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Instituto de Geociências
Curso: Geografia
Professora: Mônica Cox de Britto Pereira
NITERÓI
2010
INTRODUÇÃO
O PARQUE
A região é protegida desde 1974, quando foi criado o Parque Estadual da Pedra Branca,
com o objetivo de se preservar a Mata Atlântica, os mananciais que abastecem a região – como as
represas do Camorim e do Pau da Fome -, construções e ruínas de grande interesse histórico, como
um antigo aqueduto e sedes de fazendas coloniais. Na área do Parque e áreas vizinhas existem,
ainda hoje, importantes exemplares do patrimônio arquitetônico que relembram a história da
região. Destacam-se A Capela de São Gonçalo do Amarante, construída por Gonçalo Correia de
Sá em 1625 na localidade do Camorim; A Igreja de Nossa Senhora de Montserrat, de 1776,
edificada pelos Monges Beneditinos em Vargem Grande e a Igreja Nossa Senhora da Conceição e
São Boaventura, construída por volta de 1730 pelo dono do engenho do Rio Grande, onde hoje é
conhecido como Largo da Capela.
Possui cerca de 12.500 hectares de área coberta por vegetação típica da floresta Atlântica e
guarda o ponto mais alto da cidade do Rio de Janeiro, o pico da Pedra Branca, com 1024m de
altitude. Apesar de ser um local protegido, o maciço sofreu com invasões, poluição, erosão e
outras conseqüências da falta de atenção com a região, detentora de importantes recurso hídricos.
Este quadro começou a se modificar em 1988, quando autoridades municipais se mobilizaram para
criar a Área de Proteção Ambiental (APA) da Pedra Branca.
Atualmente, o parque possui três centros para visitação, passeios e apresentações guiadas
ao local. Guias florestais acompanham grupos interessados em caminhadas pela região
diariamente. O parque ainda oferece cursos sobre temas ligados à conservação ambiental.
A pesar dos cerca de 35 anos de criação, ainda não possui Plano de Manejo. Todavia, o site
oficial do PEPB possui a relação de seus componentes e características naturais como Relevo,
Formação do Solo, Clima, Pluviosidade, Rede hidrográfica e Recursos Bióticos.
Clima e Pluviosidade
Aw: temperatura elevada com chuva no verão e outono. Temperatura sempre maior que
20°C. Predominante nas áreas de baixadas, apresenta distribuição bastante irregular de chuvas,
com estação seca concentrada no inverno, sofrendo clara influência das frentes frias provenientes
do sul do continente.
Af: temperatura elevada sem estação seca. Temperaturas sempre maiores que 20°C.
Maior ocorrência nas encostas, apresenta melhor distribuição de chuvas, principalmente nas áreas
próximas ao mar. As encostas opostas a estas são mais quentes e menos úmidas.
Cfa: temperatura moderada com chuvas bem distribuídas e verão quente. Nos meses de
inverno há ocorrência de geadas sendo a média de temperatura neste período inferior a 16°C. No
mês mais quente as máximas são maiores que 30°C. Clima tropical de altitude, ocorrendo nas
altitudes maiores, acima da cota de 500m.
A temperatura média anual é alta, acima de 22º C, no verão varia de 30º C a 32º C,
atingindo valores absolutos próximos dos 40º C. Em locais de mata fechada, a temperatura
permanece na faixa de 25º C em dias quentes. O Inverno é ameno com médias acima de 18º C,
mas nos pontos mais altos a temperatura pode beirar os 10º C.
A pluviosidade varia de 1500 a 2500 mm, sendo os períodos mais chuvosos no verão e os
mais secos no inverno. A variação microclimática é resultante da proximidade do mar, além da
influência de núcleos urbanos em direção às encostas e do abusivo processo de desmatamento.
