia endurecê-lo após aquecimento sem que houvesse
necessidade de o temperar. Depressa se reconheceu que este tipo de aço resistia muito melhor ao desgaste e que, no caso das
ferramentas de corte, mantinha o fio de corte mesmo depois de tempos de serviço mais longos. Foi, no entanto, necessário
esperar mais vinte e cinco anos para se constatar que este aço (com uma composição aproximada de 2% C, 2,5% Mn e 7% W)
tinha uma dureza a quente muito mais elevada e que suportava um aumento sensível das velocidades de corte. Tinha então
surgido o primeiro aço rápido.
A ideia da adição de crómio ocorreu a Holtzer em 1878, mas muito havia ainda a fazer no domínio dos tratamentos
térmicos. Julgava-se então que este aço não suportaria o aquecimento acima de 900 ºC; foi com as experiências de Taylor no
final do século XIX que se descobriu que este aço ao crómio em vez de ver as suas propriedades degradarem-se a altas
temperaturas, melhorava de tal modo as suas características que permitia atingir velocidades de corte consideradas muito
elevadas para a época (10 m/min).
No início do século XIX Taylor e White recomendavam um aço com 1,85% C, 4% Cr e 8% W para logo a seguir
aconselharem uma descida do teor em carbono para 0,7% acompanhada de um aumento do teor em tungsténio para 14%.
Estava assim criada a base dos aços rápidos actuais.
Depois de 1900 os progressos efectuados no domínio dos aços rápidos estenderam-se a todos os aços-ferramenta. Em 1920,
o número de qualidades disponíveis nos Estados Unidos era igual a 12 e a maior parte de entre elas continuam ainda hoje a ser
fabricadas. É o caso particular dos aços de trabalho a quente contendo crómio ou tungsténio bem como dos aços de trabalho a
frio contendo manganés, tungsténio, crómio e vanádio. No caso dos aços rápidos a dureza a quente aumentou
significativamente através da adição de cobalto em quantidades que podem ir até cerca de 10%.
De entre as evoluções importantes por parte da composição química após a Primeira Guerra Mundial é de assinalar a
introdução do molibdénio nos aços com 5% de crómio para satisfazer os problemas de temperabilidade e aparecimento dos
aços grafíticos e dos aços com endurecimento estrutural para resolver problemas de maquinabilidade. É igualmente de
salientar, durante este período, a utilização cada vez maior do molibdénio em substituição do tungsténio nos aços rápidos. Esta
tendência que se acentuou no decurso da Segunda Guerra Mundial devido às dificuldades de aprovisionamento em tungsténio,
foi facilitada pelos progressos entretanto alcançados no domínio dos tratamentos térmicos graças à generalização da utilização
de banhos de sais.
Após 1950 os progressos realizados nos aços-ferramenta situam-se sobretudo ao nível das condições de elaboração e de
transformação para afinar a estrutura dos produtos obtidos. Assinale-se igualmente a incorporação de enxofre para responder
aos problemas de maquinagem, estado da superfície das ferramentas e a introdução das qualidades de aços rápidos ditos de alto
carbono, com elevados teores em vanádio e cobalto.
O desenvolvimento rápido da mecanização e a diversificação dos meios empregues para transformar os diferentes materiais
alargaram o domínio de aplicação dos aços-ferramenta o que levou os fabricantes de aços a criar um grande número de
qualidades para responder às solicitações industriais. Esta diversificação não sendo alheia à evolução tecnológica, fica também
a dever-se ao facto de o aço-ferramenta ser usado num grande número de situações, desde as ferramentas manuais, até às
ferramentas de trabalho a quente e às ferramentas de corte.
Na década de 70 identificavam-se as seguintes variedades de aços-ferramenta:
- 76 nos Estados Unidos (norma AISI),
- 82 na Alemanha (documento Werkstoffblätter),
- 87 em França (norma NF A 35-590).

