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Administração da Produção
INTRODUÇÃO
A m b ie n t e
O b je t iv o s
E s t ra t é g ic o s
I n p u t d a P ro d u ç ã o
R e c u r s o s
a s e r e m
t r a n s f o r m a d o s
E s t ra t é g ia P a p e l e p o s iç ã o
d e P ro d u ç ã o c o m p e t it iv a
M a t e r i a i s
d a P ro d u ç ã o
I n f o r m a ç õ e s
C o n s u m i d o r e s
B e n s
I N P U T P ro je t o M e lh o r iO a U T P U T e
S e r v i ç o s
I n s t a l a ç õ e s
P e s s o a l
P la n e ja m e n t o
e C o n t ro le
I n p u t
R e c u r s o s d e
t r a n s f o r m a ç ã o A m b ie n t e
Figura 1.1
OBJETIVOS
Este capítulo examinará:
• a parte exercida pela administração da produção nas organizações;
• a posição da função produção na estrutura de uma organização;
• como o modelo input-transformação-output pode ser usado para descrever todos os tipos de
produção, independentemente do que eles produzem;
• os conceitos de macro e microoperações e de cliente interno – relacionamentos com
fornecedores;
• os muitos diferentes tipos de operações e como elas podem ser classificadas em quatro
dimensões;
• as atividades dos gerentes de produção.
IKEA
A IKEA é um varejo de móveis com uma diferença. Com cerca de 100 lojas gigantes operando em
cerca de 15 países, tem desenvolvido sua própria maneira especial de vender móveis que parece
impressionar aos consumidores de todas as nacionalidades. Tipicamente, os consumidores da IKEA
passam entre uma hora e meia a duas horas na loja - bem mais do que nas lojas de móveis rivais. Uma
razão importante para isso é a eficácia da forma como organiza suas lojas. Todas são iguais nos aspectos
mais importantes, em todo o mundo. O design e a filosofia das operações de suas lojas reproduzem o
negócio original iniciado ao sul da Suécia por Ingvar Kampradt nos anos 50. Naquele tempo, Kampradt
foi bem sucedido na venda de móveis através de catálogo. Em resposta aos pedidos dos consumidores
para que tornasse mais fácil a visualização de alguns de seus móveis, construiu um showroom em
Estocolmo, não no centro da cidade onde o terreno era caro, mas em suas redondezas. Em vez de comprar
displays caros, ele, simplesmente, organizou os móveis, mais ou menos, na disposição em que se
encontrariam nos ambientes domésticos. Também, em vez de transportar os móveis do depósito para o
showroom, pedia que os consumidores os retirassem diretamente do armazém. Essa abordagem "anti-
serviço", como foi descrita, é a base das lojas IKEA de hoje.
Os móveis lKEA representam ''valor pelo dinheiro" com ampla variedade de escolha. Geralmente,
são projetados para ser estocados e vendidos "encaixotados", mas de montagem fácil pelos consumidores.
Todas as lojas são projetadas em torno do mesmo conceito de serviço: facilidade de localização,
estacionamento, movimentação em seu interior e simplicidade para fazer o pedido e retirar os bens
adquiridos.
Na entrada de cada loja, há grandes quadros de avisos que proclamam a filosofia da lKEA e
orientam os consumidores ainda não acostumados com a loja. Catálogos estão também disponíveis nesse
ponto, mostrando ilustrações, dimensões e variedade de produtos disponíveis. Talvez, mais importante
para os compradores com crianças, há também uma área de lazer, um pequeno cinema, uma sala para
cuidados com o bebê e banheiros. Os pais podem deixar seus filhos na área de lazer supervisionada por
um limitado período de tempo. Cada criança é vestida com um avental amarelo numerado para facilitar a
localização dos pais através de um sistema de alto-falantes, caso ocorra qualquer problema. Os
consumidores podem também tomar carrinhos emprestados, caso desejem manter seus filhos próximos
enquanto estiverem no interior da loja.
Algumas partes do showroom mostram quartos montados, enquanto outras exibem, por exemplo,
todas as camas reunidas, permitindo que os consumidores façam comparações. Estes não são abordados
por qualquer vendedor pára oferecer ajuda ou orientação. A filosofia da lKEA é não "atrapalhar" os
consumidores dessa maneira, mas deixá-los à vontade e com tempo de pensar. Se um consumidor desejar
orientação, há pontos de informações no showroom onde funcionários, com uniformes vermelhos vivos,
podem ajudá-lo e orientá-lo, fornecendo réguas, papel para esquemas e assim por diante. Cada móvel
possui uma etiqueta indicando suas dimensões, preço, materiais usados, país de origem e outras cores
disponíveis. Há também um código numérico que indica a localização do mesmo no depósito, de onde
pode ser retirado. As etiquetas dos itens de grandes dimensões orientam para que os interessados se
dirijam ao setor de informações para maiores esclarecimentos. Após visitar o showroom, os consumidores
passam para uma área de auto-serviço, onde pequenos itens são expostos em prateleiras. Eles podem ser
retirados diretamente das prateleiras pelos consumidores e colocados em sacolas amarelas ou carrinhos.
Depois, os consumidores passam pelo armazém de auto-serviço onde podem retirar os itens visualizados
no showroom. Finalmente, pagam nos caixas, construídos com esteiras rolantes que movimentam as
compras para os funcionários distribuídos na área de saída. Nessa área, há pontos de informações e
serviços e, freqüentemente, uma lanchonete com comida sueca típica. Uma grande área de transporte
permite que os consumidores tragam seus carros do estacionamento para carregar as compras. Entretanto,
este não é o fim dos serviços da lKEA. Qualquer consumidor que tenha comprado além da capacidade de
carga de seu carro pode alugar ou comprar um bagageiro.
A abordagem inovadora da IKEA para seu negócio não está confinada apenas ao layout físico e ao
design de suas lojas; ela também estende-se a seu estilo e filosofia gerencial. Todos os funcionários da
loja usam aventais vermelhos ou cinzas que identificam os de contato com os consumidores e os
• Variedade de produtos - nossa identidade. Devemos oferecer ampla variedade de itens de móveis
domésticos com bom design e função a preços baixos para que a maioria das pessoas possa comprá-
los. Não devemos comprometer nem funcionalidade nem qualidade técnica.
• Espírito lKEA - forte e realista. A IKEA verdadeira é encontrada em nosso entusiasmo, constante
disposição à renovação, consciência de custo, disposição para assumir responsabilidade e
simplicidade em nosso comportamento. O lucro proporciona-nos recursos. Forçar-nos a desenvolver
produtos de maneira mais econômica, comprar melhor, reduzir custos; esse é o segredo e a razão de
nosso sucesso.
• Alcançar bons resultados por meios simples. Freqüentemente, as soluções caras são sinal de
mediocridade.
• A simplicidade é uma virtude. Regras complicadas paralisam. Planejamento exagerado pode ser fatal.
Simplificação é tradição de honra.
• A maneira diferente. Ao ousar sermos diferentes, encontramos novas maneiras. "Por quê?"
permanece uma expressão-chave importante.
• Assumir responsabilidade - um privilégio. Quanto mais responsáveis as pessoas, menos burocracia.
O temor de cometer erros é a origem da burocracia e o inimigo da avaliação.
Assim, por que a IKEA está preparada para sobreviver e prosperar? Certamente, ela mantém
controle rigoroso de seus custos e, também, conhece seu mercado e como pode atender às necessidades de
seus consumidores. Além disso, os produtos que desenha e vende devem ser considerados por seus
consumidores como representando notável valor pelo dinheiro. Entretanto, não menos importante, é a
maneira que organiza a presta serviços em suas lojas. Essa é a responsabilidade da administração de
produção da empresa. Os funcionários da loja, os responsáveis pelas relações com fornecedores, os
funcionários que estocam e transportam os bens para as lojas e a equipe que desenha, planeja, controla e,
constantemente, melhora a maneira de fazer as coisas, os prédios, os computadores e caixas, os depósitos
e o sistema de transporte, todos estão engajados na administração da produção. A IKEA obtém sucesso,
não em pequena medida, pela eficácia de sua administração da produção que fornece:
• fácil fluxo de consumidores;
• ambiente limpo e bem projetado;
• bens suficientes para satisfazer a demanda;
• funcionários suficientes para atender aos consumidores e repor os estoques;
• qualidade apropriada de serviços;
• fluxo contínuo de idéias para melhorar o desempenho, já impressionante, de suas operações.
