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SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE:
Um Novo Olhar sem Mitos e Preconceitos
BELÉM – PARÁ
2002
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE: Um novo Olhar sem Mitos e Preconceitos 2
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE :
Um novo olhar sem mitos e preconceitos
Belém - PA
2002
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE: Um novo Olhar sem Mitos e Preconceitos 3
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE :
Um novo olhar sem mitos e preconceitos
Avaliado por :
_____________________________
Profª Fátima Barros
Belém - PA
2002
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE: Um novo Olhar sem Mitos e Preconceitos 4
A Deus,
Razão do meu viver sem você minha existência
seria impossível e a vivência destes momentos não se
explicariam. Queria poder dizer a todos que és o meu
grande amigo, meu tudo. Obrigada por ter muito o que
agradecer.
A meus pais,
Aos quais faço da minha conquista um
instrumento de gratidão e reconhecimento por tudo que
recebi deles.
Agradeço a Deus,
primordialmente por iluminar o dom de minha vida, me
protegendo com sua força celestial nos momentos de
alegrias e tristezas.
A meu querido pai,
pelo incentivo e incansável dedicação auxiliando minha
jornada acadêmica.
A minha querida mãe,
que não teve acesso aos bancos escolares e por isso não
media esforços para que eu tivesse um futuro melhor.
A minha avó Maricota in memoriam,
que em algum lugar está feliz com a minha vitória.
A minha maminha Sandra,
pelo apoio, convivência e companheirismo nos diversos
momentos compartilhados.
A minha irmã Socorro,
que serviu de inspiração para que eu escolhesse este
curso.
Aos meus queridos irmãos Laércio, Jorge e Cláudio,
pelo apoio e oportunidade de concluir esta etapa de
minha vida.
Ao meu cunhado Joaquim,
pela constante disposição em ajudar e dar alegrias.
Ao Roberto França,
por todo carinho e incentivo para que eu lutasse pelos
meus sonhos e objetivos.
A colega Ana Cláudia,
pela dedicação e comprometimento na realização deste
trabalho, compartilhando momentos de alegrias e
esterias.”
Içami Tiba
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE: Um novo Olhar sem Mitos e Preconceitos 8
RESUMO
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO..................................................................... 9
2 – A CONTEXTUALIZAÇÃO DA SEXUALIDADE
2.1 – Sexualidade, Mitos e Preconceitos ............................. 18
2.2 – Caracterização da Sexualidade................................... 32
2.3 – As Fases da Sexualidade ............................................. 39
3 – O ADOLESCENTE E A SEXUALIDADE
3.1 – Adolescer: O início dos conflitos................................. 47
3.2 – A Sexualidade do Adolescente: Sentimentos e
emoções em Ebulição ................................................................. 58
3.3 – Os Dilemas do Adolescente Contemporâneo.............. 61
CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................... 85
BIBLIOGRAFIA ........................................................................ 89
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1 - INTRODUÇÃO
assunto apresenta, e mais encantador se torna quando estamos escrevendo sobre a importância
de desmistificar a carga negativa que permeia as relações das pessoas com a sexualidade, uma
vez que todos os seres humanos já nascem com a sexualidade e que passarão por diversas
cidadania. Neste sentido, a Orientação Sexual deve proporcionar uma reflexão voltada para as
papéis sócias/sexuais.
afronto para a sociedade e o professor era punido de alguma forma. Com isso, questões sobre
qualquer tentativa de insipiência no tocante desse assunto, que deveria ser reprimido para não
certo incentivo para o ato sexual sem dar a mínima noção de segurança. A questão moral está
jovens com apelos sexuais jamais vistos por outra geração. E é daí que nasce a fantasia de
que toda relação sexual é maravilhosa; visto que o adolescente se deixa influenciar por esse
bombardeio.
Por este princípio, percebe-se que o espaço da escola deve ser valorizado para se
discutir questões em torno da sexualidade , não como controladora da vontade do sujeito mas,
como instância propiciadora de reflexão sobre a temática. Porém, é notório perceber que o
espaço que a escola oferece para abordar a Orientação Sexual ainda é insuficiente e
principalmente é vista de forma isolada com enfoques meramente Biológicos sem uma
A sexualidade deve ser considerada como tema estratégico para alcançar uma
educação crítica transformadora e não sexista das informações , a abordagem não limita-se ao
questionamento mais amplo sobre o sexo, seus valores, e seus aspectos preventivos , para o
da sexualidade humana e suas implicações sócias pois é ele que detém os meios pedagógicos
mais acessíveis e necessários para uma intervenção sistemática sobre a sexualidade, de modo
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que pensam e nem agem da mesma forma . Então cabe a escola o papel de construção de
valores éticos, de respeito e de aceitação do outro, sem discriminação de sexo , cor , raça ou
posição social.
envolve todo um processo de construção de identidade sexual , para a auto afirmação perante
teórica e prática no sentido de melhor orientar os alunos, pois, cada vez mais cedo, observa-
esta realidade.
ligada ao preparo dos educadores quanto respaldo teórico e prático para melhor trabalharem
a temática em sala de aula, e é fundamental enfatizar que a prática pedagógica deve ser alvo
educadores.
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Para tanto, também é notório perceber a escassez de projetos no assunto o que nos
Dessa forma, nota-se que muitos educadores discutem sobre sexualidade, embora
com o único intuito de reforçar aquilo que já existe ou se considera normal a seu respeito ,
porém , de maneira superficial e sem conhecimento científico , dando espaço para dúvidas e
alunos despreparados para vida , tendo pouca intimidade com o seu corpo e principalmente
deve ser vista de forma natural na vida do ser humano e que a partir do nascimento inicia-se
uma marcha que só será interrompida por ocasião da morte , logo , a idéia de que a
sexualidade só passa a estar presente na vida de alguém a partir da adolescência tem sido
educadores para melhor trabalhar o assunto em sala de aula favorecendo na formação dos
educandos.
mentalidade sobre o sexo, pois apesar de que a sociedade apresenta-se avançada no que diz
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da idade da pedra.
conhecimentos fazem parte de uma educação maior dentro de sociedade . Uma educação que
é repressora por vários meios, e abrange questões fortemente presentes dentro de uma
A construção de uma escola transformadora passa por uma orientação sexual que
deverá ser um processo contínuo. Um trabalho que propicie ao aluno subsídios para sua vida
fora da escola, ou seja, implica uma preparação do homem para uma nova forma de
sociedade, nova forma de relacionamento humano, onde os valores e papéis sociais deverão
A falta de preparo para encarar essas mudanças provoca nos jovens de hoje, um
comportamento cada vez mais afastado do contexto social moderno. Tem-se uma sociedade
moderna de jovens com concepções deturpadas fora da realidade. Com isso, há uma
necessidade cada vez maior de uma orientação honesta, clara, direta e descomprometida sobre
Muitos professores não sabem responder a grande maioria das perguntas sobre sexo e
ainda assim, observa-se um grande “frisson” quando se promove uma palestra sobre
orientação sexual e isso é sinal de que algo não vai bem na escola e principalmente na
Outrossim, este estudo tem por objetivo geral: Refletir sobre a sexualidade dos
uma questão que vem sendo discutida há muito tempo porém, vinculada apenas aos
chamados programas de saúde como uma extensão da pedagogia da higiene das décadas de
50 e 60 que surgiu com a reforma dos anos 70 . Tais programas nunca constituíram na
acaba servindo como justificativa para que o educador não trabalhe na sua disciplina, os
temas de sexualidade, além de destacar por conseqüência desta situação o despreparo dos
educadores.
Apesar das propostas de incluir a educação sexual no currículo escolar serem antigas,
a educação transversal proposta pelo MEC, existe desde 1996, mas somente em 2000
atuação do educador dada a falta de incentivo e preparo por parte dos órgãos competentes.
adolescentes são relevantes para uma análise, acerca da carência de respaldos teóricos e
práticos dos educadores para trabalharem com eficácia o tema com os alunos da 4ª série do
ensino fundamental a qual comporta os alunos na faixa etária a partir de 12 anos fase
transitória que dá início a adolescência e é neste momento que ocorre segundo estudos o
período de latência da sexualidade o que vem chamar `a atenção para as ações e o devido
teórico adequado acarreta rigor conceitual, analise apurada desempenho lógico e capacidade
pesquisa e da ciência.
transmitida na escola.
• Os professores estão preparados para lidar com a sexualidade dos adolescentes quanto
sexualidade ?
