Prof. Franklin Higino SUMÁRIO BIBLIOGRAFIA.................................................................... ............................................... 3 1ª Parte: Queixa-Crime e Liberdade Provisória I II III IV V VI VII VIII IX X XI XII XIII XIV REPRESENTAÇÃO (ASPECTOS GERAIS)...... ...................................................... MODELO DE REPRESENTAÇÃO PARA INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL..................................................... .............................................................. MODELO DE REQUERI MENTO PARA INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO............. QUEIXA-CRIME (ASPECTOS GERAIS)....... ............................................................ MODELO DE QUEIXA-CR IME............................................................................. ..... MODELO GERAL DE PROCURAÇÃO.................................................... ................. LIBERDADE PROVISÓRIA (ASPECTOS GERAIS).......................... ...................... MODELO DE RELAXAMENTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE............... ............... MODELO DE LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA........................... ............. MODELO DE LIBERDADE PROVISÓRIA COM FIANÇA............................. ........... PRIMEIRO EXERCÍCIO PRÁTICO – PROFISSIONAL................................. ............ SEGUNDO EXERCÍCIO PRÁTICO – PROFISSIONAL................................. ........... TERCEIRO EXERCÍCIO PRÁTICO – PROFISSIONAL................................. ........... QUESTÕES PRÁTICAS....................................................... ..................................... 4 6 8 9 11 13 14 17 18 21 22 23 24 25 2ª Parte: Defesa Preliminar e Alegações Finais I II III IV V VI VII VIII IX X XI DEFESA PRELIMINAR (ASPECTOS GERAIS)............................................. ........... MODELO DE DEFESA PRELIMINAR (ART. 514 DO CPP) ...................... .............. MODELO DE DEFESA PRELIMINAR (ART. 55 DA LEI N° 11.343/06).......... ......... DEFESA PRÉVIA (ASPECTOS GERAIS)......................................... ........................ MODELO DE DEFESA PRÉVIA.................................. .............................................. ALEGAÇÕES FINAIS (ASPECTOS GERAIS)... ....................................................... MODELO DE ALEGAÇÕES FINAIS ( ART. 500 DO CPP)........................................ MODELO DE ALEGAÇÕES FINAIS (ART. 406 DO CPP)........................................ PRIMEIRO EXERCÍCIO PRÁTICO -PROFISSIONAL................................................ SEGUNDO EXERCÍCIO PRÁT ICO – PROFISSIONAL............................................ QUESTÕES PRÁTICAS...... ................................................................................ ...... 31 34 36 39 40 41 44 46 48 49 50 2 BIBLIOGRAFIA BÁSICA 1. BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. Parte Geral. 11ª ed. São Pau lo: Saraiva, 2007. 2. ______. Tratado de Direito Penal. Parte Especial. Vols II, III e IV. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004. 3. CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Pe nal. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007. 4. GRECO, Rogério. Direito Penal. Parte geral. 5ª edição. Rio de Janeiro: 2006. 5. FRANCO, Alberto Silva. et al. Código Penal e sua Int erpretação Jurisprudencial. Vol 1. Parte Geral. 7ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. 6. ______. Código Penal e sua Interpretação Jurisprudencial. Vol 2. Parte Espec ial. 7ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. 7. NUCCI, Guilherme de Souza. Códi go penal comentado. 7ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. 8. ______. Código d e processo penal comentado. 6ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. 9. ______ . NUCCI, Náila Cristina Ferreira. Prática Forense Penal. 2ª ed. São Paulo: Revista dos T ribunais, 2007.1 1 Este livro não poderá ser utilizado na prova, pois contém modelos de peças. 3 I – REPRESENTAÇÃO (ASPECTOS GERAIS) A ação penal pública, que será promovida pelo Ministéri co (Procurador da República, crime da competência da Justiça Federal, ou Promotor de J ustiça, crime da competência da Justiça Estadual), quando condicionada à representação, dep nde de prévia manifestação de vontade da vítima ou do seu representante legal, verdadeir a condição de procedibilidade. Constitui a “representação” a manifestação de vontade da vít e pode ser dirigida à autoridade policial, ao Ministério Público ou formulada perante a autoridade judiciária. Em qualquer hipótese tem-se, simplesmente, a “autorização” da víti para o exercício da ação penal pelo Ministério Público que, então poderá oferecer a denúnci iciando a relação processual penal. JESUS (2003, p. 662) conceitua a representação como a “manifestação de vontade do ofendido ou de seu representante legal, no sentido de mo vimentar-se o jus persequendi in juditio2”. Cuidando-se de vítima menor de 18 anos, o direito de representação deve ser exercido pelo seu representante legal, nos termo s do art. 24, caput, do CPP, podendo a autoridade judiciária nomear curador especi al na ausência de representante legal. Como regra geral, o direito de representação de ve ser exercido no prazo decadencial de 6 (seis) meses, nos termos do art. 38 do CPP, que não admite suspensão ou interrupção, prazo contato da data do conhecimento da autoria do delito. Na Lei n . 5.250/67, a chamada Lei de Imprensa, o prazo decaden cial é de 3 (três) meses, conforme art. 41, parágrafo 1 , da Lei n . 5.250/67. Na represen tação, que prescinde de qualquer formalidade, deve o ofendido narrar de forma sintétic a o fato delitivo, apontando, quando possível, sua autoria, sem preocupação com a clas sificação jurídica do fato (tipicidade). 2 JESUS, Damásio Evangelista. Direito Penal. Parte Geral. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. 4 Ao representar, na hipótese de concurso de pessoas, não pode a vítima conceder autoriz ação para ver processado apenas um dos co-delinqüentes, pois “apresentando-a contra um d os co-autores ou partícipes, serve de base contra todos, legitimando o Ministério Públ ico a oferecer denúncia contra todos os agentes” (NUCCI, 2006, p.150) 3. Interessant e observar que nos crimes contra a honra, quando praticados contra servidor públic o, no exercício de função, diz o Código Penal que a ação é pública condicionada à represent do, diante do enunciado da Súmula n 714 do STF, permite-se o oferecimento de queixa -crime, admitindo-se, portanto, o exercício da ação penal privada. Estabelece o art. 1 02 do Código Penal a possibilidade da retratação da representação, porém, quando efetuada a tes do oferecimento da denúncia. Logo, ofertada a denúncia, a representação é irretratável. Discute-se a possibilidade da retratação da retratação, ou seja, ofertada a representação e realizada a retratação, poderá a vítima arrepender-se, desejando ver processado o agente ? A doutrina, praticamente a unanimidade, admite sua ocorrência, exigindo apenas q ue a nova representação seja efetuada dentro do prazo decadencial. 3 NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 5.ed. São Paulo: Revi sta dos Tribunais, 2006. 5 II - MODELO DE REPRESENTAÇÃO PARA INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL Ilm . Sr. Dr. Delegado de Polícia da Comarca ____________ “Tício”, brasileiro, casado, servidor público estadual, titular do RG n. ______ e do CPF n. ________, residente e domiciliado nesta cidade, na Rua ________, no. _______ __, Bairro _________, através de seu procurador infraassinado, mandato incluso, ve m, respeitosamente, à presença de Vossa Senhoria representar pela INSTAURAÇÃO DE TERMO C IRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA, para apurar a prática de crime de injúria (art. 140, c/c art. 141, II, ambos do Código Penal, nos termos do parágrafo único do art. 145 do Códig o Penal), pelos seguintes fatos que passa a expor: O requerente é servidor público e stadual, atualmente exercendo suas funções na Secretaria de Estado da Saúde, sendo pre sidente da Comissão Permanente de Licitação. Ocorre que, no dia 11 de novembro de 2005 , por volta das 17h, compareceu à Secretaria da Saúde o representado “Mévio”, casado, empr esário, titular do RG n. ______ e do CPF n. ________, residente e domiciliado nest a cidade, na Rua ________, no. _________, Bairro _________. “Mévio”, insatisfeito com resultado do processo licitatório n. 024/2005, no qual sua empresa não restou classi ficada, passou a proferir palavras ofensivas a sua honra, chamando o representan te de “safado”, “vagabundo” e “desonesto”. O fato ocorreu na presença de todos os funcionár deixando perplexo e bastante constrangido o representante, razão pela qual deve se r instaurado o procedimento administrativo com posterior remessa ao Juizado Espe cial Criminal desta Comarca. Termos em que, colocando-se à disposição para prestar dec larações, bem como indicando as testemunhas abaixo, 6 Pede deferimento. Belo Horizonte, quarta-feira, 22 de agosto de 2007. ________________________________ Advogado (atenção – o candidato não pode identificar-se ) ROL DE TESTEMUNHAS: 1) ... 2) ... 