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BELO HORIZONTE
2009
1
BELO HORIZONTE
2009
2
(Milton Nascimento)
3
AGRADECIMENTO
A Deus, que sempre está presente em minha vida, por iluminar a estrada da minha
caminhada, clareando minha visão para enxergar possibilidades em todos os momentos de
dificuldade,
A minha filha Sophia, a flor mais linda do jardim da minha vida, pelas ausências,
Aos meus pais, pelo apoio, carinho e compreensão, por me amar incondicionalmente e
acima de tudo amar minha filha,
A Teresa Mineiro, pela ajuda, sempre disponível, preocupada com meus prazos, correndo
junto comigo na conclusão desta pesquisa,
Ao Rogério Tadeu Corrêa de Leão Lima, tradutor dos artigos, interessado pela relevância
deste estudo, na qualidade do mesmo, por sua disponibilidade e generosidade,
A Fapemig pela bolsa de estudos que foi de grande valia na conclusão deste curso,
Em especial a querida Profa. Dra. Eline Lima Borges pela oportunidade, pelos
ensinamentos, pela qualidade do curso, por sua preocupação com os alunos, por sua
delicadeza, por saber o verdadeiro significado da palavra gentileza...
4
RESUMO
ABSTRACT
The skin lesions are a common problem in clinical practice. The cover plate
hydrocolloid and calcium alginate are used on the treatment of these lesions and many
professionals are unaware of their effects during the healing process. The objective of the
research was to identify evidence of the effects of topical treatment with hydrocolloid plate or
calcium alginate in the healing process. We used the integrative review and selected the
articles and the following keywords: roofing hydrocolloid, alginate, colloids, hydrogel
dressings, occlusive dressing, varicose ulcer, pressure ulcers, wound healing, granulation
tissue, skin ulcers, wounds lesions. Databases were searched using MEDLINE, LILACS,
BDENF E COCHRANE. The selected studies had a sample of patients with skin lesions,
intervention was performed treatment with hydrocolloid plate or calcium alginate, during any
period of time, the methodology should allow evidence of level I, II, III and IV. Evalued
result refer to the healing process. The period of publication accepted realized from 2004 to
2009. The sample consisted of 12 studies that responded to the inclusion criteria. After
analysis we were able to identify the following results: hydrocoloidal should be used to heal
chronic injuries regardless of etiology, the treatment of pressure ulcers stage I and II, in acute
and chronic injuries; in combination with compression therapy, we recommend the use of
hydrocolloid , foam, hydrogel and alginate; the Tegaderm Clear Acrylic Absorvent Dressing R
is more effective than the hydrocolloid in the treatment of pressure ulcers stage II and III;
hydrocolloid compared to viscose fabric has the same efficacy when combined with
compression therapy; one should treat minor burns with hydrocolloid or Biobrane R they
present the same effectiveness; compared to gauze, hydrocolloid is cheaper to treat damage to
abdominal surgery; one should treat injuries and neurosurgical acute surgical wound by
second intention with hydrocolloid; hydrofiber use silver to the treatment of deep lesions wit h
infection by calcium alginate; calcium alginate implement associated with the polyurethane
film in the treatment of donor sites of injury. At the end of the study concluded that the
diversity of outcomes assessed and methodological design of studies of the sample made it
impossible to carry out meta-analysis, which can only perform a descriptive analysis. It is
suggested that further studies are randomized controlled trials with a priori sample calculated
as outcomes to be assessed in order to promote the deepening of the knowledge produced in
the area.
6
LISTA DE FIGURA
QUADRO 5 Apresentação dos estudos clínicos controlados. Belo Horizonte, 2009. ----- 31
QUADRO 6 Apresentação dos estudos clínicos descritivos. Belo Horizonte, 2009. ------ 32
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO-------------------------------------------------------------------- 08
2 OBJETIVO------------------------------------------------------------------------- 10
3 REVISÃO DE LITERATURA------------------------------------------------- 11
3.1 Cicatrização Úmida---------------------------------------------------------------------------- 12
3.2 Principais Recursos Disponíveis ------------------------------------------------------------ 13
3.3 Processo de Seleção de Recursos ----------------------------------------------------------- 16
4 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO----------------------------------- 19
4.1 População e Amostra-------------------------------------------------------------------------- 21
4.2 Método Estatístico----------------------------------------------------------------------------- 23
5 RESULTADOS-------------------------------------------------------------------- 25
6 DISCUSSÃO----------------------------------------------------------------------- 35
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS-------------------------------------------------- 37
REFERÊNCIAS--------------------------------------------------------------------- 39
APÊNDICE -------------------------------------------------------------------------- 44
8
1 INTRODUÇÃO
Por isso não adquirem os produtos alegando que os mesmos oneram os cofres institucionais,
tanto os públicos quanto os privados.
Percebe-se que das coberturas classificadas como interativas, as mais usadas na prática
clínica para o tratamento de lesão cutânea, principalmente as crônicas, são o hidrocolóide
placa e alginato de cálcio.
Quando os profissionais que utilizam esses produtos são questionados sobre quais os
efeitos desses no processo de cicatrização, grande parte não sabe responder essa questão. Eles
informam de forma vaga que tanto o hidrocolóide, quanto o alginato são bons para a
cicatrização. Ou que essas “coberturas modernas são especiais, superiores ou melhores que o
tratamento tradicional”.
