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Deficiências representacionais e recomendações na elaboração de material  instrucional para 

mobiliário DIY para situações de emergência 
Representational deficiencies and recommendations for the design of instructional material of DIY 
furniture for emergency situations 
 
Spinillo, Carla Galvão, PhD, Universidade Federal do Paraná; 
Fujita, Patrícia Tiemi Lopes, Bacharelanda, Pontifícia Universidade Católica do Paraná; 
Pitella, Téo Villas Bôas, Bacharelando, Universidade Federal do Paraná; 
 
 
Resumo 
Em situações de calamidade ou emergência causadas por fenômenos naturais ou sociais observa‐se a 
demanda de um mobiliário prático, de baixo custo, de fácil montagem e transporte, para atender às 
necessidades de acomodação nos locais de abrigo da população vitimada. Este artigo discute os 
resultados de um estudo analítico sobre instruções visuais de banquetas e cadeiras automontáveis  
(DIY‐Do It Yourself) que possam vir a atender requisitos de mobiliário emergencial. Recomendações 
para o design de material instrucional destes produtos sob a ótica da ergonomia informacional são 
também propostas.  
 
Palavras‐chave: Instruções visuais, mobiliário de emergência, Do‐It‐Yourself 
 
Abstract 
In emergency situations caused by natural or social fenomena, there is a demand for furniture that 
should be functional, low cost and, easy to assembly and to transport, in order to settling the 
victimized population in improvised shelters. This paper discusses the results of an analytical study of 
visual instructions on DIY branch and chairs, which may fulfill the requirements for emergency 
furniture. Recommendations for the design of instructional material for such products from an 
information ergonomics viewpoint are also proposed. 
 
Key‐words: visual instructions, emergency furniture, Do‐It‐Yourself  
 
 
1. Introdução 
Sob o enfoque da ergonomia informacional, este artigo apresenta os resultados do estudo analítico 
sobre instruções visuais para mobiliário (banqueta) DIY – Do It Yourself, i.e. Faça‐ Você‐ Mesmo, 
destinado a situações de emergência social. 
A realidade brasileira, em se tratando no contexto de desastres, pode ser caracterizada pela 
freqüência dos desastres ambientais cíclicos, tendo com maior periodicidade as inundações, 
deslizamentos de encostas, secas e erosão, tendo cerca de 41% das cidades do país sido atingidas por 
pelo menos um destes (fonte: DEFESA CIVIL). Devido a essas freqüentes situações, o Ministério da 
Integração Nacional instituiu o Sistema Nacional de Defesa Civil que tem como objetivo prestar 
assistência e defesa permanente ao cidadão. Para isto, estabeleceu‐se o Programa de Resposta aos 
Desastres, que visa prestar socorro e assistência de imediato às pessoas atingidas por desastres, 
especialmente em condições de emergência ou estado de calamidade pública, possuindo um 
orçamento de 4.850.000,00 reais (fonte: DEFESA CIVIL). 
Os desastres têm como uma de suas conseqüências, desabrigados que requerem uma maior 
atenção para o suprimento de material emergencial ou de apoio, como: barracas e toldos de lona, 
colchonetes, travesseiros, utensílios de copa e de cozinha. Portanto, situações de emergência 
demandam um mobiliário prático, de baixo custo, de fácil montagem e transporte para atender às 
necessidades de acomodação nos locais de abrigo. Estes podem ser entendidos como requisitos de 
design, os quais se adequam aos princípios de produtos DIY, que permitem o usuário atuar sozinho 
em todas as etapas de montagem do produto, no caso, um mobiliário emergencial. Para atender aos 
requisitos identificados com relação ao mobiliário DIY emergencial, prático e de fácil montagem, em 
situações de calamidade, é essencial a inclusão de informações instrucionais para auxiliar durante a 
montagem e uso do produto. Apesar da ampla utilização de material instrucional e de sua 
importância econômica e social, este ponto tem sido pouco investigado, particularmente do ponto 
de vista da ergonomia informacional. 
 
