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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.220.651 - GO (2010/0189302-5)

RELATOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINS


RECORRENTE : CASA BAHIA COMERCIAL LTDA
ADVOGADO : RODRIGO MAURO DIAS CHOHFI E OUTRO(S)
RECORRIDO : ESTADO DE GOIÁS
PROCURADOR : PAULA CRISTINA JAIME NOLETO E OUTRO(S)
EMENTA

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO.


SUBSTITUIÇÃO DO RELATOR. POSSIBILIDADE. EXECUÇÃO
FISCAL. PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA DE DESÍDIA DO
CREDOR. MOROSIDADE DA JUSTIÇA. SÚMULA 106/STJ.
MODIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.
CERCEAMENTO DE DEFESA. 283/STF. JULGAMENTO
ANTECIPADO. PROVAS SUFICIENTES. SÚMULA 7/STJ.
SUCESSÃO TRIBUTÁRIA. ART. 133 DO CTN. EXAME DE
MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA E DE CLÁUSULAS
CONTRATUAIS. SÚMULAS 5/STJ E 7/STJ.
RESPONSABILIDADE. PRINCIPAL E MULTA. SÚMULA 83/STJ.
1. Não ofende o princípio constitucional do juiz natural a
convocação de juízes de primeiro grau para compor o órgão julgador do
respectivo Tribunal, desde que observadas as diretrizes legais.
2. O Tribunal de origem afastou a ocorrência da
prescrição, visto que não ocorrera desídia ou omissão da exequente, e
que a falha da citação se deu por mecanismo do Poder Judiciário,
atraindo a aplicação da Súmula 106 do STJ.
3. Nesse caso, noticiando o Tribunal de origem tratar-se
de hipótese excepcional, em que a demora na citação não se deu por
culpa do exequente, é vedado ao STJ incursionar no exame de matéria
fático-probatória, em face do enunciado da Súmula 7/STJ, prevalecendo
o entendimento da Corte regional, que afastou a prescrição.
4. A Corte Estadual afirma que não houve o cerceamento
de defesa ante a desnecessidade de dilação probatória quanto à
ocorrência da sucessão tributária, com base em dois fundamentos: (a)
apesar de regularmente intimada, a parte não manejou o recurso
processual adequado, ocorrendo a preclusão; (b) prescindibilidade de
produção de outras provas, além das carreadas aos autos.
5. A dicção das razões do recurso especial revela que o
fundamento do acórdão recorrido referente à preclusão não foi objeto de
impugnação, o que atrai a incidência, na espécie, por analogia, a Súmula
283 do STF.
Documento: 1032674 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 29/04/2011 Página 1 de 43
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6. Ademais, concluindo o Tribunal de origem que as
provas constantes dos autos eram suficientes para o julgamento
antecipado da lide, infirmar referido entendimento esbarra novamente no
óbice da Súmula 7 desta Corte Superior.
7. Diante das premissas fáticas firmadas pela Corte de
origem, de que ocorrera a sucessão tributária, sua modificação
demandaria o reexame de matéria fático-probatória, além da análise de
cláusula contratual, vedado em sede de recurso especial, por força das
Súmulas 7 e 5 do Superior Tribunal de Justiça.
8. "A responsabilidade tributária do sucessor abrange,
além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou
punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o
passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato
gerador tenha ocorrido até a data da sucessão. " (REsp 923.012/MG,
Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 9.6.2010, DJe
24.6.2010). Acórdão recorrido no mesmo sentido da jurisprudência
firmada no Superior Tribunal de Justiça. Incidência da Súmula 83/STJ.
Recurso especial não conhecido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima


indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça:
"Prosseguindo-se no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Cesar Asfor Rocha,
acompanhando o Sr. Ministro Humberto Martins, a Turma, por unanimidade, não
conheceu do recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator." Os Srs. Ministros
Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques, Cesar Asfor Rocha (voto-vista) e Castro
Meira votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília (DF), 05 de abril de 2011(Data do Julgamento)

MINISTRO HUMBERTO MARTINS


Relator

Documento: 1032674 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 29/04/2011 Página 2 de 43
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RECURSO ESPECIAL Nº 1.220.651 - GO (2010/0189302-5)

RELATOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINS


RECORRENTE : CASA BAHIA COMERCIAL LTDA
ADVOGADO : RODRIGO MAURO DIAS CHOHFI E OUTRO(S)
RECORRIDO : ESTADO DE GOIÁS
PROCURADOR : PAULA CRISTINA JAIME NOLETO E OUTRO(S)

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO HUMBERTO MARTINS (Relator):

Cuida-se de recurso especial interposto por CASA BAHIA


COMERCIAL LTDA., com base no art. 105, III, "a" e "c", da Constituição Federal,
contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, cuja ementa apresenta o
seguinte teor:

"APELAÇÃO CÍVEL EM PROCESSO DE EMBARGOS A


EXECUÇÃO FISCAL. TRIBUTÁRIO. PRESCRIÇÃO.
CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. SUCESSÃO
TRIBUTÁRIA COMPROVADA. RESPONSABILIDADE DA
EMPRESA SUCESSORA. CONTINUIDADE DAS ATIVIDADES DE
EXPLORAÇÃO COMERCIAL PELA EMPRESA ANTECESSORA.
LIQUIDEZ E CERTEZAS DAS CERTIDÕES DA DIVIDA ATIVA.
MULTA DEVIDA. 1 - NA HIPÓTESE, EM QUE PESE
TRANSCORRIDOS MAIS DE CINCO ANOS ENTRE A DATA DA
RESCISÃO FORMAL DO PARCELAMENTO E A EFETIVA
CITAÇÃO DO DEVEDORA, NÃO SE RECONHECE A ARGUIÇÃO
DE PRESCRIÇÃO QUANDO A FALHA DECORREU DO
MECANISMO DO PODER JUDICIÁRIO. (SUMULA 106, STJ). 2 -
NÃO CONSTITUI CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA,
COM VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO
DEVIDO PROCESSO LEGAL, CONTRADITÓRIO, E AMPLA
DEFESA E DA IMPESSOALIDADE, O JULGAMENTO
ANTECIPADO DA LIDE, QUANDO O CONJUNTO PROBATÓRIO
E SUFICIENTE PARA FORMAR O CONVENCIMENTO DO
JULGADOR, QUE, MESMO SILENTE, NÃO VISLUMBROU
NECESSIDADE DE OUTRAS PROVAS ALEM DAQUELAS
CARREADAS PARA OS AUTOS. 3 - NA HIPÓTESE DOS AUTOS,
NÃO PAIRANDO NENHUMA DUVIDA ACERCA DA
CONTINUIDADE DAS MESMAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
ANTERIORMENTE PELA ANTIGA EMPRESA EXECUTADA -
ONDE SUA SUCESSORA CASA BAHIA COMERCIAL LTDA.
MANTEM FILIAL, COMO RESTOU EXPRESSAMENTE ADMITIDO
Documento: 1032674 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 29/04/2011 Página 3 de 43
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NOS AUTOS, RESTA CONFIGURADA A SUCESSÃO
EMPRESARIAL E, POR ISSO, A TRANSFERÊNCIA DA
RESPONSABILIDADE TRIBUTARIA A APELANTE, NOS MOLDES
DO ARTIGO 133 DO CTN. 4 - COMPROVADO QUE A ANTIGA
EMPRESA EXECUTADA, ENCERROU SUAS ATIVIDADES
COMERCIAIS E EXTINGUIU SUAS FILIAIS, A EMBARGANTE
ATRAIU PARA SI A ALUDIDA RESPONSABILIDADE
TRIBUTARIA, NOS TERMOS DA LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA. 5 -
O CREDITO TRIBUTÁRIO GOZA DA PRESUNÇÃO LEGAL DE
CERTEZA E LIQUIDEZ, NOS TERMOS DO ARTIGO 204 DO CTN
C/C ARTIGO 3 DA LEI N. 6.830/80, PRESUNÇÃO ESTA QUE,
SEGUNDO O PARAGRAFO ÚNICO DOS CITADOS
DISPOSITIVOS, SOMENTE PODE SER ILIDIDA MEDIANTE
PROVA INEQUÍVOCA; E NO CASO DOS AUTOS, NÃO LOGROU
ÊXITO A APELANTE EM AFASTAR A RESPONSABILIDADE QUE
LHE E IMPUTADA. 6 - A MULTA MORATÓRIA E DEVIDA PELO
INADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTARIA, CUJA
APLICAÇÃO INDEPENDE DO ELEMENTO VOLITIVO DO
AGENTE, IMPONDO-SE AO SUCESSOR A MULTA MORATÓRIA.
'A EMPRESA, QUANDO CHAMADA NA QUALIDADE DE
SUCESSORA TRIBUTARIA, E RESPONSÁVEL PELO TRIBUTO
DECLARADO PELA SUCEDIDA E NÃO PAGO NO
VENCIMENTO, INCLUINDO-SE O VALOR DA MULTA
MORATÓRIA.' (PRECEDENTES DO STJ). 7 - APELO
CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA. MANTIDA."

Os embargos de declaração opostos foram rejeitados (e-STJ, fls.


814/823).

Nas razões do recurso especial, a recorrente sustenta (e-STJ, fls.


827/828):

"(I) Artigo 535, I e II, do Código Processo Civil, diante da


negativa de provimento jurisdicional no que tange às matérias
alegadas em embargos de declaração;
(II) Artigos 107 e 118, § 4º, da Lei Complementar n. 35/79,
diante do vício insanável do julgamento pelo Tribunal a quo,
consistente na convocação de magistrado para substituir o relator
originário quando este próprio esteve presente às sessões de
julgamento dos v. Acórdãos, como também às anteriores;
(III) Artigos 110 e 133, do Código Tributário Nacional, e artigo
1.142, do Código Civil, por: (I) aplicação da hipótese de
responsabilidade tributária prevista no artigo 133 do CTN em
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virtude da 'aquisição' de ponto comercial e imóvel e exploração de
atividade própria (e não do negócio do alienante) - violação ao
princípio da legalidade - total carência de fundamento legal para
hipótese dos autos; (II) alteração do conceito de estabelecimento
comercial dado pelo direito privado; (III) mesmo que responsável
fosse - o que se admite apenas para argumentar - não poderia a
Recorrente responder pelas multas (sanção por ato ilícito) do
contribuinte infrator (sucedido); (IV) ainda que assim não se entenda,
a responsabilidade da Recorrente seria subsidiária, em razão da
caracterização da hipótese prescrita no inciso II, do artigo 133;
(IV) Artigos 156, V, e 174, ambos do Código Tributário
Nacional, pela manutenção da cobrança de crédito tributário extinto
pela prescrição;
(V) Artigo 142, do Código Tributário Nacional, tendo em vista
a indevida inversão do ônus da Fazenda provar a ocorrência da
hipótese prevista no art. 133, do CTN;
(VI) Artigo 330, I e 332, do Código de Processo Civil, em razão
do acolhimento de hipótese de julgamento antecipado da lide frente
ao fundamento de improcedência dos embargos à execução pela
ausência de produção de provas."

Apresentadas as contrarrazões (e-STJ, fls. 1191), sobreveio o juízo de


admissibilidade negativo da instância de origem (e-STJ, fls. 1274/1277).

Este Relator houve por bem dar provimento ao agravo de instrumento


para determinar a subida do presente recurso especial.

É, no essencial, o relatório.

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EMENTA

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO.