Diante do exposto surge a questão norteadora desse estudo: quais são os efeitos do
hidrocolóide placa e alginato de cálcio no tratamento de lesão cutânea?
10
2 OBJETIVO
3 REVISÃO DE LITERATURA
Os registros mais antigos, citados por Zimmerman (1961) e Veith falam sobre
manuscritos egípicios que datam de 3000-2500 a.C, e neles são mencionadas coberturas à
base de mel, graxa, fios de linho e diversos tipos de excrementos, que faziam parte dos
princípios da farmacopéia egípcia (MANDELBAUM et al., 2003).
Dealey (2008) descreve que Hipócrates lançou as bases da medicina científica e
recomendava que as lesões cutâneas fossem mantidas limpas e secas, e preconizava sua
limpeza com água morna, vinho e vinagre. Foi ele também quem criou os conceitos de
cicatrização por primeira ou segunda intenção.
A partir do século XIX, durante a Guerra da Criméia, foram criados vários tipos de
coberturas à base de fibras de linho; que sendo reutilizadas várias vezes, se tornavam
gradativamente mais macias, mas eram pouco absorventes. Entre o final de 1840 e a Segunda
Guerra Mundial, o foco para o tratamento da lesão e cicatrização foi a utilização de anti-
sépticos e agentes tópicos com ação antimicrobiana e a proteção com coberturas secas, como
conseqüência às descobertas de Pasteur sobre a “Teoria dos Germes”. Por volta de 1860,
Gamgee descobre o processo de remoção do óleo da lã de algodão, tornando-o absorvível, e
cria o chumaço de algodão envolto em gaze, ainda hoje utilizado. Até o final da Segunda
Guerra Mundial os recursos utilizados para a proteção das lesões baseavam-se na crença de
que o ambiente seco proporcionava melhores condições de cicatrização, sendo largamente
desenvolvidos e utilizados agentes tópicos que provocavam o dessecamento do leito da lesão,
e as coberturas consistiam basicamente de gaze seca, fixada com espessa camada de fitas
adesivas (MANDELBAUM, et al.2003).
Segundo Mandelbaum et al. (2003) embora já se aceitasse o pressuposto de que a
cicatrização de um ambiente úmido na lesão trazia efeitos extremamente benéficos para o
processo cicatricial, bem como redução da dor, devido à proteção das terminações nervosas
contra o dessecamento, até início da década de 1960 ainda não estavam sendo desenvolvidos
pela indústria produtos com esta propriedade.
Nos Estados Unidos e Europa, registra-se um aumento de novos recursos a partir de
1970, gerando dúvidas entre os profissionais quanto a sua adequada indicação e utilização; em
contrapartida, não se tinham evidências sobre os reais benefícios de cada um desses recursos,
nem estudos controlados sobre custo/benefício de cada um deles. Em 1982 as coberturas à
base de hidrocolóides são lançadas nos Estados Unidos e Europa, passando a ser largamente
12
Jones et al. (2006) descrevem como características da cobertura ideal: ter capacidade
de manter alta umidade no local da lesão enquanto remove o excesso de exsudação, evitar que
partículas tóxicas contaminantes permaneçam livres no leito da lesão, não ser tóxico ou
alergênico, ser capaz de proteger a lesão de traumas, possibilitar a remoção sem causar
traumas maiores para a lesão, ser impermeável às bactérias, promover isolamento térmico,
permitir trocas gasosas, ser confortável e ajustável, não necessitar de trocas frequentes, ter
custo efetivo e longo tempo de validade.
Dentre as coberturas oclusivas foram selecionadas para este estudo as coberturas de
hidrocolóide placa e alginato de cálcio. A cobertura de hidrocolóide placa é indicada durante
todas as fases de cicatrização. Preserva o tecido de granulação e garante um meio úmido no
leito da lesão. A cobertura de alginato de cálcio controla o excesso de exsudato e sangramento
no leito da lesão, evitando assim as constantes trocas de coberturas. As duas opções atendem
as necessidades da grande maioria das lesões e são as coberturas mais utilizadas nos serviços
de saúde.
Segundo Thomas (2008) o termo “hidrocolóide” foi cunhado nos anos 60 durante o
desenvolvimento de mucoadesivos, feitos de carboximetilcelulose combinado com adesivos e
aderentes que foram utilizados no tratamento de lesões bucais. Foi subsequentemente adotado
para descrever um novo tipo de cobertura, baseada nessa tecnologia, na qual uma massa
gelatinosa hidrofílica era aplicada em uma forma semi-sólida ou um suporte flexível
semipermeável.
Os hidrocolóides foram patenteados em 1967 e originalmente usados no tratamento de
estomas (CHEN, 1967). E devido a sua ampla aplicabilidade são usados tanto em lesões
cutâneas agudas quanto crônicas (DEALEY, 2005). De acordo com Cockbill e Turner (2007)
os hidrocolóides clássicos consistem supostamente em 40% de polisiobutilene, 20% de
carboximetilcelulose sódica, 20% de gelatina e 20% de pectina. A parte externa da cobertura é
constituída de espuma de poliuretano ou filme que permite a troca de vapor de água e protege
a lesão contra a contaminação do meio externo (HEYNEMAN, 2007).
