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Para todos

1
Revisão: Karina Miotto

2
Para todos

Daniel Cukier

3
ficha técnica

4
Sumário

Para ela .............................................................. 07

Para mim .............................................................. 25

Para eles .............................................................. 39

Para nós .............................................................. 53

Para você .............................................................. 71

5
6
Para ela

7
8
Puro presente
O tempo acabou
Ela se foi, eu me fui
E nós não fomos
É como se o vento que já nem
Soprava tão bem
Decidisse parar de soprar
Vou assim. E sobrarão os
Pensamentos de nós dois
De mim por ela e de ela por mim
Sonhos às vezes, um cheiro ou outro
Aqui e ali, talvez chorando
Talvez sorrindo em lembrar da
Saudade, em lembrar daquele sorriso.

Se um dia eu voltar, nada será


Como foi, ela não estará mais aqui,
Nem aqui será como é
Talvez uma outra ela num outro aqui
Se lembrar algo de hoje
Ainda assim não será hoje,
Nem serei eu, ou lembranças
Daquele eu. Serão memórias de
Um tempo que nunca existiu,
Ou que existiu e que por já ter-se ido
Parece nunca ter sido nada.

Se ela voltar, se ela realmente voltar


Assim, desse jeito dela, a sorrir de
Fazer os olhos arderem em lágrimas
Ah, se isso acontecer, mesmo sabendo
Que é outra, meu coração se encherá
De alegria, eu poderei chorar e
Sorrir, e gritar alto, cantar
Com meu canto que eu sei amar,
Que nada vale mais do que as canções
De amor que eu fiz para ela
Porque essas canções são da alma,
Sensações verdadeiras, puras,

9
Não há querer, nem sofrer,
Nem mentir.
Só há viver, eternamente livre e só
Se é o que penso, é o que digo
Desse jeito, direto do coração
Para as palavras, que não sabem
dizer muito bem o que dizem
mas dizem bem o pouco que podem dizer.

(Novo Airão - out/2007)

10
Yara
Queria que você se visse
E sentisse o que eu sinto
Seu corpo se derreteria então
Derretido de pão faminto

Não há necessidade alguma


Só seu sorriso já contenta
Mas o coração também esquenta
Inspira leve como pluma

Sabia que seu sussurro é ouro?


Me faz-te cobiçar como um bravo touro
Te levar no peito pela eternidade

Se quiser a gente inventa


Um mar branco de espuma
Onde amar brinca de verdade

(Caraíva - 28/01/2008)

11
Índia
Se no futuro você for meu pensamento
Será presente para aquele momento
Será fogo para aquecer a alma
Lembrarei de você se estiver longe
Para saber onde o amor se esconde
E sua imagem me trará calma

Mas não nego imaginar


Que nosso futuro não será só sonho
Queria você ao meu lado para sempre

Ouvir baixinho o seu falar


Pra ter isso não me envergonho
Só tenho um medo de tentar
E convidar para que entre

Esses seus gestos singelos


Bilhetinhos de puro carinho
Ficam formando vários elos

Meu corpo vai-se dissolvendo


E arrepios tomam conta
Você já ficou tonta?
É bem isso que estou vivendo
Desde que cruzou o meu caminho
Uma índia de um jeitinho
Que eu não sei, mas aprendo

(Caraíva - 30/01/2008)

12
Cleópatra
Ontem por exemplo
Aparece uma imagem
Duas ou três palavras
Um monte de sorrisos
O olhar penetrante
A solidão mais acompanhada
Cleópatra do samba
Causadora de dor e desejo
Simples desejo
Vento que leva soltos fios
Ventre quente sol feito
De pêlos loucos castanhos
E sangue de paixão
Um tormento de alcova
Repuxa as águas de dentro
Dissolve a alma e sublima o corpo
Condensa o peito de flor
Enforcando a cor
Só taquicardia e fôlego rouco
Língua de ponta por cima
Abaixo gosto maluco sem senso
Jogado do cosmo ao lápis
O pensamento estraga
E a sensação apaga

(Caraíva - 29/01/2008)

13
Doce separação
Não deu para esperar seu tempo
Mas como ele volta e nem é seu
Eu volto, outra vida tento
Você não aguarde, lhe busco, lhe acho

Tudo que imaginamos não houve no mundo


Mas vivemos nos sonhos
Fique com seus sonhos, eles são lindos
Os meus por você também foram
Se o real não bateu, o que foi real serviu

Um ramo de girassóis lhe ofereço


E o olhar profundo que não tivemos
Leve meu olhar e o perfume das flores
Estou certo de que continuará linda

Lhe sou cordial, voto no bem


Um abraço bem quente e demorado
Um laço invisível de carinho
De mim para você

(São Paulo - 19/02/2008)

14
Fim do mundo I
Vou fechar os olhos
E abrir antes do fim do mundo
Quando isso for
A primeira imagem
Que quero ver
É a de você
Ao meu lado
Aí o mundo pode acabar

(São Paulo - 10/02/2008)

15
Plano secreto
Olha só meu plano
Te encontro no mar
Falo qualquer bobagem
Só pra te ver linda
Todos vão estar olhando
Mas não terei nenhum respeito
Ficarei te admirando
E de lá juntos sairemos
Te mostrarei essas palavras
Sem medo da sua reação
Pode ser de todo boa ou ruim
Ou pode ser nenhuma
Mas meu plano se concretizou
E nós vivemos juntos ele
E você nem sabia de nada
Eu tenho um plano agora
Quer saber?

