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Resumo:
O trabalho tem como proposta analisar o papel da Junta das Missões de Pernambuco na
solução dos conflitos entre missionários e moradores com relação à mão-de-obra íncola,
localizar nos documentos as atitudes que os indígenas tomavam para expressar seu
descontentamento nos aldeamentos. A metodologia encontra-se alicerçada na análise de
inúmeros documentos, acompanhada pela leitura bibliográfica relativa ao assunto. As fontes
utilizadas foram produzidas pelos agentes europeus e locais da ação colonial, por isso, os
registros são carregados de suas próprias concepções, preconceitos e etnocentrismo, além
disso, alguns comportamentos locais de moradores e missionários desobedecem às ordens
régias de respeito à liberdade dos índios, ao seu território e como trabalhadores livres.
Palavras-chave: ÍNDIOS, MISSIONÁRIOS, JUNTA DAS MISSÕES
Abstract:
This work has the proposal to analyze the paper of the Missions`Meeting of
Pernambuco in the solution of the conflicts between missionaries and inhabitants with regard
to the indigenous man power, to locate in documents the attitudes that the aboriginals took to
express its dissatisfaction in the indian´s village. The methodology meets support in the
document analysis innumerable, folloied for relative the bibliographical reading to the subject.
The used sources had been produced by the european agents and local of the colonial action,
therefore, the registers are loaded of its proper conceptions, preconceptions and
etnocentralization, moreover, some local behaviors of inhabitants and missionaries disobey to
the regal orders of respect to the freedom of the indians, its territory and as diligent free.
Keywords: INDIANS, MISSIONARIES, MISSIONS` MEETING
1
Mestranda em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco.
2
Cf. SCHWARTZ, Stuart – “La conceptualización del Brasil pos-dependista: la historiografia colonial y la
búsquela de nuevos paradigmas”. Em: SOSA, Inácio, CONNAUGTON, Brian (eds.) – Historiografia
Latinoamericana contemporãnea – México: UNAM, 1999, pp. 183-207.
3
SALGADO, Graça. (Coord.). Fiscais e Meirinhos: a administração no Brasil colonial. Rio de Janeiro, Nova
Fronteira, 1985.
4
LEVI, Giovanni - Herança imaterial: trajetória de um exorcista no Piemonte do século XVII. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2000.
5
cf. cf. PERRONE-MOISÉS, Beatriz. Índios livres e índios escravos: os princípios da legislação indigenista do
período colonial (século XVI a XVIII) In: CUNHA, Manuela Carneiro da. (org) História dos índios no Brasil.
São Paulo: FAPESP/SMC: Cia das Letras, 1992, p.116-17.
6
cf. MELLO, Márcia Eliane Alves de Souza e. As Juntas das Missões Ultramarinas na América Portuguesa
(1681-1757). In Anais da V Jornada Setecentista. Curitiba, 2003, p. 3.
7
cf. COSTA, Francisco Augusto Pereira da. Anais Pernambucanos. Vol. 4, p. 198.
8
Permissão dada pelo bispo a um sacerdote para exercer o seu ministério nos limites da diocese, de acordo com
a carta régia de 17/01/1698. Cf. PUNTONI, Pedro. A guerra dos Bárbaros: povos indígenas e a colonização do
sertão nordeste do Brasil, 1650-1720. São Paulo. Hucitec: Editora da Universidade de São Paulo: Fapesp. 2002,
p. 74.
9
cf. MELLO, Márcia Eliane Alves de Souza e. Uma Junta para as Missões do Reino. Promontoria. Ano 4, Nº 4.
2006.
10
cf. HESPANHA, António Manuel. As vésperas do Leviathan: Instituições e poder político Portugal – séc.
XVII. Coimbra: Livraria Almedina, 1994.
11
Cf. GODINHO, Vitorino Magalhães. “Finanças públicas e estrutura do Estado”. In. SERRÃO, Joel (dir).
Dicionário de História de Portugal, Lisboa, 1963, t. II.
12
AHU_ACL_CU_015, Cx. 28, D. 2540
de 1693, tirou-se aos Padres a administração temporal dos índios, e se concedeu ao Capitão
Mor. Porém, por decreto de 24 de maio de 1722:
Nesta consulta, observa-se que se trata de uma questão importante para o reino, pois é
explicado que a administração temporal nas mãos do Capitão-mor faz com que as atrocidades
denunciadas pelos religiosos expliquem a evasão dos aldeamentos, tal situação também foi
ressaltada pelo Procurador da Coroa, o qual entendia que ao tirar os índios da administração
temporal dos Padres da Companhia, em pouco tempo, os que estavam aldeados se
extinguiriam e não desceriam outros, pois tamanhas são as tiranias dos capitães-mores e
moradores 14.
Desta forma, foi dada a administração espiritual e temporal dos índios aos religiosos,
porém, com a condição de que não os escondessem ou os negassem ao serem solicitados para
o serviço real, que se guardassem as ordens dos governadores e que se repartissem, quando
necessário, entre os moradores, além da condição inegável de que os padres continuassem as
missões no sertão, formando aldeias e construindo igrejas para a doutrina dos índios e
administrando-lhes os sacramentos15.
Pressões políticas de jesuítas e colonizadores junto à Coroa são observadas em
legislações e políticas indigenistas. Os jesuítas são elogiados por conduzirem a Coroa no reto
caminho cristão da justiça. A presença européia estava representada pela conversão dos
gentios, e sua mão-de-obra era essencial para o cultivo de terra, defesa de ataque de inimigos
(europeus/indígenas). Os missionários, principalmente os jesuítas, defendiam a liberdade dos
índios, porém eram acusados de garantir o controle absoluto de mão-de-obra e impedi-los de
utilizá-la para permitir o florescimento da colônia. Os jesuítas defendiam preceitos religiosos,
mantiam os índios aldeados e sob controle.
13
AHU_ACL_CU_015, Cx. 29, D. 2619.
14
Idem.
15
Idem.
Bibliografia
COSTA, Francisco Augusto Pereira da. Anais Pernambucanos. 10 vols. Recife: FUNDARPE,
1983-1985.
GODINHO, Vitorino Magalhães. “Finanças públicas e estrutura do Estado”. In. SERRÃO,
Joel (dir). Dicionário de História de Portugal, Lisboa, 1963, t. II.
HESPANHA, António Manuel. As vésperas do Leviathan: Instituições e poder político
Portugal – séc. XVII. Coimbra: Livraria Almedina, 1994.