7 III - MODELO DE REQUERIMENTO PARA INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL Ilm . Sr. Dr. Delega do de Polícia da Comarca ____________ “Tício”, brasileiro, casado, comerciante, titular do RG n. ______ e do CPF n. ________ , residente e domiciliado nesta cidade, na Rua ________, no. _________, Bairro _ ________, através de seu procurador infraassinado, mandato incluso, vem, respeitos amente, à presença de Vossa Senhoria, requerer a INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL, para a purar a prática de crime de dano qualificado (art. 163, parágrafo único, IV, do Código P enal), pelos seguintes fatos que passa a expor: O requerente é proprietário do veículo Fiat, modelo UNO, ano de fabricação 2000, placa FHC-2006, cor cinza. O precitado veíc ulo estava estacionado em frente a sua residência quando, por motivo egoístico, surp reendeu “Mévio”, brasileiro, casado, eletricista, titular do RG n. ______ e do CPF n. ________, residente e domiciliado nesta cidade, na Rua ________, no. _________, Bairro _________, destruindo o automotor, mediante golpes com instrumento contun dente. O delito patrimonial foi cometido, simplesmente, porque o requerente era o único morador do local a possuir veículo, fato não suportado pelo agente. Termos em que, colocando-se à disposição para prestar declarações, bem como indicando as testemunhas abaixo, Pede deferimento. Belo Horizonte, quarta-feira, 22 de agosto de 2007. _ _______________________________ Advogado (atenção – o candidato não pode identificar-se) ROL DE TESTEMUNHAS: 1) ... 2) ... 8 IV - QUEIXA-CRIME (ASPECTOS GERAIS) A queixa-crime constitui a peça acusatória (petição inicial) da ação penal privada, na qual o querelante (vítima do delito), através do seu advogado, atribui ao querelado a prática de um delito. Sobre a procuração, tem-se no a rt. 44 do Código de Processo Penal a exigência de que na queixa constem “poderes espec iais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do f ato criminoso”. Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especia is, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fat o criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal. Exigiu o legislador a “menção do fato criminoso” que constitui a síntese, um brevíssimo res mo, do fato criminoso. Extrai-se do art. 41 do Código de Processo Penal o conjunto de requisitos indispensáveis à propositura da queixa: Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas c ircunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa ident ificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. Na descr ição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, deve ser utilizada linguagem clara e sintética, adotando-se as expressões típicas, na medida do possível, procurando -se individualizar as condutas quando for hipótese de concurso de pessoas. Atenção esp ecial quanto às qualificadoras, majorantes e agravantes, pois devem ser narradas n a queixa-crime. O precitado dispositivo processual estabelece a necessidade da qualificação do querelado, significando que na queixa deve constar se us dados identificadores, como o nome, a naturalidade, o estado civil, a profissão , 9 a idade, a filiação e o endereço. Na hipótese de crime praticado em concurso de pessoas (co-autoria ou participação), todos os querelados devem ser qualificados. Acerca da classificação do delito, convém relembrar que norma processual exige que o querelante realize a “tipicidade”, apontando o tipo penal praticado pelo agente. Desejando pena de preclusão. Apesar de não ser requisito expresso, afigura-se importante que o que relante faça pedido de condenação. Cuidando-se de “petição inicial” não pode faltar o ender o, devendo o querelante indicar a autoridade judiciária competente (“Excelentíssimo Ju iz da Vara Criminal ...”, “Excelentíssimo Juiz da Vara Federal...” ou “Excelentíssimo Juiz o Juizado Especial Criminal...”). Regra geral, tem a vítima o prazo de 6 (seis) mese s para apresentar a queixa-crime, prazo iniciado no dia em que vier a saber quem é o autor do crime ou, na hipótese de ação penal privada subsidiária, a contar do exaurim ento do prazo para o oferecimento da denúncia. produzir provas, especialmente a testemunhal, o querelante deverá consignar na peça acusatória pedido expresso, sob 10 V - MODELO DE QUEIXA-CRIME EXM . SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMAR CA DE (nome da comarca) _______________________ (nome e qualificação do querelante), através de seu procurador infra-assinado, mandato incluso, vem, respeitosamente, à presença de V. Ex ., oferece r QUEIXA-CRIME contra: ____________________(nome querelado) Pelos seguintes fato s que passa a expor: Consta do incluso Inquérito Policial, que no dia ____________ _________________ (exposição – objetiva – do fato criminoso, com todas as suas circunstânc ias). Os fatos aconteceram da seguinte e pormenorizada forma: No dia, horário e lo cal citados, e qualificação do ____________________________ (usar, preferencialmente, as expressões típicas para na rrar o fato criminoso). Assim, em razão da prática do crime previsto no art. _______ ______ (indicar – classificar – o tipo penal praticado), requer o Querelante que, o Querelado seja citado, interrogado, processado, e ao final condenado, nos precis os termos do Código de Processo Penal. Requer, ainda, sejam inquiridas as testemun has ora arroladas e colhidas suas declarações: ROL DE TESTEMUNHAS: 1) , qualificado à fl. ; 2) , qualificado à fl. ; 3) , qualificado à fl. . 11 Belo Horizonte, 21 de agosto de 2007. _________________________________________________ Advogado (atenção – o candidato não po de identificar-se) 12 VI - MODELO GERAL DE PROCURAÇÃO PROCURAÇÃO Por este instrumento particular de mandato, ______________ , brasileiro, casado, comerciante, titular do RG n. _______ e do CPF n. ________, residente e domiciliado nesta cidade, na Rua ________, no. ____ _____, Bairro _________, constitui e nomeia seu bastante procurador, o Dr. _____ ________________ (atenção – o candidato não pode identificar-se), Advogado, OAB n. _____ __ , residente e domiciliado nesta cidade, com escritório na Rua ________, no. ___ ______, Bairro _________, a quem confere todos os poderes, inclusive os da cláusul a ad juditia, especialmente para _______________ (objetivo) porque _____________ ______ (exposição – resumida – do fato criminoso), cometendo, dessa maneira, o crime pre visto no art. ____________________ (indicar – classificar – o tipo penal praticado). Belo Horizonte, 21 de agosto de 2007. ________________________________ Advogado (atenção – o candidato não pode identificar-se ) 13 VII - LIBERDADE PROVISÓRIA (ASPECTOS GERAIS) Tratando da liberdade provisória, ensina NUCCI (2006, p. 621) que : é a liberdade co ncedida ao indiciado ou réu, preso em flagrante ou em decorrência de pronúncia ou sent ença condenatória recorrível, que, por não necessitar ficar segregado, provisoriamente, em homenagem ao princípio da presunção de inocência, deve ser liberado, sob determinadas condições. O fundamento constitucional é encontrado no art. 5 , XXVI (NUCCI, 2006, p.62 1)4. Depreende-se da lição do mestre paulista não ser possível a concessão da liberdade provisór a quando for hipótese de prisão preventiva ou temporária, situação em que deve ser pretend ida a revogação da prisão provisória decretada pelo juiz, dirigindo-se requerimento à própr a autoridade judiciária ou impetrando-se ordem de habeas corpus no Tribunal compet ente, caminho este que deverá ser escolhido no Exame da Ordem. Por outro lado, não s e deve confundir a concessão da liberdade provisória com o relaxamento da prisão em fl agrante. A concessão da liberdade provisória pressupõe a existência de regular prisão em f lagrante. Ao reverso, na hipótese de ilegal prisão em flagrante, a prisão deve ser rel axada pela autoridade judiciária competente. A liberdade provisória poderá ser concedi da com ou sem fiança. Na liberdade provisória mediante fiança, a autoridade policial, “n os casos de infração punida com detenção ou prisão simples” (art. 322 do CPP), ou a autorid de judiciária, observada as restrições previstas no art. 323 do CPP, poderá assegurar o direito do agente permanecer em liberdade durante o processo, mediante um pagame nto em dinheiro ou entrega de valores ao Estado. 4 NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 5.ed. São Paulo: Revi sta dos Tribunais, 2006. 14 Nos artigos 323 e 324 do CPP, estabeleceu o legislador proibição da concessão da fiança. Na Constituição Federal, precisamente no art. 5 , XLII, XLII e XLIV, igualmente resto u proibida a concessão da fiança. O valor da fiança foi estabelecido no art. 325 do CP P, norma que deve orientar a autoridade competente para sua concessão. Concedida a fiança, conforme estabelece o art. 333 do CPP, “terá vista do processo a fim de reque rer o que julgar conveniente” o Ministério Público. Tratando-se de indiciado ou réu pobr e, que não pode suportar o valor fixado sem prejuízo próprio ou da sua família, conforme art. 350 do CPP, poderá o juiz conceder a liberdade provisória sem fiança. Relativame nte à liberdade provisória sem fiança, deve-se atentar também para a norma prevista no a rt. 310 e seu parágrafo único do CPP. Pela norma prevista no art. 310, caput, do CPP , cuidando-se de fato típico praticado em legítima defesa, estado de necessidade, ex ercício regular de direito ou estrito cumprimento do dever legal, o juiz deve, após ouvir o Ministério Público, conceder ao agente a liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos do processo. Idêntico procedimento deve ser emprega do quando, realizada a prisão em flagrante, não estiverem caracterizados os motivos que justificam a decretação da prisão preventiva, conforme determinado o parágrafo único d o art. 310 do CPP. Conforme adverte NUCCI (2006, p. 602), “não há, então, periculum in m ora. A medida cautelar, que foi a lavratura do flagrante, não mais se justifica, u ma vez que ser contraponto, que é a preventiva, jamais poderia ser decretada” (NUCCI , 2006. p. 602) 5. NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 5.ed. São Paulo: Revi sta dos Tribunais, 2006. 