Desse modo, através dos questionamentos elucidados nesta pesquisa objetiva-se aponta
caminhos para estas questões e colaborar com os educadores no que se refere as ações e o
Vale ressaltar que este estudo foi edificado em forma de quatro capítulos, além do
A CONTEXTUALIZAÇÃO DA SEXUALIDADE
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Se por um lado tenta orientar no sentido da liberdade com responsabilidade, por outro
limites e o amor não são devidamente abordados, por medo ou por falta de conhecimento.
Certos temas com o decorrer do tempo, passam a ser vivenciadas de forma diferenciada
ou tem suas conotações alteradas, outros se mantém num mesmo padrão básico, apesar de
aparentemente, estarem sofrendo alterações. De acordo com Lapate ( 1996 :36) : “Muito
pouco mudou quando tratamos com temas associados a sexualidade, visto que estes se
traduzem ainda hoje, em emoções confusas, tanto por parte adolescentes quando de pais e
professores.”
“preconceito refere-se a uma opinião formada sem reflexão, como um conceito antecipado
sem fundamentação.”
Vale ressaltar que o conceito de mito é compreendido como tudo aquilo que envolve
um assunto íntimo ou privativo. Os mitos são criados para expressar o modo de pensar de uma
parte da sociedade e são propagados por gerações . O perigo é que os mitos muitas vezes
atrapalham e provocam traumas e problemas sexuais que não permitem que as pessoas
Mitos sexuais todo mundo tem, não importa a idade a experiência acumulada. São
sociedade vigente.
certo ou errado, normal e anormal, aceitável ou condenável quando o assunto é sexo. Fatores
Existem diversas crenças que nada tem de verdade sobre o comportamento sexual do
homem e como são crenças que surgiram a partir de fatos infundados são chamados de mitos.
Abaixo encontramos alguns mitos que ainda são muito comuns em nossa sociedade e
no imaginário do adolescente.
qualquer idade. As fantasias vinculadas a ela e o ato em si são fontes de culpa universais. E
muito importante que os pais possam permitir esse comportamento em seus filhos, oferecendo
a privacidade necessária a eles, evitando que suas próprias vergonhas e repressões afetem o
- Evite propagação de mitos como os que dizem que quem se masturba fica louco,
sexual de um adulto.
- Deve-se sempre respeitar a crença religiosa das pessoas, mas também saber que a
(esperma). Na religião, o ato sexual deveria sempre visar a reprodução, a geração de mais
filhos.
O Sexo é sujo?
vagina é responsável pela lubrificação para a atividade sexual não ser dolorosa (devido ao
atrito do pênis) e pela manutenção da flora vaginal saudável. Ele é produzido de forma similar
cheiro, sintomas de ardência e coceira na região. Para o sêmen a situação é a mesma. Este é
- Pelo fato de o sistema urológico (sistema para eliminar a urina) estar próximo
anatomicamente ao sistema genital, há uma certa confusão. Na mulher, existe um orifício por
onde sai a urina que se chama orifício uretral. A urina não sai pela vagina. São dois orifícios
diferentes. No homem, tanto a urina quanto o esperma saem pelo mesmo orifício uretral
localizado na cabeça do pênis. A urina, em boas condições de saúde, não apresenta infecções
e rnau cheiro.
Sexo é desgastante?
- Algumas pessoas acreditam que quanto mais se faz sexo, menos sexo vai sobrar para
as relações futuras. Mas o sexo não gasta não! O que ocorre é que há uma variação na
freqüência sexual de acordo com a idade da pessoa. O hormônio responsável pelo desejo
sexual é a testosterona. Essa substância diminui um pouco em sua produção com o passar dos
anos, além de o próprio corpo ficar mais fatigado com a idade. Então não deve existir
preocupação com o numero de ejaculações ou orgasmos na juventude. Isso não vai privá-lo de
- Existe uma cobrança e uma exigência social que impõe ao homem uma postura de
urgência ao sexo. Ele sempre deve “estar a fim” (no sentido de obrigação mesmo). Não será
uma carga muito grande sobre os ombros dele? A verdade é que isso também é um mito. O
homem nem sempre está disponível para o sexo. Existe uma tendência conforme a idade e as
características individuais de cada um. Normalmente o jovem tem maior disposição ao sexo.
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Tem mais apoio social para procurar alívio sexual que a jovem mulher. Na puberdade,
de mesma idade. Tem o período refratário curto (vide Ciclo da Resposta Sexual Humana) e
ansiedade constante em ejacular. No homem mais velho, o período refratário aumenta, tal
como a saciedade (satisfação sexual plena após atividade sexual). Cedo pela manhã, devido a
um específico estágio do sono, há maior tendência de se ter ereções (as chamadas “ereções do
mijo”). Mas ao longo do dia, a vontade de sexo pode variar e até pode ser absolutamente
normal um homem não apresentar desejo sexual algum. Só surge problema quando ele
“encuca”.
Os mitos são criados para expressar o modo de pensar de uma parte da sociedade e são
propagados por gerações. O perigo é que os mitos muitas vezes atrapalham e provocam
traumas e problemas sexuais que não permitem que as pessoas tenham uma vida sexual
chega ao orgasmo) !
- A mulher grávida não pode ter relações sexuais. pois pode perder ou machucar a
criança!
Durante uma relação sexual normal, não violenta, o pênis não penetra dentro do útero
- O tamanho dos pés, nariz ou das mãos é indicativo do tamanho dos genitais!
de ter orgasmo!
A retirada do útero só impede que a mulher engravide, mas as suas respostas sexuais
permanecem inalteradas.
Uma coisa nada tem a ver com a outra; Porém o excesso pode levar a um desgaste
físico que atrapalha outras atividades normais nesta faixa de idade como a escola e atividades
esportivas.
conseguem sobreviver nestes locais e, portanto não podem ser transmitidas por este meio.
O tamanho do pênis nada tem a ver com maior ou menor prazer sexual, tanto no
Portanto a mulher pode ousar e ajudar muito no sexo no casamento aumentando muito a
- Se o homem não ejacula com freqüência o esperma sobe para a cabeça e o deixa
louco!
O homem e a mulher não têm limites de idade para praticar a sua sexualidade. Deve
ter adaptações sexuais pelas mudanças no corpo, mas pode ter um sexo sadio,prazeroso e
constante.
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Na sexualidade todos nós devemos sempre ler, estudar, conhecer bem suas sensações e
respostas sexuais para poder viver com toda a plenitude a capacidade que temos de dar e
receber prazer.
adolescentes colaboram para dar ao sexo a imagem errônea de algo feio, sujo, perigoso e
amor, por isso não devem ser vivenciados de forma negativa e destrutiva nas relações
sociais/sexuais.
Em nossa cultura, a assim denominada “Cristã Ocidental” que tem suas bases no
sendo historicamente alvo de intensa repressão. O exercício da sexualidade por mero prazer,
sem fins reprodutivos, sempre foi reprimido considerado imoral, sujo e pecaminoso... tudo
erotismo tais como a masturbação, a homossexualidade e outras são até hoje alvo de
sobre a sexualidade, assim como o nascimento o sexo esta devidamente relacionado à vida
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dos seres humanos e de todas as raças tornando-se um estímulo para a relação sexual, como
algo instintivo.
Diante desta constatação, embora a vida na terra já exista há cerca de 4 bilhões de anos é
a reprodução sexuada a pelo menos 1,5 bilhões de anos, foi apenas com espécie muito
próxima da nossa que ocorreu a desvinculação entre sexo e reprodução. Pouco sabe-se sobre o
exercício da sexualidade pelos hominídeos que antecederam nossa espécie, mas é esperável
que desde ao menos o homo habilis (2 milhões de anos) se não entre antepassados ainda mais
remotas que esse fato tenha ocorrido. No entanto, alguns estudos apontam que com o
possível que as fêmeas de nossa espécie pudessem usufruir de atividade sexual independente
de estarem ou não em seus períodos férteis. Por isso somos os únicos seres a manter relações
(menopausa).
