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CEPEA –ESALQ/USP
Economia da pecuária de
corte na região norte do
Brasil
Mas diante a esta afirmação, o que dizer da pecuária? Quais as causas que impulsionaram
a sua evolução? Qual a sua importância para o desenvolvimento local? É uma atividade
simplesmente predatória e será passageira?
Sob a ótica econômica, este estudo teve como objetivo principal, buscar respostas que
possam elucidar tais questionamentos, para isso foi necessário avaliar a composição dos
custos dos sistemas de produção, analisar a rentabilidade da atividade e buscar explicações
dentro do contexto atual e do passado.
1
ÍNDICE
1- INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 5
2- OBJETIVOS PROPOSTOS .............................................................................................. 6
3- REVISÃO DA LITERATURA.......................................................................................... 6
3.1- O CONTEXTO: REGIÃO AMAZÔNICA, DESENVOLVIMENTO E DESMATAMENTO 6
3.2- A PECUÁRIA NA REGIÃO AMAZÔNICA...................................................................... 7
4- MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 11
4.1- LEVANTAMENTO DE DADOS DE FONTES GOVERNAMENTAIS .............................12
4.2- LEVANTAMENTO DE COEFICIENTES TÉCNICOS DE PRODUÇÃO E DE
INFORMAÇÕES GERAIS REGIONAIS ................................................................................13
4.3- CONSTRUÇÃO DAS PLANILHAS DE CUSTO DE PRODUÇÃO ORIENTADAS PARA
OS DIFERENTES TIPOS DE SISTEMAS DE CADA REGIÃO...............................................14
4.4- REALIZAÇÃO DOS PAINÉIS ........................................................................................15
4.5 - CONSTRUÇÃO E AVALIAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA..............................................21
4.6- AVALIAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA DOS FLUXOS OBTIDOS, COM BASE NOS
INDICADORES DE ANÁLISE DESEMPENHO ECONÔMICO (TIR, VPL)............................21
4.7- UTILIZAÇÃO DE MODELOS DE MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO E MINIMIZACÃO DO
RISCO...................................................................................................................................22
5 - RESULTADOS ................................................................................................................ 23
5.1- RESULTADOS REFERENTES À DETERMINAÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO ...........23
5.1.1- O panorama da bovinocultura na região da Floresta Amazônica................................ 23
5.1.2- Relacionamento das áreas de maior produção pecuária com as áreas florestais. ......... 31
5.1.3- Determinação dos municípios envolvidos no estudo.................................................... 33
5.2. RESULTADOS DO PAINEL...........................................................................................34
5.2.1 - Informações relativas ao tamanho das propriedades e ao uso do solo......................... 35
5.2.2- Informações relativas aos índices de produção .......................................................... 43
5.3 - ANÁLISE DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO....................................................................46
5.3.1- Avaliação comparativa da estrutura geral dos custos de produção nos sistemas de cria-
recria e engorda................................................................................................................ 49
5.3.2 - Avaliação comparativa da estrutura geral dos custos de produção nos sistemas de recria
e engorda.......................................................................................................................... 51
5.4 - ANÁLISE DA RENTABILIDADE..................................................................................52
5.5- RESULTADOS DA MODELAGEM................................................................................61
6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 73
2
Equação 1 ................................................................................................................................ 63
Equação 2 ................................................................................................................................ 63
Equação 3 ................................................................................................................................ 63
Equação 4 ................................................................................................................................ 65
Equação 5 ................................................................................................................................ 65
Equação 6 ................................................................................................................................ 65
Equação 7 ................................................................................................................................ 65
Equação 8 ................................................................................................................................ 65
Equação 9 ................................................................................................................................ 66
Equação 10 .............................................................................................................................. 66
Equação 11 .............................................................................................................................. 66
Equação 12 .............................................................................................................................. 66
Equação 13 .............................................................................................................................. 66
Equação 14 .............................................................................................................................. 66
Equação 15 .............................................................................................................................. 67
Equação 16 .............................................................................................................................. 67
Gráficos 1 - Demonstração gráfica dos resultados dos custos - Painéis Cria -Recria -Engorda . 47
Gráficos 2 - Demonstração gráfica dos resultados dos Custos - Painéis Recria -Engorda ......... 48
Gráfico 3 - Porcentagens dos custos relacionados à criação em Ji-Paraná ............................. 51
Gráficos 4 - Histogramas de Freqüência - TIR....................................................................... 54
Gráficos 5 - Histogramas de Frequência - TIR....................................................................... 55
Gráficos 6 - Histogramas de Frequência - TIR....................................................................... 56
Gráfico 7- Fronteira Eficiente ................................................................................................. 69
3
Quadro comparativo 1 - Tamanho das propriedades definidas e uso do solo ........................ 35
Quadro Comparativo 2 - Principais índices de produção da pecuária determinados
consensualmente em cada painel ..................................................... 43
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1- INTRODUÇÃO
A expansão de área perdeu força à medida que as regiões de cerrado, as quais poderiam
ser abertas visando a implantação da pecuária, foram se esgotando. A necessidade de
ampliação da área passou, então, a pressionar a Amazônia, onde o crescimento da atividade
esbarrou em aspectos técnicos que dificultaram a ocupação, sendo as condições climáticas
muito diferentes do restante do país. Dessa forma, os sistemas tradicionais de manejo poderiam
não ter bons resultados econômicos no longo prazo.
O estudo da viabilidade da pecuária na amazônia deve-se ser feito num contexto mais
amplo, envolvendo o entendimento das decisões econômicas das empresas agrícolas da
região. Algumas questões devem ser analisadas, tais como:
5
- O que é mais interessante, desmatar ou recuperar áreas?
- Existem outros fatores econômicos que explicam a expansão da área desmatada?
A pecuária na região amazônica deve ser estudada como atividade econômica nos
aspectos relacionados ao sistema de produção (leite, corte ou misto) e às formas de manejo
(cria, cria-recria, cria-recria-engorda e engorda). Na seqüência, é importante destacar a
integração dessa atividade com outras vigentes na região, as alternativas e os riscos
envolvidos nas atividades ali implantadas.
2- OBJETIVOS PROPOSTOS
• Identificar os principais agentes do setor pecuário e o grau de interação deste setor com o
desmatamento.
3- REVISÃO DA LITERATURA
Este tópico tem como objetivo apresentar de forma sucinta a revisão bib liográfica que
envolve o desenvolvimento da atividade pecuária na região amazônica e sua relação com o
desmatamento.
6
do território amazônico; e o fato de que a região, desde o seu descobrimento até a década de
70, não conseguiu estruturar interesses próprios que fossem capazes de competir com os
interesses externos. Tais fatos restringiram toda a economia regional às ondas mercantis
extrativistas de curta duração e de caráter exclusivamente predatório.
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No início da década de 70, alguns estudos e relatos jornalísticos sobre à construção da
Transamazônica apontavam a fragilidade da floresta frente à ação antrópica e questionavam
a validade do enorme empenho do governo para povoar as grandes áreas inóspitas da floresta
(Pereira, 1971; Gontijo 1970). Desde esta época, a atividade pecuária na região é apontada
como predatória e causa da intensificação do processo de desertificação. Segundo esses
relatos, a pecuária era utilizada como uma forma de evitar a ocupação de áreas improdutivas
por “posseiros”.
Falesi & Veiga (1986) concluem que a técnica de recuperação de pastagens só se torna
viável através de financiamentos acessíveis devido ao alto custo da utilização de máquinas
pesadas e de fosfato aplicado em grande quantidade.
8
i) o sobrepastejo já não é tão usual, pois depende da abertura de novas áreas e das queimadas
para agregar as cinzas e, com isso proporcionar o alto desempenho do pasto. A maioria das
pastagens em uso atualmente foram formadas nas décadas de 70 e 80 nas regiões onde foram
feitas esta pesquisa. Além disso, o processo de abertura de novas áreas esbarra-se com a
pressão imposta pela sociedade, fato decorrente do alto grau de apelo internacional em
defesa das áreas ambientais remanescentes e da preocupação com as questões referentes às
alterações climáticas, fatores que culminaram na publicação da Medida Provisória N° 2.166-
67, de 24-08-2001, de forma a alterar a redação do artigo 16 da Lei Federal N° 4771 de
15/09/1965. O novo texto do artigo N° 16 define como área de reserva legal oitenta por
cento, no mínimo, da propriedade rural situada em qualquer região da Amazônia Legal.
iii) segundo Homma (1993) a expansão da fronteira agropecuária na região amazônica não
pode ser explicada pelos lucros obtidos com especulação da terra, pois o risco decorrente da
invasão de posseiros, a distância aos principais centros urbanos e a inexistência de preços
excepcionais de produtos agrícolas produzidos na região 1 interferem no preço da terra.
iv) a relação: preço do produto e preço dos insumos. É fato que os custos com insumos
destinados ao manejo mineral, profilático e reprodutivo tendem a ser maiores nesta região
devido ao frete.
Scheneider et al. (2000) relata em seu trabalho, baixas taxas de retorno encontradas para
a atividade e cita diversos outros autores que apresentam resultados parecidos, não
1
Cabe destacar que o preço da arroba bovina produzida na região amazônica é cerca de 20% menor na região
Sul e Sudeste.
9
conseguindo apresentar uma justificativa econômico/financeira para o aumento do rebanho
bovino.
Mattos & Uhl (1996) encontraram resultados parecidos com àqueles mencionados no
parágrafo anterior, com taxas internas de retorno baixas e até negativas para a atividade da
pecuária de corte. Porém, os resultados também evidenciam taxas acima de 20% para a
mesma atividade quando se utilizava a técnica de reforma de pastagens. Tais técnicas são
bastante recomendadas por diversos estudiosos, segundo Costa (2000) e outros
pesquisadores da EMBRAPA/Amazônia Oriental, - a baixa fertilidade do solo em diversos
locais da região amazônica limita a longevidade do cultivo das pastagens, que só se torna
viável mediante a aplicação das técnicas de manejo e recuperação do pasto e controle de
plantas invasoras.
É provável que a utilização de tecnologia para o setor pecuário tenha sido prorrogada em
mais de uma década por causa de vários fatores, mas talvez a abundância do recurso terra
tenha sido o fator fundamental. Segundo Homma (1999) “A abundância da terra levou a um
processo de regressão tecnológica dos migrantes, com relação aos locais de origem”. O
excesso deste insumo pode ter provocado a diminuição da demanda por tecnologia, visto que
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o desempenho da pecuária extensiva depende de grandes áreas de pasto disponível. No
entanto, a obtenção de terras e a realização do processo de transformação da floresta em
pasto são ações relativamente mais difíceis de serem concretizadas hoje que nas décadas
anteriores, devido aos motivos mencionados anteriormente. Aliado a este fator, a necessidade
de assegurar os investimentos realizados na propriedade em termos de infra-estrutura faz
com que os pecuaristas procurem alternativas para melhorar as áreas que já possuem em
detrimento da abertura outras áreas não exploradas.
A adoção de novas tecnológicas pode ter contribuído para a expansão da pecuária bovina
na região, porém esta afirmação pode não ser válida para toda a região amazônica. Salienta-
se aqui que poucos depoimentos ou pesquisas podem ser generalizados para a região como
um todo, pois é difícil definir se uma atividade é ou não viável em uma área que ocupa 59%
do território nacional, atinge nove estados e apresenta diferenças climáticas, morfológicas,
edáficas, sócio-culturais e tecnológicas em toda a sua extensão. É necessário, portanto, que
as diferentes regiões que compõem a Amazônia sejam estudadas e comparadas entre si de
forma que as conclusões possam ser tomadas individualmente e somente algumas sejam
consideradas válidas para o complexo da Amazônia Legal como um todo.
4- MATERIAIS E MÉTODOS
Este tópico tem a fina lidade de apresentar a sistemática operacional utilizada nesta
pesquisa. A seguir, através do fluxograma, é possível visualizar de forma seqüencial todas as
etapas envolvidas.
Todas as ações (em azul) são descritas detalhadamente nos tópicos a seguir enq uanto que
os resultados (em vermelho) são apresentados no tópico posterior.
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Figura 1-Sistemática Operacional da Pesquisa
12
Procedimento
Inicialmente, foram utilizados os dados do sistema de recuperação de dados SIDRA -
Pesquisa Pecuária Municipal – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE – a fim
de obter as informações necessárias para traçar o diagnóstico prévio da atividade pecuária na
região e a sua evolução.
Em segundo plano foram obtidos os mapas das áreas florestais da região através do
sistema PROARCO do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, utilizando o
software Spring Web 3.0.
Com a sobreposição dos mapas que relacionam a produção do setor o pecuário com as
áreas florestais foi possível inferir e determinar os municípios que seriam potencialmente
interessantes para este estudo.
Deste tipo de pesquisa derivam as informações que são de extrema valia para a
compreensão dos sistemas de produção, existentes nas regiões de estudo, e os fatores que
determinam a sua produtividade.
Procedimento
13
Tabela 1-Fontes de informação utilizadas
Estado Fontes de informação
Embrapa Oriental (Belém)
Fund. de Desenv. da Pecuária no Est. do Pará (Fundepec – PA) (Belém,
Pará Paragominas)
Sindicato Rural (Redenção)
Empresas de consultoria e Lojas de venda de insumos agropecuários
(Paragominas, Redenção, Santana do Araguaia)
Procedimento
As planilhas foram desenvo lvidas utilizando os recursos do aplicativo Microsoft – Excel
2000. As informações obtidas com a revisão bibliográfica e as reuniões com técnicos e
pesquisadores do CEPEA e de institutos de pesquisas locais auxiliaram a construção das
planilhas eletrônicas usadas nos Painéis.
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Objetivos da planilha:
• a execução de uma tela para inserir informações pertinentes aos custos de produção e
as taxas de produtividade do rebanho para formulação da receita bruta.
• a captação e o armazenamento das informações numéricas e daquelas referentes à
freqüência de utilização dos insumos para formar um banco de dados.
• a obtenção instantânea do fluxo de caixa mensal no período de 20 anos;
• a obtenção instantânea dos índices utilizados na avaliação de projetos
(TIR –taxa interna de retorno, VPL – valor presente líquido).
Etapa que visou buscar os dados primários através da pesquisa de campo, de forma
direta, através de uma reunião com os produtores locais.
Os números resultantes tendem a ser bastante próximos à realidade regional, pois foram
obtidos através do consenso do grupo entrevistado. Além disso, a metodologia utilizada em
todos os painéis foi a mesma e com os mesmos pesquisadores, por isso as avaliações
comparativas excluem o viés referente aos problemas de padronização de coleta das
informações.