Rede hidrográfica
O maciço da Pedra Branca possui uma importante rede hidrográfica, já que parte dela
contribui para o abastecimento de água da região circunvizinha, destacando-se as represas do Pau
da Fome e do Camorim (século XIX), das Taxas e do Engenho Novo. Nesta área situam-se os
principais divisores das grandes bacias do município do Rio de Janeiro, são 8 bacias principais e
53 microbacias. Pode-se desta forma identificar as três grandes bacias que dividem o maciço em
suas vertentes norte (Baía de Guanabara), leste (Lagoas Costeiras) e oeste (Baía de Sepetiba). As
divisões da rede hidrográfica apresentam-se segundo diferentes serras que constituem o maciço. A
Serra do Quilombo, por exemplo, separa a bacia do rio Camorim (que deságua na Lagoa de
Jacarepaguá); dos rios Grande e Engenho Novo (que deságuam na baixada de Jacarepaguá); dos
rios Paineiras, Morto e Taxas (deságuam na baixada de Guaratiba). A Serra do Barata serve como
divisor das bacias dos rios Piraquara e Pequeno. As demais serras não apresentam rios de grande
significância. Concluindo, podemos dizer que o Maciço da Pedra Branca é o único divisor de
águas que contribui para as três macrobacias da cidade (Baía de Guanabara, Baía de Sepetiba e
Lagoas Costeiras).
A Represa do Pau da Fome, está situada a 130 metros de altitude, conduzindo o manancial
das águas do rio Grande, e juntamente com os açudes do rio da Padaria e do rio da Figueira que
vêm da serra do Quilombo, tem suas águas represadas para abastecer os habitantes desta bacia
hidrográfica até a Taquara.
Recursos Bióticos
Flora
Fauna
Que abriga grande variedade de espécies de animais que encontram habitat propício ao seu
desenvolvimento e reprodução na densa Floresta Atlântica. A sobrevivência destas espécies
encontra-se seriamente ameaçada pela intensa destruição deste tipo de formação florestal. Um
inventário da fauna indicou que existem pelo menos 220 espécies de aves, 38 de répteis, 12 de
anfíbios e 79 de mamíferos, além de espécies de peixes e invertebrados. Veremos abaixo algumas
destas espécies.
LEIS REGULAMENTADORAS
O processo de criação desta Unidade foi iniciado em abril de 1963, pelo Decreto nº 1.634,
que declarou sua área de utilidade pública para fins de desapropriação. Somente em 1974,
contudo, após longa fase de estudos, o Parque Estadual da Pedra Branca foi criado, por meio da
Lei Estadual nº 2.377, de 28 de junho de 1974, cujos limites englobam, inclusive, as diversas
Florestas Protetoras da União, ali existentes.
Em 1988, o Município do Rio de Janeiro criou pela Lei Municipal nº 1.206, a Área de
Proteção Ambiental (APA) da Pedra Branca, acima da cota 300 metros. As autoridades municipais
resolveram transformar a área do parque em APA, para assim combater a erosão, a poluição, as
invasões, a devastação da mata e o crescente processo de favelização da área que circunda o
maciço.
A ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA.
Apesar de o Estado, não haver dados exatos sobre o percentual de ocupantes por áreas,
estima-se que no Maciço da Pedra Branca, já existam cerca de 10.000 mil moradores, ocupando
propriedades, tanto de encostas e fundo dos vales, quanto em seu interior em confronto com
remanescentes de florestas. A zona oeste é a região do município do Rio, que mais sofreu com o
processo de ocupações nos últimos anos.
O que acontece é que o Parque Estadual da Pedra Branca foi criado em uma região que não
estava vazia. Como vimos acima, nas páginas anteriores, um dos motivos para o qual o Parque foi
criado era o combate de invasores, provocadores de devastação. No entanto, no interior do PEPB
a ocupação existente é datada desde os fins do século XIX, isso se os moradores não forem
descendentes dos donos das antigas construções preservadas no Parque, datadas nos séculos XVII
e XVIII.
A ocupação no Maciço da Pedra Branca, é considerada heterogênea, apresentando quatro
grupos distintos:
Os proprietários de terras e/ou lotes rurais -ocupantes descendentes e/ou herdeiros
de terras, considerados tradicionais que correspondem a cerca de 40% das ocupações que lá estão
há mais de duas ou três gerações, sendo de origem açoriana e portuguesa.
Os posseiros - com cerca de 30% dos ocupantes, que fixaram moradias de uso
residencial-rural, em busca de atividades econômicas antes de 1974.