A primeira versão de hidrocolóide a ser descrita foi o GranulexR, lançado no Reino
Unido (UK) em 1982 e subsequentemente introduzido nos Estados Unidos como DuodermR
em 1983 e como Varihesive em alguns outros mercados europeus. A primeira formulação do
GranulexR/DuodermR tendia a produzir um gel viscoso móvel na presença de exsudação e em
1993 uma nova formulação foi introduzida que procurou ser superior a esse problema
identificado. Inicialmente chamado de Granulex E ou Duoderm CGF, eventualmente
substituíram a formulação original (THOMAS, 2008).
15
lesão, que permite uma reação de troca iônica entre o cálcio do alginato, o sódio do sangue e o
exsudato, originando um composto solúvel: o alginato de cálcio-sódio. Os íons cálcio
liberados constituem um dos fatores que inibirão a coagulação. Além disso, os alginatos não
são tóxicos nem alergênicos e são totalmente biodegradáveis, com pouca ou nenhuma reação
tissular. Jones et al. (2006) afirmam que os alginatos podem absorver de quinze a vinte vezes
seu peso em fluídos tornando-os apropriados para lesões com alta exsudação.
O alginato de cálcio, além de reduzir o tempo de cicatrização, é de fácil aplicação e
remoção. Devido à sua capacidade de absorção, reduz o número de trocas. É classificado
como cobertura primária, porque é aplicado diretamente sobre o leito da lesão, necessitando
de uma cobertura secundária. Geralmente, utiliza-se gaze estéril e atadura ou algum tipo de
adesivo para ocluir e fixar a cobertura primária. Este pode permanecer por até cinco dias sem
ser trocado. O período é definido conforme a quantidade de exsudato presente na lesão. Esta
cobertura pode ser indicada para lesões infectadas ou não e lesões com sangramento com
média e alta drenagem de exsudato. Os hidrocolóides e os alginatos preenchem muitos
requisitos do ambiente ótimo para cicatrização de lesões (BORGES, 2000).
Mandelbaum et al. (2003) descrevem alguns benefícios do uso do alginato de cálcio:
quimiotáxico para macrófagos e fibroblastos; auxilia o desbridamento autolítico; hemostático
(promove agregação plaquetária); biocompatível e biodegradável; diminui o exsudato e o odor
da lesão (bacteriostático); pode ser usado em lesões cavitárias, tunelizantes, com ou sem
infecção. Segundo os autores existem algumas limitações dentre elas: requer cobertura
secundária; não deve ser utilizado em lesões secas ou com pouco exsudato, pois pode haver
aderência e maceração da pele adjacente; não pode ser associado a agentes alcalinos, e deve-
se ter rigoroso controle sobre sua procedência.
A dúvida freqüente entre os profissionais é a escolha da melhor cobertura para tal tipo
de lesão. Essa resposta depende de diversos fatores, pois lesões diferentes, em diferentes tipos
de pacientes, requerem diferentes formas de tratamento. Como refere Dealey (2001) não se
pode fazer esse tipo de comparação, pois o tratamento de lesões com o objetivo de favorecer
sua cicatrização não se restringe ao estabelecimento de rotinas para troca de coberturas ou ao
estabelecimento de protocolos sobre o uso de produtos.
Segundo Mandelbaum et al. (2003) as grandes mudanças ocorridas nas últimas
décadas nos conceitos referentes à cicatrização têm mobilizado as indústrias a desenvolver e
17
colocar no mercado produtos cada dia mais específicos que sejam eficazes e adequados a cada
tipo de lesão em termos de custo/benefício.
Os autores afirmam que as instituições de saúde, públicas e privadas, com seus
recursos orçamentários e seus critérios para seleção de recursos interferem na seleção dos
recursos. Em grande número de instituições públicas os recursos são exíguos para atender à
grande demanda de clientes de baixo poder aquisitivo, que freqüentemente desenvolvem
afecções mais graves. Por outro lado, as instituições privadas e as seguradoras estabelecem
critérios cada vez mais rígidos para autorizar a utilização de recursos e tecnologias mais
sofisticadas, devido à necessidade de controle de custos.
Mandelbaum et al. (2003) relatam que devido à diversidade de tipos e marcas de
produtos é importante que sejam considerados alguns aspectos quando da análise para sua
escolha, aquisição e indicação. Inicialmente a documentação técnico-científica do produto
fornecida pelos fabricantes deve ser avaliada. É importante analisar os estudos clínicos
realizados e metodologia de utilização para avaliação e validação desses recursos. Também é
necessário verificar a comprovação de resultados, ou seja, evidências clínicas, mediante
estudos padronizados, veiculados em publicações científicas reconhecidas.
Os autores afirmam que outro ponto importante é a origem dos produtos e das
matérias-primas utilizadas, atestando seriedade, experiência, compromisso e registro nos
órgãos de fiscalização. Como também a avaliação do custo/benefício, sendo importante a
avaliação do custo inicial e de manutenção, e dos investimentos por meio da elaboração de
planilhas comparativas entre os diversos recursos, que considere não apenas seu preço inicial,
mas se baseie em estudos controlados dos diversos elementos envolvidos.
