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Portfolio de Interpretação e
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Produção de Textos II
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Contribuição das noções de língua,texto
e discurso para o ensino de produção e
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leitura de textos.

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9/5/2011

Jeanir P.Gomes –UNIFRAN – Polo Uberaba - MG

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Curso Administração de Empresas -1F

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Quando nos comunicamos lingüisticamente não o fazemos com frases sucessivas, mas
com textos, isto é, proferimos uma seqüência organizada de frases relacionadas num
todo, ou seja, texto é uma unidade se sentido no universo da comunicação humana, tudo
o que falamos ou escrevemos tem um sentido, em uma situação de interação quando
falamos ou escrevemos, sempre estabelecemos contato com outra pessoa, inclusive com
nós mesmos.

Pensar o texto é repensar a vida, tudo o que aconteceu e pode ser pensado, expresso por
meio da língua: fala (ou escrita), música, pintura, etc.

De acordo com (Koch, 2001) conforme a perspectiva teórica que se adote, o mesmo
objeto pode ser concebido de maneiras diferentes. O conceito de “texto” não foge à
regra, ou seja, varia conforme o autor e/ou a orientação teórica adotada.

Desde as origens da Lingüística de Texto até nossos dias, o texto foi visto de diferentes
formas. Em um primeiro momento, foi concebido como: unidade lingüística; sucessão
ou combinação de frases; cadeia de pronomes ininterruptos; complexo de proposições
semânticas.

Já no interior de orientações de natureza pragmática, o texto passou a ser encarado pelas


pistas acionais, como uma seqüência de atos de fala; pelas vertentes cognitivistas, como
fenômeno primariamente psíquico, resultado, portanto, de processos mentais; pelas
orientações que adotam por pressuposto a teoria da atividade verbal, como parte de
atividades mais globais de comunicação, que vão muito além do texto em si, já que este
constitui apenas uma fase deste processo global.

Desta forma, o texto deixa de ser entendido como uma estrutura acabada (produto),
passando a ser abordado no seu próprio processo de planejamento, verbalização e
construção.Normalmente, um texto é bem maior do que uma frase, no entanto, algumas
vezes ele pode coincidir com o tamanho de uma frase (como é o caso de “Essa menina é
um anjo”) e, dependendo das condições, até de uma palavra.

“Como assim?”, você poderá perguntar. “Como é que eu posso saber se uma frase ou
uma palavra é um texto ou não?”

Ainda de acordo com (Koch,1989)” um texto não é simplesmente uma seqüência de


frases isoladas, mas uma unidade lingüística com propriedades estruturais específicas”.

Há uma diferença básica. Uma frase ou uma palavra solta, jogada ao léu, não é um
texto, mas frases e palavras, ditas (ou escritas) por alguém e dirigidas a uma outra
pessoa (e até quando alguém se dirige a si mesmo, como nos “exames de consciência”),
são textos.

Dessa maneira, a porta está aberta ou fogo são apenas frase e palavra quando não as
reconhecemos em uma situação comunicativa “verdadeira”. No entanto, caso “a porta
está aberta” ou “fogo” sejam identificadas como emissões de uma certa pessoa, em uma
certa situação comunicativa, então teremos texto.
Se estiver frio e alguém, dentro de uma sala, diz a outra pessoa “A porta está aberta”,
está comunicando o fato ou pedindo para que a porta seja fechada. Aí temos um texto.
Se as pessoas estão assistindo a um filme e alguém, dentro do cinema, grita “Fogo!”,
para avisar que todos correm perigo, teremos também um texto.

O texto é, portanto, e para relembrar uma unidade de sentido em uma situação de


interação, quando falamos ou escrevemos, sempre estabelecemos contato com outra
pessoa, inclusive com nós mesmos.

Ainda com referência ao texto segundo (Bakhtin, 1988) “Não há possibilidade de

Poderíamos dizer que o texto bem sucedido é um texto consistente e eficaz. E a


consistência e a eficácia do texto são garantidas pela coerência. A coerência é o
elemento que confere a um texto unidade e clareza, qualidades necessárias para a
comunicação.

