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Econômicos para o
Brasil 2008-2014
Maio 2008
Claudio Porto
Coordenação Executiva
Rodrigo Ventura
Equipe de Elaboração
Claudio Porto
Rodrigo Ventura
Alexandre Mattos
2
Sumário
Apresentação .............................................................................................................. 4
3
Apresentação
Os cenários apresentados não se propõem a eliminar esta incerteza, dado que isso é
impossível. No entanto, oferecem importante subsídio à tomada de decisão ao reduzir
as possibilidades de futuro a um conjunto restrito a quatro alternativas – que são
justamente os quatro cenários – ancoradas em tendências consolidadas mundiais e
nacionais.
1
Cinco Cenários para o Brasil 2001-2003, Ed. Nórdica, Rio, 2001; e Quatro Cenários para o Brasil 2005-2007,
Ed.Garamond, Rio, 2005.
4
A terceira inovação é, em parte, conseqüência das anteriores e consiste em uma
simulação quantitativa da evolução das variáveis dos cenários que levam em conta
resultados alternativos das eleições de 2010.
É certo que, na ‘vida real’, nenhum dos quatro cenários irá acontecer exatamente
como descrito. Nesse sentido, os cenários devem ser interpretados e utilizados
como uma sinalização que antecipa tendências possíveis ou prováveis, e nunca
como uma predição categórica do futuro. Por isso, ao apresentar mais este estudo de
cenários cabe-nos lembrar que é impossível qualquer estudo de cenários, por mais
completo que seja, antecipar todos os futuros possíveis e imagináveis.
Com alguma freqüência, novos acontecimentos surgem e parte deles pode provocar
impactos na trajetória dos cenários ou, em casos especiais, dar origem a novos
cenários antes tidos apenas como possíveis, ou mesmo sequer previamente
imaginados com maior profundidade.
O leitor poderá ter acesso ao monitoramento dos “Quatro Cenários Econômicos para
o Brasil 2008-2014” mediante consulta ao site www.macroplan.com.br (Observatório
Macroplan). O que não dispensa, pelo contrário, exige, o conhecimento prévio dos
cenários descritos a seguir.
Claudio Porto
Diretor Presidente da Macroplan
5
Capítulo 1. Brasil – uma Avaliação Situacional:
Potencialidades e Gargalos ao Crescimento
Sustentado
De fato, há uma série de evidências de que nos últimos cinco anos a nossa
economia tornou-se mais robusta e deu um salto de qualidade:
2% EUA 100
80
0%
jul/00
jul/01
jul/02
jul/03
jul/04
jul/05
jul/06
jul/07
jan/00
jan/01
jan/02
jan/03
jan/04
jan/05
jan/06
jan/07
jan/08
7
0
l/
ju
7
0
/
n
ja 8
0
/
n
ja
6
2. O país aproveitou esta conjuntura favorável, obteve expressivos saldos na
balança comercial e aproveitou a desvalorização do dólar para acumular
significativas reservas internacionais que minimizaram nossa vulnerabilidade
externa. Mantida a tendência recente, nos próximos meses nossas reservas
poderão ultrapassar os US$ 200 bilhões.
20
10
(20)
(30)
Dívida líquida do setor público (% do PIB) Composição da dívida pública federal (em%)
56 100
54 90
Outros
52 80
50
70
Índice de preços
60
48
50 Câmbio
46
40
44 Prefixados
30
42
20
Taxa Selic
40 10
mai/00
jan/01
mai/01
jan/02
mai/02
jan/03
mai/03
jan/04
mai/04
jan/05
mai/05
jan/06
mai/06
jan/07
mai/07
set/07
jan/08
jan/00
set/00
set/01
set/02
set/03
set/05
set/06
set/04
0
2002 2003 2004 2005 2006 2007
7
4. O país aumentou sua atratividade aos investimentos externos, o que também
contribui para a apreciação cambial, com a conseqüente redução do custo das
importações, inclusive de bens de capital, o que também ajuda a manter a
inflação em baixos patamares.