Os arrendários - com cerca de 20% dos ocupantes, que utilizam propriedades e/ou
estabelecem moradias em posses, ainda com algum tipo de atividades econômicas em sistema de
arrendamento.
Os invasores - com cerca de 10% dos ocupantes, distribuídos em encostas e que
desenvolveram, posterior a criação do Parque (lei 2.377 de 28/06/74) ocupações desde baixo a alto
padrão construtivo. Pôr fim observa-se especulações de terras e o crescimento de ocupações
veranistas (segunda residência) que evoluem em regiões valorizadas do ponto de vista urbano.
Podemos perceber que a generalização “invasores” é descabida, uma vez que a ocupação já
era um fato consumado de comunidades nativas, tradicionais e uma outra parcela que chegara
ainda antes mesmo da data da criação do Parque.
LIMITAÇÕES E INTERDIÇÕES
Alguns dos agricultores que ali haviam se estabelecido com suas culturas, permaneceram
tiveram que adaptar sua produção às restrições impostas pelos órgãos ambientais responsáveis
pela administração do PEPB, tais como a proibição de roçar os terrenos, de fazer queimada, de
expandir as áreas cultivadas, de fazer melhoria nos caminhos ou utilizar meios de transporte mais
modernos. Toda a produção de banana e caqui do maciço da Pedra Branca é transportada ainda
hoje pelos burros que sobem e descem os caminhos íngremes do maciço. Tais restrições tornam a
agricultura no maciço bastante árdua e limitam as possibilidades de expansão da produção ou
introdução de novos cultivos.
Segundo informações dos próprios agricultores, algumas casas que não chegaram a possuir
rede elétrica e sistema de água e esgoto até antes da data de criação do Parque, continuam a não
obtê-las até os dias de hoje, apesar de já terem procurado as autoridades competentes.
Com tantas dificuldades, e sem financiamento por parte do governo, os filhos dos
agricultores, procuram outras formas de ganhar a vida, outras atividades, tornando cada vez mais
difícil a perpetuação das tradições de modo de vida e manejo da terra, além de enfraquecer a
população agrícola familiar com o êxodo de seus descendentes.
O ACESSO A TERRA
A população tradicional do que compreende o PEPB, é formada por agricultores familiares
que plantam alguns legumes e hortaliças para a sua própria subsistência, vendendo o excedente em
feiras do Rio da Prata. Por serem tolhidos de roçar e fazer uso de técnicas que possam “agredir os
componentes do parque”, como podas, limpeza de ervas daninhas, práticas necessárias para uma
melhor produção, agricultores como o “Seu Tião”, fazem constantemente mudas de caquizeiros
para que o número de árvores lhes ofereça uma maior produção, além de optar pela produção de
plantas ornamentais, utilizando-se de mudas e o uso de estufas.
A ASSOCIAÇÃO E SEU PAPEL
No período de março de 2001 a dezembro de 2003, uma parcela desses agricultores do Rio
da Prata, aderiu ao projeto desenvolvido pelo engenheiro agrônomo Ronaldo Salek - financiado
pelas ONG Rockfeller e repassado e administrado pela ONG Roda Viva – de agricultura orgânica.
Tudo começou com um curso de monitoramento da qualidade da água, que contava com a
participação de 75 alunos tendo 1ano e meio de duração. Mais tarde, houve a realização do curso
de agricultura orgânica que atraiu os agricultores do Rio da Prata. O aprendizado técnico -
cientifico, institucional e a vivência de experiências possibilitou a construção da identidade do
agricultor orgânico em oposição aos demais agricultores convencionais. É curioso, contudo, que
na prática são poucas as diferenças entre ambos, uma vez que a cultura da banana e do caqui exige
muito pouco manejo, utilização de insumos, irrigação ou agrotóxicos.
Forma-se então a Associação dos Produtores Orgânicos da Pedra Branca à partir da união
de 19 agricultores e contam atualmente com 23 membros. Estes, já faziam parte da Associação dos
agricultores do Rio da Prata (AGROPRATA), criada no ano 2000.