Logo, de acordo com Vitiello (2001) nossa espécie é a única dentre as que povoam o
planeta a ter a oportunidade de buscar os prazeres do sexo sem arcar com o ônus único da
cultura coloca polaridades entre a sexualidade masculina e feminina, onde Itoz (1999) nos
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coloca que o homem de acordo com a história exerce papel mais ativo possui sexualidade
mais focalizada (genital) uma vivência mais objetiva, com sua genitalidade maior que a
sexualidade com atitudes básicas de conquistas e poder, por outro lado percebe-se que a
mulher exerce um papel mais passivo possui sexualidade mais difusa (corpo todo) com sua
sensualidade maior que a genitalidade e com atitudes básicas de trocas. Em suma, o caracter
machista das relações interpessoais apresenta-se como elemento marcante na história das
fundamental utilizarmos a análise de Lapate ( 1996) em que este divide em vários momentos:
Os Hebreus
• No gênese a sexualidade é descrita como desejada por deus e criada como algo bom.
• Nas passagens bíblicas se observa uma estreita relação entre o sexo e a reprodução através
do casamento.
• Os hebreus se casavam muito jovem e não era fator primordial nessa união o sensual ou o
amor.
• O homem poderia ter no casamento sexo apenas para reprodução, mas em função de
Os Gregos
• O amor na Grécia Clássica era peculiar e bastante diverso dos conceitos de amor em geral.
• Homem assumia uma posição especial desde o nascimento. Aprendia música, poesia,
• A mulher, ao contrário não recebia qualquer tipo de educação formal. Ficava confinada
em casa desde o nascimento até o casamento e nada aprendia além de poucas tarefas
domésticas.
• Demostines nos dá um retrato fiel dos costumes daquele período em relação a casamento,
amor e sexo. As prostitutas, nós conservamos pelo prazer, as concubinas para cuidar de
nossa pessoa e as esposas para nos proporcionar filhos legítimos e cuidar da nossa casa.
Os Romanos
• O casamento era uma questão pessoal e não requeria uma sanção religiosa ou
• Com o império romano concretiza-se a mulher como objeto. O sexo pode ser vendido e
O Cristianismo
a procriação.
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• A castidade, antes considerada importante só para as mulheres era agora essencial para
menosprezava o concubinato.
se mais para o seu próximo, para o amor altruísta e também proporcionou novas
A Idade Média
políticas e militares para os ricos e oferecer segurança econômica, filhos e alívio de tensão
Idade da Razão
• A mulher desta época, já adquiria maior número de direitos, como por exemplo, poderia
• A pequena burguesia tinha uma postura diferente perante o sexo o amor e o casamento,
• A moralidade da classe média mostrava-se serva e as ligações extra conjugais eram pouco
frequentes.
• Datam desta época também as leis mais liberais no que diz respeito ao divórcio,
Revolução Industrial
• A mulher não era mais imprescindível ao lar e os filhos deixaram de ser uma vantagem
econômica.
• Consideravam o amor como condição “sine qua non” para uma vida feliz.
• Entretanto, a mesma sociedade que glorificou a síntese do amor com o sexo de uma forma
amor.
• A ciência também contribuiu para a revolução do amor. Com estudos na área da medicina,
estudos de FREUD.
De acordo com o exposto, o sexo em um determinado tempo passa a Ter um valor cultural
na medida em que se relaciona com tudo o que passa afetar o homem e suas relações sociais.
É importante salientar que a sexualidade foi construída com a ajuda histórica do passado é
desta forma que se pode compreender as relações da sexualidade dos novos tempos. Sobre
isto Nunes ( 1997 : 165) esclarece que: “A sexualidade é uma dimensão humana fundamental
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construída a partir das relações que compreendemos com o mundo natural e cultural, desde
relação a questão da sexualidade faz parte de um círculo vicioso que passa de geração a
e a abertura nos meios de comunicação. Mas até que ponto isso nos permite afirmar que a
vibradores, pomadas e bonecas de plásticos, numa tentava de compensar o seu fracasso ilustra
São muitas as dúvidas que giram em torno da sexualidade até o dicionário Aurélio
(1986) define a palavra de uma forma ampla , o que pouco esclarece a dúvida do leitor 1-
SEXO.
entrave para as várias sociedades, em função dos mitos e preconceitos que permeiam as
relações sociais.Neste contexto , a sexualidade durante muito tempo ficou resumida aos
órgãos genitais , no entanto através dos estudos de Freud este conceito tornou-se mais
amplo e abrangente , ou seja a sexualidade inclui não somente o genital como também as
do ser humano.
pesquisa por parte do homem, buscando entender os seus significados. Desde que os homens
religiosa.Basta olharmos ao redor ou, antes disso, olharmos para nós mesmos, pra
constatarmos o valor das palavras acima. Assim a sexualidade é não somente o sexo. A
sexualidade é uma instância maior que inclui o potencial humana para o relacionamento com
outro
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biológicos , mas abrange muito mais do que isto, pois inclui aspectos psicológicos e sociais.
A sexualidade não se limita aos órgãos sexuais e ao ato sexual. Ela inicia-se já ao nascimento
e irá abranger o corpo inteiro, não se limitando ao pênis e a vagina, projeta-se num corpo
Desse modo, a mesma é compreendida como algo inerente ao ser humano , que se
desenvolvimento , sendo esta construída ao longo da vida e marcada pela história , ciência ,
interação social , uma vez que se constitui historicamente a partir de múltiplos discursos
obre sexo ; discursos que regulam , que normatizatizam e instauram saberes que produzem
verdades.”
Neste contexto , para entender a sua complexidade , faz-se necessário convocar várias
sexualidade está diretamente ligada ao nosso sexo, ou melhor , o sexo e parte importante de
nossa sexualidade.
define, em nossa espécie há dois tipos de sexo : masculino e feminino, porém é fundamental
destacar que o indivíduo se faz (masculino -feminino) isto é assume um gênero através da
educação e da socialização. Na linguagem diária sexo significa desde relação sexual genital,
o coito, até safadeza, imoralidade, malandragem, libertinagem e com isso criou-se muita
confusão.
Contudo, para Souza (1991) sexo é um todo que caracteriza as pessoas na estrutura
comportamento , por tanto sexo é existência . Não é opção, no sentido de que herdamos uma
carga genética que nos deu uma forma sexuada masculina ou feminina que não podemos
escolher. Simplesmente se é homem ou mulher, logo o sexo é uma coisa grandiosa que
constitui nossa existência. Deste modo: “Sexo é um conjunto de pessoas que tem a mesma
feminino.”(SOUZA, 1991:15)
sexualidade e para a reprodução, o que faz de nós machos ou fêmeas . Desde então a
sociedade imprime em nós um padrão de comportamento adequado para cada sexo biológico ,
padrão esse que se convencionou chamar de papel sexual . É esse modelo desejável que a
maioria de nós procura cumprir durante toda a vida e que faz de nós , homens ou mulheres .
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Seguindo essa linha de considerações , Souza nos diz que: “O sexo faz parte da
A partir dos argumentos acima , o sexo é uma manifestação na vida e na conduta das
pessoas , como somos reconhecidos , recebemos nome e registro civil de acordo com o sexo
Enfim, vale ressaltar que o corpo inteiro é sexuado. Os genitais fazem parte do corpo,
ocupando apenas um pequeno pedaço mas deve ser entendido como uma parte que completa o
• Genitalidade e Genitalismo
Percebe-se que além das diferenças entre sexo e sexualidade é necessário notar
coitalmente transmissíveis, tendo em vista que as moléstias desse grupo não são transmitidas
por qualquer outra manifestação da sexualidade (carícias, auto-erotismo etc.) que não o coito,
cuja função concreta é a produção de prazer e a procriação, é o sexo físico como uma
Diante desta constatação, genitalidade diz respeito aos órgãos genitais; ao prazer físico
que proporcionam, à sua função reprodutora. Neste contexto, ela é a parte central da
prioridade sobre genitais, como uma verdadeira doença, pois só visa o ato sexual prazeroso
em si, e os aspectos psicológicos, sociais, transcendentais são anulados pela busca de prazer
físico.
espécies sexuadas ou órgãos responsável por ela, o próprio aparelho genital.O momento que a
sexualidade genital deve ser aceita, qual a sua forma concreta ou normal.Reforçam-se dessa
preconceitos e discriminação.