Segundo (Koch, & Travaglia,1989) a “coerência é uma complexa rede de fatores de


ordem lingüística, cognitiva e interacional”. Para um texto ser coerente é necessária a
utilização adequada da gramática de uma língua, de acordo com as situações em que o
texto ocorre, ou seja, a língua escrita exige cuidados especiais tais como: o
conhecimento de mundo compartilhado por emissor e receptor, o tipo (ou gênero) de
texto, a argumentação, escolha lexical, variante lingüística, intertextualidade.

A coerência tem a ver com o “todo” que o texto é, principalmente se levarmos em conta
que um texto é o produto final da interação de interlocutores (quem diz ou quem escreve
e quem ouve ou lê) e o texto propriamente dito. Isso significa que não há textos, autores
ou leitores coerentes em si mesmos, isto é, a coerência depende dos interlocutores e do
que é comunicado.

É a coerência que faz com que uma seqüência lingüística qualquer seja vista como um
texto, porque é a coerência, através de vários fatores, que permite estabelecer relações
(sintático-gramaticais, semânticas e pragmáticas) entre os elementos da seqüência
(morfemas, palavras, expressões, frases, parágrafos, capítulos, etc), permitindo construí-
la e percebe-la na recepção, como constituindo uma unidade significativa global.
Portanto é a coerência que dá textura e textualidade à seqüência lingüística, entendendo-
se por textura ou textualidade aquilo que converte uma seqüência lingüística em texto.
Assim sendo, podemos dizer que a coerência dá inicio à textualidade. (Koch &
Travaglia, 1989.p.45)

Ao lado da coerência, a coesão corresponde ao emprego de determinados elementos da


língua que garantem a textualidade, ou seja, é responsável pela boa formação de um
texto, tornando-o compreensível . Se pensarmos na língua como um todo formado de
peças, a coesão será o elemento responsável pelo encaixe dessas peças.

É bom lembrarmos que a coerência diz respeito a diversos fatores que, embora
presentes em um texto, também estão fora dele, ou seja, refere-se tanto ao modo como
empregamos a língua, quando falamos ou escrevemos, quanto à necessidade de
considerar as pessoas a quem nos dirigimos, lembrando-nos de que precisamos adequar
nossas comunicações a essas pessoas.
De um modo geral, podemos dizer que os fatores que garantem a coerência atravessam
o texto, mas vêem do exterior, dos cuidados que precisamos tornar para que nossos
textos possam garantir eficácia e surtir efeito. Já a coesão, por sua vez, é interna ao texto
e refere-se a elementos lingüísticos propriamente ditos, utilizados e manifestados no
texto. Há fatores de coerência que estão implícitos no texto, mas os elementos de coesão
encontram-se, sempre, explicitados.

Podemos dizer que a coerência é o resultado das relações estabelecidas entre o emissor,
o receptor e o texto propriamente dito. A coesão por sua vez, embora também esteja
ligada ao todo e às relações autor/texto/receptor, é um fenômeno localizado, explícito,
com marcas lingüísticas evidentes, fáceis de serem apontadas, ou seja, diz respeito à
ligação das partes de um texto, às relações entre seus segmentos.

Podemos afirmar que tanto a coerência como a coesão passam a constituir as duas faces
de uma mesma moeda, isto é, o verso e o reverso desse complexo fenômeno que é o
texto.

Todos os textos que produzimos, orais ou escritos, apresentam um conjunto de


características relativamente estáveis, tenham ou não consciência delas. Essas
características configuram diferentes tipos ou gêneros textuais que podem ser
identificados por três aspectos básicos coexistentes: o assunto, a estrutura e o estilo. A
escolha do gênero não é completamente espontânea, pois leva em conta um conjunto de
parâmetros essenciais, com e quem está falando, para quem está falando, qual é a sua
finalidade e qual é o assunto do texto.

Por exemplo, ao desejarmos contar como ocorreu um conjunto de fatos, reais ou


fictícios, fazemos uso de um texto narrativo; para instruirmos alguém sobre como fazer
um bolo, montar uma mesa, jogar certo tipo de jogo, etc, fazemos uso de um texto
instrucional; para convencer alguém de nossas idéias, fazemos uso de textos
argumentativos e assim por diante.

