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Rio de Janeiro
2009
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FICHA CATALOGRÁFICA
Palavras-chave:
1. História da Ciência
2. Filosofia da Ciência
3. Ciência Moderna
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Agradecimentos
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Resumo
Palavras-chave:
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Índice
Introdução ________________________________________p.7
Conclusão _________________________________________p.62
Bibliografia ________________________________________p.64
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INTRODUÇÃO
1
BEN-DAVID, Joseph. Introdução, in: Sociologia da Ciência. Editora da Fundação Getúlio
Vargas. Rio de Janeiro, 1975.
Destaca-se a obra de BERNAL, J.D, Ciência na História. Esta obra será bastante discutida
posteriormente. Além de Bernal, inclui-se aqui também HESSEN, Boris, Las raíces
socioeconomicas de la mecanica de Newton.
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3
BERNAL, J.D. Ciência na História. Livros Horizonte. Lisboa, 1965, p.1330-1332.
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Ver SHAPIN, Steven. Discipline and bounding: The history and sociology of science as seen
through the externalism-internalism debate. In: Science History Publications. 1992.
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Para um debate acerca do conceito de ciência ver: HENRY, John. A revolução científica e as
origens da ciência moderna. Jorge Zahar Editor. Rio de Janeiro. 1998.
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Il fenomeno ´scienza´, se esaminato dal punto de vista storico, non può certo essere
descritto solo en termini di teorie o statuti di cerificazione e falsificazione: la scienza
moderna si presenta infatti come um fenomeno economico, politico, instituzionale,
etico e sociale di notevole complessità. 6
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Desde hacía tiempo se había dado cuenta de que para que las observaciones
pudieran ser correctamente interpretadas exigían unas hipótesis que alteraban todas
las ideas que se tenían acerca del orden de los movimientos y de las esferas; ideas
que hasta aquel entonces se habían discutido, tenido como válidas, aceptadas e
creídas como verdaderas; las hipótesis mencionadas contradecían a nuestros
sentidos. 9
Desta maneira, Copérnico não foi levado a sério nos anos iniciais da
publicação da sua obra, pois ele ia de encontro à respeitada teoria aristotélica
em relação à astronomia. Copérnico partia de uma imaginação a priori para
depois construir um raciocínio em cima dela. Segundo o próprio autor, ele não
possuía meios de comprovar suas teorias:
9
VERNET, Juan. Astrología y astronomía en el renacimiento. El acantillado. Madrid. 2000,
p.49.
10
COPÉRNICO, Nicolau. A Revolução dos Orbes celestes. Fundação Calouste Gulbenkian.
Lisboa. 1984, p.1.
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do Sol, conseguindo assim ampliar o prestígio desta teoria, que passou a ser
mais respeitada entre os cientistas.
Por sua vez, Johannes Kepler negou o movimento circular dos corpos
celestes advogado por Copérnico, substituindo-o por formas elípticas, que
segundo ele, explicavam de maneira mais satisfatória o movimento geral das
orbes. Matemático exemplar, Kepler foi discípulo de Tycho Brahe, que criou um
sistema de mundo no qual a Terra estava fixa no centro do Universo, mas os
planetas e outros astros giravam em torno do Sol, que por sua vez girava em
torno da Terra.
Estes avanços nas teorias astronômicas deram origem a dois problemas
fundamentais que afetariam os sistemas de pensamento mais gerais do
conhecimento científico. Em primeiro lugar estava a questão da finitude do
universo, posição esta que era defendida amplamente na Europa, que acolhia
as idéias aristotélicas a respeito da astronomia.
A invenção do telescópio por Galileu criou sérios problemas para os
filósofos que acreditavam em um mundo finito e ordenado. Afinal de contas, se
a distância entre o Sol e a Terra é bem menor do que a distância entre a Terra
e algumas estrelas, como saber se não existe nada além da esfera das estrelas
fixas? Como saber exatamente se não há uma infinidade de mundos, como
propagou Giordano Bruno? Como falar que algo é infinito, se apenas Deus o
pode ser?
A dissolução do cosmo corresponde à destruição da idéia de um mundo
finito, com estruturas rigidamente ordenadas, onde o céu e a terra são
entidades totalmente distintas. Durante as descobertas astronômicas
modernas, essa idéia se alterará, sob a fusão das leis terrenas e cosmológicas.
Desta maneira, as leis matemáticas também poderiam explicar os
acontecimentos celestes. Segundo Koyré, essa é a mais profunda mudança
realizada pelo espírito humano:
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ROSSI, Paolo. O nascimento da ciência moderna na europa. EDUSC. Bauru, 1991, p.34.
