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Comentário
O tema exigiu que o candidato abordasse a questão da preservação da
língua portuguesa diante da questão dos estrangeirismos e dos
empréstimos lingüísticos.
Nos três textos de apoio, há alusões ao uso da língua como instrumento
de dominação cultural: no primeiro, o deputado Aldo Rebelo afirma que
"a dominação de um povo sobre outro se dá pela imposição da língua";
Celso Cunha diz que um povo não-criativo está condenado "à condição
de mero usuário de criações alheias" e o texto da Folha de S. Paulo
exemplifica os alemães (e os franceses) como um povo "menos
vulnerável à influência", mas que corre o risco de radicalizar suas
posições.
A partir disso, o candidato poderia abordar o tema de diferentes formas:
a xenofobia lingüística que poderia causar certo pedantismo; a sutil
dominação de um povo pelos "empréstimos" lingüísticos ou a utopia de
se pretender uma língua "pura" sem influências estrangeiras. Seria
importante ressaltar que a própria língua portuguesa, como outras
línguas modernas, não são "puras" e as trocas lingüísticas podem e
devem ser pensadas, mas sem o caráter de aculturação que tendem a
assumir e/ou, principalmente, sem a perda da identidade cultural.
DISSERTAÇÃO
Como você avalia a jovem geração brasileira que constitui a maioria dos
que chegam agora ao vestibular? Situada, em sua maior parte, na faixa
etária que vai dos dezesseis aos vinte e um anos, que características
essa geração apresenta? Que opinião você tem sobre tais
características?
Fuvest 1998
A partir da leitura dos textos abaixo, redija uma DISSERTAÇÃO em
prosa, discutindo as idéias neles contidas.
(...)
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de conviver.
(Carlos Drummond de Andrade)
Fuvest 1997
Texto 1
Na prova de Redação dos vestibulares, talvez a verdadeira questão seja
sempre a mesma: "Conseguirei?". Cada candidato aplica-se às reflexões
e às frases na difícil tarefa de falar de um tema A proposto, com a
preocupação em B – "Conseguirei?" –, para convencer um leitor X.
Texto 2
Ao escrever "Lutar com palavras / é a luta mais vã. / Entanto lutamos /
mal rompe a manhã", Carlos Drummond de Andrade já era um poeta
maior da nossa língua.
Texto 3
É difícil defender,
só com palavras, a vida
[João Cabral de Melo Neto]
Fuvest 1996
Texto 1
Entre os Maoris, um povo polinésio, existe uma dança destinada a
proteger as sementeiras de batatas, que quando novas são muito
vulneráveis aos ventos do leste: as mulheres executam a dança, entre
os batatais, simulando com os movimentos dos corpos o vento, a chuva,
o desenvolvimento e o florescimento do batatal, sendo esta dança
acompanhada de uma canção que é um apelo para que o batatal siga o
exemplo do bailado. As mulheres interpretam em fantasia a realização
prática de um desejo. É nisto que consiste a magia: uma técnica ilusória
destinada a suplementar a técnica real.
Mas essa técnica ilusória não é vã. A dança não pode exercer qualquer
feito direto sobre as batatas, mas pode ter (como de fato tem) um efeito
apreciável sobre as mulheres. Inspiradas pela convicção de que a dança
protege a colheita, entregam-se ao trabalho com mais confiança e mais
energia. E, deste modo, a dança acaba, afinal, por ter um efeito sobre a
colheita.
[George Thomson]
Texto 2
A ciência livra-nos do medo, combatendo com respostas objetivas esse
veneno subjetivo. Com um bom pára-raios, quem em casa teme as
tempestades? Todo ritual mítico está condenado a desaparecer; a função
dos mitos se estreita a cada invenção, e todo vazio em que o
pensamento mágico imperava está sendo preenchido pelo efeito de uma
operação racional. Quanto à arte, continuará a fazer o que pode:
entreter o homem nas pausas de seu trabalho, desembaraçada agora de
qualquer outra missão, que não mais é preciso lhe atribuir.
[Hercule Granville]
Fuvest 1995
Relacione os textos e a imagem seguintes e escreva uma dissertação em
prosa, discutindo as idéias neles contidas e expondo argumentos que
sustentem o ponto de vista que você adotou.
Todos são livres para dançar e para se divertir, do mesmo modo que,
desde a neutralização histórica da religião, são livres para entrar em
qualquer uma das inúmeras seitas. Mas a liberdade de escolha da
ideologia, que reflete sempre a coerção econômica, revela-se em todos
os setores como a liberdade de escolher o que é sempre a mesma coisa.
T.W. Adorno
Fuvest 1994
"Tevê colorida
fará azul-rósea
a cor da vida?"
(Carlos Drummond de Andrade)
Fuvest 1993
O trecho a seguir do conto "A Igreja do Diabo", de Machado de Assis,
descreve a necessidade que o homem teria de regras que lhe digam o
que fazer e como se comportar. Uma vez conseguido isso, ele passaria a
violar secretamente as normas que tanto desejou.
Escreva uma dissertação que analise esta visão que o autor tem do
comportamento humano. Você pode discordar ou concordar com ela,
desde que seus argumentos sejam fundamentados.
O maior mérito estará numa argumentação coesa capaz de levar a uma
conclusão coerente.
(Fuvest 1992)
PROPOSTA
COMIDA
(Arnaldo Antunes/ Marcelo Fromer/Sérgio Britto)
Bebida é água
Comida é pasto
Você tem sede de quê?
Você tem fome de quê?
A gente não quer só comida,
A gente quer comida, diversão e arte.
A gente não quer só comida,
A gente quer saída para qualquer parte.
A gente não quer só comida,
A gente quer bebida, diversão, balé.
A gente não quer só comida,
A gente quer a vida como a vida quer.
Bebida é água.
Comida é pasto.
Você tem sede de quê?
Você tem fome de quê?
A gente não quer só comer,
A gente quer comer e quer fazer amor.
A gente não quer só comer,
A gente quer prazer pra aliviar a dor.
A gente não quer só dinheiro,
A gente quer dinheiro e felicidade.
A gente não quer só dinheiro,
A gente quer inteiro e não pela metade.
em Jesus não tem dentes no país dos banguelas
(Titãs, 1988)