O projecto da estrutura dos materiais


Para uma melhor compreensão da razão de ser das diferentes formas de processamento dos materiais haverá que tomar em
consideração a seguinte relação:
ESTRUTURA ==> PROPRIEDADES ==> APLICAÇÕES
É impossível no estado actual dos nossos conhecimentos prever teoricamente no seu conjunto a influência dos diferentes
mecanismos estruturais sobre as propriedades dos materiais; não existem equações gerais de base. Haverá então que procurar
pôr em evidência os conceitos e os modelos que possam servir de linha de orientação para conceber a estrutura do material que
melhor se adapta a cada necessidade. Com o auxílio de certas equações poderá prever-se o sentido de variação de certas
propriedades ou a sua ordem de grandeza, mas nunca o seu valor exacto (pelo menos no âmbito das situações de interesse
industrial).
Algumas expressões matemáticas bem conhecidas permitem estabelecer relações entre os parâmetros estruturais e a
resistência mecânica das ligas metálicas:
- a lei de Petch

Re = Re0 + ke ⋅ d −1/ 2

põe em evidência a importância do tamanho de grão sobre o limite de elasticidade Re (sendo Re0 o limite de elasticidade
de um monocristal, ke uma constante, d o diâmetro médio dos grãos):
- a lei de variação da temperatura de transição dúctil-frágil Tc em função do tamanho médio dos grãos d :
− 12
Tc = k − β ⋅ d

em que k e β são constantes;


