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Não é sem motivo que o Direito Constitucional figura como matéria obrigatória
em diversos concursos públicos- Esse ramo do Direito está presente em todos os
demais, norteando os interesses do Estado e das pessoas que formam seu povo.
Nenhuma carreira jurídica pode cortar seus vínculos com o ordenamento jurídico
maior, sob pena de se perderem os mais elevados anseios da espécie humana e de se
corromper a eficiência da ré pré sen tatí v idade democrática legalmente constituída.
Muito mais do que alicerce aos profissionais da ciência jurídica, o Direito
Constitucional é a voz da cidadania.
CONSTITUIÇÕES
Classificação das Constituições
1. Quanto ao conteúdo:
a) Constituição material Consiste no conjunto de regras materialmente constitucionais,
estejam ou não codificadas em um único documento.
b) Constituição formal - E aquela consubstanciada de forma escrita, por meio de um
documento solene estabelecido pelo poder constituinte originário.
2. Quanto à forma:
a) Constituição escrita - É aquela codificada e sistematizada em um texto único.
Portanto, é o mais alto estatuto jurídico de determinada comunidade.
b) Constituição não escrita - É o conjunto de regras não aglutinadas em um texto
solene, mas baseado em leis esparsas, costumes, jurisprudências e convenções (ex.:
Constituição inglesa).
3. Quanto ao modo de elaboração:
a) Constituição dogmática - Apresenta-se como produto escrito e sistematizado por
um órgão constituinte, a partir de princípios e ideias fundamentais da teoria política e do
direito dominante,
b) Constituição histórica ou costumeira - É fruto da lenta e continua síntese da
história e tradições de determinado povo.
4. Quanto à origem:
a) Constituição promulgada (popular ou democrática) - Deriva do trabalho de uma
Assembleia Nacional Constituinte composta de representantes do povo, eleitos com a
finalidade de sua elaboração (ex.: CF de 1891, 1934. 1946 e 1988).
b) Constituição outorgada - É estabelecida sem a participação popular, por meio de
imposição do poder da época (ex.: CF de 1824, 1937. I967e I969).
5. Quanto à estabilidade:
a) Constituição imutável - É aquela em que se veda qualquer alteração, tornando-se
relíquia histórica.
b) Constituição rígida - E a Constituição escrita que pode ser alterada por um
processo legislativo mais solene e dificultoso; alguns autores apontam nossa
Constituição como super-rígida,
c) Constituição flexível - Pode ser livremente modificada segundo o mesmo processo
estabelecido para as leis ordinárias. f
d) Constituição semi-rígida - É um meio-termo entre as duas anteriores, em que algu-
mas regras podem ser alteradas por um processo legislativo ordinário.
6. Quanto ã extensão e finalidade:
a) Constituição analítica - Examina e regulamenta todos os assuntos que entenda
relevantes à formação, destinação e funcionamento do Estado.
b) Constituição sintética Prevê somente os princípios e as normas gerais de regência
do Estado.
Entidades federativas
1. União - Entidade federativa autónoma, cabe-lhe exercer as atribuições da soberania
do Estado brasileiro. Não se confunde com Estado federal, pois este c pessoa jurídica de
direito internacional. A União age em nome de toda a Federação quando representa o
país no piano internacional ou quando intervém em um Estado membro, no plano
interno.
2. Estados membros - Auto-organizam-se por meio do exercício de seu poder
constituinte derivado decorrente e, posteriormente, por meio de sua própria legislação,
O artigo 25 da Constituição Federal, em consonância com o artigo 11, capuí* do Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias, permite aos Estados membros a auto-
organização, por meio de Constituições estaduais, desde que observados os princípios
estabelecidos por nossa Lei Maior.
3. Municípios - Consagrados como entidades federativas indispensáveis a nosso
sistema federativo, integram-se na organização político-administrativa cercados de
plena autonomia, A criação, incorporação, fusão e desdobramento do Município
depende de lei estadual, dentro do período determinado por lei complementar federal,
assim como de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações interessadas, após a
divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na fornia
da lei.
