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Jorge Bonassa
i
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
Índice
iii
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
Introdução
Um dos principais objetivos da ventilação mecânica é aliviar total ou parcialmente o
trabalho respiratório do paciente85,86. O trabalho respiratório representa a energia
necessária para movimentar determinado volume de gás através das vias aéreas e
expandir o pulmão, permitindo que ocorram as trocas gasosas a nível alveolar74. O
movimento de gases através das vias aéreas, tanto durante a inspiração como durante
a expiração, irá gerar forças de atrito opostas à direção do movimento. A expansão do
pulmão irá distender estruturas visco-elásticas, envolvendo parede torácica,
diafragma, gerando forças de natureza visco-elásticas. Durante a ventilação
espontânea, o paciente deve desenvolver através dos músculos respiratórios, uma
força inspiratória suficiente para vencer as forças de atrito e as visco-elásticas. A
ocorrência da patologia pulmonar invariavelmente representa um aumento das forças
que se opõe ao movimento dos gases, exigindo níveis elevados de esforço por parte
do paciente, e predispondo a ocorrência da fadiga muscular 73.
Nessa situação, é indicado o uso de equipamentos - ventiladores artificiais - capazes
de “bombear” os gases para dentro dos pulmões, de forma cíclica, permitindo
intervalos para que o volume inspirado seja exalado passivamente72. Essa forma de
ventilação, utilizando pressão positiva para bombear o gás para o interior dos
pulmões, é a forma mais usual, embora existam equipamentos capazes de gerar uma
pressão negativa. Na ventilação com pressão negativa, a pressão é aplicada ao redor
da caixa torácica do paciente, através de coletes rígidos, promovendo a expansão do
tórax e a inspiração, entretanto essa forma não será abordada nesse capítulo.
O objetivo desse capítulo é apresentar uma análise do ponto de vista funcional dos
ventiladores artificiais. Para tanto serão apresentados os conceitos básicos envolvidos
na ventilação mecânica e a descrição funcional dos ventiladores a partir dos modos de
ventilação. Através da utilização de exemplos numéricos pretende-se fornecer ao leitor
um guia para o entendimento dos modos de operação dos ventiladores modernos e
sua inter-relação com a mecânica respiratória do paciente.
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Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
Conceitos Básicos
Sistema de Ventilação
VENTILADOR
Válvula
de
fluxo CIRCUITO RESPIRATÓRIO
Ramo inspiratório
PACIENTE
Válvula
de
exalação Ramo expiratório
Transdutor
de pressão Pva
CPU Fluxo
Transdutor
de fluxo
PAINEL
MONITOR DE
CONTROLES
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Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
PINÇA
CAME BOBINA
Articulação
SAÍDA SAÍDA
ENTRADA ENTRADA
CAME
D.
2 4 8 16 32 64
BOBINA L/min L/min L/min L/min L/min L/min
NÚCLEO
ENTRADA
SAÍDA
3
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
MOTOR DE PASSO
A. B. BOBINA C. PEEP
SOLENÓIDE
CAME ÍMÃ
SAÍDA
Fluxo Fluxo
expiratório expiratório
D. Fluxo
expiratório
TUBO FLEXÍVEL PINÇA
ÍMÃ
BOBINA
Articulação
MOLA
Os sinais de pressão e fluxo são medidos na saída do “Y” do circuito respiratório, onde
é conectado o tubo endotraqueal, que se constitui na interface paciente - ventilador.
A medição de pressão é realizada por um transdutor de pressão, que transforma o
sinal pneumático em sinal elétrico. Os transdutores de pressão atuais incorporam
sensores de silício cujas propriedades elétricas são sensíveis à pressão.
A medição do fluxo pode ser realizada em diversos pontos do sistema. Existem
ventiladores que realizam a medida de fluxo na saída da válvula de fluxo (fluxo
inspiratório), e/ou na saída da válvula de exalação (fluxo expiratório). Outros utilizam
um sensor junto ao paciente, medindo tanto o fluxo inspiratório como expiratório. Os
tipos de sensores mais utilizados para medição do fluxo são pneumotacógrafos,
turbinas e anemômetros de fio aquecido 45 (Fig.4).
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Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
∆P Fluxo
R
Fluxo Fluxo Fluxo
5
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
sendo que a força motriz é a própria pressão no interior dos pulmões, ou seja, via de
regra, a exalação é passiva.
Os sinais de pressão, fluxo e volume podem ser representados graficamente,
permitindo uma análise detalhada do funcionamento do ventilador (Fig. 5), utilizando
um exemplo numérico:
60 A B C
Inspiratório
PFI
30
Fluxo (L/min)
Expiratório
-30
-60 PFE
0,50
Volume (L)
50
Pressão (cmH O)
40
Ppico
2
30
20
10
PEEP
0
-10
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo (s)
Tinsp. Texp.
