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Concurso de Crimes – arts.

69 a 72 do Código Penal

“As questões mais frequentes são de fato e não de direito”.

Espécies:
Concurso Material ou Real
Concurso Formal ou Ideal
Crime Continuado

O que é: ocorrência de dois ou mais delitos, decorrentes de uma ou mais condutas. Problema –
como aplicar a pena?

Sistemas:
1 – cúmulo material: somam-se as penas cominadas a cada um dos delitos
(concurso material / concurso formal imperfeito / concurso das penas de multa)

2 – exasperação da pena: aplica-se a pena do crime mais grave, aumentada de certo percentual
(concurso formal perfeito 1/6 a ½ / crime continuado 1/6 a 2/3 ou até o triplo)

São várias as possibilidades de aplicação da pena. Essa questão já foi uma preocupação do nosso
legislador desde o Código de 1830.

Histórico:
Código de 1830 – a ideia era aplicar todas as penas, começando pela mais “intensa”, a não ser que
fossem incompatíveis. A exceção era a pena de morte, que excluía as demais penas corporais, com
exceção da pena de multa.
O Código de 1890 já fazia a distinção entre concurso formal e material.

Concurso Material ou Real


- duas ou mais condutas / dois ou mais resultados.
As condutas podem ser dolosas ou culposas, omissivas ou comissivas.

Homogêneo: resultados idênticos


Heterogêneo: resultados diversos

Pena: As penas devem ser somadas. Mas, o juiz deve fixar cada uma individualmente, respeitando
o princípio da individualização da pena.

O juiz sentenciante fará a soma na própria sentença, se houver conexão entre os delitos. Se forem
várias ações, cabe ao juiz da execução, nos termos do art. 66, III, a, da LEP.

Pena privativa de liberdade + restritiva de direitos: é possível, caso tenha sido concedido o
sursis da pena privativa de liberdade.
(referia-se ao art. 44 da Reforma de 1984, e não após a Reforma de 1998. Anteriormente se aplicava
à pena inferior a 1 ano).

Pena restritiva de direitos + restritiva de direitos: se compatíveis, devem ser executadas


simultaneamente; caso contrário, uma depois da outra.

Prescrição – art. 119 do Código Penal: o prazo prescricional deve ser contado separadamente para
cada uma das infrações penais.
- ≠ concurso material e crime continuado: lugares diversos, executando-os de maneira diversa e
com largo intervalo de tempo.

HABEAS CORPUS. ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. CONDENAÇÃO PELOS CRIMES EM CONCURSO
MATERIAL. SUPERVENIÊNCIA DA LEI N.º 12.015/2009. REUNIÃO DE AMBAS FIGURAS DELITIVAS EM UM ÚNICO
CRIME. TIPO MISTO CUMULATIVO. CUMULAÇÃO DAS PENAS. INOCORRÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL.
HC 78667 / SP – ago/2010 – Min. Laurita Vaz
1. Antes da edição da Lei n.º 12.015/2009 havia dois delitos autônomos, com penalidades
igualmente independentes: o estupro e o atentado violento ao pudor. Com a vigência da referida lei,
o art. 213 do Código Penal passa a ser um tipo misto cumulativo, uma vez que as condutas previstas
no tipo têm, cada uma, "autonomia funcional e respondem a distintas espécies valorativas, com o
que o delito se faz plural" (DE ASÚA, Jimenez, Tratado de Derecho Penal, Tomo III, Buenos
Aires, Editorial Losada, 1963, p. 916).

2. Tendo as condutas um modo de execução distinto, com aumento qualitativo do tipo de injusto,
não há a possibilidade de se reconhecer a continuidade delitiva entre a cópula vaginal e o ato
libidinoso diverso da conjunção carnal, mesmo depois de o Legislador tê-las inserido num só artigo
de lei.

3. Se, durante o tempo em que a vítima esteve sob o poder do agente, ocorreu mais de uma
conjunção carnal caracteriza-se o crime continuado entre as condutas, porquanto estar-se-á diante
de uma repetição quantitativa do mesmo injusto. Todavia, se, além da conjunção carnal, houve
outro ato libidinoso, como o coito anal, por exemplo, cada um desses caracteriza crime diferente e a
pena será cumulativamente aplicada à reprimenda relativa à conjunção carnal. Ou seja, a nova
redação do art. 213 do Código Penal absorve o ato libidinoso em progressão ao estupro –
classificável como praeludia coiti – e não o ato libidinoso autônomo, como o coito anal e o sexo
oral.