4. Distrito Federal A Constituição garante ao Distrito Federal a natureza de ente
federativo autónomo, vedando-lhe a possibilidade de subdividir-se em Municípios.
Dessa forma, não é Estado membro nem tampouco Município, tendo, em regra, todas as
competéncias legislativas e tributárias reservadas aos Estados e Municípios.
Os alicerces da Federação
A forma federativa do Estado possui dois alicerces imutáveis a sua estabilidade c
funcionamento. São eles:
a) Autonomia dos entes políticos
Um ente político c autónomo quando possui as seguintes características:
• arrecadação - tribuios próprios;
• administração pública servidores concursa-dos (estáveis);
• representante do Poder Executivo eleito dire-tamente,
b)Repartição de competéncias
Cada ente político recebe da Constituição competéncias especificas para suas atividades
administrativas, legislativas e tributárias, designadas desta maneira;
• competência privativa da União - delegável aos Estados membros (art. 22);
• competência comum entre os entes políticos (art. 23);
• competência concorrente - União, Estados e Distrito Federal (an. 24).
PODER LEGISLATIVO
O Poder Legislativo Federal, bícameral, é exercido pelo Congresso Nacional,
que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, E fundamental que se
diferenciem os Legislativos Estadual, Distrital e Municipal, nos quais se consagra o
sistema unicameral.
O bicamcralismo do Legislativo Federal está intimamente ligado à escolha pelo
legislador constituinte da forma federativa de Estado. No Senado Federal, encontram-se
representantes de todos os Estados membros e do Distrito Federal, consagrando o
equilíbrio entre as partes da Federação.
PODER EXECUTIVO
O Poder Executivo constitui órgão cuja função típica é o exercício da chefia de Estado,
da chefia de governo e da administração geral do Estado. Entre suas funções atípicas
estão o ato de legislar e o de julgar seu contencioso administrativo.
Da mesma forma que os congressistas, o chefe do Executivo é eleito pelo povo e possuí
várias prerrogativas e imunidades. as quais são garantias para o independente e
imparcial exercício de suas funções.
PODER JUDICIÁRIO
Completando a trípariição dos poderes, em sua divisão clássica, está o Poder
Judiciário, Sua presença garante o verdadeiro Estado democrático de direito.
Exatamente por esse motivo, justifica-se a aplicação de certas garantias a seus membros
julgadores, tais como vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibí-lidade de vencimentos.
Dessa maneira, pode-se contar com um órgão independente e autónomo para guardar as
leis e garantir a ordem governamental.
PROCESSO LEGISLATIVO
Processo legislativo pode ser entendido juridicamente como um conjunto de
disposições coordenadas que disciplinam procedimento a ser observado pêlos órgãos
competentes na produção e elaboração das leis e aios normativos.
Não observadas as etapas do processo legislativo, seu produto será um objeto
inconstitucional, sujeito, portanto, ao controle repressivo de constitucional idade, tanto
em sua forma difusa quanto concentrada. Esses controles serão estudados deta-
Ihadamente mais adiante.
É importante saber que o Supremo Tribuna! Federal considera, em seus
acórdãos, as regras básicas de processo legislativo previstas na Constituição Federal
como modelos obrigatórios às Constituições estaduais, declarando que o modelo
estruturador do processo legislativo, tal como delineado em seus aspectos fundamentais
pela Caria da República, itnpòe-se. como padrão normativo, de compulsório
atendimento, à observância incondicional dos Estados membros. A essa projeção
chama-se princípio do paralelismo ou da simetria constitucional.
Fase introdutória
A fim de simplificar, toma-se aqui a lei ordinária como exemplo e regra geral.
Mais adiante serão estudados os instrumentos normativos, detalhadamente.
Iniciativa de lei é a faculdade que se atribui a alguém ou a algum órgão para
apresentar projetos de lei ao Poder Legislaíivo. Esse alguém pode ser:
a)parlamentar: membros e comissões do Congresso Nacional e suas duas Casas;
b)extraparlamentar; chefe do Poder Executivo, pro-curador-geral da República, STF.
