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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DOS RESTOS

ALIMENTARES EM SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS

Vlademir José Luft1

Uma formação social quando no seu processo de produção, manutenção,

reprodução, consumo e distribuição, estabelecido através das relações entre indivíduos,

sociedades e natureza, busca aprimorar seus meios de produção e a capacidade de sua força

de trabalho no processo de aquisição de bens de consumo, produção e trabalho. Essas

relações, tão intimamente relacionadas a evolução técnica, são determinadas, em grande

parte, pelas forças produtivas.

As forças produtivas, que abrangem os meios de produção e a força de trabalho e

que em última análise, representam o estágio de desenvolvimento de uma formação social,

estão basicamente voltadas para a obtenção de recursos que permitam a manutenção e a

reprodução da sociedade.

Dentre estes recursos, os que nos interessam neste momento são os alimentares,

representados no sítio arqueológico pelos restos da fauna e da flora utilizados pelo grupo ali

representado.

A arqueologia, responsável pela recuperação e estudo, não tem mostrado muita

preocupação com os mesmos uma vez que lhe faltam critérios claros, previamente

estabelecidos, e que permitam recuperar a totalidade dos elementos existentes no sítio

arqueológico em estudo.

1 - Coordenador do Programa Arqueológico Puri-coroado; Pesquisador do Centro Regional de Ensino e Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais; Coordenador
Acadêmico do Centro Educacional Palmieri.
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O que parece acontecer na verdade, é que o arqueólogo, com sua atenção voltada

para os restos “ mais significativos” e com resultados imediatos, não tem grande interesse

na recuperação detalhada, pormenorizada, dos possíveis restos alimentares daquele grupo

com o qual está trabalhando, e quando o faz, o faz de forma rápida, sem maiores

informações e apenas dos elementos mais freqüentes e evidentes. É o caso dos restos da

fauna encontrados nos sítios arqueológicos, imediatamente considerados como restos

alimentares, e que são impossíveis de serem deixados de lado, devido a quantidade, o

tamanho e a importância dos mesmos.

Quando da publicação de resultados, salvo raras exceções, estes poucos restos são

apresentados como apêndice, onde são quantificados e, quando evidentes, identificados.

Muito pouco para um trabalho que pode, e deve, apresentar elementos a respeito da

alimentação de uma dada sociedade.

Assim como outras áreas do conhecimento, em seu trabalho, dão à arqueologia

subsídios para estudo, também a arqueologia pode fornecer novos elementos para que

outros pesquisadores trabalhem, sem que isso seja um trabalho extra, e que possam, estes

elementos, servirem, posteriormente, de subsídio em seu “ affaire arqueológico”.

Para melhor aclararmos esta idéia, poderíamos pensar nos elementos que nos

fornecem, entre tantas outras, a geomorfologia e a sedimentologia. Da mesma forma a

arqueologia pode, e deve, fornecer elementos à palinologia, à zoologia, à nutrição, etc., para

que possam nos dar posteriormente novos subsídios com os quais possamos trabalhar. Um

exemplo efetivo disto é a relação entre arqueólogos e biólogos no estudo de coprólitos

humanos. Os primeiros recuperam o material, que é arqueológico, com critérios

específicos, usando-os como dados de seu trabalho de campo. Depois disto, repassam-no
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aos biólogos que fazem o estudo a ele devido, estabelecendo uma série de novos elementos,

sendo, alguns deles, posteriormente usados novamente pelos arqueólogos.

Desta forma, acreditamos serem importantes algumas observações para trabalhar, ou

melhor trabalhar, a questão da alimentação e dos restos alimentares pré-históricos.

1. arqueólogo deve estar consciente de que o local onde estará trabalhando, escavando,

representa, apenas, parte daquele sítio arqueológico.

2. A totalidade, que deve ser buscada, nunca será a totalidade do sítio ou do espaço, mas a

totalidade possível de ser resgatada; a totalidade, conforme Kosik2, significa a “ ...

realidade como um todo estruturado, dialético, no qual ou do qual um fato qualquer ...

pode vir a ser racionalmente compreendido.”.

3. O arqueólogo necessita, como diz Bissa3, do conhecimento básico sobre as ciências

auxiliares, bem como da mútua utilidade e intercâmbio, para que possa fornecer

material de estudo à outras ciências, da mesma forma que essas fornecem conhecimento

para a arqueologia.

4. É indispensável a inclusão, na equipe de trabalho, de pessoal com conhecimento nas

áreas de maior necessidade, que trazem consigo o “ modus operantis” de cada uma

dessas esferas do conhecimento, facilitando a preparação, bem como a relação, do

material a ser repassado aos profissionais que com eles trabalharão.