5 15 Portanto, ausente a necessidade da custódia cautelar como “garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação d lei penal” (art. 312 do CPP), pouco importando se a infração é afiançável ou inafiançável, o juiz colocar o indiciado ou réu em liberdade mediante termo de comparecimento. Tratando-se de crime contra a economia popular ou de delito de sonegação fiscal (art s. 1 e 2 da Lei n°. 8.137/90) “não se aplica o disposto no art. 310 e parágrafo único” do conforme estabelece o inciso I, parágrafo 2 , do art. 325 do CPP. Por fim, estabele ce a doutrina hipótese de liberdade provisória obrigatória, sem fiança ou termo de compa recimento, nos termos do art. 321 do CPP. 16 VIII - MODELO DE RELAXAMENTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUI Z DE DIREITO DA ________VARA CRIMINAL DA COMARCA DE (nome da comarca) Inquérito n ______________ _______________________ (nome e qualificação do suplicante), através de seu advogado v em, respeitosamente, à presença de V. Ex ., requerer o RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANT E, com fundamento no art. 5 , LXV, da Constituição Federal, pelos seguintes fatos e fu ndamentos: ___________ (exposição resumida dos fatos, indicando a existência da prisão por força do auto de prisão em flagrante). ____________ (exposição sobre a ilegalidade da prisão em flagrante, por exemplo, inocorrência do art . 302 do CPP ou vício no APF). _____________ (inserir comentários doutrinários). _____ ________ (inserir jurisprudência). Assim, requer a Vossa Excelência determinar o relaxamento da prisão, colocando-se o indiciado em liberdade, que se compromete a comparecer a todos os atos processuais, quando intimado, expedindo-se o alvará de soltura. Termos em que, ouvido o ilustre representante do Ministério Público, Pede d eferimento. Belo Horizonte, 22 de agosto de 2007. ______________________________ ___________________ Advogado (atenção – o candidato não pode identificar-se) 17 IX - MODELO DE LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DI REITO DA ________VARA CRIMINAL DA COMARCA DE (nome da comarca) Autos n __________ ____ _______________________ (nome e qualificação do suplicante), através de seu advog ado vem, respeitosamente, à presença de V. Ex ., requerer a sua LIBERDADE PROVISÓRIA, se m arbitramento de fiança, com fundamento no art. 5 , LXVI, da Constituição Federal, pelo s seguintes fatos e fundamentos: ___________ (exposição resumida dos fatos, indicando a existência da prisão por força do auto de prisão em flagrante). Entretanto, o requerente faz jus à concessão da liberdade provisória, sem fiança, levando-se em cons ideração o disposto no art. 310, parágrafo único, do Código de Processo Penal, uma vez que ausente qualquer sustentáculo para a decretação da prisão preventiva (sugestão de redação ci). Não há motivo algum para a decretação da sua custódia cautelar, uma vez que os requis itos do art. 312 do Código de Processo Penal não estão caracterizados. Registre-se que o suplicante é primário, não registrando antecedentes criminais, tem endereço certo e o cupação lícita (documentos anexos). ___________ (inserir comentários doutrinários). ______ _____ (inserir jurisprudência). Ademais, vale destacar que o princípio constituciona l da presunção de inocência, associado ao direito de permanecer em liberdade provisória, constituem o quadro ideal para a sua situação (sugestão de redação Nucci). Assim, não esta do caracterizados os motivos justificadores da prisão cautelar, requer a Vossa Excelência, nos termos do art. 310 , parágrafo único, do Código de Processo Penal, a concessão da liberdade provisória, media nte termo de comparecimento a todos os atos do processo, quando intimado, expedi ndo o alvará de soltura. 18 Termos em que, ouvido o ilustre representante do Ministério Público, Pede deferiment o. Belo Horizonte, 22 de agosto de 2007. _______________________________________ __________ Advogado (atenção – o candidato não pode identificar-se) 19 X – MODELO DE LIBERDADE PROVISÓRIA COM FIANÇA EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREI TO DA _______VARA CRIMINAL DA COMARCA DE (nome da comarca) Autos n ______________ _ _______________________ (nome e qualificação do suplicante), através de seu advogado vem, respeitosamente, à presença de V. Ex ., requerer a sua LIBERDADE PROVISÓRIA, com a rbitramento de fiança, com fundamento no art. 5 , LXVI, da Constituição Federal, pelos s eguintes fatos e fundamentos: ___________ (exposição resumida dos fatos, indicando a existência da prisão por força do auto de prisão em flagrante). Entretanto, o requerente faz jus à concessão da liberdade provisória, com fiança, levando-se em cons ideração tratar-se de crime cuja pena mínima não excede dois anos (art. 323, I, do Código de Processo Penal), ser ele primário, não registrando antecedentes criminais e possu idor de residência fixa e ocupação lícita (documentos anexos), inexistindo acusação de prát de crime violento (art. 323, V, do Código de Processo Penal). Não há motivo algum par a a decretação da sua custódia cautelar, uma vez que os requisitos do art. 312 do Código de Processo Penal não estão caracterizados. ___________ (inserir comentários doutrinári os). ___________ (inserir jurisprudência). Ademais, vale destacar que o princípio co nstitucional da presunção de inocência, associado ao direito de permanecer em liberdad e provisória, constituem o quadro ideal para a sua situação (sugestão de redação Nucci). As im, não estando caracterizados os motivos justificadores da prisão cautelar, requer a Vossa Excelência, nos termos do art. 325 , do Código de Processo Penal, a concessão da liberdade provisória, mediante fiança, exp edindo o alvará de soltura. 20 Termos em que, Pede deferimento. Belo Horizonte, 22 de agosto de 2007. _________ ________________________________________ Advogado (atenção – o candidato não pode identi ficar-se) 21 XI - PRIMEIRO EXERCÍCIO PRÁTICO-PROFISSIONAL Ordem dos Advogados do Brasil - Seção de Go iás COMISSÃO DE ESTÁGIO E EXAME DE ORDEM PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL – 7 DE MAIO DE 2006 DI REITO E PROCESSO PENAL Elabore a peça processual pertinente ao caso abaixo apresen tado. Em uma festa realizada no Edifício Alquimia, Luiz foi agredido gratuitamente por Paulo, que, após desferir-lhe um forte chute, ocasionou-lhe lesões corporais de natureza grave. Após este fato, quando fugia dos seguranças do prédio, Paulo verbalme nte agrediu Dona Ana, que, espantada com tamanha violência, indagara sobre o motiv o daquela agressão. Em resposta Dona Ana, assim como os outros convidados, ouviu P aulo dizer: “Não devo satisfação a prostituta alguma; suma da minha frente, velha decade nte. Saia daí, sua prostituta”. Aos prantos Dona Ana, uma senhora respeitável, sentou- se na escadaria do prédio e pôs-se a chorar. Após dois dias, representou contra seu of ensor em delegacia. Em audiência no 4o Juizado Especial Criminal, as partes não entr aram em acordo, então o Juiz suspendeu a audiência e abriu vistas dos autos para o a dvogado de Dona Ana oficiar. De posse da procuração de Dona Ana, elabore a peça pertin ente para o prosseguimento do feito. 22 XII - SEGUNDO EXERCÍCIO PRÁTICO-PROFISSIONAL Maria, alta funcionária da empresa “ATR”, no Centro de São Paulo, Capital, recebe normalmente cantadas de seu superior hierárquic o, João. Temendo por seu emprego, Maria nunca efetuou nenhuma reclamação. Em 20.01.07, contudo, João, prevalecendo-se de sua condição na empresa, chama Maria em sua sala. Q uando ela na sala ingressa, João tranca a porta, exigindo favores sexuais. Visivel mente alterado, João grita com Maria, dizendo que se ela não concordasse com o ato s exual, ele iria demiti-la. Outros funcionários, escutando os gritos de Maria, vão, i mediatamente, em seu socorro, abrindo a sala de João com a chave mestra, encontran do Maria aos prantos. João, nesse momento, sai rapidamente da sala. No dia seguint e, pede desculpas a Maria, dizendo haver bebido demais na véspera, e que tudo não te ria passado de um mal entendido. Maria, revoltada, diz que vai procurar os seus direitos. QUESTÃO: como advogado de Maria, redija a peça mais adequada para fazer valerem os d ireitos de sua cliente. 23 XIII - TERCEIRO EXERCÍCIO PRÁTICO-PROFISSIONAL DEZEMBRO/1996 PROVA PRÁTICO-PROFISSIONA L ÁREA: DIREITO PENAL PRIMEIRA PARTE REDAÇÃO DE PEÇA PROFISSIONAL Maria Madalena Queiróz, exemplar dona de casa e mãe de 3 filhos, dedicou os últimos 20 anos de sua enfadonha vida ao casamento com Aristeu da Silva Queiróz, aparentemen te, um pacato bancário. No entanto, no dia 15 próximo passado, Madalena, como era ma is conhecida por todos, tomou conhecimento que seu marido mantinha uma amante de sde os tempos de solteiro, e com ela encontrava-se regularmente. A dócil Madalena foi tomada por incontida raiva pela rival Vera, e completo desprezo pelo marido Aristeu, resolvendo pôr fim àquela situação. Naquela noite, quando o marido chegou em ca sa, por volta das 20 horas, com a desculpa de estar fazendo hora-extra no banco, mas com indisfarçável jeito de quem acabava de sair do banho, teve início uma forte d iscussão que culminou com uma única e certeira facada no peito, desferida pela espos a que preparava o jantar, na vítima que morreu, ali mesmo, na cozinha de sua casa. Madalena foi regularmente autuada em flagrante como tendo violado as disposições co ntidas no art. 121, caput, do Código Penal, encontrando-se presa até a presente data . Considerando que a indiciada é primária, portadora de bons antecedentes, com domicíl io certo, elabore com o devido e completo encaminhamento, a petição visando obter a sua liberdade. 