Freq. = 60s/Tciclo
Tciclo I : E = 1: Texp./Tinsp
Figura 5: Traçados das curvas de Fluxo, Volume e Pressão indicando os principais parâmetros que
podem ser extraídos da leitura gráfica. Os instantes A e B correspondem ao início da fase inspiratória
(abertura da válvula de fluxo e fechamento da válvula de exalação) e expiratória (fechamento da válvula
de fluxo e abertura da válvula de exalação) respectivamente.
a. Fluxo (L/min) x Tempo (s): A válvula de fluxo é aberta no instante 1seg. - início da
fase inspiratória - e o fluxo atinge o valor de 30L/min. O valor positivo indica que o
fluxo é inspiratório. O fluxo é mantido constante em 30L/min até o instante 2seg.
Nesse instante a válvula de fluxo é fechada, e o fluxo cai a zero (eixo horizontal).
Simultaneamente a válvula de exalação é aberta - início da fase expiratória - e o
gás no interior dos pulmões é exalado pela própria pressão no interior dos pulmões.
O fluxo atinge o valor máximo de -40 L/min. O valor negativo indica que o fluxo é
expiratório. À medida que o pulmão esvazia, diminui a pressão no seu interior e
conseqüentemente o fluxo expiratório. O fluxo expiratório zero indica o
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Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
7
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
A
Fluxo entrada do tubo
Tubo
endotraqueal
120 B
PA saída do
100 tubo
Fluxômetro 80 PB = Patm = 0
15
60 10 20
Pressão
40 5 25
0 30
20 cmH2O
Ar/oxigênio Manômetro
3,5 atm
Fluxo PA-PB
(L/min) (cmH2O)
20 0,5
40 1,5
60 3,0
80 5,0
100 8,0
120 11
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Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
Rva = (PA-PB)/Fluxo
Para o tubo do experimento pode ser calculada a resistência para cada fluxo ensaiado.
Rva = (PA-PB)/Fluxo
Fluxo Rva
(L/min) (cmH2O/L/s)
20 1,50
40 2,25
60 3,00
80 3,75
100 4,8
120 5,5
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Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
PA B
PB
Fluxo Laminar: PA -PB = Rva . Fluxo
Velocidade das
moléculas do gás
Figura 7: Representação dos fluxos laminar e turbulento em um tubo. No fluxo laminar, as moléculas dos
gases movimentam-se em camadas concêntricas. A camada em contato com a parede do tubo apresenta
velocidade zero, e as demais deslizam entre si, em um movimento ordenado, obedecendo ao mesmo
sentido e direção, alcançando velocidade máxima no centro do tubo, apresentando um perfil parabólico.
No fluxo turbulento, as moléculas do gás apresentam uma movimentação desordenada, em trajetórias
distintas, e o perfil de velocidades apresenta-se achatado.
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Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
A mesma relação entre pressão e fluxo encontrada no tubo endotraqueal é válida para
o sistema respiratório, ou seja, para as vias aéreas naturais7,9,21,70.
No caso do sistema respiratório, os pontos extremos podem ser considerados como a
pressão na boca, ou no caso do paciente em ventilação mecânica, a traquéia Ptr, e a
pressão intrapulmonar a nível alveolar Palv. Conhecendo-se as pressões traqueal e
alveolar para um determinado fluxo, é possível o cálculo da resistência das vias
aéreas do paciente.
Considerando a fase inspiratória, com um fluxo inspiratório constante, pode ser
utilizada a fórmula da resistência do tubo endotraqueal, onde PA = Ptr e PB= Palv
Rva = (Ptr-Palv)/Fluxo
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Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
Complacência
Volume (L)
Complacência:
Csr = tgα = Volume
Palv Palv-PEEP
Volume
α
Palv - PEEP
0 10 20 30 40 50
PEEP Pressão
1/Csr=1/Cp + 1/Cct alveolar
30
(cmH2O)
20 40
Pressão
10 50
0 60
cmH2 O
Csr = Volume/Pel
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Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
Por exemplo, se durante a ventilação, com PEEP de 5cmH2O e volume corrente de 0,5
L, a pressão alveolar no final da inspiração fosse 15cmH2O, resultaria o seguinte valor
de complacência:
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Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
Equação do Movimento
A partir dessa equação a curva de pressão pode ser mais bem descrita utilizando-se
os conceitos de resistência e complacência.
