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DIREITO FALIMENTAR
I. Noções Históricas
- Em Roma o chamado Direito Quiritário (o direito mais antigo de Roma de caráter mais
lendário, consuetudinário e exclusivo dos cidadãos que vai até a lei das XII Tábuas)
permitia a adjudicação do devedor insolvente por sessenta dias, e caso não fosse
resolvida a obrigação poderia vendê-lo como escravo no estrangeiro ou podia matá-lo e
dividi-lo (os pedaços do morto) entre os credores.
- Por volta de 428 a.C. a Lex Poetelia Papira introduzia a idéia de execução
patrimonial, em detrimento a idéia de execução contra a vida da pessoa.
- Surge em seguida o instituto do “bonorum venditio” criado pelo pretor Rutilio Rudo,
determinando o desempossamento dos bens do devedor por determinação do pretor e
nomeação de curador (curator bonorum) para a administração dos bens. Pela “Lex
Julia Bonorum” 739 a.C. poderia existir o “cessio bonorum”, a entrega pelo devedor dos
seus bens voluntariamente ao credor e este poderia vendê-los separadamente.
Encontrando-se aí o embrião do que viria a ser a falência (princípios da “par condition
creditorum” e a disposição pelo credor dos bens do devedor). Existia ainda a bonorum
venditio” (providencias do pretor contra fraude realizadas pelo devedor) e a “actio
pauliana” (medida para recuperar o bem que fraudulentamente tinha sido alienado).
Idade Média
- Nesta fase a falência é vista como sendo um ato fraudatório do falido contra os seus
credores a própria sociedade, diferindo ainda do período romano porque naquele a
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Brasil
- O termo “Falência” do latim “falece”, faltar com o prometido, com a palavra, enganar,
que por sua vez vem da raiz sânscrita “sphal”, vacilar, desviar, no grego “sphallen”
faltar, com semelhante grafia e significados em diversos outros idiomas como o
inglês(fall, fail), alemão(fallen, fehlen), francês(faillir, faillite), italiano(fallire, falimento).
III. Conceito
- Sob o aspecto jurídico por Waldemar Ferreira “é uma forma de execução, execução
coletiva, promovida contra o devedor comerciante (sujeito passivo) responsável por
obrigação mercantil (base do processo inicial)” ou ainda por Ricardo Negrão “é um
processo de execução coletiva, no qual todo o patrimônio de um empresário declarado
falido – pessoa física ou jurídica – é arrecadado, visando o pagamento da
universalidade de seus credores, de forma completa e proporcional. É um processo
complexo judicial complexo que compreende a arrecadação de bens, , sua
administração, e conservação, bem como a verificação e o acertamento dos créditos
para posterior liquidação dos bens.e rateio entre os credores”. Forma-se no processo
um litisconsórcio ativo necessário.
- Devedor Empresário
- Insolvência
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a) Grau de endividamento;
b) Ativo;
c) Passivo;
d) Relevância social.
3.4. Princípio “par conditio creditorum”: visa manter a paridade entre os credores do
devedor insolvente, respeitando, por óbvio, a natureza e classificação dos créditos. Em
outras palavras, é o tratamento isonômico entre os credores sem embargos, quanto à
classificação dos créditos, que ocorre em face da sua origem.
4.1. Excluídos: neste contexto, são totalmente excluídos, conforme art. 2ª da Lei
11.101/2005:
a) Empresas públicas;
b) Sociedade de economia mista;
c) Prestadoras de serviços de compensação e de liquidação financeira;
d) Instituições financeiras, (bancos privados ou públicos);
e) Cooperativas de crédito;
f) Administradoras de consórcio;
g) Sociedades seguradoras de capitalização e entidades equiparadas.
Importante: como a Lei nº. 11.101/2005 não revogou a Lei nº. 6024/74, que dispõe
sobre intervenção e liquidação extrajudicial de instituições financeiras e que prevê a
falência, desde que autorizado o pedido pelo Banco Central do Brasil (alínea d, do art.
12 e letra do art. 19), torna-se possível a decretação de falência de bancos. As
instituições financeiras e os consórcios são regulamentados pela Lei nº. 6.024/74, que
dispõe sobre a intervenção e a liquidação extrajudicial de instituições financeiras. As
sociedades cooperativistas são consideradas simples por força do parágrafo único do
art. 982 do Código Civil, e estão sob a égide da Lei nº. 5.764/71. Às seguradoras,
aplica-se o Decreto-lei nº. 73 de 21/11/1966. Para entidade de previdência
complementar, aplica-se a Lei Complementar 109/2001. Para planos de saúde, a Lei
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nº. 9.656/98. Para sociedade de capitalização, o Dec.-lei 261/67. O art. 195 da Lei de
Falências preconiza que as concessionárias de serviço público se sujeitam à falência,
desde que não sejam empresa pública ou sociedade de economia mista.
5. Insolvência Jurídica:
5.2. Execução frustrada e insolvência de fato (art. 94, II LF): é caracterizada pela
tríplice omissão documentada por certidão expedida pelo juízo, onde ocorre a
execução (não paga, não deposita e não nomeia bens à penhora). O título deve estar
vencido e não pago. No caso deste inciso, poderá o credor requerer a citação do
devedor para fins falimentares nos próprios autos do processo de execução, desde que
o juízo seja o competente para tanto. Aliás, é até aconselhável em consagração ao
princípio da celeridade processual. Todavia, caso opte por fazer pedido autônomo,
deve seguir a rigor o preconizado no §4º, do art. 94 da LF. Mister dizer que, após
extrair a certidão do valor em execução, poderá ou não levar a certidão a protesto,
pois, neste caso, o protesto é facultativo.