Tribunais Superiores, Ministério Público e cidadãos.
Tais projetos de lei terão início na Câmara dos Deputados, ficando o Senado
como Casa Revisora.
Fase constitutiva
Apresentado o projeto de lei ao Congresso Nacional, haverá ampla discussão e
votação nas duas Casas. Esse trabalho é chamado de deliberação parlamentar, e, caso
o projeto de lei seja aprovado nas duas Casas legislativas, o chefe do Poder Executivo
deverá participar do exercício vetando ou sancionando o projeto (deliberação
executiva).
Fase complementar
Compreende a promulgação e a publicação da lei; a primeira confere executor i
edade à norma, enquanto a segunda lhe dá notoriedade,
Promulgar é declarar a existência de uma lei e a inovação da ordem jurídica. Assim, a
promulgação demonstra um aio perfeito e acabado. A regra geral é que o próprio
presidente da República promulgue a lei, mesmo nos casos em que seu veto tenha sido
derrubado pelo Congresso Nacional.
Já a publicação significa uma comunicação dirigida àqueles que devam cumprir
a norma, cientes de sua existência e conteúdo, uma vez que ela está publicada e conta
com a eficácia que o ato lhe dá.
Lei delegada
Elaborada pelo presidente da República em função de autorização expressa do
Poder Legislativo e nos limites impostos por este, constitui delegação externa da função
de legislar, possibilitando ao Executivo regulamentar assuntos mais próximos de si com
maior grau de eficiência.
Uma vez encaminhada a solicitação do presidente ao Congresso Nacional, será
submetida a votação pelas duas Casas, em sessão conjunta ou separadamente, e, se
aprovada por maioria simples, terá forma de resolução.
A resolução, por sua vez. deverá especificar os limites do ato do presidente e se
existe necessidade ou não de remessa do texto ao Congresso para análise final antes da
promulgação. Na hipótese de o presi-deníe extrapolar i>s limites impostos pelo
Legislativo, o Congresso Nacional poderá se valer de um decreto legislativo para sustar
os efeitos da lei delegada, o que não afasta a existência de eventual ADln como instru-
mento de controle da constitucionalidade.
Medida provisória
Alterado pela Emenda Constitucional 32/2001, o artigo 62 da Constituição
Federal é bem claro em definir como requisitos da medida provisória: relevância e
urgência. Assim, presentes tais requisitos, o presidente da República poderá editar
medidas provisórias com força de lei, devendo estas ser submetidas ao Congresso
Nacional imediatamente.
O Congresso Nacional, por sua vez, tem 60 dias, prorrogáveis por igual período,
para analisar o texto da medida provisória, sendo possíveis três ocorrências: aprovação
com ou sem alteração do texto, rejeição expressa ou rejeição tácita.
No caso de aprovação, a medida provisória se converterá em Sei ordinária,
sendo promulgada pelo presidente do Senado Federal, que a remeterá ao presidente da
República para publicação.
Se for rejeitada expressamente, será arquivada e caberá ao presidente do
Congresso Nacional baixar ato declarando-a ineficaz.
Se a análise não terminar no prazo de 120 dias, ficará caracterizada a rejeição
tácita, o que também acarreta a perda de eficácia da medida.
Um dos principais pontos alterados pela Emenda 32 é em relação ao alcance das
matérias a serem regulamentadas por meio de medidas provisórias. Assim, além de as
medidas provisórias não poderem regulamentar assuntos reservados ás leis com-
plementares, o atual artigo 62 traz diversas limitações novas; por isso, sugere-se um
estudo detalhado do próprio lexto da Constituição atualizada.
Decreto legislativo
Constitui espécie normativa cujo objetivo é veicular as matérias de competência
exclusiva do Congresso Nacional, basicamente previstas no artigo 49 da Constituição
Federal. O processo legislativo dessa espécie não se encontra na Constituição Federal»
pois cabe ao próprio Congresso Nacional discipliná-lo.