4,0 34,6
32,8
28,9 28,6
3,5
3,0 22,5
19,0 18,1 18,8
2,5 16,6 15,1
10,8 10,1
2,0
4,4
1,5
set/00
set/01
set/02
set/03
set/04
set/05
set/06
set/07
jan/00
jan/01
jan/02
jan/03
jan/04
jan/05
jan/06
jan/07
jan/08
mai/00
mai/01
mai/02
mai/03
mai/04
mai/05
mai/06
mai/07
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
5. O mercado acionário brasileiro deu um grande salto nos últimos três anos. A
Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ampliou significativamente o volume
de negócios, principalmente quando comparado a outras bolsas de valores da
América Latina, consolidando a sua posição de principal mercado da região.
Adicionalmente, segundo estudo do Citigroup, com base no MSCI Global
Emerging Market Index da Morgan Stanley, o país oferece grande perspectiva
de atração de investimentos estrangeiros, especialmente no mercado de
capitais. As 69 companhias brasileiras atingiram um valor de mercado total de
US$ 509 bilhões, superando as posições dos emergentes China e Coréia do
Sul (US$ 482 bilhões, para 112 empresas e US$ 466 bilhões, para 113
empresas, respectivamente) e aproximando da 9ª colocada (Espanha) cujo
valor de mercado totaliza US$ 511 bilhões.
1600
1400 1370
1200
México
1000
Santiago
800 710
São Paulo
600 Buenos Aires
475
398
400 330 348 Lima
226 239 231
172 174
200 12386 117 136
35 14 41 18 48 24 51 40 57 69
0
2003 2004 2005 2006 2007
8
6. O ambiente de estabilidade econômica, a expansão das transferências de
renda (“Bolsa Família”, pensões, aposentadorias, acréscimos reais do salário
mínimo) e do consumo do governo, juntamente com a forte ampliação do
crédito ao setor privado (de 23% do PIB em 2003 para 34% no início de 2008),
alavancaram o consumo das famílias e o crescimento econômico. Deste modo,
nos últimos dois anos, 20 milhões de brasileiros saíram da pobreza e
alcançaram a chamada “classe C” (pessoas com renda familiar média de 1.062
reais) que se tornou o maior estrato econômico da população: 86 milhões de
brasileiros. Destaque para a região Nordeste, maior beneficiada pelos
programas de transferência de renda, que obteve o maior aumento do
consumo entre 2006 e 2007 (25,4%) e passou a ser a 2ª região de maior
consumo do Brasil (R$ 317 bilhões), em detrimento da região Sul (R$ 292
bilhões).
A B C D E
Fonte: Instituto Target e FGV (2007)
Fonte: Instituto Target e FGV (2007)
PIB
110 Intermediários
Fonte: IPEA (2008) 100
90
80
nov/00
dez/02
nov/05
jan/00
jul/02
mai/03
out/03
mar/04
ago/04
jan/05
jun/05
abr/06
set/06
jul/07
dez/07
jun/00
abr/01
set/01
fev/02
fev/07
10
Última Fronteira
O Brasil ainda dispõe de 106 milhões de hectares de terras para incorporar ao mapa agrícola, área equivalente
ao território da França e ao da Espanha somados. É uma das últimas grandes reservas de terras férteis do
planeta
Potências Agrícolas
Áreas disponíveis para agropecuária
(em milhões de hectares) O quadro compara como é usada a terra e as áreas
ainda disponíveis para agropecuária no Brasil e nos
Estados Unidos. O Brasil ainda tem uma área livre com
quase o mesmo tamanho de toda a área cultivada pelos
Áreas americanos
improdutivas
16 Estados
Brasil
Unidos
Novas áreas
90 140 milhões 40 milhões de
Plantio de grãos
de hectares hectares
320 milhões 220 milhões de
Pastagens
de hectares hectares
Área disponível 106 milhões de
0
para agropecuária hectares
11
Lucro líquido dos principais bancos atuantes no
Brasil (em bilhões de reais)
8,5
8,0
6,0
2006
5,1 5,1
2007
4,3
3,4
2,4 2,5
1,8 1,9
1,3
Muitos analistas utilizam esse conjunto de dados para concluir, até com certa euforia,
que o país já está em um processo irreversível de crescimento sustentável. E mais,
que trajetórias econômicas de altos e baixos que já experimentamos – e que muitos
denominavam de “vôo da galinha” - são coisas do passado.