SUBSTITUIÇÃO DO RELATOR. POSSIBILIDADE. EXECUÇÃO
FISCAL. PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA DE DESÍDIA DO
CREDOR. MOROSIDADE DA JUSTIÇA. SÚMULA 106/STJ.
MODIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.
CERCEAMENTO DE DEFESA. 283/STF. JULGAMENTO
ANTECIPADO. PROVAS SUFICIENTES. SÚMULA 7/STJ.
SUCESSÃO TRIBUTÁRIA. ART. 133 DO CTN. EXAME DE
MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA E DE CLÁUSULAS
CONTRATUAIS. SÚMULAS 5/STJ E 7/STJ.
RESPONSABILIDADE. PRINCIPAL E MULTA. SÚMULA 83/STJ.
1. Não ofende o princípio constitucional do juiz natural a
convocação de juízes de primeiro grau para compor o órgão julgador do
respectivo Tribunal, desde que observadas as diretrizes legais.
2. O Tribunal de origem afastou a ocorrência da
prescrição, visto que não ocorrera desídia ou omissão da exequente, e
que a falha da citação se deu por mecanismo do Poder Judiciário,
atraindo a aplicação da Súmula 106 do STJ.
3. Nesse caso, noticiando o Tribunal de origem tratar-se
de hipótese excepcional, em que a demora na citação não se deu por
culpa do exequente, é vedado ao STJ incursionar no exame de matéria
fático-probatória, em face do enunciado da Súmula 7/STJ, prevalecendo
o entendimento da Corte regional, que afastou a prescrição.
4. A Corte Estadual afirma que não houve o cerceamento
de defesa ante a desnecessidade de dilação probatória quanto à
ocorrência da sucessão tributária, com base em dois fundamentos: (a)
apesar de regularmente intimada, a parte não manejou o recurso
processual adequado, ocorrendo a preclusão; (b) prescindibilidade de
produção de outras provas, além das carreadas aos autos.
5. A dicção das razões do recurso especial revela que o
fundamento do acórdão recorrido referente à preclusão não foi objeto de
impugnação, o que atrai a incidência, na espécie, por analogia, a Súmula
283 do STF.
6. Ademais, concluindo o Tribunal de origem que as
provas constantes dos autos eram suficientes para o julgamento
antecipado da lide, infirmar referido entendimento esbarra novamente no
óbice da Súmula 7 desta Corte Superior.
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7. Diante das premissas fáticas firmadas pela Corte de
origem, de que ocorrera a sucessão tributária, sua modificação
demandaria o reexame de matéria fático-probatória, além da análise de
cláusula contratual, vedado em sede de recurso especial, por força das
Súmulas 7 e 5 do Superior Tribunal de Justiça.
8. "A responsabilidade tributária do sucessor abrange,
além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou
punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o
passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato
gerador tenha ocorrido até a data da sucessão. " (REsp 923.012/MG,
Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 9.6.2010, DJe
24.6.2010). Acórdão recorrido no mesmo sentido da jurisprudência
firmada no Superior Tribunal de Justiça. Incidência da Súmula 83/STJ.
Recurso especial não conhecido.

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO HUMBERTO MARTINS (Relator):

DA SUBSTITUIÇÃO DO RELATOR

A recorrente alega violação da Lei Complementar n. 35/79, arts. 107 e


118, visto que não poderia o juiz convocado "substituir o relator originário quando
este próprio esteve presente às sessões de julgamento dos v. Acórdãos ".

Nesse ponto, nada a prover. Primeiro, porque a substituição de


desembargador por juiz convocado não incorre em violação do princípio do juiz natural.

Neste sentido:

"RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL.


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. IMPUGNAÇÃO. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS FIXADOS EM EMBARGOS DO DEVEDOR.
OMISSÃO E CONTRADIÇÃO NO ACÓRDÃO RECORRIDO.
INOCORRÊNCIA. JULGAMENTO PROFERIDO POR CÂMARA
COMPOSTA MAJORITARIAMENTE POR JUÍZES CONVOCADOS.
PRINCÍPIOS DO JUIZ NATURAL E DO DUPLO GRAU DE
JURISDIÇÃO. OFENSA AFASTADA. PRINCÍPIO DA ISONOMIA
PROCESSUAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.
OFENSA À COISA JULGADA. INOCORRÊNCIA.
I.- Os Embargos de Declaração são corretamente rejeitados se
não há omissão, contradição ou obscuridade no acórdão embargado,
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tendo a lide sido dirimida com a devida e suficiente fundamentação;
apenas não se adotando a tese do recorrente.
II.- Não há nulidade no julgamento proferido por Turmas ou
Câmaras estaduais constituídas, em sua maioria, por Juízes
convocados se a convocação se deu dentro dos parâmetros legais e
com observância das disposições estabelecidas pela Constituição
Federal.
III.- É inadmissível o Recurso Especial quanto à questão que
não foi apreciada pelo Tribunal de origem.
IV.- Não há ofensa à coisa julgada na hipótese em que o
Acórdão confirma a decisão que homologou os cálculos
apresentados, respeitando os critérios determinados pela sentença
exequenda na qual foram fixados honorários em '15% sobre o valor
expurgado em favor do advogado dos devedores-apelantes'.
Recurso Especial improvido."
(REsp 1.092.089/SC, Rel. Min. Sidnei Beneti, Terceira Turma,
julgado em 20.10.2009, DJe 9.11.2009.)

Outrossim, não prospera a alegação da recorrente de que o


Desembargador Kisleu Dias Maciel Filho, substituído pelo Juiz Sérgio Mendonça de
Araújo, estava presente nas sessões de julgamento da apelação e dos embargos de
declaração, visto que as atas dos acórdãos (e-STJ, fls. 712 e 823) instruem, com
clareza, os integrantes da Quarta Câmera Cível do Tribunal de Justiça do Estado de
Goiás: o relator substituto supra, a Desembargadora Beatriz Figueiredo Franco, o
Desembargador Almeida Branco e o Desembargador Carlos Escher, que a presidiu.

DA PRESCRIÇÃO

O Tribunal de origem afastou a ocorrência da prescrição, uma vez que


não ocorrera desídia ou omissão da exequente, e que a falha da citação se deu por
mecanismo do Poder Judiciário, atraindo a aplicação da Súmula 106 do STJ.

Para melhor ilustração do caso, transcrevo a decisão proferida pelo


Tribunal de origem (e-STJ, fls. 677/680):

"No caso, o parcelamento do débito e a inadimplência da


devedora principal são fatos incontroversos. No entanto, não há
como admitir a ocorrência da prescrição pretendida pela recorrente.
Isso porque, por força do enunciado da Súmula 106 do Superior
Tribunal de Justiça:
'Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a
demora na citação, por motivos inerentes ao mecanismo da Justiça,
não justifica o acolhimento da argüição de prescrição ou
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decadência'.

A execução fiscal está lastreada nas CDA's nºs 105367 e


105368, que se vêem às fls. 04/05 dos autos apensos, ajuizada aos
26/11/2004, visando a cobrança de ICMS referente aos períodos de
01/2000 a 02/2000 e 10/1998 a 12/1998, respectivamente.
Determinada a citação da empresa devedora, fl. 7 (autos
apensos), verificou-se que a mesma havia 'encerrado suas
atividades', conforme se vê da certidão de fl. 15, datada de
09/12/2004, o que motivou a conclusão dos autos ao juiz presidente
do feito em 23/05/2005, isso, após decorridos mais de 5 (cinco)
meses, contados da data da juntada aos autos do mandado de
citação.
Na sequência, foi proferido o despacho de fl. 16 em 23.05.2005,
determinando a oitiva do exequente acerca da aludida certidão, o
qual, obteve vista dos autos em 22.11.2005, ou seja, 6 (seis) meses
após prolatado o referido despacho.
Naquela oportunidade, em 02.01.2006, o Estado de Goiás
protocolizou o pedido de redirecionamento da execução em face da
recorrente – CASA BAHIA COMERCIAL LTDA., na qualidade de
sucessora da executada, o que restou deferido por despacho
proferido à fl. 85, em 28.04.2006, ultimando-se o ato citatório em
08.03.2007 - fls. 134/136, na pessoa de seu representante legal –
mais de onze (11) meses após sua determinação.
Por decisão proferida à fl. 100 dos autos da execução, o i.
Magistrado singular considerou válida a citação feita pelo oficial de
justiça na pessoa do gerente da Casa Bahia, rejeitando, de
consequência, tanto o requerimento de nulidade, quanto o pedido de
reabertura de prazo.
Postas estas premissas e analisando os dados informativos dos
autos, confere-se que desde a data da rescisão formal do
parcelamento, que, segundo o próprio credor, a princípio teria se
dado em 25.08.2000 e a citação válida da devedora - ocorrida em
08.03.2007 (fl.134/136 da execução), realmente transcorreu lapso
superior a 5 (cinco) anos, o que, inicialmente, poderia, de fato,
conduzir à prescrição do débito tributário.
Entretanto, sabe-se que não basta, para o reconhecimento
dessa causa extintiva do crédito, o mero decurso do prazo
quinquenal entre a data da rescisão do parcelamento e aquela da
efetiva citação da devedora, pois o fator tempo deve vir aliado à
desídia da exequente em promover as diligências que lhe incumbem
para a cobrança da dívida, fato inocorrente nos autos.
Investigando detidamente os autos da ação de execução, tenho
que, no transcorrer do processo executivo, a Fazenda Pública em
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nenhum momento foi desidiosa, tendo promovido, a contento, as
diligências que lhe seriam exigíveis para andamentar o feito, só não
tendo logrado êxito na citação tempestiva da devedora (dentro do
prazo quinquenal), por motivos inerentes aos mecanismos da justiça
e alheios à sua vontade.
Nessa linha de pensar, impende mencionar que após a juntada
aos autos do primeiro mandado de citação, 10.12.2004, fl. 10Vº, a
escrivania somente tomou a iniciativa de promover a conclusão dos
autos ao juiz do feito, após decorridos (cento e sessenta e três) 163
dias, quando deveria fazê-lo, no prazo de vinte e quatro (24) horas,
ex vi do art. 190 do CPC.
E não é só isso, ao invés de executar o ato judicial, no prazo de
quarenta e oito (48) horas, a serventia promoveu a intimação do
credor para manifestar acerca da certidão do oficial de justiça em
22.11.2005, cento e oitenta (180) dias depois – certidão de fl. 16vº,
quando já expirado o quinquênio, contado a partir da data da
rescisão formal do parcelamento, ou seja, 25.08.2000.
Frise-se ainda que após a manifestação do credor e devolução
dos autos à escrivania em 04.01.2006, os autos só foram novamente
conclusos ao juiz aos 29.03.2006, oitenta e cinco (85) dias após, fl.
83. Por fim, o despacho ordenando a citação da apelante CASA
BAHIA COMERCIAL LTDA., sobreveio em 28.04.2006,
efetivando-se em 08.03.2007, como se vê às fls. 85 e 134/136.
Demais disso, saliento, por oportuno, que por ocasião do
exaurimento do quinquênio prescricional, os autos estavam
aguardando solução de continuidade por parte do mecanismo
judiciário, ou seja, no interregno entre a data da juntada aos autos
do mandado de citação, 10.12.2004 e a data da abertura de vista à
Procuradoria do Estado de Goiás em 22.11.2005, os autos se
encontravam sob custódia da serventia de origem, aguardando
providências dos serventuários da justiça.
Nesse contexto, a meu sentir, não houve qualquer omissão ou
desídia por parte da Exeqüente, não se podendo debitar em seu
desfavor atos pelos quais não lhe cabe responsabilidade, porquanto,
os embaraços ora apontados não podem penalizar o credor,
principalmente se ele não concorreu para o atraso.
Assim, não obstante transcorridos mais de cinco anos entre a
data da rescisão formal do parcelamento e a efetiva citação da
devedora, não se reconhece a argüição de prescrição quando a falha
decorreu do mecanismo do Poder Judiciário, conforme enunciado da
Súmula 106, do STJ."

Nesse caso, noticiando o Tribunal de origem tratar-se de hipótese


excepcional, em que a demora na citação não se deu por culpa do exequente, é vedado
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ao STJ incursionar no exame de matéria fático-probatória, em face do enunciado da
Súmula 7/STJ, prevalecendo o entendimento da Corte regional, que afastou a
prescrição.

A propósito:

"PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO


REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL.
REDIRECIONAMENTO PARA O SÓCIO. PRESCRIÇÃO
INTERCORRENTE. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE. DEMORA
NA CITAÇÃO IMPUTADA AOS MECANISMOS DA JUSTIÇA.
SUMULAS 7 E 106 DO STJ.
1. Reconhecido que a demora na citação se deu por motivos
inerentes ao mecanismo da justiça (aplicação do art. 219, § 2º do
CPC e enunciado nº 106 da Súmula do STJ), não é possível se
verificar a ocorrência da prescrição sem previamente averiguar e
afastar a culpa do Judiciário na demora da citação.
2. Aplica-se para o caso o enunciado nº 7 da Súmula do STJ.
3. Agravo regimental não-provido."
(AgRg no REsp 925.544/MG, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, Segunda Turma, julgado em 19.2.2009, DJe 25.3.2009.)

DO CERCEAMENTO DE DEFESA – INCIDÊNCIA DA SÚMULA


283/STF

A Corte Estadual afirma que não houve o cerceamento de defesa ante a


desnecessidade de dilação probatória quanto à ocorrência da sucessão tributária, com
base em dois fundamentos: (a) apesar de regularmente intimada, a parte não manejou o
recurso processual adequado, ocorrendo a preclusão; (b) prescindibilidade de produção
de outras provas, além das carreadas aos autos.

Abaixo, trecho do acórdão recorrido, que faz menção (e-STJ, fls.