(Caraíva - 28/01/2008)

16
Mineira
Não sei nada de você mineira
Mas fico ouvindo seu cantarolar
Sabe esse jeito lindo de falar
E sorrindo assim é a primeira

Posso parecer estranho agora


Mesmo alguém me sendo parecido
Se as estrelas lhe mostrei lá fora
Algo nosso fora construído

Um abraço te roubei depressa


Um sonho que do céu então desça
E floresça por eu ter partido

Não queria, mas eu fui embora


Apaixonado pelo acontecido
E que a noite você me apareça

(Caraíva - 27/01/2008)

17
Soneto do reencontro
Um dia me perdi num mar verde
Me lembro como se fosse hoje
A sereia, as pedras, o fogo
Revivendo o tempo não se perde

Então ela surge novamente


Mil vezes mais linda do que era
Sabe aquela coisa que se sente
Quando o presente é mais do que se espera

Corre logo e diz pra bela


Meu anjo sussurra em meu ouvido
Como o canto dela produzido

Naquela ilha meu porto é ela


A principal lá e aqui dentro
Minha dor mais uma vez enfrento

(São Paulo - 20/01/2008)

18
Eu gosto
Surgi daqui e de lá
Partirá alguém que conhece
Todos os lugares por onde passei
Sei não, acontece

Veria o estranho e o chamaria


Vem cá senhor, me guia
Estou voando, então sorrindo
Loucuras, Sonhos, Dividindo

Trovejando, a luz do mar


Espanta as cores e diz
Corra, agora, ela quis
Não pôde, lá fui eu, ajudar

Quando com tudo se joga


Numa tentativa de proteção
Em tudo, para sempre, em vão
Vamos, ou não?

Estou esperando. Nome?


Karinho vindo de alguém
Importante para o mundo
Livre, mais do que ninguém

Isso vai marcar, inda bem

(escrita em mar/1999, encontrada em jan/2008 colada por dentro


do corpo do meu violão)

19
De verão
Por que eu só penso em você
Na hora que acordo eu quero dizer
Tudo que sinto dentro de mim
Até o momento que me dirá: sim

Na praia o branco nos olhos


No ar o cheiro que em mim penetrou
Nas ondas brilham o céu e as estrelas
No corpo o cheiro daquela que amou

Mas antes de ir eu preciso, amor


Dizer a você, custe o que for
Que acima de tudo com muito calor
Te olho nos olhos e vejo uma flor

Se todas as coisas que o mundo diz


Vendo que ela a mim sempre quis
Te amo, te quero, te faço feliz
Controlo o mundo por tudo que fiz

No litoral norte eu penso em passar


Pra ver se eu encontro alguém por lá
É ela estou vendo, eu vou devagar
Atraí pro peito a força de amar

(Camburi- dez/1997)

20
Menina Baiana
Menina bonita
Do jeito baiano
Do beijo nos lábios
A rosa do mar
Rosto de Iemanjá
Bela, tão bela, tão linda
Morena de sol e de praia
Te amei no dia
E na noite de nós dois
Nada no meio
Batia forte o amor
Nossas almas e as estrelas
Nas ondas do mar
No sabor baiano
De lábios de mel
Melado de bem, entre nós
Nada além de amor
Eternas almas, ele, ela
Nós dois, eles de lado
Todos de lado, só nós dois
Na praia do sol
Nas ondas do mar

(São Paulo - mar/2004)

21
Chega de amor
Você me pediu para não
Falar de amor
Pois bem, vou atender sua vontade
Eu te amo
E chega

(São Paulo - 12/12/2007)

22
Folha leve assopra
Delicada sua esbelta
Flor de perfumada
Na pele penugem
Suavemente perdida
Pensamentos soltos
Olhares e sorrisos
De lado cabelo
Quente o colo, seu beijo
Como seria sereia
E séria menina
Sabor um morango
Seja doce nem minha
Mas minha na alma
No canto, no seio
Brisa morena charmosa
Dentro da boca
Naturalmente nos pés
De dedos a lisos
Subindo as pernas
Sumindo as roupas
Uma volta...
Folha leve assopra
Vento invisível alumia

(São Paulo - dez/2007)

23
Ser Xeique
Ela veio em peitos de sempre
Só que peitos menores vieram
E junto com peitos perfeitos que eram
Outras de ela trouxeram

E em mar de mulheres bem quente


Mãos dadas e olhares curiosos
E eu a dizer indiferenças
Com todas sorrindo ao meu lado

Aí tinha uma moreninha


Bem tranqüila e sorridente
As mãos dadas eram ela
(Dadas as dela a mim,
não a minha às dela)

Sou xeique das arábias


Sou simples e alegre
Conto histórias de entretenimento
Conto sonhos de sonhos que invento

(São Paulo - 05/08/2008)