Segundo Mandelbaum et al. (2003) o produto deve ser disponível e de fácil acesso,
inclusive com disponibilidade do atendimento ao cliente por parte do fabricante (serviço de
atendimento ao consumidor) para orientação e substituição em caso de iatrogenias ou
descontinuidade de produção. O fabricante também deve prestar atendimento à instituição e
aos pesquisadores. Deve investir em projetos educacionais motivando o consumidor na
execução do autocuidado visando sua independência e que seja capaz de identificar
iatrogenias garantindo uma boa qualidade de vida; investir em pesquisa e avaliação, incluindo
ensaios clínicos, testes, grupo piloto; realizar auditoria e fornecer serviço de atendimento aos
consumidores; controle de qualidade constante; treinamento e reciclagem dos usuários,
clientes e profissionais; avaliar a biodegradabilidade dos produtos gerados demonstrando
preocupação com meio ambiente.
Segundo Ayello (2003) o sucesso no tratamento de lesões depende mais da
18
4 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
referir-se ao processo de cicatrização. Aceitou-se estudos com pelo menos um dos seguintes
desfechos: redução da área lesada, cicatrização da lesão; taxa de cicatrização, redução do
tecido necrótico ou número de microrganismos, controle da queixa álgica e capacidade de
reter o exsudato.
Foi elaborado um instrumento de coleta de dados (Apêndice) composto de dados
referentes ao periódico (nome, ano, volume, número, idioma), ao pesquisador (número, nome
do autor principal), e ao estudo (local da pesquisa, identificação da amostra, desenho
metodológico, tipo de participantes, etiologia da lesão, tipo de intervenções, resultados,
conclusão e qualidade do estudo).
A coleta de dados ocorreu no período de junho a dezembro de 2009, por meio de
busca eletrônica, sendo consultadas as bases de dados já descritas utilizando os seguintes
descritores: Coberturas Hidrocolóides, Alginatos, Colóides, Hidrogel, Bandagens, Coberturas
Oclusivas, Úlcera Varicosa, Úlcera de Pressão, Cicatrização de Lesões, Tecido de
Granulação, Úlcera Cutânea, Ferimentos e Lesões. Também utilizou-se os seguintes termos
livres: ulcer$; wounds; heridas; ferida; ferimentos; les$; curativo$; bandages; vendajes;
alginat$; colloid$; hidroge$; Hydro$; hidrocol$. Restrição por idioma em português, espanhol
e inglês.
(("Hydrogel"[Mesh] OR "Colloids"[Mesh] OR
"Alginates"[Mesh] AND "Bandages"[Mesh]) OR "Bandages,
Hydrocolloid"[Mesh] OR "alginate"[tiab] OR
"hydrocolloid"[tiab] OR "hydrogel"[tiab] OR "colloids"[tiab])
AND ("Pressure Ulcer"[Mesh] OR "Wound Healing"[Mesh] OR
MEDLINE Systematic
"Varicose Ulcer"[Mesh] OR "Granulation Tissue"[Mesh] OR 23
Reviews
"Skin Ulcer"[Mesh] OR "ulcer"[tiab] OR "varicose"[tiab] OR
"skin ulcer"[tiab]) AND ("2004/01/01"[PDAT] :
"2009/12/04"[PDAT]) AND ("humans"[MeSH Terms] AND
(English[lang] OR Spanish[lang] OR Portuguese[lang]) AND
systematic[sb])
Clinical (("Hydrogel"[Mesh] OR "Colloids"[Mesh] OR
Trial; "Alginates"[Mesh] AND "Bandages"[Mesh]) OR "Bandages,
Meta- Hydrocolloid"[Mesh] OR "alginate"[tiab] OR
Analysis; "hydrocolloid"[tiab] OR "hydrogel"[tiab] OR "colloids"[tiab])
Randomized AND ("Pressure Ulcer"[Mesh] OR "Wound Healing"[Mesh] OR
Controlled "Varicose Ulcer"[Mesh] OR "Granulation Tissue"[Mesh] OR
Trial; "Skin Ulcer"[Mesh] OR "ulcer"[tiab] OR "varicose"[tiab] OR
190
Review; "skin ulcer"[tiab]) AND ("humans"[MeSH Terms] AND
Comparative (English[lang] OR Spanish[lang] OR Portuguese[lang]) AND
Study; (Clinical Trial[ptyp] OR Meta-Analysis[ptyp] OR Randomized
Evaluation Controlled Trial[ptyp] OR Review[ptyp] OR Comparative
Studies; Study[ptyp] OR Evaluation Studies[ptyp] OR Multicenter
Multicenter Study[ptyp])) AND ("2004/01/01"[Publication Date] :
Study "2009/11/01"[Publication Date])
([mH] ("Úlcera Varicosa" OR "Úlcera de Pressão" OR
"Cicatrização de Feridas" OR "Tecido de Granulação" OR (EX
C17. 800.893$)) or [tw] (ulcer$ or wounds or heridas or ferida or
ferimentos or les$)) And [MH] (("Curativos Hidrocolóides" OR
LILACS 70
"Curativos Oclusivos") OR (("Alginatos" OR "Colóides" OR
"Hidrogel") AND ("Bandagens")) OR [TW] ((curativo$ or