O ser humano desde o princípio das civilizações nuca ficou sozinho, sempre precisou
de uma companhia para poder viver, isto fez com que crescesse a rede de relacionamentos,
formando assim o que chamamos de uma necessidade de contato social para que os
A pessoa jamais irá existir sem se relacionar, porque seria regredir no tempo, ou seja,
isso faz parte de sua construção biopsicossocial, na verdade o ser humano se constrói, se
sinceras de um sentimento por outra pessoa estão ligadas a percepções externas e internas, por
Certamente cada um de nós já refletiu alguma vez sobre o amor, é muito comum
confundir sexualidade com amor, pois são realidades interligadas e interdependentes, mas
além e após a satisfação física e genital. Pensar o amor como algo puramente genital é
Neste sentido, o amor corresponde à agradável sensação de paz e aconchego que nos
preenche quando estamos na presença daquela pessoa muito especial e bem definida - a mãe,
o amigo, o namorado (a) e que distingue sem dificuldade quando se tem ternura ou somente
excitação sexual. Portanto, o amor o amor é muito mais que o encontro de dois corpos ou a
união entre duas pessoas, ele é a própria consciência de existência, pois o mesmo é uma
amor na sua essência e presença, constitui-se na mola mestra da humanidade. Apesar de que o
sucesso profissional, o prestígio pessoal, o dinheiro, o sexo e o poder serem encarados como
mais importantes.
Compreende-se então que o amor é uma energia que nos impulsiona para a vida e este
sentimento nos dignifica e dá a verdadeira dimensão do nosso valor, faz-nos sentir que
pertencemos à raça humana e que não somos simplesmente meros complementos uns dos
desenvolvimento dos seres humanos, envolvendo duas pessoas que tem afinidades e que se
do amor romântico, o amor na sociedade atual está inserido na cultura do descartável, ou seja,
os jovens podem se relacionar sem existir nenhum tipo de sentimento como algo sem valor,
casamento, depois de um tempo passou a ser o namoro com ênfase na liberdade sexual, hoje,
privilegiado entre os adolescentes, pois sendo uma relação passageira requer um grau mínimo
O comportamento do ficar, surge na Segunda metade dos anos 80 e foi descrito por
Tiba como:
como primeira escolha; este tipo de relacionamento permite uma flexibilidade na quantidade
adolescente pode Ficar com três parceiros; o simples fato de beijar já caracteriza o ficar. Este
com a mesma pessoa, passa de um simples Ficar para um “Rolo”, que não quer dizer
exclusivamente, que o s adolescentes podem Ficar com a mesma pessoa mais de uma vez,
jogo sexual com o sexo oposto tem para oferecer. Mas desde já vale ressaltar que há
afetivo privilegiado entre os adolescentes, pois eles sentem mais a vontade com este tipo de
relacionamento.
Sigmund Freud. Foi a partir do estudo da sexualidade reprimida de seus pacientes que Freud
demonstrou que como qualquer outra manifestações biopsicólogica. A sexualidade não surge
surge como manifestações secundárias, cuja ordem de importância vem após o entendimento
das necessidades básicas de sobrevivência, com muito pouco a ver com a genitalidade (órgãos
relacionamento sobre este aspecto. A obra Três Ensaios sobre a teoria da sexualidade, de
Assim, de acordo com as teorias pscanalíticas, todos os seres humanos já nascem com a
sexualidade, e passarão por diversas fases, cada uma com suas próprias características. Neste
sentido, é oportuno tomar conhecimento de Rosa apud Freud (1994: 103) quando nos diz
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que: “A noção de fase, designa uma etapa do desenvolvimento da criança caracterizada por
uma certa organização do libido determinada ou pela predominância de uma zona erógena ou
Seguindo esta linha, para explicar melhor a sexualidade infantil, Freud através de seus
estudos destacou fases para melhor explicar as manifestações sexuais do ser humano.
do fato da maior parte das necessidades está concentrada na porção superior do trato
Deste modo, na fase oral o prazer está ligado a ingestão de alimentos e excitação da
mucosa dos lábios e da cavidade bucal e que uma série de impulsos ou instintos inatos
caracterizam as atividades do bebê, quando este busca a satisfação através da interação com o
sensações e prazer estão na boca, logo é comum a criança levar à boca tudo o que põe na mão.
quando Freud emprega a expressão prazer oral, devemos afastar qualquer relação exclusiva
com o alimento, o prazer oral é fundamentalmente o prazer de exercer uma secção sobre o
Nesta relação, uma outra fase a se destacar é a fase anal em que a partir dos 2 anos o
Uma outra expressão a destacar é a ausência de qualquer tipo de nojo. A criança faz
“xixi” e “cocô” põe a mão como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Diante do contexto Nazio apud Freud (1992:8) : “A fase anal é a época em que a
criança está sendo ensinada a controlar as fezes e a urina, sua tenção se focaliza no
funcionamento anal. Por isso, a região anal torna-se o centro de experiências frustradoras e
compensadoras.”
Esta é a fase em que a criança da muita importância às suas fezes, pois é o primeiro
material produzido pela mesma, visto que esta, obtém prazer relacionando as atividades de
defecar, expulsar ou destruir as fezes. Aí está a resposta pelo fato dos pais recompensarem os
lugares não muito adequados. Isso significa que os pais constituem fatores determinantes aos
Outrossim, depois das fases oral e anal, vem a fase fálica que vai dos 6 aos 10 anos. Na
trajetória da fase fálica o órgão genital masculino desempenha o papel dominante. Na menina
o clitóris é considerado segundo Freud um atributo fálico, ou seja, fonte de excitação, esta
fase corresponde a organização do libido que vem depois das fases oral e anal, na qual já há
Observa-se, que nesta fase o prazer da criança passa da região anal para as região
genital. Ela começa a descobrir seus órgãos genitais e passa a explorá-los, através da
Vale ressaltar, que a masturbação infantil nesta fase, é facilmente observado e muitas
vezes os pais podem presenciar, assumindo atitudes de repressão aos atos da criança. Essas
começa a descobrir as suas estruturas genitais mais os pais não percebem isso, quando fazem
Portanto, não se pode entender a atração sexual na criança no sentido genital da maneira
como ela ocorre na puberdade. Esse prazer da manipulação demonstrará o despertar das zonas
erógenas, a criança gosta do carinho e pedirá carinho. Ocorre que a ligação afetiva mais forte
e a pessoa em que ela mais confia é a mãe, e neste caso não é estranho que a criança espere e
exija carinho da mãe. Essa ligação carinhosa e afetiva entre mãe e filho é que irá propiciar a
caracterização do complexo de Édipo como nos fala Rosa apud Freud (1994:106): “Para o
menino, objeto da pulsão é a mãe, ou melhor mãe fantasiada. para a menina o objeto é
Pode-se afirmar que de forma inconsciente a menina procura agradar o pai, visto que, o
tem como objeto de pulsão, por outro lado, o menino faz de seu pai um ideal em que ele
emoções mais complexas, pois a sua energia de origem sexual que era exclusivamente no seu
próprio corpo, passa a ter um novo objeto, quer dizer a menina sente atração pelo pai, o
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE: Um novo Olhar sem Mitos e Preconceitos 44
menino pela mãe. Para a criança é tudo o que ela pode querer de um “casamento”, é o
A situação edipiana pode ser o grande ponto decisivo de sua vida. Pode
determinar se lhe será possível, um dia estabelecer relações sexuais
satisfatórias com outra mulher ou pode fazer dele um homossexual.
Problemas da mesma espécie são enfrentados, quando uma menina chega
a vida sexual adulta. Os pais são, portanto, os principais responsáveis
pela modelação de seu caráter e lançamento dos alicerces de seus futuros
padrões de comportamento. Só através desses padrões já existentes, é que
sua sexualidade pode oportunamente encontrar expressão. (1992:11, 17)
Dessa forma, o autor tanger que se a família não atender aos anseios da criança , no que
satisfeitas a criança não irá adquirir estabilidade interior, no qual lhe permitirá resistências às
tensões impostas pelas sucessivas fases em que provavelmente irá passar, com isso, percebe-
se que aos 5 anos de idade a criança já tem a sexualidade razoavelmente definida, dos 5 anos
até a puberdade ela passará por uma fase de adaptação chamada pela psicanálise de fase de
latência, quando ela realizará o abandono do objeto sexual no interior das relações parentais
E é esta a próxima etapa vivênciada pela criança que se estende aproximadamente dos 6
espécie de bonança depois da tormenta de Édipo, não havendo uma nova organização da zona
erógena, pois a criança nessa idade obtêm maiores conquistas na socialização nos aspectos
cognitivos e morais do desenvolvimento. Esta etapa faz com que a ligação afetiva com os pais
se desloque para fora da família e finalmente do amor de outra pessoa, como professores,
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE: Um novo Olhar sem Mitos e Preconceitos 45
amigos do mesmo sexo é uma espécie de amor platônico, como explica Oliveira (1992 :12) :
“O menino escolhe um dos colegas como “companheiro” ao dois brincam juntos e trocam
confidências, do mesmo modo, a menina escolhe outra menina e esta formação de pares é
denominada por Freud como genital, sendo caracterizada como a fase essencial da puberdade,
reprodução.
sexualidade emerge, onde é despertada a formação para o vínculo afetivo e o marco inicial
para vida sexual, isso porque é na puberdade que aparecem os caracteres sexuais secundários
Freud coloca como novo objeto nessa fase a análise da sexualidade genital e o início da
exterior, o interior do organismo e a vida mental. Ele acreditou que excitação sexual se dá em
natureza sexual e em alterações nos órgãos genitais. Nesse sentido é que Oliveira, define:
Nessa etapa, a criança deixa a infância para traz e deseja ser como homem ou mulher,
Fazer comentários acerca dos postulados de Freud nos leva a acreditar que no processo
adulto.
