Sunteți pe pagina 1din 51

Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

Jorge Bonassa

i
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

Índice

Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais ..............................................................1


Introdução .................................................................................................................1
Conceitos Básicos.....................................................................................................2
Sistema de Ventilação...........................................................................................2
Resistência das vias aéreas ..................................................................................8
Resistência através de um tubo.........................................................................8
Resistência do sistema respiratório ................................................................. 11
Complacência ..................................................................................................... 12
Complacência do sistema respiratório ............................................................. 12
Complacência do Sistema de Ventilação......................................................... 13
Equação do Movimento....................................................................................... 14
Constante de Tempo ....................................................................................... 16
Medida da Resistência e Complacência no ventilador ..................................... 18
Trabalho Respiratório ...................................................................................... 19
Ciclos e modos de ventilação.................................................................................. 21
Ciclos ventilatórios .............................................................................................. 21
Modos ventilatórios ............................................................................................. 23
Modos Básicos ................................................................................................ 23
Modo Controlado ......................................................................................... 23
Modo Assistido ............................................................................................ 24
Modo SIMV.................................................................................................. 25
Modo CPAP................................................................................................. 26
Modos de Controle .......................................................................................... 26
Volume Controlado ...................................................................................... 26
Pressão Controlada ..................................................................................... 30
Pressão Suporte .......................................................................................... 33
Pressão Limitada ......................................................................................... 37
VAPS........................................................................................................... 39
Bibliografia .............................................................................................................. 42

iii
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais


Jorge Bonassa

Introdução
Um dos principais objetivos da ventilação mecânica é aliviar total ou parcialmente o
trabalho respiratório do paciente85,86. O trabalho respiratório representa a energia
necessária para movimentar determinado volume de gás através das vias aéreas e
expandir o pulmão, permitindo que ocorram as trocas gasosas a nível alveolar74. O
movimento de gases através das vias aéreas, tanto durante a inspiração como durante
a expiração, irá gerar forças de atrito opostas à direção do movimento. A expansão do
pulmão irá distender estruturas visco-elásticas, envolvendo parede torácica,
diafragma, gerando forças de natureza visco-elásticas. Durante a ventilação
espontânea, o paciente deve desenvolver através dos músculos respiratórios, uma
força inspiratória suficiente para vencer as forças de atrito e as visco-elásticas. A
ocorrência da patologia pulmonar invariavelmente representa um aumento das forças
que se opõe ao movimento dos gases, exigindo níveis elevados de esforço por parte
do paciente, e predispondo a ocorrência da fadiga muscular 73.
Nessa situação, é indicado o uso de equipamentos - ventiladores artificiais - capazes
de “bombear” os gases para dentro dos pulmões, de forma cíclica, permitindo
intervalos para que o volume inspirado seja exalado passivamente72. Essa forma de
ventilação, utilizando pressão positiva para bombear o gás para o interior dos
pulmões, é a forma mais usual, embora existam equipamentos capazes de gerar uma
pressão negativa. Na ventilação com pressão negativa, a pressão é aplicada ao redor
da caixa torácica do paciente, através de coletes rígidos, promovendo a expansão do
tórax e a inspiração, entretanto essa forma não será abordada nesse capítulo.
O objetivo desse capítulo é apresentar uma análise do ponto de vista funcional dos
ventiladores artificiais. Para tanto serão apresentados os conceitos básicos envolvidos
na ventilação mecânica e a descrição funcional dos ventiladores a partir dos modos de
ventilação. Através da utilização de exemplos numéricos pretende-se fornecer ao leitor
um guia para o entendimento dos modos de operação dos ventiladores modernos e
sua inter-relação com a mecânica respiratória do paciente.

1
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

Conceitos Básicos

Sistema de Ventilação

A partir de uma representação simplificada do sistema respiratório e de um ventilador


artificial (Fig. 1), é possível a descrição dos mecanismos básicos envolvidos na
ventilação mecânica.

VENTILADOR
Válvula
de
fluxo CIRCUITO RESPIRATÓRIO

Ramo inspiratório
PACIENTE

Válvula
de
exalação Ramo expiratório

Transdutor
de pressão Pva

CPU Fluxo
Transdutor
de fluxo

PAINEL
MONITOR DE
CONTROLES

Figura 1: Representação esquemática de um ventilador conectado ao paciente. A partir dos controles


efetuados através do painel de controles e da monitorização realizada pelos transdutores de pressão e
fluxo, é realizado o controle das válvulas de fluxo e exalação através do circuito de controle do ventilador.
O ventilador inicia a fase inspiratória abrindo a válvula de fluxo e fechando a válvula de exalação. O
paciente é representado através das vias aéreas, dos pulmões e da caixa torácica.

O modelo simplificado de ventilador é constituído por uma válvula de fluxo, uma


válvula de exalação, transdutores de pressão e fluxo, painel de controles e
monitorização e circuito de controle11.
A válvula de fluxo do modelo apresenta a via de entrada ligada a uma fonte de ar e/ou
oxigênio. A pressão de alimentação das válvulas de fluxo se situa geralmente em torno
de 1 a 1,5 atmosferas. Internamente, uma esfera atuando sobre uma sede, controla a
abertura da passagem do gás. A posição da esfera em relação à sede define o fluxo
inspiratório. O movimento da esfera é realizado por um motor de passo controlado
através de microprocessador. Existem diversos modelos construtivos de válvulas de
fluxo disponíveis nos ventiladores modernos27(Fig.2).

2
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

MOTOR DE PASSO NÚCLEO TUBO FLEXÍVEL


A. C.

PINÇA
CAME BOBINA
Articulação

SAÍDA SAÍDA
ENTRADA ENTRADA
CAME

ESFERA ESFERA MOTOR DE PASSO

D.
2 4 8 16 32 64
BOBINA L/min L/min L/min L/min L/min L/min

NÚCLEO

ENTRADA
SAÍDA

Figura 2: Representação esquemática de diversos modelos construtivos de válvula de fluxo: A. Um motor


de passo atuando sobre uma esfera controla a abertura da passagem do fluxo. B. O acionamento da
esfera, nesse caso, é realizado por um solenóide proporcional. C. Um mecanismo tipo pinça, acionado por
motor de passo, atua sobre um tubo flexível, controlando a área de passagem do fluxo. D. Uma série de
n
solenóides, calibrados com fluxos discretos, obedecendo à relação 2 , ao serem acionados (abertos) na
combinação apropriada, permitem ajustar o fluxo requerido. Por exemplo: fluxo 6L/min = solenóides 2 e 4
L/min acionados; 50L/min = solenóides 2, 16 e 32 L/min acionados.

A saída da válvula de fluxo é ligada ao ramo inspiratório do circuito do paciente.


A extremidade do ramo expiratório é conectada à válvula de exalação. A atuação de
um diafragma sobre um bocal controla a abertura e fechamento do ramo expiratório. O
movimento do diafragma também é realizado por um motor de passo controlado pelo
microprocessador. Também no caso da válvula de exalação, existem diversas
possibilidades construtivas, dependendo do ventilador (Fig. 3).

3
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

MOTOR DE PASSO
A. B. BOBINA C. PEEP

SOLENÓIDE
CAME ÍMÃ

SAÍDA SAÍDA PIP

SAÍDA
Fluxo Fluxo
expiratório expiratório

D. Fluxo
expiratório
TUBO FLEXÍVEL PINÇA

ÍMÃ
BOBINA
Articulação

MOLA

Figura 3: Representação esquemática de diversos modelos construtivos de válvula de exalação: A. Um


motor de passo atuando sobre um diafragma flexível controla a abertura do ramo expiratório. B. O
acionamento do diafragma é realizado por uma bobina eletromagnética. C. Um solenóide comuta as
pressões inspiratória e expiratória, provenientes de válvulas pneumáticas, que atuam sobre o diafragma.
D. Uma bobina eletromagnética aciona um mecanismo tipo pinça, que controla a área de passagem de
um tubo flexível.

Os sinais de pressão e fluxo são medidos na saída do “Y” do circuito respiratório, onde
é conectado o tubo endotraqueal, que se constitui na interface paciente - ventilador.
A medição de pressão é realizada por um transdutor de pressão, que transforma o
sinal pneumático em sinal elétrico. Os transdutores de pressão atuais incorporam
sensores de silício cujas propriedades elétricas são sensíveis à pressão.
A medição do fluxo pode ser realizada em diversos pontos do sistema. Existem
ventiladores que realizam a medida de fluxo na saída da válvula de fluxo (fluxo
inspiratório), e/ou na saída da válvula de exalação (fluxo expiratório). Outros utilizam
um sensor junto ao paciente, medindo tanto o fluxo inspiratório como expiratório. Os
tipos de sensores mais utilizados para medição do fluxo são pneumotacógrafos,
turbinas e anemômetros de fio aquecido 45 (Fig.4).

4
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

A. Pneumotacógrafo tipo Fleisch B. Pneumotacógrafo de Área Fixa C.Pneumotacógrafo de Área Variável


P1 P2
P1 P2 P1 P2

Fluxo Fluxo Fluxo

P1-P2 P1-P2 P1-P2

∆P Fluxo
R
Fluxo Fluxo Fluxo

D.Sensor Tipo Turbina E.Sensor Tipo Fio Aquecido


Sensor
óptico

Fluxo Rotação Fluxo Fluxo


∆Temp Fluxo

Aletas Pás da Fio de


defletoras turbina Platina

Figura 4: Representação esquemática de diversos tipos de sensores de fluxo: A. Nos pneumotacógrafos,


a passagem do fluxo por uma restrição calibrada, ocasiona uma queda de pressão. Essa queda de
pressão, proporcional ao fluxo, é medida por um transdutor de pressão diferencial. Nos pneumotacógrafos
tipo Fleisch, que utilizam um arranjo de tubos de pequeno diâmetro em paralelo, a relação entre o fluxo e
a queda de pressão P1 - P2 é linear. B. Nos pneumotacógrafos que utilizam uma restrição fixa de maior
diâmetro, a relação pressão x fluxo aumenta com o fluxo, e exige a linearização através de algoritmos
e/ou circuitos eletrônicos. C. A utilização de uma lâmina flexível, resultando em uma área variável,
aumenta a sensibilidade do pneumotacógrafo para baixos fluxos. D. A passagem do gás através de pás
fixas direcionadoras de fluxo, causa a rotação das pás rotativas da turbina. A rotação é proporcional ao
fluxo e/ou volume deslocado. Os sensores de turbina apresentam pouca sensibilidade para baixos fluxos,
influenciados pelo atrito e inércia, sendo mais utilizados para expirometria. E. A passagem do fluxo por um
fio de platina aquecido, promove uma troca de calor. Através de um circuito de controle, a corrente elétrica
através do fio é aumentada de forma a manter a temperatura constante. A corrente de realimentação é
proporcional ao fluxo.

A medida de volume é obtida através do sinal de fluxo. O fluxo representa a


velocidade com que um determinado volume de fluído está sendo movimentado.
Realizando-se a somatória dos fluxos a cada instante, ou seja, calculando-se a integral
do fluxo em relação ao tempo, obtém-se o volume deslocado entre os instantes
considerados. A integração do sinal de fluxo pelo microprocessador fornece o valor
dos volumes inspirado e exalado.
A partir dos controles efetuados através do painel de controles e da monitorização
realizada pelos transdutores de pressão e fluxo, é realizado o controle das válvulas de
fluxo e exalação através do circuito de controle do ventilador.
O paciente é representado através das vias aéreas, dos pulmões e da caixa torácica,
cujas propriedades mecânicas serão discutidas ao longo deste capítulo.
A ventilação mecânica é realizada por meio de ciclos ventilatórios, apresentando duas
fases: inspiratória e expiratória. De forma bastante simples, o ventilador inicia a fase
inspiratória abrindo a válvula de fluxo e fechando a válvula de exalação. Nessa fase
ocorre o enchimento dos pulmões com o ventilador exercendo a pressão necessária
para vencer o atrito nas vias aéreas e expandir os pulmões. O final da fase inspiratória
irá coincidir com o início da fase expiratória, com o ventilador fechando a válvula de
fluxo e abrindo a válvula de exalação. Nessa fase ocorre o esvaziamento dos pulmões,

5
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

sendo que a força motriz é a própria pressão no interior dos pulmões, ou seja, via de
regra, a exalação é passiva.
Os sinais de pressão, fluxo e volume podem ser representados graficamente,
permitindo uma análise detalhada do funcionamento do ventilador (Fig. 5), utilizando
um exemplo numérico:

60 A B C
Inspiratório

PFI
30
Fluxo (L/min)
Expiratório

-30

-60 PFE

0,50
Volume (L)

Vinsp Vexp Vexp<Vinsp


0,25

50
Pressão (cmH O)

40
Ppico
2

30

20

10
PEEP
0

-10

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo (s)
Tinsp. Texp.
Freq. = 60s/Tciclo
Tciclo I : E = 1: Texp./Tinsp

Figura 5: Traçados das curvas de Fluxo, Volume e Pressão indicando os principais parâmetros que
podem ser extraídos da leitura gráfica. Os instantes A e B correspondem ao início da fase inspiratória
(abertura da válvula de fluxo e fechamento da válvula de exalação) e expiratória (fechamento da válvula
de fluxo e abertura da válvula de exalação) respectivamente.

a. Fluxo (L/min) x Tempo (s): A válvula de fluxo é aberta no instante 1seg. - início da
fase inspiratória - e o fluxo atinge o valor de 30L/min. O valor positivo indica que o
fluxo é inspiratório. O fluxo é mantido constante em 30L/min até o instante 2seg.
Nesse instante a válvula de fluxo é fechada, e o fluxo cai a zero (eixo horizontal).
Simultaneamente a válvula de exalação é aberta - início da fase expiratória - e o
gás no interior dos pulmões é exalado pela própria pressão no interior dos pulmões.
O fluxo atinge o valor máximo de -40 L/min. O valor negativo indica que o fluxo é
expiratório. À medida que o pulmão esvazia, diminui a pressão no seu interior e
conseqüentemente o fluxo expiratório. O fluxo expiratório zero indica o

6
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

esvaziamento total dos pulmões no instante 3seg. No instante 4s é iniciado um


novo ciclo.
b. Volume (L) x Tempo (s): No instante 1s é iniciado enchimento dos pulmões através
do fluxo inspiratório de 30L/min. O volume é definido como a integral do fluxo em
relação ao tempo e pode ser representado graficamente como a área da curva
Fluxo x Tempo77. O volume inspirado é a área definida entre o a curva de fluxo
inspiratório e o eixo do tempo, e o exalado a área definida pelo fluxo expiratório.
Como nesse caso o fluxo é mantido constante, o volume aumenta linearmente, até
o valor de 0,5L no instante 2seg. Nesse instante, com o fechamento da válvula de
fluxo e abertura da válvula de exalação, se inicia o esvaziamento dos pulmões, com
o volume retornando a zero no instante 3s. Durante a exalação o volume diminui de
forma exponencial. Caso o volume exalado seja menor que o inspirado, a curva não
irá retornar a zero, refletindo a diferença entre os dois valores.
c. Pressão(cmH2O) x Tempo (s): Com o início do fluxo inspiratório no instante 1s,
ocorre um aumento abrupto de pressão na via aérea, correspondendo à pressão
necessária para vencer o atrito e movimentar os gases através das vias aéreas. À
medida que ocorre a expansão dos pulmões, e a distensão das estruturas visco-
elásticas, ocorre um aumento proporcional de pressão, necessária para vencer as
forças visco-elásticas. A pressão atinge seu valor máximo no instante 2 seg.,
quando ainda existe fluxo inspiratório e os pulmões atingiram o volume máximo
durante o ciclo. A pressão retorna ao valor inicial - linha de base - durante a
exalação. A pressão da linha de base, durante a fase expiratória, pode ser mantida
acima da pressão atmosférica, através do controle da válvula de exalação. Ou seja,
a válvula de exalação pode permanecer parcialmente fechada, impedindo a saída
de todo o volume de gás do interior dos pulmões. Nesse caso a pressão expiratória
é mantida positiva, PEEP - Positive End Expiratory Pressure.