bandages or vendajes) and (alginat$ or colloid$ or hidroge$ or
Hydro$ or hidrocol$)))
([mH] ("Úlcera Varicosa" OR "Úlcera de Pressão" OR
"Cicatrização de Feridas" OR "Tecido de Granulação" OR (EX
C17. 800.893$)) or [tw] (ulcer$ or wounds or heridas or ferida or
ferimentos or les$)) And [MH] (("Curativos Hidrocolóides" OR
BDENF 06
"Curativos Oclusivos") OR (("Alginatos" OR "Colóides" OR
"Hidrogel") AND ("Bandagens")) OR [TW] ((curativo$ or
bandages or vendajes) and (alginat$ or colloid$ or hidroge$ or
Hydro$ or hidrocol$)))
(ulcer or wounds) and (alginate or colloid or hidrogel or
COCHRANE Hydrocolloid) 484
TOTAL 784
23
LILAS 01 01
MEDLINE 11 10
COCHRANE 02 01
TOTAL 14 12
A base de dados que forneceu o maior número de publicações foi a MEDLINE (11),
seguida pela LILACS (01) e COCHRANE (02). Destaca-se que na BDENF não foram
encontrados estudos. Três estudos estavam disponíveis em duas bases de dados, LILACS e
MEDLINE. Esses foram mantidos apenas na segunda base. Sete estudos estavam disponíveis
em duas bases de dados, COCHRANE E MEDLINE. Esses foram mantidos apenas na
segunda base. Três estudos estavam disponíveis e foram acessados via on-line, os demais
foram adquiridos via Comut. Devido à necessidade de encerrar a fase de coleta de dados não
foi possível acessar dois estudos, portanto a amostra foi constituída de 12 estudos.
Os artigos foram lidos e avaliados por um revisor (pesquisadora), um por vez, para
confirmar se o mesmo atendia aos critérios de inclusão estabelecidos. Foram mantidos nesta
etapa os 12 estudos que, foram novamente avaliados visando extrair informações para o
preenchimento do instrumento de coleta de dados (Apêndice). Esta etapa teve por objetivo
avaliar a qualidade metodológica dos estudos e extrair as respostas que possibilitaram traçar
evidências sobre o uso de coberturas de hidrocolóide e alginato de cálcio em placa no
tratamento de lesão cutânea.
Foi utilizada uma amostra por conveniência e todos os estudos identificados que
atenderam aos critérios foram submetidos à avaliação.
Os resultados foram agrupados e classificados segundo o conteúdo, analisados e
apresentados em forma de quadros, tabelas e gráficos. Além disso, os artigos foram analisados
24
5 RESULTADOS
GRÁFICO 1 Distribuição dos estudos conforme ano de publicação. Belo Horizonte, 2009.
Destaca-se que nos anos de 2006 e 2009 não foram encontradas publicações referentes
a tratamento de lesão cutânea com hidrocolóide ou alginato de cálcio. Grande parte (33%) dos
estudos foi publicada no ano de 2007, seguido dos anos de 2004 e 2008 com três estudos
(25%) em cada ano citado e 2005 com dois estudos publicados (17%).
Os estudos clínicos envolvendo tratamento de lesão cutânea podem ser realizados em
diversos cenários e, geralmente, são conduzidos por mais de um autor. Essas características
dos estudos da amostra estão apresentadas na Tabela 1.
Estudos
Variáveis Categorias
N %
1 1 8,3
2 0 0,0
Número de Autores
3 3 25,0
+ de 3 8 66,7
TOTAL
12 100
Ambulatório 2 16,7
Cenário Hospital 8 66,6
Sem relato 2 16,7
TOTAL 12 100
26
A maioria (66,7%) dos estudos foi realizada por mais de três autores e três (25,0%)
por três autores. Esse dado sugere que a pesquisa clínica demanda um número maior de
pessoas para que torne possível o seu desenvolvimento.
Quanto ao local da pesquisa, a maioria (66,6%) dos estudos teve por amostra pacientes
internados, por isso foram realizadas nas unidades hospitalares. Em dois estudos (16,7%) esse
dado não foi informado.
Dos estudos obtidos, sete (58,3%) eram estudos clínicos randomizados controlados,
um (8,3%) era controlado, dois (16,7%) eram descritivos ou de metanálise. A maioria (83,3%)
abordou o uso de hidrocolóide no tratamento de lesão cutânea e apenas dois estudos (16,7%)
discorreram sobre o alginato de cálcio. Os dados obtidos revelam um maior interesse dos
pesquisadores a respeito do hidrocolóide.
Os estudos foram agrupados conforme o desenho metodológico em metanálise,
estudos clínicos randomizados controlados, estudos clínicos controlados e estudos descritivos.
As variáveis referentes aos estudos foram organizadas em quadros sinópticos.