24 XIV - QUESTÕES PRÁTICAS 1) Menelau foi preso em flagrante por tentar furtar um apare lho de mp3 de última geração, que custa no mercado cerca de R$ 800,00 (oitocentos reai s). Quais outros argumentos jurídicos devem ser alegados em favor de Menelau, no p edido de liberdade provisória, além dos requisitos favoráveis de primariedade, bons an tecedentes, endereço fixo e trabalho comprovado? (OAB/MG Ago 2006) Resposta: A man utenção da prisão em flagrante, nos termos do art. 310, parágrafo único do CPP, somente se justifica quando estiverem provados os motivos caracterizadores da prisão prevent iva, conforme art. 312 do CPP. Portanto, conforme NUCCI (p. 602) deve-se sustent ar que “não há, então, periculum in mora. A medida cautelar, que foi a lavratura do flag rante, não mais se justifica, uma vez que seu contraponto, que é a preventiva, jamai s poderia se decretada” (NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comenta do. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p. 602). Portanto, na espécie, cabe liberdade provisória sem fiança. Deve-se acrescentar no pedido, ainda, por cautela, a alegação de que o crime supostamente praticado por Menelau (furto) admite, em cas o de condenação, a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito s, não sendo razoável que Menelau permaneça preso provisoriamente para depois ser colo cado em liberdade quando do cumprimento da pena restritiva de direitos. 2) A práti ca de crime hediondo, por si só, basta para que seja determinada a segregação cautelar ? Fundamente sua resposta abordando o princípio da presunção de inocência e os requisito s da prisão preventiva à luz da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. (OAB CES PE Dez 2006) Resposta: A excepcionalidade da prisão cautelar, no sistema de direit o positivo pátrio, é necessária conseqüência da presunção de não-culpabilidade, insculpida garantia individual na Constituição da República, somente se a admitindo nos casos leg ais de sua necessidade, quando certas a autoria e a existência do crime. Tratando da matéria, ensina NUCCI (p. 610) que “não é o fato único do crime se hediondo ou assemelh ado que proporciona a decretação da prisão preventiva, justamente o que torna contradi tória a situação de vedação da liberdade provisória a quem é preso em flagrante pelo cometi to de crime dessa espécie. Portanto, para a decretação da custódia cautelar contra o aut or de crime hediondo ou equiparado exige-se, ainda a congregação de outros fatores” (N UCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 5 ed. São Paulo: Revist a dos Tribunais, 2006. 25 p. 610). Assim, para a decretação da prisão preventiva, não bastam singelas considerações a erca da gravidade do delito em abstrato, nem é suficiente a mera reprodução das expres sões constantes no art. 312 do Código de Processo Penal, sendo necessária a demonstração o bjetiva, com base em fatos concretos, da efetiva necessidade da medida cautelar na hipótese em exame, evidenciando-se na decisão a real ameaça à ordem pública ou os risco s para a regular instrução criminal ou o perigo de se ver frustrada a aplicação da lei p enal. A proibição à liberdade provisória aos acusados por crimes hediondos ou a eles equ iparados, nos termos do art. 2 , inciso, II, última parte, da Lei 8.072/90, não se mos tra suficiente, por si só, para a restrição de liberdade antecipada, que se deve reger sempre pela demonstração da efetiva necessidade no caso em concreto. Nesse sentido é a jurisprudência do STJ: HC 61246/SP e RHC 19429/SP. 3) Quais os requisitos de adm issibilidade da prisão temporária? Eles são alternativos ou cumulativos? (OAB/SP 131 Ex ame) Resposta: Os requisitos são dados pelo art.1 , da Lei n . 7.960/89, quais sejam: I.quando imprescindível para as investigações do inquérito policial; II.quando o indicia do não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade; III.quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova ad mitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes : homicídio doloso (art.121 caput e seu §2 ); seqüestro e cárcere privado (art.148, caput, e seus §§1 e 2 ); roubo (art.157, caput, e seus §§1 e 2 ); extorsão (art.158, caput e se extorsão mediante seqüestro (art.159, caput e seus §§1 e 2 ); estupro (art.213 caput e sua combinação com o art.223, caput e parágrafo único); atentado violento ao pudor (art.214, caput e sua combinação com o art.223, caput e parágrafo único), epidemia com resultado morte (art.267, §1 ); envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal ualificado pela morte (art.279, caput, cc art.285); quadrilha ou bando (art.288, todos do Código Penal); genocídio (art.1 , 2 , 3 da Lei n 2.889/56), tráfico de drogas ( .12 da Lei n 6.368/76); crimes contra o sistema financeiro (Lei n 7.492/86). Exist e posição que entende serem eles alternativos, bastando a presença de um deles para a possibilidade de prisão temporária, e outra, que os entende cumulativos, sendo neces sária a presença do item I ou do item II, em conjunto com o item III. 26 4) O uso de arma de brinquedo pode ser tida como qualificadora do crime de roubo (art.157, §2. , I, do Código Penal)?(OAB/SP 131 Exame) Resposta: Não. O entendimento jur isprudencial dado pela antiga Súmula do STJ n 174, foi revogada pela Lei n . 9.437/97 , que previu crime próprio para a utilização de simulacro de arma de brinquedo (art.36 ). Esse artigo foi revogado, ao depois, pela Lei n . 10.826/03. Entretanto, hoje não mais se considera motivo de maior reprovação a utilização de arma sem o potencial ofens ivo, não podendo ser tido o emprego de arma de brinquedo como qualificadora do rou bo. 5) O juiz pode receber apenas parcialmente a denúncia oferecida pelo Ministério Público? Fundamente a resposta. (OAB/SP 129 Exame) Resposta: A maioria da doutrina entende ser possível o recebimento parcial da denúncia pelo juiz, tendo em vista a i nexistência de vedação legal. Ressalte-se, ainda, que, havendo imputações cumulativas e re cebendo o juiz a denúncia apenas em relação a algumas, haverá rejeição quanto às outras e, te ponto, caberá recurso em sentido estrito. 6) Se alguém, para matar, fere a vítima, segundo a doutrina ele só será punido pelo crime de homicídio. Neste caso, que tipo de conflito existe e qual o critério utilizado para resolvê-lo? (OAB/SP 129 Exame) Resp osta: Trata-se de conflito aparente de normas, resolvido pelo princípio da consunção, pois ocorre a relação consuntiva, ou de absorção, quando um fato definido por uma norma incriminadora é meio necessário ou normal fase de preparação ou execução de outro crime, be como quando constitui conduta anterior ou posterior do agente, cometida com a m esma finalidade prática atinente àquele crime, a exemplo do que ocorre no denominado crime progressivo, como é o caso do crime de homicídio, o qual pressupõe a lesão corpor al como resultado anterior. 7) João e Maria convivem, sem serem casados, há vinte an os, na mesma casa e tiveram três filhos. João foi condenado por crime de roubo quali ficado. Maria e o pai de João, de nome Pedro, escondem-no em um sítio de propriedade de um amigo, chamado Antonio, dando a este conhecimento do fato de João estar con denado. Que crimes cometem Maria, Pedro e Antonio? Justifique. (OAB/SP 127 Exame) Resposta: O crime seria o previsto no artigo 348 do Código Penal. O pai, Pedro, não responde pelo crime porque, segundo o § 2 , fica isento de pena o ascendente. O 27 amigo, Antonio, poderá ser punido pelo delito, porque a ele não se aplica o referido parágrafo. Quanto a Maria, duas interpretações são possíveis. Por uma orientação mais rígi la responderia porque o parágrafo só isenta de pena o cônjuge. Por outra, mais afinada com a vigente Constituição Federal, a companheira deve ser equiparada à mulher casada (art. 226, § 3°). 8) Pedro, não-funcionário, ingressou na repartição pública em que João, onário público, seu amigo, trabalha e subtraiu o computador que João, conforme previam ente combinado, deixara sobre a sua mesa. O ingresso se deu no período noturno, co m uso de chave cedida por João. Pergunta-se: que crimes cometeram Pedro e João? Just ifique. (OAB/SP 125 Exame) Resposta: Peculato-subtração (artigo 312, §1 ). Comunica-se a condição de funcionário público, porque elementar do crime (art. 30 do Código Penal). 9) O particular, não funcionário público, pode ser punido por crime de peculato? Explique e fundamente. (OAB/SP 123 Exame) Resposta: O particular pode ser punido como partíc ipe. Embora o peculato se trate de crime próprio, praticado por funcionário público e não por particular, este pode, contudo, de qualquer modo colaborar para a prática do crime (art. 29, do Código Penal). Responderá pelo ilícito criminal, diante do que dis põe o artigo 30 do Código Penal, pois a condição de funcionário público se trata de circuns cia elementar do peculato. 10) A e B, sem estarem previamente combinados, atiram , ao mesmo tempo, em C, que faleceu em virtude de ser atingido por somente um do s projéteis. Como a doutrina denomina essa situação? A e B responderiam por algum crim e? Justifique. Resposta: A doutrina denomina de autoria colateral (ou co-autoria lateral ou imprópria). “Caso duas pessoas, ao mesmo tempo, sem conhecerem a intenção um a da outra, dispararem sobre a vítima, responderão cada uma por um crime se os dispa ros de amas forem causas da morte. Se a vítima morreu apenas em decorrência da condu ta de uma, a outra responde por tentativa de homicídio. Havendo dúvida insanável sobre a autoria, a solução deverá obedecer ao princípio do in dubio pro reo, punindo-se ambos por tentativa de homicídio” (MIRABETE, Julio Fabbrini. “Manual de Direito Penal – Parte Geral”. Vol 1. São Paulo: Atlas, 1997, p. 230). 