24
Para mim

25
26
A descida
Hoje eu desci a via em dois ciclos
Um clico na frente e outro de carona
Ligados pela corrente que faz
O vôo dos meus pés
De ágil às ruas
Tão frágil nas palavras
Querendo ligar e relacionar
O lógico com o mole
O imoral com a vida
Flutuam nas rimas
Des-rimas sentidas
Olhando claramente quão longe de lá
Longe está, meu pensar e meu pesar
Sonhos, vertigens, suspiros
Controle de regras fatídicas
De golpes cruzados e vazios
Um sopro de lucidez
Luz e paralepsia
Conversas de um solto no cosmo
Um louco de origem, desnudo, solfista
Filosofia de restos de palha
São crias, são frias e velhas
Fedidas e lindas poesias
No ouro de ouvidos atentos me guio
Me expresso, me roubam a única coisa que resta
Só festa se fazem às minhas custas
Estou preso, direto para o poço me levam
Malditas cuspidas eu levo
Sou bicho, sou néctar divino
Descalço na via que desço
De ciclos e correntes que ligam
Tudo isso, o inferno do dia
Solteiro e legítimo broto de merda
Puríssimo como se apenas pronto
Feito só para servir

(25/05/2008 - São Paulo)

27
Sussurro do ser desprezado
Estou apaixonado,
mas não aconteceu como eu queria
É a coisa errada
Me sinto preso, encurralado
Obrigado a viver essa história de amor

Tudo começou há pouco tempo


Tinha acabado de sair de uma febre brava
Estava renovado, pronto para o novo

Então ela veio, me tirou da minha vida


Lentamente se apossou de mim
Sem que houvesse de mim a menor percepção
Me seduziu com promessas
Me deu sombra e águas calmas
Me viciou

Agora não quero mais, já sei disso


Mas não posso sair de repente
Não quero sofrer
Não posso decepcioná-la
E nem sei para onde ir

Afinal, ela me dá coisas boas


Então vou me aproveitar dela
Assim como ela se aproveita de mim
Só espero não me viciar mais

Talvez um dia ela mude,


Mas eu não devo esperar esse dia chegar
Ah... se ela me deixasse ser o que quero!
Se me deixasse livre para sonhar e fazê-la feliz.
Mas não! Está muito preocupada com suas coisas
Não tem tempo para mim, nem me olha direito
Nem percebe o quanto estou apaixonado

Isso vai passar, ah vai!


E quando ela perceber, eu já estarei bem longe

28
Voltarei a ser o que sou
Continuarei minha criação
E meus frutos não serão dela
Terei outra, darei tudo à outra
Isso enquanto a outra deixar
Eu ser o que sou

(25/05/2008 - São Paulo)

29
Procurando
Estou tentando olhar a dor
É sempre a mesma coisa
Se não saiu como eu queria
Não gosto, não quero
Gasto muita energia
Se saiu maravilhoso
Me exalto, me apego, quero mais
O que foi bom se vai
Gasto muita energia
Mas qual a razão de viver então?
Não consigo abdicar
Tenho medo desse desconhecido nada
Não posso acreditar no que me parece ser real
O fato de não haver alguém em mim
O que aconteceria se eu fosse fundo?
Enlouquecido num objetivo sem objetivo
Morreria antes de medo
De não ser quem eu penso ser
Estou todo errado
Brincando de ser
Jogando com as sensações que vem e vão
Mas e se for certo isso
Se houver sentido em ser assim
Uma brincadeira, somente um jogo complexo e gigante
Sem começo nem fim

(São Paulo - 01/04/2008)

30
Do que é que se trata
Só trabalho de trabalho
Que trabalho me esbugalho
Quebro o galho me atrapalho
Mas não falho e nem me canso

Tem reunião de reunião


Que reunião não abro mão
De discussão e aprovação
E solução não tem descanso

Não sei dormir só produzir


Mais investir me instruir
E progredir pra onde ir
Não vou medir nenhum esforço

Para parar paralisar


De trabalhar vou disparar
Do chão pro ar me preparar
Pra programar roendo o osso

Sou animal que toca o pau


E não faz mal não ter sinal
No meu ramal de alguém normal
Isso é legal e não é pouco

Trabalho assim não é pra mim


É pra compor sombra sem luz
Você já viu é como um rio
Um não sem til correndo louco

(São Paulo - 10/03/2008)

31
Transição
Não! Não! Não! Não!
Não! Não! Não!
Não! Não! Não!
Acordei gritando...

(São Paulo - 07/02/2008)

32
Casa das sombras
Paralisei depois do sono de milhares de léguas
Cansei de andar tamanha distância
No emaranhado de pesadelos não-tive-trégua
Nem pela dor de passar por minha infância

Pensei que não conseguiria nunca mais me levantar


Encurralado na casa do sonho
Corri, abri, bati, tranquei e segurei as portas
Esse ritmo de medo eu não acompanho
Soltei um grito mudo com as mãos no pé do ouvido
Meu silêncio não me deixou falar
Acordei crente que desta vez tinha morrido
De que passei ferido de ter vivido
Nada que a gente novamente verá

Depois as amarras foram me abandonando


Em lento movimento me postei falando
Lembrando que o pior passou, se foi
Mas que outra noite certamente voltará

(Caraíva - 02/02/2008)

33
Nada
Queria ser nada
Mas só de querer já sou alguma coisa
Então como ser o que quero
Sem querer ser
Se eu não quiser não serei

Então não quero nada


Em não querendo sou nada
Exatamente o que quero ser
Mas sou sem querer
Não quero e sou
Mas queria não ser
Não quis e fui
Queria e não sou

E sabendo que nada sou


Já sou novamente
Então não quero saber de ser nada
Eu já não sei
Se não sei, não quero
Sem saber querer não sou ser

Não posso ser nada


Queria poder saber não ser
Mas se pudesse ser
Se pudesse não querer seria saber não ser
Então poderia não ser
Sem poder, sem querer, sem saber, sem ser
Seria o que posso, o que quero, o que sei e o que sou
NADA!

(São Paulo - 22/01/2008)

34
Sol
Não queria nada
Só amá-la, só e só
Então a fitava, e ficava
Querendo só paz, só e só
Mesmo que ela não entendesse
Mesmo sem saber a pureza
Do meu pensamento, só e só
Era tudo verdade, iluminado
Só aquele momento, só e só
Mais nada existia
Só ela, e eu, só e só
Como o sol, sozinho
Só ele, solzinho, só e sol
Sou ele, sozinho, sou e só.

(São Paulo - dez/2007)

35
Vi nos olhos dela...
Estava navegando solitário e de coração quente e aberto
quando avistei de minha nave, bem ao longe, uma lagoa. À
distância só via o brilho verde de águas calmas, suaves. No céu
algumas nuvens e os raios de sol que provavam atravessá-las. Ao me
aproximar um pouco, o brilho das águas tornou-se mais ofuscante.
Ainda assim pude avistar no centro da lagoa uma ilha, pequena e
de cor alaranjada. O vento começou a bater mais forte e minha
nave perdeu o controle, começando a cair em direção à pequena
ilha.
Com bastante esforço retomei o controle e pude ver mais de
perto que se tratava de uma pequena porção (de terra) rodeada de
girassóis laranjas e bem dispostos. Não pude evitar abandonar a
nave e saltar de pára-quedas na pequena ilha. Com o pouso
iminente podia já sentir um perfume sublime e envolvente, uma
brisa agradável que nem o fechar dos olhos poderia apreciar todo
seu hipnótico odor.
Ao centro da ilha, pude então, ao pousar atrapalhado, avistar
o que fazia daquele lugar o mais belo dos já vistos: sobre uma
pedra de veludo uma linda sereia cantava. Sua voz rouca fazia a
canção daquele paraíso e invadia minha alma, como uma flauta
pura e serena, doce e musical.
Seus lábios rosados sorriam ao cantarolar. Moviam-se
lentamente, a língua dançava entre seus dentes pequenos e
simpáticos. Seus cabelos claros refletiam o colorido perfume das
flores. Como princesa merecedora de todos os reinos, espalhava o
corpo esbelto, de curvas perfeitas e pele nitidamente macia, por
sobre toda superfície aveludada.
Me aproximei e procurei seus olhos. Verdes, puros e vivos.
Fitava-os e um calor dos pés ao coração invadiu meu corpo. No
fundo do olhar, chamas de fogo, laranja, a cor do dia, que ardia.
Decidi navegar naqueles olhos. Me aproximei o quanto pude.
O verde da lagoa e o laranja do fogo faziam daqueles olhos um
lugar único, lindo. Quis mergulhar nas águas verdes e arder de
paixão no fogo perfumado das flores alaranjadas. Dentro daquele
olhar pude avistar novamente, ao longe, a ilha de flores rodeada do
verde da lagoa. Assim me perdi...

(Caraíva - jul/2003)

36
Dispenso
Nem lembro mais do devaneio da manhã
Era algum sonho, algum ponto de encontro
Sofri todas as ações do tempo do dia de hoje
E voltei a outro ponto de encontro
Será este outro mesmo?
Por que não o mesmo?
Me pergunto se a faca da razão
Não me corta o fio da liberdade que resta
E imerso num pensar sem fim
Me esqueço de sentir o que sinto
E não sentindo me esqueço de ser o que sou
Sou pensamento perdido
Me sinto perdido
E quando me encontro
(como entre essas palavras)
é porque parei de pensar.

(São Paulo - 05/08/2008)

37
38
Para eles

39
40
Parecia mentira
Dentro desse barco
Que atravessa rio acima
Muito longe da cidade
Clima só de alegria

Escuta aqui menina


Já não posso esperar
Em dizer pra toda barra
Que é você que eu quero amar

A viagem que até ontem parecia mentira


Caraíva e você é o melhor da Bahia

(26/01/2008 - versão refeita da música Europa 2000 em parceria


com Daniel Chamis)

41
Ser grande
Não tenho troco
Não trabalho com miudezas
E tudo que faço
Tem tamanho gigante
Nas travessas por onde passo
Sempre toco o que posso

Se tiver uma chance


Me transformo em lenda
Ou talvez algum conto
Sem trocar de intenção

Meu tipo é coragem de ir


Pro topo do mundo
Num trem de possibilidades

Sou totalmente verdade


Mas tranquilo na ação
Quando tento e não consigo
Só tiro conclusões
Fico triste e observo
Que há toda uma razão
Para ter acontecido
Então termino em paz

42
Meu testemunho da vida
É turquesa e laranja
Um tremendo pôr-de-sol
De tirar lágrimas dos olhos
Sem tempo para acabar

Vivo temperado de poesia


Cada trecho tem seu sabor
Uns atormentam os ouvidos
Outros tateiam a alma
Em tom de cantiga