Os decretos legislativos são instruídos, discutidos e votados em ambas as Casas
Legislativas e, se aprovados, são promulgados pelo presidente do Senado Federal, na
qualidade de presidente do Congresso Nacional, que também determina sua publicação-
Ressalte-se, ainda, que o presidente da República nem sempre paríicipa desse processo.
Como melhor exemplo do uso dos decretos legislativos está a incorporação de
tratados internacionais no direito interno.
Isso se dá em três fases distintas:
a
1 fase - Compete privativamente ao presidente da República celebrar tratados
internacionais.
a
2 fase - O Congresso Nacional tem competência exclusiva para resolver
definitivamente sobre tratados internacionais. A deliberação do Parlamento será
realizada por meio da aprovação de um dccreto legislativo, devidamente promulgado
pelo presidente do Senado Federal e publicado.
3a fase - Edita-se um decreto do presidente da República ratificando o tratado
internacional devidamente homologado pelo Congresso Nacional.
Nota - A Emenda 45 estipula que deve ser dado aos tratados e convenções
internacionais voltados aos direitos humanos - aprovados pelo Congresso Nacional em
dois tumos em cada Casa e quorum de 3/5 em cada votação -, o sfatus de emenda
constitucional- A isso denomina-se Internacionalização do Direito Constitucional e
dos Direitos Humanos.
Resolução
É ato normaiivo do Congresso Nacional, do Senado Federal ou da Câmara dos
Deputados, destinado a regulamentar suas matérias internas ou de compeíència
privativa. Existem, porém, exceçoes em que uma resolução pode ter efeito externo
quando dispõe sobre delegação de legislar.
Exemplos de resoluções são as políticas (Senado referendando uma nomeação),
as deliberativas (ao fixar alíquotas), as de co participação na função judicial (suspensão
de lei declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal) e. finalmente, ato-
condiçao da função legislativa (autorização da elaboração de lei delegada).
O processo legislativo das resoluções também não se encontra no texto
constitucional. Uma vez que elas podem se originar em três fontes, apresenta-se a
premissa básica válida de forma geral: a resolução isolada de cada Casa Legislativa
somente por ela será instruída, discutida e votada, cabendo a seu presidente promulgá-la
e determinar a publicação. No caso de resolução do Congresso, a aprovação será
bicameral, cabendo a seu presidente a promulgação.
Habeas corpus
O haheas corpits é uma açào constitucional de cunho penal e de procedimento
especial, isenta de custas, que visa a evitar ou cessar violência ou ameaça na liberdade
de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Não se trata, portanto, de uma espécie
de recurso, apesar de regulamento no capítulo a ele destinado no Código de Processo
Penal.
Adentrando o detalhamento do que se toma por locomoção, verifica-se que esta
pode ser enquadrada em quatro ocorrências:
• direito de acesso e ingresso no território nacional;
• direito de saída do território nacional;
• direito de permanência no território nacional;
• direito de deslocamento dentro do pais.
Habeas data
O habeas data é uma ação constitucional de caráter civil conteúdo e riio
sumário, que tem por objeto a proteção do direito líquido c ceno do impetrante de
conhecer todas as informações e registros relativos a sua pessoa e constantes de
repartições públicas ou particulares acessíveis ao público, para eventual retificação de
seus dados pessoais.
Por meio do haheas data, objetiva-se fazer com que todos tenham acesso às
informações que o Poder Público ou entidades de caráter público (ex.: serviço de
proteção ao crédito) possuam a seu respeito.
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou-se no sentido da
necessidade de negativa da via administrativa para justificar o ajuizamento do habeas
data, de maneira que inexistirá interesse de proceder a essa ação constitucional se não
houver relutância do detentor das informações em fornecê-las ao interessado.
Mandado de injunção
Não se confundindo com sua origem anglo-saxã. o mandado de injunção.
previsto no artigo 5°, inciso LXX1, da Constituição Federal, insere outra novidade do
Direito Constitucional.