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debate científico moderno, e para comprovar isto basta dar uma pequena
olhada na biografia de alguns filósofos modernos para rapidamente nos darmos
conta de que estas pessoas estavam intimamente ligadas à instituição
eclesiástica e que esta nunca agiu contra o pensamento científico moderno,
nem pode ser representada como obscurantista, mas pelo contrário sempre
contribuiu para o debate e para a discussão de aspectos ligados ao mundo
natural e metafísico.
et al. Science at the Crossroads: Papers from the Second International Congress of the History
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A ciência moderna nasceu fora das universidades, muitas vezes em polêmica com
elas e, no decorrer do século XVII e mais ainda nos dois séculos sucessivos,
transformou-se em uma atividade social organizada capaz de criar as suas próprias
instituições. 14
14
ROSSI, idem, p.10.
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só lia e resumia textos alquimistas, mas dedicou muitas horas da sua vida em
pesquisa do tipo alquimista.” 15
Podemos dizer que a tese continuísta, até certo ponto, constitui uma
negação de algumas tentativas maniqueístas de se fazer história com os olhos
totalmente voltados para o tempo presente, negando veementemente aspectos
inerentes à cultura da época. Negando uma revolução científica na Idade
Moderna, os continuístas têm o mérito de não se deixarem levar por uma visão
que busca reconstruir a ciência moderna como as origens da nossa, posição na
qual se exalta de forma muitas vezes exagerada e inadequada seu caráter
racionalista e cético.
Do outro lado, foram muitos os historiadores que advogaram que de fato
houve uma revolução científica. Tentaremos separá-los em dois grupos, para
facilitar nossa compreensão a respeito das mudanças que o conhecimento
científico trouxe para o mundo moderno, mesmo sabendo que às vezes estes
grupos se interpenetram e concordam entre si.
Em um lado do grupo, colocaremos fundamentalmente os internalistas
(no próximo capítulo falaremos mais sobre eles) Alexandre Koyré e Thomas
Kuhn. Os agruparemos juntos apenas sob a lógica de tornar nossa explicação
mais palatável ao leitor, mesmo sabendo que seus pontos de vista não são
necessariamente idênticos.
Koyré considera Revolução Científica uma mudança essencialmente
filosófica e conceitual no campo teórico do conhecimento. Desta maneira,
Revolução Científica seria apenas uma alteração no padrão epistemológico de
uma época, alterando assim os próprios pressupostos envolvidos na busca do
conhecimento científico.
15
ROSSI, Paolo. O nascimento da ciência moderna na Europa, Editora EDUSC, Bauru, SP,
1991, p.59-61.
16
KOYRÉ, Alexandre. As origens da ciência moderna.. In: Estudos de História do Pensamento
Científico. Editora Forense universitária. Rio de Janeiro, 1991, p.77.
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KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. Editora Perspectiva. São Paulo,
1978, p.126.
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GARIN, Eugenio. Ciência e vida civil no renascimento. UNESP. São Paulo, 1994, p.180.
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“[A filosofia de Galileu] não se tratava da aceitação de uma hipótese astronômica, mas
sim da adesão a uma visão de mundo que concluía uma série de tomadas de
posições ocorridas certamente fora de um terreno rigorosamente científico, e que no
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entanto foram determinantes para o progresso da ciência.”
A uma filosofia que é leitura e comentário de uma verdade captada na sua substancia,
que se esclarece e desenvolve apenas nos seus pormenores, opõe-se uma filosofia
que é procura múltipla, discussão, análise do fazer, pluralidade de concepções do
mundo e da vida, multiplicidade, variação .20
19
GARÍN, Eugenio. Ciência e vida civil no renascimento. UNESP. São Paulo, 1994, p.151.
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A revolução cultural que acompanhara o regresso maciço dos filósofos antigos não
alterava apenas as relações entre as disciplinas, nem incidia apenas nas instituições.
Desenhava uma imagem diferente do teórico, do filósofo, apresentando-o como
aquele que reflete criticamente sobre as suas próprias experiências e que, para além
de teorizar, age. 21
20
GARÍN, Eugenio. O filósofo e o mago, in: O homem barroco. Editora Presença. Lisboa, 1995,
p. 127.
21
Idem, p.133.
22
ROSSI, p.39. 1991.
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A defesa das artes mecânicas contra a acusação de indignidade, bem como a recusa
de fazer coincidir o horizonte da cultura com o horizonte das artes liberais e as
operações práticas com o trabalho servil implicavam na realidade o abandono de uma
imagem milenar de ciência, isto é, implicavam o fim de uma distinção entre o conhecer
o fazer. 23
23
Idem, p.44.