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Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
Inspiratório
30
Fluxo (L/min)
Expiratório
PFE2
-30
PFE1
-60
T1=R1.C1 T2=R2.C2
0,50
Volume (L)
50 Pres = Rva.Fluxo
Pel = Volume/Csr
Pressão (cmH O)
40
2
30 Pres1=10cmH O 2
Pres2=20cmH O 2
20
Pel1 = 20cmH O
2
10 Pel2=10cmH O
2
-10
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo (s)
Figura 9: Traçados das curvas de Fluxo, Volume e Pressão para dois pacientes com mecânicas
respiratórias distintas. No exemplo foram utilizados fluxo inspiratório (30 L/min) e volume (0,5L)
constantes. Pode-se observar que apesar de apresentarem o mesmo pico de pressão, as pressões
alveolares nos dois pacientes são diferentes. Além disso,no paciente 2, devido a uma constante de tempo
maior, a exalação ocorra de forma mais lenta, com o pico de fluxo expiratório menor.
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Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
Esse exemplo ilustra uma situação onde dois pacientes com mecânicas
respiratórias distintas, apresentam o mesmo valor de pressão na via aérea Pva ao
final da inspiração, ou pressão de pico (Ppico). Entretanto no Paciente 1 a pressão
Ppico é composta de 10cmH2O de pressão resistiva e 20cmH2O de pressão
elástica, além da PEEP. Ou seja, a pressão intrapulmonar no paciente 1 é de
25cmH2O.
No Paciente 2, a pressão resistiva é de 20cmH2O e a elástica 10cmH2O, resultando
em uma pressão intrapulmonar de 15cmH2O, inferior à do Paciente 1.
A simples verificação do pico de pressão Ppico não reflete corretamente os níveis
de pressão a que efetivamente estão submetidos os alvéolos durante a ventilação.
Constante de Tempo
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Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
60 Pausa Pausa
inspiratória expiratória
Inspiratório
30
Fluxo (L/min)
Expiratório
Presença
-30 de fluxo
expiratório
-60
Volume
inspirado (%)
0,50 100
Volume (L)
0,25
37
13,5
0 5
50
Pressão (cmH O)
40 Pva
2
30
20 Palv Auto
PEEP
10
-10
0 1o
2 3 4 5 0 1o
2 3 4 5
N . Constantes N . Constantes
de Tempo T = RC de Tempo T = RC
Figura 10: Traçados gráficos das curvas de Fluxo , Volume e Pressão, relacionando a constante de tempo
com os valores de volume e pressão durante a fase expiratória. São representadas as pausas inspiratória
e expiratória, que permitem a visualização da pressão alveolar no final da inspiração e exalação
respectivamente. Nos traçado de pressão é representada em linha pontilhada a pressão alveolar.
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Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
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Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
Inspiratório
30
Fluxo (L/min)
Expiratório
-30
-60
0,50
Volume (L)
0,25
50 Rva=(Ppico-Pplat)/Fluxo
Csr=Volume/(Pplat-PEEP)
Pressão (cmH O)
40
Ppico
2
30
Pres
20
Pplat
10 Pel
PEEP
0
-10
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo (s)
Figura 11: Traçados gráficos representando a pausa inspiratória. Medindo-se o pico de pressão Ppico, a
pressão na pausa inspiratória Pplat, a PEEP, o fluxo no instante da pausa e o volume inspirado é possível
se determinar os valores de complacência e resistência.
Trabalho Respiratório
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Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
Pva
Pplateau
PEEP
Ppico
Fluxo
cte início exp.
0 10 20 30 40 50
Pressão
(cmH2O)
30
20 40
Pressão
10 50
0 60
cmH2 O
Figura 12: A representação gráfica do trabalho mecânico (integral da pressão em relação ao volume) é a
área sob a curva da pressão em relação ao volume, ou curva PV, onde podem ser visualizadas as
componentes de trabalho para vencer as forças elásticas (Wel) e resistivas (Wres). O cálculo do trabalho
baseado na pressão medida na via aérea (Pva) representa o trabalho realizado pelo ventilador.
O trabalho mecânico aumenta à medida que são deslocados maiores volumes e/ou
são requeridas pressões mais elevadas durante a ventilação. Geralmente o trabalho
mecânico é medido durante a fase inspiratória, já que a exalação usualmente é
passiva, e a energia utilizada é a própria força elástica do sistema respiratório. Em
uma expiração ativa, os músculos respiratórios efetivamente irão realizar um trabalho
mecânico. Durante a ventilação mecânica a fração de trabalho realizado pelo
ventilador e pelo paciente irá depender do modo de ventilação, das características do
ventilador e dos parâmetros ajustados durante a ventilação23,33,37,48,58,59,61,63,64,69,90,94,96.
