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74. Quais são as conseqüências dos atos de bullying para a saúde das vítimas?
Dentre as diferentes e variadas conseqüências encontradas em estudos de casos e atendimentos
clínicos, podemos mencionar os altos índices de estresse. Vale
lembrar que o estresse é responsável por cerca de 80% das doenças da atualidade, pelo
rebaixamento da resistência imunológica e sintomas psicossomáticos diversificados,
principalmente próximos ao horário de ir à escola (especialmente no caso das crianças menores),
como dores de cabeça, tonturas, náuseas, ânsia de vômito, dor no
estômago, diarréia, enurese, sudorese, febre, taquicardia, tensão, dores musculares, excesso de sono
ou insônia, pesadelos, perda ou aumento do apetite, dores generalizadas,
dentre outras. Podem surgir doenças de causas psicossomáticas, como gastrite, úlcera, colite,
bulimia, anorexia, herpes, rinite, alergias, problemas respiratórios,
obesidade e comprometimento de órgãos e sistemas. (página 83)
76. Que prejuízos o bullying pode trazer para o desenvolvimento da inteligência e da capacidade de
aprendizagem?
Explicaremos à luz da teoria da inteligência multifocal, pela simplicidade com que esta se propõe a
explicar o funcionamento inconsciente da mente na construção
de pensamentos e no desenvolvimento da inteligência. Ao longo da vida, o indivíduo registra
automaticamente em sua memória, de forma inconsciente, todas as informações
e experiências vivenciadas desde (página 84) a vida intra-uterina. As informações que tiveram
maior carga emocional, positiva ou negativa, no momento do registro,
serão arquivadas privilegiadamente e, por isso, serão disponibilizadas para ser reutilizadas em novas
construções de cadeias de pensamentos geradoras de emoção (Cury,
1998). Seguindo esse processo inconsciente, a pessoa constrói, ao longo dos anos, toda a sua noção
de auto-estima, auto-imagem e auto-conceito, habilidades sócio-relacionais
e de resolução de conflitos, além de todo repertório comportamental necessário à sobrevivência e à
auto-superação na vida. Dependendo da predominância dos tipos
de registros acumulados na memória, se traumáticos ou prazerosos, o indivíduo disporá ou não das
habilidades de auto-afirmação e de auto-expressão necessárias à
sua auto-realização. No caso dos envolvidos em bullying, principalmente os que foram vitimizados,
sendo expostos a situações intimidatórias e constrangedoras, pode
ocorrer a formação de uma estrutura psicológica caracterizada por auto-estima rebaixada e
inabilidades relacionais. Eles poderão ter suas mentes dominadas por pensamentos
e emoções marcadas por excessiva insegurança, ansiedade, angústia, medo, vergonha, etc.,
prejudicando sua capacidade de raciocínio e aprendizado, favorecendo o surgimento
de um perfil emocional, que, aos olhos do agressor, caracteriza-o como alguém que não oferecerá
resistência aos seus ataques. Nesse caso, o indivíduo poderá ter
comprometimentos no desenvolvimento da inteligência, da capacidade de criatividade e liderança,
bem como sérios problemas no desenvolvimento afetivo, familiar, social
e laboral.
77. Quais são os resultados da vitimização para a aprendizagem e como isso ocorre?
Entre os alunos por nós atendidos, identificamos como mais comuns o déficit de concentração e de
aprendizagem, a dispersão, o desinteresse pelos estudos e
pela escola, o absentismo, a queda do rendimento escolar e a evasão. Em decorrência da
vitimização, muitas crianças se tornam ainda mais introvertidas, tristes,
(página 85) ansiosas ou irritadas. Geralmente, vão se fechando e se isolando das demais, perdendo o
contato com seus colegas de classe e o interesse pelos estudos.
Suas mentes ficam aprisionadas às construções inconscientes de cadeias de pensamentos, geradoras
de emoções aversivas, que mobilizam aflição, tensão e medo de ser
atacadas a qualquer momento. Por isso, perdem a concentração e se dispersam em viagens mentais,
na expectativa aversiva de um novo ataque ou montando estratégias
de defesa, esquiva ou revide. Quando em aula, caso tenham alguma dificuldade de entendimento ou
ainda se lhes restarem dúvidas, temem saná-las, pois sabem que se
converterão em alvos de "zoações" ou críticas. Como não conseguem acompanhar o rendimento da
turma, inventam desculpas para faltar às aulas, uma vez que a escola
tornou-se local de infelicidade e insegurança. Por isso, a aprendizagem fica comprometida e a queda
do rendimento escolar vai se acentuando, perdendo aos poucos
o interesse acadêmico. Por esses motivos, o rendimento escolar acaba sendo prejudicado, gerando
ainda mais constrangimento. Assim, muitos alunos não resistem e mudam
de escola ou optam pela evasão escolar. Outros ainda desenvolvem fobia escolar, comprometendo
suas relações sócio-educacionais e afetivas.