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Natureza Humana. Em todos essas questões sociais e políticas Locke via que o fator
último é a natureza do homem. Locke tinha consciência deste ponto ao escrever seu
trabalho sobre a Lei da Natureza (Low of Nature) já em 1662. Locke explica a vontade
humana afirmando que os homens estão basicamente estruturados para experimentar
sensações de dor e prazer, e que toda ação é o resultado de buscar um ou fugir do outro.
Para entender o homem, no entanto, não é suficiente observar suas ações, é necessário
também perguntar pela sua capacidade de conhecimento. Para Locke, os homens
nascem livres e com direitos iguais: "nascemos livres na mesma medida em que
nascemos racionais". O governo e o poder político são necessários, mas assim também é
a liberdade do cidadão: e em um tipo de governo democrático, monarquia
constitucional, um tipo de governo é possível no qual o povo ainda é livre.
Estado natural. Em primeiro lugar, no estado natural não há governo como nas
sociedades políticas, falta uma lei estabelecida, fixa e conhecida; mas os homens estão
sujeitos à lei moral, que é a lei de Deus. No entanto, apesar de que a lei natural é clara e
inteligível para todas as criaturas racionais, os homens, sem embargo, têm tendência a
não considerá-la como obrigatória quando se refere a seus próprios casos particulares.
Em segundo lugar, falta no estado de natureza um juiz público e imparcial, com
autoridade para resolver os pleitos que surjam entre os homens, segundo a lei
estabelecida. Em terceiro lugar, falta no estado de natureza um poder que respalde e dê
força a uma causa justa. Aqueles que por injustiça cometam alguma ofensa, lhes é
possível fazer que sua injustiça impere por meio da força.
Locke considera que, no seu estado natural, o homem é senhor de sua própria pessoa, e
de suas coisas, e não está subordinado a ninguém. O resultado que está sujeito
constantemente à incerteza e à ameaça dos demais pois no estado natural um é rei tanto
quanto os demais, e como a maior parte dos homens não observa estritamente a
equidade e a justiça, o desfrute da propriedade que um homem tem em uma situação
dessas é sumamente inseguro.
A tese do pacto social fora defendida por Hobbes (1588-1679) mas para o fim oposto de
justificar o absolutismo. Segundo Hobbes, no estado natural todos os homens teriam o
destino de preservar a paz e a humanidade e evitar ferir os direitos dos outros (deveres
que Locke considera próprio do estado natural). O pacto social primordial seria apenas
um acordo entre indivíduos reunidos para empregar sua força coletiva na execução das
leis naturais renunciando a executá-las pelas mãos de cada um. Seu objetivo seria a
preservação da vida, da liberdade e da propriedade.
Em segundo lugar, o homem renuncia ao segundo poder que tem no estado natural, o de
empregar a própria força, para castigar os infratores; confiando essa tarefa ao governo;
renuncia por completo a sua poder de castigar, e emprega sua força natural -a qual podia
empregar antes na execução da lei da natureza, tal e como ele quisera e com autoridade
própria- para assistir ao poder executivo da sociedade, segundo a lei da mesma o
requeira; pois ao encontrar-se agora em um novo Estado, no qual vai desfrutar de muitas
comodidades derivadas do trabalho, da assistência e da associação de outros que
laboram unidos na mesma comunidade, assim como da proteção que vai a receber de
toda a força gerada por dita comunidade, ha de compartir com os outros algo de sua
própria liberdade em a medida que lhe corresponda, contribuindo por si mesmo ao bem,
a prosperidade e a seguridade da sociedade, segundo esta se o peça; o qual no é somente
necessário, sino também justo, pois os demais membros da sociedade fazem o mesmo.
No entanto, o contrato social não implica submissão ao governo.