O cálculo do trabalho baseado na pressão medida na via aérea resulta no trabalho
realizado pelo ventilador. Para cálculo do trabalho realizado pelo paciente é
necessária a utilização da pressão pleural (Figura 13), Na prática, é utilizada a pressão
esofágica (Pes), medida através de um meio menos invasivo, a introdução de um
pequeno balão no esôfago. A pressão esofágica reflete o esforço exercido pelos
músculos respiratórios durante a inspiração8,70,74.
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Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
Volume (L)
Trabalho W = Área PxV
W = ³ P. dV
Wel: Trabalho elástico
Wres: Trabalho resistivo
C p
Fluxo C p
C c t
espontâneo início exp.
início insp.
20 -20
10 -10
0
Figura 13: Para medida do trabalho realizado pelo paciente deve ser utilizada a pressão esofágica
(Pesofágica), que reflete o esforço exercido pelos músculos respiratórios durante a inspiração. Durante a
inspiração espontânea, o trabalho para vencer as forças elásticas (Wel) é definido pela área entre as
curvas da complacência do pulmão (Cp) e da caixa torácica Cct.
A descrição funcional do ventilador artificial pode ser feita a partir dos modos como
são controlados os ciclos ventilatórios. Os modos ventilatórios definem a forma como
os ciclos ventilatórios são iniciados, mantidos e finalizados. O ciclo ventilatório inclui
tanto a fase inspiratória como a expiratória, entretanto as classificações dos ciclos e
dos modos têm se baseado principalmente na fase inspiratória.
Para os objetivos desse capítulo serão definidos e classificados os tipos de ciclos
ventilatórios e os principais modos de controle, utilizando-se a terminologia
usualmente utilizada no meio clínico, preterindo-se uma classificação eminentemente
técnica.
Ciclos ventilatórios
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Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
Detecção
do
Fluxo esforço
Sensibilidade
90
60
Fluxo (L/min)
30
-30
-60
DISPARO POR PRESSÃO
Pressão
50 Sensibilidade
Pressão (cmH O)
40
2
30 Detecção
do
20 esforço
10
-10
Figura 14: A detecção do esforço inspiratório para o início do ciclo ventilatório (“disparo”), pode ser feita
através de pressão ou fluxo. No disparo por pressão, na ausência de fluxo, o esforço inspiratório do
paciente (pressão alveolar negativa) é transmitido integralmente à via aérea (condição isométrica),
causando a queda de pressão. No disparo por fluxo, o esforço do paciente desvia um fluxo contínuo
presente na via aérea, detectado por um sensor de fluxo. Nesse caso, a pressão alveolar negativa não é
transmitida à via aérea, não sendo detectada queda de pressão na via aérea.
No disparo por pressão, é necessário que não exista fluxo na via aérea. Assim, a
queda na pressão alveolar resultante do esforço inspiratório do paciente é transmitida
integralmente à via aérea, sendo possível sua detecção através de um transdutor. O
sinal do transdutor de pressão é comparado com o nível de sensibilidade ajustado,
determinando o disparo do ciclo. No disparo por fluxo, é necessário que o ventilador
mantenha um fluxo contínuo na via aérea. A queda de pressão alveolar resultante do
esforço do paciente irá determinar o gradiente de pressão necessário para desviar o
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Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
fluxo para o interior dos pulmões. O fluxo inspirado é medido por um sensor de fluxo,
cujo sinal é comparado com a sensibilidade ajustada. O desempenho dos diferentes
tipos de disparo irá depender das características construtivas de cada ventilador. Uma
menor deflexão de pressão na via aérea, no caso do disparo por fluxo, não deve ser
confundida com uma menor queda de pressão a nível alveolar. Existem, entretanto,
situações onde a indicação de determinado tipo é mais adequada. Por exemplo, na
ventilação neonatal onde se utiliza fluxo contínuo, é impraticável a utilização de
disparo por pressão.
Após a detecção do esforço inspiratório são acionados os sistemas de controle para
abertura da válvula de fluxo e fechamento da válvula de exalação. O intervalo entre a
detecção do esforço e o acionamento do fluxo é um período crítico onde o trabalho
respiratório pode assumir valores elevados, no caso de uma oferta de fluxo insuficiente
no início do ciclo 46, 83, 84.
