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Para mim o mais importante foi que dei conta, no meu relógio, do passar de 24
para 25, pois que, da mesma forma que dormia quando nasceu o 25 de Abril,
como muitos, continuamos a dormir durante estes 35 anos. Pouco ou nada
fazemos para defender o 25 de Abril de 1974. Tantas foram as conquistas que
nos proporcionou e contudo, temo-las visto fugir à frente dos nossos olhos.
Delegamos o nosso presente e futuro naqueles em quem votámos, esperando
que nos defendam, só que a realidade tem sido outra, os nossos votos têm
servido de “trampolim” para alguns falsos democratas que mais não fazem do
que servirem-se do 25 de Abril.
Deparo hoje, volvidos 35 anos, com inúmeras famílias onde acontece estarem,
infelizmente, marido, mulher, filhos, nora ou genro todos no desemprego.
Uns já acabaram o período em que lhes era pago o respectivo subsídio, outros
estão próximo do fim, outros fazem Cursos de Formação, embora de “muita
utilidade” mas que na prática não “lhes traz pão”. Quando muito há promotores
desses Cursos de Formação, que saem beneficiados, pois que, sem a
participação dos desempregados, esses Cursos não tinham por onde “se
alimentarem”. De que forma resistirão essas famílias a tão grande flagelo?
Onde andam os senhores beneficiados com a Democracia? Quiçá estarão em
bons e nobres restaurantes a saborearem uns bons pratos de carne ou marisco
e os pobres que se lixem e passem a comer, novamente, arroz com chouriço.
Quantos se interrogam das dificuldades das famílias mono parentais, que por si
só, não conseguem respostas para as dificuldades do presente e incertezas do
futuro.
Está a chegar, para os “ricos” o período das férias, uns deslocar-se-ão para o
Algarve, para o Brasil, para o México, para as Bahamas, etc., etc. e o povo em
dificuldades ficará por cá, nas nossas praias, pois que ainda não conseguiram
retirar ao povo esse direito, onde consta que “o sol quando nasce é para
todos”. Felizmente, ainda não lhes é permitido “revogar” por Decreto-lei, esta
realidade, pois que o sonho de novo “apartheid” existe. Pobres para um lado e
ricos para outro…
CELSO ISAURO