Sem isso, a empresa não seria bem-sucedida, não obstante o desenvolvimento de suas atividades
de marketing e de finanças.
Agora, é o momento de se estabelecerem algumas definições.
Produção na organização
A função produção é central para a organização porque produz os bens e serviços que são a razão
de sua existência, mas não é a única nem, necessariamente, a mais importante. Todas as organizações
possuem outras funções com suas responsabilidades específicas. Embora essas funções tenham sua parte
a executar nas atividades da organização, são (ou devem ser) ligadas com a função produção, por
objetivos organizacionais comuns.
Na prática, diferentes organizações adotarão estruturas organizacionais e definirão funções
também diferentes. Aqui, para nosso propósito, além da função produção, dividimos a organização em
três outras funções principais (em termos dos papéis fundamentais que exercem na.organização):
• A função marketing.
• A função contábil-financeira.
• A função desenvolvimento de produto/serviço.
Também destacamos as funções de apoio que suprem e apóiam a função produção:
• A função recursos humanos.
• A função compras.
• A função engenharia/suporte técnico.
A B
Financeiro Financeiro
Engenharia Engenharia
Marketing
Vendas Marketing
Vendas
Produçã
Produção
PCP
o
Materiais Recursos
Recursos Humanos
Humanos PCP
Materiais
Figura 1.2 – Fronteira da função produção: (A) definição estreita, (B) definição ampla.
Modelo de transformação
Qualquer operação produz bens ou serviços, ou um misto dos dois, e faz isso por um processo de
transformação. Por transformação nos referimos ao uso de recursos para mudar o estado ou condição de
algo para produzir outputs. A Figura 1.3 mostra um modelo de transformação que é usado para descrever
a natureza da produção. Em resumo, a produção envolve um conjunto de recursos de input usado para
transformar algo ou para ser transformado em outputs de bens e serviços.
Qualquer atividade de produção pode ser vista conforme esse modelo input-transfonnação-output.
Por exemplo, os hospitais possuem inputs de médicos, enfermeiras e outros funcionários da área médica,
administradores, funcionários de limpeza, camas, equipamento médico, produtos farmacêuticos, sangue,
rouparia etc. Seu propósito é transformar pacientes doentes em pacientes saudáveis. Os outputs da
operação são pacientes tratados, resultados de exames médicos, pesquisa médica e procedimentos
médicos práticos. A Tabela 1.2 mostra que é possível descrever uma ampla variedade de operações dessa
maneira. Entretanto, há diferenças entre operações diferentes. Se você ficar bem afastado, digamos, do
• proteção física - manter estoque de recursos, seja input para o processo de transformação ou output;
• proteção organizacional - alocar as responsabilidades das várias funções da organização, de modo
que a função produção seja protegida do ambiente externo pelas mesmas.
DESVANTAGENS DE SE PROTEGER A PRODUÇÃO
O conceito amplo de proteção da produção não pode ficar isento de críticas, especialmente em
anos recentes e, parcialmente, devido a influência da prática de produção japonesa.
Várias objeções podem ser feitas a essa proteção:
• volume de output;
• variedade de output;
• variação da demanda do output;
• grau de contato com o consumidor envolvido na produção do output.