Assim, nas ocasiões em que o exercício de um direito, de uma liberdade ou de
uma prerrogativa inerente à nacionalidade, cidadania ou soberania se tornar inviável ou
prejudicado em razão da falta de uma norma regulamentadora, aquele que se sentir
prejudicado pode fazer uso do mandado de injunção, a fim de suprir omissão do Poder
Público.
As situações fálicas e os dispositivos constitucionais que permitem a utilização
do mandado de injunção são similares aos da ação díreta de inconstitucional idade por
omissão. Contudo, o mandado de injunção destina-se às normas constitucionais de
eficácia limitada, o que significa que sempre haverá necessidade de vácuos na estrutura
legal que necessitem correrão por meio de leis ou atos normativos.
Requisitos para o mandado de injunção:
• falta de norma reguladora de um dispositivo constitucional (inércia do Estado);
• impossibilidade de exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania.
Ação popular
Adotando a previsão do artigo 5°, inciso LXXIIL da Constituição Federal,
entende-se que qualquer cidadão é legitimado para propor ação popular que vise à
anulação de ato lesivo ao património público, ou de entidade em que o Estado participe,
conlra a moralidade administrativa, o meio ambiente e o património histórico e cultural.
Sem dúvida, a ação popular constitui, ao lado de outras prerrogativas como
sufrágio c iniciativa de lei, mais um exercício da soberania popular, por meio da qual se
autoriza o povo a exercer diretamente a fiscalização do Poder Público.
Assim como o mandado de segurança, a ação popular pode ser utilizada de
forma preventiva, antes de se verificar a lesão, ou repressiva, na busca da indenizaçào
pelo dano causado.
Dispensa de advogado
Não é necessária a contratação de advogado para as ações de haheas corpus,
habeas dafa, mandado de injunção e ação popular; essas ações não possuem custas e
sucumbência.
Observação: não existe unanimidade nesse entendimento; alguns doutrinadores indicam
a necessidade de capacidade postulatória para as três últimas garantias citadas.
Mandado de segurança
Tanto na vida prática quanto nos dttftfios apresentados em provas jurídicas, é
bastante útil manter o mandado de segurança como um caminho por exclusão. Isso
significa dizer que se deve analisar se nenhuma outra garantia constitucional é aplicável
ao problema apresentado, a fim de certificar-se de que só resta um mandado de
segurança.
Utilizando esse critério, acaba por ficar mais claro o porquê da necessidade de
um advogado para assinar esse instrumento. Afinal, o fato de o indivíduo apresentar
uma situação em que apenas o mandado de segurança é cabível significa que a situação
em pauta é mais complexa tecnicamente falando.
Conforme o artigo 5°, inciso LXIX, da Constituição Federal, o mandado de
segurança está à disposição dos indivíduos que necessitam se proteger de atos ilegais ou
praticados com abuso ou desvio de poder, independentemente de serem atos
discricionários ou vincuíados.
A natureza jurídica do mandado de segurança é a de uma ação constitucional de
natureza civil, cujo objetivo é a proteção de direito líquido e certo lesado por ato ou
omissão de autoridade pública ou de pessoa jurídica nas funções do Poder Público.
Ainda que sua natureza seja civil, isso não impede que o mandado de segurança
seja usado em matéria criminal.
CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE
ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADES
1. Vício formal- É a inconstitucional idade no processo de realização, de formação
da norma. Nada tem a ver com seu conteúdo, ou seja. a estrutura responsável pela
construção da norma possui falha. Essa ocorrência tem lugar no processo legislativo
e se divide em duas subespécies:
a) Vício formal subjetivo - Ocorre na fase de iniciativa do processo legislativo. Ten
do estudado a matéria e sabendo que iniciativa é a competência de alguém ou algum
órgão para solicitar ou apresentar projeto de norma, torna-se bem simples
compreender como esse vício se dá. Se um parlamentar apresentar um projeto de lei
cuja iniciativa compete exclusivamente ao presidente da República (Forças Ar-
madas, por exemplo), esse aio configurará por si só uma inconstiíucionalidade
formal subjetiva.
b) Vicio formal objetivo - Ocorre durante as demais fases do processo legislativo, ou
seja, durante a elaboração e aprovação da norma. Assim, no caso de uma norma ser
aprovada por quorum inadequado com sua espécie normativa, ou na hipótese de as
Casas Legislativas não obedecerem ao número correio de turnos para aprovação
de uma norma, cstar-se-á lidando com uma inconstitucionalidade formal objetiva.