5.3. Atos de Falência e Insolvência Presumida, (94, III da LF): o título não precisa
estar vencido. Este artigo traz um rol de situações fáticas, dispostas em alíneas.
Portanto, a prática de qualquer um dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano
de recuperação judicial, é suficiente para instruir pedido de falência qualquer uma das
alíneas do art. 94, III da LF.
b) Ações trabalhistas;
c) Execuções fiscais;
d) Ação que demanda obrigação líquida;
e) Ação de conhecimento de competência da (União) Justiça Federal.
7. Sujeito Ativo: o credor, porém, como já estudamos acima, tem que ter um direito
consignado em documento pré-constituído, revestido de liquidez, ensejando sobre si
ação de execução. O seu devedor tem de ser um empresário ou sociedade empresária,
art. 1º da Lei de Falência. Portanto, é o credor, por excelência, o titular da relação
jurídica falimentar, desde que observados os requisitos supracitados.
a) Provar ser empresário regular, quando o for, conforme o art. 97, §1º
b) Prestar caução, quando não domiciliado no país (exceto Mercosul,
Decreto nº. 2.067/96, credor privilegiado, que é diferente de credor com
preferência), art. 97, §2º da Lei de Falências.
1. Procedimentos
1.1. Autofalência (art. 105 e seus incisos da LF): apesar de ser uma confissão de
estado falimentar, o requerente (o devedor) deve seguir o procedimento formal, com
petição inicial (art.282 do CPC), instruída com rol de documentos exigidos em Lei, sob
pena de ter seu pedido indeferido (art. 284, parágrafo único do CPC). Os documentos
exigidos são: a) Balanço Patrimonial (demonstrações financeiras); b) Relação de
credores, relação dos bens que compõem o ativo; c) Contrato Social ou Estatuto (se
existir); d) Relação de sócios e administradores dos últimos 5 anos; e e) Depósito dos
livros em cartório. Não admite citação postal (mas pode por edital, quando não
encontrado o devedor).
os interesses dos credores (massa falida subjetiva). Sua função é indelegável, mas
poderá contratar profissionais para auxiliá-lo. Sua remuneração não poderá superar 5%
do valor total pago aos credores. Recebe durante o processo, mas 40% do montante a
ele devido serão reservados para pagamento após aprovação das contas por ele
apresentadas e do Relatório Final. Destacamos quatro atos importantes do
administrador (art. 22, III da Lei de Falência):
a) A complexidade da execução;
b) O porte econômico da massa.
8. Fase Falimentar: após a sentença que decreta a falência, entramos numa nova
etapa do processo falimentar, qual seja a fase falimentar que se subdivide em: a) Fase
cognitiva; e b) Fase satisfativa.
8.1. Fase Cognitiva: realização do Ativo. Transformar tudo em dinheiro, por meio da
arrecadação dos bens do devedor, art. 108 da LF. Entretanto, os bens do devedor
serão vendidos da melhor forma possível, art. 142 da LF, em conformidade com a
ordem a seguir:
9. Efeitos da falência:
9.1. Quanto à pessoa do falido: com a decretação da falência, o falido estará proibido
de exercer qualquer atividade empresarial, dependendo do Juízo da falência,
retornando ao “status quo ante”. Entretanto, lhe é permitido fiscalizar a administração
da falência, arts. 102 e 103 da Lei de Falência. São deveres do falido, art. 104 da LF:
haja vista que a decretação da falência não tem o condão de pôr fim neste negócio
jurídico, art. 117 da LF.
10. Extinção das Obrigações (art. 158 da LF): dar-se-á por extinto o processo
falimentar com:
a) Pagamento integral;
b) Pagamento de 50% dos quirografários;
c) 05 anos do encerramento da falência, se não houve condenação por
crime;
d) 10 anos do encerramento, se houve condenação por crime. Os sócios
de responsabilidade ilimitada, observando que houve a prescrição ou extinção
das obrigações nos termos da Lei de Falência, poderão requerer que seja
declarada por sentença a extinção de suas obrigações na falência, art. 160 da
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Recuperação de empresas
7. Credores não Sujeitos à Recuperação Extrajudicial (arts. 161, §1º da LF): a) Créditos
trabalhistas e acidente do trabalho; b) Créditos tributários; c) Proprietário fiduciário,
arrendador, vendedor ou promitente vendedor de imóvel por contrato irrevogável; d)
Vendedor titular de reserva de domínio; e e) Instituição financeira de reserva de
domínio.
Importante: após obtenção de homologação, o credor não pode desistir, a menos que
todos envolvidos concordem. A sentença de homologação do plano de recuperação
extrajudicial constituirá título executivo judicial (art. 584, III do CPC e art. 162, §6º da
LF). O pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial não gera
suspensão de direitos, ações ou execuções e, sequer, impossibilita o requerimento de
falência pelos credores não sujeitos ao plano de recuperação extrajudicial. Recebido o
pedido de homologação do plano de Recuperação Extrajudicial, previstos nos arts. 162
e 163 da LF, o magistrado ordenará que seja feita publicação de edital na imprensa
oficial. Da data da publicação, os credores poderão apresentar impugnação no prazo
de 30 dias. Todavia, estes somente poderão alegar: