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Simone Wiens
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Christian Luiz da Silva
RESUMO
O artigo faz uma reflexão sobre a teoria relativa a qualidade ambiental, fazendo uma
comparação entre 6 teses e/ou dissertações que tratam especificamente de indicadores de
qualidade ambiental. Estas teses e/ou dissertações são de diferentes centros ou instituições de
pesquisas. Cada uma delas aborda o tema e os indicadores de forma diferente. Todos os
trabalhos contribuíram, de alguma forma, para o desenvolvimento de indicadores e/ou índices.
Alguns autores utilizaram algum conceito de Desenvolvimento Sustentável, outros apenas
citaram a importância dele, sem defini-lo.Vários autores utilizam-se do método de Pressão-
Estado-Resposta para definir os indicadores/índices. Mas não se percebe muito a inter-relação
entre os indicadores na formação de índices. Neste aspecto ressalta-se a importância de ter
nos indicadores a expressão do conceito que o sustenta.
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UniFAE - Centro Universitário. E-mail: swiens25@yahoo.com.br
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UniFAE - Centro Universitário. E-mail: christians@fae.edu
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1 INTRODUÇÃO
exaustiva, por limitar-se a 6 trabalhos, mas se justifica à medida que posiciona o tema para
diferentes autores e instituições de pesquisas.
O artigo está organizado em 4 seções, incluindo esta introdução. A segunda seção faz
uma descrição das teses e/ou dissertações pesquisadas. Na terceira seção é feita uma
avaliação comparativa entre os trabalhos apresentados, com alguns pontos positivos e
negativos. As conclusões fazem parte da quarta seção apresentada neste artigo.
sistema de indicadores ambientais utilizado cada vez mais em escala mundial, uma vez que
consegue organizar a informação ambiental.
Tal modelo analítico implica mostrar que as atividades humanas ocasionam uma
pressão sobre o meio ambiente, podendo afetar o seu estado, onde a sociedade deve
responder com ações para reduzir ou prevenir os impactos negativos.
Foram desenvolvidos indicadores que, posteriormente foram agregados em índices de
pressão ambiental e de estado do ambiente para finalmente serem transformados em um
índice ambiental sintético colocado em uma escala de rendimento proporcionando uma
informação geral sobre a qualidade ambiental na área de estudo.
A escolha de indicadores para a avaliação da qualidade ambiental do município de
Tubarão, foi baseada no sistema de indicadores ambientais denominado Pressão-Estado-
Resposta, proposto pela Organization for Economic Cooperation and Development – OCED e
pelo trabalho realizado na Fundação Municipal do Meio Ambiente – FAEMA, de Blumenau –
SC, para avaliar o Índice de Sustentabilidade de Blumenau - ISB.
Optou-se, no trabalho pela escolha de indicadores que de alguma maneira influenciam
em quatro elementos fundamentais da natureza: ar, água, solo e cobertura vegetal,
distinguindo indicadores de pressão ambiental e de estado do meio ambiente. Estes
indicadores foram agregados e transformados no Índice de Qualidade do Meio Ambiente
(IQMA) para o município de Tubarão.
Foi realizada, no final, uma análise comparativa dos indicadores ambientais obtidos para o
município de Tubarão, com os valores preconizados na legislação ambiental vigente no país.
Considerando que a legislação ambiental vigente estabelece como padrão valores
sustentáveis para o controle do stress e da qualidade ambiental, as melhores e as piores
situações ambientais foram consideradas de acordo com a proximidade dos padrões
estabelecidos, bem como pelo comparativo dos valores estabelecidos por índices clássicos,
como os índices de qualidade da água e do ar.
No trabalho de Rufino (2002), fica evidente que os indicadores conseguem tratar e
transmitir de forma sintética a informação de caráter técnico e científico original, utilizando
apenas variáveis que melhor definem e caracterizam os objetivos em questão.
O trabalho apresentado por Badanhan (2001), tem por objetivo propor um método que
busque uniformizar o controle ambiental dos processos em uma obra de dutovias, de maneira a
conciliar as exigências dos agentes sociais, quanto à qualidade do meio ambiente e do agente
privado, quanto a sua produtividade.
O método adotado neste trabalho para determinar os Indicadores de Qualidade tem
como base, as informações levantadas junto à comunidade, os aspectos, no que diz respeito a
este tipo de obra, controlados pelos órgãos ambientais e as recomendações propostas pelos
empreendedores.
Para a determinação dos Indicadores de Qualidade Ambiental levou-se em conta a
freqüência que um determinado aspecto ambiental ocorreu como também a relevância deste
aspecto com relação a sua influência no meio ambiente.
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No artigo publicado por Miranda & Teixeira (2004), são apresentados indicadores
voltados para o sistema de abastecimento e de esgotamento para a cidade de Jaboticabal/SP.
O método utilizado neste artigo foi dividido em duas etapas. Na primeira, denominada
"Escolha Restrita", foi feita uma pesquisa em literatura especializada, listando indicadores e
princípios relacionados à sustentabilidade e aos sistemas de abastecimento e de esgotamento
(SAA e SES).
Os indicadores foram associados aos princípios específicos à aplicabilidade aos SAA
e SES, gerando uma lista de indicadores para cada princípio. Com a sistematização dos
critérios de escolha, foram aplicados em uma matriz, ficando definidos os que receberam maior
ou menor pontuação.
Na segunda etapa, foi realizada a "Escolha Ampliada", com agentes do município.
Após o levantamento de indicadores relacionados ao SAA e SES, foram aplicados critérios
definidos em reuniões em uma matriz.
Como resultado final, foram definidas tendências favoráveis ou desfavoráveis à
sustentabilidade, nos referidos indicadores na escolha restrita e na escolha ampliada.
A análise dos indicadores como forma de monitoramento de políticas públicas resultou
em um conjunto de indicadores bastante satisfatório, abrangendo diversas dimensões da
sustentabilidade.
Um trabalho muito interessante para o nosso estudo, é sobre a qualidade ambiental da
Bacia Hidrográfica do Córrego de Piçarrão. Para Mattos (2005), um sistema ambiental é a
resultante das inter-relações entre os subsistemas físico-natural (natureza) e socioeconômico
(sociedade). Conciliar a compatibilidade entre as dinâmicas destes subsistemas, de modo a
conciliar a qualidade de vida e respeito aos limites de potencialidades do meio físico, é a meta
de um processo sustentável de desenvolvimento urbano.
O autor utiliza o método pressão-estado-resposta para a avaliação da qualidade
ambiental da bacia. A seleção dos indicadores foi feita utilizando os critérios de
validade/representatividade e de disponibilidade.
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3 AVALIAÇÃO COMPARATIVA
O trabalho apresentado por Badanhan (2001), tem por objetivo propor um método que
busque uniformizar o controle ambiental dos processos em uma obra de dutovias, de maneira a
conciliar as exigências dos agentes sociais, quanto à qualidade do meio ambiente e do agente
privado, quanto a sua produtividade.
Badanhan (2001) cita informações sobre indicadores e padrões de qualidade
ambiental com informações levantadas junto à comunidade. Assim como Fidalgo (2003), que
apresenta critérios para uma análise de métodos e não um método para tratar indicadores.
O próprio autor do trabalho sugere um refinamento dos Indicadores e a implementação
e acompanhamento destes indicadores, por falta de um método específico para defini-los.
Fidalgo (2003) apresenta indicadores segundo o modelo de classificação
tridimensional apresentado por Bakkes et al. (1994). Uma primeira se baseia nos propósitos de
uso dos indicadores, que são: avaliar as condições ambientais e as tendências em escala
nacional, regional ou global; comparar países e regiões; elaborar prognósticos; fornecer
informações preventivas; e avaliar as condições existentes em relação às metas estabelecidas.
Uma segunda classificação se baseia no assunto, ou um tema. E a terceira se baseia nas
relações de causa e efeito, como as estabelecidas no modelo Pressão-Estado-Resposta.
O método utilizado no trabalho de Fidalgo (2003), é uma primeira formulação para a
análise da etapa de diagnóstico de planejamentos ambientais e deve ser visto como uma
ferramenta de auxílio ao planejador ou ao tomador de decisão. Sua aplicação pode resultar em
alterações necessárias para adequá-lo a situações diversas, as quais, reunidas e
sistematizadas podem contribuir com seu aprimoramento.
O que faltou no trabalho de Fidalgo (2003), foi estabelecer padrões de qualidade, que
possam ser medidos e que permitam avaliar de forma mais objetiva estes indicadores.
Miranda e Teixeira (2004), fizeram uma comparação entre os indicadores levantados
em outras literaturas para o monitoramento da sustentabilidade em sistemas urbanos de
abastecimento de água e esgotamento sanitário. É um trabalho específico para esta área. Não
trata de outras dimensões da sustentabilidade, como saúde, economia, educação e cultura.
Utiliza o conceito do CMMAD (1991), que implica na possibilidade de que as próximas
gerações possam satisfazer suas necessidades assim como as gerações atuais.
Mattos (2005) ainda cita que o desenvolvimento sustentável é um processo contínuo
que procura a interação entre dois subsistemas: o físico-natural (natureza) e o socioeconômico
(sociedade).
Um processo contínuo de busca do que um resultado final que será alcançado num
prazo determinado; processo esse que procura a compatibilização entre sociedade e natureza,
sabendo que essa envolve não só complementaridades, mas também antagonismos e conflitos,
os quais fazem parte da própria dinâmica evolutiva do sistema ambiental formado pela interação
entre esses dois subsistemas.