VIAS DE CONTROLE
Nota - Também fruto da Fmenda 45, o parágrafo 2° do artigo 102 prevê que as
decisões definitivas de mérito nas ADIns e ADeCs devem produzir efeito contra todos e
vincu-lantc aos demais órgãos do Judiciário, assim como à Administração Pública
Direta e Indi-reta, nas esferas federal, estadual c municipal. Além dessas decisões, a
mesma Fmenda 45 insere a súmula vinculante com efeito impeditivo no sistema
constitucional pátrio, desde que por decisão de 2/3 dos membros do STF. Em caso de
desobediência, cabe reclamação dirigida ao STF.
ESTADO DE EXCECÃO
Intervenção federal
Quando a União intervém em algum Estado membro, ela não está agindo em seu
próprio nome, mas sim representando os interesses de toda a Federação. Logo. é a
Federação, por meio da União, que intervém nos Estados.
A regra è a não-intervenção, que pode ser quebrada em face de determinadas
condições excepcionais expressamente previstas no artigo 34 da Constituição Federal.
Há dois tipos de intervenção federal:
a) a espontânea - quando o presidente da República age de ofício;
b) a provocada - quando o presidente age, conforme o caso, de forma
discricionária ou vinculada.
Intervenção estadual
O Estado não poderá intervir nos Municípios, nem a União Federal poderá
intervir nos Municípios localizados em Territórios Federais, salvo nas hipóteses
insculpidas no artigo 35 da Constituição Federal.
Registre-se que as hipóteses previstas nos incisos I e II do artigo 35 são de
caráter espontâneo, e as dos incisos III e IV, vinculadas.
ESTADO DE DEFESA
Embora tanto o estado de defesa quanto o estado de sítio tenham como
pressuposto a superação de unia situação de crisen é fato que as medidas adotadas
quando da utilização do estado de defesa são menos gravosas que aquelas apropriadas
para o estado de sítio.
O estado de defesa outorga ao Executivo Federal poderes mais restritos do que
aqueles conferidos no estado de sítio. O estado de defesa pode ser decretado para
preservar ou restabelecer, em locais determinados ou restritos, a ordem pública ou a paz
social ameaçadas por iminente instabilidade ou atingidas por calamidade pública de
grandes proporções na natureza.
São pressupostos de ordem material do estado de defesa:
a) grave perturbação da ordem pública ou da paz social;
b) que a ordem pública ou a paz social nào possam ser restabelecidas pêlos
instrumentos coercitivos normais.
Saliente-se, por oportuno, que o eslado de sítio não pode ser decretado por prazo
superior a 30 dias nem renovado, a cada vez, por período superior, embora sejam
possíveis sucessivas renovações.
Estado de sítio defensivo - Seu pressuposto material é a declaração de estado de guerra
ou a resposta a agressão armada estrangeira. No estado de sitio defensivo, qualquer
garantia constitucional pode ser suspensa, podendo ser decretado por todo o tempo que
durar a guerra ou agressão armada estrangeira.
Os estados de sítio repressivo e defensivo dependem de decreto do presidente da
República, após prévia autorização do Congresso Nacional e prévia oitiva do Conselho
da República e do Conselho de Defesa Nacional, não vinculantes.
O decreto deverá conter o prazo de duração da medida, as normas necessárias a
sua execução, as garantias que ficarão suspensas, com expressa designação do
procedimento, e, por último, as áreas abrangidas.