Procedimento
1- Forma de abordagem aos produtores rurais
As reuniões foram marcadas com antecedência utilizando-se de contatos com empresas
privadas ou associações regionais.
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para que isso seja possível é necessário realizar questionários individualizados e tratar os
resultados com métodos estatísticos.
Por isso optou-se por orientar o grupo para que fosse definida uma propriedade que
melhor representasse as demais existentes na localidade. Em geral as propriedades definidas
pelos produtores possuem tamanhos médios e sistemas de produção não muito tecnificados e
nem arcaicos, ou seja, situam-se em padrões intermediários. No entanto, é importante
destacar que os índices técnicos definidos são possíveis de serem atingidos por qualquer
propriedade da região.
Sob a aprovação de todo o grupo, os valores e as freqüências de uso dos insumos foram
inseridos nas planilhas, por meio de um recurso visual de projeção todos os participantes
puderam observar e validar a adição destes números podendo fazer inferências ou
observações a respeito da propriedade em questão.
Em todos os painéis realizados nos três estados (Mato Grosso, Rondônia e Pará), os
custos de investimento foram avaliados, os participantes foram orientados a declarar todo o
processo de formação de uma fazenda desde a compra da terra, passando pelas etapas de
formação da pastagem, instalação e construção das benfeitorias até a estabilização do
rebanho e dos custos variáveis com a pecuária, ou seja, os custos foram dispostos
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mensalmente desde o primeiro ano (onde a propriedade é adquirida) até o vigésimo ano
(onde, em alguns locais, foram declarados os custos com a reforma de pastagens).
Os esquemas a seguir mostram as cinco etapas que resumem todo o processo operacional
de uma fazenda. Em cada etapa, os participantes foram orientados declarar todos os itens que
compõem o custo, proporcionando a obtenção das informações destinadas à formação do
fluxo de caixa.
Figura 2 - Etapas 1 e 2
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ð “Derruba” – corte das árvores menores, de cipós e de folhagens que ficam
no local e que após secarem servirão de combustível para a realização da
queimada.
• Queima – é realizado no auge da estação de seca de cada região.
• Após a queima é realizado o semeio com o uso de aeronaves, em grandes propriedades, e
com matracas, em pequenas propriedades, que distribuem as sementes da forragem
Brachiaria Brizanta, esta etapa é concretizada antes do início das chuvas.
• No segundo ano, normalmente realiza-se uma roçada (para controle das plantas
indesejáveis). No entanto, se a área ainda apresentar grande quantidade de tocos e plantas
invasoras, realiza-se mais uma queimada, sendo que nesta poder-se-á ter maior eficiência
devido a palhada da própria forragem. (Anexo 3- Foto 3)
Observação:
Não foram incluídas as possíveis receitas que podem ser aferidas com:
1. a extração de madeiras destinadas à construção de cercas (devido à sua
insignificância);
2. o aproveitamento do carvão;
3. o possível uso da alta fertilidade do solo para cultivo não mecanizado de produtos
agrícolas (ex: banana), logo após a queima.
Os dois últimos tipos de aproveitamento citados não foram relatados pelos produtores
das regiões estudadas.
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O item descrito nesta etapa compõe os custos de abertura das pastagens, ou seja, é o
período de formação que não é comum em outras áreas de pecuária do sul do Brasil.
Figura 3 - Etapa 3
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ð Manejo do rebanho.
§ Profilaxia.
§ Controle de ecto e endo-parastas
§ Controle reprodutivo
§ Suplementação mineral
§ Renovação dos animais ( rebanho e animais de trabalho).
Em alguns casos, além dos custos que envolvem a manutenção da propriedade, também
foram somados os custos relativos à recuperação da pastagem.
Nota: A recuperação é necessária a partir do décimo segundo ano nos locais onde o solo tem
baixa fertilidade (Anexo-3; foto 5) e/ou quando o manejo da pastagem, durante os dez
primeiros anos, foi consolidado de forma errada. Isto se deve principalmente à superlotação,
ou seja, quando o número de animais em uma determinada área é maior do que aquele que a
pastagem pode suportar.
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2.4 – A questão do preço da terra
As informações relativas ao preço da terra foram coletadas, mas não são usadas nesta
análise, pois caso o preço da terra seja adicionado aos custos de investimento, o valor total da
propriedade, após vinte anos, também deverá ser adicionado e lançado na receita bruta do
último ano, quando for realizada a liquidação do projeto. A estimativa do preço futuro da
terra de cada região pode não ser precisa devido aos inúmeros fatores exógenos que
interferem na valoração do preço da terra.
Devido a este tipo de problema optou-se por não utilizar o preço da terra em todos os
painéis, isto permite que seja comparada a rentabilidade apenas da atividade de pecuária de
corte nas diferentes regiões, excluindo, desta forma, as diferenças que possam ser
ocasionadas pela valorização ou desvalorização da terra.
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4.7- UTILIZAÇÃO DE MODELOS DE MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO E MINIMIZACÃO
DO RISCO
Uma revisão dos trabalhos existentes na literatura foi feita com o objetivo de obter
informações a respeito de metodologia alternativas utilizadas para a análise dos dados. Os
estudos encontrados, os quais abordam a diversificação das propriedades como forma de
gerenciamento de risco, utilizam diferentes procedimentos metodológicos como será visto a
seguir.
Coble & Barry (1999) tratam a diversificação como mais uma forma de gerenciamento
do risco de renda dos produtores rurais. Neste caso, a diversificação é condicionada ao
desenvolvimento genético de um maior número de variedades, possibilitando mais opções ao
produtor. De acordo com este trabalho, a opção adotada depende do processo de formação do
preço do produto, pois este pode oferecer maior ou menor exposição ao risco. O trabalho
indica o uso de contratos de comercialização para eliminar os riscos de flutuação de preços.
Azevedo Filho & Peres (1982) utilizam um modelo de programação linear para a análise
da estrutura de produção de uma propriedade rural num ambiente de risco. Este modelo é
uma aproximação do proposto, inicialmente, por Markowitz (1952) e modificado por Hazell
(1971), no qual é utilizada a abordagem de média- variância como forma de medida de risco.
Com base nos resultados desses modelos, os tomadores de decisão têm instrumentos para
avaliar níveis ótimos de produção, tanto em termos de rentabilidade como em termos de
variabilidade da renda.
Silva & Staulp (2000) discutem a otimização de sistemas agrícolas sob condições de
risco. O estudo procura definir um modelo matemático que permita a distinção entre a
tendência das séries e as variações aleatórias. As seguintes metodologias foram comparadas:
minimização das variâncias (MV), minimização dos desvios absolutos (MDVA) e
otimização dos desvios interanuais (ODI). O modelo ODI apresenta uma tendência de
privilegiar as atividades com melhor desempenho, diferentemente dos demais.
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O trabalho de Dias (1996) trata da inclusão do risco no modelo de planejamento de uma
propriedade rural. Modelos alternativos são propostos considerando diversas distribuições
para os dados, sendo que a definição correta da distribuição é de suma importância para a
obtenção de resultados mais consistentes. Assumir a priori distribuição normal para os dados
pode implicar em distorções dos resultados.
5 - RESULTADOS
A tabela a seguir expressa a evolução dos rebanhos efetivos totais respectivos ao Brasil e
dos nove estados que formam a área da Floresta Amazônica (Acre-AC, Amapá-AP,
Amazonas-AM, Mato Grosso-MT, Maranhão-MA, Pará-PA, Rondônia-RO e Roraima-RR e
Tocantins-TO).