12
2. O forte aumento das importações experimentado nos últimos anos, a partir da
contínua valorização do real e da expansão da economia brasileira, e a
diminuição do vigor expansionista das exportações tem levado à diminuição
dos altos saldos comerciais obtidos recentemente. Segundo projeções do
mercado contidos no Boletim Focus do Banco Central, o déficit em transações
correntes chegará a cerca de US$ 20 bilhões em 2008, revertendo os
sucessivos superávits obtidos desde 2003.
Acresce que, apesar dos recentes avanços, o Brasil possui gargalos estruturais
que, se não forem equacionados ou significativamente minimizados, irão
prejudicar o seu crescimento em futuro próximo:
13
Facilidade em realizar negócios –
abertura de uma empresa
Ranking Número de
País
Geral Procedimentos
1 Cingapura 9
2 Nova Zelândia 3
3 Estados Unidos 4
120 Índia 13
121 Honduras 13
122 Brasil 18
Fonte: OCDE
14
fornecimento de gás da Bolívia devido à crise energética no Conesul e já houve
uma forte elevação dos preços da energia comercializados no mercado livre de
energia.
Condições das rodovias no Brasil (2007) Preço médio da energia elétrica no “mercado livre”
“mercado livre”
600
SE/CO
500
S
NE
11% 11% N
Ótimo 400
16% Bom
22% 300
Regular
200
Ruim
40% Péssimo 100
0
Jan/04 jul/04 jan/05 jul/05 jan/06 jul/06 jan/07 jul/07 jan/08
15
5. Complexidade do sistema tributário brasileiro, onerando o setor produtivo e
inibindo o crescimento econômico. Há uma excessiva complexidade (muitos
tributos sem a mesma base), distorções dos tributos indiretos e guerra fiscal,
cumulatividade, distorções relacionadas à tributação interestadual do ICMS
(desoneração incompleta das exportações e guerra fiscal), tributação excessiva
sobre a folha de pagamentos e custo elevado sobre as empresas: só o ICMS
possui 27 legislações, com mais de 40 alíquotas diferentes.
16
Recursos investidos em C&T Pedidos de patentes solicitadas na OMPI
(US$ bilhões de 2005)
200 3000
2500
150 136 130
2000
100 1500
1000
50
14
500
0
0
1º EUA 2º China 3º Japão 13º Brasil 1990 1995 2000 2005
Fonte: MNT (2007) Fonte: OMPI (2007)
2
Miriam Leitão e Débora Tomé, Panorama Econômico, o Globo, 16 de maio de 2008.
3
Uma análise exploratória recente sobre a questão ambiental no Brasil, China e Índia foi tema de artigos de Merval
Pereira em o Globo de 3 e 4 de maio de 2008 (“O desafio do meio ambiente” e “O Brasil e a Questão Ambiental”).