1.1 Gêneros Textuais

Os gêneros são (...) formas relativamente estáveis dos enunciados, determinados


histórica e culturalmente. Isto é, toda vez que produz um texto com determinadas
intenções comunicativas, o falante está se utilizando de um gênero do discurso, mesmo
que não tenha consciência disso. Os gêneros dos discursos são como as famílias de
textos que possuem características comuns como, por exemplo: certas restrições de
natureza temática, composicional e estilística. O fato de estar num determinado suporte
(no outdoor ou no livro como no exemplo acima), ter uma dada extensão, um certo grau
de formalidade/informalidade, faz com que um texto se diferencie de outro. Uma
resenha escrita em um jornal, com o objetivo de divulgar um novo livro de literatura,
será um gênero discursivo diferente de uma resenha sobre o mesmo livro, escrita por um
acadêmico como um trabalho a ser apresentado em um congresso de literatura.
(CAFIERO, et. Al, 1999. p. 6,7)

Tipo ou gênero textual é o nome dado às formas mais ou menos estáveis com que as
pessoas podem se comunicar e interagir. Apesar de irem se alterando com o passar do
tempo, essas formas encontram relativa fixação que permite aos homens estabelecerem
seus contatos.

A palavra gênero sempre foi bastante utilizada pela retórica e pela literatura com um
sentido especificamente literário, identificando os gêneros clássicos: o lírico, o épico, o
dramático; e os gêneros modernos da literatura, como o romance, a novela, o conto, o
drama, etc.

No dia-a-dia, desde que nos levantamos, nós nos comunicamos por meio dessas formas,
desses “tipos ou gêneros”. Podemos dar-lhes nomes: cumprimento (“Bom dia”, “Olá,
Dona Maria”), pergunta (“Não dormiu bem? Por que essa cara azeda?”), ordem (“Vá
lavar essa cara para vir tomar café!”) e assim por diante. Esses exemplos fazem parte
dos gêneros falados.

Os textos escritos são mais complexos: carta, receita, bula, notícia esportiva, horóscopo,
conto, novela, romance, crônica, resenha, monografia etc. Os tipos não têm fim.
Aparecem e podem desaparecer, mudar. Até a metade do século XX a televisão estava
apenas se iniciando. As telenovelas, como gênero, apareceram mais tarde.

Os recados nas secretárias eletrônicas são um bom exemplo dos gêneros mais novos. As
cartas enviadas pelo correio foram bastante desativadas. As conversas telefônicas
substituíram muitas cartas enviadas pelo correio. Os e-mails eletrônicos (correio via
Internet) estão substituindo ainda mais o papel, o envelope e o selo.

Dois grandes “gêneros” textuais parecem ser básicos em originar todos os outros, que
seriam “partes” ou combinações deles: a narração e dissertação.

As narrações e dissertações apresentam “movimentos” que pretendem mostrar ou


efetuar transformações, mudanças. Um herói derrota um monstro, alguém convence
alguém a mudar hábitos ou acreditar em algo.

Nas descrições, esses “movimentos” sofrem um tipo de “congelamento”. É como se


usássemos o botão “pause” do controle remoto do videocassete. A cena é imobilizada e
é como se pudéssemos olhar para os detalhes relacionados entre si, em um só instante,
em um mesmo momento.

A coerência textual depende da utilização adequada de um gênero ou da combinação de


alguns deles. Não há textos apenas narrativos, apenas dissertativos ou apenas
descritivos. Normalmente, o que há é a combinação deles, dependendo da situação
comunicativa. O que acontece é que um desses gêneros, muitas vezes, se sobressai em
relação aos outros.

Os conhecimentos que os seres humanos possuem, sua identidade, seus relacionamentos


sociais e sua própria vida são em grande parte determinados pelos gêneros textuais a
que estão expostos, que produzem e consomem. Pode-se mesmo afirmar que a própria
cultura de um país, como um todo é caracterizada pelo conjunto dos gêneros textuais
produzidos e utilizados pelos seus cidadãos.
O ensino de Língua Portuguesa, amplia, diversifica e enriquece a capacidade de se
produzir textos orais e escritos, também aprimora a capacidade de recepção, isto é, de
leitura, audição, compreensão e interpretação de textos.