28 11) O que pode suceder se foi recebida queixa apresentada por advogado sem estar acompanhada de procuração que faça menção ao fato criminoso? (OAB/SP 123 Exame) Resposta: O juiz não deveria ter recebido a queixa. Assim, se a falha for descoberta posteri ormente, deve o juiz anular o processo e, se for o caso, declarar extinta a puni bilidade em virtude da decadência. Ainda, se o juiz determinar que a procuração seja r egularizada ou se o próprio querelante perceber a falha, tem-se entendido, com bas e no artigo 568, do Código de Processo Penal, ser possível a regularização desde que não t enha havido decadência. 12) Que é flagrante diferido ou retardado? É possível a sua real ização? Aplica-se a todas as espécies de crimes? (OAB/SP/128) Resposta: O flagrante di ferido, também conhecido como retardado ou prorrogado, "é a possibilidade que a políci a possui de retardar a realização da prisão em flagrante, para obter maiores dados e i nformações a respeito do funcionamento, componentes e atuação de uma organização criminosa" (Guilherme de Souza Nucci, Código de Processo Penal Comentado, Ed. Revista dos Tri bunais, 2 edição, comentário ao art. 302, n. 18). É possível a sua realização quando o fla e referir-se a alguns crimes. Aplica-se às investigações referentes a ilícitos decorrent es de ações praticadas por quadrilha ou bando ou organizações ou associações criminosas de ualquer tipo (art. 1° da Lei 9.034/95). Nos termos do art. 2°, inciso II, da referid a lei, "em qualquer fase de persecução criminal são permitidos, sem prejuízo dos já previs tos em lei, os seguintes procedimentos de investigação e formação de provas: II - a ação co trolada, que consiste em retardar a interdição policial do que se supõe ação praticada por organizações criminosas ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanh amento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz do ponto de vista da formação de provas e fornecimento de informações". Aplica-se o instituto, também, aos procedimentos investigatórios relativos aos crimes de tóxicos, nos termos do ar tigo 33, inciso II, da Lei n° 10.409/02. O dispositivo possibilita, mediante autor ização judicial, "a não-atuação policial sobre os portadores de produtos, substâncias ou dr gas ilícitas que entrem no território brasileiro, dele saiam ou nele transitem, com a finalidade de, em colaboração ou não com outros países, identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação pe el". 29 13) Manoel chega em casa, após o dia de trabalho, e sua mãe diz que policiais estive ram à sua procura, aduzindo ser ele a pessoa que roubou Maria. Imediatamente, Mano el dirige-se à Delegacia, com vistas a elucidar não ser ele o verdadeiro autor do de lito. Neste momento, o Delegado de Polícia efetua sua prisão em flagrante delito par a garantia da ordem pública. Quais os argumentos que podem ser invocados a favor d e Manoel? Justifique. (OAB/SP/112) Resposta: A manutenção da prisão em flagrante só se j ustifica quando presentes os requisitos ensejadores da prisão preventiva, nos term os do art. 310, parágrafo único do C.P.P.. O fundamento invocado de garantia da orde m pública, sem qualquer outra demonstração de real necessidade, nem tampouco da presença dos requisitos autorizadores da prisão preventiva, não justifica a manutenção do flagra nte. 14 - Em que hipótese o delegado de polícia pode instaurar inquérito de ofício para a apuração do crime de estupro? Fundamente a resposta. (OAB/SP/122) Resposta: Quando o estupro for seguido de lesão corporal grave, ou morte da vítima, ou cometido com abuso de pátrio poder. Nesse caso, trata-se de crime de ação penal pública incondicionad a, pois pressupõe o emprego da violência. Aplica-se também no caso a súmula 608 do STF, o que autoriza igualmente o delegado a instaurar inquérito em todos os casos de vi olência real. 30 I - DEFESA PRELIMINAR (ASPECTOS GERAIS) A denominada “defesa preliminar” aparece no art. 514 do CPP, para os crimes funcionais, e no art. 55 da Lei n 11.343/2006, pa ra os crimes previstos nos artigos 33 a 39 dessa lei. A defesa preliminar previs ta no art. 514 do CPP tem aplicação quando o Ministério Público oferece denúncia não instru com inquérito policial, conforme o teor da Súmula 330 do Superior Tribunal de Justiça , sendo oportunizada a defesa a faculdade de manifestar-se quanto à denúncia previam ente ao despacho de recebimento, no prazo de 15 (quinze) dias. Salienta CAPEZ (1 999, p.540)6 que a defesa preliminar “constitui uma fase obrigatória no procedimento ; a sua falta acarreta a nulidade do processo, por ofensa ao princípio da ampla de fesa e do contraditório”. A defesa preliminar destina-se a evitar o recebimento da d enúncia, razão pela qual a defesa deve alegar teses relacionadas com a atipicidade d e conduta ou a inépcia da inicial penal. Não sendo acolhida a defesa preliminar nos delitos funcionais afiançáveis, o juiz irá receber a denúncia, observando, na seqüência, o ito ordinário, determinando a citação do réu para interrogatório, sendo produzida, na seqüê a, a defesa prévia. Por sua vez, a defesa preliminar na Lei n 11.343/2006, além de pr azo diferente (10 dez), tem finalidade diversa. Vejamos o que diz a nova Lei de Drogas: Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusado para ofe recer defesa prévia, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. § 1o Na resposta, consi stente em defesa preliminar e exceções, o acusado poderá argüir preliminares e invocar t odas as razões de defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas q ue pretende produzir e, até o número de 5 (cinco), arrolar testemunhas. 6 CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1999. 31 § 2o As exceções serão processadas em apartado, nos termos dos arts. 95 a 113 do Decreto -Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal. § 3o Se a respost a não for apresentada no prazo, o juiz nomeará defensor para oferecê-la em 10 (dez) di as, concedendo-lhe vista dos autos no ato de nomeação. § 4o Apresentada a defesa, o ju iz decidirá em 5 (cinco) dias. § 5o Se entender imprescindível, o juiz, no prazo máximo de 10 (dez) dias, determinará a apresentação do preso, realização de diligências, exames e erícias. Portanto, no rito procedimental para os delitos previstos nos artigos 33 a 39 da Lei n 11.343/2006 a defesa preliminar tem características próprias, podendo o acusad o argüir preliminares e invocar todas as razões de defesa, oferecer documentos e jus tificações, especificar as provas que pretende produzir e, até o número de 5 (cinco), ar rolar testemunhas. A defesa preliminar da Lei de Drogas diverge da defesa prévia d o art. 395 do CPP, que é oferecida após o recebimento da denúncia. Também não se confunde com a defesa preliminar prevista no art. 514 do CPP, na medida em que a defesa p reliminar da Lei de Drogas é a oportunidade que a defesa tem para requerer provas. A ausência de defesa preliminar, nos crimes relativos à substância entorpecente, é caus a de nulidade absoluta, por violação dos princípios da ampla defesa e do devido proces so legal. Nesse sentido: STJ – 5 Turma – HC 60396/SP – 6.11.2006 - PROCESSUAL PENAL. CR IME DE TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. INOBSERVÂNCIA DO RITO PROCEDIMENTO ESTABELECI DO PELA LEI N. 10.409/02. AUSÊNCIA DE DEFESA PRELIMINAR. NULIDADE ABSOLUTA. PRECEDEN TES DO STJ E DO STF. 1. Aplica-se aos crimes de tóxicos o rito procedimental da Le i n. 10.409/02, a qual derrogou, na parte processual, as disposições da Lei n. 6.368/7 6. 2. A 32 inobservância do rito procedimental estabelecido pela Lei n. 10.409/02, constitui-s e em nulidade absoluta, pois a ausência de apresentação de defesa preliminar desrespei ta o princípio constitucional da ampla defesa e do contraditório, encerrando inegável prejuízo ao acusado. 3. Ordem concedida para: a) declarar a nulidade ab initio do processo instaurado em desfavor do paciente, desde o despacho de recebimento da denúncia, impondo-se ao juízo processante observar o rito da Lei n. 10.409/2002; e, b ) relaxar a prisão em flagrante do paciente, concedendo-lhe o direito de aguardar em liberdade o julgamento da ação penal. Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformi dade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, conceder a ord em, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Arnaldo Este ves Lima, Felix Fischer e Gilson Dipp votaram com a Sra. Ministra Relatora. 