27
Out 2004
India
Dressings for venous leg Estudos Metanálise Eficácia das coberturas Hidrocolóides não foram mais Usar hidrocolóide,
ulcers: systematic review publicados até aplicadas em úlceras eficazes do que coberturas simples, espuma, alginato,
and meta-analysis abril de 2006. venosas. usado sob compressão: oito ensaios; hidrogel e cobertura de
risco relativo de cura com baixa aderência
Simon Palfreyman et al. Amostra de 42 Nível I Coberturas avaliadas: hidrocolóide 1,02; intervalo de associado à aplicação
estudos. hidrocolóide, espumas, confiança de 95% (0,83 a 1,28). de terapia compressiva
Julho 2007 alginato e hidrogel. para cicatrizar úlcera
Resultados de comparações de venosa.
Inglaterra outras coberturas foram
insuficientes para estabelecer
conclusões definitivas.
28
QUADRO 4 Apresentação dos estudos clínicos randomizados controlados. Belo Horizonte, 2009.
A prospective, randomized, 72 pacientes Estudo Comparar o desempenho A maioria das avaliações Usar o TAAD no
multisite clinical evaluation acompanhados por prospectivo clínico de uma cobertura favoreceu o TAAD para as UPP tratamento de UPP
of a transparent absorbent um período máximo Multicêntrico, acrílico transparente estágios II e III. estágios II e III, pois
acrylic dressing and a de 56 dias ou até a Ensaio Clínico absorvente (3M Tegaderm possui melhor
hydrocolloid dressing in the cura completa. 35 Controlado Absorvent Clear Acrylic desempenho quando
management of stage II and pacientes receberam Aleatório dressing - TAAD) e HDC comparado ao HDC
shallow stage III pressure TAAD e 37 Duoderm CGF (Convatec)
ulcers receberam HDC. em UPP estágio II e III.
Desfechos avaliados:
Brown-Etris M. et al. Nível II desempenho, conforto do
paciente, tempo de uso da
Abril 2008 cobertura, cicatrização de
lesões.
Philadelphia USA
29
Continuação
Prospective randomized Pacientes com “pé Ensaio Eficácia Clínica: cura e Tempo médio de cura: AQAg – Usar de preferência
controlled study of Hydrofiber diabético”: 67 Clínico velocidade da cura no uso 53 dias; AC 58 dias (P = 0,34). AQAg para tratar
dressing containing ionic pacientes no grupo de Aquacel AgR e lesões profundas com
silver or calcium alginate tratado com Aquacel Controlado AlgosterilR. Úlceras tratadas com AQAg infecção quando
dressings in non-ischemic Ag (AQAg) e 67 no Aleatório apresentaram redução da comparado com AC.
diabetic foot ulcers. grupo tratado com Período de 08 semanas profundidade em dobro das
Alginato (AC). Foi tratadas com AC (P = 0,04).
Jude E.B. et al. utilizado espuma
Nível II
como cobertura
secundária.
Março 2007
Inglaterra – UK
30
Prospective evaluation of 134 pacientes Ensaio Desempenho do HDC Não houve diferença entre os Usar HDC no
occlusive hydrocolloid submetidos à cirurgia Clínico Karayahesive e gaze. grupos em relação a número de tratamento de lesão
dressing versus conventional abdominal. O HDC Controlado trocas de coberturas e incidência cirúrgica abdominal. É
gauze dressing regarding the foi retirado no dia da Aleatório Desfechos avaliados: de infecção. mais barato em relação
healing effect after abdominal remoção da sutura e a custo e incidência de à gaze e o risco de
operations: randomized gaze foi trocada infecção. O HDC é mais barato e de fácil infecção não é
controlled trial. diariamente. aplicação em relação à gaze (p<0, aumentado.
Nível II 0001).
Shinohara T. et al.
Janeiro 2008
Japão
Comparison of four different 40 pacientes Ensaio Conforto, melhor tempo Cobertura que causou mais Aplicar alginato de
dressings on donor site receberam gaze de Clínico de cura, remoção sem trauma e desconforto na remoção cálcio associado a filme
wounds. parafina, alginato, Controlado traumas foi a gaze com parafina. de poliuretano no
alginato com filme e Aleatório tratamento de lesão de
Beldon P filme sozinho. Alginato com filme obteve o áreas doadoras
Nível II melhor desempenho.
2004 - Surrey
31
Clinical evaluation of 100 pacientes submetidos a Estudo Avaliação Clínica do Excelente cicatrização e Aplicar HDC em lesões
hydrocolloid dressings procedimentos neurocirúrgicos comparativo HDC (Karayahesive). resultados cosméticos foram neurocirúrgicas, uma
for neurosurgical wounds cranianos num total de 117 Desfechos avaliados: obtidos em todos os pacientes. vez que essa cobertura
Não
procedimentos no período de cicatrização da lesão, atende o conceito de
Fujimoto Y. et al. Não houve infecção do sítio
maio de 2005 a março de 2007. randomizado infecção da lesão, relação cicatrização úmida e é
cirúrgico.
Agosto 2008 Os pacientes receberam o HDC custo/eficácia. eficiente no tratamento
Nível III
após procedimento cirúrgico. A análise do custo/eficácia dessas lesões.
sugere superioridade do HDC
em relação ao curativo com
gaze.