Através da análise gráfica pode-se determinar, utilizando os dados do exemplo:


- Tempo Inspiratório Tinsp = 2s - 1s = 1s
- Tempo Expiratório Texp = 4s - 2s = 2s
- Relação I : E = 1: Texp/Tinsp = 1: 2/1 = 1 : 2
- Período do ciclo ventilatório Tciclo = Tinsp + Texp = 1s + 2s = 3s
- Freqüência respiratória Freq. = 60s / Tciclo = 60s / 3s = 20 ciclos/minuto
- Fluxo inspiratório máximo = 30L/min
- Fluxo expiratório máximo = 40 L/min
- Volume inspirado Vinsp = 0,5L
- Volume exalado Vexp = 0,5L
- Pressão inspiratória máxima (pico) Pico = 25cmH2O
- Pressão expiratória PEEP = 5 cmH2O

A partir dessa descrição sucinta do funcionamento do ventilador artificial podem ser


detalhadas as propriedades do sistema respiratório e sua inter-relação com as
variáveis envolvidas na ventilação: resistência das vias aéreas e complacência do
sistema respiratório versus pressão, fluxo e volume.

7
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

Resistência das vias aéreas

Resistência através de um tubo

Para se movimentar um sólido sobre uma superfície, é necessário que a aplicação de


uma força suficiente para vencer as forças de atrito. Da mesma forma, para que o ar e
/ou oxigênio se movimente através das vias aéreas é necessário que exista uma
diferença de pressão positiva na direção do movimento. O fluxo de gás irá se
estabelecer em função dessa diferença de pressão e o seu sentido será do ponto de
maior para o de menor pressão. A pressão é a força motriz do fluxo.
A descrição de um experimento utilizando um tubo endotraqueal, um manômetro ou
transdutor de pressão e um fluxômetro facilita o entendimento do conceito da
resistência11 (Fig. 6).

A
Fluxo entrada do tubo

Tubo
endotraqueal
120 B
PA saída do
100 tubo

Fluxômetro 80 PB = Patm = 0
15
60 10 20
Pressão
40 5 25

0 30
20 cmH2O

Ar/oxigênio Manômetro
3,5 atm

Figura 6: Representação esquemática do arranjo para medida de resistência de um tubo endotraqueal.


Para cada fluxo ajustado no fluxômetro, é realizada a medida de pressão na entrada do tubo endotraqueal
(ponto A) utilizando-se de um manômetro ou transdutor de pressão.

O fluxômetro está conectado ao tubo endotraqueal, no ponto usualmente conectado


ao ventilador. Através de um “T” é realizada a medida da pressão nesse mesmo ponto
A, utilizando-se o transdutor de pressão. A outra extremidade do tubo, ponto B, está
aberta, ou seja, a pressão no ponto B é a pressão atmosférica. O experimento é
conduzido ajustando-se diversos fluxos e medindo-se a diferença de pressão entre os
pontos A e B. Como a pressão no ponto B é a pressão atmosférica (PB =0), a diferença
de pressão entre os dois pontos (PA-PB) é a própria pressão medida pelo transdutor no
ponto A PA. Foram obtidos os seguintes valores experimentais:

Fluxo PA-PB
(L/min) (cmH2O)
20 0,5
40 1,5
60 3,0
80 5,0
100 8,0
120 11

8
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

Os dados obtidos com esse experimento revelam que:


- As pressões medidas em dois pontos distintos do tubo são diferentes quando existe
um fluxo através do tubo. A pressão diminui no sentido do fluxo.
- A diferença de pressão entre dois pontos do tubo é maior para fluxos mais
elevados.

A diferença de pressão entre os pontos A e B é a força motriz que movimenta os


gases através do tubo, vencendo as forças de atrito.
A relação entre a diferença de pressão entre dois pontos de um tubo, ou via aérea, e o
fluxo através do mesmo representa a resistência da via aérea Rva entre os dois
pontos.

Rva = (PA-PB)/Fluxo

PA: Pressão na entrada do tubo endotraqueal (cmH2O)


PB: Pressão na saída do tubo endotraqueal (cmH2O)
Fluxo: Fluxo (L/s)
Obs. 60L/min = 1L/s

Para o tubo do experimento pode ser calculada a resistência para cada fluxo ensaiado.

Rva = (PA-PB)/Fluxo

Para Fluxo = 20L/min; (PA - PB)= 0,5cmH2O


20L/min = 20/60L/s = 1/3 L/s
Rva @ 20L/min = 0,5cmH2O/0,33L/s = 1,5cmH2O/L/s

Calculando-se Rva para os demais fluxos obtém-se:

Fluxo Rva
(L/min) (cmH2O/L/s)
20 1,50
40 2,25
60 3,00
80 3,75
100 4,8
120 5,5

Verifica-se que a resistência calculada não é constante, e aumenta com a elevação do


fluxo. Esse aumento de resistência em função do fluxo é explicado pela natureza do
fluxo que se estabelece no tubo (Fig. 7).

9
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

PA B
PB
Fluxo Laminar: PA -PB = Rva . Fluxo

Aderência Velocidade das


moléculas do gás
Fluxo Turbulento: PA -PB = k1 . Fluxo + k2 . Fluxo2

Velocidade das
moléculas do gás

Figura 7: Representação dos fluxos laminar e turbulento em um tubo. No fluxo laminar, as moléculas dos
gases movimentam-se em camadas concêntricas. A camada em contato com a parede do tubo apresenta
velocidade zero, e as demais deslizam entre si, em um movimento ordenado, obedecendo ao mesmo
sentido e direção, alcançando velocidade máxima no centro do tubo, apresentando um perfil parabólico.
No fluxo turbulento, as moléculas do gás apresentam uma movimentação desordenada, em trajetórias
distintas, e o perfil de velocidades apresenta-se achatado.

Para fluxos menores, as moléculas dos gases movimentam-se em camadas


concêntricas. A camada em contato com a parede do tubo apresenta velocidade zero,
e as demais deslizam entre si, em um movimento ordenado, obedecendo o mesmo
sentido e direção, alcançando velocidade máxima no centro do tubo. Esse tipo de fluxo
é denominado laminar. Nesse caso, as forças de atrito são resultantes do movimento
relativo das moléculas do gás, resultando em uma espécie de resistência intrínseca do
gás, em função da viscosidade do gás.
Com o aumento do fluxo, as moléculas do gás apresentam uma movimentação
desordenada, em trajetórias distintas. Nesse caso, além da viscosidade, também
influem na resistência ao fluxo a densidade do gás e o atrito com as paredes do tubo.
Esse é o caso mais comum, presente inclusive no sistema respiratório.
No caso de fluxo turbulento, a equação que relaciona a queda de pressão entre dois
pontos de um tubo e o fluxo através do mesmo é dada por (equação de
Rohrer)9,21,29,70,98:

PA-PB = K1.Fluxo + K2. Fluxo2

As constantes K1 e K2 representam os componentes da resistência para fluxo laminar


e turbulento.

Para o caso do tubo endotraqueal do experimento foram obtidos, através de regressão


linear os seguintes valores11: K1 = 0,6 e K2= 2

Do ponto de vista prático, o mais usual é determinar a resistência a um determinado


fluxo. Ao se proceder dessa forma deve-se lembrar que o valor da resistência

10
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

relaciona exclusivamente a queda de pressão ao fluxo utilizado. Não é correto


determinar-se o valor de resistência para um valor de fluxo e utilizá-la indistintamente
outros valores. Conforme visto para o tubo endotraqueal, é necessária a utilização de
diversos pontos na faixa de fluxos possíveis para determinar-se uma equação que
descreva adequadamente o comportamento resistivo da via aérea.

Resistência do sistema respiratório

A mesma relação entre pressão e fluxo encontrada no tubo endotraqueal é válida para
o sistema respiratório, ou seja, para as vias aéreas naturais7,9,21,70.
No caso do sistema respiratório, os pontos extremos podem ser considerados como a
pressão na boca, ou no caso do paciente em ventilação mecânica, a traquéia Ptr, e a
pressão intrapulmonar a nível alveolar Palv. Conhecendo-se as pressões traqueal e
alveolar para um determinado fluxo, é possível o cálculo da resistência das vias
aéreas do paciente.
Considerando a fase inspiratória, com um fluxo inspiratório constante, pode ser
utilizada a fórmula da resistência do tubo endotraqueal, onde PA = Ptr e PB= Palv

Rva = (Ptr-Palv)/Fluxo

Por exemplo, se durante a fase inspiratória, com um fluxo de 30L/min, a pressão


traqueal fosse 15cmH2O e a pressão alveolar 5cmH2O, resultaria:

30L/min = 30/60 L/s = 0,5 L/s


Rva = (15-5)cmH2O/0,5L/s = 20cmH2O/L/s

As mesmas considerações feitas para o tubo endotraqueal em relação ao fluxo laminar


e turbulento se aplicam para o sistema respiratório. Além disso, nem sempre dispomos
de fluxo constante. Por exemplo, para estimarmos a resistência expiratória, dispomos
de um fluxo decrescente, e conseqüentemente irão ocorrer alterações de resistência
no decorrer da fase expiratória. Devido à natureza elástica das via aéreas, também
irão ocorrer alterações decorrentes da própria deformação das vias aéreas4.
Apesar da importância das considerações apresentadas, para os objetivos desse
capítulo é suficiente entender a relação entre os gradientes de pressão e o fluxo ao
longo das vias aéreas.
No paciente em ventilação mecânica a pressão é medida antes do tubo endotraqueal.
Portanto os valores medidos de resistência utilizando-se a pressão inspiratória
proximal, referida como pressão na via aérea Pva, é na realidade a soma das
resistências do tubo endotraqueal e das vias aéreas do paciente.

Rva = Rva.tubo + Rva.paciente = (Pva-Palv)/Fluxo

A soma das resistências do tubo endotraqueal e do sistema respiratório se constitui na


própria resistência das vias aéreas Rva. A diferença de pressão entre a entrada do
tubo endotraqueal e a alveolar (Pva-Palv) é denominada Pressão Resistiva Pres. A
resistência das vias aéreas pode então ser simplificada:
Rva = Pres/Fluxo

11
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

Complacência

Complacência do sistema respiratório

O aumento do volume pulmonar durante a fase inspiratória ocasiona uma expansão


dos pulmões e conseqüentemente da parede torácica, distendendo as estruturas
elásticas do sistema respiratório. Analogamente a um sistema de molas, essa
estrutura elástica irá exercer uma força contrária e proporcional à deformação, por sua
vez proporcional ao volume inspirado. Essa força elástica, distribuída pela superfície
do pulmão, irá gerar uma pressão intrapulmonar positiva. A relação entre o volume
inspirado e a variação de pressão no interior dos pulmões representa a complacência
do sistema respiratório7,24,70,82(Fig. 8).

Volume (L)

Complacência:
Csr = tgα = Volume
Palv Palv-PEEP
Volume
α
Palv - PEEP

0 10 20 30 40 50
PEEP Pressão
1/Csr=1/Cp + 1/Cct alveolar
30
(cmH2O)
20 40
Pressão
10 50

0 60
cmH2 O

Figura 8: Representação de um arranjo para determinação da relação entre o volume inspirado e a


variação de pressão no interior dos pulmões, definida como complacência do sistema respiratório. A
medida da pressão deve ser realizada em condições estáticas (fluxo zero). A curva Pressão x Volume,
representa a curva de complacência do sistema respiratório (pulmão e parede torácica). A inclinação da
curva em um determinado ponto determina a complacência para o volume considerado. Pelo traçado do
exemplo, observa-se, que para volumes baixos a inclinação da curva, ou seja, a complacência, é menor.

Na presença de pressão expiratória positiva PEEP, a variação de pressão resultante


do aumento do volume, é a pressão alveolar subtraída do PEEP.

Csr = Volume/(Palv-PEEP) L/cmH2O

O aumento de pressão intrapulmonar (Palv - PEEP) devido ao volume inspirado se


constitui na pressão elástica (Pel), relativa ao volume. A complacência do sistema
respiratório pode então ser simplificada:

Csr = Volume/Pel

12
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

Por exemplo, se durante a ventilação, com PEEP de 5cmH2O e volume corrente de 0,5
L, a pressão alveolar no final da inspiração fosse 15cmH2O, resultaria o seguinte valor
de complacência:

Csr = 0,5L /(15-5)cmH2O = 0,05L/cmH2O.

Ou seja, nesse caso, um aumento de volume de 50ml ocasiona um aumento de


1cmH2O no interior dos pulmões.
Inversamente, considerando a complacência de 0,05L/cmH2O e PEEP 5cmH2O, para
um volume inspirado de 0,75L, a pressão no interior dos pulmões resultaria:

Palv = Vol (L) / Crs (L/cmH2O) + PEEP(cmH2O)


= 0,75L/0,05L/cmH2O = 15 + 5 = 20cmH2O

Da mesma forma que a resistência, a complacência não apresenta um valor


constante. Alterações da complacência podem ocorrer em função de uma maior ou
menor recrutamento alveolar, propiciado, por exemplo, pela utilização da PEEP. A
utilização de volumes elevados pode causar uma hiperinsuflação dos pulmões, com
uma diminuição da complacência devido à restrição imposta pela parede torácica.