A partir do início do ciclo assistido, o controle de término ocorre de forma exatamente
igual ao verificado nos ciclos controlados. Dependendo da forma de controle
disponibilizada pela modalidade ventilatória, o ventilador pode ser sensível ao esforço
do paciente modificando o ciclo assistido. Isso ocorre, por exemplo, nos ciclos
assistidos durante a ventilação VAPS 2,12-15. Finalmente, os ciclos espontâneos são
iniciados pelo paciente, podendo ser controlados e finalizados parcial ou totalmente
pelo paciente. Os ciclos espontâneos podem ser controlados exclusivamente pelo
paciente ou podem ser parcialmente assistidos pelo ventilador. O ventilador pode
manter, por exemplo, um fluxo contínuo no circuito, o paciente pode respirar
espontaneamente, controlando totalmente a freqüência, o fluxo e o volume
inspirado33,37,50. Outra forma de ciclo espontâneo, parcialmente assistido, ocorre
quando o ventilador de alguma forma auxilia a inspiração do paciente, aumentando,
por exemplo, o fluxo e/ou pressão na via aérea em resposta a um esforço espontâneo,
como ocorre com a Ventilação com Pressão Suporte44,45,54,55,78. Nesse caso, o paciente
mantém um controle parcial sobre o fluxo e volume inspirados e sobre o instante de
término do ciclo.
Modos ventilatórios
Modos Básicos
Modo Controlado
23
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
Nesse caso o ventilador irá iniciar um ciclo controlado coincidindo com o início da
“janela” de 5 segundos.
Modo Controlado
0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 5
Pressão (cmH O)
40
Ciclo controlado Ciclo controlado Ciclo controlado Ciclo controlado
2
20
10
40
Ciclo controlado Ciclo controlado Ciclo assistido Ciclo assistido Ciclo controlado
2
Esforço Esforço
20
inspiratório inspiratório
10
40
Ciclo controlado Ciclo assistido Ciclo assistido Ciclo espontâneo Ciclo assistido
2
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Figura 15: No Modo Controlado, o ventilador irá iniciar um ciclo controlado a cada janela de tempo,
definida a partir da freqüência respiratória programada (Janela = Freq./60s). No modo
Assistido/Controlado, o ventilador irá iniciar um ciclo assistido na ocorrência do esforço do paciente,
reiniciando a contagem da janela de tempo (janelas variáveis); ao final da janela, na ausência de esforço,
é iniciado um ciclo controlado. No modo SIMV, o ventilador mantém as janelas fixas, e permite apenas um
ciclo assistido por janela, atendendo os demais esforços inspiratórios com ciclos espontâneos. Um ciclo
controlado só ocorre após uma janela de apnéia, ou após uma janela onde só ocorreu um ciclo
controlado. O modo CPAP é um caso particular do SIMV, onde a freqüência respiratória é ajustada em
zero, permitindo apenas ciclos espontâneos (sem janelas).
Modo Assistido
24
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
Modo SIMV
25
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
Modo CPAP
Ciclo
Modo Controlado assistido Espontâneo
Controlado X
Assistido/Controlado X x
SIMV X x x
CPAP x
Modos de Controle
Volume Controlado
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Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
30
-30
-60
1,00
Volume (L)
0,75
0,50
0,25
50
Pressão (cmH O)
40
Ppico1
2
Ppico2
30
Pplat1 Pplat2
20
10
-10
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo (s)
Figura 16: No modo Volume Controlado o ventilador apresenta padrão de fluxo fixo, terminando a fase
inspiratória ao ser atingido o volume programado. Durante o período de pausa inspiratória é possível
visualizar a pressão a nível alveolar. A utilização de fluxo controlado decrescente resulta em uma
diminuição do pico de pressão Ppico, em relação ao fluxo constante. Isso ocorre devido à diminuição da
pressão resistiva no final da inspiração.
Durante a fase expiratória, a pressão no interior dos alvéolos está em equilíbrio com a
pressão da via aérea PEEP 5cmH2O. No início do ciclo, o ventilador fecha a válvula de
exalação e abre a válvula de fluxo no valor ajustado de fluxo controlado 45L/min
(0,75L/s).
No início da fase inspiratória, quando o volume inspirado é zero, a pressão na via
aérea será:
Pva = 20cmH2O/L/s . 0,75L/s + 0/ 0,05L/cmH2O + 5cmH2O
Pva = 20cmH2O
27
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
Nesse instante o ventilador terá completado o volume e irá fechar a válvula de fluxo.
Supondo que tenha sido programada uma pausa inspiratória de 0,5 s, o ventilador irá
aguardar esse período até abrir a válvula de exalação. No período de pausa, na
ausência de fluxo (FC(t)=0), a pressão na via aérea - pressão de plateau Pplat - irá
refletir a pressão intrapulmonar:
Supondo, que o fluxo utilizado não fosse constante, mas apresentasse um perfil
desacelerado, iniciando com 60L/min (1 L/s) e terminando em 30L/min (0,5L/s), o que
resultaria no mesmo fluxo médio de 45L/min do exemplo anterior.
