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DAS IMAGENS DAS TELAS ÀS IMAGENS VIVIDAS

Stella Maria Peixoto de Azevedo Pedrosa


Doutoranda - Depto. Educação - PUC-Rio

Isabel da Silva Lopes dos Santos


Professora do Ensino Fundamental

INTRODUÇÃO

O projeto que originou o presente trabalho teve como ponto de partida o desejo
de Isabel envolver seus alunos da 5a série do Ensino Fundamental com as atividades da
aula de Artes.
Isabel trabalha há muitos anos em uma escola situada no Maracanã, bairro da
Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. Buscando novos subsídios para seu trabalho
sempre conversa com Stella, sua colega de graduação e amiga particular. Nestas
conversas expõe o que realizou em suas aulas e também seus projetos para o futuro.
Indaga sobre leituras, idéias e “novidades”. Este é um diálogo frutífero tanto para Isabel
quanto para Stella. Se uma traz, mesmo que indiretamente, o dia a dia do qual Stella
está afastada em virtude da dedicação exclusiva ao doutorado; a outra contribui com
algumas informações às quais Isabel, no seu cotidiano, não tem acesso.
O ponto de partida desse trabalho foi o desejo de Isabel: desenvolver um
trabalho - a partir das obras de Portinari - que fosse de fato interessante para os alunos,
que não fosse apenas um trabalho a mais. Depois de algumas conversas, nós, Isabel e
Stella, procuramos dar forma a um pequeno, mas significativo, projeto.
De modo resumido, apresentaremos a fundamentação e o planejamento a partir
de nosso diálogo, a atividade desenvolvida e, posteriormente, algumas considerações
sobre o processo.
ORGANIZANDO IDÉIAS

Buscando possibilidades que não se limitassem a um repasse de dados sobre


Portinari, surgiu a idéia de um pequeno projeto que não se restringisse a atividades
meramente informativas e/ou ilustrativas e, tampouco reprodutoras.
Dentre os trabalhos de Portinari, Isabel demonstrou grande interesse pelos que
retratam brincadeiras. Stella sugeriu que trabalhasse numa linha evolutiva, histórico-
cultural, que não apenas solicitasse aos alunos que retratassem as suas próprias
brincadeiras, mas que buscasse também o lugar que destas brincadeiras na vida deles
próprios.
Consideramos que algumas atividades poderiam ter sua origem na apreciação
das telas em que Portinari retrata brincadeiras. Essas, entre outras do artista, foram as
que mais atraíram a atenção dos alunos quando, em um primeiro momento, eles leram
sobre Portinari e pesquisaram na websites sobre o artista. Essa atração deveu-se ao
desconhecimento de algumas formas de brincar e à identificação com outras. Sugeri que
esse poderia ser o ponto de partida, Isabel concordou.
Em seguida, Stella procurou algumas leituras a fundamentação teórica para a
estruturação do projeto (ANEXO 1) e as compartilhou com Isabel.
Concluímos que se as crianças podem produzir uma cultura própria, específica
de sua época e de sua sociedade, seria interessante investigar qual seria a produção,
urbana e contemporânea, daquele grupo de crianças. Talvez por isso, além de atividades
que envolviam o uso de lápis de cor, guache, colas coloridas etc, em papéis, papelão e
eucatex, ocorreu que elas também poderiam pintar suas próprias brincadeiras a partir de
recursos derivados das novas tecnologias.
Inicialmente levantamos as seguintes questões:
ƒ Reproduzem os trabalhos que viram?
ƒ Representam um retrato de seu tempo?
ƒ As brincadeiras são solitárias ou coletivas?
Em seu conjunto essas questões ramificavam de uma questão central:
ƒ O que retratam essas crianças?
A proposta partiu de dois objetivos centrais: Que os alunos compreendessem e
retratassem suas próprias brincadeiras e que o professor conhecesse a concepção do
brincar de seus alunos e, ainda, a apropriação dessa concepção - de sentidos e
significados - através do olhar gerador de cada um dos desenhos.
Sob a ótica dessas crianças, o brincar representado poderia assumir diferentes
configurações, assim um terceiro objetivo seria buscar, através do diálogo, explorar as
questões já apresentadas.