Dimensão volume
Tomemos um exemplo familiar: a produção e a venda de hambúrguer. O melhor exemplo de
produção de hambúrguer em grande volume é o da cadeia McDonald's que serve, aproximadamente, 23
milhões deles diariamente, em todo o mundo! Isso é grande volume, mesmo quando dividido por suas
13.000 filiais. Esse volume de produção da McDonald's tem implicações importantes na maneira como
produção está organizada. Olhe atrás do balcão de uma lanchonete e a primeira coisa que você percebe é
o grau de repetição das tarefas que as pessoas estão fazendo. Em função dessa repetição, freqüentemente,
faz sentido a especialização de tarefas: uma pessoa designada para fritar os hambúrgueres, outra para
montar os sanduíches, outra para servir e assim por diante. Quando as tarefas são divididas dessa maneira,
também é possível a sistematização do trabalho. De fato, as grandes cadeias de lanchonetes adotam
procedimentos padronizados, definidos em um manual, com instruções sobre como cada parte do trabalho
deve ser realizada. A sistematização pode também levar a maior intensidade de capital na operação, por
exemplo, o desenvolvimento de fogões e fomos especializados. Entretanto, a implicação mais importante
do grande volume é a obtenção de custos unitários baixos; os custos fixos de produção, como ar-
condicionado e aluguel, são diluídos em grande número de produtos ou serviços.
Compare um pequeno restaurante, servindo alguns pratos variados, com uma cadeia multinacional
de hambúrgueres. É provável que a variedade de itens do cardápio seja similar para ambas as operações,
mas o volume de venda do restaurante será bem menor. Aqui, o grau de repetição será muito baixo em
função do pequeno volume. Além disso, o número de funcionários será menor (possivelmente, apenas
uma pessoa) e, assim, o volume total do trabalho de preparar e servir o alimento, que cada funcionário
realiza, será maior. Isso pode ser mais gratificante para o funcionário, mas é prejudicial à sistematização.
O menor número de hambúrgueres servido pode inviabilizar o investimento em equipamento
especializado. Por todas essas razões, o custo de cada hambúrguer servido é, provavelmente, maior
(mesmo se o preço for comparável).
O HENRY FORD DA OFTALMOLOGIA
A produção de alto volume pode ser encontrada em algumas situações surpreendentes - até em
cirurgia. Nem todas as cirurgias atendem às prescrições do "artesão" individual, auxiliado por sua equipe,
desempenhando a operação total, desde a primeira incisão à sutura final. De fato, muitos procedimentos
cirúrgicos são pouco rotineiros. Entretanto, pode haver alguns exemplos de cirurgias bastante rotineiras,
como nas clínicas russas de cirurgia ocular Svyatoslav Fyodorov.
Fyodorov tem sido chamado o "Henry Ford da Oftalmologia" e seus métodos são, de fato, mais
parecidos com a linha de montagem de automóveis do que com as salas de operações convencionais. Ele
especializou-se em um procedimento cirúrgico revolucionário para tratar a miopia, denominado
• Geralmente os outputs da produção são um composto de bens e serviços, embora algumas operações
sejam produtoras de bens puros ou de serviços puros.
• Esse modelo de produção pode também ser usado para modelar as unidades e os departamentos
dentro da função produção, formando, assim, uma hierarquia de produção. A operação total da
organização é denominada macrooperação, enquanto seus departamentos e unidades são
denominados microoperações. As microoperações formam uma rede de relacionamentos entre cliente
interno-fornecedor interno dentro da função produção.
• As macrooperações podem ser perturbadas pela ação do ambiente sobre seus inputs e outputs. Às
vezes, as organizações procuram proteger sua produção, fisicamente, usando estoque, ou,
organizacionalmente, utilizando sua própria estrutura organizacional. Entretanto, a proteção
excessiva da produção pode prejudicar sua capacidade de resposta à exigência dos fornecedores e
consumidores.
• A produção pode ser classificada ao longo de quatro dimensões que indicam seu nível de volume,
variedade, variação e de contato com o consumidor. A posição de uma organização em cada uma
dessas dimensões determinará muitas das características de sua produção como sistematização,
padronização, repetições, grau de tarefa de processamento assumido individualmente pelos
funcionários, flexibilidade e, acima de tudo, o custo unitário da produção de bens e serviços.
• As atividades diretas da administração da produção podem ser divididas em várias classes. São elas:
entendimento dos objetivos estratégicos de produção, definição de uma estratégia de produção,
design de produtos, serviços e processos de produção, planejamento e controle do trabalho e melhoria
de desempenho.