33 II – MODELO DE DEFESA PRELIMINAR (ART. 514 DO CPP) EXM . SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA _____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE (nome da comarca) _______________________ (nome e qualificação do denunciado), através de seu procurador infra-assinado, mandato incluso, vem, respeitosamente, à presença de V. Ex ., apresen tar DEFESA PRELIMINAR, nos termos do art. 514 do Código de Processo Penal, em face da denúncia oferecida pelo Ministério Público, pelos seguintes fatos e fundamentos qu e passa a expor: O Ministério Público, através da denúncia subscrita pelo ilustre Promot or de Justiça, imputa-lhe a prática do crime de peculato doloso, na forma de subtração, por ter retirado do departamento de transporte o veículo oficial Fiat, modelo Uno, cor cinza, de placa FHC-2006 (exposição – objetiva – do fato criminoso descrito na denúnc ia). Todavia, a pretensão punitiva deduzida pelo Ministério Público não tem fundamento l egal, devendo ser rejeitada a denúncia, pois o fato narrado na inicial penal não con stitui crime. Pretende o Ministério Público a condenação do suplicante por fato atípico, p ois o modelo legal insculpido no art. 312 do Código Penal não prevê a figura do chamad o peculato de uso. Sobre a matéria, leciona NUCCI (2006, p.1007)7 que “assim como o furto, não se configura crime quando o funcionário público utiliza um bem qualquer inf ungível, em seu benefício ou de outrem, mas com a nítida intenção de devolver” Assim, por c idar de fato atípico, requer-se seja a denúncia rejeitada, evitando-se o ajuizamento de ação penal sem justa causa. 7 Guilherme de Souza. Código penal comentado. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. 34 Termos em que, Pede Deferimento. Belo Horizonte, 21 de agosto de 2007. __________________________________________________ Advogado (atenção – o candidato não p ode identificar-se) 35 III – MODELO DE DEFESA PRELIMINAR (ART. 55 DA LEI N 11.343/2006) EXM . SR. DR. JUIZ D E DIREITO DA _____VARA CRIMINAL DA COMARCA DE (nome da comarca) _______________________ (nome e qualificação do denunciado), através de seu procurador infra-assinado, mandato incluso, vem, respeitosamente, à presença de V. Ex ., apresen tar DEFESA PRELIMINAR, nos termos do art. 55 da Lei n 11.343/2006, em face da denún cia oferecida pelo Ministério Público, pelos seguintes fatos e fundamentos que passa a expor: O Ministério Público, através da denúncia subscrita pelo ilustre Promotor de J ustiça, imputa-lhe a prática do crime previsto no art. 33 da Lei n 11.343/2006, sob o fundamento de que, por volta da 01 hora do dia 20 de março de 2007, o denunciado trazia consigo, para fins de mercancia, substância entorpecente, sem a devida auto rização (exposição – objetiva – do fato criminoso descrito na denúncia). Da competência do do Especial Criminal para a infração prevista no art. 28 da Lei n 11.343/2006. Em que pese o entendimento do Órgão do Ministério Público não pode ser recebida a denúncia, pois auto de apreensão revela que os agentes policiais lograram encontrar reduzidíssima quantidade de substância entorpecente, estando, se for o caso, caracterizada a inf ração prevista no art. 28 da Lei n 11.343/2006, falecendo a este Juízo a competência para o processo e julgamento, devendo ser observada a remessa dos autos ao Juizado E special Criminal. Da inépcia da peça acusatória A peça acusatória não descreve de forma por enorizada a conduta considerada delituosa imposta ao denunciado, deixando de esc larecer a finalidade comercial da substância indicada no auto de apreensão, desatend endo, assim, ao disposto no art. 41 do Código de Processo Penal, restando mitigado o princípio constitucional da ampla defesa, na medida em que o denunciado desconh ece o fato delitivo sustentado pelo Órgão Acusador. 36 Da ausência de materialidade delitiva Assim, não entendendo Vossa Excelencia, apenas para argumentar, a denúncia deve ser rejeitada porque o Ministério Público não diligenc iou no sentido da produção da prova material, pois a apontada substância entorpecente não foi submetida à perícia técnica. Da atipicidade da conduta A pretensão punitiva deduzi da pelo Ministério Público não tem fundamento legal, devendo ser rejeitada a denúncia, p ois o fato narrado na inicial penal não constitui crime, na medida em que não foi ap reendida com o denunciado qualquer substância entorpecente, inexistindo posse dire ta ou indireta de drogas para fins de mercancia. Da produção de prova Na remota hipóte se de recebimento da peça acusatória, sustenta o denunciado que provará sua inocência no decorrer da instrução, requerendo a produção de todas as provas em Direito permitidas, em especial, o exame de dependência e inquirição de testemunhas8. Nesta oportunidade, apresenta o seu rol de testemunhas e os documentos anexos. ROL DE TESTEMUNHAS: 1 ) , qualificado à fl. ; 2) , qualificado à fl. ; 3) , qualificado à fl. ; 4) , qualifi cado à fl. ; 5) , qualificado à fl. . 8 Somente podem ser arroladas 5 testemunhas, conforme art. 55, § 1 , da Lei n 11.343/20 06. 37 Termos em que, Pede Deferimento. Belo Horizonte, 16 de abril de 2007. _________________________________________________ Advogado (atenção – o candidato não po de identificar-se) 38 IV – DEFESA PRÉVIA (ASPECTOS GERAIS) A defesa prévia constitui a primeira peça formulada pela defesa técnica do réu, logo após o interrogatório (quando já recebida a denúncia e in taurado o processo), no tríduo legal assinalado pelo art. 395 do Código de Processo Penal Art. 395. O réu ou seu defensor poderá, logo após o interrogatório ou no prazo de 3 (três) dias, oferecer alegações escritas e arrolar testemunhas. O réu e seu defensor devem ser intimados para a apresentação da defesa prévia, sendo que a ausência intimação constitui nulidade. Apesar de imprescindível a intimação, a apresenta a defesa prévia não é obrigatória, conforme salienta NUCCI (2006, p. 691). Contudo, expi rado o prazo legal, fica preclusa a oportunidade de alegar a incompetência relativ a do juízo, às exceções dos artigos 108 e 109 do CPP, arrolar testemunhas e requerer a p rodução de prova documental. A precitada peça escrita deve ser dirigida à autoridade jud iciária competente (“Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da 4 Vara Criminal da Comarc a de Belo Horizonte”) 39 V – MODELO DE DEFESA PRÉVIA EXM . SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA _____ VARA CRIMINAL DA CO MARCA DE (nome da comarca) Processo no. _________________ _______________________ (nome e qualificação do denunciado), através de seu procurador infra-assinado, mandato incluso, nos autos da ação penal que lhe move o Ministério Públ ico do Estado de Minas Gerais, vem, respeitosamente, à presença de V. Ex ., no tríduo le gal, apresentar DEFESA PRÉVIA, nos termos do art. 395 do Código de Processo Penal, s ustentando que provará sua inocência no decorrer da instrução. Nesta oportunidade, apres enta o seu rol de testemunhas. ROL DE TESTEMUNHAS: 1) , qualificado à fl. ; 2) , q ualificado à fl. ; 3) , qualificado à fl. . Termos em que, Pede Deferimento. Belo Horizonte, 21 de agosto de 2007. __________________________________________________ Advogado (atenção – o candidato não p ode identificar-se) 40 VI – ALEGAÇÕES FINAIS (ASPECTOS GERAIS) Nos delitos em que é observado o procedimento or dinário, logo após a fase das diligências (art. 499 do CPP), as partes devem apresenta r, no prazo de 3 (três) dias, as alegações finais (art. 500 do CPP), iniciando-se pela acusação e, logo em seguida, a defesa. Embora a norma prevista no art. 501 do CPP e stabeleça que, salvo em relação ao Ministério Público, o prazo correrá em cartório, a melho rientação, que vai ao encontro do texto constitucional, assegura que a defesa deve s er intimada para a apresentação das alegações finais, afirmando CAPEZ (1999, p. 492) ser “imprescindível a intimação da defesa para qualquer daqueles atos processuais (referência aos artigos 499 e 500 do CPP), em atenção aos princípios do contraditório e da ampla de fesa”. 9 Acerca da ausência de alegações finais, na doutrina prevalece o entendimento qu e configura nulidade (NUCCI, 2006, p. 835)10. As alegações finais devem ser interpos tas mediante petição, dirigida à autoridade competente. Nas alegações finais (art. 500 do CPP) deve ser observado o seguinte: 1. Petição de interposição; 2. Nome do réu; 3. Número d processo; 4. Breve relatório dos fatos; 5. Preliminar: como matéria preliminar ao mér ito, deve o defensor argüir as nulidades (art. 564 do CPP) ocorridas no curso da i nstrução (art. 571, II, do CPP), inclusive renovando pedido de nulidade já feito ao ju iz – e Indeferido – no curso da instrução, obrigando o julgador a proferir nova decisão so bre o assunto, viabilizando, dessa forma, a renovação da tese por ocasião do recurso d e apelação, sem o risco da supressão de instância; 9 CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 1999. 10 NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 5.ed. São Paulo: Revi sta dos Tribunais, 2006. 41 6. Mérito: no mérito, explorando o caderno probatório, em especial o depoimento das te stemunhas, cabe ao advogado desenvolver as teses defensivas, acerca da inocorrênci a do fato, ausência de tipicidade, excludentes de ilicitude, excludentes de culpab ilidade, ausência de causa de aumento de pena, existência de causas de diminuição de pen a, existência de atenuantes, melhor regime para eventual cumprimento da pena priva tiva de liberdade, substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de dir eitos ou a suspensão condicional da execução da pena privativa de liberdade. 7. Comentár ios doutrinários e jurisprudenciais sempre robustecem as alegações finais, razão pela qu al afigura-se recomendável à defesa transcrever, de forma resumida, a manifestação da do utrina e dos tribunais. 8. Pedido: no pedido, ao finalizar as alegações finais, deve m ser citadas as testes desenvolvidas como preliminar e mérito. 