685/691):

"Superado esse tema, no mais, tenho que não merece prosperar


a pretensão de nulidade do julgado, ao argumento de que o i.
Magistrado a quo concluiu, por intermédio da decisão proferida à fl.
100, dos autos da ação de execução, acerca da existência de
sucessão tributária, antes mesmo da apresentação dos presentes
embargos à execução, menosprezando a necessidade de dilação
probatória para comprovação da inexistência da aludida sucessão
tributária.
Entretanto, impende registrar que apesar de regularmente
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cientificada dessa decisão interlocutória, certidão de fl. 154 dos
autos apensos, a recorrente deixou de lançar mão, de pronto, do
remédio processual adequado, qual seja, o agravo de instrumento,
art. 522, CPC, optando pela interposição de embargos de
Declaração com argumentos inadequados à essa modalidade de
súplica recursal, o qual, restou rejeitado, como se vê da decisão de fl.
155 (execução).
Logo, a rigor, resta precluso o direito de a embargante, ora
apelante, se insurgir contra aludida decisão, eis que, na hipótese,
operou-se a preclusão temporal, que consiste na perda da faculdade
processual pelo seu não uso dentro do prazo legal.
(...)
Ainda que assim não fosse, no caso vertente, o julgamento
antecipado da lide, com preterição de formalidade essencial,
consistente na ausência de oportunidade quanto à produção de
provas pertinentes, de modo a refutar a existência de sucessão
tributária, a meu sentir, não implicou em cerceamento do direito de
defesa, nem infringiu nenhum dos princípios apontados, quer seja do
contraditório, ampla defesa, devido processo legal ou da
impessoalidade, segundo entende a apelante.
(...)
Nesse diapasão, segundo dimana da análise global dos
presentes autos, o magistrado a quo, convencendo-se de que a
matéria focada prescindia de provas outras além das carreadas aos
autos, amparado no salutar brocardo jurídico supracitado, houve
por bem em dispensar o ato solene, conhecendo diretamente do
pedido, proferindo, incontinenti, a sentença ora guerreada.
A seu turno, o art. 330, inciso I, do CPC, autoriza o juiz a
julgar o mérito de forma antecipada, quando a matéria for
unicamente de direito, ou, sendo de direito e de fato, não houver
necessidade de produção de prova em audiência.
Nesse particular, inquestionável que o direito que se busca
tutelar é disponível e, por estar envolto nessa qualidade, adequado é
o julgamento antecipado da lide, já que desnecessária a instrução do
feito, consoante entendimento jurisprudencial sufragado pelo
colendo Superior Tribunal de Justiça:
(...)
Além disso, calha registrar que, nesse ponto, os argumentos
aduzidos pela apelante são, de certa forma, incongruentes, pois, se
por um lado, ao postular a nulidade do julgado, defende a
necessidade de produção de provas 'para comprovar a não
ocorrência da sucessão prevista no artigo 133 do Código Tributário
Nacional', por outro, ao postular a reforma da sentença, admite
'estar devidamente comprovada a inexistência de sucessão tributária
Documento: 1032674 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 29/04/2011 Página 1 2 de 43
Superior Tribunal de Justiça
da apelante com a empresa 'Modelar', tendo em vista os diversos
documentos acostados na inicial' (fl. 477).
Ora, se a própria embargante admite que a questão resta
elucidada pela prova documental acostada à inicial, não haveria
necessidade de produção de outras provas para esse mister.
Destarte, como restou afirmado alhures, o julgamento
antecipado da lide não caracteriza cerceamento do direito de defesa
se os elementos constantes dos autos foram suficientes ao
convencimento do julgador singular, que, mesmo silente, não
vislumbrou necessidade de outras provas além daquelas carreadas
para os autos."

A dicção das razões do recurso especial (e-STJ, fls. 870/879) revela que
o fundamento do acórdão recorrido referente à preclusão não foi objeto de impugnação,
tendo sido apenas combatida a necessidade de produção de prova.

Assim, incide, na espécie, por analogia, a Súmula 283 do STF: "É


inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão recorrida assenta em mais
de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles."

A jurisprudência desta Corte tem, aliás, aplicado reiteradamente a citada


Súmula:

"PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO - RECURSO


ESPECIAL - DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO E
FUNDAMENTOS SUFICIENTES PARA MANTER O ACÓRDÃO
RECORRIDO NÃO IMPUGNADOS: SÚMULAS 283 E 284/STF -
DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO OBRIGATÓRIO - REMESSA
OFICIAL - SÚMULA 620/STF.
1. É manifestamente inadmissível o recurso especial, se a parte
deixa de indicar com clareza e objetividade em que reside a alegada
contrariedade ou negativa de vigência aos dispositivos legais
apontados, assim como se não cuida de impugnar especificamente os
fundamentos do acórdão recorrido.
2. As sentenças proferidas contra autarquias, até o advento da
Lei 10.352/01, não estavam sujeita a reexame necessário, salvo
quando sucumbente em execução de dívida ativa. Teor da Súmula
620/STF.
3. Recurso especial conhecido em parte e, nessa parte, não
provido."
(REsp 942.150/SE, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma,
julgado em 9.6.2009, DJe 25.6.2009.)

Documento: 1032674 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 29/04/2011 Página 1 3 de 43
Superior Tribunal de Justiça
"PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. NEGATIVA DE
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL NÃO CONFIGURADA.
FUNDAMENTO SUFICIENTE INATACADO. SÚMULA 283/STF.
INEXISTÊNCIA DE RENÚNCIA EXPRESSA AO DIREITO SOBRE
O QUAL SE FUNDA A AÇÃO. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM
RESOLUÇÃO DO MÉRITO. IMPOSSIBILIDADE. AÇÃO
ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL PROPOSTA DURANTE A
TRAMITAÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL. POSSIBILIDADE,
QUANDO A AÇÃO AUTÔNOMA, DESACOMPANHADA DO
DEPÓSITO, NÃO PRETENDE A SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE
DO CRÉDITO EXEQÜENDO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
REVISÃO. SÚMULA 07/STJ.
1. Não viola os arts. 458 e 535 do CPC, nem importa negativa
de prestação jurisdicional, o acórdão que, mesmo sem ter examinado
individualmente cada um dos argumentos trazidos pelo vencido,
adotou fundamentação suficiente para decidir de modo integral a
controvérsia posta.
2. Não pode ser conhecido o recurso especial que não ataca
fundamento que, por si só, é apto a sustentar o juízo emitido pelo
acórdão recorrido. Aplicação analógica da Súmula 283 do STF, in
verbis: 'inadmissível o recurso extraordinário quando a decisão
recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente, e o recurso
não abrange todos eles'.
(...)
7. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte,
desprovido."
(REsp 1.048.669/RJ, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira
Turma, julgado em 5.2.2009, DJe 30.3.2009.)

Ademais, concluindo o Tribunal de origem que as provas constantes dos


autos eram suficientes para o julgamento antecipado da lide, infirmar referido
entendimento esbarra novamente no óbice da Súmula 7 desta Corte Superior.

Neste sentido:

"PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO


ESPECIAL. MULTA AMBIENTAL. EXECUÇÃO.
INDEFERIMENTO DE PROVA PERICIAL. JULGAMENTO
ANTECIPADO DA LIDE. SÚMULA 7/STJ.
1. Impossível, em Recurso Especial, reexaminar decisão do
Tribunal a quo que indeferiu diligências desnecessárias (prova
pericial) e, com fundamento na prova dos autos, julgou
antecipadamente a lide.
Incidência do enunciado da Súmula 7/STJ.
Documento: 1032674 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 29/04/2011 Página 1 4 de 43
Superior Tribunal de Justiça
2. Agravo Regimental não provido."
(AgRg no Ag 1.158.300/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda
Turma, julgado em 16.3.2010, DJe 26.3.2010.)

DA SUCESSÃO TRIBUTÁRIA

O Tribunal a quo concluiu que ocorrera a sucessão tributária, pela análise


da documentação constante dos autos e do contrato firmado entre sucessora e sucedida.
Vejamos (e-STJ, fls. 691/704):

"Superado esse tema, tem-se que a questão crucial posta em


debate consiste em aferir se restou, ou não, configurada a sucessão
empresarial e, por conseguinte, a transferência da responsabilidade
tributária à Apelante, nos moldes do art. 133 do CTN.
Ao exame dos elementos de provas contidas neste processo, a
meu sentir, bem andou o i. Magistrado singular, promovendo, de
maneira escorreita, a entrega da prestação jurisdicional, porquanto,
outra alternativa não lhe restava senão proclamar a improcedência
dos embargos, impondo à embargante a responsabilidade pelos
tributos postos em execução.
Em suas razões recursais, a empresa apelante Casa Bahia
Comercial Ltda., insiste que ajustou apenas a compra e venda de
pontos comerciais e de imóveis das empresas Modelar, Onogás e
Equipar, o que, em seu modo de entender, não se confunde com a
aquisição de fundo de comércio e de estabelecimento comercial,
inexistindo qualquer disposição sobre a alienação de acervo
patrimonial (estoques, instalações, marca, máquinas, móveis e
equipamentos), devendo, portanto, ser afastada a aplicação da
hipótese prevista no art. 133 do CTN.
Entretanto, conforme registrado na sentença, embora entenda
não restar caracterizada sucessão empresarial, a própria recorrente
afirmou expressamente na petição protocolizada em 27/09/2000 na
Justiça Federal, 'que o negócio havido entre a Casa Bahia Comercial
Ltda. e a executada (leia-se – Onogás), não se traduz por aquisição
da última empresa, mas se trata de operação simples de venda e
compra de ativos, sem descontinuidade das atividades da
vendedora-executada' acrescentando que 'houve apenas a venda e
compra de ativos corpóreos (imóveis próprios) e incorpóreos (pontos
comerciais)' da empresa executada, (fl. 375).
A prova documental emergente dos autos, é suficiente para
comprovar que a empresa executada Modelar Empresa Brasileira de
Atacado e Varejo Ltda., pessoa jurídica de direito privado, situada à
Avenida Anhanguera, nº 4627, centro, CNPJ nº 01.638.040/0001-26
e outras, venderam, dentre outros, o seu estabelecimento comercial
Documento: 1032674 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 29/04/2011 Página 1 5 de 43
Superior Tribunal de Justiça
para a embargante, como faz prova o documento de fl. 24
(Instrumento Particular de Recibo de Sinal e Princípio de Pagamento
de Aquisição Irretratável e Irrevogável de Imóveis, Pontos
Comerciais e Outras Avenças) .
Na cláusula 1, do referido instrumento, as vendedoras se
declaram titulares e proprietárias de diversos pontos comerciais,
comprometendo-se de forma 'irretratável e irrevogavelmente a
vender os referidos imóveis, obrigando-se a transferir todos os
domínios e propriedades dos imóveis próprios, bem como a vender,
ceder e transferir os pontos comerciais para Casa Bahia....'.
No que tange especificamente ao estabelecimento comercial
sede da empresa executada MODELAR, qual seja, Rua da República,
nº 215, Jardim Novo Mundo, igualmente adquirido pela recorrente,
contrato de fls. 24/28 da execução, onde funciona um depósito de
mercadorias, não paira nenhuma dúvida acerca da continuidade
dessas mesmas atividades pela sucessora CASA BAHIA
COMERCIAL LTDA. naquele local, porquanto, esse fato restou
expressamente admitido em sua petição de fls. 88/99 da execução, ao
requerer a nulidade de sua citação, ao argumento de que seu
funcionário 'não tinha poderes para receber mandado de citação' (fl.
90).
(...)
Se alguma incerteza ainda pairava acerca desse fato, a própria
embargante/recorrente desincumbindo-se de seu dever de lealdade
processual, houve por bem dissipá-la, ao afirmar:
'Com efeito, no caso em tela, trata-se a citada de pessoa
jurídica com mais de 500 (quinhentas) filiais distribuídas em,
aproximadamente, 256 (duzentos e cinquenta e seis) municípios
brasileiros. Não se mostra razoável exigir, não obstante as inúmeras
obrigações decorrentes do regular exercício de suas atividades, e.g.,
que a peticionária crie estrutura para o recebimento de citações em
cada uma de suas filiais, com a constituição e necessidade de
administração de uma universalidade de pessoas com tais poderes'.
(destaquei)

E a embargante vai mais além, esclarecendo, definitivamente,


que no imóvel adquirido da ex-executada, de fato, funciona uma de
suas filiais, com o mesmo ramo de atividades da antiga executada,
senão vejamos:
'Não obstante o fato da peticionária refutar in totum a tese de
sucessão tributária arguida nos presentes autos e entender que ela se
encontra desprovida de qualquer fundamento de validade, frise-se
que o Exequente sequer tentou citá-la, por correio, em sua sede,
onde se localizavam os seus representantes legais, preferindo que o
Documento: 1032674 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 29/04/2011 Página 1 6 de 43
Superior Tribunal de Justiça
ato de citação fosse realizado em filial da empresa, sujeitando-se ao
risco de ser recebido por pessoa que, como no caso em tela,
possivelmente não tivesse poderes para recebê-lo' (destaquei) - (fls.
97/98).