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE: Um novo Olhar sem Mitos e Preconceitos 47
CAPA DO CAPÍTULO 3
O ADOLESCENTE E A SEXUALIDADE
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE: Um novo Olhar sem Mitos e Preconceitos 48
(Simone Sabino )
Todos passam pela experiência de Adolescer. Para entrar na vida adulta ninguém
escapa à adolescência, por mais diversos que seja os modos de vivê-la. A partir do momento
Lima:
humano, em que observamos rápidas e substanciais mudanças na vida e nos corpos infantis,
pessoas em suas relações com outros e com os ambientes. Apesar de as transformações tidas
como de todo e qualquer adolescente, elas não são naturais ou decorrentes unicamente de um
processo evolutivo orgânico. A vida do Adolescente e as suas necessidades são, antes de mais
Ao adolescer, mais do que em qualquer outra época da vida o ser humano discute
questões existenciais como: Quem sou eu? Qual o meu lugar no mundo? Para onde vou? Por
que existo? Por que sou assim? e estas questões geram conflitos internos e verdadeiras
dúvidas sobre o melhor cominho a seguir na vida e também conflitos externos com o mundo,
ou seja, com a família, com a sociedade e com as regras impostas por ela. Para Campos
continuidade, uma unidade da personalidade sentida pelo indivíduo e reconhecida por outro,
próprio equilíbrio, de encontrar-se e compreender a si mesmo e o que está a sua volta. E esta é
metamorfose, a fase sem dúvida dos grandes conflitos e dúvidas, é como se a pessoa
nascesse novamente assim como nos fala Tiba (1998:73): “A adolescência é como um
segundo parto: O filho nasce da família, para entrar na sociedade. Esse parto que vai do final
da infância ao início da fase adulta começa com iniciadores biológicos e o seu término está
Inicia-se então os conflitos decorrentes das mudanças sociais e psicológicas que vai
desde à puberdade até a idade adulta, logo é o período da desordem, rebeldia, dos exageros
das mudanças. Nem criança, nem adulto, situações geradas pelas 3 grandes perdas do
adolescente: O corpo de criança, a identidade infantil dos pais idealizados. É a fase onde se
perde o corpo infantil, mas ainda não tem o de adulto, ao mesmo tempo perde o interesse
pelas coisas que gostava antes, mas ainda tem atitudes extremamente infantis.
valores e a forma de vida de sua família não são os únicos possíveis e conforme caminha
rumo à maturidade emocional, social e sexual, este desloca para os melhores amigos e
O jovem então estabelece vínculos com amigos e amigas da mesma idade e é a forma de
ver o que existe no mundo além das fronteiras da família, visto que, há um consequente
este é o período que emerge outros conceitos e valores sociais, culturais e familiares como
resultado das mudanças hormonais e biopsicológicas que trazem enfim o início dos conflitos
na vida do adolescente.
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE: Um novo Olhar sem Mitos e Preconceitos 51
Assim, as indecisos são próprias desse período evolutivo, uma vez que o jovem ainda não tem
formado um juízo de valor, ou mesmo diante de situações paradoxais nas quais nem o adulto
adolescência é derivada do verbo latino alescere que significa alimentar, ou seja, o indivíduo
NETO (1979):
idade viril, período de transição durante o qual o jovem se torna adulto. Começa com a 1ª
Critérios sociológicos - período da vida de uma pessoa durante a qual a sociedade em que
vive deixa de encará-la como criança e não lhe confere plenamente os Status, papéis e
funções de adulto.
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE: Um novo Olhar sem Mitos e Preconceitos 52
Está é uma fase de forma vibrante e pouco convencional, inquietando a doce ilusão de
desenvolvimento. uma fase rotulada e pouco conhecida. Estágio do ser onde o novo sempre
emerge adulto.
relacionamentos interpessoais quer de ordem familiar, escolar e social, entre outras tantas
dimensões possíveis onde possa haver relacionamento e diálogo. Dizemos ser um período
privilegiado porque é um momento único entre as vivências do ser humano, momento em que
o adolescente descobre a vida dentro e fora de si, descobre o mundo que tem à frente para
mais profundo quanto as delícias de se sentir amado e querido por outra pessoa. Vive a busca
por seu espaço na teia social, ao mesmo tempo que desejaria voltar a frente à infância.
A adolescência é a fase da vida que faz a ponte entre a infância e a vida adulta. É um
momento de grandes mudanças corporais, psicológicas e sociais. Não há uma data certa para
o início e final da adolescência, pois as pessoas são diferentes umas das outras tem
características, embora alguns limites possam ser traçados para orientação. Segundo a
completos e os 18 incompletos.
seja, é uma postura do ser humano durante uma fase do desenvolvimento que reflete as
características da sociedade.
Assim, a adolescência é um papel social, que apresenta-se também como a função dos
puberdade, assim que o indivíduo se torna apto para reproduzir a espécie. Psicologicamente e
cronologicamente chega ao fim quando o indivíduo atinge certo grau de maturidade em quase
todos os aspectos. Vale ressaltar que esta fase tem componentes não normativos, fruto das
universal e assim, particulares a cada contexto. Segundo Mead (1998) a adolescência não está
ligada somente a natureza humana mas que depende de pautas culturais e interfere por
opiniões num “experimentar” que o levará a definição de sua atitude e que o contexto social
contribui. O adolescente deve definir sua identidade em três níveis: Sexual, Profissional e
Ideológico. Durante este processo aparece uma tendência-adolescente de adotar diversos tipos
grupo circunstancial ao qual está ligado. Estas várias identidades se alternam ou coexistem no
adulta.
fase encontra o único verso social e cultural a lhe exigir mudanças para as quais muitas vezes
condescência com a condição de criança e os pais da infância, que eram mais protetores e
tem controle.
alongam, o corpo emagrece os ângulos se salientam. A brusca mudança não permite uma
Pode-se dizer que o adolescente tudo entra em seu limite possível. Ou se tem
profundas e grandes tristezas ou se tem profundas e grandes alegrias. A questão é que isso
aparece na maioria das vezes simultâneamente. Estas situações por vezes contraditórias e
puberdade que por ser tratar de um fenômeno biológico, tem o seu início desencadeado pela
A puberdade não é, sinônimo de adolescência, mas uma parte desta, pois, a puberdade é
O termo etmológico da palavra puberdade vem de puber que quer dizer pêlos em
crescimento.
A puberdade inicia-se em geral entre 9 e 14 anos variando esse período de pessoa pra
pessoa, assim tanto no menino quanto na menina não proporciona apenas mudanças físicas
mudanças biológicas no corpo dos meninos e das meninas, tornando-os capazes de procriar.
Essas mudanças não acontecem ao mesmo tempo para todos, nem são iguais para meninos e
meninas.
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE: Um novo Olhar sem Mitos e Preconceitos 57
Geralmente as mudanças iniciam mais cedo no corpo das meninas do que nos
meninos, porém a ordem destas mudanças e o tempo que levam para mudar, varia de acordo
com as características pessoais e genéticas, bem como sua história de vida e região de origem.
pessoa para pessoa. Em geral tem início com o surgimento de uma série de transformações do
corpo.
menstruação. Os pêlos ao redor dos genitais costumam aparecer 2 anos antes e das axilas,
geralmente 6 meses antes .Os pêlos aparecem devido à produção do hormônio testosterona.
mais intenso e provocando maior suor nas axilas. Geralmente a partir dos 12 anos a menina
cresce vários centímetros em pouco tempo, sua cintura se afina, os quadris se alargam. Para
torna-se mulher, porém não significa que seu corpo esteja totalmente preparado para o
exercício do sexo.