9. Recurso em libe rdade: como última medida, deve a defesa registrar o pedido para apelar em liberda de, quem sabe valendo-se da costumeira forma: “Na remota hipótese de condenação, pugna o réu pelo direito de recorrer em liberdade”. Cuidando-se de processo da competência do júri popular (homicídio, infanticídio, participação em suicídio e aborto), na primeira fas procedimental, posto que o rito é escalonado, logo após a inquirição das testemunhas da defesa, as partes apresentam alegações finais no prazo de 05 (cinco) dias, iniciand o-se pela acusação. Se a defesa constituída, após corretamente intimada para apresentar as alegações do art. 406 do CPP, deixar transcorrer “in albis” o prazo ofertado ou prefe rir resumida fórmula – “a defesa será apresentada em plenário” – não enseja a declaração de , pois, na sentença de pronúncia, não há julgamento de mérito e, sim, mero juízo de admissi ilidade, positivo ou negativo, da acusação formulada. Nas alegações finais não pode ser ju ntado qualquer documento (art. 406, § 2 , do CPP), devendo a defesa manifestar-se pe la impronúncia, desclassificação ou absolvição sumária. 42 Nas alegações finais (art. 406 do CPP) deve ser observado o seguinte: 1. Petição de inte rposição; 2. Nome do réu; 3. Número do processo; 4. Breve relatório dos fatos; 5. Prelimin ar: como matéria preliminar ao mérito, deve o defensor argüir as nulidades (art. 564 d o CPP) ocorridas no curso da instrução (art. 571, I, do CPP), inclusive renovando pe dido de nulidade já feito ao juiz – e indeferido – no curso da instrução, obrigando o julg ador a proferir nova decisão sobre o assunto, viabilizando, dessa forma, a renovação d a tese por ocasião do recurso em sentido estrito (art. 581, IV), sem o risco da su pressão de instância; 6. Mérito: no mérito, explorando o caderno probatório, em especial o depoimento das testemunhas, cabe ao advogado desenvolver as teses defensivas, i mpronúncia (art. 409 do CPP), desclassificação (art. 410 do CPP) ou absolvição sumária (art 411 do CPP). 7. Comentários doutrinários e jurisprudenciais sempre robustecem as al egações finais, razão pela qual afigura-se recomendável à defesa transcrever, de forma res umida, a manifestação da doutrina e dos tribunais. 8. Pedido: no pedido, ao finaliza r as alegações finais, devem ser citadas as testes desenvolvidas como preliminar e mér ito. 9. Recuso em liberdade: como última medida, deve a defesa registrar o pedido para recorrer (art. 581, IV, do CPP) em liberdade, quem sabe valendo-se da costu meira forma: “Na remota hipótese de ser pronunciado, pugna o réu pelo direito de respo nder em liberdade”. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de que a “prisão decorrente da pronúncia deve fundar-se em concretos motivos (art. 312 do CPP) que lhe sejam contemporâneos, sem os quais não pode persistir por evidente
falta de justa causa” (STJ - 6 T - HC 58092 26.03.2007) - 09.04.2007; STJ - 5 T - RH C 20426 - 43 VII – MODELO DE ALEGAÇÕES FINAIS (ART. 500 DO CPP) EXM . SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ __VARA CRIMINAL DA COMARCA DE (nome da comarca) Autos n _______ _______________________ (nome do réu), através de seu advogado, nos autos do process o-crime que lhe move o Ministério Público do Estado de __________, vem, respeitosame nte, à presença de V. Ex ., com fundamento no art. 500 do Código de Processo Penal, apre sentar suas ALEGAÇÕES FINAIS, nos seguintes termos: 1) DOS FATOS O Ministério Público of ereceu denúncia contra o réu _________ pela prática do crime previsto no art. _____. D enúncia recebida à fl. ____. O réu foi regularmente citado e interrogado à fl. ________, apresentando, tempestivamente, defesa prévia à fl. ________. Foram inquiridas as te stemunhas arroladas pelas partes, conforme fls. ____________. Na fase do art. 49 9 do Código de Processo Penal, manifestaram-se as partes a fls. __________. Alegações finais do Ministério Público às fls. ___, ratificando-se o pedido condenatório. Este é o r elatório. 2) DA FUNDAMENTAÇÃO MATÉRIA PRELIMINAR (art. 571, II, CPP) ____________ (suste ntação de eventual nulidade). 44 MÉRITO Cuida-se de processo por crime previsto no art. ________. ___________ (expo sição resumida dos fatos). ___________ (teses defensivas). ___________ (exame da pro va). ___________ (inserir comentários doutrinários). ___________ (inserir jurisprudênc ia). 3) DO PEDIDO Assim, requer-se a absolvição do acusado, com fundamento no art. 386, ____, do Código de Processo Penal, ou, subsidiariamente, p leiteia-se ________, nos termos do art. ___________, pois assim fazendo estar-se -á realizando JUSTIÇA. Por derradeiro, deve-se ressaltar que os requisitos para a co ncessão ___________ estão preenchidos, não podendo ser afastado o benefício, assegurando -se, outrossim, na remota hipótese de condenação, o direito de recorrer em liberdade. Belo Horizonte, 22 de agosto de 2007. Advogado (atenção – o candidato não pode identificar-se) 45 VIII – MODELO DE ALEGAÇÕES FINAIS (ART. 406 DO CPP – JÚRI) EXM . SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA DO JURI DA COMARCA DE (nome da comarca) Autos n _______ _______________________ (nome do réu), através de seu advogado, nos autos do process o-crime que lhe move o Ministério Público do Estado de __________, vem, respeitosame nte, à presença de V. Ex ., com fundamento no art. 406 do Código de Processo Penal, apre sentar suas ALEGAÇÕES FINAIS11, nos seguintes termos: 1) DOS FATOS O Ministério Público ofereceu denúncia contra o réu _________ pela prática do crime previsto no art. 121 do Código Penal. Denúncia recebida à fl. ____. O réu foi regularmente citado e interrogado à fl. ________, apresentando, tempestivamente, defesa prévia à fl. ________. Foram in quiridas as testemunhas arroladas pelas partes, conforme fls. ____________. Aleg ações finais do Ministério Público às fls. ___, ratificando-se o pedido de pronúncia. Este relatório. 2) DA FUNDAMENTAÇÃO MATÉRIA PRELIMINAR (art. 571, I, CPP) ____________ (sust entação de eventual nulidade). 11 Nesta fase, a defesa costuma apresentar alegações finais bem resumidas, dizendo que irá apresentar os argumentos defensivos somente em plenário. Trata-se de estratégia do defensor que, por óbvio, não deve ser utilizada no exame da ordem. 46 MÉRITO Cuida-se de processo por crime previsto no art. 121 do Código Penal. ________ ___ (exposição resumida dos fatos). ___________ (teses defensivas). ___________ (exa me da prova). ___________ (inserir comentários doutrinários). ___________ (inserir j urisprudência). 3) DO PEDIDO Assim, requer-se12 a absolvição sumária (impronúncia, desclas sificação ou supressão de qualificadora), assegurando-se, outrossim, na remota hipótese de pronúncia, o direito de recorrer em liberdade. Belo Horizonte, 22 de agosto de 2007. _________________________________________________ Advogado (atenção – o candidato não po de identificar-se) 12 O que não pode ser requerido nesta fase: inclusão de causa de diminuição de pena, inclusão de atenuante e a juntada de documentos. 47 IX – PRIMEIRO EXERCÍCIO PRÁTICO-PROFISSIONAL Agostinho registra grande número de condenaçõe por crimes contra o patrimônio e já cumpriu parte em regime fechado. Estava em gozo de livramento condicional, veio a ser autuado em flagrante e foi denunciado por roubo simples. Encerrada a instrução probatória, em fase oportuna, o Ministério Público p leiteia a condenação de Agostinho, sustentando que a prova é suficiente para tanto, es pecialmente pelos maus antecedentes. Permanece preso. Consta dos autos que tem t râmite na 1 a Vara Criminal da Capital, que Agostinho ingressou na farmácia de Thomás, que desconfiou "daquele mal encarado" e avançou contra este imobilizando-o até a ch egada da polícia. Agostinho, sempre alegou que fora comprar remédio. QUESTÃO: Como adv ogado de Agostinho, desenvolva a medida judicial pertinente. 48 X – SEGUNDO EXERCÍCIO PRÁTICO-PROFISSIONAL João da Silva foi preso em flagrante delito, pois no dia 10 de janeiro do corrente ano, por volta das 10:00 horas, fazendo us o de uma arma de fogo, tentou efetuar disparos contra seu vizinho Antônio Miranda. Foi denunciado pelo representante do Ministério Público como incurso nas sanções do art igo 121 caput, c.c. o artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal, porque teria ag ido com animus necandi. Segundo o apurado na instrução criminal, uma semana antes do s fatos, o acusado, planejando matar Antônio, pediu emprestada, a um colega de tra balho, uma arma de fogo e quantidade de balas suficiente para abastecê-la completa mente, guardando-a eficazmente municiada. Seu filho, a quem confidenciara seu pl ano, sem que o acusado percebesse, retirou todas as balas do tambor do revólver. N o dia seguinte, conforme já esperava, João encontrou Antônio em um ponto de ônibus e, sa cando da arma, acionou o gatilho diversas vezes, não atingindo a vítima, em face de ter sido a arma desmuniciada anteriormente. Dos autos consta o laudo pericial da arma apreendida, a confissão do acusado e as declarações da vítima e do filho do acusad o. Por ser primário, o Juiz de primeiro grau concedeu ao acusado o direito de defe nder-se solto. As alegações finais de acusação foram oferecidas pelo representante do Mi nistério Público, requerendo a condenação do acusado nos exatos termos da denúncia. QUESTÃO Como advogado de João da Silva, elabore a peça profissional pertinente. 49 XI – QUESTÕES PRÁTICAS 1) É possível a tentativa de contravenção? (OAB/SP/120) Resposta: Nã is o art. 4 da Lei das Contravenções Penais declara a impunibilidade da tentativa des sa espécie de ato ilícito. 2) O advogado poderá arrolar testemunhas em dois momentos p rocessuais no Rito Ordinário e no Especial do Júri. Quais são estes momentos e quantas testemunhas poderão ser arroladas em cada um? Explicite de modo detalhado. (OAB/S P/118) Resposta: Defesa prévia, art. 395 do CPP, até 8 testemunhas e contrariedade a o libelo, art. 421 parágrafo único, até 5 testemunhas. 