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da China Antiga.
1 Um pouco de história.
A moxabustão nos foi legada pela Medicina Tradicional Chinesa (MTC). Esta, mais
do que uma mera atividade de cura, também comporta uma Filosofia c
referenciais, os quais dão norte às práticas terapêuticas.
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A este respeito ver Lenoble, 1990:53.
2
Chamamos aqui de cultura ocidental a que nasce nas bordas do mediterrâneo por volta dos séculos X e V a.
C e que se universalizou com o processo de globalização iniciado com Alexandre, rei da Macedônia, no
século III a. C. e que ainda está em curso em nossos dias.
1
Outro procedimento que causa estranheza a nós ocidentais é o fato de MTC utilizar agulhas
e/ou calor para o tratamento de doenças ou re-equilíbrio orgânico.
Mas, atualmente, o preconceito contra a MTC (assim como outras terapias
consideradas holísticas ou sistêmicas3, como é o caso da homeopatia) vai, aos poucos, se
desfazendo e ela vem conquistando respeitabilidade junto ao “grande público”,
especialmente no segmento mais informado e esclarecido do referido público. Tanto é que
em muitos países desenvolvidos do Ocidente, a MTC já vem sendo praticada ao lado ou
mesmo é vista como complementar à Medicina Ocidental. No Canadá as terapias dita
holísticas ou sistêmicas ou a medicina sistêmica convive lado a lado com a medicina e/ou
terapia ocidental.
José Faro4 diz que a MTC “tem uma dignidade teórica ao nível da melhor ciência
ocidental”. E acrescenta que na China, ao contrário do que aconteceu noutras regiões, a
- ou os saberes ligados à cura herdados de remotos
ancestrais - nunca “parou de se desenvolver ao longo dos séculos”. Ele observa ainda que,
nas últimas décadas, esta medicina tem tido um forte incremento de pesquisa científica
agora não somente na China, mas em todo o mundo - e que à mesma vem sendo
incorporada novas tecnologias (como o laser, por exemplo). Seus resultados já não ficam
mais num plano puramente especulativo (ou mesmo esotérico), uma vez que tais resultados
“podem ser hoje em dia verificáveis (e têm sido verificados) pelas próprias metodologias
ocidentais de experimentação e controle estatístico, como assinala Faro”5.
Assim a MTC e outras terapias holísticas ou sistêmicas tem sido aceitas por mais
pessoas e/ou culturas a cada dia que passa. Além dos povos dos países orientais, hoje 40%
dos americanos e dos franceses se tratarem com elas (Cf. PAUL, s/d). Além dos benefícios
relacionados aos efeitos colaterais há também o seu custo mais reduzido quando comparado
ao da medicina tradicional do Ocidente. Patric Paul (cf. op cit) diz que os serviços de “um
clínico geral homeopata na França (honorários e outros custos) é 50% menor do que o de
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Grosso modo, são as terapias que cuidam antes do todo orgânico em detrimento das partes de um organismo.
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Diretor da Escola Superior de MTC, de Lisboa. Confira em http://www.esmtc.pt/introducao.htm.
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2 - Filosofia da Natureza entre os chineses
Os antigos chineses não somente postularam padrões para definir a saúde como
também desenvolveram estratégias para mantê-la. Até mesmo porque, para a China Antiga
estado de equilíbrio expressas na forma de pares em
oposições e, ao mesmo tempo, complementares que estão presentes em toda a natureza.
Dentre tais pares têm-se o Yin e Yang. Estes conceitos são muito importantes no âmbito da
MTC. Eles mantêm uma relação de interdependência. Como assinalado, em que pese ser
opostos Yin-Yang formam uma unidade. Yang contém a semente do Yin e vice-versa. Na
natureza nada seria totalmente Yin ou totalmente Yang. Yang transforma-se em Yin e vice-
versa.
A seguir, algumas correspondências entre ambos as quais se manifestam na
natureza:
Yang / Yin
Luminosidade / Escuridão
Sol / Lua
Brilho / Sombra
Atividade / Descanso
Céu / Terra
Homem / Mulher
Fogo / Água
Externo / Interno
Dorsal / Ventral
Seco/Úmido
Frio/Quente
Esquerda / Direita
Doenças Agudas / Doenças Crônicas
Inflamação / Congestão6
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Mais detalhes sobre os conceitos de Yin e Yang, bem como os mesmo se relacionam, ver Oki, 1989, pp 42-
45.
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Além dos conceitos de Yin e Yang outro conceito importante na filosofia natural
chinesa é o de Chi. Esta palavra, no dizer de Capra (1983) significa “literalmente, ‘gás’ ou
‘éter’ e era utilizada na China antiga para denotar o sopro vital ou a energia que anima o
cosmo. No corpo humano, os caminhos do Chi, constituem a base da MTC. O objetivo da
acupuntura – que coincide como o da moxabustão, uma espécie de acupuntura quente
estimular o fluxo do Chi através de “canais” ou “vias” de comunicação denominados
meridianos. Esta energia que flui pelo corpo é quem mantém o organismo saudável. Assim,
para a MTC, ficamos doentes quando há uma desarmonia, um bloqueio do Chi no seu fluir
pelos meridianos. Estes se distribuem por sob a pele, de modo que permite a manutenção
das funções orgânicas; e, conseqüentemente, garantem a vida.