Por conseguinte, a puberdade para os meninos costuma ocorrer mais tarde e se estende
por mais tempo, sendo o marco principal a ejaculação, que ocorre entre 11 e quinze anos,
definidas, com o crescimento repentino e o aparecimento de pêlos, nos braços, nas pernas e no
peito.
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE: Um novo Olhar sem Mitos e Preconceitos 58
A primeira mudança nos genitais aparece com o crescimento dos testículos e da bolsa
escrotal e logo o aumento do pênis. Um dos sinais que antecipa a ejaculação é o aparecimento
dos pêlos púbicos e nas axilas. A voz costuma mudar alguns meses depois da primeira
De acordo com Neto (1979: 79): “Na puberdade, os meninos passam a exibir a
pilosidade típica do seu sexo, primeiro nos lábios superior o que origina o bigode e depois na
enrijecem, o tronco e os ombros alargam e a pele se torna muito mais gordurosa, o que
Vale ressaltar que a percepção do corpo do jovem é modificada e ampliada aos poucos
realidade sofrem grandes mudanças. É evidente que a puberdade não é um fato isolado mas
despertar do sexo.
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE: Um novo Olhar sem Mitos e Preconceitos 59
“Bi,
Hetero,
Homo,
Todos nós somos
Nos dias de cio!
(Autor Desconhecido)
por estar presente desde o processo da gestação e nascimento ao fim da vida do indivíduo. É
seus comportamentos e principalmente seu corpo e sua sexualidade. Segundo Zagury (1996:
a identidade sexual, e onde se define o espaço social de homem ou de mulher. Outrossim, para
falar sobre sexualidade na adolescência não se pode apenas referir as questões voltada a
identidade sexual, mas sim a todas implicações psicossociais que estão associadas. A
Neste sentido, é oportuno tomar conhecimento das palavras de Itoz quando nos diz
que:
Assim, uma série de novos papéis começam a serem assumidos com a puberdade e
adolescência, nos quais a sexualidade está incluída e pode vir a se tornar muito representativa.
Percebe-se que isso acontece porque, até determinado momento, o sexo conhecido era a
as quais se fazem presentes de forma marcante. Neste período, toma novo impacto à prática
da genitalidade, que como uma das expressões da sexualidade, viabiliza não só a vivência da
objeto. Assim, para que a vivência da sexualidade seja saudável Itoz diz que :
forma implícita uma dupla característica de comportamento. Segundo Genetti (1990) esta
amor é essencial. Por outro lado, a manifestação da sexualidade masculina traz consigo
expectativa de uma vida sexual ativa, ainda que nesta o afeto não seja necessariamente parte
Nossa sociedade tem uma moral repressiva. Quando, no decorrer de nossa socialização,
internalizamos as normas e regras sociais, estamos tornando nossa essa moral sexual,
com todos os seus tabus (...) Internalizamos, os valores, o jovem rapaz ver-se-á
pressionado pelo grupo e pela própria consciência a ser forte, sensual, potente e
experimentado. A garota viverá o drama da virgindade, o medo da gravidez, as
conseqüências da inexperiência sexual aliada ao fato de ter um companheiro que sabe
tão pouco de sexualidade e de prazer à dois quanto ela. (1995 : 78)
Dessa maneira, as expectativas e cobranças que são criadas em torno de cada um vão
ser bem diferentes, ambos atentos ao discurso familiar e social da liberdade para os meninos
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE: Um novo Olhar sem Mitos e Preconceitos 61
e repressão para as meninas e, nesse caso, principalmente os garotos ficam sem saber como
mesma entes da revolução sexual. O rapaz quer o sexo perfeito com todas as mulheres pelas
quais se sente atraído sem nunca ser rejeitado, o jovem continua querendo mostrar
E mesmo a garota que anda com um grande número de garotos, deseja na verdade
conquistar um que seja só dela e para sempre. Neste contexto Pinto enfatiza que:
É interessante observar que os menos geralmente falam com facilidade sobre suas
práticas sexuais e costumam ver a experiência sexual como sinal de masculinidade. As
meninas falam de sexo com as próprias amigos, mas costumam se entregar de corpo e
alma as grandes paixões, o que também as torna vulneráveis aos desejos sexuais.
(1997 : 50)
Entre as meninas, os sentimentos sexuais são mais difusos e mais relacionados com a
Percebe-se que o sexo masculino ainda faz sexo pela satisfação física, e o feminino,
para ser amada. O jovem seduz para comprovar sua masculinidade e possuir o objeto de
desejo e que esta ainda é a característica do comportamento sexual do adolescente hoje. Estas
muita disposição para amar, criar, descobrir, aprender e tentar compreender tudo o que o
descoberta do sexo com todas as suas relações quanto atração, excitação, relacionamento
(Arnaldo Antunes)
A sexualidade vivida pelo adolescente ganha a feição do contexto cultural em que ele
se insere. Ela é plasmada pela imagem e pelos valores vigentes nessa época. Não há uma
revisão, pois cada sociedade inventa a sexualidade que pode inventar”. É essencial entender o
passivamente imagens de tudo o que lhes falta na vida real. Assim, o indivíduo aliena-se, não
vive, consome imagens e ilusão... e quanto mais ele completa, menos vive; quanto mais aceita
existência e seu próprio desejo. A mídia torna-se imperiosa e impositiva pelo gigantismo da
imagem. Já não é preciso ler, pensar, refletir, basta ver e isso é por excelência alienante, pois
também como mercadoria, compondo nossa cesta básica de ilusões, no âmbito da cultura
consumista o adolescente desenvolve sua sexualidade, imerso nessa realidade, a ela pode
responder fazendo uso de outro como mero instrumento de satisfação narcísia, objeto
em relação ao corpo. O afeto, menos que o desempenho, vai senso posto à margem. É desse
com o outro. Sem dúvida, esse não é um contexto saudável, psíquico e social, para estréias
invadem seu imaginário, convocado a consumir imagens, mais que a refletir, a elaborar, ou a
reflexivo, é difícil construir projetos pessoais, que lhe possibilitem reconhecer-se como
alguém de valor. Sem projetos, fica sem motivos para valorizar a si mesmo e a vida pois na
A prática de ficar é expressiva nesta realidade pois ficar significa não ficar, não ter
compromisso com amanhã, não criar vínculos definitivos, representando uma marca do tempo
conhecimento para se chegar ao namoro, ora pode representar um exercício de liberdade, ora
ainda é algo visto como muito relativo por deixar quase sempre uma sensação de vazio
depois.
felicidade num contexto de mínima segurança. A AIDS e DST são as marcas da insegurança
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE: Um novo Olhar sem Mitos e Preconceitos 64
que ronda a razão de prazer que é possível conquistar. E esse é o contexto pós-moderno da
refletido no comportamento de vários jovens. Para Lapate (1996: 31) : “O poder, a ambição,
informações sobre sexo e sexualidade, porém existe uma distância muito grande entre o que
sabe e o que ele põe em prática, e esta situação é decorrente do momento que o adolescente
encontra instável e entre as várias atividades que irão torná-lo uma pessoa responsável está o
exercício do sexo, pois o jovem começa a ganhar sua identidade pessoal aprendendo a se
nos anúncios, nas letras de músicas, nas danças, na internet e tudo que era proibido passa a ser
permitido e de fácil acesso para o adolescente, explorando o sexo sem o caráter educativo e
Para Itoz :
“Os adolescentes são um dos principais grupos de consumidores globais, são receptivos
as ações de comunicação, compartilham cultura popular, baseada em música, vestuário
e estilo de vida, buscam nessa tentativa de homogeneização uma possibilidade de serem
diferentes”. (1999:18).
contemporânea.
O adolescente como indivíduo instável, acultura-se (substitui uma cultura por outra)
buscando participar de forma mais ampla do processo de identificação pelo qual está
Nota-se que a sociedade exige, no entanto não fornece retorno. Não existindo
oportunidades iguais para todos, torna-se então contraditório, desigual, preconceituosa, onde
nos diz que “Nada resulta de encontro sexual, salvo o próprio sexo e as sensações que
acompanham o encontro”.