Calculando as pressões nos instantes inicial e final:
instante inicial: Pva = (20cmH2O/L/s . 1L/s + 0L / 0,05L/cmH2O + 5cmH2O)
Pva = (20cmH2O + 5cmH2O) = 25cmH2O
instante final: Pva = (20cmH2O/L/s . 0,5L/s + 0,75L/0,05L/cmH2O + 5cmH2O)
Pva = (10cmH2O + 15cmH2O + 5cmH2O) = 30cmH2O
Os efeitos que podem ser observados nas pressões em função da alteração dos
controles do ventilador e da mecânica respiratória do paciente em um ciclo no modo
VC com padrão de fluxo constante e pausa inspiratória (de forma a visualizar a
pressão de plateau), são apresentados a seguir (Tabela 1):
28
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
Tomando como exemplo um ciclo onde tenha sido aumentado o fluxo programado,
mantendo-se inalteradas as demais variáveis, de acordo com a equação do
movimento, irá ocorrer um aumento da pressão resistiva (Ppico-Pplat) e
conseqüentemente da pressão de pico Ppico. Como o volume é mantido constante, a
pressão elástica se mantém inalterada (Pplat). O efeito inverso é observado com a
diminuição do fluxo. As demais possibilidades estão resumidas na Tabela 1.
A principal característica do modo VC é a manutenção do fluxo e volume controlados
independente da impedância (resistência e complacência) do sistema respiratório.
Essa característica pode trazer alguns inconvenientes durante os ciclos assistidos,
quando o paciente apresenta esforço inspiratório mais intenso.
O esforço do paciente representa um termo de pressão negativa (Pei) no segundo
lado da equação do movimento:
90 Fluxo constante
60 (fixo)
Fluxo (L/min)
30
-30
-60
0,75 (fixo)
0,50
0,25
50
Ciclo assistido com
Pressão (cmH O)
40 Esforço inspiratório
elevado
2
30
20
10
0
Esforço Esforço
-10 inspiratório inspiratório
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo (s)
29
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
Figura 17: No modo Volume Controlado, os ciclos assistidos também apresentam padrão de fluxo fixo. No
caso de esforços inspiratórios intensos, ocorre uma queda de pressão na via aérea, devido à insuficiência
do fluxo ofertado pelo ventilador em relação à demanda do paciente.
Pressão Controlada
n. const. Tempo %
1 63
2 86,5
3 95
4 98,2
5 99,3
30
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
90 Fluxo variável
60 (livre)
Fluxo (L/min)
30
-30
-60
0,75 (livre)
0,50
0,25
50
Ciclo assistido
Pressão (cmH O)
40
2
30
20
10
0
Esforço
-10 inspiratório
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo (s)
Figura 18: No modo Pressão Controlada o ventilador apresenta fluxo livre, de forma a manter a pressão
na via aérea constante, e os ciclos são terminados por tempo. O volume inspirado depende dos ajustes
da pressão controlada, do tempo inspiratório e da mecânica respiratória do paciente. Durante os ciclos
assistidos, o ventilador aumenta o fluxo proporcionalmente ao esforço do paciente, otimizando o
sincronismo.
Durante a fase expiratória, a pressão no interior dos alvéolos está em equilíbrio com a
pressão da via aérea PEEP 5cmH2O. No início do ciclo, o ventilador fecha a válvula de
exalação e abre a válvula de fluxo. Através de algoritmos de controle o ventilador irá
estabelecer o fluxo requerido para atingir a pressão controlada ajustada PC 25cmH2O.
O fluxo requerido, no início da fase inspiratória, quando o volume inspirado é zero:
31
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
Ventilador Paciente
PC T.INSP R C Volume Palv Ppico-Pplateau
() - - - () () ()
- () - - () () -
- - () - () () ()
- - - () () () -
32
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
Pressão Suporte
33
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
para término ciclo pode ser um valor fixo ou uma porcentagem do fluxo inicial. O
tempo inspiratório dos ciclos no modo PS será dependente do esforço e da mecânica
respiratória do paciente.
34
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
90 Fluxo pico
Fluxo (L/min) 60 Fluxo pico
-30
-60
1,00
Volume (L)
0,75
0,50
0,25
50
Pressão (cmH O)
40
2
20
10
0
Esforço Esforço
-10 inspiratório inspiratório
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo (s)
Figura 19: O modo de controle Pressão Suporte - PS se aplica exclusivamente aos ciclos espontâneos. O
ventilador auxilia a inspiração do paciente aumentando a pressão na via aérea, liberando um fluxo livre
similar ao encontrado no modo Pressão Controlada PC. O ventilador continuamente monitoriza o valor do
fluxo inspiratório e termina o ciclo quando for atingido um determinado valor mínimo, ou fluxo de corte. O
tempo inspiratório e volume dos ciclos no modo PS serão dependentes do esforço e da mecânica
respiratória do paciente.