- a fórmula de Ashby:
α . µ . b  D − 2r 
Re = Re' + ⋅ ln 
D − 2r  b 
para as ligas endurecíveis por precipitação, em que Re é o limite de elasticidade de uma liga cuja matriz metálica tem um
limite de elasticidade tem um limite de elasticidade Re’ como resultado de um reforço com precipitados de diâmetro médio 2r
espaçados entre si de uma distância média D ; as deslocações têm um vector de Burgers b , µ é o módulo de corte e α é uma
constante.
Por aqui se vê que os parâmetros estruturais mais relevantes, tendo em vista a maior resistência mecânica, são o tamanho de
grão da matriz metálica e a dimensão e grau de dispersão dos precipitados.
Para aumentar o limite de elasticidade e a dureza haverá que dificultar a deformação plástica; sendo esta produzida por
deslizamento das deslocações nos grãos, convém assegurar as condições que tornem mais difícil esse movimento das
deslocações. O endurecimento pode, nesta perspectiva ser obtido:
- dificultando o movimento das deslocações através da criação de obstáculos que podem ser as próprias deslocações
(aumentando a sua densidade, ou seja, por encruamento resultante da deformação plástica), precipitados (endurecimento por
precipitação) ou limites de grão (aumentando a densidade de limites de grão por unidade de volume através da afinação do
grão);
- estabilizando as deslocações ou repelindo-as através de campos de tensões residuais internas que podem resultar da
presença de (i) átomos estranhos na rede do metal base (endurecimento por solução sólida), ou de (ii) defeitos cristalinos como
as deslocações ou as falhas de empilhamento ou ainda (iii) como consequência da formação de uma nova fase (em que os
factores determinantes poderão ser o grau de coerência precipitado / matriz, a diferença de volume mássico, ou a
sobressaturação, como é o caso da transformação martensítica).
Por fim, resta assinalar que certas estruturas cristalinas são por natureza mais maleáveis que outras (como é o caso dos
materiais com estrutura cúbica de faces centradas) ou, pelo contrário, mais duras como é o caso das fases ordenadas, as fases
intermetálicas e compostos como os carbonetos ou os nitretos.
Infelizmente uma grande parte do ganho em dureza de um material é normalmente acompanhado por um aumento de
fragilidade ou por uma diminuição do alongamento à ruptura. Note-se que os materiais endurecidos por precipitação e
constituídos por uma matriz contínua suficientemente maleável no seio da qual se encontram dispersos os precipitados
endurecedores possuem um alongamento à ruptura satisfatório para o elevado nível de resistência que apresentam.
Nesta ordem de ideias, a resistência ao desgaste pode ser francamente melhorada através de um endurecimento superficial;
este tipo de tratamento pode ir desde os clássicos tratamentos por indução ou termoquímicos (cementação, nitruração, etc.) até
às mais recentes técnicas de deposição de revestimentos ou de tratamento superficial recorrendo a feixes de alta energia (feixe
de electrões, laser, etc.); que não conduza a uma fragilidade excessiva da peça no seu conjunto (o núcleo poderá ser macio).
A tenacidade (vista como resistência à propagação brutal de uma fissura) e a resiliência (vista como capacidade de absorver
energia por deformação antes de atingir a rotura) são normalmente difíceis de correlacionar com parâmetros de natureza
estrutural. A tenacidade e a resiliência andam normalmente a par uma com a outra sendo geralmente tanto mais elevadas quanto
mais reduzido for o teor inclusionar.
Sob solicitação variável com o tempo uma peça pode atingir a rotura (por fadiga) sem que os esforços aplicados
ultrapassem o limite de elasticidade: há iniciação de uma fissura que se propaga em cada ciclo de variação da carga, atingindo-
se a rotura quando a propagação da fissura conduziu a uma diminuição demasiado importante da secção recta. A iniciação da
fissuração pode ser atrasada por um aumento da resistência à ruptura, mas, sobretudo, melhorando o estado de acabamento
superficial das peças e introduzindo tensões de compressão à superfície. A propagação das fissuras (uma vez iniciadas) pode
ser retardada através de uma diminuição do tamanho de grão do material e de um controle do teor inclusionar, do grau de
segregação e do tamanho dos precipitados.
A resistência mecânica a alta temperatura é limitada por fenómenos de fluência, tanto mais significativos quanto maior for a
temperatura (acima de 40 % da temperatura absoluta de fusão). A deformação por fluência faz intervir, graças à difusão de
lacunas, mecanismos de ultrapassagem de obstáculos (por trepa) por parte das deslocações; a coalescência de agregados de
lacunas nos limites de grão pode contribuir para a iniciação da fissuração. Para aumentar a resistência à fluência deverá por
isso:
- aumentar a densidade de obstáculos às deslocações (precipitados, inclusões),
- retardar o escorregamento das deslocações (através da acção repulsiva de campos de tensões induzidas pela presença de
átomos em solução sólida),
- diminuir o número de limites de grão por unidade de volume aumentando o tamanho do grão do material e suprimindo
sobretudo os limites de grão orientados perpendicularmente à direcção da aplicação dos esforços,
- escolher uma estrutura suficientemente estável que não sofra uma evolução apreciável com o tempo; a temperatura de
emprego das ligas resistentes à fluência está sempre limitada por um valor superior que depende do seu modo de
endurecimento.
O comportamento em serviço de componentes metálicos é frequentemente afectado pela corrosão e pela oxidação. Para
além da resistência própria de certos metais e ligas metálicas a este tipo de solicitação, interessa ter em conta as
heterogeneidades de todo o tipo (heterogeneidades de composição química, defeitos estruturais, tensões residuais, etc.) que
mais afectam a resistência à corrosão. É o caso da corrosão intergranular proveniente de uma precipitação preferencial nos
limites de grão e de um empobrecimento em certos elementos de liga nas regiões vizinhas comparativamente com o interior dos
grãos propriamente ditos. Esta forma de corrosão pode ser evitada através de certos tratamentos térmicos, mas pode também ser
provocada por soldadura ou por tratamentos térmicos mal executados. A corrosão sob tensão é como o nome sugere uma forma
de corrosão estimulada pela existência de tensões residuais de tracção à superfície da peça; as ligas metálicas de elevado limite
elástico são particularmente sensíveis a esta última forma de corrosão.
Uma outra forma de ruína de peças metálicas como consequência da sua interacção com o meio envolvente é o desgaste por
atrito, abrasão, cavitação, etc. Este tipo de problema é geralmente combatido através do endurecimento superficial. Sob este
ponto de vista são particularmente interessantes as ligas metálicas onde ocorram fenómenos de endurecimento substancial por
acção da deformação plástica da superfície de desgaste (caso dos aços Hadfield cuja elevada resistência ao desgaste se supõe
estar associada ao facto de a deformação plástica induzida pelo desgaste implicar não só a uma transformação martensítica
parcial, mas também um encruamento da matriz austenítica).
Resistência mecânica − + + + − + − + − − + +
Dureza − + + + + +
Ductilidade / Alongamento + + + + − − −
Resiliência + + + − − − +
Tenacidade + + − − + − − +
Fadiga + + − + − + − − + +
Fluência − + + − −
Utilização a baixas + + − − +
temperaturas
Resistência à oxidação a altas −
temperaturas
Resistência à corrosão e à + − + + − +
oxidação
Propriedades eléctricas +
(isolante/condutor)
Propriedades magnéticas + + + +
Propriedades térmicas
Densidade
Propriedades superficiais + + − +
Estabilidade dimensional + + − − +
Pelo que acima foi resumidamente exposto se constata a importância que assume o "projecto estrutural" de um material de
modo a que este responda mais cabalmente às solicitações de serviço.
Tendo em conta as aplicações da família de aços-ferramenta podem listar-se várias propriedades relevantes para a eficácia
do seu desempenho em serviço:
- dureza superficial elevada, normalmente acompanhada de exigência de alta tenacidade; nalguns casos pretende-se também
que a dureza e a tenacidade subsistam ainda em elevado grau a temperaturas elevadas;
- variação dimensional o mais reduzida possível;
- boa maquinabilidade (normalmente por arranque de apara) e, em particular, a possibilidade de obtenção de acabamento
superficial de elevado grau de perfeição.