5. Ordem parcialmente concedida, apenas para afastar o regime integralmente fechado de


cumprimento de pena.

PENAL. HABEAS CORPUS. ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR CONTINUADOS EM CONCURSO


MATERIAL COM ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR PRATICADOS CONTRA FILHAS MENORES DE 14 ANOS.
PRETENSÃO DE RECONHECIMENTO DA CONTINUIDADE DELITIVA EM RELAÇÃO AOS CRIMES DOS ARTS. 213 E
214 DO CP PRATICADOS CONTRA UMA DAS VÍTIMAS. LEI 12.015/09. CRIME ÚNICO. FICÇÃO JURÍDICA. CRIMES
PRATICADOS EM CONTEXTOS FÁTICOS DISTINTOS. ORDEM DENEGADA.
HC 160288 / MS – jun/2010 / Min. Arnaldo Esteves Lima
1. A reforma trazida pela Lei 12.015/09 condensou num só tipo penal as condutas anteriormente
tipificadas nos arts. 213 e 214 do CP, constituindo, hoje, um só crime o constrangimento, mediante
violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique
outro ato libidinoso.

2. Na sistemática anterior, a doutrina e a jurisprudência divergiam acerca da possibilidade de se


reconhecer a continuidade delitiva entre os crimes de estupro e atentado violento ao pudor.

3. A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na esteira do tradicional entendimento do


Supremo Tribunal Federal, negava a aplicação da ficção jurídica em favor de agentes condenados
pelos crimes dos arts. 213 e 214 do CP, tendo em vista que os referidos delitos não eram da mesma
espécie, possuindo elementos subjetivos e objetivos nitidamente distintos. (HC 63.601/SP; HC
128.989/SP; REsp 1.080.909/RS).

4. A reforma procedida permitiu reconhecer-se a continuidade delitiva em favor de agente


condenado, na vigência da lei anterior, aos crimes de estupro e atentado violento ao pudor, desde
que atendidos os requisitos do art. 71 do CP, em observância ao princípio da retroatividade da lei
mais benéfica.

5. Não há reconhecer a continuidade delitiva a crimes praticados em contextos fáticos distintos


pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, ainda que perfaçam
crime único de acordo com novel dispositivo.

6. A Lei 12.015/09 em nada alterou o espectro de pena das condutas praticadas pelo paciente
(antigos estupro e atentado violento ao pudor) e atualmente condensadas no art. 213 do CP,
mantendo-se a reclusão de 6 a 10 anos, de forma que não há repercussão favorável a fundamentar a
readequação da reprimenda aplicada.

7. Ordem denegada.

HABEAS CORPUS. ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. CRIME CONTINUADO x CONCURSO


MATERIAL. INOVAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI Nº 12.015/09. MODIFICAÇÃO NO PANORAMA. CONDUTAS QUE, A
PARTIR DE AGORA, CASO SEJAM PRATICADAS CONTRA A MESMA VÍTIMA, NUM MESMO CONTEXTO,
CONSTITUEM ÚNICO DELITO. NORMA PENAL MAIS BENÉFICA. APLICAÇÃO RETROATIVA. POSSIBILIDADE.
HC 144870 / DF - mai/2010 - Min. Og Fernandes
1. A Lei nº 12.015/09 alterou o Código Penal, chamando os antigos Crimes contra os Costumes de
Crimes contra a Dignidade Sexual.

2. Essas inovações, partidas da denominada "CPI da Pedofilia", provocaram um recrudescimento de


reprimendas, criação de novos delitos e também unificaram as condutas de estupro e atentado
violento ao pudor em um único tipo penal. Nesse ponto, a norma penal é mais benéfica.

3. Por força da aplicação do princípio da retroatividade da lei penal mais favorável, as modificações
tidas como favoráveis hão de alcançar os delitos cometidos antes da Lei nº 12.015/09.

4. No caso, o paciente foi condenado pela prática de estupro e atentado violento ao pudor, por ter
praticado, respectivamente, conjunção carnal e coito anal dentro do mesmo contexto, com a mesma
vítima.

5. Aplicando-se retroativamente a lei mais favorável, o apensamento referente ao atentado violento


ao pudor não há de subsistir.