Durante a fase expiratória, a pressão no interior dos alvéolos está em equilíbrio com a
pressão da via aérea PEEP 5cmH2O. Ao detectar o esforço do paciente, o ventilador
fecha a válvula de exalação e abre a válvula de fluxo. Através de algoritmos de
controle o ventilador irá estabelecer o fluxo requerido para atingir a pressão suporte
ajustada PS 25cmH2O. O fluxo requerido, no início da fase inspiratória, quando o
volume inspirado é zero:
Fluxo = (PS + Pei - Volume/Csr - PEEP)/Rva
Fluxo = (25cmH2O +10cmH2O - 0L / 0,05L/cmH2O - 5cmH2O) / 20cmH2O/L/s
Fluxo = 30cmH2O /20 cmH2O/L/s = 1,5L/s = 90L/min
35
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
Caso não se utilizasse a pressão suporte (PS=PEEP), para o mesmo nível de esforço
o paciente receberia o seguinte fluxo:
Para manter o fluxo de 90L/min o paciente deveria exercer um esforço inspiratório três
vezes maior do que o requerido com o uso da pressão suporte.
Durante os ciclos espontâneos ocorre uma inspiração ativa, o enchimento dos
pulmões será influenciado tanto pela constante de tempo, conforme durante o modo
PC, como pelo esforço do paciente. Visualizando-se que o esforço do paciente atua no
mesmo sentido do aumento da pressão suporte, já que esse esforço reflete em uma
diminuição da pressão intrapulmonar e conseqüente aumento do gradiente que gera o
fluxo, a mesma equação que rege o enchimento dos pulmões durante o modo PC se
aplica. Entretanto o esforço do paciente não se mantém em um valor constante e fixo
durante toda a inspiração, o que irá influenciar o tempo de enchimento em relação a
uma inspiração passiva.
No caso do exemplo, como o fluxo inspiratório inicial foi de 90 L/min, adotando-se um
critério de 25% para término do ciclo resultaria:
O volume inspirado irá depender tanto dos níveis de pressão suporte, da mecânica
respiratória e do esforço inspiratório do paciente.
Os protocolos clínicos adotam geralmente como pressão suporte mínima o valor de
5cmH2O, que seria a requerida para vencer as resistências intrínsecas do sistema de
ventilação. Quando o paciente, conseguir manter a ventilação com esse nível de
suporte seria possível à retirada do suporte ventilatório31,40,44,54-56.
Os ciclos com pressão suporte apresentam o fluxo, volume e tempo inspiratório
totalmente dependentes do esforço inspiratório e da mecânica respiratória do paciente.
Os efeitos observados sobre o fluxo, volume e tempo inspiratório durante o modo PS,
apesar de poderem ser definidos teoricamente com relativa precisão, são
influenciados na prática pelas características específicas de cada dos ventilador. A
seguir são apresentadas algumas relações, em função de alterações nos principais
parâmetros de controle e na mecânica respiratória do paciente (Tabela 3).
Ventilador Paciente
PS Esforço R C Fluxo Volume Tinsp
() - - - ( ) () ?
- () - - ( ) () ?
- - ( ) - ( ) ? ?
- - - () ( ) () ()
36
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
utilizar uma porcentagem do fluxo inicial para término do ciclo, a diminuição do fluxo
inicial, irá resultar na diminuição do fluxo de término, com o conseqüente
prolongamento, à vezes excessivo, do tempo inspiratório. Teoricamente, o
prolongamento do tempo inspiratório, compensaria de certa forma a diminuição do
fluxo, mantendo o volume constante. Entretanto na prática o paciente exerce um
esforço expiratório, abreviando tempos inspiratórios longos. Outras vezes,
dependendo do tipo de controle exercido pelo respirador, devido ao aumento da
resistência da via aérea, ocorre uma pressurização repentina do circuito respiratório,
observando-se valores significativos de fluxo, que irão distender apenas o espaço
morto do circuito. A partir desse valor de fluxo inicial, o ventilador irá definir um critério
de término relativamente elevado, causando um término prematuro do ciclo, com
diminuição de volume e tempo inspiratório. Existem ventiladores onde é possível
atenuar o fluxo inspiratório inicial de forma a evitar oscilações de pressão e ciclagem
prematura do ciclo. A ocorrência de auto-PEEP, decorrente de aumento do tempo
inspiratório, também contribui para a diminuição de volume. Nos ventiladores onde o
critério de término é um valor de fluxo fixo, o pico de fluxo inicial não iria interferir na
duração do ciclo. A duração do tempo inspiratório iria depender do fluxo resultante na
via aérea, e do valor definido pelo ventilador para término do ciclo. Por exemplo, caso
o paciente apresente um valor de complacência normal, o fluxo inspiratório irá decair
lentamente, mantendo-se provavelmente acima do valor de fluxo de término,
resultando em um prolongamento do tempo inspiratório, e possivelmente manutenção
do volume corrente.