Obtenção das diferentes estruturas por tratamentos térmicos


Princípios gerais dos tratamentos térmicos
O cumprimento adequado destas especificações, mesmo que isoladamente umas das outras, exige o conhecimento do tipo
de estruturas que interessa obter e, consequentemente, das formas de processamento que as viabilizam. Este tipo de tarefa
torna-se muitas vezes extremamente complexo se se tiver em conta que várias de entre estas exigências são em larga medida
contraditórias entre si como é o caso da dureza e da tenacidade.
Os tratamentos térmicos constituem uma parte importante das técnicas de alteração estrutural dos aços em geral, e muito
especialmente dos aços-ferramenta, tendo em vista a obtenção das propriedades que melhor se adequam às aplicações previstas.
Para tal haverá que começar por conhecer as transformações no estado sólido dos metais e ligas metálicas recorrendo aos
chamados diagramas de fases ou diagramas de equilíbrio onde num referencial temperaturas - composições é possível localizar
os domínios de existência (em equilíbrio termodinâmico) das diferentes formas estruturais do sistema em questão. Note-se que
os diagramas de equilíbrio nãoo bastam para conhecer todas as possibilidades de transformação no estado sólido pois algumas
de entre elas têm lugar fora das condições de equilíbrio.
Podem distinguir-se dois grandes grupos de transformações no estado sólido:
(i) as transformações associadas a modificações da estrutura cristalina ou da estrutura atómica, como é o caso das
- transformações alotrópicas nos metais puros;
- transformações do tipo eutectoide ou peritectoide;
- precipitação de uma fase que se torna, a partir de uma certa temperatura, sobressaturada; ou redissolução de um
precipitado;
- transformação ordem-desordem;
- transformação magnética correspondente a uma alteração da estrutura atómica, sem moddificação da estrutura
cristalina;
(ii) as transformações associadas a uma evolução progressiva da liga ou da sua morfologia sem alteração da estrutura
cristalina, como sucede com
- a homogeneização de composição química,
- a relaxação ou alívio de tensões residuais,
- a diminuição da densidade de defeitos por recuperação e recristalização,
- a formação de uma textura (orientação preferencial),
- o crescimento de grão,
- a globulização de certos precipitados.
Os mecanismos destas transformações que controlam a sua evolução são frequentemente sensíveis à micro-estrutura das
fases presentes; o aparecimento, por exemplo, de uma nova fase no seio de outra ocorre preferencialmente nos limites de grão
ou junto de outros defeitos como as deslocações ou as falhas de empilhamento; sucede também frequentemente que a nova fase
se forma apresenta uma dada orientação cristalográfica bem definida com a fase-mãe.
Cada transformação depende de um mecanismo em que a temperatura a que se produz desempenha um papel fundamental.
Várias transformações são activadas termicamente (difusão, crescimento de grão, coalescência de precipitados, etc.).
Inversamente, um abaixamento muito rápido da temperatura pode inibi-las por completo: é o princípio das têmperas. Outras
alterações estruturais, ditas atérmicas, têm uma cinética tal que o avanço da transformação só depende da variação da
temperatura: os mecanismos em jogo não estão dependentes do factor agitação térmica.
Por outro lado, o mecanismo de certas transformações é tal que podem ser facilitadas pela aplicação de tensões ou de
deformações plásticas, como é o caso das transformações martensíticas.
Os parâmetros que se podem manipular para a realização de tratamentos térmicos serão então os que condicionam a
existência das diferentes fases de uma mesma liga, as transformações entre si e os mecanismos destas transformações. O papel
da temperatura e do tempo de duração do tratamento está fortemente dependente dos seguintes aspectos:
- composição química global da liga,
- heterogeneidades químicas locais à escala da micro-estrutura,
- heterogeneidade química à escala das dimensões de uma peça (enriquecimento ou empobrecimento em certos
elementos, ou macro-segregação),
- textura ou orientação preferencial,
- atmosfera ou meio de tratamento tendo em vista evitar ou favorecer modificações de composição superficial,
- velocidades de aquecimento e de arrefecimento (fortemente dependentes do tamanho das peças, da difusividade
térmica do material e, sobretudo, das transformações que se pretende induzir),
- profundidade de penetração do aquecimento (para os tratamentos térmicos superficiais),
- complexidade do ciclo térmico, fazendo intervir múltiplas combinações de aquecimentos, patamares e arrefecimentos,
- garu de encruamento e correspondente densidade de defeitos estruturais,
- tensões residuais internas ou superficiais,
- tensões ou deformações aplicadas durante o tratamento,
- campo magnético aplicado (durante o tratamento de certos magnetos).