Apesar de todas as dificuldades, a população está muito bem organizada quando o assunto
é comunicação. Possuem alguns blogs com o papel de difundir as atividades e eventos que são
realizados. Para ganharem força, no processo de interação do projeto, os agricultores de diferentes
localidades do maciço passaram estabelecer entre si redes de comunicação, os agricultores
criaram as comunidades de Vargem Grande, Pau-da-Fome e Rio da Prata e um representante de
cada uma foi escolhido pra participar da Conferência Estadual do Meio Ambiente, sim como as
três associações de agricultores buscaram representação no conselho consultivo do Parque.
Sob outra perspectiva, O IEF, órgão estadual responsável pela administração do PEPB,
recentemente transformado em INEA, aos poucos se tornou a face mais visível do Estado para os
pequenos produtores do Parque, através da intermediação com outros órgãos públicos, tanto para a
concessão ou não de reivindicações de seus moradores, quanto para a realização de projetos. É,
portanto, através de um poder tutelar (SOUZA LIMA, 1995) que o Estado representado pelo
INEA, de forma crescente tem regulado as relações dos pequenos produtores com as demais
instituições públicas e do terceiro setor.
O CONSELHO
Em 1990, foi criado pelo Projeto de Lei 2.892/92 o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza, o SNUC que em seu artigo 5º, estabelece que o sistema de diretrizes das
UC’s tenha a participação efetiva das comunidades locais no que compreende a sua criação,
implantação e gestão. A atuação da sociedade se daria de duas formas: Por uma consulta pública,
para que a UC fosse criada e através dos conselhos gestores das UC’s. Assim sendo, o Conselho
consultivo do PEPB é formado por 42 instituições e organizações governamentais e não
governamentais (dentre elas a AGROPRATA) e conta com 80 membros.
PERSPECTIVAS E CONQUISTAS
Conquistas:
-Ações conjuntas - a adoção de trabalho em mutirão para manejo dos bananais, elaboração
de caldas orgânicas e compostagem são soluções para a falta de mão-de-obra, além de
fortalecerem os vínculos entre os componentes do grupo.
- Mulheres na orgânica - várias agricultoras estão desidratando banana e caqui, agregando
valor ao que produzem.
O GOVERNO
Veremos alguns dos Projetos dos quais a AAOPB participa e/ou é idealizadora.
O projeto, que começou em 2006 e tem duração de seis anos, conta com a participação de
três associações de agricultores e tem como público alvo 150 produtores da região das três
associações vinculadas ao projeto: Associação dos Lavradores e Criadores de Jacarepaguá
(ALCRI-JPA), Associação dos Produtores Orgânicos da Pedra Branca (APOPB), e Associação
dos Agricultores Orgânicos de Vargem Grande (AGROVARGEM). Este ano, os trabalhadores
passarão pela etapa de aprimoramento técnico e capacitação na área de produção agroecológica,
beneficiamento e comercialização de plantas medicinais. Atualmente, o projeto se encontra na fase
de monitoramento de uma área para o cultivo e a comercialização, através da cooperativa local, de
plantas medicinais baseadas nas espécies nativas. Durante dois anos, os agricultores contarão com
auxílio para fortalecer a produção local. Além disso, será criada uma Farmácia Viva, que
funcionará como pólo para as demais farmácias da região.
Ainda não fora executado, estando ainda em fase de planejamento. Caso efetivado, o
Centro terá como o objetivo a prática de oficinas profissionalizantes e a propagação das
tradições da comunidade.
CONCLUSÃO: O MITO DA NATUREZA INTOCADA
Sites:
http://www.trilhaserumos.com.br
http://diariodorio.com/lugares-do-rio-que-quase-ningum-conhece-parque-estadual-da-pedra-
branca/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_Estadual_da_Pedra_Branca
http://www.parquepedrabranca.com
http://www.mapavivo.com.br
http://www.suapesquisa.com/cidadesbrasileiras/cidade_rio_de_janeiro.htm
http://www.alegrai-vos.com/exibe_agenda_detalhes.asp?id=380
http://www.inea.rj.gov.br/unidades/pqpedra_branca.asp
http://www.jornaldasvargens.com.br
http://agroprata.blogspot.com
Frente da Associação No
interior da associação
Estufa
PROFITO Farmácia Viva.
Sítio onde se planeja a implantação Notificação de nossa visita,
do Centro Cultural no blog da AGROPRATA