COLOCANDO EM PRÁTICA

Foi realizada uma apresentação preliminar sobre a vida e a obra de Portinari, os


alunos puderam complementar os dados iniciais com o auxílio dos instrumentos de
busca disponíveis na Internet. (ANEXO 2) Após uma apreciação geral sobre a obra do
artista e aspectos de sua vida, o trabalho concentrou-se nos quadros que representam
brincadeiras.
Portinari retratou brincadeiras como a gangorra, o balanço, pular cela, pular
carniça, soltar pipas ou papagaios, entre outras (ANEXO 3). Algumas brincadeiras são
objeto de diferentes quadros e recebem, em cada um deles, diferentes denominações
regionais.
As crianças observaram as brincadeiras que aparecem nas telas de Portinari e
teceram considerações a respeito das semelhanças e diferenças entre aquelas
brincadeiras e as de seu dia a dia. Pular carniça (ou pular cela), balançar na gangorra,
segundo elas, ainda são possíveis nas áreas urbanas; algumas sentem falta de brincar na
terra e rolar no chão; lamentam que não podem soltar pipa (ou papagaio) sem medo dos
fios de alta-tensão (mas crianças que vivem em lugares mais afastados, sim). Futebol?
Fora dos clubes já não há espaço para jogar. Comentaram a respeito de diferentes
denominações para um mesmo brinquedo ou brincadeira, por exemplo, Portinari o que
denomina pipa em uma tela e papagaio em outra também recebe outros nomes como
pandorga, arraia, cafifa. Comentaram suas próprias brincadeiras e, ocasionalmente, a de
outras crianças.
Em um momento seguinte, os alunos foram convidados a pintarem suas próprias
telas com brincadeiras de seu tempo. Depois de alguns trabalhos envolvendo materiais
habituais – como lápis de cor, guache, cola colorida etc — e suportes tradicionais —
(papel, papelão, eucatex etc) —, foi sugerido que utilizassem uma tela distinta daquelas
de Portinari: a tela do computador. Portanto, tendo o computador como suporte e
utilizando o mouse como ferramenta para desenho e pintura, utilizando o Paint, os
alunos registraram suas próprias brincadeiras. Se Portinari vivesse nos dias de hoje
utilizaria o Paint? Sim! Foi o que os alunos responderam.
RESULTADOS

Ao planejar esta atividade procuramos, e conseguimos, romper a idéia do arte-


educador como transmissor de conhecimentos e habilidades. Tomamos como ponto de
apoio a busca da informação para a construção do conhecimento. As informações e
obras do artista foram, em sua maior parte, pesquisada pelos próprios alunos.
A proposta de desenhar ou pintar na tela do computador em nenhum momento
pretendeu transmitir técnicas, por isso cada aluno utilizou livremente os recursos que
conhecia e, de acordo com suas necessidades, indagou por outros.
Os desenhos, como foi possível observar, retrataram, entre outros, uma trave de
futebol, o jogar bola, o jogar pingue-pongue, skate, basquete, videogame, patinete e o
próprio computador. Em sua maior parte, quando retratada a criança, ela aparece só.
(ANEXO 4)
Caminhando pelo Maracanã e pelos bairros vizinhos, onde vivem os alunos da
escola, não encontramos “campinhos” como no passado. Mas existe, em frente a escola,
um estádio de referência internacional – o Maracanã - mesmo nome do bairro. O
futebol, marca cultural de nosso povo, tanto é retratado através com ajuda de pincéis
quanto com a do mouse.
Já outras brincadeiras – carniça, por exemplo – não estão presentes no cotidiano
da maior parte dos alunos, sendo que alguns até mesmo a desconhecem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pelas características do espaço urbano, as crianças não dispõem de área livre