As grandes classes de tratamentos térmicos


Existe uma grande variedade de tratamentos que podem ser classificados em térmicos, termoquímicos, mecânicos e
termomecânicos. Iremos ocupar-nos unicamente dos tratamentos térmicos. Dentro destes podem distinguir-se os recozimentos,
as têmperas e os revenidos.
O papel principal de um recozimento é o de conferir a uma liga metálica uma estrutura o mais próxima possível da sua
estrutura de equilíbrio.
Os recozimentos têm as seguintes consequências sobre a estrutura do material:
- homogeneização tanto do ponto de vista químico como morfológico; é o caso das peças brutas de fundição onde
existem frequentemente importantes heterogeneidades de composição química, ao mesmo tempo que se está perante
uma grande diversidade de forma e dimensões dos grãos;
- modificação da micro-estrutura por coalescência de um precipitado ou por afinação do tamanho do grão;
- restauração da micro-estrutura de um material após encruamento, soldadura ou um qualquer tratamento térmico
anterior;
- diminuição das tensões internas.
Estas alterações estruturais têm normalmente por objectivo:
- o amaciamento que favoreça a enformação por deformação plástica ou por maquinagem,
- a preparação do material para um outro tratamento térmico,
- a estabilização de uma estrutura tendo em vista, por exemplo, a estabilidade dimensional de uma peça.
A designação do recozimento é frequentemente dada em função do objectivo visado (homogeneização, regeneração,
normalização, globulização, recristalização, amaciamento, relaxação, desgaseificação, etc.) ou das condições escolhidas para o
efectuar (em caixa, contínuo, isotérmico, brilhante, branco, negro, azul, etc.).
A outra classe de tratamentos importante é a das têmperas. Neste caso, contrariamente ao recozimento, pretende-se obter
uma estrutura não de equilíbrio. Os diferentes tratamentos de têmpera baseiam-se nos seguintes princípios:
- conservar a mais baixa temperatura uma fase que só é estável a temperaturas muito mais altas e que, na sequência de um
arrefecimento muito rápido, não tem tempo de evoluir para a sua forma de equilíbrio,
- evitar certas transformações conducentes a estruturas mais próximas do equilíbrio de modo a viabilizar a transformação
em estruturas não de equilíbrio.
Os objectivos das têmperas são os seguintes:
- criar uma situação de sobressaturação para aumentar a resistência mecânica ou para preparar para um endurecimento
posterior por envelhecimento e que é a base do tratamento de endurecimento por precipitação de um grande número de
ligas,
- obtenção de uma estrutura não de equilíbrio cujas propriedades sejam mais favoráveis que as da estrutura de equilíbrio,
quer por conservação da fase inicial (austenite retida por hipertêmpera num aço inoxidável, p. ex.), quer por transformação
fora de equilíbrio (martensite, p. ex.).
A última classe de tratamentos compreende os revenidos que têm por objectivo permitir que a estrutura não de equilíbrio
obtida por têmperauma evolua para um estado mais próximo do equilíbrio. Os revenidos podem ter os seguintes objectivos:
- endurecimento por precipitação a partir de uma solução sobressaturada ou de uma fase meta-estável obtida por têmpera,
- amaciamento de uma fase demasiado frágil obtida por têmpera,
- relaxação das tensões residuais de têmpera sem evolução estrutural.