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Tabela 2 - Evolução do Rebanho Bovino (1990-2000)
Ano 1990 1995 1998 1999 2000
Brasil 147.102.314 161.227.938 163.154.357 164.621.038 169.875.524
Mato Grosso 9.041.258 14.153.541 16.751.508 17.242.935 18.924.532
Pará 6.182.090 8.058.029 8.337.181 8.862.649 10.271.409
Tocantins 4.309.160 5.544.400 5.441.860 5.813.170 6.142.096
Rondônia 1.718.697 3.928.027 5.104.233 5.441.734 5.664.320
Maranhão 3.900.158 4.162.059 3.936.949 3.966.430 4.093.563
Acre 400.085 471.434 906.881 929.999 1.033.311
Amazonas 637.299 805.804 809.302 826.025 843.254
Roraima - 282.049 424.700 480.500 480.400
Amapá 69.619 93.349 74.508 76.734 82.822
Fonte: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2000)
Através dos números dispostos na tabela acima, verifica-se que os maiores rebanhos
bovinos pertencem aos estados de MT, PA, TO e RO, com percentuais de representação no
rebanho nacional de 11,14%, 6,05% , 3,62% e 3,33%, respectivamente.
Mas quando as taxas de variação percentuais são calculadas, nota-se que esta
classificação é alterada.
Tabela 3 - Taxas de variação percentual do rebanho efetivo total (Relação 1990 a 2000)
Estado Variação
Rondônia 229,57%
Acre 158,27%
Mato Grosso 109,31%
Roraima* 70,33%
Pará 66,15%
Tocantins 42,54%
*Relação de 1995 a 2000
Fonte: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2000)
Avaliando-se as informações das duas tabelas anteriores conclui-se que, dentre os quatro
principais estados envolvidos com a atividade pecuária, os estados de MT, PA e RO
apresentaram as maiores taxas de crescimento do rebanho na última década correspondendo
a 109,31%, 66,15%, 229,57% respectivamente.
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Sabe-se que o rebanho efetivo total é composto, em grande parte, por gado de corte e, por
isso, altas taxas de crescimento do rebanho refletem o avanço da pecuária de corte que tem
como conseqüência o aumento da taxa de supressão florestal para promoção das áreas
destinadas ao pastejo da pecuária extensiva.
Visto que o objetivo deste trabalho é estudar a interação entre a Floresta Amazônica e o
desenvolvimento da Pecuária, estes três estados citados no parágrafo anterior foram
escolhidos como àqueles que melhor poderiam subsidiar a pesquisa.
Os dados do IBGE estão com significativas diferenças em relação aos dados do serviço
estadual de vacinação contra a febre aftosa. Os dados disponíveis para o município de
Redenção (PA) consideram que em 2000 foram vacinadas 256.267 cabeças. Os números da
Pesquisa Pecuária Municipal (PPM) do IBGE no mesmo ano apontavam para um rebanho de
149.170 cabeças. No município de Santana do Araguaia, a vacinação abrangeu 357.562 e os
dados da PPM davam conta de um rebanho de 191.886 cabeças. Essa diferença entre os
dados pode ser explicada pela acelerada taxa de crescimento da atividade pecuária. No
entanto, é importante destacar que os dados relativos à vacinação podem estar
superestimado. Os dados quantitativos do rebanho nacional, assim como no restante do país,
devem ser observados com ressalvas.
A. O estado do Pará
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Figura 4 - Participação das de z principais microrregiões na composição do rebanho
paraense
Município Participação Localização das microrregiões
1 Redenção – PA 18,6%
4 Paragominas – PA 9,5% 7 8
5 Parauapebas – PA 7,7% 4
6 Altamira – PA 7,5%
6
10
7 Santarém – PA 4,4% 5
9 2 1
8 Guamá – PA 4,0%
9 Itaituba – PA 4,0% 3
10 Marabá – PA 3,7%
Fonte: IBGE - SIDRA- Pesquisa Pecuária Municipal (2000)
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Tabela 4 - Variação percentual da evolução do rebanho efetivo entre 1990 e 2000 - PA
Microrregião 1990 - 2000 Microrregião 1990 - 2000
São Félix do Xingu - PA 1410% Conceição do Araguaia – PA 29%
Parauapebas – PA 408% Belém – PA 22%
Itaituba – PA 200% Bragantina – PA 22%
Marabá – PA 110% Tomé -Açu – PA 21%
Tucuruí – PA 108% Castanhal – PA 2%
Altamira – PA 89% Salgado – PA -6%
Guamá – PA 64% Almeirim – PA -10%
Óbidos – PA 53% Paragominas – PA -12%
Santarém – PA 51% Cametá – PA -16%
Redenção – PA 50% Arari – PA -35%
Breves – PA 39% Portel – PA -40%
Fonte: IBGE – Pesquisa Pecuária Municipal
Comparando os quadros acima, observa-se que os rebanhos totais efetivos das regiões
destacadas, anteriormente, não estão relacionados com taxas crescimento homogêneas.
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B – O estado de Mato Grosso
2 Canarana – MT 7,65%
3 Jauru – MT 7,39%
4 Colíder – MT 7,01%
5 Aripuanã – MT 6,53%
6 Rondonópolis – MT 6,37%
9 Arinos – MT 5,79%
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Tabela 5 - Variação percentual da evolução do rebanho efetivo entre 1990 e 2000 - MT
Microrregião 1990 - 2000 Microrregião 1990 – 2000
Alta Floresta – MT 515,38% Cuiabá – MT 88,57%
Parecis – MT 442,41% Jauru – MT 76,92%
Arinos – MT 403,69% Tangará da Serra – MT 76,73%
Aripuanã – MT 348,72% Alto Paraguai – MT 69,70%
Colíder – MT 285,15% Sinop – MT 56,22%
Canarana – MT 152,66% Rosário Oeste – MT 56,06%
Paranatinga – MT 140,94% Alto Pantanal – MT 37,96%
Alto Guaporé – MT 134,91% Alto Araguaia – MT 19,70%
Alto Teles Pires – MT 114,56% Tesouro – MT 19,07%
Norte Araguaia – MT 104,39% Rondonópolis – MT 14,92%
Médio Araguaia – MT 97,42% Primavera do Leste – MT 3,81%
Fonte: IBGE – Pesquisa Pecuária Municipal
A microrregião de Alta Floresta, situada área florestal que compõe a Amazônia Legal,
tem a maior taxa de evolução percentual e 6,4% do rebanho total do estado, representando a
sétima maior região pecuária, mas com valores muito próximos aos das outras principais
microrregiões.
C – O estado de Rondônia
2 Cacoal - RO 22,77%
3 Ariquemes - RO 11,45%
4 Vilhena - RO 10,64%
29
7 Alvorada D'Oeste - RO 6,51%
30
5.1.2 - Relacionamento das áreas de maior produção pecuária com as áreas florestais.
31
Figura 9 - Desflorestamento: Estado de Rondônia
As figuras 7, 8 e 9 foram adaptadas dos mapas extraídos do software Spring web 3.0 –
Áreas Florestais 1999.
32
5.1.3- Determinação dos municípios envolvidos no estudo.
33
Araguaia (terceiro maior rebanho) com taxas crescentes do desmatamento.
plantel bovino.
(PA) Conforme a Figura 7.
Outros municípios que são importantes neste tipo de estudo, mas não foram pesquisados.
