Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
EVOLUÇÃO LEGISLATIVA
Desde o Império Romano existia a actio popularis com fins semelhantes à nossa
atual ação popular, já neste tempo qualquer pessoa do povo podia dela fazer uso
para a defesa de interesses da coletividade.
A partir da C.F de 1988 foram criadas novas hipóteses de cabimento desta ação .
Além do patrimônio público, a moralidade administrativa, o meio ambiente e o
patrimônio histórico e cultural, tudo isto com isenção de custas e ônus
sucumbenciais quando ausente expressa má-fé.
A ação popular foi inserida no inciso LXXIII, art.5º, da CF/88, é o instrumento para
qualquer cidadão poder anular atos lesivos ao patrimônio público ou de entidade
de que o Estado participe, ou à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural.Se encontra regulada pela Lei 4.717, de 29/6/65.
1
“condenará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e os
beneficiários dele.”
A ação popular pode ser encarada como um direito político, pois é o meio
mediante o qual o cidadão poderá provocar a manifestação jurisdicional a respeito
de atos e faltas da Administração Pública contrários a preceitos legais e à
moralidade administrativa. Depois de todo um processo evolutivo, a CF/88 acabou
por estabelecer quais os casos de cabimento para esta ação.
Os interesses protegidos por esta ação são comunitários, ou seja, de todo o povo
titular do direito subjetivo a um governo honesto, segundo Hely Lopes Meirelles. É
preventiva ou repressiva. Só o cidadão eleitor pode utilizá-la.
Define o autor ação popular como o: “meio processual através do qual o cidadão
pode postular em juízo a defesa do patrimônio público ou de pessoas jurídicas de
que o Estado faça parte; da moralidade administrativa; do meio ambiente; do
patrimônio cultural, artístico e paisagístico contra ação ou omissão lesiva aos
mesmos e, ainda, indenização pelos danos causados”.
2
“Ação popular é a ação civil pela qual qualquer cidadão pode pleitear a invalidação
de atos praticados pelo poder público ou de entidades de que participe, lesivos ao
patrimônio público, ao meio ambiente, à moralidade administrativa ou ao
patrimônio histórico e cultural, bem como a condenação por perdas e danos dos
responsáveis pela lesão”.
PRESSUPOSTOS
3
Ilegalidade e lesividade representam na necessidade de se provar o vício do ato e
a lesão causada ao patrimônio público em sua virtude.
OBJETO
O objeto da ação popular é anular atos comissivos ou omissivos que sejam lesivos
ao patrimônio público e condenar os responsáveis pelo dano a restituir o bem ou
indenizar por perdas e danos.
DA LEGITIMIDADE ATIVA
Miguel Seabra Fagundes cita Hely Lopes Meirelles no seguinte: “Sem esses três
requisitos - condição de eleitor, ilegalidade e lesividade - que constituem os
pressupostos da demanda, não se viabiliza a ação popular”.
4
O autor popular é isento de custas judiciais e de sucumbência, salvo comprovada a
sua má-fé. Cabe o pedido e a concessão de medida liminar.
Legitimado ativo é todo cidadão brasileiro, isto é, todo aquele que estiver quites
com o cumprimento de sua obrigação eleitoral. Na lei, entretanto, só se fala no
cidadão portador de título eleitoral.
DA LEGITIMIDADE PASSIVA
COMPETÊNCIA
Competentes para julgar a ação popular são as Justiças Federais nos casos de
interesse da União e as Varas Especializadas de acordo com a organização
judiciária de cada Estado no caso de interesse de cada um deles.
5
A competência é para os atos da União, dos Estados, dos Municípios, do Distrito
Federal, das pessoas mantidas ou criadas por estas entidades, das sociedades de
que sejam acionistas e os das pessoas ou entidades por elas subvencionadas ou
em relação às quais tenham interesse patrimonial.
A ação popular é ação especial constitucional, de rito ordinário regulada pelo CPC e
pela Lei nº 4.717/65.
O prazo para a contestação é de vinte dias para todos os réus, prorrogável por
mais vinte dias caso necessário para a produção da defesa, contados da juntada
do último mandado de citação ou do transcurso do prazo do edital.
6
os prejudicados, não se esquecendo que, quando proclamada a responsabilidade
da administração pública e tendo a mesma que arcar com os prejuízos causados
dolosa ou culposamente por seus funcionários, terá ela ação de regresso contra o
agente causador do dano a ressarcir integralmente o erário público.
A lei que regulamenta a ação popular não prevê a possibilidade da mesma ser
utilizada preventivamente, a exemplo da lei do mandado de segurança na Lei nº
1.533/51, tendo-se a admitir assim a impossibilidade de ação popular preventiva.
Entretanto, após o advento da Lei nº 6.513/77 que regula o cabimento desta ação
contra atos lesivos ao patrimônio cultural, temos que admiti-la em razão do fato
que os danos causados a este são, na maioria das vezes, irreparáveis.
Regulamentação que reforçou este posicionamento foi o que possibilitou a
concessão de medida liminar na ação popular. E, adicionamos aqui, as diversas
liminares concedidas no país inteiro contra a venda do controle acionário da
Companhia Vale do Rio Doce, entre outras.
7
A sentença produzirá efeitos erga omnes, exceto se tiver sido a ação julgada
improcedente por deficiência de provas, restando aí aberta a possibilidade de
propositura da mesma desde que com novas provas.
O Ministério Público tem, sob pena de falta grave em virtude da omissão, o prazo
de trinta dias após o esgotamento do prazo de sessenta dias de seu trânsito em
julgado que tem o autor popular para a execução da sentença que lhe é favorável,
para a sua devida efetivação.
8
Tem também funções que se dividem em facultativas e obrigatórias. As primeiras
são as de dar continuidade ao processo em caso de desistência ou de absolvição
de instância (extinção do processo, sem julgamento do mérito, por falta de
providências a cargo do autor), podendo ainda qualquer cidadão fazê-lo no que
concerne, inclusive à possibilidade de recorrer das decisões contrárias ao autor.
Obrigatórias serão as de acompanhar a ação e apressar a produção da prova,
promover a responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem, hipótese em
que atuará como autor, providenciar para que as requisições de documentos e
informações sejam atendidas dentro dos prazos fixados pelo juiz e promover a
execução da sentença condenatória quando o autor não o fizer, nos trinta dias
seguintes, decorridos sessenta dias de publicação da sentença condenatória de
segunda instância, sem que o autor ou terceiro promova a respetiva execução.
Não poderá, entretanto, assumir a defesa do ato impugnado ou dos seus autores.
SENTENÇA E EXECUÇÃO
Tal como está expresso nos termos da Constituição Federal e da Lei 4.717/65.
A sentença nesta ação está sujeita aos recursos elencados no CPC, sendo também
os mesmos prazos e as mesmas partes da fase cognitória os competentes para
propô-los, ou seja, qualquer cidadão e o Ministério Público.
9
Impera o princípio do duplo grau de jurisdição quando da improcedência ou
carência da ação, sendo a remessa ao tribunal de superior instância obrigatória.
Deixando a mesma de produzir efeitos enquanto não for confirmada por este
tribunal superior. Entretanto, sendo procedente a sentença, poderá apelar-se da
mesma em quinze dias.
10