Uma abordagem mais completa do assunto é apresentada no artigo “A Questão Ambiental e Cenários Econômicos
2008-2014”, Observatório Macroplan, seção Cenários e Prospectiva (www.macroplan.com.br)
17
9. Forte crescimento da violência urbana. Segundo os dados mais recentes, o
Brasil em 2004 era o 4º país com maior taxa de homicídios entre 84 países
(somente inferior à Colômbia, Rússia e Venezuela); os 556 municípios mais
violentos (10% do total de
municípios) concentravam Número de homicídios no Brasil (em milhões)
71,8% do total de homicídios
no país em 2004 e 42% da
população; e nesses
municípios, a taxa média era
de 135 homicídios por 100 mil
habitantes. Um crescimento de
36% no número de homicídios Fonte: SIM/SVS/MS (200)
Irlanda
Chile
Brasil
Coréia
do Sul
18
Capítulo 2. O que é Certo ou Quase Certo: Tendências
Consolidadas no Horizonte 2008-2014
MUNDO
2.500.000
1.500.000
500.000
2004 2010 2015 2020 2025
Fonte: IISI (2005)
19
Em 1999, o barril do petróleo custava US$ 11,30. Desde então, passou a
registrar crescimento exponencial, superando a marca de US$ 120 no 1º
trimestre de 2008. O aumento dos preços do petróleo é estrutural e sem
solução no médio prazo, tendo como principal determinante o desequilíbrio
entre oferta e demanda. A demanda crescente deve-se à expansão dos países
emergentes, sobretudo Índia e China. Já no campo da oferta, o que se observa
são investimentos lentos e
intermitentes por parte da Incremento da demanda global de alimentos (em%)
Organização dos Países Horizonte 2020
20
BRASIL
• Adensamento de
Biodiversidade cadeias produtivas
• Inclusão social
Agropecuária/
Agroindústria
Terciário avançado
Agregação de
valor
Fonte: Macroplan
21
mecanismos de regulação e gestão dos recursos hídricos4. As mudanças
climáticas terão grande influência nos sistemas naturais, e seus resultados
serão expressos, principalmente, através do aumento da temperatura global.
Espera-se que os impactos das mudanças climáticas promovam novos
posicionamentos em relação ao tema, bem como traga maior conscientização
ambiental, implicando em forte pressão para a conservação e manejo racional
dos recursos ambientais no processo produtivo, inclusive com normas
ambientais mais rígidas.”
90 60
Celulares
80
70 50
60
40
50
40
30
30
computadores
20 20
Internet
10
0 0
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
4
RIPA - Cenários do Ambiente de Atuação das Instituições Públicas e Privadas de PD&I para o Agronegócio e o
Desenvolvimento Rural Sustentável - Horizonte 2023. Versão Executiva, dezembro de 2007. Trabalho elaborado com
a consultoria técnica da Macroplan.
22
transferência de renda, que deverão não apenas ser mantidos, como também
aperfeiçoados nos próximos anos.
5
Valor Econômico, 19 de maio de 2008.
23
Capítulo 3. Principais Incertezas e Cenários para 2008-2014
Um balanço dos fatores estruturais e conjunturais favoráveis versus as debilidades e
gargalos de nossa economia, nos leva a concluir que neste momento a principal
incerteza relativa à economia brasileira numa perspectiva de médio prazo é a
seguinte:
Alta Baixa
Ambiente econômico externo
3. Travessia na
Predominantemente 4. Baleia Encalhada
Desfavorável
Turbulência
De volta ao atoleiro
O crescimento com barreiras
24
3.1 Cenário 1 – Um Salto para o Futuro (Probabilidade em 2008: 17%)
1ª Cena – 2008-2010
Em nível mundial, os Estados Unidos experimentam uma recessão leve (de 1 a 2 anos) e
iniciam o enfrentamento estrutural à crise: redução dos juros pelo Fed, aperto fiscal e maior
regulamentação do sistema bancário, atenuando o risco sistêmico de corrida bancária e
aumentando, gradativamente, a confiança do consumidor norte-americano.
O aumento da demanda real e da busca de hedge por parte dos investidores internacionais
sustenta preços relativamente elevados do petróleo e das commodities agrícolas e
industriais, em que pese uma moderada redução da liquidez no sistema financeiro
internacional.
Já no Brasil, os dois principais fatos novos são (1) um aperto fiscal mediante forte contenção
das despesas de custeio (consumo) do Governo, alcançando-se o superávit nominal nas
contas públicas, como mecanismo de ajustamento ao contexto internacional; (2) a
implementação de medidas para melhorar o ambiente de negócios a curto prazo para torná-
lo mais atrativo aos investimentos privados.