Complacência do Sistema de Ventilação

Além da complacência do sistema respiratório, incorporando a parede torácica e os


pulmões, o próprio ventilador juntamente com o circuito respiratório apresenta uma
complacência intrínseca, cujo efeito poderá interferir na ventilação mecânica.
O circuito do ventilador é formado por tubos, muitas vezes flexíveis, e volumes
compressíveis, como as jarras de umidificação. Nos casos de ventiladores utilizados
em anestesia, incorporando foles ou bolsas de reinalação, a complacência do sistema
de ventilação apresenta valores significativos. O efeito dessa complacência intrínseca
irá depender do modo de ventilação utilizado. Por exemplo, se a modalidade
ventilatória empregada fornece um volume predeterminado ao paciente, parte desse
volume pode ficar comprimido no próprio circuito, não participando da ventilação,
diminuindo o volume corrente efetivo.
Para se calcular a complacência intrínseca do sistema de ventilação é necessário
insuflar um volume pré-determinado no interior do circuito, obstruindo todas as suas
saídas, e verificar a variação de pressão resultante. De forma prática, isso pode ser
realizado, obstruindo-se a saída do “Y” do circuito e certificando-se que não existam
vazamentos, selecionando a modalidade ciclada a volume, ajustando-se um volume
em torno de 100ml e um fluxo de 10L/min, geralmente disponíveis nos ventiladores.
Deve-se então observar qual a pressão inspiratória Pva obtida no interior do circuito e
realizar o cálculo da complacência.
Por exemplo, supondo que a pressão na via aérea ao final da inspiração fosse
20cmH2O, a complacência do circuito seria:

Ccirc = Volume/Pva = 100ml/20cmH2O = 5ml/cmH2O

Isso significa que durante a ventilação mecânica, 5ml de volume permanecerá no


circuito para cada 1cmH2O de pressão na via aérea. Ou seja, se durante a ventilação,
a pressão inspiratória atingisse 15cmH2O, o volume perdido no circuito seria:

Volume perdido = Ccirc. x Pva = 5ml/cmH2O x 15cmH2O = 75ml

13
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

O efeito da complacência do sistema de ventilação deve ser avaliado principalmente


na ventilação de pacientes com complacência reduzida, principalmente crianças.
Nesse caso, o circuito deve ser otimizado, reduzindo-se o comprimento e diâmetro dos
tubos, empregando-se materiais com pouca distensibilidade e reduzindo-se os
volumes compressíveis.
Quando a medida da complacência é efetuada no paciente conectado ao ventilador, é
importante verificar onde está sendo realizada a medida do volume.
Se o volume considerado nos cálculos, é o volume medido no ramo expiratório do
circuito, então a complacência medida incorpora o circuito do paciente. Nesse caso,
para se determinar a complacência do paciente deve-se descontar do valor obtido a
complacência do circuito.
Se o volume utilizado nos cálculos de complacência é medido através de um sensor
diretamente posicionado na entrada do tubo endotraqueal, então o valor obtido é a
própria complacência do paciente.

Equação do Movimento

A partir das definições de resistência e complacência é possível relacionar as


propriedades do sistema respiratório e do sistema de ventilação com as pressões,
fluxos e volumes desenvolvidos durante a ventilação.
Retornando ao modelo do sistema de ventilação (Fig.1), a pressão na via aérea Pva é
medida na entrada do tubo endotraqueal. Durante a fase inspiratória, considerando-se
o paciente em ventilação controlada, sem esforço inspiratório, o valor da Pva irá
incorporar tanto a componente resistiva Pres como a componente elástica Pel
7,11,13,22,24,49,66,70,82
. Considerando que o volume é medido na mesma posição, ou seja, é
o volume efetivamente inspirado pelo paciente:

Pva = Pres + Pel + PEEP = Rva . Fluxo + Volume/Csr + PEEP

A partir dessa equação a curva de pressão pode ser mais bem descrita utilizando-se
os conceitos de resistência e complacência.

Considerando como exemplo dois pacientes com mecânicas respiratórias distintas:

Paciente 1: R1 = 20cmH2O/L/s; C1 = 0,025L/cmH2O


Paciente 2: R1= 40cmH2O/L/s; C2=0,05L/cmH2O

Utilizando os mesmos parâmetros ventilatórios do exemplo, Volume 0,5L, Fluxo


inspiratório constante 30L/min e PEEP 5cmH2O, obtém-se os seguintes traçados de
pressão (Fig.9):

14
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

60 Paciente 1: R1 20; C1 0,025 Paciente 2: R2 40; C2 0,05

Inspiratório
30

Fluxo (L/min)
Expiratório
PFE2
-30

PFE1
-60

T1=R1.C1 T2=R2.C2

0,50
Volume (L)

0,25 36,8%Vinsp 36,8%Vinsp

50 Pres = Rva.Fluxo
Pel = Volume/Csr
Pressão (cmH O)

40
2

30 Pres1=10cmH O 2

Pres2=20cmH O 2

20
Pel1 = 20cmH O
2

10 Pel2=10cmH O
2

-10

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo (s)

Figura 9: Traçados das curvas de Fluxo, Volume e Pressão para dois pacientes com mecânicas
respiratórias distintas. No exemplo foram utilizados fluxo inspiratório (30 L/min) e volume (0,5L)
constantes. Pode-se observar que apesar de apresentarem o mesmo pico de pressão, as pressões
alveolares nos dois pacientes são diferentes. Além disso,no paciente 2, devido a uma constante de tempo
maior, a exalação ocorra de forma mais lenta, com o pico de fluxo expiratório menor.

1- No instante 1s a válvula de fluxo é aberta, liberando um fluxo de 30L/min através da


das vias aéreas. Nesse instante, o volume inspirado ainda é zero e a pressão na via
aérea:
Pva = Rva.Fluxo + Volume/Csr + PEEP
Paciente 1: Pva1= 20cmH2O/L/s . 0,5L/s + 0L / 0,025L/cmH2O + 5cmH2O
Pva1= 15cmH2O
Paciente 2: Pva2= 40cmH2O/L/s . 0,5L/s + 0L/ 0,05L/cmH2O + 5cmH2O
Pva2= 25cmH2O
2- No instante 1,5s a válvula de fluxo permanece aberta. Nesse instante o volume
inspirado atingiu 250ml. Portanto a pressão elástica Pel no interior dos pulmões
aumentou. Como o fluxo foi mantido constante, e considerando-se que não
ocorreram mudanças nas resistências das vias aéreas, a pressão resistiva Pres
também permaneceu constante. Calculando-se a pressão na via aérea para essa
nova situação
Paciente 1: Pva = 20 . 0,5 + 0,25 / 0,025 +5 = 10 + 10 + 5 = 25cmH2O

15
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

Paciente 2: Pva=40 . 0,5 + 0,25 / 0,05 + 5 = 20 + 5 + 5 = 30 cmH2O

3- No final da fase inspiratória, no instante 2s, o volume atingiu 0,5L, e a válvula de


fluxo ainda está aberta:
Paciente 1: Pva = 20. 0,5 + 0,5/0,025 + 5 = 10 + 20 + 5 = 35cmH2O
Paciente 2: Pva = 40 . 0,5 + 0,5/0,05 + 5 = 20 + 10 + 5 = 35cmH2O

Esse exemplo ilustra uma situação onde dois pacientes com mecânicas
respiratórias distintas, apresentam o mesmo valor de pressão na via aérea Pva ao
final da inspiração, ou pressão de pico (Ppico). Entretanto no Paciente 1 a pressão
Ppico é composta de 10cmH2O de pressão resistiva e 20cmH2O de pressão
elástica, além da PEEP. Ou seja, a pressão intrapulmonar no paciente 1 é de
25cmH2O.
No Paciente 2, a pressão resistiva é de 20cmH2O e a elástica 10cmH2O, resultando
em uma pressão intrapulmonar de 15cmH2O, inferior à do Paciente 1.
A simples verificação do pico de pressão Ppico não reflete corretamente os níveis
de pressão a que efetivamente estão submetidos os alvéolos durante a ventilação.

4- O início da fase expiratória ocorre através do fechamento da válvula de fluxo e


abertura da válvula de exalação. Durante a fase expiratória, supondo uma válvula
de exalação ideal, que não ofereça resistência ao fluxo, ocorre uma rápida
despressurização do circuito, e a pressão na via aérea se reduz ao valor da PEEP
programada. Nesse instante, inverte-se o sentido do fluxo, ou seja, a pressão
intrapulmonar é maior que a pressão na via aérea Pva. A força motriz do fluxo
expiratório é a própria pressão elástica no interior dos pulmões. No caso do
Paciente 1, a pressão elástica atingiu 20cmH2O, e no paciente 2, 10cmH2O. Essa é
a pressão disponível para movimentar os gases através das vias aéreas. Supondo
que a resistência expiratória seja igual à inspiratória, a equação do movimento irá
determinar o fluxo expiratório no início da expiração:
Pva=Pres + Pel + PEEP
Pres = Pel
Rva.Fluxo exp. = Volume/Csr
Paciente1:
Fluxo exp1 = Volume/Csr/Rva = 20cmH2O/20cmH2O/L/s = 1L/s = 60L/min
Paciente 2:
Fluxo exp2 = 10cmH2O/40cmH2O/L/s = 0,25L/s = 15L/min

Constante de Tempo

À medida que ocorre o esvaziamento dos pulmões diminui a pressão elástica e


conseqüentemente o fluxo expiratório. O tempo necessário para que o pulmão exale
todo o volume, irá depender dos valores da complacência e resistência do paciente.
Quanto maior a complacência, menor a pressão elástica para um determinado volume,
e conseqüentemente, menor a força motriz para exalação. Por outro lado, quanto
maior a resistência, menor o fluxo expiratório, para determinada pressão elástica. O
produto da resistência e complacência define a constante de tempo do sistema
respiratório, relacionada com o tempo de esvaziamento do pulmão24,27:

T = Rva. Csr (s)

Calculando-se a constante de tempo para os casos do exemplo:

Paciente 1: T = 20cmH2O/L/s . 0,025L/cmH2O = 0,5 segundos

16
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

Paciente 2: T = 40cmH2O/L/s . 0,05L/cmH2O = 2 segundos

O esvaziamento do pulmão obedece a uma equação do tipo exponencial. De acordo


com essa equação, a partir do início da exalação, o volume no interior dos pulmões
diminui para 36,8%, 13,5%, 5% e 1,8% do volume inicial, respectivamente após 1, 2,
3, 4 e 5 constantes de tempo (Fig. 10).

60 Pausa Pausa
inspiratória expiratória
Inspiratório

30
Fluxo (L/min)
Expiratório

Presença
-30 de fluxo
expiratório

-60

Volume
inspirado (%)
0,50 100
Volume (L)

0,25
37
13,5
0 5

50
Pressão (cmH O)

40 Pva
2

30

20 Palv Auto
PEEP
10

-10
0 1o
2 3 4 5 0 1o
2 3 4 5
N . Constantes N . Constantes
de Tempo T = RC de Tempo T = RC

Figura 10: Traçados gráficos das curvas de Fluxo , Volume e Pressão, relacionando a constante de tempo
com os valores de volume e pressão durante a fase expiratória. São representadas as pausas inspiratória
e expiratória, que permitem a visualização da pressão alveolar no final da inspiração e exalação
respectivamente. Nos traçado de pressão é representada em linha pontilhada a pressão alveolar.

Para o paciente 1 o tempo necessário para a exalação completa seria de


aproximadamente 2,5s e para o paciente 2 , 10s.
Caso não se permitisse tempo suficiente para a exalação, iniciando-se um outro ciclo
ventilatório, resultaria em uma pressão positiva no interior dos pulmões ao final da
exalação, referida como auto PEEP ou PEEP intrínseco 42,62 .

17
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

Medida da Resistência e Complacência no ventilador

Para que se possa identificar as componentes resistiva e elástica durante a ventilação,


os ventiladores dispõem de um recurso, a pausa inspiratória, que retarda a abertura da
válvula de exalação em relação ao momento em que ocorreu o fechamento da válvula
de fluxo. Durante a pausa inspiratória, não existe fluxo na via aérea (Fluxo =0 e
Pres=0), portanto a pressão na via aérea Pva, medida pelo ventilador, é a própria
pressão intrapulmonar.

Pva = Rva.0 + Volume/Csr + PEEP = Volume/Csr + PEEP = Pel + PEEP

A pressão da via aérea na pausa é denominada pressão de "plateau" (Pplat), e a


pressão máxima inspiratória, anterior à pausa, pressão de pico Ppico. A diferença
entre a pressão de pico Ppico e a de plateau Pplat é a pressão resistiva Pres.
Pausa: Pva = Pplat = Pel + PEEP = Volume/Csr + PEEP; Pres = 0
Pres = Ppico-Pplat = Rva . Fluxo

Conhecendo-se Ppico, Pplat, PEEP, fluxo no instante da pausa e volume inspirado é


possível determinar os valores de complacência e resistência51,60,70,81,82,93 (Fig. 11):

Rva = (Ppico - Pplat)/Fluxo


Csr = Volume /(Pplat-PEEP)

18
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

60 Paciente 1: R1 20; C1 0,025 Paciente 2: R2 20; C2 0,025


PAUSA PAUSA

Inspiratório
30

Fluxo (L/min)
Expiratório

-30

-60

0,50
Volume (L)

0,25

50 Rva=(Ppico-Pplat)/Fluxo
Csr=Volume/(Pplat-PEEP)
Pressão (cmH O)

40
Ppico
2

30
Pres
20
Pplat
10 Pel
PEEP
0

-10

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo (s)

Figura 11: Traçados gráficos representando a pausa inspiratória. Medindo-se o pico de pressão Ppico, a
pressão na pausa inspiratória Pplat, a PEEP, o fluxo no instante da pausa e o volume inspirado é possível
se determinar os valores de complacência e resistência.

Trabalho Respiratório

O trabalho mecânico representa a energia requerida para deslocar um corpo, ou


fluído, vencendo-se as forças opostas ao movimento. No caso da ventilação mecânica,
as variáveis que determinam o trabalho, são as pressões elásticas e resistivas e o
volume. O trabalho respiratório pode ser definido pela equação74:
Vf

Trabalho respiratório = Área curva PV = P.dV ³


Vo

A representação gráfica do trabalho (integral da pressão em relação ao volume) é a


área sob a curva da pressão em relação ao volume, ou curva PV, onde podem ser
visualizados as componentes elástica e resistiva (Fig. 12).

19
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

Pva

Pres = Rva . Fluxo


Pel = Volume/Csr
Volume (L)

Pplateau
PEEP

Ppico
Fluxo
cte início exp.

Trabalho W = Área PxV


Wel Wres W = ³ P. dV
Wel: Trabalho elástico
início insp.
Wres: Trabalho resistivo

0 10 20 30 40 50
Pressão
(cmH2O)
30
20 40
Pressão
10 50

0 60
cmH2 O

Figura 12: A representação gráfica do trabalho mecânico (integral da pressão em relação ao volume) é a
área sob a curva da pressão em relação ao volume, ou curva PV, onde podem ser visualizadas as
componentes de trabalho para vencer as forças elásticas (Wel) e resistivas (Wres). O cálculo do trabalho
baseado na pressão medida na via aérea (Pva) representa o trabalho realizado pelo ventilador.