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Pelo menos para Shapin, que em seu artigo de 1992, analisa o interesse da discussão
internalismo/externalismo para a história da ciência, defendendo a tese de que suas questões não foram de
maneira alguma superadas e assim, retoma o debate historicizando o conceito de ciência, considerando-a
como prática cultural e política de um período.
25
Ver SHAPIN, Steven. Discipline and bounding: The history and sociology of science as seen
through the externalism-internalism debate. In:Science History Publications. 1992.
26
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26
SHAPIN, Steven. Social history of truth: Civility and science in seventeenth-century. England.
The University of Chicago Press. Chicago, 1994.
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BEN-DAVID, Joseph. Introdução, in: Sociologia da Ciência. Editora da Fundação Getúlio
Vargas. Rio de Janeiro, 1975, p.8.
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O autor enxerga a ciência como uma entidade que está sempre sendo
“utilizada” por interesses políticos ou sociais. A relação entre ciência e
sociedade é abordada de maneira utilitarista. O conhecimento científico gera
tecnologia e a teoria é criada em função da prática, ou seja, a ciência serve a
interesses que são externos a ela mesma. Desta maneira, o desenvolvimento
do pensamento científico deve ser estudado a partir da sociedade e da política,
pois são estas que ditam e regem o movimento daquela:
O que é importante reter aqui é que a experiência prática comum constitui como que
um magneto de interesse científico e o progresso da ciência pode ser seguido em
termos de campos sucessivos e mutáveis de interesse geral, econômico e técnico. 29
Assim sendo, fica claro que segundo esta concepção a ciência está
sujeita meramente a interesses externos. A ciência aqui deve ser encarada
28
Idem, p.29.
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Idem, p.49.
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como algo que serve a outrem, e não como algo que se move por si só. Já
enfatizamos o caráter político da discussão e a este ponto já deve ter ficado
claro que a ciência segundo a teoria externalista é praticamente uma
cooptação do conhecimento para fins práticos.
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Idem, p.1287.
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HESSEN, Boris, Las raíces socioeconomicas de la mecanica de Newton.???
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Idem, p.40.
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Newton, segundo Hessen, foi o filho mais célebre que a burguesia criou.
Suas teorias contidas no Principia foram determinantes para a consolidação de
uma visão de mundo burguesa, ao mesmo tempo mecânica e teológica, natural
e divina. Sua negação do materialismo e da incredulidade cartesiana eram
fundamentais para a afirmação de um novo saber, ao mesmo tempo racional e
divino. O afastamento entre o conhecimento científico e a teologia só se daria
um século depois, com os iluministas. Ao contrário do que muito se pensa, o
pensamento moderno não rompeu com as crenças mágicas medievais, mas
isto é assunto para mais tarde.
Por ora, basta destacar que Newton foi movido por forças sociais que
estavam muito além dele. Em outras palavras, se não fosse Newton a
desenvolver tais teorias, outra pessoa o faria. A concepção externalista
consiste exatamente em negar veementemente o papel do indivíduo na
elaboração das suas teorias. As forças sociais que agem sobre o indivíduo são
muito maiores do que eles próprios:
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Idem, p.56.
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Idem, p.72.
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Embora a ciência seja concebida aqui como a atividade de um grupo humano, este grupo é tão
efetivamente isolado do mundo exterior que as características de diferentes sociedades, nas
quais os cientistas vivem e trabalham, podem, para certos efeitos, não ser levadas em
consideração. 38
38
BEN-DAVID, 1975, p.17-18.
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1978, p.27.
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Idem, p.128.
45
Idem, p.126.
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Embora o mundo não mude com uma mudança de paradigma, depois dela o
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cientista trabalha em um mundo diferente.
46
Idem, p.157.
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No artigo de 1992, mencionado anteriormente, Shapin reconhece a importância do debate
internalismo/externalismo para a história da ciência.
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Naturally, truth is not “outside of power”; it is not “the reward of free espirits”, or
the child of protracted solitude. Truth is produced and maintained in what
Foucault called “regimes”, each with its “general politics of truth”. 48
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BIAGIOLI, Mario. Galileo Courtier: the practice of science in the culture of absolutism. The
University of Chicago Press. Chicago, 1993, p.2.
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I think it would be useful to suspend for a moment the natural belief that Galileo,
Kepler, and Clavius earned their titles simply because of the quality of their
scientific work, and to consider, instead, that they also gained scientific
credibility because of the titles and patrons they had. 50
50
Idem, p.59.