Município Justificativa
(estado)
São Félix do Foi o município que teve a maior evolução de rebanho no estado do Pará.
Araguaia Devido à dificuldade de obtenção de contatos locais e de acesso na época do
(PA) estudo (período chuvoso), o painel não foi realizado.
Juína e Juíra Atualmente estes municípios têm se destacado na produção pecuária assim
(MT) como Alta Floresta.
Devido à proximidade entre os municípios de Juína, Juíra e Alta Floresta,
optou-se por realizar o estudo em Alta Floresta.
Os outros 2 painéis foram realizados na cidade de Tupã no estado de São Paulo, através
do sindicato local e da própria prefeitura. Este painel foi realizado com o intuito de prover
resultados que possam ser usados como uma base comparativa, por isso, para a sua
execução, utilizou-se a mesma metodologia e o mesmo corpo técnico dos painéis realizados
na região amazônica.
34
A quantidade de informações extraída através desta metodologia é muito extensa, tendo-
se procurado listar o maior número possível de itens que compõem o custo de produção e
também das questões socioeconômicas e ambientais que influenciam na produtividade do
setor pecuário. Por isso, os resultados preliminares são apresentados a seguir de forma
resumida, exaltando apenas os pontos classificados como os mais importantes, na forma de
quadros comparativos e através de gráficos que resumem o fluxo de caixa obtido em cada
painel.
35
Painel – 8 20% - Reserva
300 hectares 70% - Pastagem
10% - arrendamento
para a agricultura
Fonte: Dados da pesquisa
- O preço da terra é muito variável sendo influenciado pela distância da cidade, tipo de solo,
relevo, uso a que se dispõe, quantidade de área averbada, etc.. Os preços da tabela acima são
valores aproximados respectivos a propriedades comuns num raio de 30 a 40 Km das cidades
mais próximas.
Códigos :
ð PF – Preço do hectare de áreas que contém apenas a floresta.
ð PI – Preço do hectare de áreas que possuem uma fazenda já instalada (com infra-estrutura
para a atividade pecuária).
ð PN – Preço do hectare de áreas já desmatadas e sem infra-estrutura para pecuária (preço
levantado só no estado de SP, por não possuir áreas que contém apenas a floresta).
A. Estado do Pará
A.1. Município: Paragominas
A origem dos colonizadores é relatada no próprio nome do município formado pela união
dos nomes do estados (Paraná, Goiás e Minas Gerais) que mais cont ribuíram no fluxo
migratório antes da construção da rodovia Belém- Brasília. Mais tarde, com a construção da
36
estrada Belém- Brasília, a procura pela terra aumentou e o processo de ocupação das terras
tornou-se competitivo e de certa forma violento, pois os “grileiros” emitiam títulos falsos e
asseguravam a posse da terra através do uso da força, observado principalmente nos trechos
entre os municípios de Xinguara e Redenção.
Os problemas relatados nos dois parágrafos anteriores são mais evidentes a oeste do eixo
da rodovia Belém – Brasília, na microrregião do município de São Félix do Xingu. Em
Paragominas, como a ocupação das terras é mais antiga, a posse da terra já esta mais
consolidada e, nota-se que, a agricultura mecanizada começa a despontar, nos últimos 3
anos. A maior parte das pastagens foi formada há duas décadas e os grandes troncos
remanescentes do processo de desmatamento já foram queimados várias vezes ou
degradaram com a ação da alta temperatura e umidade, por isso o custo do enleiramento
agora é menor, o que facilita a implantação da agricultura em larga escala.
37
dificuldades devido à alta pluviosidade que gera problemas tanto no plantio como na época
da colheita) (Anexo 3 Foto-6). Destaca-se neste item que o sistema Barreirão (plantio de
milho com o capim braquiária – Anexo 3 Foto 10), está se despontando em algumas fazendas
pioneiras na região, como um sistema adequado à características daquela área.
38
A.2. Município: Redenção e Santana do Araguaia
Como pode ser observada no painel de Santana do Araguaia, a área destinada a reserva
florestal é nula e a declarada em Redenção equivale a 50%, porém salienta-se neste
parágrafo que as áreas de reservas declaradas nos painéis não advém de informações
estatísticas. Através da visualização da região, parece que apenas as grandes propriedades
ainda têm taxas de 50% de reserva, enquanto que, as propriedades menores praticamente não
possuem reservas legais.
39
relacionadas ao aumento dos custos de produção, visto que abrigam felinos como a onça
parda e a onça pintada além de servir como um banco natural de sementes de ervas tóxicas e
plantas invasoras que diminuem a produtividade da pecuária. Ressalta-se que a mortalidade
de bezerros é elevada em algumas regiões do Pará, devido ao ataque dos felinos.
B. Estado de Rondônia
B.1. Município: Alta Floresta
A ocupação efetiva da região de Alta Floresta veio com os programas mais modernos de
colonização instituídos pelo Governo Federal que favoreceu as empresas colonizadoras,
cedendo- lhes diversos tipos de vantagens, dentre elas o baixo preço da terra e meios
facilitados de financiamento.
Como o processo de colonização abrange pouco mais de vinte anos, as medidas de terra
comercializadas e o tamanho médio das propriedades são menores que àquelas observadas
no estado do Pará, a medida de alqueire corresponde à utilizada no estado de São Paulo
(1 alqueire equivale 2,42 hectares).
40
C. Estado de Rondônia
C.1. Município: Ji-Paraná
A distribuição destes lotes foi realizada de forma organizada, porém não foi racional, não
respeitou as limitações à agricultura impostas pelas adversidades do relevo e da infertilidade
do solo. Em conseqüência disto, muitas áreas desflorestadas tiveram baixo aproveitamento, e
algumas foram abandonadas.
Atualmente, a taxa de cobertura vegetal natural mínima exigida por força da Medida
Provisória n° 2.166 é de 80% da área total da propriedade. A medida tem respaldo federal e
coíbe a Lei Complementar n°233, de 6 de junho de 2000, que dispõe sobre no zoneamento
Socioeconômico-Ecológico do estado de Rondônia. Tal lei institucionaliza o Planafloro,
instrumento que visa orientar o crescimento de forma planejada e embasada no
desenvolvimento sustentável.
41
Neste Plano de Zoneamento a distribuição e a estratégia da forma de uso das terras estão
condicionadas ao mapeamento e a divisão de todo o estado em zonas e subzonas de
ocupação de acordo com as condições geológicas edáficas, ecológicas e sociais
determinantes da aptidão agrícola em cada zona. Com isso, áreas consideradas mais aptas
necessitam manter taxas menores de reserva e áreas improdutivas de acesso difícil ou com
importantes reservas biológicas atingem taxas de até 100% de manutenção de cobertura
vegetal.
Segundo o plano, algumas subzonas, que possuem manchas de terra com grande
potencial e/ou que já são dotadas de infra-estrutura para o desenvolvimento agropecuário,
necessitam manter 20% da área de cobertura vegetal nativa, taxas de 80% são verificadas em
áreas de solo e condições naturais deficitárias, outras taxas aplicadas são de 40 e 70% que
correspondem às áreas com médio potencial social e com expressivo potencial florestal
natural, respectivamente. Mas como já mencionado acima, todo o estudo desenvolvido nos
últimos quatorze anos e criterizado na forma deste plano foi barrado pela Medida Provisória
que, simplesmente, generalizou a área formada pelos nove estados da União como uma
condição única de floresta.