O trabalho mecânico aumenta à medida que são deslocados maiores volumes e/ou
são requeridas pressões mais elevadas durante a ventilação. Geralmente o trabalho
mecânico é medido durante a fase inspiratória, já que a exalação usualmente é
passiva, e a energia utilizada é a própria força elástica do sistema respiratório. Em
uma expiração ativa, os músculos respiratórios efetivamente irão realizar um trabalho
mecânico. Durante a ventilação mecânica a fração de trabalho realizado pelo
ventilador e pelo paciente irá depender do modo de ventilação, das características do
ventilador e dos parâmetros ajustados durante a ventilação23,33,37,48,58,59,61,63,64,69,90,94,96.
O cálculo do trabalho baseado na pressão medida na via aérea resulta no trabalho
realizado pelo ventilador. Para cálculo do trabalho realizado pelo paciente é
necessária a utilização da pressão pleural (Figura 13), Na prática, é utilizada a pressão
esofágica (Pes), medida através de um meio menos invasivo, a introdução de um
pequeno balão no esôfago. A pressão esofágica reflete o esforço exercido pelos
músculos respiratórios durante a inspiração8,70,74.

20
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

Volume (L)
Trabalho W = Área PxV
W = ³ P. dV
Wel: Trabalho elástico
Wres: Trabalho resistivo
C p
Fluxo C p
C c t
espontâneo início exp.

Volume Wres Wel


insp.
C
c t

início insp.

-20 -15 -10 -5 0 5


Pressão
Pesofágica esofágica
cmH2O (cmH2O)
30 -30

20 -20

10 -10
0

Figura 13: Para medida do trabalho realizado pelo paciente deve ser utilizada a pressão esofágica
(Pesofágica), que reflete o esforço exercido pelos músculos respiratórios durante a inspiração. Durante a
inspiração espontânea, o trabalho para vencer as forças elásticas (Wel) é definido pela área entre as
curvas da complacência do pulmão (Cp) e da caixa torácica Cct.

Ciclos e modos de ventilação

A descrição funcional do ventilador artificial pode ser feita a partir dos modos como
são controlados os ciclos ventilatórios. Os modos ventilatórios definem a forma como
os ciclos ventilatórios são iniciados, mantidos e finalizados. O ciclo ventilatório inclui
tanto a fase inspiratória como a expiratória, entretanto as classificações dos ciclos e
dos modos têm se baseado principalmente na fase inspiratória.
Para os objetivos desse capítulo serão definidos e classificados os tipos de ciclos
ventilatórios e os principais modos de controle, utilizando-se a terminologia
usualmente utilizada no meio clínico, preterindo-se uma classificação eminentemente
técnica.

Ciclos ventilatórios

Os ciclos ventilatórios podem ser classificados em três tipos:


1- Ciclos Controlados
2- Ciclos Assistidos
3- Ciclos Espontâneos
Essa classificação leva em conta a forma como os ciclos são iniciados, efetivamente
controlados e finalizados.
Os ciclos controlados são iniciados, controlados e finalizados exclusivamente pelo
ventilador. Os ciclos controlados são iniciados geralmente de acordo com um critério

21
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

de tempo. Por exemplo, ao ser ajustada uma freqüência respiratória de 12


ciclos/minuto, o ventilador irá automaticamente iniciar os ciclos controlados a cada 5
segundos. Os ciclos controlados também podem ser iniciados por algum critério de
"backup". Por exemplo, se o ventilador detectar ausência de ciclos respiratórios por
um período superior a um tempo máximo de apnéia admissível e/ou programado, irá
iniciar o ciclo controlado. Outro mecanismo de "backup" poderia ser o volume minuto.
De qualquer forma, o início do ciclo controlado será sempre determinado pelo
ventilador. A partir do início do ciclo controlado, o ventilador irá determinar a forma de
atuação das válvulas de fluxo e exalação de acordo com o modo de controle
selecionada. O final do ciclo controlado é determinado em função do critério específico
do modo de ventilação. Por exemplo, o ciclo poderá terminar por tempo, ou então ao
ser atingido um volume programado.
Os ciclos assistidos são iniciados pelo paciente, controlados e finalizados pelo
ventilador. Durante a fase de controle dos ciclos assistidos, dependendo da forma
como é realizado o controle, o ventilador pode permitir que o paciente modifique o
ciclo assistido.
O início do ciclo assistido (“disparo”) se dá pelo reconhecimento do esforço inspiratório
do paciente pelo ventilador. Esse reconhecimento pode se dar basicamente por
pressão ou fluxo (Figura 14).

DISPARO POR FLUXO

Detecção
do
Fluxo esforço

Sensibilidade
90

60
Fluxo (L/min)

30

-30

-60
DISPARO POR PRESSÃO
Pressão

50 Sensibilidade
Pressão (cmH O)

40
2

30 Detecção
do
20 esforço

10

-10

Figura 14: A detecção do esforço inspiratório para o início do ciclo ventilatório (“disparo”), pode ser feita
através de pressão ou fluxo. No disparo por pressão, na ausência de fluxo, o esforço inspiratório do
paciente (pressão alveolar negativa) é transmitido integralmente à via aérea (condição isométrica),
causando a queda de pressão. No disparo por fluxo, o esforço do paciente desvia um fluxo contínuo
presente na via aérea, detectado por um sensor de fluxo. Nesse caso, a pressão alveolar negativa não é
transmitida à via aérea, não sendo detectada queda de pressão na via aérea.

No disparo por pressão, é necessário que não exista fluxo na via aérea. Assim, a
queda na pressão alveolar resultante do esforço inspiratório do paciente é transmitida
integralmente à via aérea, sendo possível sua detecção através de um transdutor. O
sinal do transdutor de pressão é comparado com o nível de sensibilidade ajustado,
determinando o disparo do ciclo. No disparo por fluxo, é necessário que o ventilador
mantenha um fluxo contínuo na via aérea. A queda de pressão alveolar resultante do
esforço do paciente irá determinar o gradiente de pressão necessário para desviar o

22
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

fluxo para o interior dos pulmões. O fluxo inspirado é medido por um sensor de fluxo,
cujo sinal é comparado com a sensibilidade ajustada. O desempenho dos diferentes
tipos de disparo irá depender das características construtivas de cada ventilador. Uma
menor deflexão de pressão na via aérea, no caso do disparo por fluxo, não deve ser
confundida com uma menor queda de pressão a nível alveolar. Existem, entretanto,
situações onde a indicação de determinado tipo é mais adequada. Por exemplo, na
ventilação neonatal onde se utiliza fluxo contínuo, é impraticável a utilização de
disparo por pressão.
Após a detecção do esforço inspiratório são acionados os sistemas de controle para
abertura da válvula de fluxo e fechamento da válvula de exalação. O intervalo entre a
detecção do esforço e o acionamento do fluxo é um período crítico onde o trabalho
respiratório pode assumir valores elevados, no caso de uma oferta de fluxo insuficiente
no início do ciclo 46, 83, 84.
A partir do início do ciclo assistido, o controle de término ocorre de forma exatamente
igual ao verificado nos ciclos controlados. Dependendo da forma de controle
disponibilizada pela modalidade ventilatória, o ventilador pode ser sensível ao esforço
do paciente modificando o ciclo assistido. Isso ocorre, por exemplo, nos ciclos
assistidos durante a ventilação VAPS 2,12-15. Finalmente, os ciclos espontâneos são
iniciados pelo paciente, podendo ser controlados e finalizados parcial ou totalmente
pelo paciente. Os ciclos espontâneos podem ser controlados exclusivamente pelo
paciente ou podem ser parcialmente assistidos pelo ventilador. O ventilador pode
manter, por exemplo, um fluxo contínuo no circuito, o paciente pode respirar
espontaneamente, controlando totalmente a freqüência, o fluxo e o volume
inspirado33,37,50. Outra forma de ciclo espontâneo, parcialmente assistido, ocorre
quando o ventilador de alguma forma auxilia a inspiração do paciente, aumentando,
por exemplo, o fluxo e/ou pressão na via aérea em resposta a um esforço espontâneo,
como ocorre com a Ventilação com Pressão Suporte44,45,54,55,78. Nesse caso, o paciente
mantém um controle parcial sobre o fluxo e volume inspirados e sobre o instante de
término do ciclo.

Modos ventilatórios

Os modos ventilatórios podem ser classificados a partir de dois critérios básicos:

- Tipos de ciclos disponibilizados pela modalidade: Modos Básicos


- Tipo de controle exercido sobre os ciclos: Modos de Controle

Modos Básicos

Geralmente os ventiladores apresentam quatro modos de ventilação, baseados nos


tipos de ciclos disponibilizados pelo ventilador: Controlado, Assistido, SIMV e CPAP.

Modo Controlado

Durante o modo controlado, geralmente designado pela sigla CMV (Controlled


Mandatory Ventilation), o ventilador disponibiliza apenas ciclos controlados, baseados
na freqüência respiratória programada. A freqüência respiratória pode ser programada
diretamente, ou derivada de outros parâmetros.
Por exemplo:
- o ventilador dispõe de controles de tempo inspiratório Tinsp e expiratório Texp:

23
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

Freq.resp = 60s/ (Tinsp + Texp);


- o ventilador dispõe de controle de volume minuto (Vmin) e volume corrente (Vc):
Freq. Resp. = Vmin/Vc.

A partir da freqüência respiratória programada, o ventilador irá definir o período entre


os ciclos controlados. Cada período corresponde a uma “janela” de tempo, onde o
ventilador irá iniciar um ciclo controlado. Por exemplo, para uma freqüência
programada de 12 ciclos/minuto (Fig.15):

Janela de tempo = Período T = 60s / Freq. = 60s/12 = 5 segundos

Nesse caso o ventilador irá iniciar um ciclo controlado coincidindo com o início da
“janela” de 5 segundos.

Modo Controlado
0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 5
Pressão (cmH O)

40
Ciclo controlado Ciclo controlado Ciclo controlado Ciclo controlado
2

30 Janela 1 Janela 2 Janela 3 Janela 4

20

10

Modo Assistido / Controlado


0 1 2 3 4 0 1 2 3 0 1 2 30 1 2 3 4 5
Pressão (cmH O)

40
Ciclo controlado Ciclo controlado Ciclo assistido Ciclo assistido Ciclo controlado
2

30 Janela 1 Janela 2 Janela 3 Janela 4

Esforço Esforço
20
inspiratório inspiratório
10

Modo SIMV / (CPAP)


0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 5
Pressão (cmH O)

40
Ciclo controlado Ciclo assistido Ciclo assistido Ciclo espontâneo Ciclo assistido
2

30 Janela 1 Janela 2 Janela 3 Janela 4


Esforço
inspiratório Esforço
20 inspiratório Esforço
inspiratório
Ciclo controlado
10

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

Figura 15: No Modo Controlado, o ventilador irá iniciar um ciclo controlado a cada janela de tempo,
definida a partir da freqüência respiratória programada (Janela = Freq./60s). No modo
Assistido/Controlado, o ventilador irá iniciar um ciclo assistido na ocorrência do esforço do paciente,
reiniciando a contagem da janela de tempo (janelas variáveis); ao final da janela, na ausência de esforço,
é iniciado um ciclo controlado. No modo SIMV, o ventilador mantém as janelas fixas, e permite apenas um
ciclo assistido por janela, atendendo os demais esforços inspiratórios com ciclos espontâneos. Um ciclo
controlado só ocorre após uma janela de apnéia, ou após uma janela onde só ocorreu um ciclo
controlado. O modo CPAP é um caso particular do SIMV, onde a freqüência respiratória é ajustada em
zero, permitindo apenas ciclos espontâneos (sem janelas).

Modo Assistido

No modo assistido o ventilador disponibiliza ciclos controlados e assistidos.


Geralmente o modo assistido é denominado assistido/controlado, já que o ventilador
pode, na ausência de esforço inspiratório do paciente, manter os ciclos controlados na
freqüência programada. Nesse modo é necessária, além da freqüência respiratória, a
programação do nível de sensibilidade assistida ou trigger para reconhecimento do

24
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

esforço inspiratório do paciente. No modo assistido, da mesma forma que no


controlado, o ventilador define as janelas de tempo baseadas na freqüência
respiratória programada.
Para melhor descrição desse modo, será utilizado como exemplo, uma freqüência
respiratória de 12 ciclos/minuto, resultando em janelas de 5 segundos, e ciclos
controlados com tempo inspiratório de 1 segundo. O ventilador envia um ciclo
controlado no início da primeira janela (Fig. 15). Como o tempo inspiratório do ciclo do
exemplo é de 1segundo, irão restar 4 segundos para o término da janela. Se durante o
tempo remanescente o paciente não exibir nenhum esforço, o ventilador irá iniciar uma
nova janela com um ciclo controlado. Se o paciente, antes de concluída a janela,
exercer um esforço reconhecido pelo ventilador será iniciado um ciclo assistido e ao
mesmo tempo reiniciada a contagem de tempo da janela. Novamente, após o término
do ciclo assistido, o ventilador irá aguardar o término da janela de tempo, para só
então, na ausência de esforço inspiratório, iniciar um ciclo controlado. Como a
contagem da janela é reiniciada a cada ciclo assistido, sua duração irá variar de
acordo com a própria freqüência respiratória do paciente, que poderá exceder a
freqüência ajustada. No caso do exemplo, se o paciente exibir esforços inspiratórios a
cada 3 segundos, portanto sistematicamente antes do final da janela de tempo, serão
enviados 20 ciclos assistidos. Caso contrário, se o paciente entrar em apnéia, o
ventilador irá iniciar o ciclo controlado em cada janela de 5 segundos, mantendo a
freqüência programada.

Modo SIMV

No modo de ventilação intermitente sincronizada, usualmente denominado SIMV


(Synchronized Intermittent Mandatory Ventilation), o ventilador disponibiliza os ciclos
controlados, assistidos e espontâneos. Nesse modo também o ventilador utiliza as
janelas de tempo. Entretanto, diferente do que ocorre no modo assistido, a contagem
da janela de tempo não é reiniciada a cada ciclo, dessa forma a duração das janelas
se mantém fixa. Utilizando como exemplo a mesma freqüência do exemplo anterior,
irão resultar janelas de 5segundos (Fig. 15). O ventilador envia um ciclo controlado
iniciando a contagem da janela de tempo. Se durante o tempo remanescente da
janela, após o ciclo controlado o paciente não exibir nenhum esforço, o ventilador irá
iniciar uma nova janela com um ciclo controlado. Caso contrário, ao detectar o esforço
do paciente antes do término da janela, e após um ciclo controlado, irá iniciar um ciclo
assistido sem, entretanto, reiniciar a contagem de tempo da janela. Supondo que ao
final do ciclo assistido ainda restasse 2 segundos para o término da janela. Se nesse
intervalo remanescente, após um ciclo assistido, o paciente exibir outro esforço
inspiratório, o ventilador irá disponibilizar um ciclo espontâneo. Outros esforços dentro
da mesma janela, também, irão resultar em ciclos espontâneos. Ao término dessa é
iniciada uma janela consecutiva. Caso tenham ocorrido ciclos assistidos e/ou
espontâneos na janela anterior, o ventilador não irá iniciar a janela enviando um ciclo
controlado, mas irá prioritariamente aguardar o esforço do paciente. O primeiro esforço
do paciente, na nova janela, irá resultar em um ciclo assistido, e os demais
espontâneos. Outra janela é iniciada ao término da anterior. Como existiram ciclos
espontâneos, novamente não é enviado nenhum ciclo, e o ventilador permanece
aguardando o esforço do paciente até o final da janela. Se o paciente não exibiu
nenhum esforço na janela anterior, a nova janela é iniciada com um ciclo controlado.
Como no modo SIMV o ventilador prioriza o esforço do paciente, de forma a estimular
a ventilação espontânea e favorecer o desmame, podem ocorrer períodos
relativamente longos de apnéia, para freqüências respiratórias baixas. Supondo que
tenha sido ajustada no ventilador uma freqüência de 6 ciclos/minuto, as janelas
resultantes seriam de 10 segundos. Se o paciente exercer um esforço inspiratório no
início de uma janela, realizando uma apnéia a seguir, o ventilador só irá enviar um

25
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

ciclo controlado após o término da segunda janela consecutiva, quando terão


decorrido aproximadamente 20segundos. Nesse caso, a programação de mecanismos
de backup é aconselhável.

Modo CPAP

No modo CPAP (Continuous Positive Airway Pressure) o ventilador disponibiliza


apenas ciclos espontâneos. O modo CPAP é caracterizado pela manutenção de uma
pressão positiva constante nas vias aéreas. Em alguns ventiladores o modo CPAP é
obtido programando-se freqüência respiratória zero no modo SIMV. Nesse caso a
modo é designado SIMV/CPAP.

Os modos básicos apresentados e os ciclos disponibilizados em cada um são


apresentados sinteticamente a seguir:

Ciclo
Modo Controlado assistido Espontâneo
Controlado X
Assistido/Controlado X x
SIMV X x x
CPAP x

Modos de Controle

Além dos modos básicos anteriormente descritos, os ventiladores apresentam modos


específicos, como Volume Controlado, Pressão Controlada, Pressão Suporte, VAPS,
que se referem ao tipo de controle exercido sobre os ciclos ventilatórios.

Volume Controlado

O modo de controle Volume Controlado - VC se aplica aos ciclos controlados e


assistidos, nos modos básicos Controlado, Assistido/Controlado e SIMV.
Nesse modo, o ventilador controla a válvula de fluxo de forma a manter o fluxo
programado durante a fase inspiratória, ou seja, o fluxo é o parâmetro controlado
(“fixo”) e a pressão na via aérea é resultante (“livre”). Diversos padrões de fluxo podem
ser utilizados: constante, acelerado, desacelerado, senoidal 1,25,41,47,71,79,80. A equação
do movimento relaciona os parâmetros controlados (sublinhado) e os resultantes
(duplo sublinhado).

Pva = Rva.Fluxo + Volume/Csr + PEEP

O volume inspirado a cada instante é determinado exclusivamente pelo fluxo. O


volume é a integral do fluxo no tempo e pode ser representado graficamente pela área
do gráfico Fluxo x tempo, entre o instante inicial e o instante considerado. O ciclo será
finalizado quando o volume inspirado atingir o valor de volume controlado programado.

Fixando os conceitos através de um exemplo numérico (Fig. 16):


Paciente: Rva 20cmH2O/L/s; Csr 0,05L/cmH2O
Ventilador: Fluxo = 45L/min constantes; Volume 0,75L, PEEP 5cmH2O

26
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

MODO VOLUME CONTROLADO

Paciente: Rva 20; Csr 0,05


90
Fluxo Constante Fluxo Desacelerado
60
Fluxo (L/min)

30

-30

-60

1,00
Volume (L)

0,75

0,50

0,25

50
Pressão (cmH O)

40
Ppico1
2

Ppico2
30
Pplat1 Pplat2
20

10

-10
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo (s)

Figura 16: No modo Volume Controlado o ventilador apresenta padrão de fluxo fixo, terminando a fase
inspiratória ao ser atingido o volume programado. Durante o período de pausa inspiratória é possível
visualizar a pressão a nível alveolar. A utilização de fluxo controlado decrescente resulta em uma
diminuição do pico de pressão Ppico, em relação ao fluxo constante. Isso ocorre devido à diminuição da
pressão resistiva no final da inspiração.

Durante a fase expiratória, a pressão no interior dos alvéolos está em equilíbrio com a
pressão da via aérea PEEP 5cmH2O. No início do ciclo, o ventilador fecha a válvula de
exalação e abre a válvula de fluxo no valor ajustado de fluxo controlado 45L/min
(0,75L/s).
No início da fase inspiratória, quando o volume inspirado é zero, a pressão na via
aérea será:
Pva = 20cmH2O/L/s . 0,75L/s + 0/ 0,05L/cmH2O + 5cmH2O
Pva = 20cmH2O

No instante inicial, a pressão na via aérea se eleva de 5 para 20cmH2O, como


resultado da pressão resistiva requerida para movimentar os gases através das vias
aéreas.
Como o fluxo é constante o volume aumenta linearmente.
Após 1 s:
Volume = 0,75L/s . 1s = 0,75L

27
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

A pressão na via aérea nesse instante será:

Pva = (20cmH2O/L/s . 0,75L/s + 0,75L/0,05L/cmH2O + 5cmH2O)


Pva = (15+15+5)cmH2O = 35cmH2O

Nesse instante o ventilador terá completado o volume e irá fechar a válvula de fluxo.
Supondo que tenha sido programada uma pausa inspiratória de 0,5 s, o ventilador irá
aguardar esse período até abrir a válvula de exalação. No período de pausa, na
ausência de fluxo (FC(t)=0), a pressão na via aérea - pressão de plateau Pplat - irá
refletir a pressão intrapulmonar:

Pplat = (20cmH2O/L/s . 0L/s + 0,75L/0,05L/cmH2O + 5cmH2O)


Pplat = (0 + 15 + 5) cmH2O = 20cmH2O

Ao final da pausa o ventilador abre a válvula de exalação permitindo o esvaziamento


dos pulmões. A exalação geralmente ocorre de forma passiva e obedece à equação
de esvaziamento do pulmão apresentada anteriormente (Equação do Movimento).

Supondo, que o fluxo utilizado não fosse constante, mas apresentasse um perfil
desacelerado, iniciando com 60L/min (1 L/s) e terminando em 30L/min (0,5L/s), o que
resultaria no mesmo fluxo médio de 45L/min do exemplo anterior.
Calculando as pressões nos instantes inicial e final:
instante inicial: Pva = (20cmH2O/L/s . 1L/s + 0L / 0,05L/cmH2O + 5cmH2O)
Pva = (20cmH2O + 5cmH2O) = 25cmH2O
instante final: Pva = (20cmH2O/L/s . 0,5L/s + 0,75L/0,05L/cmH2O + 5cmH2O)
Pva = (10cmH2O + 15cmH2O + 5cmH2O) = 30cmH2O

Para o mesmo volume e tempo inspiratório, o padrão de fluxo desacelerado resultou


em um pico menor de pressão. A redução do fluxo no final da inspiração ocasionou
uma diminuição da componente resistiva da pressão. Observa-se também, que no
instante inicial a pressão foi maior que no caso anterior, em função de um fluxo inicial
mais elevado. Dependendo do ventilador, ao se mudar o padrão de fluxo de constante
para desacelerado, deve-se observar se o novo padrão resultou de um aumento do
fluxo inicial e redução do final, mantendo-se o fluxo médio constante, ou apenas
diminuição do fluxo final. No segundo caso, irá ocorrer um aumento do tempo
inspiratório, cujo efeito sobre a ventilação deve ser considerado (por exemplo,
ocorrência de auto-PEEP).

Os efeitos que podem ser observados nas pressões em função da alteração dos
controles do ventilador e da mecânica respiratória do paciente em um ciclo no modo
VC com padrão de fluxo constante e pausa inspiratória (de forma a visualizar a
pressão de plateau), são apresentados a seguir (Tabela 1):

Ventilador Paciente Pressões


Fluxo Volume R C Ppico Pplateau Ppico-Pplateau
 ( ) - - -  () -  ()
-  ( ) - -  ()  () -
- -  () -  () -  ()
- - -  ( )  ()  () -

Tabela 1: Relações entre os parâmetros ajustados no ventilador, a mecânica respiratória do paciente e as


pressões resultantes no modo Volume Controlado.

28
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

Tomando como exemplo um ciclo onde tenha sido aumentado o fluxo programado,
mantendo-se inalteradas as demais variáveis, de acordo com a equação do
movimento, irá ocorrer um aumento da pressão resistiva (Ppico-Pplat) e
conseqüentemente da pressão de pico Ppico. Como o volume é mantido constante, a
pressão elástica se mantém inalterada (Pplat). O efeito inverso é observado com a
diminuição do fluxo. As demais possibilidades estão resumidas na Tabela 1.
A principal característica do modo VC é a manutenção do fluxo e volume controlados
independente da impedância (resistência e complacência) do sistema respiratório.
Essa característica pode trazer alguns inconvenientes durante os ciclos assistidos,
quando o paciente apresenta esforço inspiratório mais intenso.
O esforço do paciente representa um termo de pressão negativa (Pei) no segundo
lado da equação do movimento:

Pva = Rva.Fluxo + Vol/C + PEEP - Pei

A forma de controle no modo VC impede que o ventilador altere o fluxo inspiratório em


função do esforço do paciente.Quando o paciente exerce um esforço, como o fluxo e o
volume a cada instante permanecem fixos, ocorre uma queda de pressão na via
aérea, proporcional ao esforço (Fig. 17).

MODO VOLUME CONTROLADO

90 Fluxo constante
60 (fixo)
Fluxo (L/min)

30

-30

-60

1,00 Volume constante


Volume (L)

0,75 (fixo)

0,50

0,25

50
Ciclo assistido com
Pressão (cmH O)

40 Esforço inspiratório
elevado
2

30

20

10

0
Esforço Esforço
-10 inspiratório inspiratório

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo (s)

29
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

Figura 17: No modo Volume Controlado, os ciclos assistidos também apresentam padrão de fluxo fixo. No
caso de esforços inspiratórios intensos, ocorre uma queda de pressão na via aérea, devido à insuficiência
do fluxo ofertado pelo ventilador em relação à demanda do paciente.

O esforço representa a demanda de fluxo do paciente e uma oferta insuficiente de


fluxo do ventilador, irá resultar em um aumento acentuado do trabalho respiratório do
paciente32,65,68,69,84. Durante os ciclos assistidos no modo VC, o fluxo inspiratório
ajustado no ventilador deve ser suficiente para atender a demanda do paciente e
minimizar as incursões negativas de pressão na via aérea65,69,84,91.

Pressão Controlada

O modo de controle Pressão Controlada - VC se aplica aos ciclos controlados e


assistidos, nos modos básicos Controlado, Assistido/Controlado e SIMV.
Nesse modo, o ventilador controla a válvula de fluxo de forma a manter a pressão na
via aérea constante, no valor programado, durante a fase inspiratória. A partir dessa
forma de controle, a cada instante o fluxo será resultante do nível de pressão
controlada PC programada e da mecânica respiratória do paciente, ou seja, a pressão
na via aérea é o parâmetro controlado (“fixo”) e o fluxo o parâmetro resultante
(“livre”)17,57,67,89. A equação do movimento relaciona os parâmetros controlados
(sublinhado) e os resultantes (duplo sublinhado).

Pva = PC = Rva . Fluxo + Volume/Csr + PEEP


Fluxo = (PC - Volume/Csr - PEEP)/Rva

O fluxo resultante é proporcional ao gradiente de pressão entre a via aérea e o interior


dos pulmões e inversamente proporcional à resistência das vias aéreas. No início do
ciclo os pulmões estão vazios, e o gradiente de pressão e conseqüentemente o fluxo
são máximos. À medida que ocorre o enchimento dos pulmões, diminui o gradiente de
pressão e o fluxo. O fluxo será zero quando a pressão no interior dos pulmões atingir o
valor da pressão na via aérea PC. Isso só irá ocorrer se o tempo inspiratório for
suficientemente longo.
No modo PC o tempo inspiratório é controlado diretamente, ou seja, o ciclo é
terminado quando for atingido o tempo inspiratório programado. Dessa forma, o
volume inspirado será resultante dos ajustes da pressão controlada, do tempo
inspiratório e da mecânica respiratória do paciente. Para entender a dinâmica do ciclo
no modo PC, é necessário utilizar o conceito da constante de tempo, definida
anteriormente. A constante de tempo representa o produto da resistência pela
complacência, e está relacionado com o tempo requerido para que ocorra o
enchimento completo do pulmões, ou ainda, para que a pressão no interior dos
pulmões atinja o mesmo valor da pressão na via aérea, em uma situação de equilíbrio.
São requeridos os seguintes tempos para que a pressão intrapulmonar e o volume
inspirado alcancem as porcentagens indicadas de pressão controlada PC e do volume
máximo possível a essa pressão:

n. const. Tempo %
1 63
2 86,5
3 95
4 98,2
5 99,3

30
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

O volume máximo (Vol.Max) é o volume do pulmão quando a pressão intrapulmonar


atingir o valor da pressão controlada PC:

Vol.max = (PC-PEEP). Csr

Fixando os conceitos através de um exemplo numérico (Fig. 18):


Paciente: Rva 20cmH2O/L/s; Csr 0,05L/cmH2O
Ventilador: PC 25cmH2O; Tempo inspiratório 1 s, PEEP 5cmH2O

MODO PRESSÃO CONTROLADA

90 Fluxo variável
60 (livre)
Fluxo (L/min)

30

-30

-60

1,00 Volume variável


Volume (L)

0,75 (livre)

0,50

0,25

50
Ciclo assistido
Pressão (cmH O)

40
2

30

20

10

0
Esforço
-10 inspiratório

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo (s)

Figura 18: No modo Pressão Controlada o ventilador apresenta fluxo livre, de forma a manter a pressão
na via aérea constante, e os ciclos são terminados por tempo. O volume inspirado depende dos ajustes
da pressão controlada, do tempo inspiratório e da mecânica respiratória do paciente. Durante os ciclos
assistidos, o ventilador aumenta o fluxo proporcionalmente ao esforço do paciente, otimizando o
sincronismo.

Durante a fase expiratória, a pressão no interior dos alvéolos está em equilíbrio com a
pressão da via aérea PEEP 5cmH2O. No início do ciclo, o ventilador fecha a válvula de
exalação e abre a válvula de fluxo. Através de algoritmos de controle o ventilador irá
estabelecer o fluxo requerido para atingir a pressão controlada ajustada PC 25cmH2O.
O fluxo requerido, no início da fase inspiratória, quando o volume inspirado é zero:

31
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

Fluxo = (PC - Volume/Csr - PEEP)/Rva


Fluxo = (25cmH2O - 0L / 0,05L/cmH2O - 5cmH2O) / 20cmH2O/L/s
Fluxo = 20cmH2O /20 cmH2O/L/s = 1L/s = 60L/min

No instante inicial, o fluxo inspiratório será 60L/min. No próximo instante, com a


entrada de um volume inicial, ocorre o aumento da pressão no interior dos pulmões, e
a conseqüente diminuição do fluxo, e assim sucessivamente.
Através da equação que descreve o enchimento dos pulmões à pressão constante, é
possível determinar o volume e a pressão no interior dos pulmões no final da
inspiração, após 1 s.
A constante de tempo nesse caso é:
R.C = 20cmH2O/L/s . 0,05L = 1 s
Portanto, após 1 segundo, correspondente a 1 constante de tempo, o volume inspirado
será constante de tempo o volume no seu interior será 63 % do volume máximo em
situação de equilíbrio.
Vol max = (25cm-H2O - 5cmH2O) . 0,05L/cmH2O = 1L
Vol insp = 0,63 . Vol max = 0,63 L
Para esse volume, a pressão elástica, no interior do pulmão será:
Pel = Palv = Vol insp/Csr+PEEP = 0,63L / 0,05L/cmH2O + 5cmH2O = 12,6cmH2O +
5cmH2O = 17,6 cmH2O.

Nesse caso, no final da inspiração, a pressão intrapulmonar no final da inspiração não


atingiu o valor ajustado de pressão controlada. Para que isso ocorresse, o tempo
inspiratório deveria ser superior a 3 constantes de tempo, nesse caso, 3 segundos.
Durante o modo PC, um importante parâmetro de controle é o tempo inspiratório, e
seu ajuste está diretamente relacionado com a mecânica respiratória do paciente.
Tempos inspiratórios curtos podem ser insuficientes para promover um volume
adequado. Por outro lado, tempos inspiratórios longos significam, para uma dada
freqüência respiratória, tempos expiratórios menores. E da mesma forma que o pleno
enchimento dos pulmões à pressão pretendida demanda no mínimo 3 constantes de
tempo, a exalação total do volume inspirado também requer no mínimo 3 constantes
de tempo, e idealmente 5 constantes de tempo. No caso de um tempo expiratório
insuficiente, o próximo ciclo inspiratório será iniciado com os pulmões ainda mantendo
um volume residual do último ciclo, caracterizando a presença do auto-PEEP ou PEEP
intrínsico62,42.

Os efeitos observados sobre o volume e a pressão alveolar durante o modo PC, em


função de alterações nos principais parâmetros de controle e na mecânica respiratória
do paciente são apresentados a seguir (tabela 2). Foi considerado que o tempo
inspiratório Tinsp ajustado é inferior a 3 constantes de tempo. No caso em que o
tempo inspiratório exceder esse valor, a pressão alveolar irá praticamente se igualar à
pressão controlada.

Ventilador Paciente
PC T.INSP R C Volume Palv Ppico-Pplateau
 () - - -  ()  ()  ()
-  () - -  ()  () -
- -  () -  ()  ()  ()
- - -  ()  ()  () -

Tabela 2: Relações entre os parâmetros ajustados no ventilador, a mecânica respiratória do paciente e os


parâmetros ventilatórios resultantes no modo Pressão Controlada.

32
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

Tomando como exemplo um ciclo onde tenha ocorrido um aumento da resistência da


via aérea do paciente, mantendo-se inalteradas as demais variáveis. O aumento da
resistência implica no aumento da constante de tempo, e conseqüentemente o
enchimento dos pulmões se dará de forma mais lenta. Portanto, para o mesmo tempo
inspiratório, considerando-se que seja inferior a 3 constantes de tempo, irá resultar em
uma diminuição do volume inspirado e da pressão intrapulmonar. O efeito inverso é
observado com a diminuição da resistência. As demais possibilidades estão resumidas
na Tabela 2.
A principal característica do modo PC é a dependência entre a mecânica respiratória
do paciente e o fluxo e volume inspiratórios. Ao manter constante a pressão na via
aérea, o modo PC previne a ocorrência de pressões elevadas, determinantes no
mecanismo de lesão pulmonar na presença de diferenças de resistência e
complacência a nível alveolar3, 26,34,35,39,43,52,53,75,76,87,89. Em contrapartida, uma
deterioração da mecânica respiratória, irá resultar em uma diminuição dos volumes
inspirados.
Conforme visto, o modo VC não permite a alteração de fluxo durante os ciclos
assistidos (fluxo “fixo”), o que pode resultar em aumento de trabalho respiratório do
paciente. Como no modo PC, o ventilador ajusta automaticamente o fluxo de forma a
manter constante a pressão na via aérea (fluxo “livre”), o resultado de um esforço
inspiratório do paciente é o aumento proporcional de fluxo (Fig. 18). Essa forma de
controle é bastante adequada à natureza dos ciclos assistidos. Considerando, na
equação do movimento o esforço do paciente Pei, o fluxo inspiratório durante o modo
PC será:

Fluxo = (PC + Pei - Volume/Csr - PEEP)/Rva

Ou seja, o efeito do esforço inspiratório do paciente é equivalente ao aumento da


pressão controlada, já que esse esforço irá atuar no sentido de aumentar o gradiente
de pressão entre a via aérea e o interior dos pulmões.

Tomando o exemplo numérico anterior, e considerando um esforço inspiratório de


10cmH2O, resulta um fluxo inicial:

Fluxo = (25cmH2O + 10cmH2O - 0L / 0,05L/cmH2O - 5cmH2O)/20cmH2O/L/s


Fluxo = 30cmH2O /20 cmH2O/L/s = 1,5L/s = 90L/min

O ventilador aumentou o fluxo de 60 para 90L/min no início da inspiração para atender


ao esforço do paciente, e evitar a queda de pressão na via aérea observada durante
os ciclos assistidos no modo VC. Assim, o modo PC permite a redução do trabalho
respiratório do paciente durante os ciclos assistidos, não assegurando, entretanto, o
volume corrente56,67.

Pressão Suporte

O modo de controle Pressão Suporte - PS se aplica exclusivamente aos ciclos


espontâneos nos modos básicos SIMV e CPAP. A modalidade PS pode ser utilizada
conjuntamente com as modalidades VC ou PC, no modo básico SIMV.
O tipo de controle exercido sobre os ciclos espontâneos no modo PS é idêntico ao
exercido sobre os ciclos assistido durante o modo PC, onde a pressão é o parâmetro
controlado (“fixo”) e o fluxo o parâmetro resultante (“livre”). Entretanto, diferente do
modo PC onde o término do ciclo ocorre por tempo, no modo PS o ventilador
continuamente monitoriza o valor do fluxo inspiratório e termina o ciclo quando for
atingido um determinado valor mínimo, ou fluxo de corte. Esse valor de fluxo mínimo

33
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

para término ciclo pode ser um valor fixo ou uma porcentagem do fluxo inicial. O
tempo inspiratório dos ciclos no modo PS será dependente do esforço e da mecânica
respiratória do paciente.

A equação do movimento pode ser colocada em termos de pressão suporte PS e


esforço do paciente Pei, relacionando os parâmetros controlados (sublinhado) e os
resultantes (duplo sublinhado):

Pva = PS = Fluxo/Rva + Volume/Csr + PEEP - Pei


Fluxo = (PS + Pei - Volume/Csr - PEEP)/Rva

A pressão suporte atua no sentido de complementar o esforço do paciente,


possibilitando que sejam vencidas as forças resistivas e elásticas do sistema
respiratório e de ventilação. Considerando que a soma do esforço inspiratória e da
pressão suporte se constitui na força motriz do ciclo, para uma determinada demanda
inspiratória do paciente, a pressão suporte pode ser ajustada para propiciar desde um
suporte total (PS 100%, Pei 0%), até a ausência de suporte (PS 0%, Pei 100%)5,
16,19,20,28,30,54,59,92,95
.

Fixando os conceitos através de um exemplo numérico (Fig. 19):

Paciente: Rva 20cmH2O/L/s; Csr 0,05L/cmH2O; Esforço inspiratório 10cmH2O


Ventilador: PS 25cmH2O; PEEP 5cmH2O

34
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

MODO PRESSÃO SUPORTE

90 Fluxo pico
Fluxo (L/min) 60 Fluxo pico

30 25% Fluxo pico


25% Fluxo pico

-30

-60

1,00
Volume (L)

0,75

0,50

0,25

50
Pressão (cmH O)

40
2

30 Ciclo espontâneo Ciclo espontâneo

20

10

0
Esforço Esforço
-10 inspiratório inspiratório

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo (s)

Figura 19: O modo de controle Pressão Suporte - PS se aplica exclusivamente aos ciclos espontâneos. O
ventilador auxilia a inspiração do paciente aumentando a pressão na via aérea, liberando um fluxo livre
similar ao encontrado no modo Pressão Controlada PC. O ventilador continuamente monitoriza o valor do
fluxo inspiratório e termina o ciclo quando for atingido um determinado valor mínimo, ou fluxo de corte. O
tempo inspiratório e volume dos ciclos no modo PS serão dependentes do esforço e da mecânica
respiratória do paciente.

Durante a fase expiratória, a pressão no interior dos alvéolos está em equilíbrio com a
pressão da via aérea PEEP 5cmH2O. Ao detectar o esforço do paciente, o ventilador
fecha a válvula de exalação e abre a válvula de fluxo. Através de algoritmos de
controle o ventilador irá estabelecer o fluxo requerido para atingir a pressão suporte
ajustada PS 25cmH2O. O fluxo requerido, no início da fase inspiratória, quando o
volume inspirado é zero:
Fluxo = (PS + Pei - Volume/Csr - PEEP)/Rva
Fluxo = (25cmH2O +10cmH2O - 0L / 0,05L/cmH2O - 5cmH2O) / 20cmH2O/L/s
Fluxo = 30cmH2O /20 cmH2O/L/s = 1,5L/s = 90L/min

No instante inicial, o fluxo inspiratório será 90L/min. No próximo instante, com a


entrada de um volume inicial, ocorre o aumento da pressão no interior dos pulmões, e
a conseqüente diminuição do fluxo, e assim sucessivamente.

35
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

Caso não se utilizasse a pressão suporte (PS=PEEP), para o mesmo nível de esforço
o paciente receberia o seguinte fluxo:

Fluxo = (5cmH2O +10cmH2O - 0L / 0,05L/cmH2O - 5cmH2O) / 20cmH2O/L/s


Fluxo = 0,5 L/s = 30L/min

Para manter o fluxo de 90L/min o paciente deveria exercer um esforço inspiratório três
vezes maior do que o requerido com o uso da pressão suporte.
Durante os ciclos espontâneos ocorre uma inspiração ativa, o enchimento dos
pulmões será influenciado tanto pela constante de tempo, conforme durante o modo
PC, como pelo esforço do paciente. Visualizando-se que o esforço do paciente atua no
mesmo sentido do aumento da pressão suporte, já que esse esforço reflete em uma
diminuição da pressão intrapulmonar e conseqüente aumento do gradiente que gera o
fluxo, a mesma equação que rege o enchimento dos pulmões durante o modo PC se
aplica. Entretanto o esforço do paciente não se mantém em um valor constante e fixo
durante toda a inspiração, o que irá influenciar o tempo de enchimento em relação a
uma inspiração passiva.
No caso do exemplo, como o fluxo inspiratório inicial foi de 90 L/min, adotando-se um
critério de 25% para término do ciclo resultaria:

Fluxo término = 25% . 90 L/min = 22,5L/min = 0,375L/s

O volume inspirado irá depender tanto dos níveis de pressão suporte, da mecânica
respiratória e do esforço inspiratório do paciente.
Os protocolos clínicos adotam geralmente como pressão suporte mínima o valor de
5cmH2O, que seria a requerida para vencer as resistências intrínsecas do sistema de
ventilação. Quando o paciente, conseguir manter a ventilação com esse nível de
suporte seria possível à retirada do suporte ventilatório31,40,44,54-56.
Os ciclos com pressão suporte apresentam o fluxo, volume e tempo inspiratório
totalmente dependentes do esforço inspiratório e da mecânica respiratória do paciente.

Os efeitos observados sobre o fluxo, volume e tempo inspiratório durante o modo PS,
apesar de poderem ser definidos teoricamente com relativa precisão, são
influenciados na prática pelas características específicas de cada dos ventilador. A
seguir são apresentadas algumas relações, em função de alterações nos principais
parâmetros de controle e na mecânica respiratória do paciente (Tabela 3).

Ventilador Paciente
PS Esforço R C Fluxo Volume Tinsp
 () - - -  ( )  () ?
-  () - -  ( )  () ?
- -  ( ) -  ( ) ? ?
- - -  ()  ( )  ()  ()

Tabela 3: Relações entre os parâmetros ajustados no ventilador, a mecânica respiratória do paciente e os


parâmetros ventilatórios resultantes no modo Pressão Suporte.