3) O Brasil adotava o sistema d o duplo binário. O que significa a adoção desse sistema? Qual sistema o substituiu e q ual o seu significado? (OAB/SP/126) Resposta: Segundo o sistema do duplo binário, vigente antes da Reforma Penal de 1984, o juiz podia aplicar pena e medida de se gurança. O sistema que o substituiu foi o vicariante, o qual veda a aplicação conjunta de pena e de medida de segurança. 4) No que consiste a teoria da actio libera in causa? É adotada no direito brasileiro? Fundamentar legalmente. (OAB/SP 127 Exame) Resposta: Conforme consta da Exposição de Motivos do Código, foi adotada, com o artigo 28 do Código Penal, a teoria da “actio libera in causa”. Por essa teoria, “não deixa de s er imputável quem se pôs em estado de inconsciência ou de incapacidade de autocontrole dolosa ou culposamente (em relação ao fato que constitui o delito) , e nessa situação c omete o crime” (Mirabete, 5.7.2). Esclarece o autor citado: “A explicação é válida para os asos de embriaguez preordenada ou mesmo da voluntária ou culposa quando o agente a ssumiu o risco de, embriagado, cometer o crime ou, pelo menos, quando a prática do delito era previsível, mas não nas hipóteses em o agente não quer ou não prevê que vá come o fato ilícito”. 5) O advogado do acusado A, em plenário de julgamento pelo Júri, apesa r de inexistir réplica do promotor, requereu ao juiz que lhe fosse dada a oportuni dade para oferecer tréplica. Qual a solução a ser adotada? Fundamente. (OAB/SP 125 Exam e) Resposta: Há duas posições, as quais indicam as possíveis soluções. Uma, no sentido de q e o advogado do acusado não pode oferecer a tréplica, pois ela pressupõe a réplica. Além d o mais, haveria prejuízo ao Ministério Público e ofensa ao 50 princípio do contraditório. Conforme essa orientação, o juiz deveria indeferir o pedido. Outra posição sustenta que a defesa pode apresentar a tréplica, porque a Constituição Fed eral garante, no artigo 5 , XXXVIII, alínea a, a plenitude da defesa, não podendo fic ar o acusado prejudicado em sua defesa devido à ausência de réplica do Ministério Público, com tempo menor em relação ao que poderia ser utilizado. Por esse entendimento, o j uiz deveria deferir o requerimento. 6) João atira em determinada pessoa, mas erra o alvo, atingindo apenas outra pessoa que vem a falecer. Como deve ser responsab ilizado? (OAB/SP 123 Exame) Resposta: Cuida-se de hipótese de erro na execução do crime , porém com resultado único. Assim, aplica-se ao caso o artigo 73, primeira parte, d o Código Penal, ou seja, o agente responde como se tivesse praticado o crime contr a a pessoa que pretendia ofender, atendendo-se o disposto no §. 3 , do artigo 20, d o Código Penal. 7) Analise a situação jurídico-penal de seu cliente que, por desvio de t rajetória do projétil, além de atingir a pessoa a quem não visava, ferindo-a, atinge tam bém a pessoa a quem realmente pretendia ofender, matando-a (OAB/MG Ago 2005) Respo sta: Cuida-se de hipótese de erro na execução do crime, porém com resultado duplo (ou co m unidade complexa). Assim, aplica-se ao caso o artigo 73 do Código Penal, última pa rte, ou seja, aplica-se a regra do art. 70 do Código Penal. 8) Lucélia, em crise de depressão, decidiu suicidar-se, no que foi instigada por Sílvia. Assim, atirou-se do segundo andar de um edifício, mas não conseguiu lograr seu intento, tendo sofrido a penas lesões corporais leves. Considerando a situação hipotética apresentada, redija um texto dissertativo que tipifique, de forma fundamentada, a conduta de Sílvia. (OAB CESPE Dez 2006) Resposta: O texto dissertativo, necessariamente, deve esclarece r que a conduta realizada por Sílvia não receberá censura alguma, pois o delito previs to no art. 122 do Código Penal não admite tentativo, sendo denominado de crime de re sultado condicionado. Logo, considerando que a vítima sofreu apenas lesões leves, Sílv ia não será responsabilizada penalmente. 9) Marcos Antônio, aproveitando-se do fato de que sua vizinha, Neide, moça recatada, de dezesseis anos, encontrava-se em sono p rofundo, adentrou em seus aposentos e apalpou-lhe os seios e os órgãos genitais por sobre as suas vestes, sem que ela 51 acordasse. O fato, contudo, foi visto por Rosália, a empregada da casa, que o cont ou ao pai de Neide, o qual, por sua vez, o levou ao conhecimento da polícia, solic itando as providências legais cabíveis. Pergunta-se: a conduta praticada por Marcos Antônio constitui infração penal? Em caso positivo, qual ou quais? Justifique sua resp osta (OAB/MG Dez 2006) Resposta: A conduta praticada por Marcos Antônio constitui delito previsto no art. 214 do CP, na forma do art. 224, “c”, do CP, pois o estado d e inconsciência da vítima retirou-lhe a capacidade de resistência à conduta do agente, f azendo presumir seu dissentimento no ato sexual. Tratando da presunção de violência, a firma GRECO que “poderão ser reconhecidos, também, como hipóteses em que ocorre a imposs ibilidade de resistência por parte da vítima, os casos de embriaguez letárgica, o sono profundo, a hipnose, a idade avançada” (GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Rio d e Janeiro: Impetus, 2006. p. 607). 10) O Ministério Público denunciou Nereu por crim e de estelionato, em continuidade delitiva, porque ele emitiu diversos cheques “pré- datados”, como garantia de dívida, que acabaram retornando por falta de fundos dispo níveis. Apurou-se no inquérito que o acusado passava por um período de dificuldade fin anceira. Há justa causa para a ação penal? Justifique a resposta. Resposta: Não há justa c ausa para a ação penal. Doutrina e jurisprudência asseguram que emissão de cheque “pré-data o” configura mera “promessa de pagamento”, perdendo sua natureza de “pagamento à vista”, re resentando mero ilícito civil (NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 6 e d. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p. 730). 11) O magistrado que, ao pronu nciar o réu, afirmar o animus necandi e afastar a legítima defesa, de modo peremptório e com análise do conjunto da prova, ofende a competência funcional constitucional d os jurados? Fundamente sua resposta abordando os conceitos de judicium accusatio nis e judicium causae (OAB CESPE Dez 2006) Resposta: A sentença de pronúncia é decisão, conforme adverte NUCCI, “interlocutória mista, que julga apenas a admissibilidade da acusação, sem qualquer avaliação de mérito” ((NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Process enal Comentado. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p. 711). Portanto, ao afastar de modo peremptório a legítima defesa, “com análise do conjunto probatório”, o 52 magistrado violou a competência constitucional dos jurados, gerando, por conseqüência, sua anulação. 12) Uma lei nova que impusesse prisão preventiva obrigatória em crimes de tráfico internacional de entorpecentes poderia ser aceita e poderia ser aplicada a processos em andamento? Por quê? Fundamente (OAB/SP/124) Resposta: A ac eitação, ou não, de prisão preventiva obrigatória envolve a admissibilidade, ou não, de pri que não tenha natureza cautelar. A tendência da doutrina é aceitar apenas a prisão caut elar, ou seja, a prisão que é necessária em face de circunstâncias do caso concreto, por que, assim, estaria sendo observado o princípio constitucional da presunção de inocência (art. 5 , LVII, da CF). A prisão preventiva obrigatória representaria simples anteci pação de pena, sendo o acusado tratado, antes de decisão definitiva, como se fosse cul pado. Contudo, como boa parte da jurisprudência admite prisões não cautelares, apesar do referido princípio constitucional da presunção de inocência, deveria ser visto se a n ova disposição seria aplicável aos processos em andamento. A regra é de que a norma proc essual tem aplicação imediata, atingindo processos em andamento. Contudo, parte da d outrina considera que, nos casos de prisão, como está envolvida a liberdade, seja po r aplicação de princípios constitucionais de proteção à liberdade, seja por aplicação do ar 2° da Lei de Introdução ao Código de Processo Penal, só deveria ser aplicada aos novos cri mes, ou, pelo menos, aos novos processos. 13) Corrija a seguinte frase, apontado os seus erros e justificando a correção: “A coação moral, como causa excludente da tipici dade, ocasiona sempre a absolvição do coato, só sendo punível o coator”. (OAB/SP/124) Resp osta: A frase correta, de acordo com o artigo 22 do Código Penal, aplicável ao caso, seria: “A coação moral irresistível, como causa excludente da culpabilidade, ocasiona, sempre, a absolvição do coato, só sendo punível o coator”. A coação moral pode ser irresist ou resistível. Quando irresistível, a coação moral exclui a culpabilidade em relação ao coa o, sendo punido apenas o coator. Neste caso, como há um resquício de vontade na cond uta do coato, o crime subsiste. Existindo crime, não há que se falar em exclusão da ti picidade. Trata-se, como dito, de causa excludente da culpabilidade. A coação resistív el, por sua vez, não causa a exclusão da culpabilidade, sendo o coato punido. Neste caso, a coação serve apenas como atenuante genérica prevista no art. 65, inciso III, c , primeira parte, do Código Penal. 53 14) Qual é, atualmente, o conceito de infração de menor potencial ofensivo? Justifique e fundamente a resposta. (OAB/SP/122) Resposta: O conceito originário da Lei 9.09 9/95 foi ampliado pela dos Juizados Especiais Federais (Lei n 10.259/2001) e post eriormente pela Lei 11.313, de 28.06.2006 de modo que atualmente abrange toda in fração penal cuja pena máxima não seja superior a 2 anos, sujeita ou não a procedimento es pecial. 54