Essa é a sexualidade que vem sendo estimulada vivida no corpo e não na pessoa. Mas
desempenham e sensação do que sentimento. Mas uso do outro do que partilha. Mais
adolescentes contemporâneo.
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE: Um novo Olhar sem Mitos e Preconceitos 66
Foto scaneada
Capítulo 4
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE: Um novo Olhar sem Mitos e Preconceitos 67
Cada vez mais a escola vem assumindo a educação das novas gerações. Gerações estas
que são movida pelo descartável, pelo supérforo e pelo consumismo exarcebado,
comprometimento não somente com a instrução, mas também com a cidadania e a formação
plena enquanto pessoa que tem corpo, desejos e necessidades, e a escola como centro da
educação formal, deve contribuir na valorização da sexualidade e não nega-la via neutralidade
Muitas escolas que instituíram a orientação sexual nas suas atividades, na prática
acordo com Manzini (1993) ela somente estará educando na totalidade, se levar em
orientando para poder comparar e analisar sua realidade e refletir sobre ela.
idades, crenças, classe sociais e logo há uma presença clara da sexualidade. Pra tanto, o jovem
caracterizando como um micro espaço de poder onde se fala de sexo porém, valorizando-o
como segredo e envolvido à mitos e preconceitos, e com o único intuito de prevenir doenças.
Assim, é uma tarefa muito complexa para a escola enfatizar a sexualidade diante da
perspectiva da sociedade atual, pois; a sexualidade não pode ser trabalhada visando uma
concepção cartesiana racionalista única e geral, mas de vários enfoques e reflexões sobre o
assunto, que vai além do foco biológico que ainda nos tempos atuais constituem-se na escola
humano. Seguindo essa linha, Zagury (1996:54) destaca-se que: “ Orientar sexualmente os
adolescentes, aponta o verdadeiro desafio. Da escola que deverá ser o de conquistar, motivar
necessidades singulares de cada um, pois assim é alcançado o sentido da sexualidade de cada
pessoa.
A escola deve informar aos jovens que não são feitos apenas de libido e que as
decisões vitais afetam a pessoa em seu todo e este todo deve carregar a inteligência como
elemento inerradicável pra auxiliar na orientações sexual, logo, para ensinar os adolescentes é
devem estar bem preparados na teoria e na prática para transmitir informações necessárias aos
jovens de modo que suas dúvidas sejam esclarecidas. Segundo as idéias de Tiba (1994 : 64):
“Falar de sexo na escola atualmente é motivo de tensão tanto para alunos quanto para
As dúvidas dos alunos em relação ao sexo, acabam por gerar uma reação nos
professores que pode variar desde o fingir que não as estão vendo e que não é problemas
relacionadas a temas que irão fazer parte a sua vida social e sexual, a partir disso as questões
• Primeiro Amor
• Masturbação
• Métodos Anticoncepcionais
• Virgindade
• Gravidez Precoce
parte do momento em que estão vivendo e tornasse necessário buscar respostas para tratar
característicos de cada fase da pessoa com seus conflitos, tensões, desejos e histórias e a
Nessa linha de pensamento, nota-se que a escola não substitui e nem concorre com a
família. Ela contribui com a discussão sobre a sexualidade incluindo vários pontos de vista
com isso, a função das escola é promover debates entre jovens, fornecendo informações claras
sexualidade.
“Com licença....
vou falar de sexo.
De um jeito diferente !
Vou falar mais de equilíbrio e liberdade.
Do que pressões e preconceitos !
Então; vai fundo.........
(Autor Desconhecido)
perceber que nem todos tem habilidades cognitivas, pessoais e sociais para envolver um novo
olhar no assunto.
fornecer aos adolescentes informações sobre a ativação hormonal que ocorre na puberdade,
para melhor consciência e aceitação das modificações que enfrenta o corpo do jovem, além de
envolvem a sexualidade.
relacionados a esta temática são relevantes para uma melhor elucidação.Primeiro refere-se a
forma como os professores tratam o assunto e o outro aspecto referenda a escola que em geral
não possui um programa de orientação educacional que auxilie diretamente nas questões de
A orientação sexual, nos moldes em que está sendo proposto nas escolas
está mais relacionado aos programas de saúde com ênfase ao lado biológico e higienista
e isto reflete no despreparo dos educadores frente a essa temática, não apresentando
informações que são realmente necessárias aos jovens.(2001:31)
Sendo assim, faz-se necessário caracterizar a orientação sexual para melhor perceber
intervenção sistemática que promove a reflexão sobre os vários aspectos que envolve a
sexual tem como objetivo promover o bem estar sexual das pessoas, favorecendo na vivência
Vale ressaltar, que a orientação sexual é diferente de educação sexual, pois educação
preventivo segundo Lima (2001: 38) : “já caiu em desuso, pois fica sempre a interrogação: é
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE: Um novo Olhar sem Mitos e Preconceitos 72
possível educar sexualmente alguém?”. De acordo com a autora o melhor termo a ser
utilizado é orientação, pois é mias amplo e abrangente, uma vez que ninguém educa ninguém,
O papel do educador neste contexto é fundamental, pois cabe a este informar aos
alunos sobre questões relacionadas à sexualidade. Assim de acordo com os PCNs ( MEC –
É necessário que os professores possam reconhecer os valores que regem seus próprios
comportamentos e orientam sua visão de mundo, assim atuam com uma postura mais
favorável para o esclarecimento, a formação crítica e o debate de questões sem a
imposição de valores específicos.
e reflexão por parte do educando, para que este estabeleça seus próprios conceitos e valores.
utilizado pelo educando como modelo e justificativa na área da sexualidade, mas isso não
quer dizer que ele não deva ter opiniões sobre estas questões, porém o que ele não deve é
explicitá-las.
sobre temas propostos por ele ou quando procurados pelo aluno para tratar de assuntos que o
alunos pode reformular uma exata resposta para atender as reais necessidades do educando.
sexual é aquele que estimula a auto-análise é serve como força motivadora para um
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE: Um novo Olhar sem Mitos e Preconceitos 73
Para exercer a função de orientador sexual o educador deve ter bem resolvida sua
sexualidade e ser consciente da responsabilidade que assume. Para conversar com os jovens é
necessário que o educador tenha certas habilidades, como aceitar novos conceitos , evitar
julgamentos e não permitir que seus tabus e preconceitos de sua própria sexualidade
influenciem.
• O conhecimento do corpo,
pela cidadania.Itoz (1999:30) nos diz que : “ A sexualidade está diretamente ligada ao
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE: Um novo Olhar sem Mitos e Preconceitos 74
exercício da cidadania, pelo respeito por si e pelo outro, nas questões de saúde e no direito a
informação e ao conhecimento.”
dos temas abordados, e logo cada uma das questões relacionadas aos adolescentes e a
crítico, contribuindo assim pra a formação plena do adolescente enquanto ser atuante na
A escola segundo o MEC, deve se organizar para que os alunos ao fim do ensino
humano;
• Conhecer seu corpo, valorizar e cuidar de sua saúde como condição necessária para
estereótipos;
transmissíveis;
• Sexualidade e Interdisciplinariedade
A integração de conteúdos nas escolas é um desafio dos mais ferrenhos que a maioria
dentro de seus saberes específicos, construindo uma vasta gama de teorias e doutrinas que
entre seus profissionais, que julgam ser por demais complicado trabalhar algo que não está no
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE: Um novo Olhar sem Mitos e Preconceitos 76
novo assusta; e toda mudança pode ser dolorosa, trazer inseguranças e dúvidas. Haja vista que
não há nada pior do que a estagnação, a paradeira, o ócio e a má vontade de fazer as coisas
diferentes.
muitos educadores é um grande impecilho. Porém, um pouco de boa vontade para adaptações
e mudanças por parte dos educadores , espaço para reuniões e discussões de temas e
e problemas próprios desta fase, aumentando e aprimorando o nível de consciência por meio
MATÉRIAS SUGESTÕES
adolescentes.
a que todas as demais disciplinas ditas fixas, como Matemática, Português, História, e outros,
poderiam ser pesquisados pelos alunos , que tivessem temáticas ou algum substrato ligado a
palavras são constituídas de teor erótico, sexual, na sua métrica, na poética, descrições e
narrações.