Para a agregação dos indicadores não utilizou um método específico. Apenas fez uma
média entre os indicadores encontrados. Para o Índice final, foram somados os índices parciais
e dividiu-se o resultado por 3.
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QUAL O SISTEMA
CONCEITO DE
QUAIS INDICADORES SÃO UTILIZADO PARA
TÍTULO DO TRABALHO DESENVOLVIMENTO
ABORDADOS NO TRABALHO DEFINIR OS
SUSTENTÁVEL
INDICADORES
1) SILVA, M. L. G. da, Não apresenta conceito de Neste trabalho é apresentado o Não foi utilizado um
2002 Desenvolvimento indicador: Densidade - Uso e sistema específico.
Sustentável. Ocupação do Solo.
2) RUFINO, R. C, 2002 Desenvolvimento Indicadores de Pressão, Estado e Método Pressão-Estado-
socialmente justo, Resposta. Índice de Qualidade da Resposta.
economicamente viável e Água. Índice de Qualidade do Meio
ecologicamente correto. Ambiente (IQMA).
3) BADANHAN, L F, 2001 Não apresenta conceito de Indicador Ambiental: Informações levantadas
Desenvolvimento - assoreamento; junto a comunidade, pelos
Sustentável. - danos á infra-estrutura; órgãos ambientais e as
- disposição de materiais; recomendações
- obstrução de acesso; propostas pelos
- entulho; empreendedores.
- conduta imprópria.
4) FIDALGO, E. C. C., Não apresenta conceito de - forças impulsoras; Modelo apresentado por
2003 Desenvolvimento - forças restritivas; Bakkes et al. (1994).
Sustentável. - oportunidades;
- ameaças;
- principais problemas;
- capacidade de suporte;
- tipo de zona.
5) MIRANDA, A. B. de; Utiliza o conceito do Consumo de água per capita; Foi feita uma análise
TEIXEIRA, B. A. do N., CMMAD (1991). Índice de perdas no sistema; comparativa entre os
2004 Falta de água nas residências; indicadores.
Desconformidades com o padrão de
potabilidade; Desconformidades com
o enquadramento dos corpos
hídricos.
6) MATTOS, S. H. V. L. Um processo contínuo que Participação popular no Orçamento O método utilizado foi o
de. 2005 procura a interação entre Participativo, Prioridades definidas no de Pressão-Estado-
dois subsistemas: o físico- Orçamento Participativo ligadas à Resposta.
natural (natureza) e o melhoria da Qualidade Ambiental e
socioeconômico Diretrizes definidas pelo Plano Diretor
(sociedade). de Campinas referentes à melhoria da
Qualidade Ambiental.
FONTE: Dissertações de: Silva, Rufino, Badanhan, Fidalgo e Mattos e de um artigo de Miranda e Teixeira
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
imprevisível. Ela depende da interação das variáveis e estas, sofrem pequenas mudanças que
podem diferir significativamente no processo.
Por este motivo, nos 6 trabalhos avaliados encontram-se indicadores diferentes,
apesar de todos citarem os mesmos como indicadores de qualidade ambiental. Os indicadores
encontrados são uma forma de representação do sistema, e por isso, a sua orientação
depende previamente de uma definição, das variáveis envolvidas e da dinamização do
processo.
Todos os trabalhos avaliados têm como resultado, algum indicador ou índice
proveitoso para o espaço determinado. Mas a variável espacial é diferente em cada um deles.
E como detalhado anteriormente, as variáveis devem estar interligadas entre si, pois se
influenciam mutuamente.
Além disso, existe a necessidade de identificar vínculos entre as variáveis para que se
possa entender o sistema como um todo. De acordo com Bellen (2005), deve-se promover uma
integração entre os diferentes campos no sentido de ampliar o entendimento do conjunto de
relações.
É necessário estabelecer as relações que existem entre as diferentes variáveis que
definem os indicadores. Entende-se por variáveis, as áreas ligadas à qualidade ambiental, ou
seja, social, econômica, cultural e espacial.
Essa inter-relação e interdependência resultam em uma análise muito rica e
diversificada e constituem um processo de desenvolvimento sustentável. De acordo com Silva
(2005, p.36),
REFERÊNCIAS
BAKKES, J.A.; VAN DER BORN, G.J.; HELDER, J.C.; SWART, R.J.; HOPE, C.W.; PARKER, J.D.E.
An overview of environmental indicators: state of the art and perspectives. Nairobi: United
Nations Environment Programme (UNEP)/Dutch National Institute of Public Health and
Environmental Protection (RIVM), 1994.
DAHL, A. L. The big picture: compehensive approaches. In: MOLDAN G.; BILHARZ, S. (Eds.)
Sustainability indicators: report of the project on indicators of sustainable development.
Chichester: John Wiley & Sons Ltd., 1997.