O aumento do nível de pressão suporte ou do esforço inspiratório representam um


aumento tanto no fluxo como no volume inspirados. O tempo inspiratório será
predominantemente influenciado pela constante de tempo do sistema respiratório e
pela duração do esforço inspiratório.
O aumento da resistência diminui o fluxo inspiratório, retardando o enchimento dos
pulmões. Dependendo do valor de fluxo definido pelo ventilador para término do ciclo,
poderão ocorrer efeitos distintos sobre o tempo inspiratório e o volume. Se o ventilador

36
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

utilizar uma porcentagem do fluxo inicial para término do ciclo, a diminuição do fluxo
inicial, irá resultar na diminuição do fluxo de término, com o conseqüente
prolongamento, à vezes excessivo, do tempo inspiratório. Teoricamente, o
prolongamento do tempo inspiratório, compensaria de certa forma a diminuição do
fluxo, mantendo o volume constante. Entretanto na prática o paciente exerce um
esforço expiratório, abreviando tempos inspiratórios longos. Outras vezes,
dependendo do tipo de controle exercido pelo respirador, devido ao aumento da
resistência da via aérea, ocorre uma pressurização repentina do circuito respiratório,
observando-se valores significativos de fluxo, que irão distender apenas o espaço
morto do circuito. A partir desse valor de fluxo inicial, o ventilador irá definir um critério
de término relativamente elevado, causando um término prematuro do ciclo, com
diminuição de volume e tempo inspiratório. Existem ventiladores onde é possível
atenuar o fluxo inspiratório inicial de forma a evitar oscilações de pressão e ciclagem
prematura do ciclo. A ocorrência de auto-PEEP, decorrente de aumento do tempo
inspiratório, também contribui para a diminuição de volume. Nos ventiladores onde o
critério de término é um valor de fluxo fixo, o pico de fluxo inicial não iria interferir na
duração do ciclo. A duração do tempo inspiratório iria depender do fluxo resultante na
via aérea, e do valor definido pelo ventilador para término do ciclo. Por exemplo, caso
o paciente apresente um valor de complacência normal, o fluxo inspiratório irá decair
lentamente, mantendo-se provavelmente acima do valor de fluxo de término,
resultando em um prolongamento do tempo inspiratório, e possivelmente manutenção
do volume corrente.
A diminuição da complacência resultaria em uma queda mais acentuada do fluxo,
devido à elevação mais acentuada da pressão intrapulmonar. O fluxo inicial não seria
afetado, já que é influenciado basicamente pela resistência. Os efeitos observados
nesse caso seriam a diminuição do tempo inspiratório e do volume corrente.

Pressão Limitada

O modo de Pressão Limitada é comumente encontrado nos ventiladores neonatais, e


se aplica aos ciclos controlados e assistidos, nos ventiladores que permitem a
ventilação sincronizada (Assistida e/ou SIMV). Nesse modo, o ventilador mantém um
fluxo contínuo na via aérea através de uma válvula de fluxo ou de um simples
fluxômetro12. Durante a fase expiratória o fluxo contínuo é desviado para o ambiente
através da válvula de exalação que permanece aberta, ou parcialmente fechada de
forma a gerar uma pressão expiratória positiva. Os ciclos são iniciados pelo
fechamento da válvula de exalação, quando o fluxo contínuo é dirigido para o interior
dos pulmões. O enchimento dos pulmões se dá de forma semelhante ao que ocorre
no modo VC, com a pressão na via aérea sendo o parâmetro resultante, obedecendo
a equação do movimento.

Pva = Fluxo.Rva + Volume/Csr + PEEP

No modo VC, a válvula de exalação é fechada a uma pressão de 120cmH2O, e o ciclo


é terminado quando for atingido o volume programado. Isso significa, que a menos
que seja ativado um limite de alarme, a pressão na via aérea pode se elevar até
120cmH2O. No modo Pressão Limitada, o valor de pressão com que a válvula de
exalação é fechada não é fixo, mas pode ser ajustado pelo operador, se constituindo
em um limite de pressão inspiratória. Se durante a fase inspiratória a pressão na via
aérea se mantiver abaixo do limite ajustado, a válvula de exalação permanecerá
fechada, e todo o fluxo ajustado será dirigido ao paciente, resultando em um padrão
análogo ao encontrado no modo VC. Caso contrário irá limitar a pressão na via aérea
permitindo que parte do fluxo contínuo escape para o ambiente. A partir do instante

37
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

em que o limite de pressão é atingido, o fluxo inspiratório irá diminuir de forma


exponencial, com o mesmo padrão apresentado no modo PC, de acordo com a
equação do movimento. A pressão passa a ser o parâmetro controlado e o fluxo e
volume os parâmetros resultantes.

Pva = Plimite = Fluxo.Rva + Volume /C + PEEP

No modo Pressão Limitada, da mesma forma que no modo PC, o tempo inspiratório é
controlado diretamente, ou seja, o ciclo é terminado quando for atingido o tempo
inspiratório programado. O volume inspirado será resultante dos ajustes de fluxo, do
limite de pressão inspiratória, do tempo inspiratório e da mecânica respiratória do
paciente.
É importante perceber a diferença fundamental entre o modo PC e o Pressão
Limitada. No primeiro o fluxo é livre, ou seja, o valor ajustado de pressão será
necessariamente atingido e mantido pelo ventilador através do controle da válvula de
fluxo, de forma a adequar a oferta de fluxo em situações de demanda variável. No
modo Pressão Limitada o fluxo é fixo, não sendo necessariamente atingido o valor
ajustado como limite de pressão através do controle da válvula de exalação. Na
presença de esforço inspiratório do paciente, irá ocorrer o mesmo efeito observado no
modo VC, ou seja, queda de pressão na via aérea e aumento do trabalho respiratório
(Fig 20).
MODO PRESSÃO LIMITADA

90 Fluxo constante
Fluxo
60 constante Fluxo (fixo)
decrescente
Fluxo (L/min)

30

-30

-60

1,00
Volume (L)

0,75

0,50

0,25

50
Limite
Pressão (cmH O)

40 de
2

Pressão
30

20

10

0
Esforço
-10 inspiratório

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo (s)

38
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

Figura 20: No modo Pressão Limitada o fluxo é fixo, e o limite de pressão é realizado pela válvula de
exalação. Na presença de esforço inspiratório do paciente, irá ocorrer o mesmo efeito observado no modo
VC, ou seja, queda de pressão na via aérea e aumento do trabalho respiratório.

Nas aplicações neonatais e pediátricas, a utilização de fluxos inspiratórios mais


elevados, que excedam a demanda inspiratória do paciente, pode reproduzir o efeito
do fluxo livre. Nesse caso a reserva de fluxo é o excesso que escapa pela válvula de
exalação.

VAPS

O modo de controle VAPS - Ventilação Volumétrica Assistida com Pressão Suporte se


aplica aos ciclos controlados e assistidos nos modos básicos Controlado, Assistido e
SIMV.
Os modos de ventilação Volume Controlado e Pressão Controlada se distinguem pela
forma como é exercido o controle de fluxo. De forma sucinta no modo VC o fluxo é o
parâmetro controlado (“fixo”) e a pressão na via aérea é resultante (“livre”); no modo
PC a pressão na via aérea é controlada (“fixa”) e o fluxo é resultante (“livre”).
Conforme discutido, a equação do movimento relaciona os parâmetros controlados
(sublinhado) e os resultantes (duplo sublinhado).
No modo VC:
Pva = Rva.Fluxo + Vol/Csr + PEEP + Pei
No modo PC:
Pva= PC = Rva.Fluxo + Vol/Csr + PEEP + Pei

No modo VAPS o ventilador exerce um duplo controle, de forma a assegurar que,


durante a fase inspiratória dos ciclos controlados e assistidos, até que seja atingido o
volume controlado:
1- O fluxo resultante na via aérea seja maior ou igual ao Fluxo Controlado;
2- A pressão resultante na via aérea seja maior ou igual à Pressão Controlada.

Um exemplo didático para compreensão do tipo de controle exercido no modo VAPS é


a comparação entre um ciclo assistido no modo VC com a ocorrência de um esforço
inspiratório do paciente e um ciclo assistido no modo VAPS com o mesmo esforço
inspiratório (Fig. 21).

39
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

MODO VAPS

CICLO ASSISTIDO CICLO ASSISTIDO


VOLUME CONTROLADO VAPS
Fluxo variável
90 Fluxo constante (livre)
Fluxo (L/min) 60 (fixo) Fluxo constante
(fixo)
30

-30

-60

1,00 Volume constante


Volume (L)

0,75 (controlado)

0,50

0,25

50
Pressão (cmH O)

40
2

30 Pressão
Suporte
20 Queda de
pressão
10

0
Esforço Esforço
-10 inspiratório inspiratório

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo (s)

Figura 21: No modo VAPS, aplicável aos ciclos controlados e assistidos, o ventilador controla
simultaneamente os níveis de fluxo e pressão na via aérea. Nos ciclos assistidos no modo Volume
Controlado, o esforço do paciente ocasiona uma depressão na curva de pressão, indicando que o
paciente assumiu uma parcela do trabalho respiratório. No modo VAPS, através de um duplo controle,
combinando-se os algoritmos do modo VC e PS, o ventilador evita a queda observada de pressão nos
ciclos assistidos, elevando o fluxo inspiratório “livre” além do fluxo controlado “fixo”.

No primeiro ciclo, na ausência de esforço inspiratório, o ventilador realiza todo o


trabalho respiratório, e a pressão na via aérea apresenta a morfologia típica do modo
VC. No segundo ciclo, o esforço do paciente ocasiona uma diminuição da pressão
intrapulmonar, que é refletida na pressão da via aérea. Observa-se uma depressão na
curva de pressão em relação ao ciclo controlado, indicando que o paciente assumiu
uma parcela do trabalho respiratório. Na presença de esforços elevados por parte do
paciente e fluxos insuficientes por parte do respirador, as quedas de pressão no
decorrer do ciclo poderão apresentar valores acentuados, representando aumentos
significativos de trabalho respiratório do paciente. Essa situação obviamente é
indesejada nos ciclos assistidos, quando se pretende aliviar a carga sobre os
músculos respiratórios, geralmente em uma fase aguda da insuficiência respiratória.
No modo VAPS, através de um duplo controle, combinando-se os algoritmos do modo
VC e PS, o ventilador evita a queda observada de pressão nos ciclos assistidos,
elevando o fluxo inspiratório “livre” além do fluxo controlado “fixo”, sempre que a

40
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

pressão na via aérea estiver abaixo de um nível mínimo ajustado. O modo VAPS
requer o ajuste de fluxo, volume e pressão suporte, e o ciclo resultante será uma
combinação dos ciclos do modo VC e PC ou PS. Se em função dos ajustes dos
controles de fluxo e volume, a pressão resultante na via aérea for superior ao valor
ajustado de pressão suporte, prevalecerá o controle tipo VC, caso contrário
prevalecerá o controle tipo PS.
o ventilador irá automaticamente acionar o fluxo “livre” em complementação ao fluxo
“fixo” impedindo a queda de pressão abaixo do nível ajustado.
Na concepção original do modo VAPS2, 11,13-15, os ciclos são terminados da mesma
forma que o ciclo no modo VC, ao ser atingido o volume programado, sendo possível
também à programação de pausa inspiratória. Nesse caso, a pausa mantém o controle
da pressão na via aérea, permitindo a ocorrência do fluxo “livre”. Existem variações,
onde o término do ciclo segue o critério de término do modo PS, através de um valor
de fluxo de corte. Nesse caso pode ocorrer aumento do volume inspirado em relação
ao controlado18,36,38,45,57.

41
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

Bibliografia

1. Al-Saady, N. & Bennett, ED - Decelerating inspiratory flow waveform improves lung


mechanics and gas exchange in patients on intermittent positive pressure
ventilation. Intensive Care Med., 11:68-75, 1985.

2. Amato, MBP; Barbas, CSV; Bonassa J; Saldiva, PHN; Zin, WA; Carvalho, CRR -
Volume assured pressure support ventilation (VAPSV) - a new approach for
reducing muscle workload during acute respiratory failure. Chest, 102:1225-34,
1992.

3. Amato, MBP; Barbas, CSV; Medeiros, DM; Schettino, GPP; Filho, GL; Kairalla, RA;
Deheinzelin, D; Morais, C; Fernandes, EO; Takagaki, TY; Carvalho, CRR -
Beneficial effects of the "open lung" approach with low distending pressures in
acute respiratory distress syndrome: a prospective randomized study on
mechanical ventilation. Am. J. Respir. Crit. Care Med., 152:1835-46, 1995.

4. Auler, JOC; Saldiva, PHN; Martins, MA; Carvalho, CRR; Negri, EM; Hoelz, C et al -
Flow and volume dependence of respiratory system mechanics during constant
flow ventilation in normal subjects and in adult respiratory distress syndrome. Crit
Care Med, 18:1080-86, 1990.

5. Banner, MJ; Kirby, RR; Blanch, BA; Layon, AJ - Decreasing imposed work of
breathing apparatus to zero using pressure-support ventilation. Crit. Care Med.,
21:1333-8, 1993.

6. Bar, ZG - Predictive equation for peak inspiratory flow. Respir. Care, 30:766-70,
1985.

7. Bates, Jht; Rossi, A; Milic-Emili, J - Analisys of the behaviour of the respiratory


system with constant inspiratory flow. J. Appl. Physiol., 58:1840-8, 1985.

8. Baydur, A; Behrakis, PK; Zin, WA; Jaeger, M; Milic-Emili, J. - A simple method for
assessing the validity of the esophageal balloon technique. Am. Rev. Respir.
Dis., 126:788-91, 1982.

9. Behrakis, PK; Higgs, BD; Baydur, A; Zin, WA; Milic Emili, J -Respiratory mechanics
during halothane anesthesia paralysis in humans. J. Appl. Physiol., 55:1085-92,
1983.

10. Black, JW & Grover, BS - A hazard of pressure support ventilation. Chest, 93:333-
35, 1988.

11. Bonassa, J - Trabalho respiratório durante a ventilação volumétrica assistida com


pressão suporte - VAPS: estudo do modelo matemático [Tese de Doutoramento].
São Paulo: Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina,
146p., 1996.

12. Bonassa, J - Respiradores. In: Miyoshi, Milton Harumi, eds. Distúrbios respiratórios
no período neonatal. São Paulo: Editora Atheneu, 409-22,1998.

42
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

13. Bonassa, J - Mathematical model for a new mode of artificial ventilation: volume
assisted pressure supported ventilation - a comparative study. Art. Org., 19:256-
62, 1995.

14. Bonassa, J; Amato, MBP - Ventilação volumétrica assistida com pressão suporte -
VAPS. In: Auler, JOC & Amaral, RVG - Assistência Ventilatória Mecânica. 1.ed.
São Paulo, Ed. Atheneu, 1995. p.199-210.

15. Bonassa, J; Amato, MBP; Barbas, CSV; Carvalho, CR - Volume assisted pressure
supported ventilation. Respir. Care, 35:1113, 1990. (Abstract).

16. Boysen, PG - Weaning from mechanical ventilation: does technique make a


difference. Respir. Care, 36:407-16, 1991.

17. Boysen, PG & Mcgough, E - Pressure control and pressure support ventilation: flow
patterns, inspiratory time and gas distribution. Respir. Care, 33:126-34, 1988.

18. Branson, RD & Macintyre, NR - Dual control modes of mechanical ventilation.


Respir. Care, 41:294-305, 1996.

19. Brochard, L - Pressure-limited ventilation. Respir. Care, 41:447-55, 1996.

20. Brochard, L; Pluskwa, F; Lemaire, F - Improved efficacy of spontaneous breathing


with inspiratory pressure support. Am. Rev. Repir. Dis., 136:411-15, 1987.