1.2 Variação Linguística

A linguagem verbal não é só um instrumento utilizado para a comunicação ou


veiculação de informações, mas principalmente, uma forma de mostrarmos socialmente
aquilo que pensamos que somos, aquilo que entendemos do mundo, aquilo que
gostaríamos que os outros enxergassem em nós. Ao mesmo tempo, vemos os outros de
acordo com nossa perspectiva de mundo, aquela que introjetamos ao longo da vida.

Quando falamos e escrevemos, desejamos exercer uma influência sobre um outro que
nos escuta e lê; entretanto, esse outro também tem seus modos de pensar, ver, sentir e
compreender a realidade, e com certeza vai situar nossa fala e escrita no projeto que ele
tem de vida. A língua é a mediadora, a corda, mas o jogo do estica-estica está na
linguagem.

O falar/calar está intimamente relacionado à história das hierarquias sociais e se


reproduz de várias formas nas situações comunicativas. Alguns soltam a corda antes de
o jogo começar. Em outros casos, a relação entre os falantes é mais sutil. Em situações
de fala o choque de idéias é uma constante, ou seja, o interlocutor espera que eu fale
bem sobre o assunto a ser discutido e, de preferência, que divida o mesmo ponto de
vista com ele.

Do mesmo lado da corda, temos um objetivo comum e assim podemos conversar,


dividir os referenciais. Quando o diálogo não existe mais, trocamos de time. Vamos
procurar pessoas que dividam conosco nosso modo de pensar. As variantes lingüísticas
são produtos e produtoras de regras comunicativas, elas atualizam formas der expressão
lingüística.

Qualquer ato de fala situa-se em um contexto sociocultural e reflete esse contexto nas
escolhas textuais e gramaticais. O problema está em adequarmos a fala às expectativas
de nossos interlocutores naquele momento específico. Deparamos-nos com uma
situação básica denominada avaliação, ou seja, na fala medimos as competências
performativas de nossos parceiros, e eles fazem o mesmo conosco.

Podemos analisar o fenômeno da variação lingüística de diversos modos:

· Culturalista, em que a língua representa a experiência humana de modo específico


sendo atualizada pela linguagem como um recorte comum da realidade interiorizada
pelos falantes, que precisam da língua para construir seus referenciais mínimos de
convivência; a relação entre língua e cultura é indissociável, uma vez que a
interiorização da primeira permite a expressão da segunda.

· Comunicativa, em que a língua representa a instituição de regras que determinam e


demonstram as possibilidades comunicativas; estão embutidos na língua os
comportamentos e atitudes possíveis para o uso dela em situações de linguagem, cada
ato verbal resulta de um processo intencional de ação sobre o outro, visando transformar
pensamentos e ações.
De acordo com (SANTOS, 1983) cultura pode ser entendida como “tudo aquilo que
caracteriza a existência social de um povo ou nação, ou então, de grupos no interior de
uma sociedade”. Cada cultura passa por transformações ao longo de sua história. Além
disso, podemos encontrar grupos no interior de uma sociedade com diferentes
manifestações culturais. Em outras palavras, as manifestações culturais de um povo
variam de tempos em tempos e também podem variar de acordo com diferentes
segmentos sociais.

A língua é uma herança, ao mesmo tempo cultural e social, e nem mesmo o discurso da
globalização consegue apagar os traços humanos da diversidade e da identidade. Não há
falante/escritor fale/escreva da mesma forma. Inicialmente, temos um estilo próprio que
expressa nosso ponto de vista sobre o mundo e a sociedade: ele é a bagagem que
acumulamos com nossas experiências pessoais e únicas. Essas experiências se
manifestam no nosso vestuário,andar, comportamento e, lógico na nossa fala e escrita.
São nossas escolhas pessoais da estrutura geral da língua: a gramática.