6. Ordem concedida, a fim de, reconhecendo a prática de estupro e atentado violento ao pudor como
crime único, anular a sentença no que tange à dosimetria da pena, determinando que nova
reprimenda seja fixada pelo Juiz das execuções.

Concurso Formal ou Ideal

O pressuposto essencial e característico do concurso formal é a unicidade de ação ou omissão. Ou,


ação única de efeito plural.
Assim, para efeito de política criminal, são punidos de forma menos rigorosa.

Exemplos:
- um tiro que ocasiona um homicídio e uma lesão corporal (concurso formal heterogêneo)
- motorista imprudente mata várias pessoas (concurso formal homogêneo)

Concurso Formal Perfeito – resulta de um único desígnio


Responde pelo crime mais grave, com acréscimo. O aumento varia de acordo com o número de
resultados produzidos.
Concurso Formal Imperfeito – resulta de desígnios autônomos
Só é admitido no crime doloso, com dolo direto ou eventual.
Somam-se as penas, como no concurso material.
Ex. o agente incendeia uma moradia, com a intenção de matar todos os seus moradores.

O criminalista italiano Eugênio Florian, finalista, já defendia que quando o delinquente com um só
fato, se propõem a cometer dois ou mais delitos, deverá ser responsável por todos os crimes
resultantes. Porém, quando o fato e o fim delituoso sejam unos, e daí decorrer dois ou mais crimes,
o delinquente não deverá ser responsável por todos os crimes individualmente.

Concurso material benéfico


Regra do parágrafo único do art. 70: se a pena for maior do que seria no concurso material, aplica-
se a regra desse.

- ≠ com crime progressivo: pode ter várias ações e o formal só uma. No concurso formal as
diversas disposições são violadas contemporaneamente e, no crime progressivo, sucessivamente.

- ≠ com crime complexo: crime único, autônomo.

Exemplos:

1 – várias pessoas e o assaltante leva o patrimônio de apenas uma: crime único


2 – uma pessoa, com patrimônio de duas: a jurisprudência tem entendido tratar-se de crime único,
mas ela afeta dois patrimônios. O Capez entende que seja concurso formal
3 – assalta a ônibus ou agência bancária – várias pessoas: concurso formal

PENAL. CRIMES HOMOGENEOS DE ROUBO. CONCURSO DE AGENTES COM DUAS VITIMAS.


CONFIGURAÇÃO DE CONCURSO IDEAL, E NÃO CRIME UNICO. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E
PROVIDO, COM O RESTABELECIMENTO DA SENTENÇA MONOCRATICA.

I - OS TRES RECORRIDOS, COM ACERTO PREVIO E UNIDADE DE DESIGNIO, ASSALTARAM O


MOTORISTA E O TROCADOR DE UM ONIBUS NO FINAL DA LINHA. UTILIZARAM-SE ARMA DE FOGO. O
JUIZ DE PRIMEIRO GRAU RECONHECEU O CONCURSO FORMAL, E AUMENTOU AS PENAS
PRIVATIVAS DE LIBERDADE DE UM SEXTO. OS CONDENADOS APELARAM. O TJ DEU PROVIMENTO A
APELAÇÃO, TIRANDO A MAJORANTE: TRATA-SE DE CRIME UNICO. INSATISFEITO, O MINISTERIO
PUBLICO INTERPOS RECURSO ESPECIAL PELAS ALINEAS "A" E "C" DO AUTORIZATIVO
CONSTITUCIONAL.

II - POUCO INTERESSA TENHA HAVIDO UM SO DESIGNIO DELITUOSO DOS TRES RECORRIDOS, COM
UMA SO AÇÃO. NA VERDADE, DOIS FORAM OS CRIMES PRATICADOS. DAI SUBSUMIR-SE O FATO NO
CAPUT DO ART. 70 DO CP: CONCURSO IDEAL.

III - RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO, COM O RESTABELECIMENTO


DA SENTENÇA MONOCRATICA.
REsp 54760 / DF - 1996

Crime Continuado ou Continuidade Delitiva

Houve uma tentativa de incluir essa modalidade no CP da República, mas a doutrina considera que
o crime continuado foi introduzido na legislação brasileira com o art. 39 do Decreto n. 4.780/1923.

Natureza jurídica do crime continuado


- Teorias da Unidade Real: (único crime) a multiplicidade de violações forma uma unidade real,
um ato único na sua essência. Cada fato isoladamente é um crime perfeito, constituindo a
manifestação parcial da intenção.
- Teoria da Ficção Jurídica: (vários crimes, que a lei considera um) unidade jurídica para todos os
efeitos. Se há unidade, essa decorre da vontade do legislador, e não da realidade.
- Teoria Mista: não é um só, e nem são vários. Constitui um terceiro delito.

Requisitos:
1 – Pluralidade de crimes da mesma espécie
2 – Condições objetivas semelhantes
3 – Unidade de desígnio (há discussão)

Teorias da unidade de desígnio:


1 – objetiva-subjetiva: o agente deve desejar praticar os crimes em continuidade
2 - puramente objetiva: é dispensável a vontade de praticar os delitos em continuação, bastando
que as condições objetivas semelhantes estejam presentes

Crime continuado comum: 71, caput, sem violência ou grave ameaça

Crime continuado específico: 71, § único, crime doloso, com violência ou grave ameaça, contra
vítimas diferentes (Revoga a Súmula 605 do STF? O Capez acha que sim)

Concurso Material Benéfico: idem

Teorias:
- Objetiva
- Subjetivo-objetiva: o caráter unitário do dolo constitui geralmente, nas palavras de Mezger, uma
ficção. (Era contrário ao Tribunal do Reich que a exigia). A unidade de desígnio seria uma espécie
de reiteração, o que deveria gerar a agravação da pena, e não sua mitigação.
- Subjetiva:

Crimes da mesma espécie:


Unidade do bem jurídico

- Crime habitual e continuado –

No crime habitual cada um dos episódios agrupados não é punível em si mesmo, vez que pertencem
a uma pluralidade de condutas requeridas no tipo para que configure um fato punível. Por outro
lado, nos delitos continuados cada um dos atos agrupados, individualmente, reúne, por si só, todas
as características do fato punível.
No crime habitual somente a pluralidade de atos é um elemento do tipo, tal como o exercício ilegal
da medicina, que deve cumprir-se habitualmente; na continuidade, ao invés, cada ato é punível e o
conjunto constitui um delito por obra da dependência de todos eles. Com efeito, três furtos podem
ser um só delito, mas isso não ilide o fato de que cada furto é um delito. Nesse sentido Guilherme
de Souza Nucci, Cezar Roberto Bitencourt e outros.

Roberto Lyra: a permanência é conciliável com o crime continuado – sequestro/fuga/sequestro nas


mesmas condições.

- crime permanente - É aquele cujo momento da consumação se prolonga no tempo por vontade do
agente, como acontece no crime de sequestro, previsto no artigo 148 do Código Penal, que se
consuma com a retirada da liberdade da vítima, mas o delito continua consumando-se enquanto a
vítima permanecer em poder do agente.

- Crime complexo - Delito composto por dois ou mais tipos que, isoladamente, constituem infrações
penais. O crime complexo é uma unidade jurídica, embora, em sua composição, se reúna
pluralidade de infrações penais. É o caso do roubo, cujo conteúdo compreende o furto e o
constrangimento ilegal.

Os crimes complexos restam configurados quando em um único tipo ocorre a fusão de dois ou mais
tipos penais, ou quando um tipo penal funciona como qualificadora de outro. Nessas hipóteses, há
tutela de dois ou mais bens jurídicos. Podemos citar como exemplo de crimes complexos a extorsão
mediante sequestro, prevista no artigo 159, do Código Penal, e o crime de latrocínio (art. 157, § 3º
do mesmo diploma).

- Crime progressivo - O crime progressivo faz parte do fenômeno denominado continência, por
meio do qual um tipo penal engloba outro. Ele dá-se quando um tipo penal envolve tacitamente
outro, como ocorre, por exemplo, no crime de homicídio, em que o agente primeiro prática o delito
de lesão corporal para depois causar a morte da vítima (consumação do homicídio).

- Crime preterdoloso: art. 19 do CP

- Conexão: A conexão é forma de fixação da competência jurisdicional e consiste no vínculo que se


estabelece entre duas ou mais infrações penais, de onde decore a necessidade de se efetuar a reunião
de processos para julgamento conjunto. (art. 78 do CPP)

Dispositivos: art. 111 da LEP


Súmulas:

Homicídio para a retirada de órgãos: competência da Justiça Estadual ou Federal?