2. A importância das instruções visuais em produtos DIY  
As instruções visuais desempenham um papel de importância na vida contemporânea, pois 
constituem um sistema de informação sobre a execução de tarefas relacionadas a diversas áreas 
como lazer, segurança, saúde e habitação; ratificando sua importância social. A satisfatória realização 
de uma tarefa relacionada a produtos depende da completude das informações fornecidas no 
material instrucional e da qualidade da apresentação gráfica destas, caso contrário, sérias 
conseqüências podem ocorrer tanto ao usuário quanto ao produto (e.g. WRIGHT, 1999; SPINILLO, 
1999, 2002, FUJITA & SPINILLO 2006). Procedimentos em forma de texto são muito freqüentes em 
material instrucional de produtos, muitas vezes se sobrepondo ao modo pictórico. Entretanto, é 
reconhecida na literatura a importância de imagens na representação de tarefas (NORMAN, 1999; 
PETTERSON, 2001; SPINILLO, 2002; SPINILLO, AZEVEDO & BENEVIDES, 2003; MAIA, 2005), por 
facilitarem a visualização de passos e resultados (output) da tarefa. A representação de instruções 
pictóricas através de ilustrações seqüenciadas é denominada SPP – Seqüência Pictórica de 
Procedimento (SPINILLO, 2000).  
  Aspectos relativos à representação pictórica da mensagem podem influenciar sua 
compreensão, comprometendo a eficácia do material instrucional. Spinillo (2002) esclarece que o 
mau uso de elementos de separação visual entre as ilustrações em seqüências pictóricas; a ausência 
de orientadores de leitura como números ou letras; a disposição confusa dos elementos na 
seqüência; e inconsistência na relação texto e ilustração são fatores que promovem o fracasso de 
material instrucional, especialmente quando produzidos para público não familiarizado com este tipo 
de material. Petterson (2001) por sua vez enfatiza alguns aspectos relativos à representação gráfica 
da mensagem textual e pictórica, como por exemplo, as figuras devem estar o mais próximo possível 
do texto ao qual se referem, e estes estarem corretamente associados no layout da página, 
facilitando o entendimento da correspondência entre a figura e seu texto explicativo. Desta forma, 
para promover a execução correta da tarefa de montagem de produtos DIY é necessário que o 
material instrucional seja graficamente claro, conciso, sem ambigüidades ou incoerências visuais. 
O conceito de produtos DIY se baseia na possibilidade do usuário interagir sozinho em todas as 
etapas de montagem do produto, transporte, uso e desmontagem, ou seja, sem o auxílio de um 
profissional. O produto DIY ideal deveria atender a algumas condições como: permitir o uso por 
usuários de diversas idades, possuir peças simples com mínimo de passos de montagem possível e 
encaixes fáceis e intuitivos (UFPR, 2005). Para atender a estes requisitos para execução adequada 
das tarefas de montagem/utilização do produto DIY, faz‐se necessário a inclusão do design 
instrucional. Este podendo ser aplicado ao próprio produto em sua interface (e.g. texturas, formas, 
cores), sugerindo uma auto‐explicação de sua montagem; ou ainda se dá através de documentação 
informativa. Nesta última são amplamente empregadas instruções visuais para explicitar os 
procedimentos referentes à montagem de produtos através de imagens e/ou textos. Portanto, o 
design de material instrucional é essencial para o sucesso de produtos com conceito DIY, como 
também se constitui um direito do usuário à informação referente ao produto adquirido, sendo 
garantido por legislação  no Código do Consumidor (Lei nº 8.078, de 11/09/1990 dispõe sobre a 
proteção do consumidor, através de normas de proteção e defesa, no Título 1 ‐ Dos Direitos do 
Consumidor, Capítulo IV ‐ Da Qualidade de Produtos e Serviços, da Prevenção e da Reparação dos 
Danos, Seção I ‐ Da Proteção à Saúde e Segurança, Art. 8°, Parágrafo único). 
Considerando a importância e a necessidade de investigação deste tema, este artigo discute 
dados de pesquisa de caráter analítico sobre instruções visuais de banquetas DIY no âmbito da 
ergonomia informacional, apresentando alguns parâmetros para desenvolvimento de banquetas 
automontáveis que possam ser utilizadas como mobiliário emergencial em futuros projetos (pesquisa 
em andamento junto a UFPR). 
 
3. Estudo analítico de banquetas/cadeiras DIY 
O estudo analítico contou com uma amostra de manuais instrucionais de banquetas e cadeiras 
disponíveis no mercado no Brasil e em outros países, tanto em lojas como em sites de venda na 
Internet. Durante o levantamento do material para análise, foram encontrados vários tipos de 
banquetas e cadeiras, porém a grande maioria sem manual instrucional. Como resultado do 
levantamento foram coletados 14 manuais instrucionais, sendo apenas 9 selecionados por conterem 
SPPs – Seqüência Pictórica de Procedimentos.  
 