Demais disso, infere-se do contrato social de fls. 110/133 , que a


empresa embargante tem por objetivo o estabelecimento de lojas de
departamentos para o comércio varejista diversificado, incluindo
artigos de cama, mesa e banho, roupas e confecções, móveis de
estilo, tapetes e artigos de decoração, aparelhos eletrodomésticos e
eletrodomésticos em geral, utilidades domésticas em geral, dentre
outros, ou seja, desenvolve o mesmo ramo de atividades comerciais
de sua antecessora, inclusive, no endereço antes declinado e no
imóvel situado à Avenida Anhanguera, nº 4627, centro, onde,
atualmente a embargante mantém sua filial de nº 332 descrita à fl.
125 dos autos, além da ocupação de vários estabelecimentos antes
pertencentes à antiga executada, concluindo-se restar configurada a
ocorrência da sucessão tributária, sendo aplicável, sem dúvida, a
regra prevista no art. 133 do Código Tributário Nacional, que
dispõe:
(...)
Na lição de IVES GANDRA MARTINS:
'A sucessão não precisa ser sempre formalizada, admitindo a
jurisprudência a sua presunção desde que existentes indícios e
provas convincentes (matéria de fato, caso a caso). Assim sendo, se
alguém ou mesmo uma empresa adquire de outra os bens do ativo
fixo e o estoque de mercadorias e continua a explorar o negócio,
ainda que com outra razão social, presume-se que houve aquisição
de fundo de comércio, configurando-se a sucessão e a transferência
da responsabilidade tributária.' (apud NASCIMENTO, Carlos Valder
do. (Coordenador). Comentários ao Código Tributário Nacional. 3ª
ed. Rio de Janeiro: Forense. p. 315).
(...)

Noutro ponto, o argumento de que a avença se encontra


pendente do adimplemento de obrigações contratuais por parte das
vendedoras, não descaracteriza a sucessão tributária prevista no art.
133 do CTN.
Esses fatos também não passaram despercebidos pelo zeloso
julgador singular, ao proclamar que: 'Por mais que a embargante
(tente) eximir-se da responsabilidade e tenta negar os fenômenos da
incorporação, cisão, fusão ou sucessão de estabelecimentos, o fato é
que ao adquirir seu ativo, assumiu também a responsabilidade
tributária, no mínimo pelo fato da antiga empresa Modelar, ter
Documento: 1032674 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 29/04/2011 Página 1 7 de 43
Superior Tribunal de Justiça
cessado suas atividades conforme dispõe o inciso I do mesmo art.
133' (fl. 416).
Em relação à afirmação de que as empresas vendedoras
mantiveram o exercício de suas atividades, basta uma leitura atenta
dos documentos de fls. 107/149, para perceber que todas as
alterações contratuais levados a efeito pela antiga empresa
MODELAR, após a data de sua aquisição pela embargante,
30/03/2000, dão conta do encerramento de suas atividades e
extinção de suas filiais, como se vê da 16ª e 17ª alterações
contratuais de fls. 107/110, realizadas em 14/04/2000 e 19/02/2001,
respectivamente .
Conforme bem expressou o douto Magistrado: 'a série de
contratos e alterações contratuais juntados pela embargante em
nome da empresa Modelar, apenas confirmam a sua extinção,
atraindo assim a responsabilidade tributária retro mencionada ' (fl.
416).
Nesse contexto, tentar negar a existência de continuidade da
exploração da atividade da antiga empresa antecessora MODELAR
pela embargante e sua responsabilidade tributária, é negar o óbvio e
desprezar a capacidade de discernimento dos operadores do Direito.
Derruída, está, definitivamente, as teses defendidas pela embargante
no tocante a essas questões, pois, configurada a sucessão
empresarial e, por essa, a transferência da responsabilidade
tributária à Apelante, nos moldes do art. 133 do CTN.
O Superior Tribunal de Justiça e esta Corte já tiveram
oportunidade de se manifestar em casos semelhantes. A exemplo, os
seguintes arestos:

'EXECUÇÃO FISCAL - RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA -


SUCESSÃO - CERTIDÃO - DESNECESSIDADE - NOME DO
SÓCIO OU DA FIRMA SUCESSORA. O ADQUIRENTE DE FUNDO
DE COMÉRCIO OU ESTABELECIMENTO COMERCIAL,
INDUSTRIAL OU PROFISSIONAL QUE CONTINUAR A
RESPECTIVA EXPLORAÇÃO RESPONDE INTEGRALMENTE
PELOS TRIBUTOS RELATIVOS AO FUNDO OU
ESTABELECIMENTO ADQUIRIDO, SE O ALIENANTE CESSAR A
EXPLORAÇÃO DO COMÉRCIO, INDÚSTRIA OU ATIVIDADE'.
(STJ, in REsp. 36.540/MG, DJU de 4.10.93, Rel. Min. Garcia Vieira).
(...)
Por outro lado, é certo que o crédito tributário goza da
presunção legal de certeza e liquidez, nos termos do art. 204 do CTN
c/c art. 3º da Lei nº 6.830/80, presunção esta que, segundo o
parágrafo único dos citados dispositivos, somente pode ser ilidida
mediante prova inequívoca, sendo que, no caso dos autos, não logrou
Documento: 1032674 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 29/04/2011 Página 1 8 de 43
Superior Tribunal de Justiça
êxito a Apelante em afastar a responsabilidade que lhe é imputada.
Em outros termos, a dívida ativa da Fazenda Pública,
regularmente inscrita, goza da presunção de certeza e liquidez,
apenas podendo ser ilidida por prova inequívoca, a cargo do
executado ou de terceiro, a quem aproveite (art. 3º da LEF). Assim,
cabia à devedora, portanto, provar a iliquidez do débito ou eventuais
irregularidades na Certidão de Dívida Ativa na qual se baseia a
presente execução, ônus do qual não se desincumbiu a contento."

Diante das premissas fáticas firmadas pela Corte de origem, a apreciação


da tese da recorrente, de que não ocorrera a sucessão tributária, demandaria o reexame
de matéria fático-probatória, além da análise de cláusula contratual, vedado em sede de
recurso especial, por força das Súmulas 7 e 5 do Superior Tribunal de Justiça.

"PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO – RECURSO


ESPECIAL – EXECUÇÃO FISCAL – SUCESSÃO TRIBUTÁRIA –
VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC – ALEGAÇÕES GENÉRICAS –
ART. 133 DO CTN – EXAME DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA
E DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS (SÚMULAS 5/STJ E 7/STJ).
1. O recorrente não indicou, com clareza e objetividade, qual o
dispositivo que entendeu omisso ou obscuro, apenas fazendo
alegações genéricas sobre as hipóteses do art. 535 do CPC,
incidindo, na hipótese, a Súmula 284/STF.
2. Diante das premissas fáticas estabelecidas pelo Tribunal a
quo, a apreciação da tese defendida pelo recorrente demandaria
reexame de matéria fático-probatória, além de análise de cláusula
contratual, providências vedadas a esta Corte em sede de recurso
especial, nos termos da Súmulas 7/STJ e 5/STJ.
3. Recurso especial não conhecido."
(REsp 864.604/RJ, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma,
julgado em 26.8.2008, DJe 16.9.2008.)

DA RESPONSABILIDADE E DA MULTA

O art. 133 do CTN impõe ao sucessor a responsabilidade integral, tanto


pelos eventuais tributos devidos quanto pela multa decorrente, seja ela de caráter
moratório ou punitivo. A multa aplicada antes da sucessão incorpora-se ao patrimônio
do contribuinte, podendo ser exigida do sucessor, sendo que, em qualquer hipótese, o
sucedido permanece como responsável.

Neste sentido:

"TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. RECURSO ESPECIAL


Documento: 1032674 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 29/04/2011 Página 1 9 de 43
Superior Tribunal de Justiça
REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC.
RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÃO. SUCESSÃO DE
EMPRESAS. ICMS. BASE DE CÁLCULO. VALOR DA OPERAÇÃO
MERCANTIL. INCLUSÃO DE MERCADORIAS DADAS EM
BONIFICAÇÃO. DESCONTOS INCONDICIONAIS.
IMPOSSIBILIDADE. LC N.º 87/96. MATÉRIA DECIDIDA PELA 1ª
SEÇÃO, NO RESP 1111156/SP, SOB O REGIME DO ART. 543-C
DO CPC.
1. A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos
tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas,
que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do
patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha
ocorrido até a data da sucessão. (Precedentes: REsp 1085071/SP,
Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 21/05/2009, DJe 08/06/2009; REsp 959.389/RS, Rel.
Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em
07/05/2009, DJe 21/05/2009; AgRg no REsp 1056302/SC, Rel.
Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 23/04/2009, DJe 13/05/2009; REsp 3.097/RS, Rel.
Ministro GARCIA VIEIRA, PRIMEIRA TURMA, julgado em
24/10/1990, DJ 19/11/1990)
(...)
(REsp 923.012/MG, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Seção, julgado
em 9.6.2010, DJe 24.6.2010.)

"TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL EM EMBARGOS À


EXECUÇÃO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DO SUCESSOR
EMPRESARIAL POR INFRAÇÕES DO SUCEDIDO. ARTIGO 133
DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. PRECEDENTES.
1. Em interpretação ao disposto no art. 133 do CTN, o STJ tem
entendido que a responsabilidade tributária dos sucessores
estende-se às multas impostas ao sucedido, sejam de natureza
moratória ou punitiva, pois integram o patrimônio jurídico-material
da sociedade empresarial sucedida.
2. 'Os arts. 132 e 133, do CTN, impõem ao sucessor a
responsabilidade integral, tanto pelos eventuais tributos devidos
quanto pela multa decorrente, seja ela de caráter moratório ou
punitivo. A multa aplicada antes da sucessão se incorpora ao
patrimônio do contribuinte, podendo ser exigida do sucessor, sendo
que, em qualquer hipótese, o sucedido permanece como responsável.
É devida, pois, a multa, sem se fazer distinção se é de caráter
moratório ou punitivo; é ela imposição decorrente do
não-pagamento do tributo na época do vencimento' (REsp n.
Documento: 1032674 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 29/04/2011 Página 2 0 de 43
Superior Tribunal de Justiça
592.007/RS, Rel. Min. José Delgado, DJ de 22/3/2004).
2. Recurso especial provido."
(REsp 1.085.071/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira
Turma, julgado em 21.5.2009, DJe 8.6.2009.)

O Tribunal de origem reconheceu a responsabilidade da sucessora pelo


pagamento da multa, em consonância com a jurisprudência firmada nesta Corte
Superior, o que atrai a incidência da Súmula 83/STJ.

DA INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC

Com efeito, das razões acima expendidas, conclui-se que inexistente a


alegada violação do art. 535 do CPC, pois a prestação jurisdicional foi dada na medida
da pretensão deduzida, como se depreende da análise do acórdão recorrido.

Todas as questões ventiladas no recurso de embargos de declaração


opostos perante o Tribunal de origem foram decididos, representando mero
inconformismo da parte com o decisum .

Não se pode anular o acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do


Estado de Goiás, que de forma amplamente fundamentada confirmou a decisão do juiz
singular que decretou a sucessão tributária, nos moldes do art. 133 do Código Tributário
Nacional.

Conforme o fundamento do Tribunal "a quo", existem elementos mais do


que suficientes para caracterizar a sucessão tributária, de modo que é desnecessária
novas e inúteis provas a serem produzidas no processo. A propósito, transcrevo -
novamente - o seguinte trecho do voto proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de
Goiás:

"A prova documental emergente dos autos, é suficiente para


comprovar que a empresa executada Modelar Empresa Brasileira de
Atacado e Varejo Ltda., pessoa jurídica de direito privado, situada à
Avenida Anhanguera, nº 4627, centro, CNPJ nº 01.638.040/0001-26
e outras, venderam, dentre outros, o seu estabelecimento comercial
para a embargante, como faz prova o documento de fl. 24
(Instrumento Particular de Recibo de Sinal e Princípio de Pagamento
de Aquisição Irretratável e Irrevogável de Imóveis, Pontos
Comerciais e Outras Avenças). (...)

Destarte, como restou afirmado alhures, o julgamento


antecipado da lide não caracteriza cerceamento do direito de defesa
se os elementos constantes dos autos foram suficientes ao
Documento: 1032674 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 29/04/2011 Página 2 1 de 43
Superior Tribunal de Justiça
convencimento do julgador singular, que, mesmo silente, não
vislumbrou necessidade de outras provas além daquelas carreadas
para os autos."