21. Brody, AW - Mechanical compliance and resistance of the lung thorax calculated
from the flow recorded during passive expiration. Am. J. Physiol., 178:189-96,
1954.

22. Burke, WC; Crooke Iii, PS; Marcy, TW; Adams, AB; Marini, JJ - Comparison of
mathematical and mechanical models of pressure controlled ventilation. J. Appl.
Physiol., 74:922-33, 1993.

23. Capps, JS; Ritz, R; Pierson, DJ - An evaluation, in four ventilators, of


characteristics that affect work of breathing. Respir. Care, 32:1017-24, 1987.

24. Chatburn, RL; Khatib, MF; Smith, PG - Respiratory system behaviour during
mechanical inflation with constant inspiratory pressure and flow. Respir. Care,
39:979-88, 1994.

25. Connors, AF; Mccaffree, DR; Gray, BA - Effect of inspiratory flow rate on gas
exchange during mechanical ventilation. Am. Rev. Respir. Dis., 124:537-43,
1981.

26. Dreyfuss, D; Soler, P; Basset, G; Saumon, G - High inflation pressure pulmonary


edema. Respective effects of high airway pressure, high tidal volume and positive
end expiratory pressure. Am. Rev. Respir. Dis., 137:1159-64, 1988.

27. Dupuis YG -Ventilators: theory and clinical applications. 2.ed. St. Louis, Mosby,
1992. 494p.

28. Ershowsky, P & Krieger, B - Changes in breathing pattern during pressure support
ventilation. Respir. Care, 32:1011-16, 1987.

43
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

29. Ferreira, ACP; Carvalho, WB; Bonassa, J; Fascina, LP - Resistance of


endotraqueal tubes in pediatrics. Medicina Intensiva, 17:114, 1993. (Abstract)

30. Fiastro, JF; Habib, MP; Quan, SF - Pressure support compensation for inspiratory
work due to endotracheal tubes and demand continuous positive airway
pressure. Chest, 93:499-509, 1988.

31. Fiastro, JF; Habib, MP; Shon, BY; Campbell, SC - Comparison of standard
weaning parameters and the mechanical work of breathing in mechanically
ventilated patients. Chest, 94:232-8, 1988.

32. Flick, GR; Bellamy, PE; Simmons, DH - Diaphragm contraction during assist control
ventilation. Chest, 89(suppl.):441, 1986.

33. Gibney, RTN; Wilson, RS; Pontoppidan, H - Comparison of work of breathing on


high gas flow and demand valve continuous positive airway pressure systems.
Chest, 6:692-5, 1982.

34. Gurevitch, MJ; Van Dyke, J; Young, ES; Jackson, K - Improved oxygenation and
lower peak airway pressure in severe adult respiratory distress syndrome:
treatment with inverse ratio ventilation. Chest, 89:211-13, 1986.

35. Haake, R; Schlichtig, R; Ulstad, DR; Henschen, RR - Barotrauma: pathophysiology,


risk factor and prevention. Chest, 91:608-13, 1987.

36. Hass, CF; Branson, RD; Folk, LM; Campbell, RS; Wise, CR; Davis, K Jr.; Dechert,
RE; Weg, JG - Patient determined inspiratory flow during assisted mechanical
ventilation. Respir. Care, 40:716-21, 1995.

37. Henry, WC; West, GA; Wilson, RS - A comparison of the oxygen cost of breathing
between a continuous flow and a demand flow CPAP system. Respir. Care,
28:1273-81, 1983.

38. Hess, D; Branson, R - Case studies on mechanical ventilator innovations:


perspectives of two clinicians. Respir. Care, 40:957-67, 1995.

39. Hickling KG, Walsh JW, Henderson S, Jackson R. Low mortality rate in adult
respiratory distress syndrome using low-volume, pressure limited ventilation with
permissive hypercapnia: A prospective study. Crit Care Med 22;1568-1578, 1994.

40. Hirsch, C; Kacmarek, RM; Stanek, K -Work of breathing during CPAP and PSV
imposed by the new generation mechanical ventilators: a lung model study.
Respir. Care, 36:815-28, 1991.

41. Jansson, L & Jonson, B - A theoretical study on flow patterns of ventilators. Scand.
J. Respir. Dis., 53:237-46, 1972.

42. Jones, MR; Blanch, BA; Rimes, JR - A mathematical method for predicting the
expiratory time necessary to achieve a desired intrinsic PEEP level. Respir. Care,
38:896-905, 1993.

43. Jones, MR - How PIP may contribute to barotrauma. Respir Care, 37:84-5, 1992.

44
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

44. Kacmarek, RM - The role of pressure support ventilation in reducing work of


breathing. Respir. Care, 33:99-120, 1988.

45. Kacmarek RM. Basic principles of ventilator machinery. In: Tobin JM - Principles
and practice of mechanical ventilation. McGrawHill,1994. p.65-110.

46. Kacmarek, RM; Shimada, Y; Ohmura, A; Takezawa, J; Tokioka, A; Kimura, T,


Nishimura, M - The Second Nagoya Conference: triggering and optimizing
mechanical ventilatory assist. Respir. Care, 36:45-51, 1991.

47. Kallet, R - The effect of flow patterns on pulmonary gas exchange, lung-thorax
mechanics and circulation. Respir. Care 41:611-24, 1996.

48. Kanak, R; Fahey, PJ; Vanderwarf, C - Oxygen cost of breathing: changes


dependent upon mode of ventilation. Chest, 87:126-7, 1985.

49. Karnopp, D & Rosenberg, R - System dynamics: a unified approach. John Wiley &
Sons, 1974.

50. Katz, JA; Kraemer, RW; Gjerde, GE - Inspiratory work and airway pressure with
continuous positive airway pressure delivery systems. Chest, 88:519-26, 1985.

51. Katz, JA; Zinn, SE; Ozanne, GM; Fairley, HB - Pulmonary chest wall and lung
thorax elastances in acute respiratory failure. Chest, 80:304-11, 1981.

52. Kolobow, T; Moretti, MP; Fumagalli, R; Macheroni, D; Prato, P. Chen, V; et al -


Severe impairment in lung function induced by high peak airway pressure during
mechanical ventilation. Am. Rev. Respir. Dis., 135:312-5, 1987.

53. Lain, DC; Dibenedetto, R; Morris, SL; Nguyen, AV; Saulters, R; Causey, D -
Pressure control inverse ratio ventilation as a method to reduce peak inspiratory
pressure and provide adequate ventilation and oxygenation. Chest, 95:1081-8,
1989.

54. Macintyre, NR - Pressure support ventilation: effects on ventilatory reflexes and


ventilatory-muscle workloads. Respir. Care, 32:447-53, 1987.

55. Macintyre, NR - Respiratory function during pressure support ventilation. Chest,


89:677-83, 1986.

56. Macintyre, NR - Weaning from mechanical ventilatory support: volume assisting


intermittent breaths versus pressure assisting breath. Respir. Care, 33:121-5,
1988.

57. Macintyre, NR; Gropper, C; Westfall, T - Combining pressure limiting and volume
cycling features in a patient interactive mechanical breath. Crit. Care Med.,
22:353-7, 1994.

58. Macintyre, NR & Leatherman, NE - Mechanical loads on the ventilatory muscles. A


theoretical analysis. Am. Rev. Respir. Dis., 139:968-73, 1989.

59. Macintyre, NR & Leatherman, NE - Ventilatory muscle loads and the frequency tidal
volume pattern during inspiratory pressure assisted (pressure supported
ventilation). Am. Rev. Respir. Dis.,141:327-31, 1990.

45
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

60. Marini, JJ - Lung Mechanics determinations at the bedside: instrumentation and


clinical application. Respir. Care, 35:669-96, 1990.

61. Marini, JJ - Mechanical ventilation: taking the work out of breathing? Respir. Care,
31:695-702, 1986.

62. Marini, JJ - Occult positive end expiratory pressure in mechanically ventilated


patients with airflow obstruction: the auto-PEEP effect. Am.Rev.Respir. Dis.,
126:166-70, 1982.

63. Marini, JJ - Patient -ventilator interaction: rational strategies for acute ventilatory
management. Respir. Care, 38:482-93, 1993.

64. Marini, JJ - The role of the inspiratory circuit in the work of breathing during
mechanical ventilation. Respir. Care, 32:419-27, 1987.

65. Marini, JJ; Capps, JS; Culver, BH - The inspiratory work of breathing during
assisted ventilation. Chest, 87:612-18, 1985.

66. Marini, JJ & Crooke, PS - A general mathematical model for respiratory dynamics
relevant to the clinical setting. Am. Rev. Respir. Dis., 147:14-24, 1993.

67. Marini, JJ; Crooke Iii, PS; Truwit, JD - Determinants and limits of pressure preset
ventilation: a mathematical model of pressure control. J. Appl. Physiol., 67:1081-
92, 1989.

68. Marini, JJ; Rodriguez, RM; Lamb, V - The inspiratory workload of patient initiated
mechanical ventilation. Am. Rev. Respir. Dis., 134:902-9, 1986.

68. Marini, JJ; Smith, TC; Lamb, VJ- External work output and force generation during
synchronized intermittent mechanical ventilation - effect of machine assistance
on breathing effort. Am. Rev. Respir. Dis., 138:1169-79, 1988.

70. Mead, J - Mechanical properties of lungs. Physiol. Rev., 41:281-330, 1961.

71. Modell, HI & Cheney, FW - Effects of inspiratory flow patterns on gas exchange in
normal and abnormal lungs. J. Appl. Physiol., 42:1103-7, 1979.

72. Mushin, WW; Rendell-Baker, L; Thompson, PW; Mapleson, WW - Automatic


ventilation of the lungs. 3.ed. Oxford, Blackwell, 1980. 887p.

73. National Heart, Lung And Blood Institute - Respiratory muscle fatigue. Am. Rev.
Respir. Dis., 142:474-80, 1990.

74. Otis, AB - The work of breathing. Physiol. Rev., 34:449-58, 1954.

75. Petersen, GW & Baier, H - Incidence of pulmonary barotrauma in a medical ICU.


Crit. Care Med.,11:67-9, 1983.

76. Pierson, DJ - Alveolar rupture during mechanical ventilation: role of PEEP, peak
airway pressure and distending volume. Respir. Care, 33:472-86, 1988.

77.Piskounov, N - Cálculo diferencial e integral. 3ed. Porto, Lopes da Silva, 1977.


p.131-133.

46
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

78. Prakash, O & Meij, S - Cardiopulmonary response to inspiratory pressure support


during spontaneous ventilation vs. conventional ventilation. Chest, 88:403-8,
1985.

79. Rau, JL - Inspiratory flow patterns: the ‘shape’ of ventilation. Respir. Care, 38:132-
40, 1993.

80. Ravenscraft, SA; Burke, WC; Marini, JJ - Volume-cycled decelerating flow: an


alternative form of mechanical ventilation. Chest, 101:1342-51, 1992.

81. Rossi, A; Gottfried, SB; Higgs, BD; Zocchi, L; Grassino, A; Milic Emili, J -
Respiratory mechanics in mechanically ventilated patients with respiratory failure.
J. Appl. Physiol., 58:1849-58, 1985.

82. Rossi, A; Gottfried, SB; Zocchi, L; Higgs, BD; Lennox, S; Calverley, PMA; Begin, P;
Grassino, A; Milic-Emili, J - Measurement of static compliance of the total
respiratory system in patients with acute respiratory failure during mechanical
ventilation. Am. Rev. Respir. Dis.,131:672-7, 1985.

83. Sassoon, CSH - Mechanical ventilator design and function: the trigger variable.
Respir. Care, 37:1056-69, 1992.

84. Sassoon, CSH; Mahutte, CK; Te, TT; Simmons, DH; Light, RW - Work of breathing
and airway occlusion pressures during assist-mode mechanical ventilation.
Chest, 93:571-6, 1988.

85. Slutsky, AS - Mechanical ventilation. In American College of Chest Physicians’


Consensus Conference, Northbrook, 1993. Chest, 104:1833-59, 1993.

86. Stoller, JK - Physiologic rationale for resting the ventilatory muscles. Respir. Care,
36:290-96, 1991.

87. Taghizadeh, A. & Reynolds, EOR - Pathogenesis of bronchopulmonary dysplasia


following hyaline membrane disease. Am. J. Pathol., 82:241-6, 1976.

88. Takezawa, J; Fukuoka, T; Kuwayama, N; Hotta, T; Konyukov, Y; Shimada, Y -


Patient ventilator synchrony in proportional assist ventilation (PAV) and pressure
support ventilation (PSV) - Respir. Care, 38:1241, 1993. (Abstract)

89. Tharrat, RS; Allen, RP; Albertson, TE - Pressure controlled inverse ratio ventilation
in severe adult respiratory failure. Chest, 94:755-62, 1988.

90. Tobin, MJ; Perez, W; Guenther, SM; Semmes, BJ; Mador, MJ; Allen, SJ; Lodato,
RF; Dantzker, DR - The pattern of breathing during successful and unsuccessful
trials of weaning from mechanical ventilation. Am. Rev. Respir. Dis., 134:1111-8,
1986.

91. Tobin, MJ - What should the clinician do when a patient "fights the ventilator"?
Respir. Care, 36:395-406, 1991.

92. Tokioka, H; Saito, S; Kosaka, F - Comparison of pressure support ventilation and


assist control ventilation in patients with acute respiratory failure. Intensive Care
Med.,15:364-7, 1989.

47
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais

93. Truwit, JD & Marini, JJ - Evaluation of thoracis mechanics in the ventilated patient -
part II: applied mechanics. J. Crit. Care, 3:199-213, 1988.

94. Viale, JP; Annat, G; Bertrand, O; Godard, J; Motin, J - Additional inspiratory work of
breathing in intubated patients breathing with continuous positive airway pressure
systems. Anesthesiology, 63:536-9, 1985.

95. Viale, JP; Annat, GJ, Bouffard, YM; Delafosse, BX. Bertrand, OM; Motin, JP -
Oxygen cost of breathing in postoperative patients: pressure support ventilation
vs. continuous positive airway pressure. Chest, 93:506-9, 1988.

96. Ward, ME; Corbeil, C; Gibbons, W; Newman, S; Macklem, PT - Optimization of


respiratory muscle relaxation during mechanical ventilation. Anesthesiology,
69:29-35, 1988.

97. Weiss, JW; Rossing, TH, Ingram, R. - Effect of intermittent mandatory ventilation on
respiratory drive and timing. Am. Rev. Respir. Dis., 127:705-8, 1983.

98. Wright, PE; Marini, JJ; Bernard, GR - In vitro versus in vivo comparison of
endotracheal tube airflow resistance. Am. Rev. Respir. Dis.,140:10-6, 1989.

48

S-ar putea să vă placă și