Em tempos ainda recentes, por serem invisíveis a olho nu, os meridianos foram
considerados (pela mente cartesiana ocidental), fruto da “imaginação oriental”. Mas,
próximo ao fim do século XX, quando o cientista russo Kirlian fotografou energias que
fluem pelo corpo, tanto o Chi quanto os meridianos foram olhados com mais consideração
pelas cartesianas mentes ocidentais.
Para os chineses antigos nós ficamos doentes quando há um bloqueio do Chi que
flui através dos meridianos. A doença é um processo de bloqueio do fluxo do Chi. Ressalte-
se que se considera, tanto no âmbito da MTC como na medicina Ocidental, que para se ter
boa saúde ou condições saudáveis de vida algumas condições básicas de vida, como boa
alimentação, moradia adequada, saneamento básico, lazer, entre outros itens, precisam ser
assegurados.
Mas mesmo tendo os itens acima assegurados, para muitas pessoas, a saúde ou o
O que se observa é que muitas pessoas ao alcançar uma
determinada faixa etária na qual suas funções orgânicas deveriam estar a pleno vapor já
começam a ter algumas debilidades orgânicas próprias da idade senil. Há uma perda
precoce e gradativa da agilidade física e mental; começam a diminuir a capacidade visual,
auditiva, e o equilíbrio nervoso e mental. Normalmente isso não deveria acontecer num
organismo provido com a s condições mínimas referidas acima. Mas, devido às agressões
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não apenas do ambiente externo, mas também por falta também de movimentação, de uma
respiração correta e de ingestão de alimentos inadequados, como o excesso de sal e/ou
açúcar, os problemas próprios de uma idade mais avançadas são antecipados para muitas
pessoas. A isso acrescenta ainda as condições ambientais com
os ruídos, a agitação, as preocupações... Associados a outros maus hábitos alimentares
(como a bebida alcoólica em excesso, a ingestão de gorduras animais, principalmente as
frituras). Sem falar ainda da ausência de uma postura correta, bem como ao inadequado
pisar e sentar-se. Isto tudo somado às condições ambientais externas já referidas formam
um conjunto de “agressões” ao organismo que leva à doença da pessoa. O resultado fica
sinais que vão sendo deixados precocemente pelo corpo.
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Confira o site .
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uso do fogo também contribuía para o aliviar e/ou eliminar certos sintomas de doenças. Ao
aquecerem-se ao redor do fogo descobriram que o modo de aquecimento localizado com
pedras quentes ou terra envolta em casca ou pele de animais contribuía para aliviar ou
eliminar certos sintomas de doenças. Assim, o uso con -o
fogo e a erva - com o decorrer do tempo, foi sendo refinado e melhorado dando origem a
terapias, tais como compressas, emplastos e medicamentosas quentes. Por isso dissemos
que a moxabustão é uma espécie de acupuntura térmica8. A moxabustão é a aplicação de
calor direto ou indireto nos mesmos pontos utilizados na acupuntura com o fito de
estimular a circulação energética nos meridianos (canais de energia) referidos. O bloqueio
de tal circulação é o causador das patologias. A aplicação da “acupuntura quente” é
especialmente eficaz para bloquear processos de inversão frio-umidade presente em
diferentes partes do corpo quando de situações de desequilíbrio energético. Lembra-se do
pares de opostos frio/quente, seco/úmido, quando referimos aos conceitos de Yin e Yang?.
É isto que o aplicador da moxa faz. Restabelece o equilíbrio perdido ao aquecer um ponto
específico do corpo. Isto permite o fluxo do Chi - pelo(s) meridiano(s) – que ficara
bloqueado pelo desequilibro ou pelo excesso de frio e/ou unidade.
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Ela já vem sendo desenvolvida há cerca de cinco mil anos. O lendário Imperador Amarelo Sang Fu (do
Norte da China) é considerado o “pai da acupuntura”.
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A) Direta - queima a erva diretamente em um ponto do meridiano por alguns
segundos;
B) Indireta - pode ser usada em bastão ou cones de lã;
C) agulha aquecida - como o próprio nome diz, aplica-se a moxa sobre a agulha e
esta conduz o calor e as substâncias ativas da erva diretamente no corpo do
paciente. A moxabustão, portanto, é uma técnica que consiste na conjugação de
calor e erva.
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5.1.2. Contra indicação: não é aconselhável o uso da moxa após refeições copiosas, nos
estados de embriaguez, intoxicação de qualquer espécie, inclusive por medicamentos.
m não se recomenda seu uso após esforço físico muito grande, quando se pratica
jejum, bem como após grandes hemorragias. Em pessoas depauperadas e nos estados de
emergências. Durante tempestades ou calor excessivo. Durante os acessos de cólera ou
estados emocionais extremos. Depois de banhos muito quentes ou sauna, bem com durante
a gravidez.
6 - À guisa de Conclusão.
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7 - BIBLIOGRAFIA
7.2 Videgrafia.
SERRES, Michel (1999). Entrevista (a Paulo Markun e convidados). TV Cultura. Programa
“Roda Viva”. São Paulo (disponível em www.vedeocultura.com).