25
investimentos em qualidade da educação e em qualificação profissional, assim como os
investimentos em inovação.
Tem início um “choque de gestão e regulação ambiental” com forte parceria público-privada
implicando em crescente agilidade do licenciamento ambiental e da atuação do setor público.
2ª Cena: 2011-2014
A demanda mundial por produtos exportados pelo Brasil mantém-se em alta assim como
a atratividade do país para investimentos de risco, especialmente na área de energia.
Como conseqüência, o rating brasileiro atinge níveis cada vez superiores, impulsionado
também pela grande melhoria no ambiente de negócios com redução progressiva da
carga tributária e forte atratividade para investimentos privados não só na expansão da
infra-estrutura como em serviços públicos (transportes de massa, por exemplo) e em
empreendimentos produtivos, desde o agronegócio e indústrias até serviços de alta densidade
tecnológica.
26
de renda são modificados para enfatizar as contrapartidas e a redução da dependência. E o
crédito ao consumidor é expandido com a contribuição das sucessivas quedas nas taxas de
juros.
27
Cenário 1 – Salto para o Futuro – Indicadores Selecionados
Mundo – Taxa de crescimento do PIB (% a.a.) Brasil – Taxa de crescimento do PIB (% a.a.)
5,5% 7,0%
4,90%
5,0% 6,5%
4,50% 4,50%
6,5%
4,5%
4,00% 4,00% 6,0%
4,0% 6,0%
3,5% 5,5%
5,4%
5,5%
3,0% 5,0%
2,5% 5,0%
2,0% 4,5%
2007 2008 2010 2012 2014 2007 2008 2010 2012 2014
17% 20
2007 2008 2010 2012 2014 2007 2008 2010 2012 2014
Brasil – Taxa de câmbio (R$/US$, fim de período) Brasil – Inflação IPCA (%, fim de período)
2,30 6,5%
2,20 6,0%
2,10 5,5%
5,5%
2,00
2,00 2,00
1,90 5,0%
1,77 1,90 5,0% 5,0%
1,80 4,5%
4,5%
1,70 1,75 4,5%
1,60 4,0%
2007 2008 2010 2012 2014 2007 2008 2010 2012 2014
250
45% 210
42,7% 180
200
40,0% 150 140
40% 38,0% 150
100
35,0% 100
35%
50
30,0%
30% 0
2007 2008 2010 2012 2014 2007 2008 2010 2012 2014
Elaboração: Macroplan – Prospectiva & Estratégia. As quantificações acima apresentadas não são estimativas precisas, e sim
indicações ‘exemplificativas’ para ajudar a avaliar as tendências mapeadas qualitativamente no cenário
28
3.2 Cenário 2 – Crescimento Inercial (Probabilidade em 2008: 50%)
1ª Cena – 2008-2010
O aumento da demanda real e da busca de hedge por parte dos investidores sustenta preços
relativamente elevados do petróleo e das commodities agrícolas e industriais, em que
pese uma moderada redução da liquidez no sistema financeiro internacional.
As pressões inflacionárias são combatidas com um mix de elevações nas taxas de juros com
alguns controles de crédito e auxiliado, em parte, pela baixa taxa de câmbio, conseguida em
função dos vultosos capitais que chegam ao país após a obtenção do grau de investimento.
Neste período, há uma situação de relativo equilíbrio nas contas externas com a
intensificação da exportação de produtos básicos para Europa e países emergentes (Bric). No
entanto, os déficits em transações correntes tendem a crescer.
29
A gestão ambiental permanece frágil com falhas na fiscalização, morosidade do licenciamento
e desarticulação do setor público.
2ª Cena: 2011-2014
A demanda mundial por produtos exportados pelo Brasil mantém-se em alta assim como
a atratividade do país para investimentos de risco especialmente na área de energia.
30
No entanto, mesmo com a classificação de grau de investimento, o país não consegue
alavancar muitos projetos em virtude da persistência de incertezas regulatórias.