O troféu de mais bonito


Já tive de abdicar
Porque tem alguém que me inspira
Apenas traduzo as sensações em palavras
Quem transmite a realidade
Está trancado dentro de nós

(São Paulo - 26/01/2008)

43
Coragem
Na ponta da madrugada
Uma brisa arde em mim
Resistindo à minha jornada
Ouço a voz de um querubim

Não desista me diz ele


Abra agora o coração
Sua vida continua
Sorte hoje é solidão

Que amanhã num outro dia


Sonharás de novo então
Outro sonho satisfeito
Ontem sem explicação

(São Paulo - abr/2006)

44
Olho de lua
Eu estava chamando todo mundo pra ver meu violão novo
Não sei se as pessoas estavam sentindo
Nem parte da minha emoção
Enquanto eu o apresentava a todos:

"Olha como ele é perfeito!


Vejam as formas, braço... e que corpo!
Visto por todos os ângulos, como ele brilha.
Ele é lindo, sua cor é de tons agradáveis.

Segurá-lo em meus braços


É ter o maior dos sonhos realizados.
Ele será meu enquanto meus braços
Tiverem forças para segurá-lo.
E eles terão! Muita força!
Meu coração cheio de amor
Sente o coração do meu violão
Vibrar enquanto canta.
Ele canta afinado, suave, sereno
E vibra ao meu peito
Beija meu ombro
Minhas mãos tocando seus dedos
Seu braço, sua pele macia
Que fala baixinho no meu ouvido
Canções de carinho, de ternura, de paz.

Quero colocá-lo no colo


Quero usá-lo na sala
Quero cantá-lo no talo
Quero abafá-lo na fala
E como ele fala
E como ele cala
E como ele olha
Um olho de lua

(São Paulo - set/2004)

45
Presente do destino
Algumas coisas estão para acontecer
Estão mesmo
Talvez o mundo acabe amanhã
Mas é mais provável que as coisas que estão para acontecer o
O impeçam de acabar

Agora nem me pergunte o que são coisas


Pode ser tanta coisa
Como pode não ser nada
Afinal, a imaginação nos leva a todos os tipos de lugares
Alguns nós nunca visitamos na vida
Outros, o destino nos dá de presente

O destino sempre está disposto a nos dar presentes


Porém ele nunca casa com a nossa imaginação
Agora resta saber se o presente
Que estou recebendo agora vem do destino
Ou faz parte da minha imaginação

(São Paulo - mar/1999)

46
Bem desajustado
Outro dia ela veio me falar
Que romântico eu não costumava ser
Então pra ela não reclamar
Resolvi este poema escrever

Dizem que a poesia é romantismo puro


Mesmo que não tenha muito significado
Por isso eu vou tentar, eu juro
Nem que fique bem desajustado

Ser romântico é fazer coisas sem sentido


É ficar rimando palavras ao acaso
Saber que o que se escreve nunca vai ser lido
Que a paixão dura enquanto dura
Mas que um dia pode quebrar como um vaso

(19/12/2007)

47
Vosso sonho de mim e eu
Pensais ser fácil
Imaginais que nada do que dizeis me dói no coração
Que os vossos sonhos perturbados
Do que fazeis de mim
Me transformam em algo
Que eu jamais queria ser
Uma imagem medíocre que possuís
Uma vontade própria e egoísta projetada (no outro)
E caio na armadilha de tentar ser
O lixo que quereis
O minimalismo do ser
Por que para mim não quereis só eu e mais nada
Ser eu triste vos incomoda
Incomodai-vos então até o túmulo
Ou percebais que minha tristeza é minha
E que o vosso incômodo é vosso
E um vive sem o outro
E se eu for como desejais
Mais infeliz seria
Nem como quereis
Nem como gostais
Ou desgostais
Ou desquereis
Mais do que sou me faz não eu
Menos do que sou também
O que sou
Apenas o que sou
Até o momento de chegar ao não eu
Que nem é o que enxergais
Nem o que imagino ou penso ser
Apenas ser e mais nada
E vosso sonho será um pesadelo interminável
E o meu o eterno amanhecer

(São Paulo - 15/12/2007)

48
Indagação
Implementar o verbo
Desconectar, sentir e desconectar
Conectar a razão de viver
Sem razão, sem vida
Só vida sentida e desconexão
Verbalizar a implementação vivida
Da vida sem nexo
Verbalização e sensação
Dividida e racionalizada
Conecta da vista visão
Racional só a vi da vida
Em vão e sem coesão
Contida com tímida
Tida temida toda tensão
Mentaliza, metaliza
Imortaliza a medida
De ver boa vestida sem mão
Poetiza senão um vão
Indagação que não me dá nada
Só ida ali da linda sólida lição

(São Paulo - 14/12/2007)

49
Mel do escorpião
Como deve ser o gosto
Do mel que passa dentro dela
É certeza que em suas
Veias não correm sangue nela
Correm a doçura do mais
Puro e delicado de todo mel
Que transborda em cores pelos olhos
E entorpece o corpo de quem vê
Lá no fundo daquela piscina amendoada
Macia e reluzente, brilhosa, uma
Pedra preciosa. Lá mora alguém
Quem ousar experimentar seu sabor
E acreditar ser um néctar de flor
Se surpreenderá com um gosto forte
E poderoso, um veneno para o coração
Mortalmente vivo como beijo de escorpião