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46
Although the court was not a scientific academy, it was an institution that
could offer social legitimation which, in turn, could help establish the credibility
of mathematicians-turned-philosophers. 52
51
Idem, p.74.
52
Idem, p.156.
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Power did not existe outside these practices(as their independent cause; rather
it was constituted by them. 53
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REDONDI, Pietro. Galileu herético. Companhia das Letras. São Paulo, 1991, p.368.
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Homilias sobre a I Carta aos Coríntios, 24, 2: PG 61, 200; cf. Didaké, IX, 4: F. X. Funk, I, 22; S.
Cipriano, Epistula LXIII, 13: PL 4, 384.
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56
ADAM, C.; TANNERY, P. Oeuvres de Descartes. Paris, Librairie Philosophique J. Vrin, 1969,
V. 1, p. 271.
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52
Como explicar aos homens católicos do século XVII que hoje não entendemos suas
paixões especulativas e preferimos olhar para outro lugar, porque elas nos
embaraçam, na medida em que somos descendentes de Galileu e, passado tanto
58
tempo, nos tornamos todos, católicos e laicos, modernos carolas científicos.
57
REDONDI, Pietro. Galileu herético. Companhia das Letras. São Paulo, 1991, p.364.
58
Idem, p.368.
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53
Nada es tan dado como um hecho. En el lenguaje cotidiano, tanto como en la filosofia
de la ciencia, la solidez y la permanência de los hechos reside em la ausencia de
53
54
Hay poco que esperar del progreso de la teoria natural, si no es por médio de
aquellos instrumentos que se emplean para ampliar nuestra percepción de las
evidencias sensibles, cuya insuficiência nos impide progresar em la via de la
ciência y nos obliga a imperfectas hipótesis y tímidas conjecturas.60
59
SHAPIN, Steven; SCHAFFER, Simon. El leviathan y la bomba de vacío: Hobbes, Boyle y la
vida experimental. Universidad Nacional de Quilmes Editorial. Buenos Aires, 2005, p.54.
60
Idem, p.71. Glanvill, Scepsis Scientifica, “to the royal society”, pp 54-55.1665.
54
55
Essa literatura buscava chamar outros cientistas e intelectuais para fazer parte
da “comunidade experimental”. Para provar o caráter público destas
sociedades, seus membros realizavam sessões abertas, onde qualquer um
poderia entrar e ver com seus próprios olhos os experimentos sendo
realizados. Segundo esta lógica, para se realizar um experimento bastava
apenas uma pessoa, mas para validá-lo eram necessárias várias, com a
condição que estas fossem qualificadas para cumprir tal missão.
Ningún hombre había de tener el derecho de establecer aquello que contaba cómo
conocimiento. El conocimiento legítimo estava garantizado como objetivo en la medida
que era producido por el colectivo, y acordado voluntariamente por aquellos que
componían el colectivo. 61
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56
Hobbes señaló que todos los experimentos conllevaban con ellos un conjunto
de presuposiciones teóricas involucradas en la construcción y el funcionamento
del aparato y que, tanto en principio como en la práctica, tales presupuestos
podían ser siempre desafiados. 63
El hombre no tenía control sobre los efectos de la naturaleza, pero podía tenerlo en el
establecimiento de las definiciones y acordando nociones inteligibles de causa. 64
63
Idem, p.165.
64
Idem, p.153.
65
Idem, p.216.
56
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Idem, p.459.
58
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Esto[método experimental] debe ser considerado conocimiento, tal como lo veo, que
no inquieta la mente sino que la aquieta. 67
67
Idem, p. 404. Oldenburg a Hobbes, 16 de junio de 1665, correspondencia vol 1, p. 74-75.
68
Idem, p.44.
59
60
Está por supuesto lejos de ser original señalar la íntima e importante relación
entre la forma de vida de la ciencia experimental y las formas políticas de las
sociedades liberales y pluralistas... Otras prácticas intelectuales fueron
condenadas y rechazadas porque fueron juzgadas inapropriadas (peligrosas)
para la organización política que emergió con la restauración. 69
69
Idem, p.463.
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Conclusão
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podemos dar cuenta que somos nosotros mismos, y no la realidad, los responsables
de lo que sabemos. El conocimiento, como el Estado, es el producto de la acción
humana. 70
BIBLIOGRAFIA
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SHAPIN, Steven; SCHAFFER, Simon. El leviathan y la bomba de vacío: Hobbes, Boyle y la
vida experimental. Universidad Nacional de Quilmes Editorial. Buenos Aires, 2005, p.464.
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