5. Estar alerta para com o sítio. Retirar dele tudo o que dele puder ser retirado. Ter em

mente que o sítio é um documento e que ao escavá-lo, estará destruindo-o. Ninguém

mais poderá vê-lo a não ser através da sua leitura. Imaginemos um historiador que vai

2 - KOSIK, Karel. Dialética do concreto, Coleção Rumos da Cultura Moderna, volume 26, 2@ edição, Editora Paz e terra, Rio de Janeiro, 1976.

3 - BISSA, Walter Mareschi. Contribuição da palinologia à arqueologia: uma abordagem interdisciplinar. In: Revista de Pré-História, Universidade de São Paulo /
Instituto de Pré-História, volume 7, São Paulo, 1989, pp. 146-149.
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a um arquivo, lê um documento e depois o queima. A partir deste momento, todo o

historiador que desejar ler aquele documento, somente poderá fazê-lo através da leitura

daquele historiador. Devemos ter em mente que a verdade agora estabelecida, pode, e

deve, ser mudada amanhã, por nós ou por outrem. Assim, o arqueólogo pode e deve

retirar do sítio tudo o que ele oferecer e não apenas o que nele interessar. O trabalho

poderá continuar se permitirmos.

6. A alimentação dos grupos pré-históricos não é composta apenas de elementos da fauna

de vertebrados, como pode-se supor ao se ler os trabalhos de arqueologia, mas também

de invertebrados, como os moluscos, os insetos, as larvas e os produtos que deles

podem advir; e a flora, numa infinidade de formas como caroços, cascas, sementes,

fibras, etc..

7. Deve ser lembrado também, que estes elementos não precisam estar necessariamente no

espaço doméstico, o que torna importante e necessária a delimitação do espaço

territorial do grupo em estudo, a delimitação do sítio arqueológico.

A origem do material e o que dele pode-se retirar, depende de sua natureza. Assim,

tanto dos restos ósseos animais (aves, mamíferos, peixes, répteis, anfíbios), quanto das

carapaças de moluscos ou de seus restos, recuperados durante as escavações

arqueológicas, pode-se obter, com importância para a arqueologia, além das espécies, o

tamanho do animal, a carne disponível em cada um deles, o seu valor protéico, o número

possível de pessoas a serem alimentadas com ela, etc.. Dos sepultamentos pode ser

recuperado o sedimento encontrado na região do abdomem e na parte interna da cintura

pélvica, se possível em separado, e de onde pode-se obter restos ósseos, sementes, fibras,

pólens, grãos de origem vegetal, insetos e/ou restos deles, etc., bem como é possível ser
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feita uma análise parasitológica do sedimento. Dos restos animais a importância é a

mesma referida acima. Dos restos vegetais a importância está na identificação das

espécies num primeiro momento, no momento seguinte a busca de possíveis frutos, sua

utilização, formas de uso, etc.. Dos coprólitos humanos encontrados soltos, pode-se

recuperar os mesmos elementos obtidos dos sepultamentos. Dos pólens, recuperados

através de amostras de sedimento em vários momentos e locais da escavação, a importância

é a mesma mencionada acima, quando falamos dos restos encontrados nos sepultamentos.

A parte mais importante nestas observações, talvez seja a de que estes

procedimentos, não deve ser algo solto, desarticulado, do trabalho. Há uma formação

social sendo estudada, historicamente estabelecida, com uma complexidade ainda não

alcançada, mas que buscamos. Os elementos de que falamos a pouco, fazem parte desta

complexidade e portanto o estudo em separado de cada um deles, ou o estudo de apenas um

ou outro elemento, perde o sentido que teriam quando relacionados àquele grupo, àquela

sociedade específica.

Portanto, este trabalho, ou procedimento ?, não está no campo ou no laboratório, ou

apenas quando encontramos ou necessitamos de algum destes elementos para nossas

conclusões. Ele deve fazer parte de uma arqueologia que busca a totalidade, possível, de

determinada formação social, e na qual seus elementos estão, todos, intimamente

relacionados.

Este trabalho poderá vir a receber críticas dos que acreditam não ser este um

trabalho para a arqueologia. A eles daríamos razão se ele fosse apenas e simplesmente

para levantamento e identificação de espécies, mas nossa proposta não é apenas esta.

Achamos que os elementos que permitem a recuperação, total ou em parte, da

alimentação pré-histórica, somente encontrados no sítio arqueológico, são de


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responsabilidade do arqueólogo, que deve saber o que fazer e estar atento e preparado para

recuperá-los da melhor forma possível. São estes elementos por nós recuperados, que

permitirão a outros profissionais, também trabalharem com algo que julgamos ser apenas

de nosso uso, os restos arqueológicos.

Assim, trabalharão conosco, novos profissionais, novas idéias, novos resultados,

tudo em função e com o objetivo de identificar a forma como determinado grupo

estabeleceu suas relações, enquanto formação social, com a natureza, com o meio ou

mesmo com outras sociedades.

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