(São Paulo - 03/12/2007)

50
Shopping center
Tem uma máquina que está acelerando
Sobe gente, desce gente
Hoje eles estão liquidando
E eu? Pra onde é que eu vou hoje?
Olha lá! Mais uma mentira que ninguém sente
Pisando em chão de mármore
Ligando pra cá, ligando pra lá e nem ligando
Quantos andares eu preciso subir pra encontrar o que procuro?
Em que andar fica a minha consciência?
Esqueci de pagar o ticket da ignorância...
Essas lâminas automáticas estão fechando bem na minha cabeça
Esperem! Chego rapidinho pra comprar o bilhete de alienado.
Hoje é meu dia de sorte!
Ficarei aqui parado, de frente a minha própria morte
Contemplando hipnotizado
A máquina que está acelerando

(São Paulo - abr/2006)

51
52
Para nós

53
54
Amor à primeira vista
?
...
- Oi gatinha!
- Fui buscar sua lanterna. Nossa, a areia muito quente!
...
- O que você escreve nesse caderno?
- ... ?
- Xereta eu, né?
- ... nada de importante
- Segredo? Poesia? ...
- Escrevi muito pouco... olha... só isso...
- É sempre bom, em viagens como essa levar um caderno, mesmo
que seja pra escrever pouco...
...
?
- Quer, Daniel?
(Quero...)
- Não obrigado.
...
- Você não acredita em amor à primeira vista
- Acredito, mas dele não. E você?
- Eu acredito no amor.
- Mas e no amor a primeira vista?
- ...
- ...
- Assim, no amor a primeira vista que você está falando, sim,
acredito, mas na - verdade não é a primeira vista...
- Como assim?
- ...

(Caraíva - jan/2004)

55
Meditação
Pra cantar e ser ouvido nessa vida
Só gritar não adianta
Tem que ser mais do que isso

Nem e:.n:.f:.e:.i:.t:.a:.r bem por fora não resolve


Nem melhora pois na alma
É que está o que importa

Se a tua alma é de artista e sonhadora


Vem me abraça e vamo embora
Isso é tudo que preciso

Com você e pelo mundo eu faço agora


Me acabo, me esfolo
Mas eu chego onde quero

Você veio pr'esse mundo qual motivo


Deve haver senão criarmos
Algo novo e muito belo

Só criando e refletindo o que se cria


Desfazendo e refazendo
Todo tempo é precioso

Sua ordem é liberdade-pensamento


Pé na arte e mãos pra cima
Põe poesia no teu dia

Eu só tenho uma certeza


Tudo
Muda
Vai girando
Tudo
Passa
Se transforma a toda hora

Tanto o bom e agradável


Quanto o ruim e doloroso

56
Se acabam
Seja cedo, seja tarde

O que traz muitos prazeres vai embora


E o que causa dor intensa
Passará da mesma forma

O segredo, como disse o velho mestre


Sem querê-lo diferente
É olhar o que acontece

(São Paulo - 15/03/2008)

57
A morte é uma violência?
Somos a morte a todo momento
A morte que cala, a morte que fala
A morte que anda, a morte que pára
A morte que come, que morre de fome
A morte que canta, que morre de medo
A morte que acorda e morre mais cedo
A morte que sonha, a morte que vive
A morte da vida, a morte que morre

(São Paulo - 09/04/2008)

58
Pequenos gestos
Tocar suavemente a testa ao acordar
Sentar ao lado para comer
Dobrar um pássaro de papel
Ouvir e escutar
Olhar nos olhos e enxergar sorrindo
Acompanhar até o portão da casa
Cantar mesmo que desafinado
Ensinar uma brincadeira
Caminhar junto em silêncio
Abraçar com sinceridade
Escrever um poema
Presentear uma flor
Apresentar um amigo
Servir um doce
Mostrar a paisagem
Fazer um desenho
Chamar pelo nome
Elogiar com verdade
Criticar com respeito

(Caraíva - 31/01/2008)

59
Cem palavras
Chegou o êxtase
É vento e brasa pra tudo que é lado
Roda gira
e
Fica tonto
É sorriso de canto a canto
Salada de cores e cheiros
Doce, simpático
Dos de melhor o melhor
Bofetada para o inesquecimento
O sol de todas as estrelas
É muita, é mais, ainda mais
Um horizonte de agradáveis sensações
Divinas, certas e divinas vidas
Montes de melodias meteoros
Monstros da música que arrepia
E arde a pele
Revôo de panos e carne
Com rosto pingado
Um néctar, suco concentrado
Que pega na boca salivada
Leva o céu dentro do céu
Chegou o êxtase!