31
Cenário 2 – Crescimento inercial – Indicadores Selecionados
Mundo – Taxa de crescimento do PIB (% a.a.) Brasil – Taxa de crescimento do PIB (% a.a.)
5,5% 5,5% 5,4%
5,0% 5,3%
4,90% 5,1%
4,5%
4,9% 4,7%
4,50% 4,50%
4,0% 4,7%
4,00% 4,00% 4,5% 4,3%
3,5%
4,3%
3,0% 4,0% 4,0%
4,1%
2,5% 3,9%
3,7%
2,0% 3,5%
2007 2008 2010 2012 2014 2007 2008 2010 2012 2014
17,0% 20
2007 2008 2010 2012 2014 2007 2008 2010 2012 2014
Brasil – Taxa de câmbio (R$/US$, fim de período) Brasil – Inflação IPCA (%, fim de período)
3,00 10%
2,80 2,70
9%
2,60 2,50 8,0%
8% 7,5%
2,40 7,0%
2,20 7%
2,20 6,0%
6%
2,00
1,77 1,80
1,80 5% 4,5%
1,60 4%
2007 2008 2010 2012 2014 2007 2008 2010 2012 2014
100
35%
50
30% 0
2007 2008 2010 2012 2014 2007 2008 2010 2012 2014
Elaboração: Macroplan – Prospectiva & Estratégia. As quantificações acima apresentadas não são estimativas precisas, e sim
indicações ‘exemplificativas’ para ajudar a avaliar as tendências mapeadas qualitativamente no cenário
32
3.3 Cenário 3 – Travessia na Turbulência (Probabilidade em 2008: 8%)
1ª Cena – 2008-2010
Falhas de mercado passam a ser cada vez mais visíveis em outros países desenvolvidos e
emergentes, iniciando uma crise de confiança no mercado financeiro internacional,
caracterizada pela acentuada redução da liquidez e pela maior aversão ao risco nos mercados
financeiros. Os preços do petróleo e das demais commodities permanecem em patamares
elevados nos mercados internacionais e apresentam alta volatilidade.
O Brasil reage à crise externa com um forte aperto fiscal aplicando significativos cortes nos
gastos públicos, ao mesmo tempo em que se mantém a política macroeconômica: câmbio
flutuante, regime de metas de inflação e responsabilidade fiscal. Os programas de
transferência de renda são reduzidos e os reajustes salariais contidos com rigor.
33
modernas de regulação. Os investimentos em tecnologia e inovação crescem moderadamente
e o esforço de melhoria da educação exibe pequenas melhorias.
2ª Cena: 2011-2014
Há uma progressiva atenuação das barreiras comerciais, um aumento mediano dos fluxos
comerciais e uma moderada recuperação da demanda mundial por produtos exportados
pelo Brasil. Os preços das commodities permanecem instáveis e em altos patamares.
Há uma forte expansão dos investimentos privados, especialmente aqueles ligados aos
setores mundialmente competitivos e à melhoria da infra-estrutura, com grande aporte de
capital privado externo.
34
Os programas de transferência de renda são retomados, mas enfatizam as contrapartidas e a
criação de “portas de saída” da pobreza.
35
Cenário 3 – Travessia na Turbulência – Indicadores Selecionados
Mundo – Taxa de crescimento do PIB (% a.a.) Brasil – Taxa de crescimento do PIB (% a.a.)