Entretanto, seja qual for o grau de formalidade, as escolhas semânticas demonstram


muito de que pensamos sobre o mundo e a sociedade. Por exemplo, dizer “Ela faz muito
bem o serviço, mas fala muito” tem um significado diferente de “Ela falta muito, mas
faz bem o serviço”. A simples inversão dos termos determina formas diferentes de
julgamento.

Como a diversidade comunicativa é muito grande é muito grande e temos de nos


adaptar a ela, criamos gêneros discursivos para atender às finalidades da comunicação.
São blocos de textos com características temáticas, formais e lingüísticas próprias que
são assimilados para uso em situações específicas. Um bom exemplo na escrita é o
gênero epistolar, a carta, que mantém uma forma permanente.

Extremamente interligada à variação estilística está à variação sociocultural, destacamos


os usos diferenciados por faixa etária, principalmente os das crianças, dos jovens (a
gíria) e dos idosos (esses com termos e formas que vão caindo em desuso).

Os jovens, em busca de sua identidade, costumam criar formas próprias de expressão,


transformando o significado dos termos ou criando uma sintaxe própria, essa variação
está ligada a outra: a histórica. Assim, entre os jovens, temos as tribos dos surfistas, dos
skatistas, dos rappers, dos mauricinhos, das patricinhas, dos punks, e assim por diante.

A variação por sexo se mostra nos termos utilizados por homens e mulheres. Por
exemplo, o uso do diminutivo é mais comum na fala da mulher do que na do homem. O
homem se preocupa em não empregar uma terminologia feminina, mais afetiva, por
conta da avaliação social de seu “machismo”.

Há ainda os intelectuais, que costumam falar por meio de alusões e citações, enfim, o
homem e suas falas, em tantas e diferentes situações sociais.

A Língua Portuguesa mostra diferenças de fala e escrita em Portugal e no Brasil, e


mesmo dentro de Portugal e do Brasil temos regiões que apresentam marcas específicas,
principalmente na fala. Essas variações também são denominadas regionalismos,
dialetos ou falares locais.
A variação geográfica, diferente das outras citadas, representa fatos sociais de uma
determinada região e é interiorizada por todos os falantes, já que sua aprendizagem
ocorre, na maioria das vezes, no ambiente familiar e permanece como marca de
identidade do grupo social. Entretanto, os limites de uma comunidade lingüística não
devem ser confundidos com os limites políticos de um Estado, região ou país. Esses
traços identificam as comunidades e grupos; são fatos históricos e sociais.

A língua não se diversifica apenas no espaço social, pessoal ou interpessoal; ela se


diversifica também no tempo, ou seja, uma variante divulgada por um grupo social, em
determinada época, pode ser abandonada no transcorrer do tempo, ficando sua marca
somente no registro escrito. Palavras, expressões ou construções não mais usadas são
denominadas arcaísmos.

Dialetos são as variedades que ocorrem em função das pessoas que usam a língua, e
registros são as variedades que ocorrem em função do uso que faz da língua, ou como
preferem alguns, dependem do recebedor, da mensagem ou da situação (TRAVAGLIA,
1996.p.42).

Os neologismos são adotados e propagados por grupos sociais de prestígio e acabam se


juntando à língua como variantes aceitas e reconhecidas. Em tempos de tecnologia,
palavras vão sendo assimiladas, como os termos específicos da informática, e outras vão
adquirindo novos significados, como o verbo digitar.

Apesar de complementares na comunicação, a escrita tem tomado o espaço da fala e se


constituído como modelo. Falar como se escreve é um desvio tão complicado quanto
escrever como se fala.

Em todos os casos, devemos estar atentos para a discriminação provocada pelo uso de
variante. Como cada variante representa um grupo social, é comum as variantes de
grupos com menos destaque político, social e econômico serem desprestigiadas. Com
isso surge o preconceito lingüístico, as pessoas são julgadas pela fala/escrita que
apresentam. A pronúncia em uso em determinadas regiões do Nordeste é menosprezada
ou tratada de forma irônica em novelas televisivas. As piadas sobre o assunto são
muitas, também, em relação à fala da mulher ou do idoso.