Com relação à interpretação do art. 133 do Código Tributário Nacional,


o Tribunal "a quo" foi claro ao afirmar que a tese da embargante não merece prosperar
pois "conforme registrado na sentença, embora entenda não restar caracterizada
sucessão empresarial, a própria recorrente afirmou expressamente na petição
protocolizada em 27/09/2000 na Justiça Federal, 'que o negócio havido entre a
Casa Bahia Comercial Ltda. e a executada (leia-se – Onogás), não se traduz por
aquisição da última empresa, mas se trata de operação simples de venda e compra
de ativos, sem descontinuidade das atividades da vendedora-executada'
acrescentando que 'houve apenas a venda e compra de ativos corpóreos (imóveis
próprios) e incorpóreos (pontos comerciais)' da empresa executada, (fl. 375)."

Na verdade, a questão não foi decidida conforme objetivava a recorrente,


uma vez que foi aplicado entendimento diverso. É cediço, no STJ, que o juiz não fica
obrigado a manifestar-se sobre todas as alegações das partes, nem a ater-se aos
fundamentos indicados por elas ou a responder, um a um, a todos os seus argumentos,
quando já encontrou motivo suficiente para fundamentar a decisão, o que de fato
ocorreu.

Ressalte-se, ainda, que cabe ao magistrado decidir a questão de acordo


com o seu livre convencimento, utilizando-se dos fatos, provas, jurisprudência, aspectos
pertinentes ao tema e da legislação que entender aplicável ao caso concreto.

Nessa linha de raciocínio, o disposto no art. 131 do Código de Processo


Civil:

"Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos


fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados
pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que lhe
formaram o convencimento."

Em suma, nos termos de jurisprudência pacífica do STJ, "o magistrado


não é obrigado a responder todas as alegações das partes se já tiver encontrado
motivo suficiente para fundamentar a decisão, nem é obrigado a ater-se aos
fundamentos por elas indicados " (REsp 684.311/RS, Rel. Min. Castro Meira, DJ
18.4.2006), como ocorreu na hipótese ora em apreço.

Ou ainda: "é pacífica a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça


no sentido de que não viola o art. 535 do CPC, tampouco nega a prestação
jurisdicional, o acórdão que, mesmo sem ter examinado individualmente cada um
dos argumentos trazidos pelo vencido, adota, entretanto, fundamentação suficiente
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Superior Tribunal de Justiça
para decidir de modo integral a controvérsia, (...) não se podendo confundir
omissão com decisão contrária aos interesses da parte" (REsp 1.061.770/RS, Rel.
Min. Denise Arruda, Primeira Turma, julgado em 15.12.2009, DJe 2.2.2010).

Nesse sentido, ainda, os precedentes:

"PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO – VIOLAÇÃO DO


ART. 535 DO CPC NÃO CARACTERIZADA – EXECUÇÃO FISCAL
– DECRETAÇÃO DA PRESCRIÇÃO.
1. Não ocorre ofensa ao art. 535, II, do CPC, se o Tribunal de
origem decide, fundamentadamente, as questões essenciais ao
julgamento da lide.
2. É inviável a aplicação do art. 8º, § 2º, da Lei 6.830/1980,
tendo em vista a prevalência do art. 174 do CTN, para os executivos
fiscais ajuizados antes da LC 118/2005. Precedentes do STJ.
3. Recurso especial não provido."
(REsp 1.142.474/RS, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma,
julgado em 23.2.2010, DJe 4.3.2010.)

"PROCESSUAL CIVIL. OFENSA AO ART. 535 DO CPC NÃO


CONFIGURADA. MULTA ADMINISTRATIVA. PRESCRIÇÃO.
APLICABILIDADE DO DECRETO 20.910/1932.
1. A solução integral da controvérsia, com fundamento
suficiente, não caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC.
2. Ausente previsão em lei específica, o prazo prescricional nas
ações de cobrança de multa administrativa é de cinco anos, nos
termos do art. 1º do Decreto 20.910/1932, à semelhança das ações
pessoais contra a Fazenda Pública.
3. Orientação reafirmada pela Primeira Seção, no julgamento
do REsp 1.105.442/RJ , submetido ao rito do art. 543-C do CPC.
4. Agravo Regimental não provido."
(AgRg no Ag 1.000.319/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda
Turma, julgado em 23.2.2010, DJe 4.3.2010.)

Ante o exposto, não conheço do recurso especial.

É como penso. É como voto.

MINISTRO HUMBERTO MARTINS


Relator

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Superior Tribunal de Justiça

CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEGUNDA TURMA

Número Registro: 2010/0189302-5 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.220.651 / GO

Números Origem: 1265638188 200802206829 201001376213 2206828820088090000

PAUTA: 03/02/2011 JULGADO: 15/02/2011

Relator
Exmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. MARIA CAETANA CINTRA SANTOS
Secretária
Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : CASA BAHIA COMERCIAL LTDA
ADVOGADO : RODRIGO MAURO DIAS CHOHFI E OUTRO(S)
RECORRIDO : ESTADO DE GOIÁS
PROCURADOR : PAULA CRISTINA JAIME NOLETO E OUTRO(S)

ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Crédito Tributário

SUSTENTAÇÃO ORAL
Dr(a). HÉLIO RUBENS BATISTA RIBEIRO COSTA, pela parte RECORRENTE: CASA BAHIA
COMERCIAL LTDA

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Após o voto do Sr. Ministro-Relator, não conhecendo do recurso, pediu vista dos autos
o Sr. Ministro Cesar Asfor Rocha."
Aguardam os Srs. Ministros Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques e Castro
Meira.

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RECURSO ESPECIAL Nº 1.220.651 - GO (2010/0189302-5)

VOTO-VISTA

O EXMO. SR. MINISTRO CESAR ASFOR ROCHA:


Cuida-se de recurso especial interposto por Casa Bahia Comercial Ltda.,
com base no art. 105, inciso III, alíneas "a" e "c", da Constituição Federal, contra o
acórdão de fls. 669-712, da Quarta Turma Julgadora da Quarta Câmara Cível do
Tribunal de Justiça de Goiás, assim ementado:

"APELAÇÃO CÍVEL EM PROCESSO DE EMBARGOS À


EXECUÇÃO FISCAL. TRIBUTÁRIO. PRESCRIÇÃO. CERCEAMENTO
DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. SUCESSÃO TRIBUTÁRIA
COMPROVADA. RESPONSABILIDADE DA EMPRESA SUCESSORA.
CONTINUIDADE DAS ATIVIDADES DE EXPLORAÇÃO COMERCIAL
PELA EMPRESA ANTECESSORA. LIQUIDEZ E CERTEZA DAS
CERTIDÕES DE DÍVIDA ATIVA. MULTA DEVIDA. 1. Na hipótese, em que
pese transcorridos mais de cinco anos entre a data da rescisão formal do
parcelamento e a efetiva citação da devedora, não se reconhece a
arguição de prescrição quando a falha decorreu do mecanismo do Poder
Judiciário. (Súmula 106, STJ). 2. Não constitui cerceamento do direito de
defesa, com violação aos princípios constitucionais do devido processo
legal, contraditório, e ampla defesa e da impessoalidade, o julgamento
antecipado da lide, quando o conjunto probatório é suficiente para formar o
convencimento do julgador, que, mesmo silente, não vislumbrou
necessidade de outras provas além daquelas carreadas para os autos. 3.
Na hipótese dos autos, não pairando nenhuma dúvida acerca da
continuidade das mesmas atividades desenvolvidas anteriormente pela
antiga empresa executada – onde sua sucessora CASA BAHIA
COMERCIAL LTDA. mantém filial, como restou expressamente admitido
nos autos, resta configurada a sucessão empresarial e, por isso, a
transferência da responsabilidade tributária à Apelante, nos moldes do art.
133 do CTN. 4. Comprovado que a antiga empresa executada, encerrou
suas atividades comerciais e extinguiu suas filiais, a embargante atraiu
para si a aludida responsabilidade tributária, nos termos da legislação de
regência. 5. O crédito tributário goza da presunção legal de certeza e
liquidez, nos termos do art. 204 do CTN c/c art. 3º da Lei nº 6.830/80,
presunção esta que, segundo o parágrafo único dos citados dispositivos,
somente pode ser ilidida mediante prova inequívoca; e no caso dos autos,
não logrou êxito a Apelante em afastar a responsabilidade que lhe é
imputada. 6. A multa moratória é devida pelo inadimplemento da obrigação
tributária, cuja aplicação independe do elemento volitivo do agente,
impondo-se ao sucessor a multa moratória. 'A empresa, quando chamada
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de sucessora tributária, é responsável pelo tributo declarado pela


sucedida e não pago no vencimento, incluindo-se o valor da multa
moratória.' (Precedente do STJ). 7. APELO CONHECIDO E IMPROVIDO.
SENTENÇA MANTIDA" (fls. 710-712).

Os embargos de declaração da ora recorrente foram rejeitados (fls.


814-823).
Alega, preliminarmente, violação do art. 535, inciso I, do Código de
Processo Civil, tendo em vista que o "acórdão recorrido foi contraditório ao referendar o
julgamento antecipado da lide e concluir por insuficiência de provas do direito defendido
pela Recorrente, apesar do manejo dos embargos declaratórios" (fl. 835).
Aponta, ainda, com base no mesmo dispositivo, que "o acórdão foi
obscuro ao tratar de prescrição tributária – aplicando Súmula 106 deste e. Tribunal de
Justiça (STJ) – sem qualquer menção, sequer, ao disposto nos artigos 146, III, b, da
Constituição Federal, 156, V, e 174, ambos do Código Tributário Nacional, hipóteses
que, por expressa previsão constitucional, cuidam da prescrição em matéria tributária.
Apesar de expressa e tempestivamente provocado, o d. Tribunal a quo não cuidou de
aclarar quais os fatos que caracterizariam 'demora por motivos inerentes ao
mecanismo da Justiça' [...], haja vista que, com o devido respeito, v.g., como mero
instrumento de retórica, indicou o decurso de 163 dias para a prática de determinado
ato processual quando o crédito tributário já se encontrava prescrito" (fls. 836-837).
Sustenta contrariedade ao art. 535, inciso II, do Código de Processo Civil,
por que "os acórdãos recorridos omitiram-se na apreciação dos seguintes dispositivos:
5º, LVI e LV, 37, 150, I, todos da Constituição Federal, 110, 133, I e II, 142, ambos do
Código Tributário Nacional, finalmente do artigo 1.142 do Código Civil" (fl. 837).
Sobre a negativa de vigência dos artigos 107 e 118, § 4º, da Lei
Complementar n. 35/1979, diz que "o julgamento contém vício insanável consistente na
convocação de magistrado (MM. Juiz Sérgio Mendonça de Araújo) para substituir o
relator originário (Ilustre Desembargador Kisleu dias Maciel Filho) quando este próprio
esteve presente nas sessões de julgamento dos v. Acórdãos, como também nas
anteriores" (fl. 838). "Na medida em que a lei federal admite a possibilidade de
convocação de magistrados para exercício de funções judicantes em Tribunais e lhe
confere caráter de excepcionalidade, vinculada exclusiva e taxativamente ao

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Superior Tribunal de Justiça

impedimento ocasional dos componentes da Corte e na medida em que na sessão de


julgamento não havia o 'impedimento ocasional', posto que presente a ela o próprio
relator original, sua substituição passou a ser ilegal e o julgamento pelo substituto –
tanto mais na condição de relator do feito – é nulo" (fl. 839).
Alega violação dos artigos 110 e 133 do Código Tributário Nacional e
1.142 do Código Civil, ressaltando que o acórdão recorrido "confunde os conceitos de
ponto comercial e estabelecimento comercial, aplicando indevidamente a referida
norma, apesar de reconhecer que houve somente a aquisição de imóveis e
pontos comerciais" (fl. 841). Ainda que "assim não fosse, a hipótese prevista no artigo
133, do Código Tributário Nacional, é inaplicável à espécie. Isso porque, além da
aquisição do fundo de comércio, para caracterização da responsabilidade da adquirente
é necessário que ela dê continuidade à respectiva exploração, ou seja, que continue a
exploração do negócio do sucedido [...]. É público o fato de que a Recorrente, 'Casas
Bahia', desenvolve atividade PRÓPRIA há mais de 50 anos, de abrangência nacional (o
que se vê todos os dias nos mais diversos veículos de mídia, muito antes mesmo do
ano de 2000 – quando houve a promessa de compra e venda em comento), sendo
inconcebível sequer admitir a tese sustentada pela Recorrida" (fl. 843). Aponta dissídio
jurisprudencial quanto à aplicação do art. 133 do Código Tributário Nacional.
Invoca a contrariedade ao art. 133 do Código Tributário Nacional também
por entender que não tem responsabilidade quanto à multa. Argumenta que "as multas
decorrem de fato ilícito. São sanções aplicada diretamente ao contribuinte pelo
descumprimento do dever de pagar tributo. Decorrem de ato pessoal do infrator, que
deve responder pela penalidade, mesmo em se tratando de multa de caráter moratório"
(fl. 855). Com isso, "não é possível que se transfira a responsabilidade pelo seu
pagamento a terceiro" (fl. 855). Traz precedente do Supremo Tribunal Federal para
comprovar a divergência quanto à ausência de responsabilidade do eventual sucessor
pela multa.
Sustenta, ainda, haver "error in judicando , pois é reconhecido no v.
Acórdão que, até 19.02.2001, isto é, dentro dos seis meses do ato de alienação, houve
atividade da alienante (tida por sucedida), e, mesmo assim, fora afastada a
subsidiariedade da responsabilidade tributária (fls. 31 do v. Acórdão), em afronta ao
artigo 133, II, do Código Tributário Nacional. Outrossim, se isso não bastasse, o v.
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Superior Tribunal de Justiça