(Caraíva - 01/02/2008)

60
O homem poeta
Primeiro te trago o sonho para sonhar
Um poeta sensível, verdadeiro, sincero
Com dotes nas palavras que acariciam

Depois te mostro a realidade para viver


Um homem bruto comum, com medos e desejos

Quero que surpreenda a lógica e seja viva


Que me escolha homem
Que me queira fraco
Para que eu seja forte

Talvez assim continue te fazendo sonhar


Mas um sonho acordado
Regado de dor e prazer

Te peço que não prefira nada


Nem a dor da dor
Nem o prazer do prazer
Ambos estarão sempre com você
Se intercalando como fibras

Se há o que preferir
Prefira o que há, como há
Se é sonho, é sonho
Em sendo real, real é absoluto
Rei de não ser não ser

(Caraíva - 29/01/2008)

61
O pintor de sonhos
Dormi na certeza de que tenho os piores defeitos do mundo
Ao amanhecer andei pelas ruas de areias frias e fundas
Depois de sonhar três ou quatro vezes coisas sem sentido
Renasci de novo como outro de mim (mas sem perder nada)
Os mesmos defeitos se fizeram mostrar lindos (e desafiadores)
Por eles sou vivo, eles formam um longo e suado caminho
Quando tiver forças passo por eles deixando para trás
Quando não tiver, eles que venham até mim e me esfolem
Cada brisa nova me fará companhia nessas noites
Suavizando por dentro e dando leve contorno

(Caraíva - 28/01/2008)

62
Casamento
Cada grão
Cada poeira
Todos os pós
E míseras partes e pedaços
Soltos e únicos e separados
Longe, bem longe, sem toque, sem cor
Cada gota e gota de gota
Quase nada aos olhos, nada aos olhos
Uni-vos todos e todas e tudo
Num abraço de braços, mil braços
E corpos de corpos, mil corpos
Juntai-vos num eterno laço
Gotas com gotas num imenso oceano
Pedacinhos de areia num planeta colorido
Tocai-vos todos a todas e tudo
Num toque sem tempo, sem fim
Ocupando o espaço vazio
Casai-vos todos com todas e tudo
Cada casamento mais casamento
Retornando assim ao único ser

(Caraíva - 27/01/2008)

63
Viajar
Vá visitar as cavernas
O escuro há de fascinar
Mas volte para a luz
Ou você pára de voar

Também nas montanhas


No campo de flores
Você deve ir, fundo no
Lago de barro, de algas de cores

E a queda da água
Na pedra, na areia,
No subúrbio da cidade
De faca afiada, visite a cadeia

Não esqueça também


Da brisa de sol, do brilho do mar
Parar de conhecer a vida
É parar de viajar

Pegue o próximo trem


Pare de cavar
Porque se do pó você veio
Para o pó você há de voltar

(São Paulo – 1998?)

64
Escravos de uma sociedade
Ser escravo de uma sociedade
Simples é parar de pensar
Partir numa louca viagem
Buscar a verdade, ou simplesmente chorar

Abrir as portas, fechar os olhos


E sonhar, ir para o campo
Sem vida, sem nome
De paredes brancas e teto azul

Subir as escadas sem descer


Os degraus de pedra escorregam
Você, aberto, se fecha
E eles mandam, te ordenam

Volte para a mamãe


Criancinha malvada
É o que dizem pro menino
Surdo mudo, de cabeça raspada

É isso que faz da vida


Uma grande caçada
Que vença o melhor escravo
Na fuga da nossa senzala

(1998?)

65
Poder
Não posso eu
Não pode você
Podemos nós dois

(fev/2004)

66
A lei da vida
A vida é uma mistura de cores
E momentos de música e silêncio
Vários verbos e verdades vivem
As pessoas se unem e se desunem
Os lugares nunca são os mesmos

Essa nossa geração tem a missão


De expandir a consciência integral

Nossas ações devem ser de dentro


Pra fora sinceras e verdadeiras
Jogando longe todas as máscaras
A casca que cobre a casca que
Cobre a casca que cobre a alma

Não precisamos de drogas para sermos


Nós mesmos somos o que somos
Temos amigos, temos a música e o sol
Temos eles, nossos criadores

Que dentro de nós estarão


Sempre vivos, nossa existência
É fruto do calor que um dia
Em algum lugar, por alguma razão
Exitiu, lá estava e assim foi

(São Paulo - mai/2006)

67
Tudo e nada
No mundo existem todos para tudo
Sóis nascem, sóis morrem
E ninguém está para nada
A não ser o que é errado

Se todos os dias fossem assim


O mundo seria uma poesia

E os olhos não transbordariam lágrimas


Não há motivo
O nada não é motivo
Não se morre sufocado sem algo que impeça a respiração
Há apenas o sofrimento

Por mais belo que seja


De pouco adianta se ninguém enxerga essa beleza
Um animal recém-nascido na incubadora
Fechado, sem ser visto, sem poder respirar naturalmente
Ofegante

Pense muito no que fará amanhã e chegue a conclusão nenhuma


Incerteza dominante do futuro
Magia do passado para sofrer no presente
Sem mais tempos, sem mais pensamentos
Vamos dormir para sonhar
É isso que eu quero

68
Se tudo é artificial, se tudo é falso
É um teatro, uma comédia dramática
Se não interpretarmos o vilão
Seremos atacados por ele
Se o fizermos morreremos
Nas mãos da cega justiça

Por isso o principal conselho é viver


Sem motivo e sem preocupações
Pelo menos por enquanto

Pare de viajar, mas vá longe


(São Paulo - 1995)

69
Tudo e nada
Grita fala
A boca chora
A boca come
E masca a carne
E cospe fora
E baba rala
E mexe a barba
De pêlo claro
Que tal beijá-la
Beber sua água
Soltar risada
Os lábios riem
Os lábios calam
A língua lambe
E leva lava
De calda quente
Se queima toda
Me morde mesmo
Me suga o sangue
A boca diz
Palavra muda
Si muda a forma
E move a alma
A boca para

(São Paulo - 05/08/2008)

70
Para você

71
72
Amanhã
Não temos nenhum motivo
Pra ficarmos perguntando
De onde viemos e quem fomos

Temos todos os motivos


Do mundo para respondermos
Quem seremos nós amanhã

E tendo essa resposta em mãos


Responderemos nós então

A que distância de nós está o amanhã?