Quanto a literatura principalmente a do século XX, procurou criar um padrão de língua


brasileira, se afastando das formas de Portugal. Longa batalha de nossos modernistas,
que apregoavam a beleza de todos os erros. Com certeza trabalharam como lingüistas e
marcaram as variações regionais e de grupos com muito estilo.

Muitas falas, até então desprestigiadas, foram ouvidas e divulgadas, inclusive pela
escola, um pouco conservadora em relação às variantes. As academias tiveram de
compreender que o povo também falava.

A norma padrão deve ser entendida como variante de prestígio; arma poderosa na
manutenção de valores sociais e de outros, como o trabalho, as relações formais e a
auto-estima, em uma sociedade que se avalia pelo uso da linguagem verbal.
1.2.1 Variação Linguística e Produção de Texto

Muitos estudos têm sido feitos sobre questões relacionadas com o ensino da Língua
Portuguesa e, sem dúvida, a preocupação com a diversidade lingüística e com o tipo de
relação pedagógica que é mantida com a linguagem tem ocupado vasto espaço do
material produzido.

Afirma-se, em geral, a hegemonia da variante-padrão na escola que a impõe ao aluno,


desconsiderando-se a heterogeneidade social e, conseqüentemente, lingüística, com que
se trabalha.

Coloca-se em questão, então, o problema da descaracterização que tende a se configurar


pela maneira mecânica através da qual a escola tenta substituir as variedades lingüísticas
pela variedade-padrão.

O ensino de Português tradicional, objeto de discussão por ser a disciplina que trata da
linguagem, não se preocupa com as variações lingüísticas ocorrentes nas diferentes
regiões do país. A preocupação básica é fazer com que o alune fale de acordo com a
língua escrita. Cada aluno provém de um grupo social diferente, trazendo, consigo o
modo de falar peculiar deste grupo.

Este modo de falar (que nada mais é que a maneira que este grupo expressa a língua) é
diferente de acordo com vários aspectos, diferenças sociais, econômicas, culturais. De
acordo com (FARACO, 1991) “cada uma das variantes sociais e estilísticas é avaliada
de forma diferente pela comunidade”, isto é, cada grupo social expressa a língua de
forma diferente.

A norma- padrão não leva em conta a variação lingüística existente na sociedade,


procura estabelecer como padrão as regras que são aprendidas dentro do estudo
tradicional, não procura valorizar o conhecimento prévio do indivíduo, a bagagem que
esse indivíduo traz consigo, fazendo com que eles sejam tratados de forma
preconceituosa e ficando assim à margem da sociedade.

O ensino de redação não se deve resumir a uma prática de produção de textos que
esgote em si mesmo, ou seja, para haver efetivamente o desenvolvimento de uma
competência especifica em leitura e produção de textos.

O processo de produção textual precisa estar contextualizado pela leitura/análise de


textos, discussão/pesquisa sobre o tema e pela vivência de situações concretas.

Quando escrevemos, não ficamos interrompendo o ato de escrever, de modo excessivo.


Não recorremos, deliberadamente, no ato consciente, a cada momento, às noções de
análise sintática, de estruturas da frase em português, de regras do uso do travessão nos
turnos do diálogo, aos esquemas narrativos das histórias de ficção, aos conceitos ou
modelos de parágrafos, à ortografia de cada palavra, ao dicionário, para buscar as
palavras mais “adequadas”, etc. Só paramos, eventualmente, em situações muito
específicas, até porque certas atitudes ou manifestações “contrastam”, no interior do
fluxo, ao grande número de conhecimento que já possuímos, interiorizados (como se
uma luzinha se acendesse ou reconhecêssemos, num processo “espontâneo”, uma
dificuldade inesperada ou a consciência de um desconhecimento).
Se pensarmos no ato de escrever como a utilização de instrumento social (com a
condição de que esteja, e, grande parte, interiorizado na mente do individuo), o que
temos é um fluir de idéias (pensamento) articuladamente, que se apóiam no código da
escrita e suas convenções, funcionalmente, organizando um texto quase que de modo
imperceptível.

Há uma gama de variedades lingüísticas próprias do contexto sócio-cultural do aluno,


não há linguagem melhor ou pior do ponto de vista dos lingüistas. Todas se articulam na
forma de regras bastantes complexas. A norma culta também é uma variante lingüística,
só que sendo valorizada socialmente, adquire um “status” próprio.