42
5.2.2- Informações relativas aos índices de produção
Quadro Comparativo 2 - Principais índices de produção da pecuária determinados
consensualmente em cada painel
U.A. por hectare 0,71 1,53 0,86 0,83 1,18 0,91 1,14 1,08
Taxa de Mortalidade 4% - - 4% 3% 3% 2% -
(animais jovens)
Taxa de Mortalidade 2% 2% 2% 2% 1% 2% 1% 1%
(animais adultos)
IEP – em meses 15 - - 16 14 14 17 -
(Intervalo entre partos)
Ganho diário de peso 0,47 0,50 0,42 0,42 0,43 0,45 0,37 0,33
em Kg (média anual)
Fonte: dados da pesquisa – Tipo de animais terminados castrados ou não.
43
de 9 a 10 meses procedentes das regiões vizinhas e de outros estados como Mato grosso e
Tocantins. Os animais são comprados com 6 arrobas (180 Kg de peso vivo) e depois
vendidos para o abate com 33 a 36 meses e peso de 18 arrobas.
O peso de 18 arrobas para abate também foi constatado nas demais regiões do Pará como
Paragominas, Xinguara e Redenção. No Mato Grosso, Rondônia e São Paulo os animais são
abatidos com peso menores que variam de 16,5 a 17 arrobas. O tempo para atingir os pesos
em São Paulo é de 3 anos e no Pará, Mato Grosso e Rondônia é de 2,5 anos.
A região de Alta Floresta caracteriza-se por ser uma área de colonização muito nova, e
que possui áreas privilegiadas, além disso, foi constatada a presença de grupos de pecuaristas
organizados, que buscam tecnologias para aumentar a longevidade do pasto, evitando
44
recorrer aos gastos futuros da recuperação de pastagens, e aumentar, também, o desempenho
do rebanho através do uso de formulações adequadas de sal mineral.
Em geral, os produtores que colonizaram estes três estados têm um perfil mais arrojado,
haja vista que saíram de regiões consolidadas como o Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo,
Minas Gerais e Goiás para investir capital e trabalho em regiões amazônicas antes
inexploradas, e por isso são naturalmente mais receptivos à adoção de novas tecnologias, ou
seja, não são aversos ao que lhe é desconhecido.
45
relativa do ar. Fatores que promovem a redução dos custos na época da seca, pois os gastos
com o sal proteinado e os outros tipos de suplementos alimentares são reduzidos, devido a
maior oferta de pasto, mesmo no reduzido período de seca.
Este parece ser o ponto mais favorável à produção pecuária na região, embora seja
importante destacar que as variedades de capim utilizadas na região são as mesmas das
utilizadas em outras regiões do Brasil. O desenvolvimento de variedades mais adaptadas a
esta região poderia elevar a produtividade e prevenir para pragas, como a cigarrinha e plantas
invasoras como o “capim duro” ou “capim capivara” que compete com a Brizanta e não
serve de alimento para os animais.
46
Gráficos 1 - Demonstração gráfica dos resultados dos custos - PAINÉIS DE CRIA, RECRIA E ENGORDA
Legenda
5000000 Paragominas (PA) 2500000 Redenção (PA) Outros
4500000 Área de pastagem: 5711 hec Área de pastagem: 2904 hec
Rebanho em UA 4105 Rebanho em UA 2423
4000000 2000000
Criação / Pecuária
3500000
Pastagem
3000000 1500000
2500000 Mão de obra
2000000 1000000
1500000 Máquinas e implementos
1000000 500000
Construções e equipamentos
500000
0 0 Aquisição de animais
1a4 5a8 9 a 12 13 a 16 17 a 20 1a4 5a8 9 a 12 13 a 16 17 a 20
anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos
300000,00 400000,00
150000
300000,00
200000,00
100000
200000,00
100000,00 50000
100000,00
0,00 0,00 0
1a4 5a8 9 a 12 13 a 16 17 a 20 1a4 5a8 9 a 12 13 a 16 17 a 20 1a4 5a8 9 a 12 13 a 16 17 a 20
anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos
anos anos anos anos anos 47
Gráficos 2 - Demonstração gráfica dos resultados dos Custos - PAINÉIS DE RECRIA E ENGORDA
Legenda
2500000 500000
Santana do Araguaia (PA) Tupã (SP)
Área de pastagem: 3194 hec 450000 Área de pastagem: 210 hec Outros
Rebanho em UA 2750 Rebanho em UA 227
2000000 400000
Criação / Pecuária
350000
250000
Mão de obra
1000000 200000
Máquinas e implementos
150000
500000 100000
Construções e equipamentos
50000
0 Aquisição de animais
0
1a4 5a8 9 a 12 13 a 16 17 a 20 1a4 5a8 9 a 12 13 a 16 17 a 20
anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos
8000000
6000000
4000000
2000000
0
1a4 5a8 9 a 12 13 a 16 17 a 20
anos anos anos anos anos
48
5.3.1- Avaliação comparativa da estrutura geral dos custos de produção nos sistemas de
cria-recria e engorda
Custos da pastagem
Em todos os gráficos nota-se a grande quantidade de capital a ser investido no processo
de formação da propriedade e verifica-se que grande parte do custo destina-se a formação da
pastagem, no caso de Tupã os custos são proporcionalmente menores, pois não há a
necessidade de derrubar áreas florestais, mas existe o custo da aragem adubação e plantio das
sementes de gramíneas.
Mesmo que haja diferenças significativas na conformação das florestas localizadas nas
diferentes regiões de estudo, os valores vultuosos dos custos para empreitar mão-de-obra a
fim de realizar a derrubada não são muito diferentes nos três estados da região amazônica.
o
A expansão dos custos a partir do 12 ano em Paragominas advém da necessidade de
recuperação das pastagens, o solo da região é formado por rochas sedimentares com muitas
áreas de arenito (Anexo - 2; Mapa 2), isto determina a baixa fertilidade e faz necessária a
descompactação do solo e o provimento de fosfato, a calagem não é muito utilizada, pois a
gramínea predominante na região é a Brachiaria brizanta – altamente resistente aos baixos
níveis de pH do solo.
49
Mesmo após a queima, para a formação da pastagem, os grandes troncos permanecem no
local e seu processo de apodrecimento é lento (Anexo 3; Foto 8), as toras permanecem
durante anos implicando no aumento do custo da recuperação, que só se torna só possível
com o auxilio de máquinas e implementos pesados. Além disso, são necessárias muitas horas
de tratores de esteira para enleirar as grandes toras remanescentes da antiga floresta.
A região de Redenção também tem o mesmo problema, mas a fosfatagem não é muito
utilizada, e a floresta nativa existente na área não é tão densa quanto àquela existente em
Paragominas (Anexo 2; Mapa-5), assim a quantidade de toras remanescentes é menor,
tornando o processo menos custoso (Anexo 3; Foto 9).
Sem a recuperação a atividade deixa de ser lucrativa nestes dois municípios, pois além da
redução significativa da taxa de lotação, ocasionada pela queda da produtividade da
pastagem, a quantidade de plantas invasoras indesejáveis aumenta, provocando problemas na
sanidade do rebanho.
50
Custos destinados à criação animal
A maioria dos gastos destinados à criação é dirigida para a compra de sais minerais.
Como mostra o gráfico a seguir.