32
Uruguai
Therapeutic behavior of 1.080 pacientes com idade média de Estudo Clínico Comportamento do -Aumento da epitelização Usar HDC como
a hydrocolloid dressing. 72,3 anos com lesões agudas e Multicêntrico HDC (Sureskin) no (43,2% a 71,9%); fácil primeira escolha
Its evolution in the crônicas. Trocados até 20 de Observacional tratamento da dor aplicação: 98,3% dos pacientes; no tratamento de
treatment of acute and curativos ou até a cura. e prospectivo aguda e crônica de redução da quantidade de lesões agudas e
chronic dermal ulcers. lesões cutâneas. exsudato (31,77% a 14,6%); crônicas.
diminuição de maceração
Aparicio Gallego E. et (29,2% a 12,5%), eritema
al. Nível IV (37,6% a 13,1%) e eczema
(9,7% a 6,3%); diminuição dos
Dezembro 2005 sintomas de infecção ou
inflamação (22,6% a 7,6%);
Valencia
diminuição da dor (29,4%);
90,7% dos pacientes relataram
alívio dos sintomas e melhoria
nas AVDs.
33
A análise dos quadros sinópticos revelou doze recomendações, sendo duas (16,7%) de
nível I, sete (58,3%) de nível II, uma (8,3%) de nível III e duas de nível IV (16,7%) que foram
extraídas de estudos de metanálise, clínico randomizados controlados, clínico controlado e
descritivo, respectivamente.
Por não haver recomendações semelhantes foram mantidas as recomendações, sendo
dez a respeito do HDC e duas sobre AC.
A amostra selecionada nesta pesquisa é composta de artigos de diversos países e
estudos de avaliação da eficácia dos hidrocolóides e alginato de cálcio em lesões cutâneas de
etiologias diferentes.
Singh et al. (2004) comprovaram a superioridade dos HDC em relação às coberturas
tradicionais na cicatrização completa de lesões cutâneas de várias etiologias. Hollisaz et al
(2004) compararam os efeitos do hidrocolóide na cicatrização de úlceras por pressão (UPP)
estágio I e II com aplicação tópica de creme de fenitoína e coberturas simples comprovando
sua eficácia no tratamento dessas lesões.
Brown-Etris et al. (2008) compararam o desempenho clínico do HDC em comparação
ao Tegaderm Absorvent Clear Acrylic Dressing (TAAD) para o tratamento de UPP de estágio
II e III concluindo que o TAAD é superior no tratamento deste tipo de lesão. Este fato se
explica pela indicação do HDC para lesões de baixa exsudação sendo que UPP estágio III
apresenta maior exsudação com indicação, algumas vezes, de curativos mais absorventes. No
estudo de Hollisaz et al. (2004) as UPP avaliadas se encontravam em estágio I e II e
consequentemente o hidrocolóide apresentou melhor desempenho. O TAAD é uma cobertura
constituída de uma camada macia, transparente de polímero absorvente entre duas camadas de
filme transparente de poliuretano. Oferece como principais benefícios a transparência, facilitando
a avaliação da lesão e diminuição do odor produzido em contato com o exsudato.
Nelson et al. (2007) comprovaram que o HDC e a malha de viscose apresentam
mesma eficácia no tratamento de úlceras venosas associados à terapia compressiva.
Gallego et al. (2005) avaliaram o desempenho do HDC e o resultado do estudo
demonstrou significante aumento da epitelização de lesões agudas e crônicas, satisfação dos
clientes e diminuição do exsudato. Cassidy et al. (2005) compararam o HDC DuodermR ao
BiobraneR e constataram que o mesmo apresentou melhor desempenho no tratamento de
pequenas queimaduras. BiobraneR é uma cobertura composta por uma malha de tecido de
nylon mecanicamente ligada a uma membrana de silicone ultrafino sendo revestido com colágeno.
Shinohara et al. (2008) compararam o HDC em relação ao curativo com gaze e
comprovaram que o risco de infecção não é aumentado em relação ao HDC. Fujimoto et al.
34
6 DISCUSSÃO
Segundo Heyneman et al. (2007) os hidrocolóides são tidos como auxiliares na cura
por criar um ambiente úmido, através do processo de autólise e avançado desbridamento. Eles
são confortáveis, seu uso faz economizar tempo e dinheiro porque a freqüência das trocas das
coberturas é menor. Esses fatos foram confirmados nos estudos analisados. Os resultados
comprovaram que o hidrocolóide é superior as coberturas tradicionais para cicatrizar lesões
crônicas de qualquer etiologia (SINGH et al., 2004), e demonstrou ser melhor que a gaze no
tratamento de lesões cirúrgicas abdominais, inclusive o tratamento tem custo menor e não
aumenta o risco de infecção (SHINOHARA et al., 2008).
Outras afirmativas a respeito do hidrocolóide é que são mais efetivos que a gaze com
que a gaze com solução salina ou povidineR com relação ao número de lesões curadas, a
redução das dimensões da lesão, o tempo necessário para a troca de coberturas, a capacidade
de absorção, a dor durante a troca de coberturas e efeitos colaterais (HEYNEMAN et al.,
2007), o que também foi comprovado no estudo em tela.
Os hidrocolóides são freqüentemente usados na prática clínica no tratamento de
úlceras por pressão. A análise dos resultados evidencia que os hidrocolóides são
significativamente mais efetivos que as coberturas de gaze com relação ao número de lesões
curadas (HOLLISAZ et al., 2004), redução das dimensões das úlceras por pressão (ALM et
al., 1989), tempo necessário para a troca de coberturas (ALM et al., 1985, NEILL et al., 1989,
KIM et al., 1996), capacidade de absorção (CHANG et al., 1998), redução da dor durante a
troca de coberturas (CHANG et al., 1998) e os efeitos colaterais (NEILL et al., 1989).