Metodologia 
O estudo analítico das 9 SPPs, utilizou o modelo estruturado por Spinillo (2000), o qual permite a 
identificação da variáveis gráficas e também a(s) forma(s) em que estas são utilizadas em material 
instrucional para comunicar a mensagem. A identificação de variáveis gráficas que compõe uma SPP 
instrucional, são: apresentação do texto (como o texto é apresentado em relação as ilustrações: 
legenda, texto corrido e rótulo), disposição da seqüência (vertical, horizontal, oblíqua, ramificada e 
circular), orientadores de leitura (auxiliam na ordem de leitura: números e letras), elementos de 
separação visual (espaço, linhas e bordas), elementos simbólicos (convenções usadas para 
representar, por exemplo, uma ação utilizando‐se uma seta), elementos enfáticos (utilizados para 
enfatizar elementos específicos da seqüência: formas, cor, contraste figura‐fundo), estilo de 
ilustração (fotográfico, desenho, esquemático e sombra) e representação da figura (maneira como 
alguma coisa ou alguém será representado em termos de apresentação de figuras completas ou 
incompletas).  
  A análise dos dados foi realizada de forma qualitativa, devido ao número reduzido de 
amostras e aos objetivos do estudo, que prioriza a identificação de diversidade na representação da 
tarefa em relação à incidência quantitativa da mesma. Os números apresentados a seguir servem 
apenas para lustrar possível tendência na amostragem. 
 
4. Resultados e discussão  
De acordo com os resultados da análise da amostra, os manuais instrucionais de banquetas e 
cadeiras DIY apresentam os textos na forma de títulos (N=2) e a maioria em legendas (N=6) 
acompanhando ilustrações no estilo desenho (N=6) e fotografia (N=4), separando‐se por espaços 
(N=6) e bordas (N=6); notando‐se alguns elementos enfáticos como setas (N=7) e bordas (N=3). A 
montagem das cadeiras e banquetas é representada predominantemente de forma completa (N=8), 
apresentando orientação de leitura da seqüência, através de setas (N=1), letras (N=6) e uma grande 
propensão na utilização de números (N=9), apesar de, não apresentar uma tendência clara com 
relação à disposição da seqüência: horizontal (N=7) e vertical (N=6). Das 09 SPPs, 04 apresentam 
disposição horizontal e vertical. 
Nas SPPs analisadas foram detectados problemas na representação gráfica particularmente 
quanto à relação visual entre imagem e texto referente, e disposição da seqüência pictórica. Estes 
problemas podem vir a dificultar a montagem de banquetas, especialmente por público com baixo 
grau de escolaridade e em situação de emergência, onde a eficiência e eficácia das instruções visuais 
devem ser uma prerrogativa.  
A disposição da seqüência em uma das amostras se apresentou de forma desordenada, visto que 
o quarto passo da tarefa se encontrava após o quinto passo (!). O uso de números como orientadores 
de leitura minimizava o impacto negativo desta alternativa na representação gráfica da SPP. O 
posicionamento dos textos‐legendas nesta SPP se dá também de forma confusa em relação às 
imagens, pois não representa claramente à qual imagem corresponde cada uma das legendas. Isto 
confere ambigüidade na relação ilustração‐texto, o que pode vir a afetar o entendimento da 
representação da tarefa pelo leitor. Em outra SPP, observou‐se inconsistência no posicionamento 
dos textos‐legendas, que ora se apresentam abaixo, à esquerda, ou ora à direta da imagem 
referente. Apesar disto talvez não ter implicações na compreensão dos passos, certamente indica 
falta de consistência gráfica no layout da página. A inconsistência e ambigüidade gráficas na relação 
ilustração‐texto na amostragem parece estar relacionada à disposição da seqüência, visto que isto é 
observado nas SPPs (N=4) que apresentam disposição híbrida (vertical e horizontal) das imagens e 
textos.  A combinação horizontal e vertical na disposição de SPPs pode ainda comprometer a 
leiturabilidade da seqüência, pois afeta a ordem ´natural´ de leitura, ou seja, a mesma direção de 
leitura da escrita (no caso, da esquerda para direita, de cima para baixo). Isto pode demandar um 
tempo maior (desnecessário) de leitura da seqüência de imagens e textos, comprometendo a 
eficiência na comunicação da mensagem instrucional.  Outra deficiência encontrada na amostragem 
refere‐se à função de setas. Em algumas SPPs, as mesmas setas são empregadas para representar 
ação/movimento, e para indicar elementos ou partes da ilustração. O emprego de funções simbólica 
e enfática a um mesmo recurso gráfico confere falta de coerência semântica na representação de 
tarefas. Isto pode vir a afetar o entendimento da representação pictórica, dependendo do grau de 
familiaridade do leitor com os recursos gráficos, no caso, o uso de setas. A representação sinóptica 
(uma única imagem) da montagem de banquetas, através de vista explodida das mesmas; e 
perspectivas que levam a proporções distorcidas dos elementos de montagem foram também 
consideradas como recursos limitantes na representação pictórica da tarefa na amostragem. Estas 
alternativas para visualização dos passos requerem um alto repertório imagético do leitor/usuário de 
material instrucional para inferir os significados desejados. Isto, entretanto, pode não ocorrer junto a 
usuários em situação de emergência, onde se faz necessária a pronta interpretação da mensagem 
instrucional.   
 