SUPLEMENTAÇÃO MINERAL
MANEJO REPRODUTIVO
ANIMAIS DE TRABALHO
77%
Demais custos
Neste tipo de sistema (cria-recria e engorda) os gastos com a aquisição do rebanho são
elevados apenas na fase de implantação da fazenda devido à compra de novilhas e vacas
solteiras, porém exige-se mais da infra-estrutura (maior número de piquetes e currais) e
gastos maiores com a criação e com a mão-de-obra (devido ao manejo reprodutivo).
5.3.2 - Avaliação comparativa da estrutura geral dos custos de produção nos sistemas
de recria e engorda
51
No sistema de recria-engorda os custos com a aquisição de animais - compra de bezerros-
são os mais expressivos e podem ser facilmente observados em S. do Araguaia e Tupã. No
sistema de engorda estes custos são ainda maiores, pois há a necessidade de compra de
animais mais pesados destinados apenas para a terminação, visualizado em Paragominas.
Para calcular esta taxa manteve-se todos os preços dos insumos e da arroba bovina
constantes. O preço da arroba utilizada refere-se ao preço pago à vista pelos compradores
locais no dia da construção de cada painel.
52
Tabela 8 - TIRs Referentes aos sistemas de produção que possuem cria-recria e
engorda
Local TIR Data da Construção do Painel
Paragominas – PA 11,01% 22/03/2002
Tabela 9 - TIRs Referentes aos sistemas de produção que possuem recria e engorda
Devido às variações do preço da carne bovina, optou-se, também, por recalcular as taxas
internas de retorno utilizando as médias mensais das séries históricas dos preços
correspondentes aos quatro estados envolvidos nesta análise.
Todos os preços existentes nas séries, obtidas no banco de dados do CEPEA – Centro de
Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq – USP, foram utilizados. Para cada um
dos preços existentes na série obteve-se uma nova TIR. O conjunto formado pelas TIRs,
respectivas a cada valor médio mensal da arroba de cada região, foi distribuído em gráficos
na forma de histogramas, onde é possível visualizar quais foram as TIRs com maior
freqüência.
53
Gráficos 4 - Histogramas de Freqüência - TIR
Histograma de freqüência 1
0,140
0,180
Histograma de freqüência 2
0,160
Distribuição das TIRs
0,140
referentes ao Painel de
0,120 Redenção - PA
0,100
(Cria Recria e Engorda)
0,080
Série de preço utilizada:
0,060
Histograma de freqüência 3
0,140
0,060
Série de preço utilizada:
0,000
9,29% 10,12% 10,95% 11,79% 12,62% 13,45%
54
Gráficos 5 - Histogramas de Freqüência - TIR
Histograma de freqüência 4
0,180
Distribuição das TIRs
0,160 referentes ao Painel de
Alta Floresta - MT
0,140
0,020
0,000
13,01% 14,41% 15,80% 17,19% 18,59% 19,98%
Histograma de freqüência 5
0,040
0,020
0,000
3,29% 5,36% 7,43% 9,50% 11,58% 13,65%
55
Gráficos 6 - Histogramas de Freqüência - TIR
0,100
Distribuição das TIRs
referentes ao Painel de
0,080
Paragominas - PA
(Engorda)
0,060
Estado: Pará
0,020
Out - 1998 até Mai - 2002
Total: 44 Observações
0,000
13,51% 14,05% 14,59% 15,14% 15,68% 16,22% 16,76%
Histograma de freqüência 7
0,140
0,080
(Recria e Engorda)
0,060
Série de preço utilizada:
Histograma de freqüência 8
0,200
0,020
0,000
3,83% 6,27% 8,71% 11,15% 13,60% 16,04%
56
Comentários:
Vale lembrar que o valor da terra não foi adicionado a estas análises. Intuitivamente, é
possível concluir que a diferença entre as taxas das duas regiões seria expandida, pois os
municípios dos estados do Pará, Mato Grosso e Rondônia atingiriam taxas superiores, visto
que, o valor da terra a ser declarado nos custos de investimento ainda é menor na região
amazônica que na região sudeste do país (Quadro comparativo - 1). Em contrapartida, o
trabalho realizado por Homma (1993), já citado anteriormente (tópico - 3. Revisão
Bibliográfica), determinou que a especulação do recur so terra pode ser mais vantajosa na
região sudeste, isto provocaria o aumento da TIR em Tupã-SP devido à venda da terra mais
valorizada no vigésimo ano da análise. Devido a estes motivos e àqueles descrito no tópico
2.4 o valor da terra não foi utilizado nas análises.
57
Receita líquida por hectare
A renda líquida por hectare é muito importante na percepção do produtor rural, sendo o
principal ponto analisado no momento da tomada de decisão sobre as atividades e os
investimentos a serem implementados. Esses cálculos são feitos com base nos custos
operacionais.
58
atividade agrícola termina em Sinop. Na região de Alta Floresta, com a mudança da
paisagem (aumento da decrividade), a atividade agrícola praticamente desaparece.
59
A diferença dos preços, considerando a região de estudo e as demais regiões do Brasil, é
notável. Isso ocorre pelo fato as regiões estudadas da Amazônia, com exceção de Alta
Floresta - MT, estarem em áreas onde existe risco de febre aftosa. Essas regiões são
inseridas na zona de médio risco de febre aftosa – Zona Tampão. Isto significa que a carne
alí desossada pode chegar a São Paulo, mas não pode ser exportada.
A capacidade de abate de todas as localidades onde foi feita a coleta de dados também
mostra o crescimento da pecuária de corte na região. No Pará, os números relatados pelos
produtores apontam que a capacidade instalada no sul do estado é de cerca de 7000 cabeças
por dia, com praticamente 100% de desossa. Em Rondônia, a capacidade instalada é de
aproximadamente 4000 animais/dia. Observa-se que a indústria frigorífica dessas regiões
está em processo de crescimento.
60
5.5- RESULTADOS DA MODELAGEM
Nas demais regiões onde foram realizados trabalhos de coleta de dados, a dinâmica de
produção é bastante distinta. Os fatores climáticos são semelhantes em todas as localidades
estudadas, mas as características do solo em Redenção e Alta Floresta não são muito
favoráveis à atividade agrícola, como verificado em Paragominas, e nem tem o mesmo
potencial de Ji-Paraná e Santana do Araguaia. O solo em Redenção e Alta Floresta é
pedregoso e tem topografia ondulada, fatores estes limitantes no processo de mecanização
das atividades agrícolas. Considera-se que a infertilidade do solo não é um fator restritivo,
existindo maneiras de contornar a situação.
61
A propriedade utilizada como base para o estudo tem as seguintes características:
62
Conforme Gass (1969), o modelo de Programação Linear pode ser representado por:
Maximizar:
Z = f ′x Equação 1
Sujeito a:
Ax ≤ b Equação 2
x≥0 Equação 3
A função objetivo, Z, é o produto do vetor f (coluna) das margens brutas das diversas
culturas pelo vetor x (coluna) das atividades. O vetor f inclui receitas das atividades da
propriedade, tais como venda de algodão, milho, soja, gado de corte, juros de aplicações
financeiras etc. Estes valores (receitas) correspondem a elementos com sinais positivos.
Todas as despesas, tais como a compra de insumos, os juros de empréstimos contraídos etc.,
correspondem a elementos com sinais negativos.
63
as receitas e o saldo com o sinal negativo indica a receita líquida positiva das atividades ao
final do ano.