A diminuição da complacência resultaria em uma queda mais acentuada do fluxo,
devido à elevação mais acentuada da pressão intrapulmonar. O fluxo inicial não seria
afetado, já que é influenciado basicamente pela resistência. Os efeitos observados
nesse caso seriam a diminuição do tempo inspiratório e do volume corrente.
Pressão Limitada
37
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
No modo Pressão Limitada, da mesma forma que no modo PC, o tempo inspiratório é
controlado diretamente, ou seja, o ciclo é terminado quando for atingido o tempo
inspiratório programado. O volume inspirado será resultante dos ajustes de fluxo, do
limite de pressão inspiratória, do tempo inspiratório e da mecânica respiratória do
paciente.
É importante perceber a diferença fundamental entre o modo PC e o Pressão
Limitada. No primeiro o fluxo é livre, ou seja, o valor ajustado de pressão será
necessariamente atingido e mantido pelo ventilador através do controle da válvula de
fluxo, de forma a adequar a oferta de fluxo em situações de demanda variável. No
modo Pressão Limitada o fluxo é fixo, não sendo necessariamente atingido o valor
ajustado como limite de pressão através do controle da válvula de exalação. Na
presença de esforço inspiratório do paciente, irá ocorrer o mesmo efeito observado no
modo VC, ou seja, queda de pressão na via aérea e aumento do trabalho respiratório
(Fig 20).
MODO PRESSÃO LIMITADA
90 Fluxo constante
Fluxo
60 constante Fluxo (fixo)
decrescente
Fluxo (L/min)
30
-30
-60
1,00
Volume (L)
0,75
0,50
0,25
50
Limite
Pressão (cmH O)
40 de
2
Pressão
30
20
10
0
Esforço
-10 inspiratório
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo (s)
38
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
Figura 20: No modo Pressão Limitada o fluxo é fixo, e o limite de pressão é realizado pela válvula de
exalação. Na presença de esforço inspiratório do paciente, irá ocorrer o mesmo efeito observado no modo
VC, ou seja, queda de pressão na via aérea e aumento do trabalho respiratório.
VAPS
39
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
MODO VAPS
-30
-60
0,75 (controlado)
0,50
0,25
50
Pressão (cmH O)
40
2
30 Pressão
Suporte
20 Queda de
pressão
10
0
Esforço Esforço
-10 inspiratório inspiratório
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo (s)
Figura 21: No modo VAPS, aplicável aos ciclos controlados e assistidos, o ventilador controla
simultaneamente os níveis de fluxo e pressão na via aérea. Nos ciclos assistidos no modo Volume
Controlado, o esforço do paciente ocasiona uma depressão na curva de pressão, indicando que o
paciente assumiu uma parcela do trabalho respiratório. No modo VAPS, através de um duplo controle,
combinando-se os algoritmos do modo VC e PS, o ventilador evita a queda observada de pressão nos
ciclos assistidos, elevando o fluxo inspiratório “livre” além do fluxo controlado “fixo”.
40
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
pressão na via aérea estiver abaixo de um nível mínimo ajustado. O modo VAPS
requer o ajuste de fluxo, volume e pressão suporte, e o ciclo resultante será uma
combinação dos ciclos do modo VC e PC ou PS. Se em função dos ajustes dos
controles de fluxo e volume, a pressão resultante na via aérea for superior ao valor
ajustado de pressão suporte, prevalecerá o controle tipo VC, caso contrário
prevalecerá o controle tipo PS.
o ventilador irá automaticamente acionar o fluxo “livre” em complementação ao fluxo
“fixo” impedindo a queda de pressão abaixo do nível ajustado.
Na concepção original do modo VAPS2, 11,13-15, os ciclos são terminados da mesma
forma que o ciclo no modo VC, ao ser atingido o volume programado, sendo possível
também à programação de pausa inspiratória. Nesse caso, a pausa mantém o controle
da pressão na via aérea, permitindo a ocorrência do fluxo “livre”. Existem variações,
onde o término do ciclo segue o critério de término do modo PS, através de um valor
de fluxo de corte. Nesse caso pode ocorrer aumento do volume inspirado em relação
ao controlado18,36,38,45,57.
41
Princípios Básicos dos Ventiladores Artificiais
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