Acórdão tomou conhecimento dos documentos de fls. 101 a 147, juntados pela própria
recorrente, mas não apreciou os de fls. 152/161, também por ela juntados" (fl. 858).
Esclarece que "a executada originária, tida por sucedida, está inscrita no programa de
parcelamento do Governo Federal – REFIS (fls. 154, 155 e 156 dos autos), o que é fato
incontroverso, cuja parcela é calculada com base no faturamento mensal! Da mesma
forma, a indagação é feita, pois existem, também nos autos, notas fiscais de emissão
da executada originária (fls. 151 e 152 dos autos), que também dão conta do seu
funcionamento, repise-se, que foram estranhamente ignorados pelo D. Tribunal a quo"
(fl. 858).
No tocante à prescrição, afirma que "o v. acórdão recorrido reconhece o
decurso do prazo de 5 anos desde a constituição definitiva do crédito tributário, mas
não reconhece a extinção do crédito tributário em discussão, contrariedade ao art.
156, V, c/c 174, ambos do Código Tributário Nacional. Ademais, o v. Acórdão recorrido
reconhece causa de 'interrupção' de prazo prescricional estranha ao artigo 174, I, do
CTN, dispositivo que prescreve taxativamente suas hipóteses de interrupção" (fl. 859).
O enunciado n. 106 da Súmula desta Corte não é aplicável em matéria tributária,
ressaltando que "nem mesmo lei ordinária poderia tratar do tema" (fl. 860). Indica
precedente para comprovar a divergência jurisprudencial.
Entende ter sido violado igualmente o art. 219 do Código de Processo
Civil, tendo em vista que, mesmo que incidisse o enunciado n. 106 da Súmula desta
Corte, a prescrição estaria caracterizada. Aduz que "a demora imputável
exclusivamente ao judiciário, disposta no § 2º do dispositivo, há de ser interpretada em
conjunto com os demais parágrafos do artigo, de forma a se entender que só se
justifica a dilação de prazo prescricional se: (i) for por exclusiva morosidade do
Judiciário e (ii) no prazo máximo de cem dias. Do contrário, não se faz possível a
interrupção do prazo prescricional indefinidamente, como expressamente vedado pelo §
4º" (fl. 866). Afirma que "nenhum destes requisitos foi atendido nestes autos, pois não
houve qualquer manifestação da exequente para prosseguimento do feito por 1 ano e 2
meses (embora tenha distribuído o processo executivo após transcorridos 4 anos e 3
meses do prazo prescricional), ausência que impede se atribua exclusivamente ao
poder judiciário a morosidade pela citação de executada ou da Recorrente (suposta
responsável tributária)" (fl. 866). Reproduz ementa de julgado do Supremo Tribunal
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Superior Tribunal de Justiça

Federal.
Argui que aresto negou vigência ao art. 142, caput , do Código Tributário
Nacional, porque "a responsabilidade por débitos tributários originariamente imputado a
outrem só cabe quando houver expressa disposição de lei (art. 121, II, do CTN) e,
necessária e concomitantemente, quando houver provas robustas que demonstrem a
ocorrência concreto e irrefutável da hipótese descrita por essa lei, como exige o art. 142
do Código Tributário Nacional. A atribuição de responsabilidade, na mesma medida,
depende de tal demonstração cabal, a cargo da Fazenda Pública" (fl. 868).
A respeito da contrariedade aos artigos 330, inciso I, e 332 do Código
Tributário Nacional, segundo a recorrente, decorre do fato de "o v. Acórdão recorrido
manteve a r. sentença que julgou antecipadamente os embargos à execução fiscal,
sem a oportunização de produção de provas (embora requerida a sua produção) e
entendeu que caberia à ora Recorrente 'provar a iliquidez do débito ou eventuais
irregularidades na Certidão de Dívida Ativa na qual se baseia a presente execução,
ônus do qual não se desincumbiu a contento' " (fls. 870-871). Menciona precedentes
para amparar a sua tese.
O recurso especial não foi admitido na origem (fls. 1.274-1.277), tendo
subido a esta Corte por força da decisão que proveu o Agravo de Instrumento n.
1.332.895/GO.
O em. Ministro Humberto Martins, relator, proferiu voto no sentido de não
conhecer do recurso especial mediante, em suma, os seguintes fundamentos:

a) sobre a substituição do relator, os elementos dos autos afastam a


alegação da recorrente de que o Desembvargador Kisleu Dias Maciel Filho, substituído
pelo Juiz Sérgio Mendonça de Araújo, estava presente nas sessões de julgamento da
apelação e dos embargos de declaração;
b) no tocante à incidência do enunciado n. 106 da Súmula desta Corte,
aplicou a vedação contida no enunciado n. 7 da Súmula desta Corte e mencionou
precedente desta Corte;
c) quanto ao cerceamento de defesa, aplicou o enunciado n. 283 da
Súmula do Supremo Tribunal Federal, tendo em vista que apenas um dos fundamentos
adotados pelo acórdão recorrido foi impugnado no especial, e o enunciado n. 7 da
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Superior Tribunal de Justiça

Súmula desta Corte, porque o reconhecimento da insuficiência das provas produzidas


não dispensaria o seu reexame;
d) em relação à caracterização da sucessão tributária, reproduziu a
motivação do acórdão recorrido e fez incidir os enunciados n. 5 e 7 das Súmulas desta
Corte;
e) a respeito da responsabilidade pela multa, manteve o acórdão recorrido
com base na jurisprudência deste Tribunal Superior;
f) sobre a violação do art. 535 do Código de Processo Civil, considerou o
acórdão recorrido livre dos vícios apontados.

Encerrado o relatório acima, passo a proferir o meu voto,


examinando os temas jurídicos na mesma ordem posta no recurso especial.

No tocante ao art. 535 do Código de Processo Civil, sob todos os


enfoques apresentados pela recorrente, não houve violação. Assim, em primeiro lugar,
não se verifica a apontada contradição vinculada ao tema do julgamento antecipado da
lide. Além de o acórdão ter decidido que o tema foi alcançado pela preclusão, ressaltou
que o Juiz de Direito, devidamente amparado no art. 330, inciso I, do Código de
Processo Civil e, "convencendo-se de que a matéria prescindia de provas outras além
das carreadas aos autos, amparado no salutar brocardo jurídico supracitado, houve por
bem em dispensar o ato solene, conhecendo diretamente do pedido, proferindo,
incontinenti, a sentença" (fls. 687-686). Por outro lado, com base nos elementos já
contidos nos autos é que concluiu o Tribunal de origem que "a prova documental
emergente dos autos, é suficiente para comprovar que a empresa executada Modelar
Empresa Brasileira de Atacado e Varejo Ltda. [...] e outras, venderam, dentre outros, o
seu estabelecimento comercial para a embargante, como faz prova o documento de fl.
24 (Instrumento Particular de Recibo de Sinal e Princípio de Pagamento de Aquisição
Irretratável e Irrevogável de Imóveis, Pontos Comerciais e Outras Avenças)" (fl. 692).
Com efeito, o acórdão recorrido, após admitir a ausência de necessidade
de produção de outras provas, não concluiu simplesmente que a ora recorrente não
comprovara o seu direito, o que poderia, aparentemente, ensejar uma contradição.
Decidiu, na verdade, que as provas dos autos eram suficientes para comprovar a
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Superior Tribunal de Justiça

sucessão, dispensando a continuidade na dilação probatória. basta conferir toda a


fundamentação deduzida às fls. 685-699. Contradição, portanto, não há.
•••
Igualmente, não está caracterizada qualquer obscuridade em relação à
aplicação do enunciado n. 106 da Súmula desta Corte para efeito de afastar a
prescrição. O Tribunal de origem examinou todo o quadro processual, aí incluídas as
datas dos atos processuais de responsabilidade da secretaria judicial, constatando ao
final que, "não obstante transcorridos mais de cinco anos entre a data da rescisão
formal do parcelamento e a efetiva citação da devedora, não se reconhece a arguição
de prescrição quando a falha decorreu do mecanismo do Poder Judiciário, conforme
enunciado da Súmula 106, do STJ" (fl. 680). E citou precedentes desta Corte e do
próprio Tribunal a quo que, em execução fiscal, aplicaram o mesmo verbete sumular
(cf. fl. 680-685). A orientação jurídica adotada pelo acórdão recorrido, portanto, é clara.
•••
Sob o enfoque da omissão, também não merece acolhimento a
irresignação recursal vinculada ao art. 535 do Código de Processo Civil. O Tribunal de
origem examinou e decidiu, fundamentadamente, todas as questões jurídicas e fáticas
postas ao seu alcance através da apelação, sendo dispensável a remissão, expressa, a
todo e qualquer dispositivo legal e constitucional invocado pela apelante.
•••
Quanto à negativa de vigência dos artigos 107 e 118, § 4º, da Lei
Complementar n. 35/1979, a recorrente adotou a tese de que foi ilegal a substituição do
relator, tendo partido da premissa de que o substituído estava presente nas sessões de
julgamento dos acórdãos proferidos na apelação e nos embargos de declaração.
Ocorre que o tema não foi objeto dos acórdãos proferidos na origem e nem mesmo foi
invocado na petição dos embargos de declaração opostos, nem de novos declaratórios.
Falta, assim, na minha compreensão, o indispensável prequestionamento da questão e
dos dispositivos legais invocados, incidindo a mesma orientação que inspirou o
enunciado n. 282 da Súmula do Supremo Tribunal Federal. Nesse sentido, exigindo-se o
prequestionamento também dos vícios eventualmente ocorridos na própria sessão de
julgamento: REsp n. 1.135.887/SP, publicado em 8.10.2010, Segunda Turma, da
relatoria do em. Ministro Mauro Campbell Marques; AgRg no REsp n. 938.407/SC,
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Superior Tribunal de Justiça

publicado em 18.6.2010, Sexta Turma, da relatoria do em. Ministro Haroldo Rodrigues –


Desembargador Convocado do TJ/CE; e AgRg no REsp n. 1.043.561/RO, publicado em
22.10.2008, Primeira Turma, da relatoria do em. Ministro Francisco Falcão).
Ademais, os extratos das atas de julgamento e os acórdãos relativos à
apelação e aos embargos de declaração (fls. 667-712 e 812-823) não noticiam a
presença do Desembargador Kisleu Dias Maciel Filho, substituído. Apenas informam o
nome do Desembargador Sérgio Mendonça de Araújo, substituto, e dos vogais, não se
admitindo a juntada, agora, de pautas de julgamento (fls. 890-962), as quais também
nada provam.
•••
Passo agora ao exame da questão relativa à caracterização, ou não, da
sucessão tributária, ressaltando, desde logo, que o enfrentamento deste tema
dependerá dos elementos trazidos na sentença e no acórdão, diante da impossibilidade
desta Corte mergulhar no acervo probatório.
O argumento principal da recorrente, para afastar a sucessão tributária, é
de que o acórdão recorrido teria reconhecido a aquisição, apenas, de imóveis e de
pontos comerciais, havendo confusão entre os conceitos de "estabelecimento
comercial" e "ponto comercial".
A sentença, em primeiro lugar, sobre o tema, assim concluiu:

"Pelo contrato de fls. 24 dos autos da execução, não resta


nenhuma dúvida de que Casa Bahia é sucessora da empresa executada,
porquanto a adquiriu por compra e venda em 30/03/00, incluindo seus
imóveis, ponto comercial e estoques. Aliás, a própria embargante afirmou
taxativamente na petição protocolizada em 27/09/2000 na Justiça Federal,
que o negócio jurídico celebrado com a antiga empresa Modelar 'não se
traduz por aquisição da outra empresa, mas trata-se de operação simples
de venda e compra de ativos, sem descontinuidade das atividades da
vendedora executada' (fls. 375), acrescentando que 'houve apenas a
venda e compra de ativos corpóreos (imóveis próprios) e incorpóreos
(pontos comerciais)', da empresa executada, embora entenda não ter
caracterizado sucessão empresarial.
Sem razão, contudo. É público e notório que a empresa
Casas Bahia adquiriu a antiga empresa Moderar e continuou atuando nos
mesmos endereços e com a mesma atividade, inclusive atendendo a
mesma clientela e vendendo os mesmos produtos, tendo inteira aplicação
o art. 133, do Código Tributário Nacional, que atribui responsabilidade
tributária à pessoa jurídica que adquirir outra a qualquer título" (fl. 481).
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Superior Tribunal de Justiça