Para a inclusão de risco no modelo são utilizados os desvios da receita bruta das
propriedades em relação a uma tendência linear, que representa as expectativas dos
produtores rurais.
64
O modelo para incorporar condições de incerteza foi inicialmente proposto por
Markowitz (1952). Segundo Silva (2000), esse modelo foi desenvolvido para produtos do
mercado financeiro e por isto toma os desvios como aleatórios. No contexto agrícola, a
utilização do modelo de riscos deve ser feita observando as características especiais da
atividade, uma vez que o retorno na agricultura pode apresentar alguma forma de tendência
previsível. Assim, ganhos de produtividade, modificações do sistema de produção etc.
podem introduzir tendência à série, a qual deve ser considerada na modelagem visando a
obtenção de resultados mais precisos.
Minimizar:
n
S
= ∑ Yi′ Equação 4
2 i=1
Sujeito a:
∑x D
j=1
j ij + Yi ≥ 0 Equação 5
f ′x = R0 Equação 6
Ax ≤ b Equação 7
x ≥ 0 e Yi ≥ 0 Equação 8
onde S é soma dos desvios absolutos com relação às médias das receitas brutas; D ij é o
65
assume valor zero, por causa das restrições dadas por (5) e (6). Yi é, portanto, uma variável
auxiliar que mede a soma dos desvios quando esta soma é negativa.
∑P v ij ij n = rj Equação 9
i =1
onde Pij é a produtividade da cultura j no ano i. O valor de vij é o preço recebido pelos
agricultores para a cultura j no ano i. O desvio em relação à média foi calculado através de
(10):
D ij = ( Pijv ij − r j ) Equação 10
constrói-se a “fronteira eficiente”, que expressa o risco envolvido para atingir determinado
nível de receita bruta. Haverá, dessa forma, um conjunto de soluções eficientes, cabendo ao
tomador de decisão a escolha daquela que seja compatível com sua preferência (maior ou
menor aversão ao risco).
No modelo proposto, os desvios são obtidos através de uma regressão linear simples,
onde a variável dependente é a receita bruta e a variável explicativa é o tempo.
Minimizar:
n
Sr
= ∑ Yi′ Equação 11
2 i =1
Sujeito a:
n
∑x D
j=1
j rij + Yi ≥ 0 Equação 12
f ′x = R0 Equação 13
Ax ≤ b Equação 14
66
x ≥ 0 e Yi ≥ 0 Equação 15
onde Sr passa a ser a soma dos desvios absolutos com relação às regressão lineares das
receitas brutas; D rij , o desvio em relação à regressão linear da receita média da cultura j na
por (5) e (6). Yi é, portanto, uma variável auxiliar que mede a soma dos desvios quando esta
soma é negativa.
O desvio absoluto da receita bruta em relação à regressão linear simples das receitas
brutas ao longo do tempo foi calculado através de (16):
D r = Pij v ij − (α + βX ij ) Equação 16
onde Pij é a produtividade da cultura j no ano i. O valor de vij é o preço recebido pelos
agricultores para a cultura j no ano i, portanto, Pij vij é igual à receita bruta da cultura j no
Neste trabalho, os desvios para cada uma das culturas ao longo das últimas 10 safras são
estão apresentados na Tabela 13. Os valores dessa tabela são consid erados no modelo, o qual
é utilizado agora com a finalidade de minimizar os riscos, dada uma determinada receita
esperada. À medida que a receita esperada vai reduzindo-se, os desvios também vão e, dessa
forma, obtém-se a fronteira eficiente, que representa o conjunto de pontos que podem ser
atingidos para diferentes combinações de receita e risco, dado os fatores de produção
disponíveis.
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Tabela 13 - Desvios absolutos das culturas nas últimas 10 safras
Tabela 3.Desvioas Absolutos das Culturas nas últimas 10 safras
arroz milho soja boi gordo
54,38 108,52 1,1963 -177,50
50,94 125,94 -0,8900 139,31
-25,12 16,50 -4,0055 241,47
-44,96 -104,49 2,6774 -15,78
-23,90 -111,47 6,8564 55,64
-9,65 -65,70 1,7427 -229,08
-45,41 -77,02 -6,8016 -97,93
-146,02 -144,73 -3,9879 115,90
140,94 33,54 -1,5625 -79,35
42,86 53,37 1,7923 47,29
5,94 165,55 2,9823 47,00
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Gráfico 7- Fronteira Eficiente
1400000
1200000
Retornos R$/ano
1000000
800000
600000
400000
200000
0
38875,23 66156,09 113275,9 185649,9 222749,9 293844,7 350834,1 222749,9 484796,3 554826,9
desvios
A propriedade estudada em Paragominas está situada num ponto próximo àquele que
representa uma renda de R$ 900 mil, com a seguinte composição de atividade: 238 ha de
arroz, 173 ha de milho, 400 ha de soja, 4924 ha de pastagens e 9262 ha de mata. A alocação
da área para as diversas atividades agrícolas alternativas, conforme os resultados do modelo,
é muito semelhante àquela implementada no campo.
O modelo mostrou-se sensível com relação à expansão de área quando ocorrem choques
de preços. Mediante a elevação do preço de um dos produtos ocorre primeiro uma
redistrib uição da área dentro da parcela desmatada e, somente num segundo momento, pode
ocorrer o desmatamento. Isso pode ser explicado pelo fato de que um aumento de área é
condicionado a um investimento grande em derrubada de mata, o qual poucas vezes pode ser
pago com o retorno da propriedade.
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No ponto onde a curva de utilidade do produtor (linha vermelha) tangencia a fronteira
eficiente, tem-se o ponto de equilíbrio para a propriedade amazônica. Nesse ponto, os
recursos dos produtores são utilizados em 528 ha de arroz, 547 ha de milho, 1124 ha de
pecuária e 1185ha de soja. O restante da área continua sendo ocupado por mata, ou seja, dos
15000 restam 11613 intocados.
Com base no modelo definido é possível simular situações hipotéticas, o que foi feito
inicialmente admitindo-se um aumento de 10% na receita líquida da pecuária. Nesse caso, a
área de pastagem cresce cerca de 22%, passando para 1376 ha. O crescimento absoluto é de
cerca de 252 ha, dos quais 176 ha ocorrem sobre a área de mata e o restante sobre a área de
agricultura, com um deslocamento mais significativo sobre a área de soja, cerca 59 ha
(ocupando 4,98% da área original de soja). Um acréscimo de 20% na receita da pecuária
desloca a área agrícola e não altera a área de reserva, pois nesse caso é mais interessante
reduzir a área agrícola dado o elevado investimento inicial necessário ao desmatamento.
Com o objetivo de avaliar qual deveria ser a remuneração para a atividade “mata” que
tornaria essa atividade atrativa comp arativamente às demais implementadas na região, fez-se
simulações considerando diversos níveis de receita líquida anual para a área de mata,
iniciando com R$ 10,00 por hectare. Duas situações foram testadas nessa simulação:
70
R$ 45,00 por hectare passa ser interessante aos produtores a manutenção da área de mata em
detrimento das outras atividades agropecuárias consideradas no estudo;
71
de capim e mesmo as variedades de soja, de milho e de arroz, poderiam ser mais
profundamente estudadas de maneira a oferecer melhores condições de adaptação. No
tocante ao manejo do solo também se nota que os procedimentos utilizados na região são
menos evoluídos - as práticas conservacionistas de plantio direto não foram observadas nessa
região de clima tropical/equatorial.
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6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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