2.2 Interação: Texto e Leitor

A aprendizagem da criança na escola está fundamentada na leitura. A maior, e mais


significativa conseqüência do processo de escolarização, especificamente, da aquisição
da escrita é o processo de descontextualização de linguagem, que permite, entre outros
afazeres, a interação à distância, com um interlocutor não imediatamente acessível, e
que já construiu seu texto sem a intervenção imediata, direta do leitor. Esse tipo de
interação é essencial para a aprendizagem ou esta estaria limitada àquilo que é
imediatamente sensível aos nossos sentidos. (Kleiman, 2002. p.7)

A leitura não se constitui em ato solitário, o indivíduo ao ler um texto, um livro,


interage não com o texto, com o livro, mas com os leitores virtuais criados pelo autor e
também com esse próprio auto, o texto passa a exercer uma mediação entre sujeitos.

De acordo com (Kleiman, 2002), “a compreensão de um texto é um processo que se


caracteriza pela utilização de conhecimento prévio, ou seja, o leitor utiliza na leitura o
quer ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo da vida”. É pelo fato de o leitor
utilizar justamente diversos níveis de conhecimentos que interagem entre si, é que a
leitura é considerada um processo interativo, isto e, são vários os níveis de
conhecimento que entram em jogo durante a leitura.

O conhecimento lingüístico desempenha um papel central no processamento do texto, é


um componente do chamado conhecimento prévio sem o qual a compreensão não é
possível. Para que haja compreensão durante a leitura, aquela parte do nosso
conhecimento de mundo que é relevante para a leitura do texto deve estar ativada, isto é,
deve estar num nível ciente,e não perdida no fundo de nossa memória.

Um outro tipo de conhecimento é o estruturado , isto é, inclui apenas o que é possível


das situações, sobre um assunto, evento ou situação típicos. Esse conhecimento permite
uma grande economia e seletividade, pois ao falar e ao escrever, podemos deixar
implícito aquilo que é típico da situação, e focalizar apenas o diferente, o inesperado.

Esse conhecimento parcial, estruturado que temos na memória sobre assuntos,


situações, eventos típicos de nossa cultura é chamado de esquema.

É fundamental aponta (Kleiman, 2002) “o estabelecimento de objetivos e propósitos


claros para a leitura, pois lembramos melhor detalhes de um texto que têm a ver com
um objetivo, ou seja, aquela informação que é importante para nós”.
É importante perceber que a leitura não surge de uma necessidade para chegar a um
propósito não é propriamente leitura; quando lemos porque outra pessoa manda ler,
estamos apenas exercendo atividades mecânicas que pouco têm a ver com significado e
leitura.

O leitor constrói, e não apenas recebe, um significado global para o texto, ele procura
pistas formais, antecipa essas pistas, formula e reformula hipóteses, aceita ou rejeita
conclusões, ou seja, leitor e leitura se constituem, pois como elementos vitais desse jogo
de interlocução contínua, a alargar indefinidamente as possibilidades de atribuição de
sentidos.

Ainda de acordo com (Kleiman,2002) “leitura implica uma atividade de procurar por
parte do leitor no seu passado, de lembranças e conhecimentos, daqueles que são
relevantes para a compreensão de um texto que fornece pistas e sugere caminhos”.

Considerações Finais

Neste trabalho propusemos a discutir sobre a importância das contribuições da


lingüística na produção textual, ou seja, repensar o lugar das variantes lingüísticas no
ensino de língua e, assim, combater os preconceitos contra as diversas modalidades de
expressão oral . Portanto, abriu-se um espaço para a valorização das diferenças,
reformulou-se a noção de erro, o que é muito importante.

O errado não é falar “nós vai”, mas usar esse tipo de concordância em uma situação de
formalidade, quando se exige o uso da língua dita “padrão” ou “culta”. Evitar,
manifestações que menosprezem os padrões regionais da língua é um primeiro passo
para elevar a auto-estima das pessoas motivando-as a aprender outras modalidades da
língua.

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