Segundo Singh et al. (2004), as coberturas hidrocolóides no contato com a exsudação
das lesões são capazes de absorver água formando um gel úmido. Essa qualidade específica
da cobertura hidrocolóide tem sido sugerida como capaz de acelerar a cura por favorecer um
ambiente úmido e quente na superfície da lesão e também evitando a colonização bacteriana
externa. A aplicação dessas coberturas impermeáveis à contaminação bacteriana externa reduz
os índices de infecção em torno de 50%. As quantidades de bactérias das lesões que recebem
as coberturas oclusivas são menores que nas lesões similares tratadas com materiais
absorventes convencionais, possivelmente porque células fagocitárias são retidas na superfície
úmida da lesão.
Thomas (2008), amparado em uma revisão de literatura, sugere que a aplicação de
coberturas hidrocolóides auto-adesivas, comumente associadas com o tratamento de
36
condições ulcerativas tais como úlceras por pressão e úlceras de pernas, pode também
oferecer benefícios no manejo de lesões agudas de todos os tipos. Podem ser considerados
como benefícios a diminuição do tempo de cura de áreas de doação (pele) em até 40%
comparados com tratamentos tradicionais. O tempo de cura de ferimentos traumáticos
superficiais e lesões cirúrgicas são igualmente intensificados, mas no tratamento de
queimaduras, o principal benefício parece ser a redução na dor da lesão. Efeito que tem sido
relatado em todos os outros tipos de lesões. A natureza impermeável dos hidrocolóides
fornece uma cobertura protetora à lesão, permitindo os banhos dos pacientes enquanto previne
a expansão de microrganismos patogênicos.
Parece também haver significativa relação de custo-benefício associada com o uso de
hidrocolóides (CASSIDY et al., 2005, SHINOHARA et al., 2008).
Nos últimos anos, as coberturas de hidrocolóides têm sido substituídas por outros
produtos, tais como espumas, para tratamento de lesões com grande exsudação, mas para
lesões de menor exsudação, os hidrocolóides ainda oferecem mais vantagens práticas, de tal
forma que indubitavelmente continuarão representando a sua necessidade na prática de
manejo das lesões.
Os resultados desta pesquisa respaldam significativamente que comparado com
coberturas mais básicos tais como gaze parafinada (tanto pura, quanto com medicamentos), as
coberturas hidrocolóides produziam um aumento nos índices de cura de lesões de espessura
parcial tais como: queimaduras, áreas de doação, ferimentos traumáticos superficiais e alguns
tipos de lesões cirúrgicas (THOMAS, 2008).
37
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foram analisados doze estudos com diversos desenhos metodológicos onde foram
avaliados diversos desfechos. Essa diversidade permitiu a análise descritiva dos resultados e
impossibilitou a realização de metanálise.
Foram extraídas doze recomendações sobre o uso de hidrocolóide e alginato de cálcio
no tratamento lesão cutânea de qualquer etiologia. As recomendações tinham nível de
evidência I (8,3%), II (66,7%), III (8,3%) e IV (16,7%).
Para o tratamento de lesão cutânea ficou estabelecido às seguintes recomendações:
1. Usar hidrocolóide para cicatrizar lesões crônicas indepentemente da etiologia. (I)
2. Usar hidrocolóide, espuma, alginato, hidrogel e curativo de baixa aderência
associado à aplicação de terapia compressiva para cicatrizar úlcera venosa. (I)
3. Usar HDC para o tratamento de UPP estágios II e III, pois é o método mais eficaz.
(II)
4. Usar o TAAD no tratamento de UPP estágios II e III possui melhor desempenho
quando comparado ao HDC. (II)
5. Usar HDC ou malha de viscose no tratamento de úlceras venosas associada à terapia
compressiva com quatro camadas porque apresentam a mesma eficácia. (II)
6. Tratar pequenas queimaduras com HDC ou BiobraneR porque apresentam
desempenhos semelhantes. HDC apresenta custo inferior comparado ao BiobraneR. (II)
7. Usar HDC no tratamento de lesão cirúrgica abdominal. É mais barato em relação à
gaze e o risco de infecção não é aumentado. (II)
8. Aplicar HDC em lesões neurocirúrgicas, uma vez que essa cobertura atende o
conceito de cicatrização úmida e é eficiente no tratamento dessas lesões. (III)
9. Usar hidrocolóide para tratar lesão cirúrgica aguda de cicatrização por segunda
intenção. (IV)
10. Usar HDC como primeira escolha no tratamento de lesões agudas e crônicas. (IV)
11. Usar de preferência AQAg para tratar lesões profundas com infecção quando
comparado com AC. (II)
12. Aplicar alginato de cálcio associado a filme de poliuretano no tratamento de lesão
de áreas doadoras. (II)
Sugere-se que sejam realizados outros estudos clínicos randomizados controlados,
com amostra calculada a priori conforme desfechos a serem avaliados a fim de promover o
38
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