A- A+
08/07/2009-09:30 | Autores: Luiz Flávio Gomes; Patrícia Donati de Almeida; Daniella Parra
Pedroso Yoshikawa;

LUIZ FLÁVIO GOMES (www.blogdolfg.com.br)

Doutor em Direito penal pela Universidade Complutense de Madri, Mestre em Direito Penal pela
USP e Diretor-Presidente da Rede de Ensino LFG. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), Juiz de
Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). Pesquisadoras: Patricia Donati e Daniella Parra.
Como citar este artigo: GOMES, Luiz Flávio. DONATI, Patricia. PARRA, Daniella. Homicídio
para a retirada de órgãos: competência da Justiça Estadual ou Federal? Disponível em
http://www.lfg.com.br 08 julho. 2009.

Se o sujeito pratica o crime de homicídio para o fim de retirar órgãos do corpo da vítima, o fato
seria da competência da Justiça Estadual ou Federal? Trata-se de crime único ou de crimes
autônomos?

Proposições possíveis, dentre Respostas dadas no CC 103599


(Terceira Seção do STJ)
outras:
a) o crime seria único, pois, diante da Assertiva ao que tudo indica
aplicação do princípio da consunção, verdadeira para a Terceira Seção do
o delito de homicídio absorve o crime STJ (mas dela discordamos).
de retirada de órgãos.
b) o crime é único, pois, o crime de Assertiva falsa
retirada de órgãos absorve o de
homicídio.
c) são crimes autônomos, que Assertiva ao que tudo indica falsa
justificam a incidência das regras do para a Terceira Seção do STJ (mas
concurso material de crimes. dela discordamos)

d) em sendo crime único e, Assertiva verdadeira


prevalecendo o homicídio, a
competência é da Justiça Estadual.
e) em sendo crime único, Assertiva falsa
prevalecendo o delito de retirada de
órgão, a competência é da Justiça
Federal.
f) ao reconhecê-los como crimes Assertiva falsa
autônomos, diante da aplicação da
força atrativa, restaria evidenciada a
competência da Justiça Federal.

Notícia publicada pela assessoria de imprensa do STJ (referente ao Processo: CC 103599):


Homicídio para retirada de órgãos deve ser julgado pela Justiça estadual. O Superior Tribunal de
Justiça (STJ) determinou o processamento pela Justiça estadual da ação penal que trata da morte de
um menino para retirada de seus órgãos. O crime teria ocorrido no ano 2000, em Poços de Caldas
(MG). O processo já estava em fase adiantada [pronúncia] na Justiça Federal, mas foi suspenso em
razão de um conflito de competência. A Terceira Seção entendeu que a remoção dos órgãos do
menino foi consequência da ação de homicídio, esta sim a ação principal. A decisão baseou-se no
voto do relator, ministro Nilson Naves. Conforme o ministro destacou, sendo o homicídio a ação
principal, a competência é da Justiça estadual. O ministro ainda afirmou que não há ente federal
(União, autarquia, empresa pública ou seus membros) no pólo passivo (respondendo a ação). Além
do que, o fato de a denúncia afirmar que os acusados removeram tecidos, órgãos ou partes do
cadáver da vítima em desacordo com o que determina a legislação não atrai, por si só, a
competência federal. De acordo com a denúncia, o menino P.V.P., de 10 anos, foi internado após
um acidente doméstico que lhe provocou traumatismo craniano. Ele teria sido negligenciado no
atendimento hospitalar com a intenção de provocar sua morte para retirada posterior dos órgãos. O
Ministério Público afirma que sua admissão foi em hospital inadequado; houve demora no
atendimento; a cirurgia craniana foi realizada por profissional sem habilitação; não houve
tratamento efetivo; os exames que constaram morte encefálica foram engodo; houve abandono
terapêutico. Em agosto de 2002, o juízo federal da 4ª Vara Criminal de Belo Horizonte declarou-se
competente em razão da existência de conexão entre delitos de homicídio e aquele previsto no
artigo 14 da Lei 9.434/2007, a Lei dos Transplantes de Órgãos - mais especificamente "remover
tecidos, órgãos e partes do cadáver" do menino em desacordo com o que determina a lei. As defesas
de dois acusados alegaram a incompetência absoluta da Justiça Federal para julgar a ação, o que foi
acolhido por outro juiz que havia assumido o caso. Os autos foram remetidos para a comarca de
Poços de Caldas, sendo anulados todos os atos decisórios da Justiça Federal. O juiz estadual, por
sua vez, entendeu que o crime de homicídio seria um meio para a obtenção dos órgãos, o que
ensejaria a competência federal. De acordo com o juiz estadual, teria havido prejuízo à União, pois
o suposto crime teria atingido um dos serviços públicos prestados à sociedade (Sistema Nacional de
Transplantes). Daí o conflito remetido ao STJ, que reconhece a competência estadual para analisar o
caso.