regionais e culturais da sexualidade constituídas na relação das pessoas têm com o ethos, com
o espaço biodiverso em que elas estão inseridas. A partir daí o professor de História poderia
juntar estas duas informações e mostrar como a sexualidade distingue-se no que diz respeito a
que remetem a função reprodutiva dos órgãos genitais. Destacar a expressão aparelho
reprodutivo masculino e aparelho reprodutivo feminino que ainda é muito encontrado nos
livros didáticos. Em que na verdade devem ser chamados de aparelhos sexuais , pois, além de
sexo, pode ser trabalhada as formas poligonais que o corpo apresenta destacado na
Matemática. A Física poderia tratar de como o corpo humano sofre com a gravidade terrestre
Deste modo, o corpo docente sob uma direção eficaz, poderá sempre produzir um
plano político pedagógico para a escola que não somente trate da sexualidade sob os aspectos
aspectos éticos e morais que devem fazer parte da grade curricular. Assim, não se pode falar
de sexualidade sem que se tenha em mente que este aspecto está devidamente ligado a outros
possibilitando que este estabeleça ligações entre os aspectos mais particulares e gerais da
(Márcia Kupstas)
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE: Um novo Olhar sem Mitos e Preconceitos 79
questão, logo a utilização de dinâmicas e atividades práticas visam tornar mais simples e até
mesmo divertida a reflexão sobre temas como : primeira relação sexual, doenças sexualmente
contraceptivos, sexo e sexualidade em que estes ainda são temas abordados e envolvidos a
definido, os objetivos que se quer atingir e assim determinar a atividade a seguir para sua
Vale ressaltar, que ao utilizar uma dinâmica o educador deverá ter claro que elementos
irão motivar a discussão e por isso, saber onde se quer chegar com o seu uso, assim,
internalizando-os como algo valioso que os auxiliarão em sua vida social e sexual.
• DINÂMICA 1: O SEMÁFORO
MATERIAL: sala ampla, papel sulfite, pincel atômico, 03 círculos de papel cartão nas cores
DESENVOLVIMENTO:
1- O facilitador fornecerá folhas de papel sulfite e pincel atômico para cada participante.
3- Em cada tira de papel , será escrita uma palavra que corresponda a um tema de
interesse próprio sobre sexualidade, pode-se também escrever uma pergunta , no caso
3- O facilitador pedirá aos jovens que passem pelos círculos e leiam os temas escolhidos.
¾ Sobre qual dos temas citados é mais difícil falar e por que ?
adolescentes.
MATERIAL: Caneta ou lápis, 6 cartões escritos com o nome dos métodos contraceptivos
mais conhecidos .
DESENVOLVIMENTO:
Coloque no chão do centro da sala os seis cartões dos métodos contraceptivos e peça
próximo ao método de seu interesse. Os grupos serão formados a partir dessa escolha.
Recolha os métodos que não forem escolhidos e guarde para retomar o assunto no
final.Entregue para cada grupo, um ficha na qual deverão ser anotadas as vantagens do
DESENVOLVIMENTO:
1-Peça para os alunos formarem um círculo e a bola vai começa a ser jogada e quem
recebe-la deve dizer algum tema e jogar para outra pessoa.Quando as palavras ficarem
repetitivas , divida a turma em duas , com integrantes de ambos os sexos nos dois grupos.Faça
ao 1º grupo a pergunta referente ao aparelho sexual desenhado, o grupo terá 1 minuto para
responder , se acertar , anda as casas determinadas na carta com o grão de feijão.Se errar , fica
pergunta passa para o outro grupo.Quem chegar primeiro ao final do vence o jogo.
sociedade.
DESENVOLVIMENTO:
sexo feminino
2- Solicitar aos 03 grupos do sexo masculino que discutam nos seus subgrupos os
seguintes pontos:
3- Solicitar aos 03 grupos do sexo feminino que discutam nos seus subgrupos os
seguintes pontos:
4- Após a discussão, os grupos deverão preparar uma lista com as referidas vantagens e
• DINÂMICA 5 : EMPATIA
OBJETIVO: Refletir sobre os sentimentos de uma pessoa que se descobre portadora do vírus
HIV
participante e música.
DESENVOLVIMENTO:
1- Solicitar para cada participante escrever em cada um dos papéis que recebeu o nome:
¾ De um sentimento importante
2- O orientador deverá pedir aos participantes que imaginem estar passando por uma
situação difícil em que sintam perdendo alguns valores.Por isso deverão escolher um
dos papeis para descartar, que será jogado no meio do círculo em seguida , os
descartados.
portador de HIV.
DESENVOLVIMENTO:
1- Colocar o presente dentro de uma caixa menor e em seguida inserir dentro de outra
caixas
2- Solicitar aos participantes a fazerem um grande círculo e logo poderá ser explicado o
jogo
3- O orientador entregará a caixa a um dos participantes que deverá passar para o colega
4- Quando a música parar quem estiver com a caixa deverá abri-la, e retirar a primeira
DESENVOLVIMENTO:
grupo está em um barco em alto-mar.O barco bateu nas pedrase pode afundar a
qualquer momento.Logo, vem um barco salva vidas que tem capacidade de transportar
todas as pessoas menos uma, por isso , cada grupo vai excluir um membro baseados
CONSIDERAÇÕES FINAIS
mitos e preconceitos que envolve este assunto, pois percebe-se que apesar do tema sexo ser
muito enfatizado na sociedade ainda hoje perpetuam conceito deturpados e errôneos que
prejudicando seu desenvolvimento total, uma vez que certamente, o seu cotidiano será repleto
de incertezas e frustrações diante da realidade e o mais é que dessa forma o sexo fica
Logo, de nada adianta tratar o assunto, tentar um diálogo “aberto” se ainda em nossa
esteriótipo preconceituosos.
humanas e que tem grande importância no desenvolvimento e na vida psíquica das pessoas,
necessidade fundamental do ser humano. Neste sentido a sexualidade é entendida como algo
inerente a pessoa e que se manifesta desde o momento do nascimento até a morte, de formas
forma natural modificando e despertando muita curiosidade e isto nos leva a refletir a respeito
da responsabilidade que o educando tem para com os jovens, já que a maioria recebe pouca
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE: Um novo Olhar sem Mitos e Preconceitos 87
ou nenhuma informação em casa e quando querem tirar suas dúvidas conversam com os
gigantismo, já não é preciso saber ler, pensar e refletir, basta ver e isso é por excelência
alienante, pois nos faz deslizar da condição de seres pensantes e meros espectadores da
auxiliar no processo educativo como estratégia para o educando discenir o que tem de
reflexiva.
Considera-se que a escola tem um papel fundamental, pois constitui um espaço onde
sexualidade.
comportamentos sexuais.
Ao nosso ver cabe ao educador refletir a respeito da responsabilidade que teve ter
como orientador sexual, pois o tema é desafiante, e nos impulsiona rever nossas posturas,
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE: Um novo Olhar sem Mitos e Preconceitos 88
poder proporcionar uma educação voltada para a conquista permanente da vida humana. E
esta só poderá ser vivida plenamente pelo educando se este estiver sensibilizado para a
Acredita-se que para falar de questões sociais na escola é preciso compreender o ser
humano com manifestações psicoafetivas, individuais, que transcendem sua base biológica
(sexo) e que cuja expressão é normatizada pelos valores sociais vigentes, por isso a orientação
que possam se expressar para subsidiar o exercício com respeito as diferenças expressas por
É notório que há na educação, mas acredita-se que para ser verdadeira, esta deverá ser
uma educação dinâmica, isto é, pensada e praticada de acordo com o desenrolar de um tempo
redescobrindo como um espaço público que não sendo o único agente possível de mudanças,
é um dentre outros onde a transformação pode ser pensada. E é neste contexto que a
Compreende-se que tanto a escola quanto a sociedade não podem deixar que os
A sociedade tem convívio com uma conspiração de silêncio, como herança de uma
cultura que iguala o sexo ao pecado, a vergonha e a culpa, pois se assim o permitirmos, os
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adolescentes chegarão ao poder sexual sem estarem preparados para isto, contrariando o
princípio de que nenhum poder deverá ser exercido sem responsabilidade e compreensão.
necessário que se estabeleça uma relação de confiança entre alunos e professores. Porém para
isso ocorrer, o professor deve mostrar-se disponível para conversar a respeito das questões
apresentadas e não emitir juízo de valor sobre as colocações feitas pelos alunos, respondendo
fundamental para que os valores básicos propostos possam ser reconhecidos e legitimados de
deve ser uma busca constante do homem, sendo sujeito de sua própria educação.
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE: Um novo Olhar sem Mitos e Preconceitos 90
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