5,5% 6,0%
4,90%
5,0% 5,4%
5,5%
4,5%
5,0%
4,0%
3,50% 4,5%
3,5% 3,50% 4,0% 4,0%
3,00%
3,0% 4,0%
2,50% 3,5%
2,5% 3,5% 3,5%
2,0% 3,0%
2007 2008 2010 2012 2014 2007 2008 2010 2012 2014
17% 20
2007 2008 2010 2012 2014 2007 2008 2010 2012 2014
Brasil – Taxa de câmbio (R$/US$, fim de período) Brasil – Inflação IPCA (%, fim de período)
3,10 8,0%
2,90
7,0% 6,8%
2,70 6,5% 6,5%
6,3%
2,50 2,35 2,40
6,0%
2,30
2,10 2,00
1,90 5,0%
4,5%
1,90 1,77
1,70 4,0%
2007 2008 2010 2012 2014 2007 2008 2010 2012 2014
30% 0
2007 2008 2010 2012 2014 2007 2008 2010 2012 2014
Elaboração: Macroplan – Prospectiva & Estratégia. As quantificações acima apresentadas não são estimativas precisas, e sim
indicações ‘exemplificativas’ para ajudar a avaliar as tendências mapeadas qualitativamente no cenário
36
3.4 Cenário 4 – Baleia Encalhada (Probabilidade em 2008: 25%)
1ª Cena – 2008-2010
Falhas de mercado passam a ser cada vez mais visíveis em outros países desenvolvidos e
emergentes, iniciando uma crise de confiança no mercado financeiro internacional,
caracterizada pela acentuada redução da liquidez e pela maior aversão ao risco nos mercados
financeiros. Os preços do petróleo e das demais commodities permanecem em patamares
elevados nos mercados internacionais e apresentam alta volatilidade.
O real desvaloriza, acentuando as pressões inflacionárias que são combatidas com um mix
de elevações nas taxas de juros com alguns controles de crédito. Nesse contexto, percebe-se
uma forte rivalidade entre os executores da política econômica – pelo lado fiscal, o Tesouro
Nacional e, pelo lado monetário, o Banco Central.
Já o PAC experimenta atrasos na maior parte dos seus projetos, em virtude de dificuldades
gerenciais e de eventuais contingenciamentos de recursos. A única exceção são os projetos de
expansão da oferta de energia, que são mantidos “a todo vapor”.
37
A gestão ambiental permanece frágil com falhas na fiscalização, morosidade do licenciamento
e desarticulação do setor público.
2ª Cena: 2011-2014
Há uma moderada atenuação das barreiras comerciais, com aumento mediano dos fluxos
comerciais e uma pequena recuperação da demanda mundial por produtos exportados pelo
Brasil. No entanto, os preços das commodities permanecem instáveis e em altos patamares.
38
Cenário 4 – Baleia Encalhada – Indicadores Selecionados
Mundo – Taxa de crescimento do PIB (% a.a.) Brasil – Taxa de crescimento do PIB (% a.a.)
5,5% 6,0%
4,90%
5,0% 5,5% 5,4%
4,5% 5,0%
4,5%
4,0%
3,50% 4,0%
3,5% 3,50% 4,0% 4,0%
3,00% 3,5%
3,0%
2,50% 3,0%
2,5% 2,5%
2,0% 2,0% 2,5% 2,5%
2007 2008 2010 2012 2014 2007 2008 2010 2012 2014
15% 5
2007 2008 2010 2012 2014 2007 2008 2010 2012 2014
Brasil – Taxa de câmbio (R$/US$, fim de período) Brasil – Inflação IPCA (%, fim de período)
3,10 3,10
2,90 2,85
2,70
2,50
2,45
2,30 2,25
2,10
1,90
1,77
1,70
2007 2008 2010 2012 2014
Elaboração: Macroplan – Prospectiva & Estratégia. As quantificações acima apresentadas não são estimativas precisas, e sim
indicações ‘exemplificativas’ para ajudar a avaliar as tendências mapeadas qualitativamente no cenário
39
Capítulo 4. Avaliação Comparativa dos Cenários e Algumas
Trajetórias Prováveis
No entanto, o mundo não pára e o Brasil tem um evento muito relevante com data
marcada para outubro de 2010: as eleições para Presidente da República6,
Governadores, 2/3 do Senado e Congresso Nacional. Este é, por natureza, um evento
portador de futuro por trazer em si elementos de descontinuidade e mudança de
trajetória.
6
A primeira delas sem a participação do candidato Lula.