5. Conclusões 
Os resultados deste estudo, ainda que de forma não generalizada, permitem concluir sobre a 
existência de problemas relacionados à forma de representação de instruções visuais sobre 
montagem de banquetas DIY: (a) inconsistência e ambigüidade gráficas na relação ilustração‐texto; 
(b) disposição híbrida (horizontal e vertical) de sequências pictóricas que pode comprometer sua 
leiturabilidade; e (c) falta de coerência semântica no uso de setas com funções simbólica e enfática.  
Considerando que (a) material instrucional para mobiliário emergencial DIY deve ter como 
requisito básico ser de fácil montagem, permitindo ao usuário atuar sozinho em todas as etapas da 
tarefa; e que (b) em situações de calamidade, as informações instrucionais devem ser claras para 
auxiliar a montagem do produto; pode se dizer que as instruções visuais sobre banquetas e cadeiras 
disponíveis no mercado não atendem a estes requisitos. Portanto,  o material instrucional destes 
produtos não se adequam a situações de emergência, particularmente se voltados para público com 
baixo grau de escolaridade e pouca familiaridade com instruções visuais. 
 
6. Algumas recomendações para mobiliário emergencial DIY 
O ideal do produto DIY, particularmente em situações de calamidade e emergência, é que sua 
montagem seja intuitiva, dispensando instruções visuais. Entretanto, esta não é uma meta fácil de 
ser atingida, sendo as instruções visuais ainda essenciais para o desejado sucesso na execução de 
tarefas relacionadas a produtos de automontagem. No intuito de contribuir para a melhoria do 
design de mobiliário DIY e de suas instruções visuais, no âmbito da ergonomia informacional, são 
sugeridas a seguir algumas recomendações embasadas na literatura e nos resultados deste estudo.  
Sobre o mobiliário DIY 
• ser executável idealmente por uma pessoa 
• não oferecer perigo, fazendo‐se desnecessário uso de advertências 
• ser fácil e simples no design, com poucos elementos ou partes para montagem 
• permitir erros, sem oferecer danos ao produto e usuário,  
• oferecer um bom grau de resistência do material do produto para permitir erros 
• produzir design de encaixes e conexões com singularidade de forma/corte (e.g. positivo‐
negativo, macho/fêmea), para evitar erros nos passos. 
 
Sobre as instruções visuais para mobiliário DIY 
• procurar empregar recursos gráficos de acordo com o repertório e experiência do 
leitor/usuário, promovendo a inferência quanto ao uso e montagem do mobiliário a partir da  
transferência de conhecimento tácito 
• quando possível, incorporar instruções visuais no produto como facilitador da montagem,  
sugerindo conexões, dobragem, etc  
• relacionar o texto à ilustração referente de forma clara e visualmente consistente para evitar 
ambigüidades gráficas 
• arranjar a seqüência de ilustrações e textos em uma única disposição gráfica de maneira a 
evitar disposições híbridas que podem comprometer a leiturabilidade da seqüência pictórica 
• diferenciar a representação/tipos de setas de acordo com sua função enfática ou simbólica, a 
fim de promover sua coerência semântica na representação da tarefa 
• evitar uso de recursos gráficos (e.g. vistas explodidas; perspectivas que levam a proporções 
distorcidas) que demandem repertório sofisticado do leitor, o que pode limitar o perfil do 
público usuário 
• evitar representações sinópticas (uma única imagem) da montagem de banquetas, que 
levem a ampliar possibilidade de interpretações de significados. 
 
  Espera‐se que a discussão, resultados e recomendações aqui apresentados possam contribuir 
no preenchimento da lacuna em estudos de ergonomia informacional sobre material instrucional 
DIY, e em particular para o design de instruções visuais para mobiliário voltado para situação 
emergencial. 
 
Agradecimentos 
Agradecimentos ao CNPq e ao NDS ‐ Núcleo de Design e Sustentabilidade da UFPR pelo apoio ao 
desenvolvimento desta investigação, e a Patrícia Marin Carvalho por sua participação na coleta de 
dados deste estudo, colaborando assim para o corpo de conhecimentos deste artigo. 
 
Referências 
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. Brasília, 1990. Disponível em 
<http://www.mj.gov.br/dpdc/servicos/legislacao/pdf/cdc.pdf>. Acesso: 10 junho de 2006. 

DEFESA CIVIL. Disponível em http://www.defesacivil.gov.br/situacao/index.asp. Acesso em 10 de 
junho de 2006. 
FUJITA, P. T.; SPINILLO, C. G. A apresentação gráfica de bula de medicamentos: um estudo sob a 
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