Comentários: não há como admitir a competência da Justiça Federal neste caso. Nenhuma das
hipóteses do art. 109 da CF acha-se presente. A afetação de um serviço público nacional, de forma
indireta, não conduz o caso para a Justiça Federal. Para que o processo seja remetido para a Justiça
Federal impõe-se que a infração seja praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse
(diretos) da União. Tem que entrar em pauta, acima de tudo, um interesse público concreto, uma
afetação real, efetiva, da União. A retirada de órgãos (indevida) de uma pessoa afeta, antes de tudo,
bens particulares (de uma única pessoa). Esse fato não coloca em risco diretamente o Sistema
Nacional de Transplantes, que continua valendo e não foi danificado ou prejudicado
(concretamente). A violação de bens jurídicos personalíssimos (vida, integridade física etc.) tem
que ser tratada dessa forma, ou seja, antropologicamente (não estatalmente). Não se pode publicizar
os bens jurídicos pessoais, porque o indivíduo não se confunde com o Estado. Na morte de uma
criança e a retirada de órgãos não há nenhum interesse público da União diretamente envolvido.
Logo, a competência para o julgamento dos dois delitos (homicídio e retirada indevida de órgãos) é
da Justiça Estadual (de acordo com nossa opinião).

Para melhor compreender o caso, analisemos as posições adotadas pela Justiça Federal, Estadual e
pelo STJ.

De início, a Justiça Estadual se declarou incompetente, justamente por reconhecer o crime de


homicídio como crime meio para a obtenção dos órgãos (crime que seria da competência da Justiça
Federal).

Nessa mesma linha, o magistrado federal reconheceu a competência da Justiça Federal, em razão da
conexão entre delitos de homicídio e aquele previsto no artigo 14 da Lei 9.434/2007.

No entanto, esse não foi o entendimento adotado pelo juiz substituto que, ao assumir o caso,
declarou-se incompetente, dando ensejo ao conflito de competência decidido pela Terceira Seção do
STJ.
De acordo com o entendimento firmado pelo órgão julgador, a remoção dos órgãos da vítima deve
ser compreendida como consequência da ação de homicídio. E, esse sim, a ação principal.

Tratar-se-ia, assim, de hipótese de aplicação do princípio da consunção em que o delito de


homicídio absorve o crime de remoção de órgãos, considerado simples exaurimento. Ou, numa
outra visão, de um concurso de crimes, de qualquer maneira, a ação principal é o homicídio.

Do que se vê, são três as posições que podem ser extraídas dos magistrados envolvidos na análise
do caso em comento: a) a que acaba de ser analisada, proferida pela Terceira Seção do STJ
(prevalência do homicídio, como infração principal); b) o entendimento do magistrado estadual
(titular) que também traz hipótese de consunção, mas, do delito de retirada de órgãos em relação ao
homicídio (esse, considerado crime meio); c) a teoria adotada pelo magistrado federal, relacionada à
existência de conexão entre os dois crimes e a prevalência da força atrativa da Justiça Federal.

Nossa opinião: da forma como foram narrados os fatos, nos parece que o homicídio fora praticado
em sua forma omissiva (homicídio por omissão - art. 13, § 2º "o omitente devia e podia agir para
evitar o resultado"), buscando, justamente, a retirada dos órgãos. Desta feita, resta evidenciada a
existência de dois atos que, embora ligados pela conexão, não deixam de ser autônomos.

A nosso ver, não seria absurdo falar em concurso material de crimes (CP, art. 69: "Quando o agente,
mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se
cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação
cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela").

Foram duas as condutas praticadas. A primeira delas, a omissão no tratamento da vítima e, a


segunda, a retirada dos seus órgãos. Não tendo pertinência levar o caso para a Justiça Federal, os
dois delitos são da competência da Justiça Estadual.

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