40
A figura a seguir reproduz, de um modo sumário, o resultado de ensaios da equipe da
Macroplan relativos às alterações das probabilidades dos quatro cenários econômicos
no horizonte 2011-2014 em face a cada um dos desfechos das eleições de 2010. Para
o cálculo das probabilidades relacionadas a cada um dos cenários, são assumidas
como premissas para o período 2008-2010:
Já para o período 2011-2014, a trajetória mais provável indica uma relativa melhoria
do ambiente econômico externo em relação ao Brasil. Diante disso, a premissa
assumida para o período no que tange às probabilidades é a seguinte:
41
Evolução da probabilidade dos Cenários Econômicos para o Brasil 2011-2014
49%
Períodos: 2008-2010 e 2011-2014
21% 21%
9%
as e
rm d
2008-2010 C1 - Salto C2 - Crescimento C3 - C4 - Baleia
fo iclo
para o Futuro Inercial Travessia na Encalhada
Re o C
Turbulência
v
No
50% 49%
25%
21% 21%
17% Eleições Continuidade
Eleições
Eleições 9%
8% presidenciais
2008
2010
2010
C1 - Salto C2 - Crescimento C3 - C4 - Baleia C1 - Salto C2 - Crescimento C3 - C4 - Baleia
para o Futuro Inercial Travessia na Encalhada para o Futuro Inercial Travessia na Encalhada
Turbulência Turbulência
63%
Ne
o-
Po
pu
lis
m
o
27%
7%
3%
42
Do conjunto de inferências ou conjecturas que podem ser feitas a partir das
alternativas e suas distribuições de probabilidades, três delas merecem atenção
especial:
43
PIB Brasil (% a.a.) Inflação - IPCA (%, fim de período)
24,0%
6,5% 6,5% 24%
1,7 15%
2007 2008 2010 2012 2014 2007 2008 2010 2012 2014 Neo-populismo
44
Relação Dívida-PIB (% do PIB) Risco-Brasil (em p.b., fim de período)
52,0%
1000
50%
800
45%
42,7%
42,0% 42,0% 600 600
41,0%
40% 40,0%
37,5% Continuidade 400 400
37,5%
35,0% 260 300
35% 35,0% 35,0% 210 200 200 Continuidade
220 230
Novo Ciclo de 200 180 170 Novo Ciclo de
Reformas 140
100 Reformas
30% 30,0% 0
2007 2008 2010 2012 2014 2007 2008 2010 2012 2014
70 70,0
60
Novo Ciclo de
Reformas
50
42,5
40 40,0
34,5 35,0 35,0
32,5 35,0 35,0
Continuidade
30 30,0 30,0
20 20,0 20,0
14,0 Neo-populismo
10 10,5
0
2007 2008 2010 2012 2014
45
Uma análise comparativa dos resultados dessas simulações indica que somente com
um novo ciclo de reformas é possível alcançar o crescimento sustentável em
altos patamares, que combina crescimento ascendente do PIB com baixas taxas de
inflação, forte elevação da taxa de investimento, câmbio relativamente baixo, forte
redução da relação dívida/PIB, baixo risco-Brasil e acentuado ingresso de
investimento estrangeiro direto.
46
Anexo. Quadros comparativos dos cenários
Cena 1: 2008-2010
Demanda por
Manutenção da trajetória de crescimento da demanda por Arrefecimento do crescimento da demanda por produtos
produtos produtos brasileiros brasileiros
brasileiros
47
Cena 2: 2011-2014
Economia Norte- Superação da crise com recuperação da confiança Lenta recuperação dos indicadores econômicos e
Americana dos consumidores e aceleração do crescimento financeiros após a crise
Economias Desaceleração suave do crescimento econômico de Gradual recuperação do crescimento econômico de China
Emergentes China e Índia e Índia
Preços das Manutenção dos preços das commodities em Permanência da alta volatilidade e dos altos preços das
Commodities elevados patamares commodities
Demanda mundial por Manutenção da alta demanda por produtos Moderada recuperação da demanda mundial por produtos
produtos brasileiros brasileiros brasileiros
48