O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, por sua vez, manteve a


sentença nessa parte assim fundamentando o aresto da apelação:

"A prova documental emergente dos autos, é suficiente para


comprovar que a empresa executada Modelar Empresa Brasileira de
Atacado e Varejo Ltda. [...] e outras, venderam, dentre outros, o seu
estabelecimento comercial para a embargante, como faz prova o
documento de fl. 24 (Instrumento Particular de Recibo de Sinal e Princípio
de Pagamento de Aquisição Irretratável e Irrevogável de Imóveis, Pontos
Comerciais e Outras Avenças).
Na cláusula 1, do referido instrumento, as vendedoras se
declaram titulares e proprietárias de diversos pontos comerciais,
comprometendo-se de forma 'irretratável e irrevogavelmente a
vender os referidos imóveis, obrigando-se a transferir todos os
domínios e propriedades dos imóveis próprios, bem como a vender,
ceder e transferir os pontos comerciais para Casa Bahia [...]' .
No que tange especificamente ao estabelecimento
comercial sede da empresa executada MODELAR, qual seja, Rua da
República, nº 215, Jardim Novo Mundo, igualmente adquirido pela
recorrente, contrato de fls. 24/28 da execução, onde funciona um depósito
de mercadorias, não paira nenhuma dúvida acerca da continuidade
dessas mesmas atividades pela sucessora CASA BAHIA COMERCIAL
LTDA. naquele local, porquanto, esse fato restou expressamente admitido
em sua petição de fls. 88/99 da execução, ao requerer a nulidade de sua
citação, ao argumento de que seu funcionário'não tinha poderes para
receber mandado de citação' (fl. 90).
Vejamos o que restou admitido, nesse ponto, pela
recorrente, verbis :

'5. Com efeito, o Sr. Oficial de Justiça ad hoc, então,


munido do mandado de citação, dirigiu-se no endereço
indicado pelo Exequente, com a finalidade de citar a
empresa Casa Bahia.
6. Entretanto, lá fora recebido por funcionário da
peticionária, que ressalvou, verbalmente e no instrumento
de mandado, expressamente, que não tinha poderes para
receber mandado de citação, indicando, incontinenti, ainda,
o endereço da sede da empresa, onde se localizam seus
representantes legais (...).
18. Ora, Exa., resta patente que não deve ser
aplicado ao caso em tela a teoria da aparência. (...)' (fl. 90).

Se alguma incerteza ainda pairava acerca desse fato, a


própria embargante/recorrente desincumbindo-se de seu dever de
lealdade processual, houve por bem dissipá-la, ao afirmar:
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Superior Tribunal de Justiça

'Com efeito, no caso em tela, trata-se a citanda de


pessoa jurídica com mais de 500 (quinhentas) filiais
distribuídas em, aproximadamente, 256 (duzentos e
cinquenta e seis) municípios brasileiros. Não se mostra
razoável exigir, não obstante as inúmeras obrigações
decorrentes do regular exercício de suas atividades, e.g.,
que a peticionária crie estrutura para o recebimento de
citações em cada uma de suas filiais, com a constituição e
necessidade de administração de uma universalidade de
pessoas com tais poderes'. (destaquei)

E a embargante vai mais além, esclarecendo,


definitivamente, que no imóvel adquirido da ex-executada, de fato,
funciona uma de suas filiais, com o mesmo ramo de atividades da antiga
executada, senão vejamos:

'Não obstante o fato da peticionária refutar in totum a


tese de sucessão tributária arguida nos presentes autos e
entender que ela se encontra desprovida de qualquer
fundamento de validade, frise-se que o Exequente sequer
tentou citá-la, por correio, em sua sede, onde se
localizavam o seus representantes legais, preferindo que o
ato de citação fosse realizado em filial da empresa,
sujeitando-se ao risco de ser recebido por pessoa que,
como no caso em tela, possivelmente não tivesse poderes
para recebê-lo' (destaquei) – (fls. 97/98).

Demais disso, infere-se do contrato social de fls. 110/133,


que a empresa embargante tem por objetivo o estabelecimento de lojas
de departamentos para o comércio varejista diversificado, incluindo
artigos de cama, mesa e banho, roupas e confecções, móveis de estilo,
tapetes e artigos de decoração, aparelhos eletrodomésticos em geral,
utilidades domésticas em geral, dentre outros, ou seja, desenvolve o
mesmo ramo de atividades comerciais de sua antecessora, inclusive, no
endereço antes declinado e no imóvel situado à Avenida Anhanguera, nº
4627, centro, onde, atualmente a embargante mantém sua filial de nº 332
descrita à fl. 125 dos autos, além da ocupação de vários
estabelecimentos antes pertencentes à antiga executada, concluindo-se
restar configurada a ocorrência da sucessão tributária, sendo aplicável,
sem dúvida, a regra prevista no art. 133 do Código Tributário Nacional [...]
[...]
Noutro ponto, o argumento de que a avença se encontra
pendente do adimplemento de obrigações contratuais por parte das
vendedoras, não descaracteriza a sucessão tributária prevista no art. 133
do CTN.
Esses fatos também não passaram despercebidos pelo
zeloso julgador singular, ao proclamar que: 'Por mais que a embargante
(tente) eximir-se da responsabilidade e tenta negar os fenômenos da
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Superior Tribunal de Justiça

incorporação, cisão, fusão ou sucessão de estabelecimentos, o fato é que


ao adquirir seu ativo, assumiu também a responsabilidade tributária, no
mínimo pelo fato da antiga empresa Modelar, ter cessado suas atividades
conforme dispõe o inciso I do mesmo art. 133' (fl. 416).
Em relação à afirmação de que as empresas vendedoras
mantiveram o exercício de suas atividades, basta uma leitura atenta dos
documentos de fls. 107/149, para perceber que todas as alterações
contratuais levadas a efeito pela antiga empresa MODELAR, após a data
de sua aquisição pela embargantes, 30/03/2000, dão conta do
encerramento de suas atividades e extinção de suas filiais, como se vê da
16ª e 17ª alterações de fls. 107/110, realizadas em 14/04/2000 e
19/02/2001, respectivamente.
Conforme bem expressou o douto Magistrado: 'a série de
contratos e alterações contratuais juntados pela embargante em nome da
empresa Modelar, apenas confirmam a sua extinção, atraindo assim a
responsabilidade tributária retro mencionada' (fl. 416).
Nesse contexto, tentar negar a existência de continuidade
da exploração da atividade da antiga empresa antecessora MODELAR
pela embargante e sua responsabilidade tributária, é negar o óbvio e
desprezar a capacidade de discernimento dos operadores do direito.
Derruída, está, definitivamente, as teses defendidas pela embargante no
tocante a essas questões, pois, configurada a sucessão empresarial e,
por essa, a transferência da responsabilidade tributária à Apelante, nos
moldes do art. 133 do CTN" (fls. 692-699).

De fato, as provas documentais reproduzidas no acórdão recorrido


afirmam que foram transferidos para a recorrente os imóveis e os pontos comerciais.
Mas não é só. A sede da empresa MODELAR teria se transformado em uma filial da
recorrente, ambas do mesmo ramo de atividades comerciais, e a empresa sucedida
encerrou suas atividades.
O Juiz de Direito de Goiânia, por sua vez, na sentença, anotou ser
"público e notório" que a ora recorrente "continuou atuando nos mesmos endereços e
com a mesma atividade, inclusive atendendo a mesma clientela e vendendo os
mesmos produtos" (fl. 481).
O quadro fático-probatório acima descrito, enfim, que não pode ser revisto
nesta instância especial diante dos óbices contidos nos enunciados n. 5 e 7 das
Súmulas desta Corte, demonstra ter havido, sim, a transmissão efetiva do
estabelecimento comercial, com todos os seus elementos corpóreos e incorpóreos, e a
continuidade na exploração, aplicando-se a espécie a norma do art. 133 do Código
Tributário Nacional, com o seguinte teor:
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Superior Tribunal de Justiça

"Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que


adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou
estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a
respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma
ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou
estabelecimento adquirido, devidos até a data do ato [...]"

A propósito, sobre o conceito de estabelecimento comercial (empresarial)


e seus elementos, leciona Arnoldo Wald (in Comentários ao Novo Código Civil, Ed.
Forense, RJ/2005, Livro II – Do Direito de Empresa, arts. 966 a 1.195, coodenador e em.
Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira):

"2.115. A doutrina mercantil tradicionalmente ocupou-se em


conceituar o instituto. A clássica lição de CARVALHO DE MENDONÇA
ensinava,no início do século passado, que o estabelecimento comercial
consiste no 'organismo econômico aparelhado para o exercício do
comércio'. Por sua vez, WALDEMAR FERREIRA considerava o
estabelecimento como sendo o 'complexo de bens orgânicamente
reunidos em certo e determinado lugar, como este mesmo, para o
exercício da atividade mercantil ou industrial'.
2.116. Ainda, lecionava RUBENS REQUIÃO que:

'Compõe-se o estabelecimento comercial de


elementos corpóreos e incorpóreos, que o empresário
comercial une para o exercício de sua atividade. Na
categoria dos bens, por outro lado, é classificado como
bem móvel. Não é consumível ou fungível, malgrado a
fungibilidade de muitos elementos que o integram. Sendo
objeto de direito constitui propriedade do empresário, que é
o seu dono, sujeito do direito.
[...]
2.118. O estabelecimento empresarial é, antes de tudo, um
fato econômico. Basta pensar numa lanchonete. Obviamente, ao
entrarmos nesse local, podemos constatar que seu dono é proprietário,
ou tem o direito de uso, de vários bens: mesas, cadeiras, chapa, pratos,
talheres, o imóvel, o logotipo, a marca, entre outros pertences. O
empresário, no entanto, fez mais do que juntar os bens: a eles
implementou uma certa organização, o que lhe possibilitou explorar
aquela atividade econômica, a empresa. O estabelecimento empresarial,
então, pode ser definido como o conjunto dos bens corpóreos e
incorpóreos que, organizados pelo empresário em determinado local,
permite o exercício da atividade da empresa.
2.119. Os elementos do estabelecimento empresarial que
integram essas duas categorias são:
I) Bens corpóreos – O estabelecimento é formado
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Superior Tribunal de Justiça

de bens corpóreos como máquinas, utensílios, o imóvel,


estoque e outros bens materiais, de existência física,
utilizados pelo empresário na atividade da empresa. Como
proprietário desses bens, tem o empresário, ou a sociedade
empresária, direito à proteção inerente ao direito de
propriedade;
II) bens incorpóreos – Os bens incorpóreos que
integram o estabelecimento 'são aqueles que não ocupam
espaço no mundo físico' – invenções, desenhos de
utilidade, marcas e design e o ponto comercial. São bens
protegidos pela propriedade industrial.

O negócio jurídico realizado, sem dúvida, complementado pela


continuidade da exploração da mesma atividade, com os mesmos produtos, revela
natureza de sucessão tributária, não havendo como acolher o recurso especial também
nessa parte.
•••
Com relação à responsabilidade pelo pagamento da multa, moratória ou
punitiva, a jurisprudência desta Corte é desfavorável ao sucessor, que pode também
ser compelido a recolhê-la. Confiram-se os seguintes precedentes:

"TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. RECURSO


ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO
CPC. RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÃO. SUCESSÃO DE
EMPRESAS. ICMS. BASE DE CÁLCULO. VALOR DA OPERAÇÃO
MERCANTIL. INCLUSÃO DE MERCADORIAS DADAS EM
BONIFICAÇÃO. DESCONTOS INCONDICIONAIS. IMPOSSIBILIDADE.
LC N.º 87/96. MATÉRIA DECIDIDA PELA 1ª SEÇÃO, NO RESP
1111156/SP, SOB O REGIME DO ART. 543-C DO CPC.
1. A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além
dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas,
que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do
patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha
ocorrido até a data da sucessão. (Precedentes: REsp 1085071/SP, Rel.
Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em
21/05/2009, DJe 08/06/2009; REsp 959.389/RS, Rel. Ministro CASTRO
MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/05/2009, DJe 21/05/2009;
AgRg no REsp 1056302/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/04/2009, DJe 13/05/2009;
REsp 3.097/RS, Rel. Ministro GARCIA VIEIRA, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 24/10/1990, DJ 19/11/1990)
2. "(...) A hipótese de sucessão empresarial (fusão, cisão,
incorporação), assim como nos casos de aquisição de fundo de comércio
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ou estabelecimento comercial e, principalmente, nas configurações de


sucessão por transformação do tipo societário (sociedade anônima
transformando-se em sociedade por cotas de responsabilidade limitada,
v.g.), em verdade, não encarta sucessão real, mas apenas legal. O
sujeito passivo é a pessoa jurídica que continua total ou parcialmente a
existir juridicamente sob outra "roupagem institucional". Portanto, a multa
fiscal não se transfere, simplesmente continua a integrar o passivo da
empresa que é: a) fusionada; b) incorporada; c) dividida pela cisão; d)
adquirida; e) transformada. (Sacha Calmon Navarro Coêlho, in Curso
de Direito Tributário Brasileiro, Ed. Forense, 9ª ed., p. 701)
[...]
9. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao
regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 08/2008" (REsp n.
923.012/MG, publicado em 24.6.2010, Primeira Seção, da relatoria do em.
Ministro Luiz Fux).

"TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL EM EMBARGOS


À EXECUÇÃO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DO SUCESSOR
EMPRESARIAL POR INFRAÇÕES DO SUCEDIDO. ARTIGO 133 DO
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. PRECEDENTES.
1. Em interpretação ao disposto no art. 133 do CTN, o STJ
tem entendido que a responsabilidade tributária dos sucessores
estende-se às multas impostas ao sucedido, sejam de natureza moratória
ou punitiva, pois integram o patrimônio jurídico-material da sociedade
empresarial sucedida.
2. 'Os arts. 132 e 133, do CTN, impõem ao sucessor a
responsabilidade integral, tanto pelos eventuais tributos devidos quanto
pela multa decorrente, seja ela de caráter moratório ou punitivo. A multa
aplicada antes da sucessão se incorpora ao patrimônio do contribuinte,
podendo ser exigida do sucessor, sendo que, em qualquer hipótese, o
sucedido permanece como responsável. É devida, pois, a multa, sem se
fazer distinção se é de caráter moratório ou punitivo; é ela imposição
decorrente do não-pagamento do tributo na época do vencimento' (REsp
n. 592.007/RS, Rel. Min. José Delgado, DJ de 22/3/2004).
2. Recurso especial provido" (REsp n. 1.085.071/SP,
publicado em 8.6.2009, Primeira Turma, da relatoria do em. Ministro
Benedito Gonçalves).

"EXECUÇÃO FISCAL. AGRAVO REGIMENTAL NO


RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.
SÚMULA 282 DO STF. SUCESSÃO DE EMPRESAS RECONHECIDA
PELA CORTE A QUO . REEXAME. SÚMULA 7 DO STJ. MULTA.
RESPONSABILIDADE DA EMPRESA SUCESSORA.
[...]
3. Quanto à multa, tem-se que os encargos incidentes
sobre o tributo (multa, juros, etc.) integram o passivo patrimonial da
empresa sucedida, razão pela qual por eles responde a sucessora.
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Superior Tribunal de Justiça

Precedente: (REsp 1017186/SC, Rel. Ministro CASTRO MEIRA,


SEGUNDA TURMA, julgado em 11/03/2008, DJe 27/03/2008)
4. Agravo regimental não provido" (AgRg no REsp n.
1.056.302/SC, publicado em 13.5.2009, Segunda Turma, da relatoria do
em. Ministro Mauro Campbell Marques).
•••
Quanto à pretendida responsabilidade, apenas, subsidiária do sucessor,
prevista no art. 133, inciso II, do Código Tributário Nacional, o recurso especial está
ancorado em elementos de prova e afirma que o acórdão recorrido admitiu que a
sucedida continuou a sua atividade até 19.2.2001. Ocorre que o Tribunal de origem,
diversamente do sustentado pela recorrente, deixou claro que a sucedida não
prosseguiu em sua atividade, observando que uma das alterações sociais
comprobatórias da inatividade foi efetivada em 19.2.2001. Veja-se o texto:

"Em relação à afirmação de que as empresas vendedoras


mantiveram o exercício de suas atividades, basta uma leitura atenta dos
documentos de fls. 107/149, para perceber que todas as alterações
contratuais levadas a efeito pela antiga empresa MODELAR, após a data
de sua aquisição pela embargantes, 30/03/2000, dão conta do
encerramento de suas atividades e extinção de suas filiais, como se vê da
16ª e 17ª alterações de fls. 107/110, realizadas em 14/04/2000 e
19/02/2001, respectivamente.
Conforme bem expressou o douto Magistrado: 'a série de
contratos e alterações contratuais juntados pela embargante em nome da
empresa Modelar, apenas confirmam a sua extinção, atraindo assim a
responsabilidade tributária retro mencionada' (fl. 416)" (fl. 699).

Assim, a reforma do acórdão nesse ponto não dispensa o reexame das


provas dos autos, o que implica a incidência do enunciado n. 7 da Súmula desta Corte.
•••
Com relação ao enunciado n. 106 da Súmula desta Corte, decorreu da
interpretação dos artigos 219 e 220 do Código de Processo Civil e dispõe que,
"proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por motivos
inerentes ao mecanismo da Justiça, não justifica o acolhimento da arguição de
prescrição ou decadência". Disciplinando, de fato, eventual entrave de natureza
processual que impeça a realização tempestiva da citação, não há como afastar a sua
incidência nos processos fiscais, tendo em vista que as normas procedimentais
comuns são aplicáveis de forma subsidiária, nos termos do art. 1º da Lei n. 6.830/1980,

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Superior Tribunal de Justiça

in verbis :

"Art. 1º A execução judicial para cobrança da Dívida Ativa da


União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas
autarquias será regida por esta Lei e, subsidiariamente, pelo Código de
Processo Civil."

Por outro lado, a jurisprudência desta Corte é tranquila no sentido de


aplicar o enunciado n. 106 da Súmula desta Corte nos feitos judiciais tributários,
podendo-se relacionar os seguintes: AgRg no Agravo de Instrumento n. 1.180.563/SP,
publicado em 7.6.2010, Primeira Turma, da relatoria do em. Ministro Luiz Fux; AgRg no
AgRg no RESsp n. 1.178.788/PR, publicado em 14.4.2010, Segunda Turma, da relatoria
do em. Ministro Castro Meira; AgRg no REsp n. 1.159.624/SP, publicado em 6.4.2010,
Segunda Turma, da relatoria do em. Ministro Humberto Martins; AgRg no REsp n.
1.079.549/SP, publicado em 12.3.2010, Primeira Turma, da relatoria do em. Ministro
Benedito Gonçalves.
•••
No que diz respeito à culpa do Poder Judiciário pela efetiva demora na
citação do executado, não há como reformar o acórdão recorrido que demonstrou
claramente este fato, sendo impossível, nesta instância especial, chegar a outra
conclusão, in verbis :

"A execução fiscal está lastreada nas CDA's nºs 105367 e


105368, que se vêem às fls. 04/02 dos autos apensos, ajuizada aos
26/11/2004, visando a cobrança de ICMS referente aos períodos de
01/2000 a 02/2000 e 10/1998 a 12/1998, respectivamente.
Determinada a citação da empresa devedora, fl. 7 (autos
apensos), verificou-se que a mesma havia 'encerrado suas atividades' ,
conforme se vê da certidão de fl. 15, datada de 09/12/2004, o que motivou
a conclusão dos autos ao juiz presidente do feito em 23/05/2005, isso,
após decorridos mais de 5 (cinco) meses, contados da data da juntada
aos autos do mandado de citação.
Na sequência, foi proferido o despacho de fl. 16 em
23.05.2005, determinando a oitiva do exequente acerca da aludida
certidão, o qual obteve vista dos autos em 22.11.2005, ou seja, 6 (seis)
meses após prolatado o referido despacho.
Naquela oportunidade, em 02.01.2006, o Estado de Goiás
protocolizou o pedido de redirecionamento da execução em face da
recorrente – CASA BAHIA COMERCIAL LTDA., na qualidade de

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sucessora da executada, o que restou deferido por despacho proferido à


fl. 85, em 28.04.2006, ultimando-se o ato citatório em 08.03.2007 – fls.
134/136, na pessoa de seu representante legal – mais de onze (11)
meses após sua determinação.
[...]
Investigando os autos da ação de execução, tenho que, no
transcorrer do processo executivo, a Fazenda Pública em nenhum
momento foi desidiosa, tendo promovido, a contento, as diligências que
lhe seriam exigíveis para andamentar o feito, só não tendo logrado êxito na
citação tempestiva da devedora (dentro do prazo quinquenal), por motivos
inerentes aos mecanismos da justiça e alheios à sua vontade.
Nessa linha de pensar, impende mencionar que após a
juntada aos autos do primeiro mandado de citação, 10.12.2004, fl. 10vº, a
escrivania somente tomou a iniciativa de promover a conclusão dos autos
ao juiz do feito, após decorridos (cento e sessenta e três) 163 dias,
quando deveria fazê-lo, no prazo de vinte e quatro (24) horas, ex vi do art.
190 do CPC.
E não é só isso, ao invés de executar o ato judicial, no prazo
de quarenta e oito (48) horas, a serventia promoveu a intimação do credor
para manifestar acerca da certidão do oficial de justiça em 22.11.2005,
cento e oitenta (180) dias depois – certidão de fl. 16vº, quando já expirado
o quinquênio, contado a partir da data da rescisão formal do
parcelamento, ou seja, 25.08.2000.
Frise-se ainda que após a manifestação do credor e
devolução dos autos à escrivania em 04.01.2006, os autos só foram
novamente conclusos ao juiz aos 29.03.2006, oitenta e cinco (85) dias
após, fl. 83. Por fim, o despacho ordenando a citação da apelante CASA
BAHIA COMERCIAL LTDA., sobreveio em 28.04.2006, efetivando-se em
08.03.2007, como se vê às fls. 85 e 134/136" (fls. 677-680).

A pretensão deduzida nesse parte pela recorrente, portanto, diante da


longa e detalhada descrição acima, esbarra no enunciado n. 7 da Súmula desta Corte.
•••
A apontada violação do art. 142, caput , c/c o art. 121, inciso II, ambos do
Código Tribunal Nacional, por sua vez, vinculada à responsabilização de outrem por
débitos tributários, encontra-se superada diante do expresso reconhecimento da
ocorrência da sucessão tributária prevista no art. 133 do mesmo diploma legal.
•••
Por último, relativamente ao cerceamento do direito de defesa decorrente
da violação dos artigos 330, inciso I, e 332 do Código Tributário Nacional, ressalto
inicialmente que a própria recorrente, no seu especial, é contraditória ao afirma que,

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"em seus embargos à execução fiscal, a ora Recorrente apresentou documentos que
entende suficientes à demonstração de suas alegações, mas sem prejuízo
expressamente requereu a produção de provas, requerimento sequer apreciado pelo D.
Juízo da 3ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Goiânia" (fl. 872). Ora, se os
documentos apresentados na inicial dos embargos eram suficientes para comprovar o
direito postulado, de fato, não haveria poque requerer a produção de outras provas,
sobretudo documentais.
Ademais, o Tribunal de origem repeliu o cerceamento do direito de defesa
por haver preclusão do tema (fls. 685-686) e porque, de fato, não haveria necessidade
de produção de outras provas (fls. 686-691). Ocorre que o fundamento relativo à
preclusão não foi impugnado no recurso especial, o que impede o conhecimento do
recurso nessa parte diante da incidência, mutatis mutandis , do enunciado n. 283 da
Súmula do Supremo Tribunal Federal, segundo o qual "é inadmissível o recurso
extraordinário, quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento
suficiente e o recurso não abrange todos eles".
•••
Ante o exposto, acompanho o relator para não conhecer do recurso
especial.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEGUNDA TURMA

Número Registro: 2010/0189302-5 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.220.651 / GO

Números Origem: 1265638188 200802206829 201001376213 2206828820088090000

PAUTA: 05/04/2011 JULGADO: 05/04/2011

Relator
Exmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. JOSÉ FLAUBERT MACHADO ARAÚJO
Secretária
Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : CASA BAHIA COMERCIAL LTDA
ADVOGADO : RODRIGO MAURO DIAS CHOHFI E OUTRO(S)
RECORRIDO : ESTADO DE GOIÁS
PROCURADOR : PAULA CRISTINA JAIME NOLETO E OUTRO(S)

ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Crédito Tributário

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Prosseguindo-se no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Cesar Asfor Rocha,
acompanhando o Sr. Ministro Humberto Martins, a Turma, por unanimidade, não conheceu do
recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator."
Os Srs. Ministros Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques, Cesar Asfor Rocha
(voto-vista) e Castro Meira votaram com o Sr. Ministro Relator.

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