(abr/1999)

73
Uma amiga
Você está ao meu lado
Bem agora no momento que preciso
É tudo que podia ter me dado

E eu te agradeço com a alma


Você nem sabe o valor que te dou
Me fazendo ficar nessa calma
Que depois dessa conversa me tomou

De repente da inspiração vazia


Voce me touxe o êxtase da emoção
Devolveu a mim minha própria vida
Acalentou e iluminou meu coração

(São Paulo - 22/11/2007)

74
Vai amigo
Ouça meu caro amigo
Que eu entendo o teu pesar
Fiquei doido de chorar
Quando aconteceu comigo

As meninas são assim


Seja a ti ou seja a mim
E a todos como nós
Que se metem a amar

Vai com fé que eu te dou voz


Se esse fogo te queimar
Vale mais o bem viver

Tua moça deve ser


Nesses dias de voar
Uma linda albatroz

(Caraíva - 30/01/2008)

75
Hoje o mundo pode acabar
Acordei no dia da criação
Levantei meus olhos para o céu
E pedi, preparei meu coração
Embrulhei com laço e papel

Disse então que de olhos bem fechados


Ficaria assim até quando for
Até o dia do fim do mundo
E o abriria só pra ver o que restou

A primeira luz que quero ver


É da tua voz cantando ao meu lado
Isso é tudo que eu queria ter

Hoje o mundo vai acabar


Hoje o mundo pode acabar
Não me importa, eu tenho você

(São Paulo - 14/02/2008)

76
Só você

Procurar quem?
Nada disso
O que que é isso
Fique aqui
Tome sombra
Ué, não foi?
Ah que bom
Só você?
Ainda melhor
Quer ver?
Cadê você?
Estou na sombra
Se vier
Venha aqui
Olha só
Viu?
Sou eu
Pra você
Só um pedacinho
De você?
Pode ser... só você?
Pronto, só você!

(Caraíva - 28/01/2008)

77
Servindo de longe
Eu te vejo linda
Mas será que você é
Seja noite ou dia
Sem servir o meu café

Impossível de ser
Sempre flor perfumada
Mas possível talvez
Sendo desarrumada

Pra mim basta saber


Que te quero só pra mim
Nem precisa me querer

Porque é sempre assim


Você não será minha
E te amarei só por ser

(SPOT - 22/11/2008)

78
Soluçamba
Solução pra mim é um sol de samba
Mi faz bm de um fá no set
E um lá em retrocesso que eu vivi

Diminu e a sua voz e


Si consola, sola, traz o seu
Swing a cor, tão preguiçosa dor
Resolve então pra mim

Soluçamba, soluçamba...

Se eu sis-te-ma-ti-zar a minha vida


Me aprisionar sem paz no seu estilo
Mostre a sua intenção
E um som que avisará

Soluçamba, Soluçamba...

(São Paulo - mai/2006 - colaborações Pedro Celestino e Eduardo


Karpat)

79
Despedida
Tenho Medo
Sou humano
Sou um anjo
Meu segredo
É coragem
Sem mentira
Tua culpa
Minha vida
Tem certeza
Vem comigo
Tantas vezes
Eu te disse
Que não posso
Me entregar
Nessa vida
Onde tudo
Mais se ganha
Do que perde
Sendo agora
Todo dia
Uma hora
Quem pergunta
Quer resposta
De outro modo
Calaria
Em silêncio
Só pecado
Bem agora
Que estou indo
Te buscar
Nunca tive
Outra chance
Pra escolher
Não sofrer
Nosso amor
Vai viver

(São Paulo - abr/2006)

80
Só cuidar
Vi mais uma vez seus olhos
Virarem, desviarem para lá
Aquele lugar que só ela conhece
Que não ousa se aproximar
Mas que sabe existir, sabe existir.
E eles insistem em procurar
E ela em fugir, um coração
Ferido, se é que se pode dizer
Assim, tão logo, aquilo que é,
Tão longo, tão longe, perto de lá
Para onde ela quer olhar,
Um infinito, o infinito, o vazio.
Então vamos à outra tentativa,
Chegar mais perto da ferida,
Um mal que pode ser curado,
Com amor, com carinho, ao olhar
A luz dos olhos que te querem,
Sim eles podem em verdade
Te trazer de volta, ela pertence
A esse mundo, a você, a mesma
Pessoa, vocês são uma só.
Longe de mim está, é, não
Consigo chegar nesse coração
Tão triste, queria apenas que
Ele soubesse o quanto o observo,
Quero cuidar e curar, entre
Abraços e beijos, entre todos
Os toques, mágicos, pois são
Eles embebidos de amor, do
Mais puro e sincero amor.

(São Paulo - 2005)

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Contato: danicuki@gmail.com
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