Sumário
Na exposição que se segue procurar-se-à pôr em evidência os aspectos de natureza estrutural que mais fortemente
condicionam as propriedades dos aços-ferramenta e o seu posterior comportamento em serviço.
Comeca-se por uma abordagem muito genérica de aspectos que se prendem com a Metalurgia Física dos aços. A análise das
transformações alotrópicas do Ferro terá como intenção a apresentação das diferentes estruturas cristalinas do elemento base
das ligas ferrosas com especial ênfase para o problema da variação volúmica associada às transformações estruturais. Passar-se-
à em seguida ao diagrama Fe-C (mais propriamente ao diagrama meta-estável Fe-Fe3C que é o que interessa ter em conta no
estudo das transformações mais relevantes no domínio dos aços); este diagrama permitirá apresentar as diferentes formas
micro-estruturais de equilíbrio (ou próximas do equilíbrio) possíveis de ser encontradas. As transformações em condições não
de equilíbrio, tão importantes para a grande maioria dos tratamentos térmicos, serã tratadas de modo a conduzir à introdução
dos diagramas TTT; a fechar este capítulo é feita uma breve descrição dos principais métodos de detrminação de diagramas
TTT.
Na sequência desta abordagem dos aspectos de natureza micro-estrutural, passa-se a um capítulo sobre a temperabilidade
dos aços. O conceito de temperabilidade será então definido e apresentar-se-ão os principais métodos de quantificação deste
parâmetro. Analisar-se-à o efeito dos elementos de liga sobre a temperabilidade de modo a poder compreender o papel que a
composição química desempenha relativamente à reacção dos aços aos tratamentos térmicos. A terminar este capítulo surge
uma apresentação de modelos que permitem melhor compreender os factores mais determinantes nas diferentes transformações
de fases, ao mesmo tempo que se ganha alguma capacidade de prever os resultados de certos tratamentos.
O terceiro e último capítulo diz respeito aos tratamentos térmicos mais frequentemente utilizados nos aços-ferramenta:
recozimentos, têmpera e revenido. São depois apresentados os meios técnicos mais frequentemente utilizados em tratamentos
térmicos para o aquecimento e arrefecimento; é também feita uma apresentação genérica dos aspectos mais relevantes sobre a
transmissão de calor em tratamentos térmicos. Dada a importância de que se revestem são em seguida descritos os estados de
tensões e de deformações bem como os mecanismos que estão na sua origem. Este capítulo termina com uma referência aos
principais tipos de problemas em tratamentos térmicos de aços-ferramenta, com indicação das suas possíveis origens bem como
das eventuais medidas preventivas e/ou correctivas.

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