para determinadas brincadeiras comuns em outras épocas e em outros lugares. As áreas
livres são reduzidas e, quando existem, nem sempre são de fácil acesso para uma
criança. Muitas vezes elas não tem quem lhes acompanhe e o temor gerado pela
violência urbana impede que elas se desloquem sós. Assim, excetuando-se as poucas
casas com área e os prédios com playground, existentes na região onde vivem essas
crianças (no próprio bairro da escola e em bairros vizinhos) poucas vezes elas
conseguem reunir-se. Possivelmente seja essa a razão de observamos uma presença
marcante de jogos individuais e uma grande incidência do “pular corda”, atividade que
apreciam e realizam na própria escola.
Sem restringir as atividades a um obrigatório recurso pedagógico, mas
ressaltando o caráter prazeiroso que podem ter, elas geraram reflexão e discussão sobre
diferentes questões a partir das brincadeiras retratadas nas obras de Portinari e nos
registros dos próprios alunos.
Apesar dos registros serem todos de crianças de determinada escola, seu
significado é considerável por elas apresentarem elementos constitutivos a partir de
ponto de vista da cultura daquelas crianças como participantes ativas da vida social.
A atividade não se limitou a um registro gráfico, mas desenrolou-se em
questionamentos, conjuntos acerca de brinquedos e brincadeiras, com articulações
contextuais na dimensão dos eixos espaço, tempo, cultura. Foram consideradas
diferentes épocas (como brincam as crianças hoje e como brincavam antigamente);
levantando questões climáticas, de terreno, etc. (como brincam as crianças que vivem
em outros bairros, cidades, estados, países); observando diferenças culturais
(particularmente as relacionadas à classe, etnia, gênero, etc).
Nas imagens visualizamos que a criança assume e exercita os vários papéis
através da brincadeira. Temos claro que são muitos os critérios para se interpretar as
formas de expressões e manifestações culturais e que nosso estudo abrange apenas parte
delas.
Ao planejar esta atividade rompemos a idéia do arte-educador como transmissor
de conhecimentos e habilidades. Tomamos como ponto de apoio a busca da informação
para a construção do conhecimento. As foram provocadas a buscar, a partir de algumas
informações iniciais, novos dados não apenas sobre a obra de Portinari, mas também
sobre sua trajetória.
Ao convidá-las a participar de um trabalho sobre seu próprio cotidiano, sobre
sua maneira particular de ver o mundo, permitiu-se que elas desenvolvessem seu
potencial criativo ao mesmo tempo em que apontavam elementos próprios de sua
cultura. Acredito que atividades como esta podem contribuir para uma prática
pedagógica em que os protagonistas sejam as próprias crianças.
ANEXO 1
APOIO BIBLIOGRÁFICO

BROUGÉRE, Gilles. Brinquedo e cultura. São Paulo: Cortez, 1995.


BENJAMIN, Walter. Reflexões: A criança, o brinquedo, a educação. São Paulo,
Summus, 1984.
CORSARO, William A. A reprodução interpretativa no brincar ao faz-de-conta
das crianças. Educação, Sociedade e Cultura, n.º17, 2002, p.113-134.
KRAMER, Sonia & LEITE, Maria Isabel (org.) Infância e produção cultural.
Campinas, SP: Papirus,1998: 07-10.
VYGOTSKY, Lev Semynovich. A formação social da mente. 5a ed. São Paulo:
Martins Fontes. 1994.
WAJSKOP, Gisela. Brincar na pré-escola. São Paulo: Cortez, 1995.

ANEXO 2
SITES
Portinari para Crianças: www.portinari.org.br
Viagem ao Mundo de Candinho: www.portinari.org.br/candinho/index.htm
Museu casa de Portinari: www.casadeportinari.com.br
Cândido Portinari: www.vidaslusofonas.pt/candido_portinari.htm
Bússula Escolar: www.bussolaescolar.com.br
Brinquedos e Brincadeiras: www.aartenofutebol.hpg.ig.com.br/page2.html

ANEXO 3
OBRAS DE PORTINARI TOMADAS COMO REFERÊNCIA
Ordem cronológica
FUTEBOL – tinta a óleo sobre tela de tecido - 1935.
MENINOS SOLTANDO PIPAS – tinta guache sobre papel – 1943 (?).
MENINOS SOLTANDO PAPAGAIOS – tinta a óleo sobre madeira - 1947.
MENINO COM ESTILINGUE (1) – tinta a óleo sobre tela de tecido – 1947.
MENINOS BRINCANDO – tinta a óleo sobre tela de tecido - 1955
MENINOS PULANDO CARNIÇA – tinta a óleo sobre madeira – 1957.
MENINOS PULANDO CELA – tinta óleo sobre tela de tecido – 1958.
MENINO COM ESTILINGUE (2) – tinta a óleo sobre tela de tecido – 1958.
MENINOS NO BALANÇO – tinta a óleo sobre tela de tecido – 1960.

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